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BRAGANTIA Boletim Cientifico do Instituto Agronémico do Estado de Séo Paulo Vol. 22 Campinas, julho de 1963 No 35 A SERINGUEIRA (HEVEA BRASILIENSIS MUELL-ARG.) NA REGIAO DE CAMPINAS, SUA ADAPTACAO E PRODUTIVIDADE (') JoXo Fennema Da Cunt, engenheiro-agrénomo, Sepdo de Plantas Tropicais, Instituto Agronémico RESUMO Realizou-se um estudo sobre o desenvolvimento de seringueiras (Hevea brasiliensis Muell.Arg.) © sua produgio de borracha em Campinas, Estado de Séo Paulo, obje- tivando conhecer as possibilidades do cultivo e exploragdo dessa planta no planalto paulista, O local da experiéncia situa-se 4 latitude 22°53'5, longitude de 47°05’W, e altitude de 663 m, com pluviosidade média anual de 1.400 milimetros. Séo apresentados os dados de produgio de seringueiras de pé franco e do cruza- mento Tj-1 Xx Tj-16, colhidos durante 7 anos consecutivos de sangria, os quais indicam ser a regido ecologicamente favoravel, permitindo prever a possibilidade exploragdo dessa cultura, a qual poderé contribuir para o aumento da producio de natural no Brasil, 1 — INTRODUGAO Dez anos antes do Brasil deixar de ser auto-suficiente em borracha, j4 0 Instituto Agronédmico vinha desenvolvendo estudos sdbre a cultura da seringueira no Estado de Sao Paulo, embora nas esferas governamentais houvesse manifestagdes contrérias & realizaggo de trabalhos visando a im- plantagao da cultura fora da regiio amazénica. Em 11 de novembro de 1942 chegava a Campinas o primeiro lote de plantas enviado pela Estagao Experimental de Deodoro no Rio de Janeiro. As observagGes s6bre o desenvolvimento das seringueiras provenientes désse material e sua produgao de borracha, durante 7 anos, constitui 0 motivo do presente trabalho. Esse estudo oferece subsidios para o conhecimento (1) Recebido para publicagéo em 28 de margo de 1963, 446 BRAGANTIA Vol, 22, N.° 35 da viabilidade da‘hevicultura na regiao de Campinas, assim como em outras do planalto paulista, que possuam condigées ecoldgicas semelhantes. 2-— MATERIAL E METODO As mudas recebidas da Estagdo Experimental de Deodoro nao tinham quaisquer referéncias que permitissem a identificagio do material. Presu- mindo-se a inexisténcia naquela época de seringais no Rio de Janeiro, admite-se que as plantas fdssem oriundas de material importado ou pro- cedente da Amazénia. A identificagao tomou-se vidvel mais tarde quando as Arvores iniciaram a frutificagao. O exame dos desenhos, ou manchas da casca das sementes, permitiu admitir tratar-se do clone ‘Tj-1 ou de seus cruzamentos. Varios anos depois foi possivel comparar sementes de Tj-l X Tj-16, importadas pelo Instituto Agronémico, com as que foram colhidas do lote inicialmente plantado em Campinas. Risse exame revelou haver perfeita semelhanca entre éles, indicando tratar-se muito provavelmente de materiais désse cruzamento. Isso é secun- dado por informagéo do Eng. Agr.® Felisberto de Camargo, de que o Ministério da ‘Agricultura hayia importado sementes do referido cruza- mento em 1941/42. As mudas recebidas de Deodoro foram registradas sob n.° 5.882 pela Segao de Introdugio de Plantas do Instituto Agronémico, a qual plantou 3 exemplares em seu arboreto. Em dezembro de 1942 foram plantadas 6 mudas désse material pelo Eng.° Agr.