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S&S Sz ZB ARTIGO PROJETO DE CORTINA ATIRANTADA EM OBRAS RODOVIARIAS - CASO DE INSTABILIDADE DE ENCOSTA iNGREME Carlos Williams Carrion, Ms ENCIBRA - Estudos e Projetos de Engenharia, Sao Paulo / SP carloscarrion@uolcom.br Jorge Guillen ENCIBRA Estudos e Projetos de Engenhatia, Sao Paulo /SP jorge.guillen@encibra.com.br RESUMO: Entre as diversas aplicagées das cortinas atirantadas em obras de infraestrutura de transportes, apre- senta-se neste trabalho um caso. de projeto geotécnico de taludes atiran- tados, como alternativa na solucdo de problemas de infraestrutura rodovisria que envolve instabilidade de encostas e de taludes de solos; com limitagses de ‘espaco que nao permitem a execucso de grandes escavacées provisérias. As cortinas atirantadas so estruturas de concreto armado que recebem a tracao de tirantes para contencdo de taludes, solusdo adotada para contengao das encostas ingremes das marginais da Via Dutra, entre km 145,0.¢ km 147,9 na re- 4gido de So José dos Campos (SP).0s ti rantes da cortina foram dimensionados Por equillbrio de momento de massas do circulo de ruptura e pela capacida- de de carga do bulbo (trecho ancora- do}, sendo os parametros geotécnicos adotados com base nas sondagens & percusséo (com torque) € em ensaios ttiaxiais realizados, Esta altemativa de 48. FINDACOES LOMAS GFOTEOMEAS projeto de contengéo foi utiizada com sucesso na Via Dutra ~ BR 116/SP, onde a5 vias marginais atravessam relevos to- pograficos bastante acidentados, a geo- metria da marginal exigiu cortes altos, € 0 taludes resultantes desses cortes foram contidos por cortinas atiranta- das esbeltas. Com base nos resultados do projeto, apresentam-se recomen- dacoes técnicas e dificuldades executi- ‘vas previstas para 0 gerenciamento da construgao das cortinas atirantadas. Em funcéo das dificuldades do gerencia- mento, verifica-se que quando o espaco 0 tempo disponivel sso muito reduzi- dos, e precisa-se de cortina esbelta, a cortina atirantada é técnica e economi- ‘camente a alternativa de projeto mais, indicada, com espessura menor do que ‘outs tipos de paramento. PALAVRAS-CHAVE: Cortina atirantada, 1 INTRODUCGAO Este trabalho tem por objetivo apresentar 0 projeto de cortinas atirantadas para contenco de taludes das vias marginais na RodoviaPresidente Dutra, no trecho entre os km 145,0e km 147.9 na tegido de S50 José dos Campos (SP) (Figura 1), visando a elaboragao dos projetos geotécnicos necessérios 20 detalhamento dos projetos de muros de contencao das marginais. Foram realizadas para este projeto uma série de sondagens a percussao ¢ en- saios geotécnicos que permitiram o re- conhecimento dos problemas ocorren- tes, tais como: regides de ocorréncia de solos moles, estudos de areas de cortes, fundacao de O.AE (Obras de Arte Espe- ciais) e determinagao das caracteristi- «as geotécnicas dos solos presentes na regido. Neste artigo apresenta-se o di- ‘mensionamento geotécnico do muro 2, ‘um dos muros de contencdo em cortina atirantada projetado para possibiltar as obras de implantacéo da marginal nor- te da Via Dutra em Sao José dos Cam- pos. O muro 2, localiza-se na marginal norte da Via Dutra, em trecho em corte, iniciando na cortina 1 (Figura 2), estaca 12275+10,0 m, com altura de 1.70 m, continuando na cortina 3 (Figura 03) € finalizando na cortina 6 (Figura 04), na estaca 12304+18,0 m, com 13,41 m de altura, tendo o muro comprimento to- tal de 588,0:m. Para a implantacao da contencao esté prevista a escavagao e atirantamen- ‘to deste muro, em etapas, a partir do seu topo. Os tirantes projetados neste subtrecho so elementos estruturais confeccionados a partir de barras de a0 @ 30 mm, tipo Dywidag, introdu- idas no terreno através de perfuracao, que sé0 capazes de suportar esforcos de tracéo e auviliar na estabilizacdo dos taludes de solos do trecho em es- ‘tudo. Nas