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ono 22.- A. B5 | Janelro/margo - 2014 Belo Horizonte | p. 1-252 | ISSN 0100-2589 R. bras, Dir. Proc, ~ RBDPro Revista Brasileira de DIREITO PROCESSUAL ~ RBDPro. Be Scanned by CamScanner Cooperagao no processo civil — A paridade do juiz e 0 reforgo das posigdes juridicas das partes a partir de uma nova concepgao de democracia e contraditério t te Alexandre Pereira Bonna : Mestrando em Direlto pela Universidade Federal do Pars ej ener bprers trae (A ee, mo, Tata da cooperag8o no precesso ell, abordada em indmero : is a Seen a ora es oo nee, rane apn a ce so cul — na lapidagdo da colaboracdo. Busca fundamentos para aimplemonterae de eee Peteraivo, ntadamente no tocante 00 refoco das posigSes urdcas das pales ¢& sandons seve Ceepeedo do proceso. Reflete sobre a Impertencia de uma nova roupeyem ao prncine ae neewen es cori Semocracia, com vistas o realizar de forma plena a coleboragSo, Avergus cin eco deo Sino otto Ge Intvéncia e de democrecladellberatva apicada ao processo cl com visas Seen i malo parcipagto das partes no deslinde processual e na formagao da decioBe deel mre Impacto da eoonerago no projeto do novo Cédigo de Processo Civ o reflete sobre os desafios desea neve ernpreliade na seare processual. Palavras-chave: Colaboracao no processo chil. Democracia deliberativa, Contraditério. ‘Sumarlo:introdugdo @ apresentacdo da temética ~ 2 O modelo cooperativo de organizagio estatal ~ 2A. légica argumentativa na solugo de Itiglos ~ 3 Cooperagdo e 0 contraditério como direito de influéncia — ‘4 Cooperagdo e a democracia deliberativa ~ § Cooperagao no projeto do nove Cédige de Processo Chil ~ Conclusio ~ Referéncias Introdugdo e apresentagao da tematica 0 acoplamento do adjetivo cooperativo representa uma nova forma de pensar, interpretar, refletir e manusear 0 formalismo do processo, expressao entendida como ‘a totalidade formal do proceso, compreendendo nao s6 a forma, ou as formal dades, mas especialmente a delimitagdo dos poderes, faculdades e deveres dos Sujeitos processuais” (OLIVEIRA, 2010, p. 6). 0 dever/direito de cooperagao entre as partes (reciprocamente considerades) entre estas e o juiz ganha relevo em uma nova fase metodolégica do processo Civil chamada de neoprocessualismo ou formalismo-valorativo, que “encerra um 75 Sta, Pree. - RBDPro Belo Hortznte, ono 22, n. 85, p. 7588, jn./mu. 2084 Scanned by CamScanner ALEUNDRE PERORA BONA formalismo cula estruturagao oe a valores, notadamente 0S encartados, na Conelieea NI ey Sera Jutz no proceso civ & Vibtzado py O viés da colaboraco entre as partes € cane iplos constituctonals, notadamente o da der © Odocon, ie cee trugdo da decisdo judicial por meio de Intenso distags, petra ero ener OU ad € colaborago, consolidando o p resortave) ec uma ence deliberativa/participativa (e no mals apenas rep! aime a “comunidade trabalho” entre os sujeitos do proceso, onde o contra: & exercigg m caréter de direito de influéncla. A conjugagao dos prinofpios da democracia e 4 do contraditério possibilta o surgimento do proceso civil ooperativo, pols 8 just ‘mente no contraditérlo, ampliado pela Carta do Estado Democrético brasitero, que Se Ir apolar a nogao de proceso democratico, 0 processo como procedimento em Contradit6rio” (ZANETI JUNIOR, 2007, p. 194). Para delxar claro o lugar da fala e sobre o que estamos falando, antes de mergulhar em qualquer contedo substancial dos principios acima mencionados, ¢ importante fixar 0 sentido de principios estendido ao contraditério e & democracia, Ultrapassada a fase em que os princfpios juridicos eram tratados como noras Programéticas, com caréter demasiadamente abstrato © como fonte subsidlérla do Gireto, 0 pés-positivismo, que compreende a efervescéncia do constitucionalismo nas Ulimas décadas do século XX, impée uma nova forma de pensar os principos jut, Cos, hala vista que 2s novas Constitulgdes passaram a fincar um alto grau de impor ‘2ncla aos mesmos, trensformados em sustentéculo de todo o ordenamentojurdioo, Neste novo cenério, os prineiplos juridicos so normas juridicas, tem aplicacao Glreta @ sao fontes priméiias de normatividade; so, portanto, normaswalores dota das de positividade. Nesse sentido: Tanto las reglas como los principios son normas porque ambos dicen lo ue debe ser. Ambos pueden ser formuladas con la ayuda de las expe Slones de6nticas basicas de! mandato, la permisién y la prohibicion, tos brinciplos, al igual que las reglas, son razones para juietos conoretos ¢€ ber ser, aun cuando sean razones de un tipo muy diferente, La es tinclén entre reglas y prncipios es pues una distinelén entre dos tips de Rormas. (ALEXY, 1997, p. 83) Para esse jurista ‘aleméo, os principios Juridicos séo mandados de ‘otimizacao: “{...] los principios son normas que ordenan que algo sea realizado en la mayor medida Posible, dentro de las posibilidades juridicas y reales existentes. Por lo tanto, los pri Cipios son mandatos de optimizacion* (1997, p. 86). 