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Faculdade de Direito Universidade de Coimbra O CONTRATO DE CONSORCIO No AMBITO DOS CONTRATOS DE COOPERAGAO ENTRE EMPRESAS Dissertacdo de Mestrado em Ciéncias Juridico-Empresariais, apresentada pelo mestrando PAULO ALVES DE SOUSA DE VASCONCELOS Cutubre 1995 Pan suscité le désir de sassocier sans. pour ‘utant créer des lens de maniére durable" ‘De ous temps, des affaires déterminées ont Valerie Simona, association momentan’,p 8 | . | | INTRODUGAO A realidade econémica desde sempre tem solcitado ao Diteto 0 suport juridico para a realizagio dos seus fins, Nos nossos dias ganham particular relevo os instrumentos juridicas que tomam possivel e institucionalizam a colaborayao ou cooperarao entre as empresas. Do cconjunto de figuras juridicas construldas exactamente com esse objectivo, c’elegemos como objecto de estudo 0 contrato de consércio, ‘As raz6es que nos levaram a escolher este contrato podem sintetizar-se nas trés ‘que passamos a enumerar, Em primeiro lugar, porque, tratando-se de um instiumento de cooperagao ‘equidistante por um lado dos que estabelecem uma mera relagao contratual entre {85 partes e por outro dos que do origem a uma nova pessoa juridica, nos permite ‘analisar 0 fenémeno da cooperagso num espaco de frontera, onde por exceléncia ‘s0 fazem sentir 0s trapos caracterisicos quer de um quer de outro dos dois cextremos opostos. utra das razoes deve-se ao facto de 0 contrato de consércio ser um dos que, de centre as mitiplas figuras contratuais que se podem incluir neste vasto campo da ‘cooperago ou colaboragio entre empresas, mereceu do nosso legisiador a ‘consagragao de um regime juridico proprio, Por iiltimo, porque constatémos que, relativamente a esta figura juridiea, muito ,pouco se tem publicado e investigado em Portugal, nao obstante a importincia prétca de que @ mesma se reveste. De facto, a realidade econémica de hoje, cada vez mais competiiva, exige © recurso a instrumentos de cooperagao, especialmente por parte das pequenas e médias empresas. Se, em todos os paises, este tipo de empresas s8o consideradas de importancia vital, em Portugal ainda mais, pelo que se toma essencial 0 recurso a formas de cooperagdo entre elas, a fim de que possam sobreviver nos mercados cada vez mais alargados em que esto inseridas. Ora, © contrato de consércio 6, sem davida, um bom exemplo desses instruments de cooperagio, apesar do escasso tratamento que the tem sido dado. ‘Mas este mesmo facto constitu para nds um desafio dado que sao muito poucos 08 dados bibliogrticos sobre o regime juridico do consércio entre nés, sendo certo que também ndo abundam as decisées jurisprudencias nesta matéra, Animados pelo desafio que assim nos propomes, iremos comegar por definir 0 contrato de consércio, procurando determinar com rigor 0s seus contomos, para o ‘que nos iremos socorter do necessério confronto com algumas figuras que podemos considerar ans PParece-nos também importante analisar 0 direto comparado e ver quals as figuras ‘que, em diferentes ordenamentos juridicos, visam dar resposta aos mesmos interesses e problemas que 0 consércio entre nés protende resolver. No presente estudo acerca do contrato de consércio, no poderiamos deixar de Proceder a uma anaiise do DL n° 231/81, de 28 de Julho, aberdando os seus aspectos mais relevantes, uma vez que se trata do diploma que entre nés cestabelece o seu regime jurdico Por fim, procuraremos demonstrar que © contrato de consércio se podera Classificar como um contrato de cooperagao entre empresas, Identiicando os elementos caracterizadores desta tipalogia de contratos, Capitulo I - 0 