° José Estévao Teixeira Mendes, Chefe da Secio de Café do Instituto, em solo glacial, distanciadas cada 5m na quadra localizada entre a colegio de drvores de sombra para cafeciro e um canavial, na Estado Experimental “Theodureto de Camargo”, em Campinas. Uma dessas Arvores encont:a-se no meio da 13.* linha do seringal, sendo assinalada com 0 ntimero 60. As outras 5 esto localizadas na borda da plantagio, ocupando a 16.4 linha que se limita com a colegéo de Rubidceas. As seringueiras dessa linha foram marcadas com nimeros de 72 a 76. O plantio désse seringal teve como finalidade fazer observagées sdbre a possibilidade da seringueira servir como arvore proporcionadora de som- bra para cafézais e estudar, ao mesmo tempo, a sua adaptagio ao meio ambiente. E imprescindivel a certificagdo de que o material em aprégo é real- mente Tj-1 X Tj-16, pois, sementes désse mesmo cruzamento foram poste- JOAO FERREIRA DA CUNHA Julho, 1963 NGUEIRA EM CAMPY: > we & a 447 riormente importadas em maior escala pelo Instituto Agrondmico (1), para constituir os primeiros seringais de cardter comercial em Sao Paulo, os quais foram situados, principalmente, na regiao litoranea e também no planalto, No caso positivo, os resultados obtidos em Campinas com as poucas plantas vindas da Estagio de Deodoro — uma das quais é apre- sentada na figura 1 — poderao fornecer informagées titeis sébre a viabi- bilidade da cultura da seringueira no planalto paulista. Ficuna 1. — A esquerda, seringueira oriunda de mudas procedentes da Estacio Expe- rimental de Deodoro, R. J., possivelmente de “Tj-l X Tj-16”, plantada em solo profundo da Estagio Experimental do Instituto Agrondmico em Campinas, com de- Senvolvimento suficiente para inicio de sangria, A direita, inicio da abertura do painel em planta do mesmo lote da precedente As produces obtidas em cada Arvore, de 1955 até 1961, sto aqui rela- tadas. Correspondem as produgdes de borracha de 7 anos consecutivos Adicionando-se essas produgées as do periodo anterior (2), obtém-se 9 anos e meio de exploragao das seringueiras para a extra late: O sistema de sangria adotado foi o de meia espiral, em dias alternados $/2, d/2, 100%) (1). Como se pode ver na figura 2, a exploragdo dos pai- néis de sangria foi efetuada inicialmente a altura de 0,80 m, nas duas me- tades em que o tronco foi dividido. Apés quatro anos de trabalho houve idade de voltar ao lado do primeiro painel em que se processou a 448 BRAGANTIA Fiouna 2. — Reconstituicio perfeita da casca no painel de sangria de uma seringueira Tj-1 x Tj-16, com 13 anos de idade, em Campinas. A49 JOAO FERREIRA Da CUNHA A SERINGUEIRA EM CAMPINAS Tulho, 1963, sseudawy we “(1961 © . . Sg6T) sou y ayuemp *(gt-[L X TLL) senonBures g ap vogs eypesog op sfesuoui sogdupord sup jenuy vyoryy — “g vunoLy a0 AON ano 43s oow qar ane Www way uy Aaa awe i 0 VHOVaNO", 34 —- Vous 450, BRAGANTIA Vol, 22, N.° 35 sangria, sendo esta praticada & altura de 120m do solo. As cascas das Srvores nos painéis primitivos jd estavam perfeitamente reconstituidas, con- forme mostra a figura 3. 