0 fato de os principios juridicos fazerer Scanned by CamScanner (COOPERAGKO NO PROCESSO Cia. ~ A PARA de sentido @ ordem Juridica. Assim, a democracia e 0 contraditérlo sao principlos constitucionals que devem ser otimizados a0 maximo diante das possibilidades fat cas @ Juridicas, Inclusive na seara do dlreito processual. Esta nova fase metodolégica do direlto processual civil — calcada em uma nova concepgao de democracia e contraditérlo — fortalece o papel das partes na formagao da decisdo judicial, alterando substancialmente a posiggo Juridica do julz e das par- tes, em dois caminhos: 0 dominio dos fatos pertence também ao julz— que nao deve se contentar com 0s fatos expostos e comprovados pelas partes — @ a valoragao Juridica do direito também pertence &s partes (e ndo apenas ao juiz), a quals, por meio do direlto a0 contraditério, influem na vatoraco juridica da causa. Essas facetas eivam de inaplicabllidade 0 brocardo “da mihi factum, dado tibi lus". Nesse sentido, 0 objeto do presente estudo sera alcangado apés a superagao de algumas barreiras impostas ao processo civil cooperativo, dentre elas 0 modelo de organizagao do Estado calcado na superioridade do Juiz sobre as partes na condugao do proceso, a légica dedutiva e assimétrica na solugdo de conflitos, o contraditério ‘apenas como direlto de informago e reacao, e a democracia restiita a representatl vidade pelos membros do Poder Legistativo. © modelo hierérquico de organizagao social dé lugar a um modelo cooperativo, a légica dedutiva de resolugo de conflitos é substituida pela légica argumentativa, © contraditério como direito de informagéo/reacao cede espaco a um direito de influéncia e a democracia representative é complementada pela democracia delibe- rativa na seara do processo, reforgando o papel das partes na formagao da decisdo judicial. © Projeto de Lei n® 8.046/2040, que cria o novo Cédigo de Processo Civil, incorpora essa nova fase metodolégica do direlto processual civil, marcada por ind- meros artigos que conferem poderes e deveres aos julzes e as partes no sentido de aproximar ambos no didlogo judicial, na investigagao de fatos, na valorago do direito e cooperagao para o deslinde do processo, Esse & 0 espitita do novo Cédigo de Processo Civil, que, ao invés de taxar direitos e deveres na esteira da colabaragao, preferiu tragar as linhas mestras que representaréo, certamente, uma reviravolta em todo 0 direito processual civil nos préximos anos. 0 objetivo do presente ensaio é abordar a relagdo entre a cooperago no pro- cesso civil e a concepgaio de demacracia deliberativa e © contraditério como direito de Influéncia, mergulhando nestas novas concepgées e abordando a alteragao legislative do diploma processual no tocante ao processo civil cooperative, que promove um incremento na posigdo juridica das partes na condugo do proceso e uma maior pro- ximidade e empenho do juiz no didlogo processual. Nesse desiderato, busca também averiguar os fundamentos juridicos desta nova fase metodolégica. fs. De. Pre, RAD | Bela Hotaors, 67022, P85, TE, jena 2024 77 Scanned by CamScanner ALEXANDRE PEREIRA BONNA a J ae LO modelo cooperative de organizagao estatal juridicas das partes no Os paderes @ daveres dos juizes @ 25 ae sofrem influéncla res aos direitos, deveres, dnus & Sat el 0 modelo de Organ Peo ou frtemente a socledade Brega — ri ng iat No modelo Ger oe ae socieade, eo uIZeSt4 nO mesmo rive gas f ovo dara en pln, vu e socecde, ¢ oz etna Mes a. 4 Igualdade entre o cidadao e aquele a Magis tes, ou seja, ha igual nclar a esfera juidica das partes nO proceso, nao Ine oy aoe earn wpuclonado a formaqBo ca provae investigagao de fetes coneretos ee eee — proprio do Estado Mederno e do Império Romano ~ g mmoteado pela supafaTidede do jlz em relagdo as partes, como ferma de implanyy diretarente a “vontade do Imperader e do lefslador” sobre as partes, estandos magistrado com 0 controle total do processo quanto & Investigacdo de fatos e ands mento do feito. Dessa maneira, 0 modelo hierarquico fortalece a condi¢ao de stdito das partes € representa a nitida superioridade do Estado em relagao ao individuo, Veriicase a harmonia desse modelo hlerérqulco com o Estado Liberal ae vista que “a ligagdo estrita da justica e da administragao @ lel resulta no classic¢g esquema do dviséo de poderes, que deveria disciplinar, através do Estado de dete, © arbitrio do poder estatal absolutista” (HABERMAS, 1997, p, 305). 