contrato de consércio 4. Nogio de contrato de consércio 1.1. Antecedentes E com a entrada em vigor do DL n* 231/81, de 28 de Julho, que 0 contrato de consércio surge regulado no nosso ordenamento jurdico’. No entanto, o préprio preambulo deste diploma legal refere que se pretende estabelecer um esquema juridico onde se possam integrar "tos de empreendimentos que a pratica criou ou ‘pelo menos tem vindo a esbogar- De facto, & data da entrada em vigor do referido diploma legal era ja frequente as, empresas celebrarem entre si contrates @ que chamavam de “consércio™ ou contratos de cooperago enquadriveis no consércic’, 20 abrigo do principio da Nberdade contratual, consagrado no artigo 405° do Cédigo Civil Constata-se também que a doutrina © a jurisprudéncia se referem ja ao contrato de consércio antes da publicagao do citado diploma, como adiante se vera Acresce que podemos também encontrar em alguns textos legais determinadas referéncias a esta figura ou pelo menos a ela reconduziveis. Contudo, analisadas 0 OL n> 25181 regula doe cntratos detnes:o conto de consécio (artigos 1° 20") eo contrat de assocagdo em patcipado (argos 21° @ segun * ofr atl Venta, Primots Notas sobre 0 Contato de Cansérce, 9. 622 « Luis Fria Leite [Novas Agrupamontos do Empress, p. 36. todas estas referéncias, veriicam-se naturais problemas de quaificagao”, com ma certa diversidade de definigdes, nem sempre coincidentes, como se vera a seguir Na realidade, jé anteriormente algumas alisposigbes legais_regulavam acordo com 0 artigo 530° n° 1, do referide Cédigo. Uma vez que néo possui personalidade juridica, as contribuigses dos sécios permanecem em propriedade do mao comum (Gesamthandeigentum), pelo que s8o todos, em conjunto, ttulares doses bens, nao estando estes na disponibildade de um sé membro, nem dos credores particulares ce qualquer um dos sdcios. De acordo com 0 artigo 49°, 0 assoclado que cantrate com terceiros, por conta da Sociedade mas em seu nome, néo vincula os restantes. Se age em nome da Sociedade ou de todos os associados aplicam-se as regras da representagao, sendo certo que se presume que o sécio tem os poderes de representagao necessarios para desenvolver as actividades que Ihe Incumibe administrar. Os sécios s80, assim, sobdariamente responsdveis face a terceirs, por todas as obrigagbes assumidas conjuntamente ou por intermédio de representante, Todos fos associados podem ser gerentes, devendo as decisbes ser tomadas por unanimidade, Tal como caracteristico de uma sociedade, 0s sécios tém dirt ao luero periddico, Este, em principio, sera dividdo em partes iguais, independentemente da entrada que cada um hala efectuado, A mesma proporgaa serd usada para a determinagao da assungao das perdas, com a ressalva dos sécios de industria que poderdo ser dispensados de comungar nas perdas. Nao pode ser admitido um novo sécio sem 0 consentimento unanime dos restantes © @ sociedade entra em dissolugso em caso de morte, faléncia ou interdigao de um dos seus memiros, de acordo com o artigo 545° De acordo com 0 regime juridico helvéico, os acordos de cooperagao entre empresas, de tio meramente contatual, facilmente se enquadram no conceito de ‘sociedade simples’, quanto mais nao seja por no corresponderem qualquer uma das outras sociedades previstas na Lei Sulga. A importancia desta sociedade i & relorgada pelo facto de numeroses acordos de cooperagdo envolvendo empresas de diferentes nacionalidades escolherem a Confederagso Helvética para sua sede™, Em termos de comparagao com o contrato de consércio, valem as consideragbes produzidas a propésito da sociedade civil do Dirsito Aleméo, pols, da mesma forma, estamos aqui perante um contrato com aptidao para satisfazer uma grande gama de interesses, desde que nao se pretenda constiulr uma pessoa juridica nova. & um regime bastante mais flexivel que o contrato de conséccio, sendo certo ‘que se 0 consércio ¢ reconduzivel a um tipo de sociedade simples, nem todos 08 acordos que esta adiite se podem reconduzir ao nosso contrato de consércio. aconais de joint vontures sejam domiilados na TE equente que 08 conlsos in Cconfederaro Helvtica - hr. Adriano Propers, Le Jon Ventures, p38. 