3 — RESULTADOS 3.1 — CIRCUNFERENCIA DO TRONCO As mensuragées dos troncos foram feitas a partir de 1952, quando as axvores completaram 10 anos de idade. O quadro 1 contém as medidas das circunferéncias a 1 metro acima do solo, efetuadas quase sempre no coméco da primavera. As 6 seringueiras mensuradas em 1952 apresentavam circunferéncias varidveis de 36 a 57cm. Metade dessas drvores tinha dimensoes superiores aos 45cm convencionais para o inicio da sangria. As medidas tomadas no ano seguinte, 1953, mostraram que apenas uma drvore nao havia ainda atingido a medida padrao. Nesse ano houve um aumento de circunferéncia que variou entre 4 e 8om por planta, O au- mento médio observado foi de 6,6 cm por arvore Dez, anos depois da primeira mensuragdo observou-se um aumento de circunferéncia que oscilou entre 25 e 43cm por planta, ou sejam 35cm em média, Nesse periodo a planta n.° 60 dobrou o tamanho da circun- feréncia e as demais aproximaram-se do débro. © aumento médio das circunferéncias no espago de 10 anos foi de 35.cm por ano, 3.2 — PRODUCGAO DE LATEX No quadro 2 so apresentados os dados de colheitas de latex de 8 scringueiras Tj-1 X Tj-16, efetuadas de 1955 a 1961. As produgdes men- sais de cada Arvore estao indicadas juntamente com 0 numero de dias em que as mesmas foram sangradas, assim como 0 rendimento anual ¢ 0 ni- mezo total de sangrias. O exame dos dades referentes ao ano de 1955, mostra que as 8 arvores pzcduziram 74.567 cm* de létex em 189 sangrias e a produgio média anual, por dtvore, foi de 65,9 em’. De 1956 até 1960, houve aumentos constantes na produgSo de latex, a qual nesse ano foi de 129,4 litros, Em 1961 observou-se um declinio na colheita, que pode ser atribuido 4 séca ocorrida nesse ano, assim como a desuniformidade na cxecugio da sangria, motivada pelas mudangas dos sangradores. JORO FERREIRA Da CUNHA A SERINGUEIRA EM CAMPINAS 451 Julho, 1963 ouv sod o1pgur owauiny ge oF oe ge SB ve eF se w we se % ve & souw QT wa ojwowny 0°88 16 $9 68 99 16 3B us 2961 008 6 99 98 89 28 18 196t OLL 16 cc) $8 £9 28 ob o96t - - - - - - - 6s6T O'OL 08 gs 6L 18 6L 69 8S6T 9'9 2b 98 SL 98 ¥h 89 LE6L o'eo SL eg OL ag Th 19 9s6T 0°09 89 6r 19 os 89. Lg S961 ors oF Sh ¥0 oF 99 as FO6T 9'cs 09 re 09 ly 19 a4 eset OF ss 98 S ir ug 6e SS6L wo wo wo wo mo wa wa 9oL sh co eh Be 09 sax0ary PEW Sep Sepepy foay seqt{g sep ovdeiouny seudug wa “o8ieweg ap olomposyy,, jeruounadyy oye vu ‘ojos op wT B sunray ‘opepy ap soue QT ap arsed "e ‘gf-{E X TLL stulentiues op soouon sop serougasyunona sep soodpoyy — “T owavag 1s Op wT ¥ sux ‘opepr op soue QT ap P p seus P so05tp: 452, BRAGANTIA Vol, 22, N.° 35 O mimero de sangrias em cada ano variou de 127 a 152. As sangrias foram realmente feitas em maior niimero, pois, nos dias chuvosos, embora fésse efetuado o corte, nfo se anotavam os dados do latex recolhido. Assim sendo, pode-se considerar 150 como sendo 0 niimero médio de sangrias que se pode praticar normalmente por ano, na exploragdo de um seringal na regido, O quadro 2 contém as produgées mensais conjuntas das 8 seringueiras, de 1955 a 1961. O quadro 3 mostra as idades das drvores e suas produgées médias anuais de latex e borracha. Quapno 2. — Producdes mens de litex, em cm, de & seringueiras Tj-1_< Tj-16 & médias anuais por sangria, durante 7 anos (1955 a 61), na Estagio Experimental “Theodureto de Camargo”, em Campinas Meses 1955 1956 1957 1958 | 1959 ¢ | 1960 | 1961 cms em? ems om coms Janeiro 6.862 8.595 5.636 5.317 an 16 | 10. 208 10,082 Fevereiro 5.201 | 9.186 | 7.525 | 6750 | 9741 | $152 | 11.566 Marco. 