bases dos muros sero exe- cutadas sapatas corridas. Todos 0s procedimentos para a exe- cusdo desta contengdo de cortina ati rantada deverdo estar de acordo com a metodologia preconizada pela norma ABNT (Associacio Brasileira de Normas Técnicas) NBR 5.629 (1996), As estruturas de concreto armado deverdo obedecer as presctigées da norma NBR 6.118/14. | Li SFE Figura 1 Km 146 da marginal norte da Rodovia Presidente Dutra BR 116/SP, subtracho onde ser 2 ESCOLHA DOTIPO DE CONTENCAO Neste caso, tratando-se de muros de contencao com alturas acima de 6 m de altura na maior parte do trecho, ‘em funcao da elevada magnitude do ‘empuxo ativo, conforme Leme (1998), recomenda-se a execucéo de cortinas de concreto armado pré-moldadas ou 1ngo, ancorada no terreno através de ti- rantes protendidos, Acestrutura ancorada no terreno é uma técnica amplamente utilizada no ramo da infraestrutura de rodovias e ferrovias para a contencao de encostas, que varia ‘em funcao das caracteristicas geolégi- co-geotécnicas, do prazo de construcso e principalmente da metodologia cons- trutiva a ser implementada na obra. 0 tirante, elemento resistente & tragdo, & linear € transmite os esforcos externos de tracao para o terreno. Nossa recente historia de muros atiran- tados construidos no Brasil tem mos- trado que a concretagem realizada em varias etapas acatreta extenso prazo executivo sendo determinante para estes servigos se apresentarem como ‘caminho ctitico no cronograma fisico- -financeiro da obra 2.1 Fatores condi projeto Em fungéo dos resultados das son- dagens de simples. reconhecimento 'SP-NO4 e SP-N12, executadas nas ime- diagées do muro 02, em subtrechos de corte em solo, foram detectadas ocor- réncias de materiais que podem com- prometer a estabilidade do macico nos nantes de implantada a cortina atvantada Figura 2 -Secioda Cortina 1: altura de 1,70 taludes de corte. Entre 05 diversos fa- tores condicionantes que norteargo as solug6es construtivas, na fase de exe- cucéo das cortinas atirantadas, desta- cam-se os seguintes: — Minima interferéncia com o tréfego durante as obras, especialmente no subtrecho de corte em solo, com even- tual indicacao de desvio de trafego convenientemente sinalizado; = Aproveitamento de materiais de construcdo disponiveisna regio, com- FUNDAGES CENA EOTECNCAS- 49 my Figura 3~ Socio da Cortina 3: altura de3,94m patibilizando volumes € distancia de transporte de jazidas de empréstimo € bota-fora; = Convivio com as restricoes de praca de trabalho, considerando o porte dos equipamentos, a geometria dos talu- des ete. = Remanejamento de interferéncias (postes, tubulagées e outras); = Tendo em vista que a via marginal norte atravessa relevos topogréficos bastante acidentados; onde a geome- tria da marginal exigiu de cortes altos, ‘em consequéncia, nos taludes resul- tantes desses cortes foram projetadas cortinas atirantadas esbeltas com altu- ras crescentes, ou seja: inicio do muro na cortina 1 com 1,70 m; continuando com a cortina 2 com 4,47 m; cortina 3 ‘com 3,94 m:; cortina 4 com 7.98 m; cor- tina 5 com 10,62 me finalizando coma cortina 6 com 13,41 m. = Atendimento aos aspectos ambien- 50. FUNDACOES 4 OBRASGEOTECMCAS tais (legistagao, medidas mitigadoras, compensatérias, dentre outros) 3 INTERPRETACAO GEOLOGICO-GEOTECNICA DAS SONDAGENS As sondagens de simples reconheci- mento SP-NO4, SP-N12, realizadas na area de implantagéo do muro 2 de contencéo, identificaram as seguintes caracteristicas geolégico-geotécnicas: = Ocorréncia de uma camada superfi- cial de aterro deargilasilto-arenosa que apresentou-se com resisténcia pouco expressiva, principalmente por ser afe- tada por intempéries superficiais, com espessura variando de 0,7 ma 2m. — A seguir detectourse ocorréncia de camada de solo mole, com profundida- de variando de 0,7 m a7 m da cota da boca do furo; camada classificada como argila pléstica pouco arenosa fina, mui- ‘tomole a mole, com presenga do lengol Figura 4 Socio da Cortina 6: altura de 13,41 m fredtico variando de 6,5 94 m da cota da boca do furo. Na profundidade de 10 m da cota da boca do furo, identif- couse uma camada de argila arenosa meédia a tija, com SPT (Standard Pene- tration Test) variando de 7 a 18. ~ A partir dos ensaios triaxiais realiza- dos, de nosso banco de dados, consul- ta bibliografica € da interpretacdo dos resultados das sondagens a percussao, foram obtidos os parametros geotéc- nicos da Tabela 1 - Parametros Geotéc- nicos de Projeto. 