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Tem havido um crescente interesse em relacdo a utilidade social da pesquisa geogrdfica e um crescente questionamento das conseqiiéncias das metodologias da década de 1960. Neste ensaio a visdo espacial & considerada no seu contexto histérico, como se desenvolveu nos Estados Unidos, @ sua possivel discussao no futuro. Discurso proferido no 69° Encontro Anual da Association of American Geographers em Atlanta, Georgia, em 17 de abril de 1973. Dr. Taaffe é professor de Geografia na Universidade do Estado de Ohio em Columbus. Transcrito de Annals of the Association of American Geographers, vol. 64, n.° 1, margo de 1974, com autorizacéo de The Association of American Geographers. Tradugao de Joaquim Quadros Franca A VisGo Espacial em Conjunto Introdugao A énfase atual dos Estados Unidos na Geografia como organizacio espa- cial tem evoluido nos tiltimos cin- qiienta anos, partindo de uma énfase anterior nas relac6es_homem-terra, seguida de outra na diferenciacio de area. A visio espacial tem demons- trado tanto os pontos fortes como os fracos durante a década de. sessenta. Tem levado a generalizagées mais cumulativas e aumentado a coopera- io com outras ciéncias sociais, mas tem sido percebido também por alguns que se tém associado com demasiada énfa- se a geometrias estéreis ¢ a uma ne- gligéncia aparente em relacio as ques tes sociais prementes, Para a década de setenta esperase que a pesquisa geografica possa manter um equilibrio razoavel entre o ativismo e o cientifi- cismo ao enfatizar as generalizacdes Bol. eugr. Rio de Janeiro, 34(247): 5-27, outst EDWARD J. TAAFFE. que esto surgindo, as quais prometem ter o maior dos wltimos impactos na sociedade. A visio espacial deveria ser mais intimamente articulada com a vi- sio revitalizada homem-terra e com uma contplementar mas relativamente negligenciada visio de estudo de area. Palavra-chave: Estudo de area, Hist6- ria do pensamento geogrifico, Relacio homem-terra, Organizagio espacial. Existe grande evidéncia na literatura geografica ¢ na natureza da polémica atual de que os anos da década de se- tenta sero criticos e decisivos para a geografia americana. Talvez estejamos atualmente, em proceso de mutagio de um patadigma para outro; talvez estejamos consolidando nossas aquisi- gées depois de um periodo de exe éncias; talvez estejamos acumulando momentos & medida que nos prepara- mos para nos mover mais rapidamente ao longo de uma trajetoria estabeleci- da na década de sessenta. Mais especi- ficamente, a década de sessenta foi do- minada pela visio espacial e pela emergéncia de metodologias de pesqui sas cientificas vigorosas, acentuando o teste de hipéteses, 0 uso de modelos matematicos e tentativas para desen- volver teorias. Mais recentemente, um ressurgimento da visio homem-terra ou ecolégica re- fletiu a grande onda de interesse da sociedade sobre os problemas do meio- ambiente. Tem havido também cres- cente interesse em relagio & utilidade social da pesquisa geografica e um crescente questionamento das conse- qiténcias das metodologias da década de sessenta. Neste ensaio a visio espa- cial sera considerada tanto no seu con- texto histérico, como tem evolufdo nos Estados Unidos, como no seu possivel contexto futuro, Este ensaio € imper- turbavelmente provinciano, etnocén- trico € idiossincrdtico, uma vez que a literatura éxaminada € quase que ex- clusivamente geografica, a énfase é da- da a geografia americana e as opinides pessoais sto livremente expressas. AS TRES VISGES Em 1964 William Pattison escreveu so- bre.as quatro tradigGes da geografia.1 O primeiro diagrama, que poderia se intitular de “Variagdes sobre um Tema de Pattison”, retrata trés destas tradi- g6es (Fig. 1). A visio, espacial sera considerada em relacio a duas outras tracigées principais identificadas por Pattison: a visio homem-terra e a vi- sio de estudo de area. Para a finali- dade deste artigo a visdo espacial ser4 expressa como um estudo de organiza- co espacial, proporcionando, - desse modo, uma implicagio de antropocen- trismo numa visio que pode ser, por outro lado, levada ao ponto de pura geometria, A visio homem-terra ou ecolégica serd considerada como que enfatizando as relaces entre 0 homem e seu meio-ambiente natural ou bio- fisico.2 A terceira visio sera expressa de varias maneiras: estudo de rea, es- tudo regional, inter-relacdes de area, corologia ou diferenciacéo de area. Se- ra referido também como sendo uma visio integrativa, uma vez que sua ca- racteristica definitiva é a sintetizacio de um fenémeno de alcance relativa- mente amplo. Existe, obviamente, tan- to superposico como separagio nestes trés pontos de vista (Fig. 1). A area central sombreada representa a superposigio de todas as trés e pro- valvelmente inclui boa percentagem de toda a pesquisa geogrifica. Por exem- plo: qualquer estudo de area que uti- lize mapas e que inclua qualquer pa- rimetro ambiental cairia nesta inter- seco triplice. Um estudo de Area que envolva mapas ou modelos espaciais, mas que nao envolva explicitamente 0 meio-ambiente natural, como é 0 caso de muitos estudos urbanos, cairia nas zonas de interseccio da visio. espacial e de estudo de area. A visio homem- terra pode também se sobrepor & visio espacial, como seria 0 caso do estudo da difusio e do impacto da poluiczo atmosférica, As trés visdes poderiam também ser consideradas como separa- das. O estudo do proceso. espacial, em resumo, se ajusta ao espacial, de preferéncia ao ponto de vista da in- ter-relagio de Area, Um estudo de um 1 William Pattison, “The Four Tradition of Geography”, Journal of Geography, vol. 63 (1964), pp. 211-16. 2 Onde o termo “ecologia & usado deveria ser interpretado neste sentido restrito, de pre- feréncia ao sentido mais geral referente A interagio funcional do fendmeno. Para discusséo desta tiltima visio, assim como das variagbes adicionais sobre o tema da ecologia, vide James D. Clarkson “Ecology and Spatial Analysis”, Annals, Association of American Geographers, vol. 60 (1970), pp. 700-16. Organizagao Espacial Fig. | Fig. Unico Pais sintetizando ampla variago de dados agregados nao localizados se ajusta ao interrelacionamento de area mas nao a visio espacial. Estudos eco- légicos podem ser realizados sem ma- pas, sem modelos espaciais, sem refe- réncias necessirias para o inter-relacio- namento de area. Estudo sobre enchen- tes ocasionais, por exemplo, podia ser, primeiramente, referente a relacio en- tre a freqiiéncia da enchente, por um lado, e a percepcio do efeito da ca- sualidade da enchente, por outro. Embora a utilidade de tais categorias mutuamente exclusivas ¢ precisas para as diferentes visdes sejam, digamos. pelo menos questionaveis, ‘parece bas- tante claro que uma énfase numa das visdes, mais do que em outras, tem conseqiiéncias significativas na pesqui- sa, no treinamento universitdério e no | papel da geografia na educagéo em geral. Na pesquisa a énfase condicio- na a selecio do tépico para a inves! gacio. Se as relagdes homem-terra sio enfatizadas, os tépicos que envolvem explicitamente o ambiente fisico-biol6. Relaciona- mento, DivEd/d M. — As trés visées da geogratia segundo Pattison. gico serdo escolhidos, como, por exem- plo, poluigio dos rios, espécies amea- gadas do mundo