0 modelo cooperative, por sua vez, é fundado em outras bases de cunho onstitucional. S20 elas: 0 Estado Democrético de Direlto (art. 18, caput, o pins pio do contraditério (art. 5%, LV) e o principio da solidariedade (art. 3%, 1). Alids, “o respeito pela dignidade humana implica 0 reconhecimento de cada Individuo huma- no como edificador de mundos ou coedificador de um mundo comum” (ARENDT, 2007, p. 510). A partir dessas bases, pode-se afirmar Que a cooperacéo entre 0S membros da sociedade pretende alcangar proveito mituo, o que repercute di Fetamente nos poderes e deveres dos juizes e das partes. Esse 6 0 espitite do Processo civil cooperativo. No modelo de organizagao estatal cooperativo, partes na condugo do Processo, por ambos, existe paridade entre 0 juize 35 Na medida em que 0 andamento do feito é promod ‘como explica com maestria Mitidiero (op. cit, p. 73): A Isonomia esté em que, embora difja processual e matereimerte 0 one GeSs0, agindo atlvamente, f&10 de maneira dialogal, colhendo 8 inp G2s.Bates arespeito dos eventuals rumos 0 serem tomados m0 Hee Possibilitando que essas dele participem, Influenclendeo 2 eshel ‘Suas possivels decisdes, © Julz, Resse modelo de organizago social, deve ser Isondmico na candve do pro : srt ceSS0 & assimétrico no Momento de decidir questées processuals: ‘st 78 brs. Ot Poe. RBDPI | Blo Horton, aro 22, Scanned by CamScanner formalismo processual fomentador de uy crediteda por Mitidlero © Leo Rosenberg), Por forga do contraditério, se obriga 20 dlélogo Judiclario, 0 de esclarecimento, prevengéo, consulta e auxiio com os iitigantes. 1 2 Aldgica argumentativa na solug: ma “comunidade de trabalho" (expressdo- o julz pas. em que a cooperagao 6 uma prioridade. 8 a ser um dos particlpantes do processo tendo como principals deveres, a titulo exemplificatvo, Go de litigios As diversas experléncias histéricoJuridicas corespondem a diferentes formas de conceber @ posicao Juridica das partes @ do Juiz — difeltos, deveres, nus, facul dades, direitos — para resolver um conflito judicial. Na légica dos juristas medievais, mperava a ordem do Juizo (ato de trés pessoas), por melo da qual o direito era visto como um problema a ser resolvido com base no didlo- goentre as pessoas participantes, fruto da metodologia da légica aristotélica, que exige discusséo topico-argumentativa — debate em contraditério — sobre questdes do pro- cesso. A dialética era o meio para alcancar a verdade provével, ou Sela, 86 era possivel ‘obtéa por meio de um esforga de todos (diviso do trabalho) ante a falibilidade humana. Dessa maneira,.a légica argumentativa valorizava todos os participantes do pro-, cesso e concebia a idela de que para alcangar uma decisao Justa era necessério que Juize partes se propusessem a um proficuo debate e didlogo, pois *é uma logica que, ‘ao negar o carater clentifico do proceso, procura dar elementos para, dentro de uma viséo problematica do direito, solucionar caso: cap. 2, p. 9). Na Idade Moderna, surge o modelo assimétr 1S concretos” (ZANETI JUNIOR, op. cit. do processo em decorréncia de mudangas politicas e culturais. Nesse momento historico, solidifica-se a estruturagao e geometrizagao da ciéncia juridica, com 0 surgimento da légica apoditicadedutiva (mecanicista), em que o jurista buscava a certeza e a verdade absoluta, com metodo logia semethante as utilizadas pelas ciéncias naturais. Vale tembrar que 0 Estado Moderno 6 marcado pela concentragdo do poder na pessoa do Rei. Assim, 0 direito era reflexo da vontade soberana, cabendo ao juiz tio somente verbalizar a lel, no havendo espago para a participagdo das partes nesse processo assimétrico. 0 processo civil cooperativo, nesse senth ido, prescinde da adogdo da légica ba- seada no didlogo e na divisdo de tarefas, pols s com esta ldgica de resolugao de conflitos é possivel incrementar os poderes da: 1S partes no proceso. Por esse motivo, JGnlor prega um.retorno ao “jufzo”, numa aluso positiva & maneira de resolver con: fiitos com intensos argumentos e debates pro 20 juizo que se prope é na'verdade um resgate d cessual e da legitimidade da discussao entre formago e racionalidade' (ap. cit, cap. 2, P- bras, Pre, - RODPr | Blo Horzome, ano 22, n. 85,9. 