4 ESTUDOS DE ESTABILIDADE DE TALUDES (O muro 2, localiza-se na marginal norte da Via Dutra, em trecho em corte, iniciando na cortina 1 (Figura 2), estaca 12275+10,0 1m, com altura de 1.70 m e finalizando na cortina 6 (Figura 3), na estaca 12304+18,0 m, com 1341 m de altura, muro com comprimento total de 58,0 m. *+ Comprimento total 588,0 m, sendo composto de seis cortinas atirantadas; Altura maxima = 13,41m; * 0 muro 2 foi dividido em seis subtre- cchos, em fungo da altura que varia de 1,70mnacortina 1€ 1341 mnacortina6; + Seco critica para altura = 12,70 m: subtrecho da cortina 6, com empu- x0 ativo elevado, conforme Ranzini (1988); * Metodologia: estudo de estabilidade através do software IPTEstabl/ PC-Versdo 2.0, pelo método de Bishop ‘Simplificado; * Hipotese de calculo: corte vertical sem contengdo: * Na Tabela 1, apresentam-se 0s pard- metros geotécnicos de projeto, em que ‘05 pardmetros geotécnicos da camada 2 foram obtidos com base nos resultados de trés ensaios triaxiais, tipo R (CU). Fo- ram coletadas amostras indeformadas, extraidas a 2.5, 3,5 e 4.5m da cota da boca do furo executado para extracdo de amostras. * Nos trés corpos de prova, com di- mendes de 3,5 cm de dismetro por 7 ccm de altura, extraidos das amostras indeformadas, foram aplicadas_pres- ss6es confinantes de 25, 50 e 100 kPa. * Com parte das amostras coletadas no furo de 6” de diametro, foram realizados ‘ensaios de caracterizagao (umidade, peso especfico natural limites de Atterberg). * 0s parametros de resisténcia das ca- madas 1 ¢ 3 foram obtidos a partir de nosso banco de dados e consulta bi- bliogréfica, ABMS (1998). * Na Figura 5 a seguit, apresentam-se (05 citculos de ruptura e de estudo para dimensionamento dos tirantes. Entre os varios métodos de anélise de estabilidade de taludes pela teoria do equilibrio limite utilizou-se o método de Bishop Simplificado. As anélises de estabilidade foram executadas através do software IPT-Estabi/PC-Versdo 2.0, que permitiu a busca automética do circulo critico de ruptura, com FS=1,16 (Figura 5) ¢ 12,7 m de altura para o di- ‘mensionamento dos tirantes. 5 DIMENSIONAMENTO DOS TIRANTES * Para o dimensionamento dos tiran- tes foi utilizado o circulo de ruptura de FS=1,16, * 0 trecho livre foi adotado como Tabela 1 — Pardmetros geotécnicos de projeto CS A kod —_ _ (kNim’) Alrite) 1 ATERRO — ARGILA SILTO-ARENOSA, 20 10 PLASTICA (1 < NSPT <4) > ARGILA POUCOARENOSAFINA, 35 MOLE (3 < NSPT <7) 3 ALUVIAO - ARGILA ARENOSA 10 35 ‘MEDIA (7 < NSPT < 18) Figura 5 Circulos de ruptura para dimensionamento dos tirantes Figura 6 Profundidade dos tirantes projetados FUNDAg oes 98S cEOTECNCAS.51 Tabela 2 — Resumo de dimensionamento dos tirantes do muro de contenco ‘Marginal da Via Dutra Local: Km 145 a Km 147,9- BR 116/SP Projeto Geotécnico : Muro de contena0 02 Camada Massa especifica Angulo de Coesso ‘Adesso deSolo (KN/m?) fas (iam?) (Ka) 183 100 200 250 2 190 350 50 475 3 190 350 100 700 Momento Total Resistente : 47.601 KNin/m aa FS Bishop _Fellenius Momento Total Resultante ; 37.245 KNan/m ATUAL me we Dimensionado 1,50 1.65 Espacamento Horizontal: 2,00m Comprimento de perfuragao. Numero (Mw) oes Zona 1h irantes 2072 Ancoragem 1 40 160 2 20 19 3 99 110 4 50 80 sendo 0 comprimento entre 0 para- mento eo limite da zona ativa do cir- culo em estudo. * 0s tirantes foram