selvagem, ou os efei- tos resultantes da mineragio a céu aberto. Se as inter-relacdes de drea sio enfatizadas, os problemas de pesquisa focalizados numa \parte especifica do mundo sio os mais provaveis de serem selecionados. Num estudo de Appala- chia, por exemplo, a escolha dos t6- picos de pesquisa podia ser ditada por aqueles problemas que parecem parti- cularmente urgentes para a area, tais como os efeitos do treinamento voca- cional ou a necessidade de servicos mé- dicos. Se a organizagio espacial for enfatizada, os tpicos da pesquisa com componentes espaciais _significativos serao os selecionados, tais como os re- lacionados A migragio, 4 rede de trans. porte ou & andlise dos modelos de po- voamento. Ainda se 0 mesmo tépico for selecionado, digamos, recreagio, a abordagem aquele tépico variard con- forme a énfase da pesquisa. A relagio entre aspectos ambientais selecionados € satisfacao estética podia ser enfatiza- Bol. Geogr. Rio de Janeiro, 34(247): 5-27, out.Jdez., 1975 da sob 0 ponto de-vista homem-terra; aspectos comparativos das diferentes dreas de recreagio de acordo com a visio de area; e a acessibilidade dife- rencial ¢ vinculagio da area de recrea- Go de acordo com a visio espacial. Instrugio universitéria com énfase ho- mem-terra deveria incluir um treina- mento rigoroso como conhecimento basico em relagio as ciéncias fisicas ¢ biolégicas. Podiamos, de fato, ouvir novamente a maxima antiga que exigia © conhecimento de, pelo menos, uma | ciéncia fisica-biolégica e de uma cién- cia social. Com énfase no inter-relacio. namento de rea ou na visio integran- te, os esiudantes formados deveriam ser treinados nos diversos camipos da geo grafia sistemdtica, assim como na his- toria e cultura de uma determinada area. Com énfase na organizacio espa- cial, 0 treinamento acentuaria os mo- delos espaciais e a matemitica aplicé- vel as séries bidimensionais. Cursos introdutérios apresentariam as descobertas associadas a cada uma das visdes. Isto poderia levar a, pelo me. nos, trés cursos introdutérios comple- tamente diferentes. Um deles seria or- ganizado abordando as descobertas dos estudos essencialmente ecolégicos, co- mo os que tratam da casualidade am- biental ou da poluicéo. Um segundo poderia ser organizado abordando as regides do. universo, fornecendo exemplos de inter-relacionamento de drea nas diferentes partes do mundo. Um terceiro curso seria organizado so bre os conceitos da organizagio espa- cial, tais como difusio e sistemas hie rarquicos. Ainda um quarto tipo de curso introdutério tentaria representar as trés visdes, assim como algumas de suas supérposigées. Quando pergunta- do: por administradores de universida- de-ou comités de curriculos 0 que po: dem apresentar como contribuigio para a educa¢io. geral, os geégrafos fazem a escolha que reflete diferentes énfa- ses nas trés visdes. Embora este artigo dé énfase a0 papel da geografia nas ciécias sociais, 0 quar- to principio de Pattison, geografia co- mo uma ciéncia da Terra, nao é tio ignorado como € considerado ser in- cluido nos outros tés princfpios. Ao encetar um estudo, 0 gedgrafo-fisico provavelmente dara énfase a uma das trés visdes discutidas. A visio espacial podia levalo a uma anilise da rede hidrografica ou da difusio atmosféri- ca; a visio do inter-relacionamento da 4rea podia conduzilo a estudos de associagées de area com os fendmenos fisicos ou a estudos geomorfoldgicos regionais; a visio ecoldgica levaria a estudos que envolvessem tanto 0 ho- mem como 0 meio-ambiente. O DESENVOLVIMENTO DAS TRES VISGES A Visao Homem-terra © préximo diagrama representa a per- cepcio de um gedgrafo num retros- pecto da evolugio das trés visdes (Fig. 2). A linha pontilhada representa a vir sio ow visdes enfatizadas em perfodos particulares. A visio homem-terra manteve sua influéncia desde a funda- ho da AssociagZo dos Gedgrafos Ame- ricanos até a década de vinte. A geo- grafia americana se desenvolveu prin- cipalmente da geologia, ¢ foi comu- mente definida como sendo 0 estudo das relagdes entre 0 homem e seu meio-ambiente natural. Como apresen- tada no lado esquerdo do diagrama, as idéias do “controle” ou “influén- cia” ambientais sustentadas por Davis e Semple evoluiram para formar a idéia do “relacionamento” entre o ho- mem ¢ o meio-ambiente, sem nenhuma implicagio causal, como representada \pela afirmacio de Harlan Barrows, em Davis a Semple t Fenneman ¥ '920— (“Borrows | Sauer, ‘Morfotogia aL air }—41 Fi atta 1 Sauer vomes Platt Cultural 1930- * Hartshorne 1940- "Nature" 7 California ¥ B80 School Schaefer Hartshorne Garrison— i960. L white 'Perspective" Ber 4 Bunge Kates= _t Burton Hoggett 1970- } J Relacionamento Estudo Organizacao Homem~Terra de Area Espocial Fig. 2 ONea/T MEN 2 —A,gtolugtéo das txés visées da geogratia. © diagrame ado esté cronologicamente ena ‘Ser considerado como sendo apenas ilustrativo. * “ te Bol. Geogr. Rio de Janeiro, 34(247): 5-27, out.ides., 1975 10 1923, sobre a geografia como ecologia humana. Nao obstante a posiczo sobre uma 5 rie continua essencialmente filoséfica a partir do determinismo para o livre arbitrio, a énfase do tema permane- ceu a mesma, Barrows ¢ Semple, por exemplo, estudariam as relagdes entre © homem e seu meio-ambiente fisico. Apenas os verbos que usariam para descrever suas descobertas difeririam. Para a maior parte, s6 foi usada a de- finic&o precisa do meio-ambiente fisico que incluia apenas os elementos do ambiente fisico-bioldgico, como as for- mas de relevo, vegetacao, solo ¢ clima. A visio homem-terra teve muita forga. De acordo com esta definigio precisa, podia ser claramente expressa € en- tendida, ¢ de fato identificou uma sé- rie de ‘problemas. Esta clareza na iden. tificagao dos problemas possibilitou aos gedgrafos da década de vinte, embora poucos em mimero, exercer notavel impacto na politica governamental. A falta de relevancia foi o menor pro- blema de Barrows e seus alunos da Universidade de Chicago, que foram ativos no movimento de conservagio € mais tarde nos programas ambicntais da década de trinta, como o Tennessee Valley Authority ¢ 0 Natural Resour- ces Planning Board. Yodavia a visio homem-terra teve também diversos _aspectos_negativos. Primeiro porque implorava a questo investigadora e forcava o pesquisador a procurar relagdes entre as ativida- ambiente fisico, Um estudo geografico sobre colonizaciio significava a procura daqueles aspectos do ambiente que “infuenciavam” © povoamento. Dis. sertacdes sobre o sudeste de Ohio, por exemplo, podiam focalizar os efeitos do,arenito de Pottsville na agricultura ou a influéncia da topografia no de- senvolvimento das rodovias. Outra debilidade da visio ecolégica, como existia na década de vinte, era sua deficiéncia em levar a generaliza- ges cumulativas, O que um gedgra- fo descobria sobre 0 efeito das carac- teristicas ambientais raramente era Iudido em estudos futuros de outros gedgrafos. Embora alguns destes estu- dos provasse ter alguma utilidade to- cal limitada, as generalizagées_mais amplas que surgiram dos varios anos de estudo homem-terra foram nao s6 poucas em ntimero mas indiscutivel- mente banais, Muita coisa foi realiza da sobre divergéncias na agricultura em relacio a terra congelada e niv congelada e da tendéncia das primiti- vas colonizagdes seguirem certos