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Crnica

Nada mais difcil e doloroso do que viver sozinha.

UMA CRNICA SOBRE SOLIDO


O relgio insiste em fazer aquele tic-tac irritante. Ela est sozinha, porque no pra o relgio?
De que adianta parar o relgio? Somente ela e a solido o escutam.

A solido, aquela sensao de vazio, de nada, de tanto faz, de tristeza e desamparo. Uma
amiga velha, afinal j passaram por tantas coisas e a nica que permaneceu foi ela. Aos
poucos essa amizade foi tornando-se difcil ela no queria mais sentir a solido e a solido
continuava a insistir-lhe sobe o quanto sua companhia era importante.
A equao de dois tornou-se uma equao de trs elementos: ela, a solido e os
medicamentos. Ela olha para eles e a memria relembra de muitos filmes em que as pessoas
pegam seus frascos laranjados e tomam inmeros comprimidos para acabar com aquele
sentimento de tristeza e vazio. E ela sabe que toma muitos comprimidos assim como nos
filmes, mas nada acontece.
O vazio continua vazio, a tristeza anestesiada, mas sem lgrimas, s dor mesmo. Ela acha
que forte e que seus sentimentos sero sublimados assim que o primeiro comprimido
comear a surtir efeito.

Tic-tac, tic-tac, tic-tac... tic...... tac...


Ela abre os olhos e a dor do vazio volta instantaneamente. Sente-se s. Mas o sorriso engana
bem.
A adrenalina parece ser a nica coisa realmente empolgante que derruba o ciclo entre ela, a
solido e os medicamentos.

Medicamentos e adrenalina a viciam. Mas viver intensamente a fascina, a apaixona. Viver sem
grandes planos, sentindo o vento, sentindo o toque de carinho da chuva... e assim o tempo
voa... e ela enquanto vive intensamente se sente real, viva realmente. Depois volta o breu... e o
velho tringulo: ela, a solido e os medicamentos.
H esperana... sempre h esperana.

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