dimensionados por equilibrio de momento de massas do circulo de ruptura e pela capacidade de carga do bulbo (trecho ancorado) pela seguinte expressao: T=pfatq Onde: T= capacidade de carga do bulbo de ancoragem metro do furo =fator de correcao do diémetro final do furo em funcao do tipo de injecso somprimento do bulbo deancoragem, q=aderéncia entre solo e bulbo (Ver Tabela 2 — Resumo de Dimensio- namento dos Tirantes) 52. FUNDACCES 4 CBRASEOTECMCAS Espagamento Vertical :254m Inclinagao:10° Barrade ago diametro pou Forca(kN) Jota) Comprimento eee Cargade Carga minima ‘Adotadoi m) i Trabalho ensaio 300 300 1882 2352 3293 230 230 1838 298 3217 200 200 1838 22098 3217 130 130 1970 2463 3448. 5.1 Caracteristicas técnicas * Cargade Ensaio Tipo A: dos tirantes projetados * Comprimento do trecho livre: ver di- mensionamento naTabela 2 * Comprimento do trecho ancorado: ver dimensionamento na Tabela 2 * Ostirantes foram posicionados de for- ma que os esforcos foram distribuidos simetticamente na cortina, Consideran- do que a cortina & uma estrutura suft- cientemente armada, os vaos adotados de 2,40 mde parede acima e abaixo dos tirantes s4o seguros (Figura 6) + Inclinagao em relacao a horizontak: 10° + Aco: barra 9 30 mm, tipo Dywidag, tensio de ruptura de 105,0 kg/mm’, ‘com pintura anticorrosiva * Carga de trabalho: VTirante TI: 235,0 kN yTirantes T2 e T3: 230,0 kN 1 Tirante T4: 246,0 kN VTirante T1:411,6 kN VTirantes T2 €T3: 402,2 KN \VTirante 14: 431,0 kN Conforme NBR 5.629 (1996), deverdo ser executados estigios de carrega- ‘mento em pelo menos 10% dos tiran- tes executados. * 0s tirantes T3 € T4 serdo ancorados nna camada 4 que tem melhor aderén- ia que a camada 3 onde estarao 0s ti- antes T1 eT2. Por isso, 0s tirantes T3 € T4 conferem maior carga de protensio com menor comprimento do bulbo. Carga de Ensaio Tipo B: \VTirante T1: 3300 kN VTirantes T2 €T3: 321,7 KN VTirante Ta: 344,8 kN Deverdo ser executados em todos os tirantes, com excecéo dos tirantes em ue serdo feitos ensaios tipo A. (Esta- gios de carregamento conforme NBR 5.629 - 1996), + Ensaios de qualificacao e fluéncia em 1% dos tirantes executados, conforme NBR 5.629 (1996). * Nas cortinas atirantadas, sero im- plantadas juntas de dilatacao de mas- tique elastico, acada 15 m. * A perfuracao sera 100% em solo. 6 FUNDACAO DA CORTINA ATIRANTADA A escolha do tipo de fundagéo do muro 2 de contenao.em corte (cortina atirantada), foi realizada em fungao de diversos fatores técnicos. Entre os principais fatores que afeta- ram a definicéo do tipo de fundacao escolhida destacam-se: as caracteristi- cas geolégico-geotécnicas do material a ser escavado, caracteristicas do tipo de material de fundacdo, da presenca ‘ou nao do lencol freatico, da metodo- logia construtiva a ser empregada, do prazo de construco, da localizacao da obra e dos tipos de equipamentos a se- rem empregados. A partir da andlise das sondagens a percusséo e do entorno da obra em questo, notam-se espessas camadas de solos arenosos, podendo-se adotar fundacao direta em funcao dos fatores ‘cima enumerados. Neste muro, a largurada sapata corrida do muro M2 é decorrente do acrésci- mo de altura dos muros, do aumento do peso proprio da cortina atirantada, da maior carga de trabalho dos tiran- tes, e especialmente porque além de ser projetada do lado externo do talu- de, a sapata deverd garantir maior an- coragem no terreno (dentar a sapata do lado interno do talude, com dente maximo de 0,30 m); aumentando 0 vo- lume de concreto armado. ‘A fundacéo direta da cortina atiranta- da sera apoiada sobre lastro de concre- to magro com 5 cm de espessura e feck 5.0 MPa. Nacortina de concreto seréo utilizados DHP (Drenos Horizontais Profundos), com 100 mm de diémetro e batbaca ‘com espaamento de 4m na horizon- tale2,5 mma vertical Para o projeto estrutural das cortinas da sapata corrida, na altura maxima, deverd