vales férteis, Um mimero incomodamente grande de dissertagdes acabou com o pronunciamento solene de que 0 ho- mem e nao a natureza tem sido a for- ga dominante que afetava as ativida- des do homem em qualquer area. A medida que o trabalho progredia tornou-se evidente que a definigio pre- cisa da visio homem-terra era bastan- te restrita para abranger o trabalho que est sendo desenvolvido realmente pelos gedgrafos tanto antes como de- des do homem e alguns aspectos do | pois de Barrows. Os gedgrafos, ao es- 8 Harlan H. Barrows, “Geography as Human Ecology”, Annals, Association of American Geographers, vol. 13. (1923), pp. 14, Uma afirmagio mais clara da visio de Davis sobre as influéncias ambientais pode’ ser encontrada em William Morris Davis, “An Inductive Study of the Content of Geography”, Bulletin of the American Geographical Society of New York, vol. 38 (1906), pp. 67-84. Os varios trabalhos de Semple fornecem exemplos das. vatiagdes sobre o tema ‘geral da influéncia ambiental, como por exemplo Ellen Churchil Semple, American History and Its Geographic Conditions (Bosto: Houghton Mifflin Co., 1903); ¢ idem, Influences of Geograpric Environment (New York: Henry Holt and Co., 1911). tudar as cidades do sudeste de Ohio, se tornariam muito mais interessados em outras coisas além do arenito de Pottsville ou de qualquer outro as- pecto do ambiente fisico. Assim, a de- finico de meio-ambiente comecou gra- dualmente a se expandir até 0 ponto onde muitos gedgrafos interpretaram um estudo da relagio entre 0 homem e seu meio-ambiente como um estudo da relagio do homem com todos os aspectos desse meio-ambiente natural, feito pelo homem ou psicoldgico. Cer- tamente isto nfo era exageradamente restritivo, E bastante dificil, de fato, conceberse que um estudo, em qual- quer campo, niio estivesse incluido nessa rubrica. A definicao total e ampla do meio-ambiente simplesmente diz mui- to. Todas as ciéncias sociais, como tam- bem engenharia, biologia ¢ outras dis- ciplinas; ‘estudam os problemas que abrangem o homem e algum aspecto de seu meio-ambiente total, Deixada sem resposta foi a pergunta de como os geégrafos abordam estes problemas quando comparados aos dos economis- tas, socidlogos, engenheiros e outros. Entretanto, a definigéo ampla foi, € até certo ponto ainda é, semantica- mente tranqililizadora, embora a maior parte dos estudos, simplesmente, te- nha servido como invocagio ritual que langa pouca luz no que o pesquisador vai realmente fazer.* A Visaéo do Estudo de Area Em certo tempo, durante a década de vinte € se estendendo pelas décadas de trinta e quarenta, a geografia ameri- cana entrou numa segunda fase prin- Monograph Series, N21 pertinentes. cipal, enfatizando o papel integrativo ou sintetizador da disciplina na forma de diferenciagio de rea ou de seu in- ter-relacionamento. A popularidade da isio homem-terra diminuiu A medida que crescia um sentimento de inquie- taco e que a presenga ou auséncia de um parametro ambiental em um es- tudo nao era uma maneira operacio- nalmente efetiva de se diferenciar a geografia das outras disciplinas — par- ticularmente como a geografia estava sendo praticada de acordo com a de- finigio ampla de meio-ambiente. Com a publicagio de Morphology of Land- scape de Carl Sauer (logo depois da “Human Ecology” de Barrows), a vi- sio homem-terra dispersou-se em tés diregdes.5 A corrente da definigio-pre- cisa de Barrows continuou durante a década de vinte, enfraquecendo cons- tantemente até seu ressurgimento nas décadas de sessenta ¢ setenta, A afir- magio de Sauer renunciando &s influ- éncias ambientais ¢ tentando tornar a ampla definigio operacional em um contexto essencialmente cronoldgico, levou-a a duas diferentes diregdes. Uma foi para oeste, onde Sauer e ou- tros gedgrafos da Califérnia salienta- ram a visio da paisagem com algumas implicagées secundarias do conceito ho- mem-terra, A medida que o trabalho \prosseguia, as idéias contidas em “Mor- phology” receberam menor atengio e a énfase era dada ao tratamento an- tropoldgico ¢ histérico nas questées geograficas. Um trabalho posterior de Sauer, “A Foreword to Historical Geo- graphy”, descreve este trabalho como fazendo parte das secgées sobre a geo- grafia cultural nos dois relatérios do 4 Os comentarios de Richard Hartshorne em Perspective on the Nature of Geography, AAG (Chicago: Rand McNally, 1959), pp. 51-52, so particularmente Carl ©, Sauer, The Morphology of Landscape, University of California Publications in Geography, vol. 2” (Berkeley and Los Angeles: University of California Press) , 1925, pp. 19-53. Bol. Geogr. Rio de Janeiro, 34(247): 5-27, out./dez., 1975 ll 12| comité de 1960.* A segunda direcio, a partir do trabalho Morphology foi para 0 meio-oeste se juntar & corrente da Area-orientada, corolégica, origina- da de Hettner. Esta visto foi levada avante ja em 1919 por Fenneman.? Os | estudos regionais integrativos se torna- ram mais populares e © interesse em campos como 0 da conservagio decli- nava, Richard Hartshorne, Preston James, Robert Platt e seus estudantes prosseguiram, por muitos anos, com- binando tipos de estudo de drea antes da afirmagio programatica feita por Hartshorne no seu classico volume so- | bre a metodologia, em 1989. Hartshor- ne usou o termo diferenciacio de area para caracterizar 0 modo pelo qual os | gedgrafos lidaram com ampla varieda- de de fendmenos fisicos, econdmicos ¢ sociais, que coexistem na mesma area, e os distinguiu dos de outras dreas.® Vinte anos depois, em Perspective, es- ta visio foi modificada para salientar os inter-relacionamentos e 0 antropo- centrismo da area. No lado positivo, a visio integrativa nos mostrou que fenémenos ampla- mente desiguais podem ser intima- mente correlacionados. A separacio ai tificial dos fenémenos em comparti- mentos rotulados de econdmico, poli- tico ow social, geralmente patece ser mais uma conveniéncia curricular do que uma réplica da realidade ou uma mancira operacionalmente ttil de tra- tar tais problemas. Como Robert Platt se expressou em 1948: “a vida chega as pessoas cheia de fenémenos sem locali- zagio definida para serem tratados em conjunto ¢ de imediato, e nao como categorias tinicas classificadas sistema- ticamente”.1° Como no caso da visio homem-terra, a visio integrativa pos- sibilitou a realizagio de varios traba- Ihos uteis. Levantamentos sobre 0 uso da terra nas areas urbanas e rurais nos Estados Unidos e no exterior forma- ram a base para uma grande varieda- de de programas de planejamento, Es- tudos urbanos descritivos e detalhados realizados por gedgrafos, que incluiam mapas de populacio, drenagem do so- lo, uso da terra e tréfego, ajudaram os planejadores a resolverem os proble- mas priticos da localizagio de rodo- vias, armazéns e novas induistrias, Os gedgrafos comecaram a desempenhar um papel ativo ao planejar agéncias tanto como consultores ou até mesmo planejadores, Entretanto, 08 aspectos negativos da visio de integracio logo comecaram a aparecer. Na pior das hipéteses se tor- © Carl O. Sauer, “Foreword to Historical Geography’, Annals, Asociation of American Geo- graphers, vol. 31 Sciences — National Research Council, in Edward J. Taaffe, ed., (4941) , pp. 1-24; “Studies in Cultural Geography” in National Academy of ‘The Science of Geography, Report of