7588 Scanned by CamScanner pria da sociedade medieval: “o retorno fa complexidade do fendmeno pro- 08 paiticipantes da decisdo, para sua 56). : Jon/mat, 2034 179 [ALEXANORE PEREIRA BONNA Destarte, 0 alcance de um processo ciull cooperativo 6 viabllizado por uma tgs argumentativa na resolugao de confitos, sendo inconcebivel uma deciszo ser fom; © amadurecida apenas pelo Estadolulz, proprio do modelo assimétrico. Assim, a légi do modelo assimétrico deve ser substituida pela légica argumentativa, como sing Mitidiero: Essa proposigao acaba por Implicar nova organizagao do formalism, processual, forcando a uma melhor distribuiggo das posiydes jurdicay das partes @ do julzo no processo, de modo a toméo mals coopera fe menos rigido para uma étima consecuego da Justica no caso concie to, finalidade citima do processo civil no marco teérico do formalism valorativo. (op. cit., p. 92) As partes, nesse sentido, tém suas posigdes Juridicas fortalecidas no processo na medida em que o juiz tem o dever de esclarecer e consultar as partes antes de fixar qualquer decisao e determinar os rumos da lide, fazendo do andamento proces. sual um intenso didlogo entre os sujeltos processuals, abrindo margem para que a decisao judicial seja fruto desse debate e tenha como componente também a valore 0 da causa feita pelas partes. 3 Cooperacao e o contraditério como direito de influéncia Como dito na introdugao do presente artigo, a cooperago no proceso cil exige 0 principio do contraditério com uma roupagem diversa do seu conceito tradiclc- nal, Em sua acepgio cléssica, o contraditério esta umbilicalmente ligado ao diteto de informagao e de rea¢ao. 0 primeiro est vinculado & inarredével necessidade de a parte ter ciéncla da decisao ou ato que possa Ihe causar prejulzo; 0 segundo promove ‘@ manifestacao da parte no processo em suas mais diversas facetas, a exemplo da sustentagdo oral, contrarrazes, petigdes diversas, recursos, contestacéo, etc. Percebe-se que estes contornos brecavam a manifestagao e 0 exercicio do contradito- tio em sua méxima poténcla, pois vinculava o seu exerciclo & protegao de um prejuiz0. Sendo assim, 0 contraditério é um principio constitucional que deve ser otimizado 20 méximo dentro das possibilidades féticas e juridica, mas essa concep¢ao néo fe isso, a0 contrério, limita. © contradit6rio como direito de Informagao e reagdo para resguardar algum prejuizo é importantissimo para combater graves injusticas, contudo, nao eleva 4 maxima poténcia o prinefpio constitucional do contraditérlo, pois “o principio tem outras aplicagdes que o afastam daquela nogao tradicional, devendo ser encarado hoje numa perspectiva mais eléstica, notadamente na sua configuragéio como direlt? de influéncia e dever colaborativo” (CABRAL, 2009, p. 105-106). : ‘Surge a concep¢a0 moderna de contraditério como o direito de as partes influet decisdo judicial, independentemente de estarem na iminéncia de soffere™ ..: “i clarem a bras, Oi, Pre. = FEDPro| Belo Morzonte, ano:22,n. 86, p, 76-08, jen /nst an Scanned by CamScanner SOOPERAGHO NO PFOCESSO CML APARIOADE 00 Ut. REFORGO DAS POSICOES AIIDICAS. preluizos, els que este direlto passa a ser exercido no afd de buscar integrar a parte em um procedimento que assegure efetiva participagao. 0 sentido da palavra Influéncia nesse novo matiz conceltual do contradit6rio 6 bem definido por Cabral (op. cit., p. 414); Denominase influéncia qualquer condicionamento significativo & conduta dos demels sujeitos do processo, realizado a partir de poskgdes eriticas ou ‘omissées conclusivas, transmitidas comunloativamente e que, caso nde existissem, poderiam, mantidas as demais condigSes, motivar 0 sujelto condicionado a agir de modo diverso. O Juiz adota uma postura que se coaduna com o modelo cooperativo de orge- nizacdo social e com a légica argumentativa de resolugdo de confiitos, pols néo & apenas @ sua conduta que sempre determinaré o comportamento dos demals sulel- tos, estando também aberto aos ates estimulantes das partes. Portanto, as partes passam a exercer atos de poder e influéncia dentro do processo. Aiém do mals, até mesmo no momento da decisao 0 magistrado 6 dlretamente influenciado pelo que foi dito, produzido, argumentado e praticado pelas partes, the 105 do didlogo Judicial em contraditério como direito de influéncia. Importante ressaltar que estes atos estimulantes dotados de poder e influén- cia devem ser praticados também pelo juiz na condugdo do proceso, ou seja, os atos praticados pelo juiz também devem influenciar diretamente a postura das partes posteriormente, pois todos os sujeitos do pracesso passam a ser condicionados pelos atos dos demals, indistintemente. € uma via de mao dupla, onde impera a ‘cooperagao. Salienta-se que 0 contraditério como direito de influéncia deve ser acompa- nhado de inimeros deveres de natureza ética, pols a influéncia nao pode caminhar