8.431 | 12.616 9.975 | 11.191 8.061 | 15.065 | 13.850 Abril 6.959 | 10.007 | 13.326 | 11.036 | 14.870 | 12.179 | 11.495 Maio 6.716 | 9.256 | 11.795 | 10.778 | 14211 | 18,042 | 15.025 Junho 8.267 | 8571 | 11.994 | 12689 | 14.843 | 11.429 | 10.180 Julho 6414 | 6553 | 8.793 | 11,982 | 12.098 | 11420 | 11416 Agosto 5.749 | 6237 | 7.866 | 8665 | 9401 | 9.301 | 7.047 Setembro 2549 | 2741 | 5.243 | 5.753 |) 6.397 | 5740 | 5.240 Outubro ...{ 6.276 | 3.723 | 5447 | 7172 | 6239 | 7.798 | 6.786 Novembro .} 2.262 6.557 7.373 6.952 | 10.606 | 10.569 9.311 Dezembro .}| 4.801 | 5.163 | 6819 | 8.104 | 12.494 | 9391 | 8.52t Nimero de sangrias .. 139 135 137 a7 152 132 145 Média de sangrias .. 65,9 825, 99,8) 90,9 104,6 123.0] 104.1 A produgao de borracha séca foi calculada sbre a quantidade de litex colhido, considerando-se a existéncia de cérca de 30% de D.R.C. no litex. Dessa forma, so apresentadas as produg6es médias de borracha por drvore © por ano, em fungao das idades das plantas e do nimero de colheitas. As produgées de borracha por unidade de drea foram calculadas tomando-se por base 400 seringueiras por hectare. Em 1955 efetuou-se a 4. safra, colhendo-se latex de seringueiras com 12 anos de idade. A produgio média de latex nesse ano, por planta, foi 66 cm?, on sejam 19,8 g de borracha séca por dia de colheita. Dessa forma Julho, 1963 JOXO FERREMA DA CUXHA A SERINGUEIRA EM CAMPINAS 453 a produgio média de borracha por arvore e por ano foi 2,772 kg ou sejam, tedricamente, 1.108kg por hectare contendo 400 seringueiras. Quanno 3. ~ Médias das producées anuais de Mtex ¢ de borracha de 8 seringueiras ‘Tj-1_x Tj-16, em 7 safras, na Estagio Experimental “Theodureto de Camargo”, em Campinas Produg&io de borracha sdea Tdade das Numero Produg&io |-————— Ano érvores da safra* ae Média anual | Produgio por | Produgio por em anos mM latex por sangria e | Arvore em 150 | hectare com por planta sangrias: 400 Grvores: ems g kg kg 66,0 19,8 2,772 1.108 82,5 24,7 3,458 1.383 100,0 30,0 4,200 1.680 91,0 27,3 3,732 1.492 104,5 313 4,382 1.752 123,0 36,9 5,166 2.068 104,0 31,2 4,368 L747 2) Os resultados das safras anteriores foram publicadas no Boletim n.° 90 do Instituto Agrondmico. Quanuo 4. — Producdes acumuladas de latex de 8 plantas de Tj-1 Tj-16, durante 7 na Estagio Experimental “Theodureto de Camargo”, em anos (1955 a 61), Campinas 4 Borracha | Porcentagens Ane Lites séea nests l kg % Janeizo 548 164 73 Fevereiro 58,1 174 18 Margo 79,2 23,7 10,5 Abril 799 23,9 106 Maio 85,8. 25,7 14 Junho 78,0 23,3 10,4 Julho 68,7 20,6 91 ‘Agésto 544 16,3 72 Setembro 33:7 100 44 Outubro 43,4 13.0 58 Novembro 57,6 17.2 16 Dezembro 55,3 165 73 Totais 748,9 224,0 100,0 As produgdes calculadas nas 5.* ¢ 6.9 safras (1956 e 1957) teriam au- mentado, respectivamente, em 275 e 297kg de borracha por hectare. Em 454 BRAGANTIA Vol. 22, N.