Ad Hoc Gom- mittee on Geography, Earth Sciences Division, Academy of Sciences — National Research Council 196: Geography, Report of the Publication 1277. (Washington DC: National 6), pp. 23-30; € “Cultural Geography”, scography Panel of the Behavioral and Social Sciences Survey, Social Science Research Council = Behavioral Science Division of the National Academy of Science — National Research Counci Inc., 1970), pp. 64-73. (Englewood Cliffs, NJ. Prentice-Iall, 7 Nevin M. Fenneman, “The Circumference of Geography", Annals, Association of American Geographers, vol. 9 (1919) 8 Richard Hartshorne graphers, vol. 29 (1939), pp. 173-658. pp. Sil. The Nature of Geography”, Annals, Association of American Geo- 9 Hartshorne, op. cit,, nota 4. A énfase dada ao inter-relacionamenta de drea tornou-se mais clara_nos intercdmbios subsequentes entre Hartshorne ¢ Ahnert. Vide Frank Ahnert, “Some Reflections on the Place and Nature of Physical Geography", The Professional Geographers, vol. 14, N° J (1962), pp. 1-7, ¢ Richard Hartshorne, “On the Concept of Areal Differentia- tion”, The Professional Geographer, vol. 14, n° 5, 1962, pp. 10-12. 30 Robert S, Platt, “Environmentalism Versus Geography", The American Journal of So- ciology, vol. 53 (1948), p. 858. nou holistica. Em ver da sintese de fenémenos inter-relacionados tivemos inventérios sobre o uso da terra ou sistemas de classificactio detalhados. Agora o titulo de dissertacio era “The Geography of Southeast’ Ohio”, ou mesmo “The Geography of Tusca- rawas County”, e © arenito de Potts- ville se tornou apenas um dos formi- daveis arranjos dos fendmenos des- critos. Raramente, porém, 0 todo era maior que a soma das partes. Os inter-tela cionamentos que compuseram a afir. macio de principios para a visio inte- grativa raramente foram tratados ex- plicitamente. O resultado foi_novs mente uma escassez de generalizaces cumulativas. Poucas, sendo algumas, das descobertas do estudo do condado de Tuscarawas podia ser transterida para outra regido. Outra debilidade da visio integrativa nesta época se encon- trava no que teria sido sua maior for- ca. O que realmente devia ter sido feito mais efetivamente, isto é, wrazer os gedgrafos para um contato mais in- timo com o trabalho e idéias de ow. tros cientistas sociais, fio foi realiza- do. Em parte isto se deveu ao fato de 0s gedgrafos se sentirem mais estreita- mente ligados a gedlogos e a historia. dores € em parte ao fato de que nem ‘0s métodos nem as relativamente pou generalizacdes que surgiram do tra balho geografico formaram uma base efetiva para uma comunicagio com ot tros cientistas sociais. medida que os estudos integrativos das décadas de quarenta e cingiienta 11 Preston (Syracuse, N.Y. James ¢ Clarence F. Jones, ed Concept and the Regional Method”, Syracuse. University Press, 1954) . um inventétio de grande ntimero de campos sistematicos, 0 capitulo I, pp. 21-68, consistia de afirmacdes amplamente detalhadas prosseguiam, o absurdo de se tentar estudos genuinamente holisticos sem um critério de selegio claramente esta- belecido logo se tornou evidente. Al- guém podia, obviamente, dedicar_to- da a sua vida ao estudo de uma milha quadrada qualquer, deixando de lado vasta extensio do condado de Tuscara- was. Até mesmo 0 antropocentrismo da estrutura de Whittlesey, como expresso no Inventory and Prospect, de 1954, podia ser tio amplamente construido que nio servia como critério de selecio operacionalmente —efetivo.™! —Lenta- mente, porém, tornou-se igualmente evidente que os gedgrafos nio eram, de modo algum, holisticos na pratica. Com énfase nos mapas e nas relages entre os fendmenos mapeados, sejam fisicos, sociais, econémicos ou politi- cos, estavam utilizando, implicitamen- te, a expressio espacial como um cri- tério de selegio. Assim, a maior parte dos gedgrafos nao estavam realmente tentando sintetizar tudo em uma rea, nem estavam tentando sintetizar todos os fendmenos significativos para 0 ho- mem} estavam apenas tentando sinte- tizar aqueles fendmenos de maior sig- nificagio para o homem que ‘possuis sem significante expressio espacial. Isto geralmente — mas niio necessaria- mente — incluia fendmenos fisicos, as- sim como uma ampliacdo continua de medidas de fendmenos socioeconémi- Esta crescente conscientizacio de uma tendéncia espacial na selecio de problemas levou, nas décadas de cin- quenta € sessenta, a um crescente nt- mero de afirmagées explicitas da visio espacial na geografia. A visio espacial pode também ser de lineada para os alemies, no caso de , American Geography: Inventory and Prospect Embora este trabalho fosse designado como “The Regional de uma visio de estudo de drea ‘que incluia a estrutura. O capitulo foi preparado por Derwent Whittlesey. out Bol, Geogr. Rio de Janeiro, 34(247): 5 dez., 1975 Rael.” Nao foi notavel, todavia, na | trio para a experimentacio ¢ revisio geografia americana durante as déca- | de modelos espaciais na medida em das de vinte e trinta, exceto no tra. | que se desenvolvia, ¢ 0 titulo da dis- balho de Robert Platt. O artigo “Eli- | sertago foi “Cultural Barrier Effects son Bay” de Platt, 1928, inclufa afir- | of Spatial Diffusion: The Example of mages sobre a regio funcional ou ba- | Tuscarawas County”, Em 1962 apare- seada em ligagdes.!? Outros trabalhos | ceu ma Theoretical Geography, de empiricos posteriores dentro da tradi. | Bunge, uma afirmacio consideravel- Gao espacial foram realizados nas dé- | mente mais geométrica do que a de cadas de trinta e quarenta, mas as | Schaefer.15 Em 1966 a Locational afirmagées programaticas somente sur- | Analysis in Human Geography, de giram no principio de 1950, com o des- | Peter Haggett, embora evitando uma taque que Ullman deu a interacio | afirmagio programatica, forneceu um espacial e 0 ataque de Schaefer ao ex- | impulso adicional ao sumarizar alguns cepcionalismo na geografia, o que in- | estudos espaciais.1° Também em 1965 clui, entre outras coisas, um apelo para | 0 primeiro dos dois relatérios do Co- maior interagio com a teoria espacial | mité, Science of Geography, tornou-se como exemplificada por Christaller, | manifesta uma visio teorética-espacial Weber e Von Thiinen.** Porém a afir- | nesta seccio sobre a andlise locacio- magio de Schaefer no era retrospecti- | nal.*7 O relatério também focalizava va como eram as de Barrows e Hart. | “Geography, the Study of Spatial Dis- shorne. Nao foi senio mais tarde, na | tributions and Space Relations”, como década de cingiienta, que os artigos | contribuicio ao estudo de um dos pro- surgiram seguindo claramente sua ori- | blemas fatigantes para o homem, o entacéo. Durante o mesmo periodo de- | sistema homem-meio-ambiente, tam. senvolveram-se relagées mais estreitas | bém estudado por muitas outras cién- entre gedgrafos ¢ cientistas regionais | cias."* No final da década 0 Geogra- liderados por Walter Isard. Dai em di- | phy Panel of Behavioral and Social ante 0 progresso foi notdvel. Em mea- | Science Survey Committee resumiu dos da década de sessenta os estudos de | alguns estudos espaciais e afirmou que sisteraas espaciais das cidades, difusio | a énfase contempordnea na geografia espacial ¢ andlise das teorias locacio- | americana estava na organizacao espa- nais constituiram-se lugares comuns. O | cial expressa tanto como modelo quan- sudeste de Ohio se tornou um labora. | to processo.! Mais recentemente tem 12° Fred Lukermann, comunicagio pessoal. 