adotar-se: * Carga total dos tirantes: 941,10 KN a cada 2m * Componente vertical das cargas dos tirantes: 81,7 kN/m * Carga devido ao peso da cortina:95,3 kN/m (estimado) * Carga de trabalho: 177.0 kN/m + Tenso admissivel: 300 kN/m? 7 DIFICULDADES EXECUTIVAS Convém alertar sobre os principais riscos operacionais e/ou dificuldades construtivas previstos para a imple- mentago desta cortina atirantada, apoiada em sapata corrida, fato que ira exigir da otimizacao do controle de qualidade. Entre os principais riscos destacam-se: * Podergo ocorrer escorregamentos de solos e/ou falhas de execucao du- rante a escavacdo, devido a contengéo ineficiente dos taludes de escavacao, necessarios para a implantacao dos tirantes e da cortina de concreto arma- do. Fato que poder aumentar cor deravelmente o volume de reaterro necessério por detras da cortina, em funcéo da consisténcia mole do solo escavado. * Poderdo ocorrer dificuldades para manter 0 talude escavado perpendi- cular ao plano de escavacio, durante ‘a execucao da cortina atirantada, com a presenca de espessa camada de solo de consisténcia muito mole a mole (PT vatiando de 1 a 4) . Ao escavar em torno de 3 m de espessura de solo mole, visando a implantacao de cada linha de tirantes, recomenda-se imple- mentar medidas técnicas preventivas para manter o solo estavel, perpendi- cular ao plano de escavacao, visando a contencao répida do talude escavado. * As perfuracées necessétias para ins- talagio dos tirantes podem provocar recalques, © as injegdes para fixacio ‘dos mesmos no talude e a protenséo destes, podem introduzir esforcos ho- rizontais nas fundacoes adjacentes. + Podera ser necessario executar vigas estruturais destinadas ao travamento dos tirantes. Estas vigas horizontais deverdo ser concretadas junto com as cortinas de concreto armado. A metodologia executiva da cortina atirantada € outro fator a ser levado tem consideragao, no intuito de redu- 2ir as dificuldades durante os servicos de escavacao, tendo em vista que 0 muro de contengSo atravessa relevos topograficos bastante acidentados, onde a geometria da marginal exigiu de cortes altos. Os taludes resultantes desses cortes foram contidos com cor- tinas atirantadas esbeltas com alturas crescentes, a seguir: = Inicio do muro na Cortina 1 com 20 ml de comprimento e 1,70 mde altura, onde foi projetado muro a flexéo de concreto armado sem tirantes; + Continuando com a cortina 2 com 122 ml de comprimento e 4,47 m de altura e uma linha de tirantes; => Continuando com a cortina 3 com 100 ml de comprimento e 3,94 m de altura, iniciando com uma linha de tirantes e acabando com duas linhas de tirantes; + Continuando com a cortina 4 com 126 ml de comprimento e 7,98 m de altura, iniciando com duas linha de tirantes e acabando com trés linhas de tirantes: = Continuando com a cortina 5 com 130 ml de comprimento e 10,62 m de altura, com trés linhas de tirantes; = Finalizando com a cortina 6 com 90 ml de comprimento ¢ 13,41 m de altura, iniciando com trés linhas de ti- rantes e acabando com quatro linhas de tirantes. 8 CONSIDERACOES FINAIS A atmadura dos tirantes selecionada, uma monobarra de aco @ 30 mm, tipo Dywidag, tensso de ruptura de 105,0 kg/mm?, que atendera com boa margem de seguranga a carga dimen- sionada. Por outro lado, todo o compri- ‘mento do trecho ancorado dos tirantes = profundidade variando de 8 m (T4) a 16 m(T1) ~, encontra-se na camada 3, solo mais resistente do subtrecho em estudo, conforme indicado pelas son- dagens ena figura 6. (© muro em corte foi projetado com fundagio de sapata corrida, solucio rapida, econdmica e segura para a construgéo de cortinas atirantadas, que exigiré de precaugées técnicas com ocasiso da execucao das obras, a seguir nos casos de: + Presenca de lencol fredtico com cota acima da cota da base da cortina, fato FUNDA OES OORAS GEOTECUCAS. 