° 35 kg Sica BORRACHA ° a L 1 1 15a 195419581856 —«*1957-=S«stgSa 959 ~—«1880 ‘Be Ficuna 4, — Média anual da producao de borracha por planta, durante 9 anos suces- sivos de colheitas obtidas em 8 seringueiras ( TET x TH16), com a idade de U1 anos em 1953, na Estacio Experimental “Theodureto de Camargo” em Campinas, 1959 verificou-se névo aumento de produgdo, que ultrapassou em 260 kg a colheita de 1958. A maior safra foi observada em 1960, calculada em 2.066 kg de bor- racha por hectare, ou sejam 314kg a mais em relaco A colheita do ano precedente. Em 1961, a produgao decresceu de 319 kg em relagao A safra de 1960. © aumento total da produgdo em 6 anos foi de 639kg ou sejam 106 "kg, em média, 0 que corresponde, aproximadamente, a 18% de aumento em cada ano, No quadro 4 foram agrupadas as produgées mensais de latex de 7 anos de colheitas ininterruptas, efetuadas nas 8 seringueiras, Bisse agrupamento, representado grAficamente na figura 4, permite verificar quais os meses de produgées mais elevadas, As porcentagens mensais mostram que, no periodo de margo a junho, oblém-se as maiores produgées. Em maio a produgio eleva-se ao maximo, atingindo 11,4% do total anual. As menores produgies verificam-se quando JOAO FERRETRA DA CUNHA Julho, 1963 A SERINGUEIRA EM CAMPINAS 455 as arvores, depois da queda das félhas, iniciam a nova brotagio, o que, alias, ocorre em setembro, Nesse més a porcentagem de produgiio é de 4,4%. Em todos os seringais do mundo existem épocas de maior e menor produgio, no decorrer do ano, em fung&o de varios fatdres meteorolégicos atuando sdbre a fisiologia das plantas. Em face das sangrias sucessivas que se efetuaram durante varios anos, foi possivel determinar, para diferentes regides do Estado de Sao Paulo, pela primeira vez, os regimes da distribuicgio anual das produgdes de borracha. No quadro 5 séo apresentadas as produgées de latex de cada serin- gueira, em 7 anos. Foram calculadas as produgdes métlias de litex por sangria durante ésse periodo e as quantidades de borracha séca correspon- dentes, por sangria e por ano. As porcentagens de produgio por Arvore, em relagao ao total das 8 plantas, variaram entre 16,2 ¢ 7,1. O néimero médio de sangrias efetuado em todo periodo por planta foi de 977, com uma produgio média anual de borracha séca de 4,17 kg. A planta némero 1 foi a mais produtiva, apresentando rendimento mé- dio de 5,4kg de borracha por ano. Quapno 5. — Produgies individuais de litex de 8 seringueiras Tj-1 \ Tj-16, obtidas em 7 anos (1955 a 1961) na Estago Experimental “Theodureto de Camargo”, em Campinas : Produgda | Produeio | Poreente- | Prod Namero | Winer | Predusto eta de | de ferectn sen stbeen ein te le itex por séca rrodugai: rect se | antinn | ute | Maggs | OMe” [otis | Ses i ems g % kg 1. 966 1259 130,2 37,7 162 BA 2. 967 166 | 1206 | 350 150 30 60. 982 96,9 968 | 290 125 4,1 72. 982 98,0 O11 | BB 128 41 73. 980 103,6 105.7 31,0 13,3 44 74. 980 84,0 85,7 25,2 10,8 36 SB . 80 95,9 91,7 28,8 12,3 41 78. | 978 35,0 362 | 165 Tl | 284 Na figura 5 vé-se a curva representativa da marcha das produgdes médias anuais de borracha séca por planta, obtidas em Campinas, durante os 9 anos de colheitas sucessivas. © aumento da produgio de borracha por planta em cada ano de co- Iheita foi de 500g, em média, on sejam 200kg por hectare com 400 se- ringueiras, 456. BRAGANTIA Vol. 22, N.° 35. 