desenfreada. “Preza-se, a0 contrério, a solidariedade, sem que a vitéria tenha que prevalecer a qualquer prego” (CABRAL, op. cit, p. 241). Habermas ensina com maestria que 0 procedimento democratico ndo pode ali- mentar atitudes violentas. Em outras pelavras, para o melhor andamento do processo em colaboragao, nao basta que sejam assegurados e observados meios e instrumen- tos de influenciar a decisdo judicial, sendo imperioso que ao lado do procedimento caminhem deveres de lealdade, transparéncia e retidao: [..J 0 procedimento democrético deve fundamentar a legitimidade do diteito. Entretanto, o caréter discursivo da formacao da opinldo e da vor- tade na esfera pablica politica e nes corporagées parlamentares implica, ‘outrossim, 0 sentido pratico de produzirrelagdes de entendimento, as quals sao isentas de violéncla. [...] 0 poder comunicativo de convicgdes comuns 86 pode surgir de estruturas da intersubjetividade Intacta. (op. cit, p. 191) he ‘Belo Hersonte, and 22, 65 p. 788, jan mar, 2086 aL Scanned by CamScanner -AOANDRE PERERA BORA tg 2 Nesse viés, o contraditério deve representar uma eaoperagso seutéiel entie ag sujeltos do processo de manelra a possibilitar a democracia partlcipal ea fundand, © seu direlto processual civil no valor participacao, traduzido, normativamente 29 ” . it. . 76). Se OS ates tata cla, delxandose infiuenciar pelos atos estimulantes das partes, nao esté esquecenda a sua Imparcialidade, pois no processo.cooperativo o “julz é imparcial, mas sem deixar de ser um sujeito processual atlvo, gerando-se como resultado uma declsao dialogada e mais consentanea com o Estado Democratico de Diteito” (GOES, 2012, p. 142), 4 Cooperacao e a democracia deliberativa r ad Foram analisadas importantes bases sobre as quals se assenta 0 processor cooperative: 0 modelo de organizagdo estatal cooperative, a légica argumentativa de + resolugdo de confitos e 0 contraditério como direito de influéncia. Contudo, 0 estelo dessa nova forma de pensar.o processo civil se assenta principalmente na demo. racla, notadamente a democracia deliberativa lapidada por Habermas (op. cit), por melo da qual qualquer decisao estatal deve ser objeto de uma “discussao argumen- tativa pluralista, retirando 0 individuo da condigag de sGdito (que se submete) para o status de ativo coautor da elaboragao da norma, verdadeiramente cidadao e participe dese proceso” (CABRAL, op. cit., 109). Pols bem, com 0 processo civil no deve ser diferente para fins de aplicagao do espirito da democracia deliberative, porque possul cidadéos (jurisdicionados/partes); decisto estatal (despachos, decisdes interlocutérias; sentengas e acérdaos) 6 uma das formas por meio das quais o-cidadao se relaciona com o Estado, no caso, 0 Estadojuiz. Assim, “o processo representa outro cenétio de discurso ;pdblico, mais lum canal de desenvolvimento da democracia deliberativa” (CABRAL, op. cit, p. 111). Estando 0 proceso alocado na relagao cidado-Estado, a visdo politica deste influenca diretamente 0 status dos cidadgos e 0 procedimento que descamba com decisdes judicials. Na visao liberal, historicamente o cidadao 6 protegido no tocante 20 deltos negativos que tem perante 0 Estado, Por outro lado, na viséo republicana 280 apenas so protegidos os direitos negativos, como também o status de cidadao é Inorementado por direitos positivos de participagio e comunicagao, assegurando liberdades positivas dlrecionadas a promover uma relagdo de poder estatal exerci comunicativamente. Habermas (op. cit,-p. 333-334) explica com corriqueira didética essas duas visies politicas: Aiferenclamse 08 conceitos do cidaddo. Na interpre {2430 liberal, o status dos eidaddos determinarse priveneriene @ Dav Gos direltos negativas que eles possuem em relagdo ao Estado ¢ Ol {tos eldadéos.[...] Na interpretagdo republicana, 0 status dos cis 089 32 ‘0798. Di: Pee. RSDPLO} Bola Horton, ano 22, 65; ps 758% jana. 204 Scanned by CamScanner [COOPERAGLO NO PROCESSO CWL~A PARADE 00 JU £0 REFORGO OAS POSKCOES JURIDICAS.. ‘se determina pelo modelo das tiberdades negetivas quo essas pessoas ‘privadas, enquanto tals podem reclamar. Os direitos dos cidaddos, em primeira linha os direltos politicos de participagdo @ de comunicacio, ‘S40, 20 Invés, tIberdades positivas. {...] Ele resulta muito mals do poder roduzido comunicativamente na prética de autodeterminagao de cide dos e se legitima pelo fato de proteger essa pratica através da institu. clonalizacde da liberdade pablica, Nesse desiderato, o status de cidadao ¢ modificado na visio republicana, que promove 0 cidaddo @ um sujeito ativo fortalecido por direltos de participagao nas decisdes estatals: (..