18 Robert $, Platt, “A Detail of Regional Geography: Ellison Bay Community as an In- dustrial Organism”, Annals, Association of American Geographers, vol. 18 (1928), pp. 81-126. 1 Fdward L. Ullman, “Human Geography and Area Research”, Annals, Association of American Geographers, vol. 43 (1953) pp. 54-66; idem “Geography as Spatial Interaction", Annals, Association of American’ Geographers, vol. 44 (1954), p. 283 ¢ Ered K. Schaefer, “Exceptionalism in Geography”, Annals, Association of American Geographers, vol. 43 (1953) , pp. 226-49. 15 William Bunge, Theoretical Geography, Lund Studies in Geography, Series C, General and Mathematical Geography, n° 1 (Lund: Royal University of Lund, 1952) . 16 Peter Haggett, Locational Analysis in Human Geography (New York: St, Martin's Press, 1966). 17 “Location Theory Studies" em. National Academy of Science-National Research Council, op. cit,, nota 6, pp. 4453. 48 National Academy of Science-National Rescarch Council, op. «i 39 Taaffe, op. cit., nota 6. 1» hola 6, p. 8. havido um fluxo de livros-texto inuo- dutérios organizados em torno dos conceitos espaciais.2° ‘A rapidez e intensidade de mudangas durante a década de sessenta estava as- sociada ao fato de que nado uma mas trés modificagdes haviam ocorrido du- rante a década. A mais espetacular de- las, naturalmente, veio A medida que os gedgrafos, tardiamente, se familiar zavam com as técnicas estatisticas € matematicas ¢ com as ciéncias sociais, biolégicas ¢ fisicas. O método cienu- fico, em geral, apareceu_gradualmen- te durante boa parte da década de ses- senta, como pronunciado no artigo de Schaefer, 1953. Uma nova invocagio ri- tual preceden muitos artigos a medida que cada novo Ph. D.* sentia a ne- cessidade de iniciar seus leitores nos supostos mistérios da formulacio de hipéteses, operacionalizacio e verifica- ao. Em 1969 a Explanation in Geo- graphy de David Harvey se preocupava principalmente com 0 método cienti- fico ¢ com a necessidade de desenvol- vimento de um corpo coerente da teo- ria geografica, embora dentro de um contexto fundamentalmente espacial € matemitico. Assim, durante a déca- da de sessenta, havia um entrelacamen- to da visio espacial do campo, uma rapida expansio das técnicas matemé- ticas e estatisticas e continuados esfor- cos para desenvolver teorias, com os interesses teoréticos tornando-se mais importante A medida que esse perfodo progredia, Todavia, nem a énfase quantitativa nem a teorética consti- tuem acompanhamentos necessarios da visio espacial. Qualquer um é pronta- 20 Richard L. Morril, The Spatial Organization of S mente uplicivel tanto ao trabalho geo- grafico do estudo homem-terra como de drea. No seu lado positivo, a visto espacial parece ter sido mais produtiva em re- Jag&o as generalizagdes cumulativas do que suas predecessoras. Com 0 pro gresso dos estudos as generalizacées que surgiram mostraram. certa consisténcia e acumulagio, As descobertas de um estudo comecavam a ser usadas no prd- ximo estudo. No final da década de cingiienta muita atengio foi dada as teorias clissicas ¢ idéias relativas 4 or- ganizacio espacial. Estas afirmagées anteriores foram submetidas a testes empiricos consideravelmente mais ri- gorosos do. que havia sido anterior- mente ¢ foram reformulados para en- saios posteriores. A teoria das locali- dades centrais de Christaller foi vista como ‘particularmente critica e foi substituida por uma diversidade de modelos espaciais que lidavam com si temas de cidades ¢ modelos dentro de cidades. Os modelos anteriores de Von ‘Thiinen e Weber, assim como seus correlativos urbanos, todos baseados em suposigdes estritamente racionais concernentes a0 comportamento, asso- ciadas & localizagio de atividades agri- colas, industriais e urbanas, evolufram para formar séries de modelos locacio- nais mais complexos, abrangendo uma 4rea mais realistica e diversa de com- portamento. O modelo posterior da di- fusio espacial de Torster Hagerstrand passou, rapidamente, de uns poucos ¢ simples postulados envolvendo plani- cies uniformes e populagdes homogé- neas para modelos complexos que des- ciety (Belmont, California: Wadsworth, 1970) ; Ronald Abler, John $, Adam e Peter R. Gould, Spatial Organization: The Geograbher’s View of the World (inglewood Cliffs, NJ. Prentice-Hall, Inc., 1971); Peter E. Lloyd e Peter Dicken, Location in Space: Harper and Row, 1972); Peter A Theoretical Approach to Economic Geography (New York: faggett, Geography: A Modern Synthesis (New York: Harper and Row, 1972); Kevin R. Cox, Man, Location and Behavior: An Introduction to Human Geography (New York: John Wiley and Sons, * Doutor em filosofia. 21 David Harvey, Explanation in Geography (New York: 1972) St. Martin's Press, 1969). Bol. Geogr. Rio de Janeiro, 34(247): 5-27, out.{dex, 1975 fs 16 crevem uma vatiedade de processos de difusio espacial, cada um com seu prd- prio conjunto de efeitos de obstaculo € heterogeneidade socioecondmica. Até mesmo o modelo gravitacional foi sub- metido a varias mutagées. e evoluiu para um método abstrato mais ramifi- cado e para modelos de demanda de viagens. Se hé alguma diivida em rela- cdo & natureza cumulativa das genera- lizagSes nestes e em outros subcam- pos ativos, tem-se apenas de olhar os estudos da década de cingiienta e ob- servar algumas das visdes embaracosa- mente simplista da teoria da localidade central, anilise locacional, difusio es- pacial e andlise de fluxos.?* Um dos aspectos positives mais signi- ficantes desta visio espacial tem sido a superposigéio disciplinar. Outras dis- ciplinas tém subcampos que envolvem Economia Geogratia Economica Fig. 3 a expressiio espacial dos fenémenos que logicamente se superpdem a cer- tos subcampos tépicos da geografia. Meu exemplo é a superposigio entre a periferia espacial da economia e a pe- riferia teorética da geografia econdmi- ca (Fig. 3). No core da economia, na- turaimente, est a teoria econdmica. Mais proximo & periferia espacial da economia esto os subcampos como 0 intercimbio internacional ¢ 0 desen- volvimento econdmico que tem algu- ma superposi¢éo com a geografia. H& mais superposigdes & medida que nos movemos numa série continua para a economia regional, ciéncia regional, anilise locacional e geografia econd- mica teorética, campos que caem em uma zona obscura e mutavel entre as duas disciplinas, Longe de criar_pro- blemas, porém, estas zonas de superpo- - Economista de In cGmbio internacional |- -Economista de Desenvolvimento ~~ Economista Regional C ~~ Cientista Regional ~ >Analista Locacional ~Gedgrafo Econdmi- co Teorético DivEd/d MTN. Fig. 9. — A zona superposta entre a periferia espacial da economia e a periferia teorétics da geogratia econémica. 