3.3 — CONFRONTO DA PRODUGAO DE BORRACHA A produgdo de borracha obtida com essas 8 plantas em Campinas, confrontada com a de outras regides do Brasil e do mundo, permite ter-se uma impressio das possibilidades da implantagdo da cultura da seringueira em Campinas e noutras zonas dotadas de condiges ecolégicas semelhantes. O rendimento de borracha das arvores de Tj-1 Tj-16 plantadas em Campinas causou surprésa pelo fato das produges superarem as de outras zonas situadas no préprio habitat da planta, assim como em regides onde se cultiva e explora racionalmente a seringueira, O exame do quadro 6 mostra que as seringueiras de Campinas, com praticamente a metade da idade das exploradas sob contréle na Ama- z6nia (4, 5, 6, 7, 8, 9), obedecendo ao mesmo sistema de sangria, em meia espiral em dias alternados, tiveram um rendimento de borracha, por uni- dade de Area, superior a0 da maioria désses seringais. Quavro 6, — Producto média, em quilos de borracha séca calculada por hectare com 400 seringueitas sangradas em mein espiral, em dias alternados, 150 vézes por ano Locaiidade ea | cTiwe de, | Pradusie vor Observagdes ‘Anoe ke Campinas-Sio Paulo (12018 [ait x THa6—| 1.504 | matagao Experimental Pé franco Belém-Paré (4). 38 | H. brasiliensis —| 1.098 | Grapo Escolar “Pauline de 6 franco Brito" Manaus-Amazones (5) .-| 80 | H, brasiliensis —| 736 | Seringat Misim 6 franco Manaus-Amezonas (6) ../ 240 27 | H, brasitiensis —| 1.400 | sHorto Flovestal 6 franco Belém-Paré (7) 25 | H. weasitiensis —| 1.002 | Travessn Ttorord Belim-Paré (8). 30 1.681 | Institute Agrondmico do . Norte(*) Obidos-Park (9) ce BT 1.555 | Seringal Imperial Malnia (yo...) — | PB88 (control) 867 | Fazenda Experimental RRLM.600 2.290 (4 ano de sangria) Malaia (11) ++] 6 10 | PB-86 (control) 632 | Fazendas Fxperimentais (4e ano de sangria) 6 a 10 | RRI.M.-605 4.641 | Fazendas. Experimentais (4 ano de sangriay Medan-Sumatra (3) ....| 8% | Clones selecionas| 1.500 | Producia do 4” ano de Laos sangria (*) Das melhores plantas. Entre os seringais amazénicos relacionados, apenas 0 do Instituto Agro- némico do Norte, em Belém, apresenta produgio um pouco maior do que JOR0 FERREIRA DA CUNHA Julho, 1983 A SERINGUEIRA EM CAMPINAS 457 o de Campinas, isto é, 57 quilos por hectare a mais. O citado seringal foi sangrado somente nos perfodos favoraveis no primeiro ano de exploragio, aos 30 anos de idade, interrompendo-se na época de hibernagao, quando a produgao por sangria deveria ser mais baixa. No ano seguinte foi incluida também essa época, interrompendo-se o trabalho em setembro de 1944 (8), enquanto que em Campinas a sangria foi realizada todos os meses, ininterruptamente, durante 7 anos consecutivos, E necessdrio notar que 0 seringal em foco tinha 30 anos, o que nor- malmente contribui para produzir maiores porgdes de borracha, ao passo que em Campinas as seringueiras foram sangradas para o cémputo de ren- dimento do 12.° ao 18° ano, ou seja com a metade da idade do seringal de Belém. A média das produgées anuais dos seringais amazé6nicos relacionados no quadro 6, com 30 anos, é de 1.225 quilos de borracha por hectare. Assim sendo, em Campinas a produgao média, teérica, de borracha calculada por hectare supera a da Amazénia em eérca de 350 kg. Clones usados como contréle nos ensaios comparativos de produgio na Malaia, tais como PB-86 (0 qual ocupa o primeiro lugar na classe I das recomendagées do “Rubber Research Institute”, para plantio em larga es- cala) tém mostrado produgées inferiores as que foram obtidas em Cam- pinas (10, 11). Os dados do quadro 6, mostram que a produgio de Campinas é de 2,5 a 3 vézes superior As do clone padrao usado na Malaia. Ferrand (3) relata que os bons clones selecionados produzem até 1.500 kg de borracha por hectare no 4.