} Surge um pecullar espectro da cidadania, o status ativus processualls, Que consubstancla 0 dlreito fundamentel de participagéo ative nos proce- dimentos estatais decisérios, ou seja, direlto de influir na formagao de hormas juridicas vinculativas. (CABRAL, op. cit. p. 108) Destarte, a democracia néo se limita a representatividade dos cidadaos pelo Poder Legislative e Executivo, com o correlato direito de votar e ser votado, implicando ‘no reconhecimento do direito fundamental & participacao do cldadao. Dessa maneira, as partes devem influenciar na formagéo da deciso judicial assim como devem participar do proceso legislative nos moldes da democracia dell- berativa. Somente com a participagao do cidadao o Estado legitima suas decisdes: [..] © processo legislative democraético precisa confrontar seus parti- clpantes com as expectativas normativas das orlentagbes do bem da ‘comunidade, porque ele proprio ter que extralr sua forga legitimadora do processo de um entendimento dos cidadaos sobre regras de sua con- vivéncia, (HABERMAS, op. cit,, p. 115) Ve-se que a democracia deliberativa se presta aos fins do processo cooperativo, tendo em vista que prestigia o consenso acerca da decisao e a comunicagao entre os sujeitos. No que tange 0 consenso acerca da decisao, esclarece-se que ndo precisa ser claramente explicitada, pols a teorla do discurso que circunscreve a democracia deliberativa exige apenas que haja um proceso de justificago com concordancia potencial de todos os participantes: ‘A teoria do discurso de Habermas esté fundementada na concordéncia potencial de todos como condigéo de verdade. A verdade Juridica dife- rencia-se da religlosa e da clentifica, uma vez que no é revelada.[...] A verdade juridica, destarte, é construlda, em um proceso do qual part ipa o intérprete, ndo sendo demonstrada, mas legitimada mediante urn processo de Justificagao, (CAMBI, 2011, p. 284) bes iz Proc. = ROP | Bela Heronts, 2022, n. 85, p. TSB, jan/mar. 2034 83 Scanned by CamScanner ‘ALDANDRE PEREIRA BONNA Habermas € catedrético ao primar pela comunicagao na 521% da democracia deliberative, © que Insplra a formulagao de um modelo de proce 2S colaborativo ng qual os atos das partes e dos Julzes se complementem ° Intuenele Ure 298 outog de forma recfproca, em um Intenso didlogo. Esta tégica sera praticada de forma say. dével apenas se os sujeltos processuals estiverem conscientes de suas dependén. clas reciprocas ¢ com vontade de se entenderem mutuamente: Uberdade comunicativa s6 existe entre atores que desejam entenderse Gntre al sobre algo num enfogue performatlvo © ‘contam com tomadas Ge posigao perante pretensbes de valldade reciprocamente levantadas, (HABERMAS, op. cit, p. 156) [.-] womans consclentes de sua depen. HABERMAS oe fra qualidade do cldadéos, contnuam © contguram, dence aca vontade, Bs relagBes de reconnecimento reiprosojé existentes. (HABERMAS, op. cit. P- 332) Percebe-se entéo que 2 democracia representatva N20 fol e nao estd sendo suficiente para manter 0 cidaddo efetivamente participe ne sociedade, haja vista que os Individuos permaneceram sudltos, “antes ‘subordinados ao principe, depois ‘a assembiela, mas de toda sorte distantes do efetivo proceso de produgéo das normas juridicas" (CABRAL, op. ct, p. 107). Destarte, s6 6 possivel a Insercao da perte na deciséo judicial, se 0 Estadojulz nao simplesmente escancarar a decisao aos cidaddos, poraue detém algum poder para isso, mas, 20 contrério, deve promover a particinagéo dos sujeltos processueis no procedimento que antecede a formacao da decisdo. Para tanto, a democracia deve ‘ser encarada com uma nova roupagem, qual seja a de uma democracia deliberativa, viabitizado por meio do contraditério como direito de influéncia, que “permite @ inte- ragiio constante e reofproca entre os sujeitos partcipantes, franqueando a garantia cidadii de participar da decisdo estatal” (CABRAL, op. cit., p. 1141). 