22 Muitas revisdes destes desenvolvimentos estéo disponiveis além dos dois relatérios do comité, Dois sio de Richard J. Chorley ¢ Peter Haggett, eds., Models in Geograpixy (Lon- don: Methuen Press, Ltd,, 1967) e Clyde F. Kohn “The 1960's: A Decade of Progress in Geographical Research and Instruction”, Annals, Association of American Geographers, vol 60. (1970), pp. 211-19. gio entre a geogratia e as ciéncias so- ciais tém sido as atreas-chave da coope- agio interdisciplinar realistica _nos anos sessenta. Gedgrafos econdmicos- teoréticos, cientistas regionais € econo- mistas regionais mostram agora uma tendéncia para trabalhar partindo de uma literatura compartilhada para se comunicar com os outros na zona de superposigio, as vezes melhor que com seus colegas nos outros subcampos de suas propria disciplinas. & na orien- taco final de seus trabalhos para os diferentes cores disciplinares que as d tingdes devem ser feitas. O economista se interessa por suas tltimas contribui- Ges para a teoria econdmica. A orien- tacio final do gedgrafo podia ser para um dos trés cores: melhor compreen- dio da organizacio espacial em geral; melhor compreensio das relagdes ho- mem-terra em geral; ou melhor com- preensiio das localizagées, sejam elas cidadles, regides ou nagoes. Pode-se citar varios exemplos de trabalhos que co- megaram nas zonas de superposicio & se infiltraram em subcampos mais tra- dicionais. ‘As idéias desenvolvidas por Von ‘Thii- nen, Weber, Christaller e Lésch passa ram por grandes modificagdes teorét cas na zona de superposigio e se torna- ram mais explicitamente espaciais pelos tais gedgrafos econdmicos teoré- ticos, como Garrison e Berry. Outros gedgrafos econémicos expressaram estas idéias em termos reconhecida- mente mais empiricos e geogrificos, com maiores variagdes cartograficas. Atualmente os estudos de hierarquias urbanas, zonas de intercambio, efeitos dos custos de transporte ou a locali- zagio dos varios tipos de atividade eco- némica sio levados avante por gedgra- fos de diferentes credos ¢ conviccées. Modelos de programagio linear cons- tituem exemplos mais recentes, Sd0 usados na economia para identificar solugées de custo minimo ou de lucro mdximo relativas a problemas comple- xos de distribuicio.® —‘Tornaram-se mais espaciais na forma de modelos de distribuigao regional, que eram, por sta vez, usados para elaborar mapas mostrando 0 dtimo ou o custo minimo da distribuigio dos recursos dentro de uma regitio, Estes mapas de otimizagio foram comparados aos mapas reais dos mesos fenémenos em um tipo satisfa- toro de andlise, enfatizando os moti- vos pelos quais 0 modelo vigente em uma determinada regiio nao corres- pondia ao modelo étimo. Do mesmo modo, podemos citar diversas e gran- des familias de interagio espacial ¢ de modelos de rede de transporte como exemplos de idéias que estio sendo estudadas e modificadas nas zonas de superposigio, e que estio sendo tam. bém aplicadas tanto no estudo geogrd- fico tpico como no regional. ‘A zona de superposicio com a socio- Jogia tem sido também uma area de ativo intercimbio interdisciplinar. Na periferia espacial da sociologia encon- tram-se 0 socidlogo urbano, 0 ecolo- gista humano e 0 demégrafo, cujo tra balho se superpde, com freqiiéncia, ao dos gedgrafos urbanos, sociais e de po- pulagio. Oos estudos de difusio for- necem um bom exemplo de trabalho realizado nesta zona de superposicio. As teorias relacionadas 4 difusao foi importante na sociologia durante al- gum tempo. A difusio espacial foi ini- cialmente formulada pelos gedgrafos Hagerstrand posteriormente modifi- cada por um pequeno grupo de geé- grafos, socidlogos ¢ outros.2* As idéias 28 Para uma revisio vide Allen J. Scott, Combinatorial Programing, Spatial Analysis, and Planning (London, Methuen Ltda, 1971) . % Para uma revisio vide Law ence A. Brown, Diffusion Processes and Location: A con- ceptual Framework and Bibliography, Review and Bibliography Series, Number 4 (Philadel- phia: Regional Science Research Institute, 1968) . Bol. Geogr. Rio de Janeiro, 34(247): 5-27, out.|des., 1975 | 18 ¢ modelos relacionados & migracio ti- veram histéria semelhante. ‘A zona de superposi¢io com a psicolo- gia passou por um crescimento notavel nos ultimos cinco anos, assim como as abordagens de comportamento na geo- grafia se expandiram., Podiamos iden- tificar 0 trabalho sobre 0 espaco indi vidual e 0 surgimento do campo da psicologia ambiental como se situando na periferia espacial da psicologia. Os geodgrafos desta zona de superposigio produziram uma variedade de estudos de percepgio que dizem respeito a coi- sas tais como casualidades ambientais, oportunidades recreativas, espacos de ac&o nas cidades, mapas mentais € ten- ta desenvolver teorias de estrutura cog- nitiva.25 Assim, a visio espacial, 20 encorajar os gedgrafos a excursionar em terrenos razoavelmente familiares proximos a fronteira de outras disci- plinas, tem sido associada ao intercim- bio interdisciplinar continuo que po- de, a longo ‘prazo, provar ser mais im- portante para o amadurecimento da pesquisa da ciéncia social do que sera a sobrevivéncia ou a morte de qual- quer disciplina individual. No seu lado negativo hd também mui- to a dizer. A abstragio progressiva dos modelos espaciais trouxe consigo 0 pe- rigo de uma superpreocupagio pelos padrées geométricos estéreis. Disserta- Ges sobre 0 ajuste do complexo de distribuicéo de Poisson ao espacamen- to dos nticleos de povoamento no con- dado de Tuscarawas nao foram tran- qililizadoras. Houve a tentagio de di- zer que, virtualmente, valia a pena ser estudado com abstragio qualquer tipo de modelo espacial, uma ver que todos 0s modelos espaciais so susceptiveis de 25 Vide Roger, M. Downs, “Geographic Space Percepti Geography: International Review of Current Research (London: 1970), vol. 2, pp. 65-108; Reginald Colledge, Lawrence A. Brown ¢ in Geography: An Overview”, The Australian pects”, em Progress in Edward Arnold, Ltd. Frank Williamsor “Behavioral Approaches serem aplicados a qualquer lugar, mas desde que haja uma infinidade de mo- delos espaciais para se escolher, pre- cisamos de outros critérios a fim de se- lecionarmos certos modelos espaciais para investigacio ¢ desenvolvimento mais intensivos. Uma possivel resposta seria a de se trabalhar partindo de uma teoria formal no estilo de um mé- todo cientifico cléssico. Todavia, isto Jevou também a algumas dificuldades. Uma divisio desproporcional da_pes- quisa podia ser partilhada com 0s pro- blemas que sio tio socialmente triviais quanto teoricamente trativeis. Seria colocar uma conviccio imprépria em um corpo de teorias preexistentes se ti- véssemos de nos limitar a testar hipé- teses que surgem daquela teoria. Exis- tem, obviamente, muitas perguntas de grande importancia para a sociedade, para as quais no possuimos um corpo adequado de teoria, Por exemplo, ¢s- tudos das externalidades espaciais pa- recem ter mais utilidade social em po- tencial que estudo sobre 0 comércio varejista, mas muito mais energia foi despendida na pesquisa deste wltimo item, enquanto a teoria da localidade central foi submetida a desmantela- mentos ¢ reformas sucessivas. ‘A énfase do comportamento da década de sessenta ajudou, até certo ponto, a selecio dos modelos espaciais de signi- ficaco para o homem, mas nio foi, de modo algum, uma panacéia. Provamos ser bastante capazes de elaborar estu- dos de estruturas perceptivas que sio tio irrelevantes quanto aqueles das es- truturas re: A énfase quantitativa teve, natural- mente, seus bem anunciados aspectos negativos. Muitfssimas vezes, laboran- n; Past Approaches and Futures Pros- Geographer, vol. 12, (1972) , pp. 59-79; ¢ William H. Ittelson, ed., Environment and Cognition (New York: Seminar Press, Inc., 