167 88, 2. Figuras afins 2.1. No Direito Portugués 2.1.1, Contrato de sociedade Ha uma evidente proximidade entre 0 contrato de consércio © 0 contrato de sociedad. Tanto assim 6 que, antes da entrada em vigor do DL. n.° 231/81, as ‘empresas que constitulssem consércios. corriam 0 risco de serem consideradas sociedades iregulares"*. © preambulo do mesmo diploma refere esse facto, invocando-o como uma das razbes justificativas da regulamentaggo legal do ccontrato de consércio. Pode-se também constatar em varias disposigdes da Lei o intuilo claro de evitar confusdes entre os dois conceitos, desde a questo da denominagao do consércio, a0 problema dos luctos e da proibicao de fundos (© contrato de sociedade 6 definido, no artigo 980° do Cédigo Civil, como aquele “pelo qual duas ou mais pessoas se obrigam a contribuir com bens ou servigos para 0 exercicio em comum de certa actividade econémica que néo seja de mera ‘ruigdo, a fim de repartiem os lucros resuttantes dessa actividede’. Daqui decorrem os seus quatro elementos essenciais: a intervenglo potencial de duas ‘ou mais pessoas; as obrigagoes de contribuigao de bens ou servigas; © propésito de exercerem em comum uma certa actvidade econémica que néo seja de mera {ruigdo; © propésito de obterem, através desse exercicio, um lucro e de promoverem a sua distrbuigso"™ Ct. Luis Ferra Leite, Novos Agrupamenios de Empresas, p. 29 © Manuel Anténio Pita. Contato de Consérco - Mola ¢ Comentrio,p. 190. ® Gf Vasco Lobe Xavier, Socededes Comercio, p68 8, 6 Por aqui jé $e pode ver que ha de facto alguns pontos em comum com 0 contrato de consércio, O contrato de sociedade & o tipico contrato pluriateral, ou seja, € um contrato que pode ser colebrado por duas ou mais pessoas, sendo assim vocacionado para a plurlateralidade, Esta caracteristica da pluniateralidade esta também presente no contrato de consércio, que tem que reunir duas ou mais pessoas, como indica o artigo 1® do DL n* 234/81 Cutra nota comum reside no facto de ambos serem contratos com comunhao de fim"® ou de fim comum. Como veremos mais a frente, podemos distinguir 05 ‘contratos de fim comum dos eontratos sinalagmaticos ou de troca, Mas quer o contrato de sociedade quer 0 de consércio sao exemplos de contratos em que existe um fim comum a todas as partes; fim esse que procuram alcangar através a comunnao de esforgos. Vemos, desta forma, que existem algumas semelhangas entre estes dois contratos, havendo até autores que consideram existir uma certa similitude no aspecto formal entre a defnigao do contrato de sociedade e do contrato de consércio™', dos artigos 980° do Cédigo Civile 1° do DL n 23181" Contudo, de acordo com @ doutfina dominante © contrato de consércio nao & reconduzivel a0 contrato de saciedade!™. 0 amago da distingao esta no facto de 0 7 Gf iannantorio Gplemet, Consc2 ndustal Novssino Digest taro, n* 12, fr Manuel Antnio Pt, Contato de Conseco. 