5 Cooperagao no projeto do novo Cédigo de Processo Civil 0 Projeto de Lei n* 8.046/2010 cria 0 novo Cédigo de Proceso Civil e adota as linhas mestras da cooperacao anterlormente explicitadas, quais sejam, o contra: ditério como direito de influéncia e a democracia deliberativa asseguradora de efetiva participagao das partes na condugo do processo e na formagao da decisao Judicial. Nesse sentido, 0 projeto fortalece a posigao juridica das partes e promove a paridade do juiz, assim como Jé foi feito no Cédigo de Processo Civil Portugués. Tarigo 268° Principio da cooperagBo 1. - Na condugSo e Intervengio no processo, dever ‘jase Cooper ene 8 eohcomendo pare se enen co eraeo 08 mandation Juda ropes para eer comeods © cca rs campos 2 0° fF TEEPE EERE cer ni BA -R: bras. Di, t Dr, ee. -REDPro| Belo Merz, ena 22, 85, p, 7588, ener 2084 Scanned by CamScanner © artigo 1° do projeto supramenclonado fortalece a cooperaco no processo oll ao estabelecer que a interpretacio das normas do cédigo deveré ser felta “conforma 08 valores ¢ 08 principios fundementels estabelecidos na Constituledo da Repoblica Federativa do Brasil.” Assim, 08 princfplos do contradit6rlo @ da democracla alnures explanados deverao ser otimizados ao méximo dentro das possibilidades Juridicas do c6digo, © que viablliza sobremaneira a colaboracao, principalmente tendo em vista as concepgdes explanadas neste ensaio, Nos artigos 5* e 8°, percebe-se a explicita mengao ao direlto de as partes par ticiparem “ativamente do processo, cooperando com 0 julz” ¢ 0 correlate dever de colaborar para a répida solugao do litigio, “colaborando com o julz para a identificagao das questdes de fato e de direito e abstendo-se de provocar Incidentes desnecess& rlos e procrastinat6rlos”. Nesse viés, a colaborago & trazida como direito e também como dever, 0 que fortalece ainda mais a relagaio cooperativa que deve existir entre as partes — reciprocamente consideradas — @ 0 Julz. Nos artigos 9 e 10, valoriza-se ainda mais o status das partes como cidadéo ativo, na esteira da democracla deliberativa habermasiana, ao estabelecer que “n&o se proferira Sentenga ou decisdo contra uma das partes sem que esta seja previ mente ouvida” e “0 Julz ndo pode decidir, em grau algum de jurisdicao, com base ‘em fundamento a respeito do qual ndo se tenha dado as partes oportunidade de se manifestar”. No que toca o dever de esclarecimento, prevengao e auxilio do julz para com as partes, inerentes ao proceso civil colaborativo, 0 projeto também caminhou bem, a0 prever, no artigo 295, a possibilidade de 0 juiz, a0 verificar que a petigao inicial nao foi preenchida por todos 0s seus requisitos ¢/ou apresenta viclos ou irregularidades, determinar a emenda da inicial “indicando com precisdo o que deve ser corrigido”. Ainda quanto & postura ativa — porém imparcial — do juiz na condugao do proceso, 0 novo Cédigo de Processo Civil permite que o mesmo, a qualquer fase do processo, determine 0 comparecimento das partes e ordene informagées de pes- soas juridicas a respeito de informagdes que estdo sobre 0 seu poder, conforme se percebe do artigo 731. Esse dispositive altera substancialmente o papel do juiz Zz pode, em qualquer altura do processo, ouvir as partes, seus representantes au mandatérios judiciais, canvitonde-og a fornecer os esclarecimentos sabre a matérla de facto ou de direlto que se afigurem pertinen- tes e dendo-se connecimento 8 outra parte dos resultados da digencie. 23 As pessoas referidas no rimero anterlor S80 obrigades a comparecer sempre que para isso forem notice das e » pestar a8 esclarecimentos que Ihes forem pedidos, sem prejuizo do alspasto no r® 3 do artigo S19" ‘2 Sempre que alguma das partes aleve justificadamente dftcuicade séria em obter documento ou informa Gio ue vondiclone o eficaz exercico de faculdade ou o cumprmento de Grus ou dever processuals, deve 0 |biz, semore que possivel, providenciar peta remosao do obstéculo, ‘Tigo 266A, Dever de boa #6 processual ‘As pertes devem agir de boa fe observa os devere's de cooperaglo resuitantes de preceltuado no argo anterior. bree. Or. Prc, - RBDPro | Belo Horzonte, ene 22, n, 85 P. 75-68, Jon-/mar 2044 85 Scanned by CamScanner ALEXANDRE PEREIRA GONNA vos 2 Conducao do Proceso, ao prestigiar o did bieoa|par heat Prestigiar 0 didlogo entre os sujeltos do processo ¢ a ‘agdes baseadas na légica argumentativa, Vale ressaltar que o artigo 284 do diploma atual j4 contém possibilidade de emenda da inicial na hipdtese de auséncia de requisitos, viclos e/ou Irregularidades, De outra via, 0 artigo 342 também faculta ao Julz a postura de chamar as partes q Qualquer tempo para esctarecer fatos da causa, Contudo, estes dols dispositivos no Tepresentam 0 verdadeiro espirito da colabora¢do no processo civil, que 0 conjunto da ‘obra consubstanciada no projeto do novo eédigo contém. Conclusdo Por processo cooperative, deve-se ter a ideia de uma organizagao social baseada na democracla, solidarledade e contraditério, sendo este o meio pelo qual se realizaa cooperagao € 0 didlogo no processo, a que implica deveres de conduta para es partes € para 0 juiz. Nesse sentido, o juiz assume posigao paritéria na condugao do proceso © assimétrico na decisao, além do que a verdade deve ser alcangada mediante tarefa do Juiz e das partes. ‘A democracia deliberative