1973) do montanhas de técnicas, produziria poucos € timidos intelectuais e artigos tremendamente complexos _ produ: riam, triunfantemente, maneiras mais parcimoniosas de fazer as coisas que, provavelmente, no mereceriam ser feitas em primeiro lugar. Havia sem- pre a cilada taxonémica de se desen- volver infinitamente novas_maneiras de medir 0 fenédmeno espacial, exata- mente como desenvolvemos, infinita- mente, novas classificagées para as ci- dades ou para mapas de utilizagio da terra. O descaso em relagio & neces- sidade de verbalizar conclusdes resti- tuiu muitas descobertas potencialmen- te significativas, _desnecessariamente obscuras e dificeis de separar daquelas relativamente insignificantes. O mais importante € que havia a ten- déncia comum de considerar que toda pesquisa deveria se ajustar ao estilo predominante, e interessantes descober- tas de significado -potencial para o ho- mem foram, geralmente, rejeitadas se expressas em termos essencialmente verbais ou se nao representassem um acréscimo a um corpo de teoria pre- existente, pequeno e estreitamente de- finido. Havia, pelo menos por algum tempo, um_ sentimento _geralmente acritico de que se fosse espacial teria que ser util, exatamente como ante- riormente acolhiamos qualquer estudo que demonstrasse relagio entre 0 ho- mem ¢ algum pardmetro ambiental ou a inter-relago do fendmeno nas dreas, nao obstante o significado do fendme- no em questao. A PERSPECTICA DA VISAO ESPACIAL Atualmente, no inicio da década de setenta, a forca e 0 momentum da vi- sio espacial € nitida no volume conti- nuo, diversidade e relativamente alta qualidade do trabalho teorético, des- ctitivo € matemdtico, Um importante componente comportamental foi acres- centado, ¢ outros reforgos técnicos pos- teriores esto em disponibilidade, des- de cartografia computadorizada até sistemas de informagio. Nosso papel nas ciéncias sociais e de comportamen- to é mais conspicuo, e o significado de nosso trabalho no estudo urbano tem experimentado um crescimento _no- tavel. Entretanto, € evidente que a visio es- pacial, juntamente com as suas asso- ciadas teorética e matematica, tém sido submetidas, constantemente, a um sé- rio interrogatério. Aspectos negativos, como j4 mencionados, esto sendo exa- minados mais criticamente, a medida que a visio ecolégica venha de volta e a relevancia se torne ordem do dia. A Dicotomia Ciéncia-ativismo Interesse maior em relacio a utilidade social Iancada com extraordindrio vi- gor no final da década de sessenta co- mo produto escasso de descobertas re- levantes para os problemas atuais vie- ram sob intenso criticismo, Na reali- dade, temos ainda um artigo inovagio mais novo para substituir 0 artigo ci- entifico. Temos hoje uma ladainha de pecados de omissio ilustrando a em- pedernida negligéncia dos gedgrafos em relagio a um tipo particular de problema social. Os criticos deram én- fase particular ao papel universal dos sistemas que estabeleceram os valores exégenos no problema da selegio, na formulagio da teoria ¢ na interpre- taco das descobertas, Sentiuse tam- bém que haveria menos énfase nos pa- péis académicos tradicionais de com- preensio dos processos de procura na verificagio de hipéteses ou de criagio de novas idéias, e muito mais na apli- cagio do que jé é conhecido. Muitos acham que o geégrafo deveria ter um papel ative em wpersuadir a sociedade a adotar politicas baseadas nas suas Bol. Geogr. Rio de Janeiro, 34(247): 5-27, out.|dex,, 1975 19 20 ultimas descobertas ou nas suas teorias e generalizagdes em voga. Outros vio mais além e acham que todos os estu- dos deveriam ser consagrados pelo uso, em esséncia, a fim de que nao sejam considerados como um endosso impli- cito do status quo. De modo geral, a geografia enfrenta a mesma dicotomia que as outras ci- éncias sociais e de comportamento: 0 incesto intelectual da construgio da teoria da disciplina orientada’ versus momento relevancia, a torre de mar- fim ou a barricada, 0 paradigma cien- tifico ou interesse pelos valores exter- nos que dizem aos cientistas o que vale a pena estudar? ‘A despeito destas ciladas, creio que ha muito a ganhar se a pesquisa orienta- da espacialmente mantiver seu momen- tum em uma tradigio essencialmente cientifica, ainda que em um contexto dlaramente pluralistico e com um in- teresse mais explicito ‘para a utilidade social. Embora isto possa significar acenar com bandeiras esfarrapadas do positivismo légico, € dificil conceber substitutos satisfatérios para as gene- ralizagbes cumulativas e tentativas de verificacio de hipéteses. A medida que estas generalizacdes se tornam mais cla- ramente articuladas, a aplicago inte- ligente dos modelos estatisticos e ma- teméticos se torna cada vez mais apro- priada, Poucos negariam que a uti dade das generalizagdes depende de | sistemas de valores exdgenos determi- nados, mas € uma reacio de panico para evitar qualquer tentativa de pes- quisa objetiva, hipétese, formulacio ou avaliacio da evidéncia, e simples- mente ensinar e aderir a determinado sistema de valores. Robert Solow afir- mou recentemente que “é como se fos- semos descobrir que é imlposs{vel apre- sentar uma sala de operacées perleita- mente esterelizada e, por essa razio, concluir que pudéssemos realizar uma cirurgia em um esgoto”.2" Resta ser demonstrado, para cada ca- so, como um determinado sistema de valores pode afetar a pesquisa. Até mesmo nos casos que sio da maior im- portincia, o estudo das conseqiiéncias dos sistemas de valores alternativos se torna, em si mesmo, um tépico impor- tante’de pesquisa, uma fonte na tra- dicio cientifica Parece-me que nossa histéria, como uma disciplina, indica que a relevan- cia sozinha, sem generalizagées cumu- lativas ou tentativas em formular teo- s, nao é o bastante, Considerando seu tamanho, a geografia tem sido surpreendentemente envolvida_ em questées ‘politicas a nivel de governo municipal, estadual e federal nos wlti- mos cinquenta anos.?7 Porém nada mais veio deste envolvimento enquan- to estavamos nos movendo horizontal- mente de um problema para outro sem qualquer desenvolvimento _concomi tante de generalizacées. Embora tenha- mos suportado nosso quinhio de so- frimento & medida que a teoria come- casse realmente a se desenvolver, nossas generalizacdes comecaram, hoje, a se expandir o suficiente para termos mais esperanca de sua aplicacio util do que mesmo ha 10 anos atrds. Para voltar- mos, agora, nossas costas para a teoria que surge ¢ nos limitarmos a eliminar as dificuldades, seria visivelmente de- sastroso € imprevidente. Se todas as ciéncias sociais se voltassem, anos atras, para o ativismo, as custas do desenvol- vimento da teoria, podiamos estar ain- da ensinando as idéias vigentes na dé. cada de vinte. Os socidlogos podem 26 Robert M. Solow, “Science and Ideology in Economics”, The Public Interest, Number 21 (Fall, 1970), p. 101. 