° ano de sangria, conforme dados obtidos ne Jardim de Ensaios de Pol6nia, situado nas famosas terras férteis de origem vulcdnica, de Medan, em Sumatra. Dessa forma, vé-se que 0 rendimento de borracha das oito plantas Tj-1 X Tj-16, nas condigdes ecolégicas do planalto paulista em Campinas, superou a de outros centros de produgo consagrados para a cultura da seringueira. 3.4 — QUALIDADE DA BORRACHA O latex extraido das seringueiras foi tratado e coagulado para confec- cionar laminados (1), secando-os em estufa com e sem defumagio. Foram enviadas amostras désses dois tipos de borracha & Segao de Borracha do Instituto de Pesquisas Tecnolégicas de Sio Paulo, a fim de estudar as qualidades do produto das seringueiras sangradas em Campinas. Vol. 22, N.° 35 BRAGANTIA 458. csoidxe woud w “wyeacey ap eylag ep JUD “WP nAWEsEU OAPYUOTUG ofad oIREE Es ep ‘soquaUyoapeIdU sosFOU SOMES weolNyjous0], sesinbsed 2p OMINEUL OM FO>IDJ SOTUSUG_ (T) 09 LL ss cee zs SF ost 002 our 2 ore zor og ost ote asi zB o18 6s 6 og [+++ +-eury oxy eypexiog 092 cal ob oz Bt & 09 G82 SBT 8s 098 281 sc og os | Fb = 082 S81 8 ost 079 6a zor ork Tet 18 ost (ope) 099 28 eat oeL 961 6 06 ‘: 019 86I SI og 961 ob og | Smdtro ap wypeea one 216 S01 og LL ag tog 002 T6t 1 ost esi 8h ost ome 1s sit 092 108 bh * ost 069 6g Tel 082 £03 a 06 OL Tes ost 064 £03 so 9 | studumg ep rypenog ost 813 88 oes 8st % og % suo/Sy | guo/y % swo/dy | guio/iy amin ex | _eamans woo | wxmanz wa | vamane 009 cwoursucry | 9p ovsueg | w open | cruauesuory | op oveun, | © OP | gona wo “gyuzl ¥ vu sou wp onSerrusopee ap dw, v opozejov equousoqean® syeursiz0 sod oyiuas ap soonsaaonsey open 9p soonsjiajeue (1) Go eps " tu / wy TS ‘QeOL ® Y Sp) OPEIP|AOe oWoUNDOYJaAUD 9 oBdeZFURDIMA Bp sopUsUG] — “2 OMAVAg) JORO FERREIRA DA CUNHA Julho, 1963 A SERINGUEIRA EM CAMPINAS _ 459 No quadro 7 sao apresentados os resultados das provas de vulcanizagio e envelhecimento acelerado da borracha de Campinas e da mais fina qua- lidade produzida no Acre, usada no ensaio como padrao, A borracha de Campinas era completamente isenta de impurezas es- tranhas, de tonalidade muito mais clara do que o comum das borrachas acreanas, As caracteristicas de tragio e envelhecimento acelerado dos seus vuleanizados sio superiores & do tipo padrao utilizado para comparagio. 4 — CONCLUSGES As observagées realizadas sébre 0 desenvolvimento ¢ produgiio de se- ringueiras Tj-l X Tj-16 em Campinas, tiveram como objetivo verificar © comportamento ¢ a viabilidade do cultivo dessa planta no planalto paulista. Os dados obtidos permitem as seguintes conclusses: @) O crescimento das arvores foi normal, apresentando aumento mé- dio anual de 3,5 cm de circunferéncia do tronco a 1m de altura do solo. b) A produgdo média anual de borracha por planta, durante 7 anos (do 12.° ao 18.° ano), foi de 4kg, ou sejam 1.600kg por hectare. ©) Essa produgao se compara, e em alguns casos ultrapassa, as que se obtém em outras regides tradicionalmente produtoras de borracha no mundo. d@) A planta mais produtiva (N.