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JOSE GUILHERME MERQUIOR RAZAO DO POEMA ENSAIOS DE CRITICA E DE ESTETICA 2? edigdo TOPBOOKS + Cops © Epi de Sot Gere Meru, 1995 ne Pegises Grn Lid eit Indice Onemsico ‘Sonans Kater ge Alene sec Mem, ou ier, 1819 ‘sua Rta do poems enn Ge eee etic Jat BE! Gulleme Merge 2" el Rl e Jaa “goats 1998 1, Lita oder — Hiri een. 2 ciicaDacaron cotton ee 3 Bats ‘Bison contetscan rs Ar ~ Daca, onfereaae ee Teal osi6 ep worse one Fin sats err ‘TOPHOOKS EDITORA E DISTRIBUIDORA DE LIVROS LTDA, us Vande de labia, Sg 1.200900 Ri de Jae — RI "ats ay a one Tapio no Brat FALENCIA DA POESIA. ‘uma geragio enganada ¢ enganosa: os poeta de 4. A chamada geragdo de 45 é, do ponto de visa do valor Ierdeio, uma dege (oe) ragdo. Do seu programs, frstrado des- 4e a primeira hora, ndo ficou neahu resultado no plano do -monumente, do defntivo, do que vem para permanecere,por Jss0 mesmo, justia os seus autores. (Qual era este programa? Ainda que nto ten sido for ‘maliado, sempre consstu num antimodeasma, Ito € sempre foi uma reagao contra22 como de resto nem mesmo no inicio se deixou peoeber Reagdo que fazia do movimento nfo bem lum nzomodernisme, como props Tristio de Athaide mas ‘es oantimodernismo, como quis Afténio Coutinho, Tentai- ‘ade desentendero espirito de 2: also pudor da ““bagunsa”, deseo timido de sols & order", repulse ao grit a0 nacio: nal, ao desparnasianizado que a nossa poesia tvese até en Uo insttuido, desde a famosa Semana ibertadors. Os poets 8 «de 4S eram componados. Bons meninos: em nenhuma hipé- ‘ese, capazes de fazer pipi na cama da literatura. ‘Mas que tina ese enfant rerible do modernismo de to Aiabolic, de tio eabtico, que fizesse necesstrio 0 St. Lédo Ivo pelt, dramatic, pelo recorno a Blac? Se erao seu lado des- ‘ruldor, de firia amiacadémica, foi muito o escéndalo para {io potico motivo — pois jd nese ano de 142 o proprio Mé- rio de Andrade, com honestaeficinea, nfo haviasugerido ‘uma sdbrialiquidaso desseaspecto, uma dstanciada supera~ (0 do ‘ead de guerra” pela trangia tajet6ra dos anti- 205 terrorists, agora mudados em poetas maduros? Enemsugeriramas do quereconhecera. Esta hé muito encerrada fase herica de 22 230. Viviase, ao contrrio, uma década de serena construgo, de despojament, de semiiési- «a transformagdo dos modernistas de ontem em poeta para ‘Sempre. Oque implica confessar que omodernismo sobrev ‘a; quesé morrera seu tom de esalo asua nical (necessé- Fa dspesipo de arasaro armazém das convengtes eda fin- de literatura. Era preciso, portant, dar o nome certo aos bos, temborao mesmo Mario de Andrade, nesta quero erminl6- a, tivesse metido os péspelas mos 0 modernismo-atitude, ‘orto; mas © modernsmo-process, instaurador, renovagio progressivada lingua pottica —a revoluco vinda de dentro da ‘teratura ~ este, em 1942 como hoje — permaneca vivo, bem vivo anda, mais vio até, porque desafiado pelo mais triste dos novos defntos, © programa dos iludidos de 4. [Nenhuma fevolupolterria se prov revolugto sem mi- dar tinguagem. J4nfo digo mudaro tom, o metro, a imagem, 1 sintaxee o vocabulsi, mas altar tudo isso e transforma, antes de mais nada, a relacio de distinca entre povo e poe Sia, Essa dstincia se toma menor. A proximidade da fala po ular volta a fesundar a literatura, O cologualiemo aparece, ‘lo como tago dominante, mas como sintoma de que a i ua dos essitoesremerpulhou na sua fnteeera, no seu pogo ficlico, no seu alternado necessario banho de autentcidade Social. A revolugte nto pode ser, em conseancia, merameate * destruidor. Ter com grande uid o praer de denunciar a ‘strilidade crisalzad da poesaprocedente Ted de se, em Dart, agressive — ea a sua fase apenas esteats a tempe- Tatura do seu comeva que ao compromitea outs empres, mais intima profunda, de subir uma iced ¢ renova © conto am 0 pblio, ss eta nos objtvos do roman ‘mo inglés. Eo dete expresso no famoso pretuco as Lyrical Balas de Wordsworth eam e most no oso propia honest romantisma na arela de fazer ngua bras pare ‘iar setimeno do Bra. Ninguem esusteri a apalnonada defsa de Alencar. Ou a range pritca uma posi ab Sileada durante todo 0 romaatimo ‘Precament como nova marcha cm Unguaem,o moder nism de 2 vence, Porque anu, depos do ebogo ronan. tco, «primeira fre devolupo da poesia A sat eimas ‘otgens: Porque fi, pea intenio peta cba, nacional Por seer anos, notoent emcee a cose {oo Bras mas em dizer essa contemplagio da tna mane. 1 pela qual ela no seria simples extn. fl astm au, om ou em flere, com ou som reglonalismo, a 0388 poe: Sia conquistou lugar de honra paras pucoogia do ras Nalings de Lberanaze; ds pines es de Drummond, sor poemas nordestins, de Jorg de Lina ¢Joagim Cardo- 20; edomesmo modo se evel capaz de permite ecundar, ji'um pouco longed us de 23 «trot magnifica de ‘utos lint, poeta de rs acimatado gui, como una Cecfa Mees ou un Muril Mendes (e ainda mais tarde Cassiano Reardo). At oto condenado umorismo de 23, {ad dtl malcom quo oso moan aon tava a gravdade pamasiana, oe parte sgnifcativano pro. ‘sso de clnbloculisic. Sob ngs speos, To quae Sencil sendo comonoia nic, nem mesno dominant, plo ‘menos como fugdo natral eerie como sue de dan, faces; uma ola pra a destugto ds deologi adic, cout, pocém, quem sabe mais penetra, de adequado refi 40 daguele meraulho ma senbiidade tras que ese ‘mos, fequentemene fol mais bras do quests, 30 sais ironia mans eno fundo bos, do que aspereza de stra Sem perdao. Um iumor tolerate como o Brasil. Tio nosso, ‘qu talveztenha sido o grandemotivo a invalidar atest ida Ge alguns modernos, como AF. Schmidt, de retorar & poe- ‘Masa linguagem de 45 0 avesso do poema-pada. Seu voeabuliri parece assido no dciondrio de Candido de ‘veiredo Suas imagens s20 “raras”, de rara anemia e abst ‘Ho, Seus metros replem a flexilidade picoldgica de 22. A poesia ps gravata Una seriedade dfs sespallou pelo ver- 0. E uma “construséo" de flso ar pensado; como se esses octas, no tendo chegado a meditatvos, cassem apenas me

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