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pudor vigia as portas de alguma coisa sagrada...

Sacerdote e
no porteiro, ele no avaro, desagradvel ou imperioso como
a rigidez puritana; ele no recusa, reserva; h na brandura do
seu gesto tanto de acolhimento como de negao, e, mais do
que um aviso, um convite a uma mais alta venerao.
Distingue-se dessas hipocrisias orgulhosas e doentias,
compensaes exageradas de uma sensibilidade demasiado
vulnervel, que demonstram a sua fragilidade pela rapidez com
que se abatem de vez em quando, bruscamente, como todos os
artifcios. (Trait du Caractre, p. 492.)
E porqu esta diferena de atmosfera em relao a tantas obras
que, como esta, abordam a psicanlise?
Porque P. Daco um discpulo de C. G. Jung e Ch. Baudouin.
Ele admira profundamente as geniais descobertas de Freud,
mas um fundo de smbolos grandiosos vem tematizar numa
direco muito diferente cada uma das reaces sexuais ou
agressivas do doente.
Um exemplo ajudar a faz-lo compreender. Sabe-se que o
desejo de regressar ao seio materno se exprime usualmente no
doente por uma figurao em extremo precisa e fsica:
considerando as imagens verbais, a cena obtida ter um
carcter dificilmente suportvel para uma sensibilidade que se
pretenda humana. Jung no nega de modo algum a existncia
de tais representaes imaginativas. Mas para ele, a imagem do
sexo da me apenas a concretizao de uma outra imagem,
incomparavelmente muito mais vasta e profunda, porque a me
em carne e osso encarna um arqutipo universal.
Ou ainda: quando um doente, levado por um complexo de
castrao projecta a sua frustrao sobre o analista, ele inveja
este homem que lhe parece ser todo-poderoso, inveja nele o
instrumento
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