21 Vide cap. 14, “Applied Geography”, em Preston E. James, All Possible Worlds: A His- tory of Geographical Ideas (New York: Odyssei Press, 1972), pp. 427-56. estar continuando ainda com extrapo- laces lineares; os gedgrafos podem es- tar cobrindo 0 mundo com as réplicas do estudo Montfort; e podiamos até voltar mais atras ¢ encontrarmos esco- las médias com cursos especiais sobre 0 uso dos sanguessugas. Tomando um exemplo mais recente, podiamos nos encontrar confiando numa geometria meticulosa de uma ingénua ¢ imutavel teoria como a da localidade central de Christaller para curar nossas indispo- sigdes urbanas. As pressdes para rele- vancias urgentes podem também levar a uma insisténcia dogmatica num Timi- tado Ambito de solucdes_simplistas para problemas complexos, ¢ para uma nova ottodoxid e dependéncia crescente da autoridade, uma vez que, sor definigao, as conseqiiéncias dos va- lores adotados seriam imunes aos tes- tes empiricos e 4 necessidade de veri- ficagdo associada ao paradigma cient- fico. desacreditado. Obviamente, porém, a construgio da teoria deveria ser submetida ao criti- cismo nao s6 de sua Iigica interna mas também de sua utilidade. Relevancia somente pode néo ser suficiente, mas tampouco podemos dar, infinitamen- te, carta branca as disciplinas para construir ¢ remodelar seus préprios conjuntos de generalizacgées. Nao pode- mos mais manter desmesurada confian- Ga nas teorias, modelos e técnicas atuais que rejeitam valores, utilidade social € existéncia de outros caminhos opcionais para Roma, incluindo os es- sencialmente verbais e consagrado pelo uso, Alguns problemas sio tio urgen- tes que necessitam de rapida aplica- gio de medidas terapéuticas bascadas no conhecimento sabidamente imper- feito. Entretanto, esta necessidade nao conduziria & equiparagio de um in- teresse pelo desenvolvimento da teo- ria com uma insensibilidade em rela- gio as necessidades da sociedade, sim- plesmente porque a teoria pode nio ser imediatamente aplicavel as séries de crises a curto prazo. O teste apro- priado da utilidade de uma teoria, ou mais amplamente, de um conjunto de generalizages_ cumulativas, encontra- se, de preferéncia, no sew conspromisso de derradeira ¢ fundamental relevancia para com os problemas da sociedade. O interesse do cientista pelos processos e relacionamentos fundamentais pode ter, a longo prazo, impactos poderosos em todos os tipos de problemas e pode acarretar mudangas drdsticas nos tipos de medidas terapéuticas aplica- das. , porém, obrigacio do cientista se expressar com clareza e com certa precisio sobre exatamente 0 que cons- tituem suas descobertas, e como serio iteis tanto imediata como posterior- mente. A Viséo Espacial e Outras Visées A visio homem-terra significou im- pressionante volta & condigio anterior, fortalecida, em parte, por uma onda notavel de interesse popular pelos pro- blemas ambientais; em parte, pela in- tima articulagio de certas descobertas com a politica governamental. Gilbert White seus estudantes da Univer: dade de Chicago comecaram a focali- zar um tnico problema com um para- metro ambiental distinto, a ocupacio humana das planicies de inundagio.28 Os estudos resultantes tiveram grande impacto tanto na politica como no trabalho académico futuro. Conduzi- ram & legislacio ¢ & proliferagio de es- tudos posteriores envolvendo o homem. € o meio-ambiente. Estes diferem dos da década de vinte, em que a énfase no foi sobre um meio-ambiente ex- 28 Gilbert F. White, et al. Papers on Flood Problems, Research Paper N° 70. (Chicago: Uni- versity of Chicago, Department of Geography, 1964) - Ps (oricagos Uni Bol, Geogr. Rio de Janeiro, 34(247\: 5-27, out.{dee 1975 | 21 | 22 terno fixo mas sim na maneira pela qual o homem estrutura 0 meio-am- Diente em sua prépria mente.2° Agora a dissertaco poderia tratar do impac- to da mineragio a céu aberto no su- deste de Ohio ou poderiamos mesmo até completar 0 circulo e termos dis- sertagdes tratando da destruiczo per- petrada pelo homem no arenito de Pottsville no sudeste de Ohio, Entre- tanto, alguns dos problemas antigos ainda existem. A ampla definicao de meio-ambiente parece estar mais po- pular do que nunca, embora a pesqui- sa realizada de acordo com a definicao estrita de Barrows pareca crescente- mente promissora, Os problemas de treinamento ainda sio grandes e 0 su- primento. de generalizages cumulati- vas ainda escasso, Ha também um no- vo problema, uma inevitavel e conco- mitante onda de interesse popular. A competigao é violenta. Desde a biolo- gia da \populacio, passando pela geo- logia ambiental, até uma série de te- mas sobre a agricultura ¢ engenharia, existem poucas disciplinas que nio sentem, com justificativa, que podem promover compreensio significante so- bre problemas ecoldgicos. basta dizer que 0s gedgrafos foram os pri- meiros. A utilidade do_treinamento geografico para o estudo ambiental deve ser demonstrada, assim como a aplicabilidade das teorias e generaliza- Ges geograficas nos problemas ambi- entais. A perspectiva para realizar isto, porém, parece ser extremamente favo- ravel. Os recursos particularmente va- liosos séo a viabilidade continua da geografia fisica e nossa experiéncia para comecar a competir com sucesso pelo treinamento dual nas ciéncias so- ciais e naturais. Nao ha razéo também para que um novo conjunto de zonas de superposiczo disciplinar com as ci- éncias fisicas e biolégicas nao possa se desenvolver e florescer. Neste contexto deve ser lembrado que a forca conti- nua da visio espacial é um. recurso significative, desde que muitos dos métodos e modelos associados 2 visio espacial possam ser aplicados aos pro- blemas homem-meio-ambiente com consideravel proveito. A visio integrativa ou o inter-relacio- namento de area nao tem experimen. tado a mesma espécie de renovacio tanto popular como académica. Alguns gedgrafos teoréticos consideram 0 estu- do regional como: sendo nada mais que um inventirio com pouco contetido analitico ou intelectual. Alguns ged- grafos regionais retribuem na mesma moeda ao achar que a grande onda de atividade no uso de modelos matemd- ticos e teoréticos durante a década de sessenta tem pouca importancia para seu trabalho, Entretanto, argumenta- ria que ha uma afinidade particular- mente estreita entre as visGes espacial ¢ de inter-relacionamento de area, va- riando originalmente no grau de espe- cificidade de lugar. A fim de salien- tar esta afinidade, podiamos nova- mente considerar 0 sudeste de Ohio — € no processo voltarmos a Nevin Fen- neman ¢ a 1919 (Fig. 4) ®° O diagra- ma representa tanto a variaco sobre Fenneman como uma elaboracio do diagrama anterior (fig. 3) mostrando a zona de superposi fia e a periferia espacial da economia. Neste caso 0 diagrama est estruturado para mostrar a disciplina do ponto de vista do gedgrafo regional cujo enfo- que € 0 sudeste de Ohio. As zonas de superposicio observadas previamente 29 Para revisdes do estado atual da visio homem-terra vide Kenneth Hewitt ¢ F. Kenneth Hare, Man and Environment. Conceptual Frameworks, Commission on College Geography Resource Paper n° 20 (Washington, DG.: Association of American Geographers, 1973); € “Report of the AAG Task Force on Environmental Quality”, The Professional Geographers, vol. 25 (1978), pp. 89-47. 30 Fenneman, op. cit., nota 7. ECONOMIA Economia Regional SOCIOLOGIA CIENCIA POLITICA Gedgratia Urbana Demografia Geografia Naga = Populagae ¢ Economica Geografia Social Geografia Politica PSICOLOGIA Geografia do Comporiamento| Meteorologia Geografia Geografia ¢ Fisica Cultural Geografia das Formas do Fitogeografia Relevo ANTROPOLOGIA Geomorfologia Vegetal GEOLOGIA BIOLOGIA wead'®:4

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