53 que poderd exigir durante a constru- {¢40 a implementacao de processo de rebaixamento do lengol fredtico na rea de implantagao do muro. * Presenga de espessa camada de solo mole, acima da cota da base da cortina, fato que podera criar di- ficuldades e/ou falhas de execugao durante os servicos de escavacao escoramento, necessarios para im- plantacdo dos tirantes. Conforme Almeida (2010), ser necessario a im- plementacao de precaucées técnicas preventivas para manter o solo esta- vel, visando a contencao répida do talude escavado. + Elevada altura do muro de conten- ‘¢40, que provoca aumento substancial da carga de trabalho dos tirantes, ge- rando_ largura da sapata corrida, em torno de 1 m, em especial porque foi projetada do lado externo do talude. Conforme Bowles (1977), uma boa fundacao € aquela que tem como apoio um tripé harmonioso, consti- tuido pelo projeto, pela execugio pelo controle de qualidade. A forma como o projeto seré implantado pas- saa ser de fundamental importancia. Ou seja, cada caso, requer um estu- do préprio, que considere todas suas condicionantes geotécnicas e sonda- gens disponiveis. Um projeto de fundacées somente é conciuido no término da construcdo da obra, pois a capacidade de carga do solo e suas caracteristicas de defor- mabilidade, s40 sempre afetadas pelo método construtivo adotado. A execucao da fundagao direta adota- da neste projeto deverd estar integra- da com a metodologia executiva da obra, com os equipamentos a utilizar, coma grandeza das cargas de trabalho com as caracteristicas. geotécnicas do subsolo local E recomendavel que durante a execugio. da cortina atirantada focorram substanciais ganhos de produtividade, reducao de prazos de construgao€ otimizacao das etapas construtivas com bom padréo de qualidade. Além da vantagem técnica nna seguranca das escavagGes e na exe- cugio dos tirantes, reduzindo a prova- vel necessidade de tirantes de reforco. Em obras de contencéo séo ratos os ‘cas05 em que 0 projeto geotécnico foi 5 FUNDAGOES 4 CORA GEOTECMCAS totalmente definido em detalhes an- tes de sua implantacdo, sem que ocor- ram revis6es de projeto durante a fase construtiva, Normalmente, na fase de projeto uma série de caracteristicas do macico sao inferidas, devendo ser confirmadas ou nao durante a fase de construcao da obra Recomenda-se ainda, que devido aos custos cada vez maiores das escavacées em lugares confinados, deve-se quantificar 0 volume de concreto armado, volume de es- cavacao, escoramento, servicos de drenagem etc, para decidir sobre a viabilidade técnico-econémica da alternativa de projeto geotécnico que otimize o controle de qualida- dee 0 cronograma fisico-financeiro da obra de contenca0.@ REFERENCIAS ABMS (1998) ~ Associacao Brasileira de Mecanica dos Solos ¢ Engenharia Geotécnica — Solos do interior de Sao Paulo, Sa0 Paulo/SP Almeida, Marcio de Souza (2010) ~ Aterros sobre solos moles, Oficina de Textos. So Paulo/SP. Bowles. E.3 (1977) - Foundation Analy- sis and Design, Ed. McGraw-Hill do Bra- sil, S40 Paulo/SP Ehrlich, M. (2009) ~ Muros e taludes de solo reforcado: Projeto e Execugdo, Oficina de Textos, Colegao Huesker, S40 Paulo/SPGEORIO (1999) - Ma- nual Técnico de Encostas: Ancoragens e Grampos, Fundacao Georio, Rio de Janeiro/R) Leme, RS (1998) ~ Métodos Atuais de Estabilizagao de Taludes, EESC/ USP, S40 Carlos/SP Mello, Victor F.B (1980) ~ Mecdinicados Solos, 22 edigéo Séo Carlos/SP, EESC/ use NBR 5,629 (1996) ~ Execucdo de tiran- tes ancorados no terreno, ABNT (Asso- ciagdo Brasileira de Normas Técnicas) Ranzini, S. M.T. (1988) - Empuxo ativo de Rankine. Anais do Simpésio sobre aplicacées de microcomputadores em Geotecnia, Sao Paulo/SP Terzaghi, K; Peck, R.B.(1987)- Soil Me- chanics in Engineering Practice, 2nd ed, Mc Graw Hill, New York, NY, USA Tschebotarioff, G. P. (1978) — Funda- Ges, Estruturas de Arrimo e Obras de Terra, McGraw-Hill

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