proposta por Habermas, aplicada ao proceso, con- cretiza em grau elevado o principio da democracia e do contraditérlo, levando-se em conta as possibilidades juridicas e faticas, pols, por meio do contraditério como di- feito de influéncia, as partes participam de forma mals ativa no deslinde do feito, colaborando com o magistrado na condugao do processo e no contedido da sentenga. © contraditério como direito de influéncia & Instrumento de concretizagao da democracia deliberativa no processo civil, dando ensejo a efetiva colaboracdo, uma vez que permite a produgio de atos estimulantes pelas partes e pelo juiz, atos estes que influenciem reciprocamente as atitudes dos sujeitos processuals. Por tudo 0 que fol exposto, com a nova fase metodolégica do processo civil (for- malismovalorativo ou neoprocessualismo) ¢ a cooperagao no processo chil, calcada na democracia deliberativa e no contraditério como direito de influéncia, percebe-se uma aproximagao substancial do juiz em relago as partes. Em contrapartida, € patente © Inctemento da posigo juridica das partes no deslinde do feito. 0 projeto do novo Cédigo de Proceso Civil caminhou bern ao prever intimeros digpositivos na linha da colaboracdo, contudo, a efetividade do proceso civil coop: rativo perpassa muito mais por uma mudanca cultural do que propriamente pela codt ficagao de deveres, direitos e poderes direclonados nesse sentido, motivo polo qual a implementagao desse modelo nao sera felta de forma automética, com importaggo de diplomas processuais de outros paises. ———— nacional do CONPED), eobee = “arrada Avi Warbler, ne Xi encontro , a0 responder uma pergunta minha 2 mplantagdo da mediagéo feltana Inglatema no Brasl, disse: “pera importer @s CM ce : posalaldtnsaro inpatar o3 Ingeses também”. & a aaa A ern oT tow Scanned by CamScanner Allés, @ cooperag3o no processo civil poderla ser concretizada no sistem processual brasileiro apenas com a conjugagdo dos principlos do contraditérlo, de solidariedade e da democracia, algados ao patamar constitucionel, sem @ necesst dade de previsdo expressa de Intimeros deveres e direitos. Nesse desiderato, $e 0 processo legislativo ¢ feito por representantes eleitos, ndo hé moto para uma decis8o Judielal ser autoritéria, Ou seja, ndo se deve apenas possibilitar a participe qo das partes na formagao da decisao Judlal, mas estimular e fomentar 0 Intenso didlogo € participagao. ‘A principal mucanga deve se operar no ambito cultural, pols, como fol visto, € Importantissimo que os sujeitos processuals se consclentizem sobre papel das partes no andamento do felto, bem como sobre os deveres de prevengao, auxiio @ esclarecimento do magistrado para com as partes, E mais, é Inarredavel que 8 sujeltos do processo sejam unissonos a respelto da interdependéncia entre todos "0 Glalogo, na estelra da colaboracao. Sé assim sera possivel Implementar o modelo do processo civil cooperative. Esta l6gica serd praticada de forma saudével apenas se 0s suleites processuais ‘estiverem conscientes de suas dependencies reciprocas e com vontade de se enter derem mutuamente: “Gooperation in Oivil Procedure ~ Equality Judge and the Parties Power within a New Conception of ‘Democracy and Contradictory [Avstract: This cooperation In chil proceedings, addressed numerous devices in the design of the new Code of Chil Procedure. Establishes the Influence of formallsmevelutive — new phase af chil procedure Tethodologicel —- the stoning of collaboration. Search foundations for the implementation of civil Reperetion, eapedially in playing the stvenginering of the legal positions of the parties and the parity of Se judge In conducting the process. Reflects on the Importance of a new look to the eversarial principle ee democracy, In order to perform in a full collaboration. Figuring out @ model of how contradictory right iintuence and deligerative democracy epplied to cil proceedings inorder to enable greater participation Grine partes in dlsentargling procedural and vaining of the judicial decision. Analyzes the Impact of Cooperation on the design of the new Civil Procedure Code and reflects on the challenges of this new ‘verte in the field of procedural law. Ky words: Collaboration in ell proceedings. Deliberative democracy. Contradictory. Referéncias ALBy, Rober Tera de fos derechos indamentaes ‘Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, ARENDT, Hannah. Origens do totaltarismo, Traducao de Roberto Raposo, So Paulo: REACT, Hann po (ot Companhia des BRASIL, Constituiglo (1988). Constitulpso da Repablica Federativa do Brasil, 4988. 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