° 1) deu 35% a mais de borracha em relagdo & média. Um seringal que fésse formado utilizando descendentes vegetativos dessa planta, poderia produzir tedricamente 2.160 quilos por hectare, ou sejam 560 quilos acima da produgo média das demais serin- gueiras estudadas, €) A maior produgéo mensal de borracha ocorreu no perfodo de marca a junho, A de maio correspondeu a 11,4 do total anual. A produgao minima foi observada em setembro, com 4,44, A) As cascas das seringueiras sangradas reconstituiram-se com perfei- gao, sem apresentar incidéncia de moléstias nos painéis de corte. 8) O estudo tecnolégico da borracha produzida em Campinas revelou caracteristicas de tragio e resisténcia ao envelhecimento acelerado, de seus vuleanizados, superiores aos da Acre Fina, usada como padrao. h) Tomando-se por base os resultados obtidos, pode-se considerar que a regiio de Campinas, apresenta condigdes ecoldgicas propfcias ao cultivo da seringueira, 460 BRAGANTIA Vol. 22, N.° 35, EXPERIMENTAL RESULTS FROM AN HEVEA RUBBER PLANTING LOCATED IN THE CAMPINAS AREA SUMMARY An experimental Hevea rubber planting (Tj-l }< 1j-16 hybrid) was made in the Campinas area to study its behavior on the Sdo Paulo plateaux, The elevation at Cam- Pinas is about 663m and the area is located at 22°53 South and 47°05 West (Green- wich), The annual rainfall is about 1400 mm. ‘Tappings carried out for seven consecutive years gave satisfatory yields, The data abtained indicate that the Hevea rubber plant can be grown profitably on the Sio Paulo plateaux. LITERATURA CITADA 1, Cunma, Jodo Franema pa, Cultura experimental de seringueira (Hevea brasi- Hensis Muell.-Arg. ) no Municipio de Coraguatatuba. Bragantia. (No prelo). Plantacées experimentais de seringueiras em Sio Paulo, Campinas, Instituto Agronémico, 1957. p. 8 (Boletim N° 90). 3, Ferranv, M. Phytotechnie de I'Hevea brasiliensis. Cembloux, Duculot, 1944, 435, p. 435, 4, Menpes, Luiz O. T. Observagées sobre a produtividade de seringueiras (Hevea brasiliensis Muell.-Arg.) plantadas de sementes. Bragantia 18:[417]-440. 1959, - Observacées sdbre a produtividade de seringueiras (Hevea brasiliensis Muell.-Arg.) plantadas de sementes. If — Produtividade de 100 plantas do Seringal Mirim, em Manaus. Bragantia 19:(393]-417, 1960. 6. ————.... Observagées sdbre a produtividade de seringueiras (Hevea brasiliensis ‘Muell.-Arg.) plantads de sementes. II — Estudo da produtividade de 507 plan- tas localizadas no Horto Florestal de Manaus, Bragantia 19:[419]-433. 1960, 7. ~~--~——. Observacées sdbre a produtividade de seringueiras (Hevea brasiliensis Muell.-Arg.) plantadas de sementes, IV — Produtividade de 29 plantas exis- tentes na ‘Travessa Itororé, Belém, Pard. Bragantia 19:{689]-709. 1960, 8. —————--—. Observagées sobre a produtividade de seringueiras (Hevea brasiliensis ‘Muell.-Arg.) plantadas de sementes. V — Produtividade de 15 plantas existentes no Instituto Agronémico do Norte, Belém, Para. Bragantia 19:[711]-729. 1960. 9 ——— . Observagies sdbre a produtividade de seringueiras (Hevea brasiliensis Muell.-Arg.) plantadas de sementes, VI — Produtividade de 4.397 plantas exis tentes no Seringal Imperial, Gbidos, Paré. Bragantia 20:[907]-964. 1961. 10. Rubber Research Institute of Malaya, Prim 600 Series Clones in Estate Trials. Planter’s Bulletin 48:49-50, 1960. ll, —————.. Planting Materials Used in Malaya, 1955-1958. Planter’s Bulletin 49:72-80, 1960,

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