180 = No Dito Hlaiano acite-se que ab eoledades possam ter por objeto realizar 08 fins do console, de aotdo com o artigo "2615*4er" do Codigo Chil tana. De acordo com a referida norma ‘Le socieléprovste ne cap I © sequent de tole V possono assumere come oggot ode gl scopncicat near. 2607" Sto as chamadas scitt consort ~ Cr. Glovanna Volpe Putzou, 1 Corser! per i Ceordnamento dela Prduzione © dep Scam, p. 426 ¢ ss. © Radl Ventura, Primoias Notas. p 615, O° Neate sentido Ratt Vertra, Frias Nola... GAT @ ss, Olvera Ascenséo, Dio Ccomori, vol.|, p. 334, Luls Ferrera Let, Novos Agrupamentos de Empresas, p. 38 ¢ Manuel n FF a contrato de consércio nao prever 0 exercicio em comum de uma actividade ‘econémica, a contrario do que ¢ exigido pelo artigo 980° do Cédigo Civ ‘Assim, 0 contrato de sociedade deve ter por objecto 0 desenvolvimento de uma determinada actividade econémica, 0 mesmo acontecendo com o de consércio. A diferenga esta no modo come tal actvidade 6 levada a cabo, ¢ executada pelos seus membros. Na sociedade essa actividade ¢ exercida em comum; isto quer dizer, de acordo com a Ligho de Vasco Xavier que, “a sociedade esta organizada de modo 4 assegurar-se @ fodos 0s sécios uma qualquer participagdo, ainda que apenas indiecta, na condugéo da actividade em causa" (ora, no contrato de consércio nao esta presente esta caracterstica, Cada membro do consércio exerce a sua prépria actividade, com total autonomia técnica, administrativa © econémica, © que sucede ¢ que, por via do contrato de consérci, 6 obtigado a concertar, a ajustar, a actvidade por si desenvolvida, com os restantes membros do consorcio!™, Uma vez que nao existe exercicio em comum de uma actvidade econémica, nao {faz sentido falar em lucros para serem repartidos pelos seus membros, Enquanto no contrato de sociedade, a obtensio de um lucro, a fm de o repartr pelos sdcios, 6 um elemento essencial do concelto do artigo 980° do Cédigo Civil, 0 cons6rcio ‘om si no obtém luero que possa ser repartido. O lucro a existr seré obtido directamente no patrimonio de cada consorciado, podendo verifcar-se a situagao “abo Pia, Contato de Constr» Nols @ Comentarios, . 201 « 2, Em oro conti, ailteande o conta de consreo car un contrat de secede, Po Furtado, Curso de eo das Sovedades. 9 51 €58. oe Vasco Lobo Kavi, Sociedade Comers, 13 | or Raul Veta, Prinoras Nas... dde uns terem luero @ outias perda, no havendo pois comunhao de lucros & perdas"™ © fim mediato do contrato de sociedade & a obtengao de lucros a fim de os repartir, No consércio 0 fim madiato no 6 indicado pela lei; ou seja, 0 consorcio ‘em sino tem um fim mediato, cada um dos seus membros é que o feré, mas qual cle seja 6 irelevante para caracterizar 0 consércio'™. O fim imediato do consércio 6.2 realizagdo dos abjectos referidos no artigo 2° do DL. Por outro lado, no consércio ndo existem entradas, néo existe a obrigagao de ‘contribuir com bens ou servigos para a organizagao comum, enquanto no contrato de sociedade 6 indispensével que os sécios contribuam com bens ou servigos para a actvidade social. A obrigagde que recal sobre 0 consorte de efectuar "corte ‘contribuigéo” (artigo 1°) néo se equipara juridicamente @ contribuigao dos s6cios, pois nao se destina & constituigto de um patriménio comum que suporte a actividade comum"®, A organizagae comum do consércio existe apenas para coordenar as actividades execuladas por cada memo," e nao para desenvolver uma actividade em comum, como sucede no contrato de sociedade. Por ditimo nfo podemos deixar de analisar a posicao de Pinto Furtado, que tende a considerar © consércio como "uma sociedade destitulda de personalidade” afirmando que “lalvez pois que, no fund, a sua real natureza juridica (do cconsércio) sefe ainda reportével a figura da sociedad". 5% Gu, Glannantoio Gugisinet, Consra Ines, Novisimo Digest tatano, (fr Manuel Anno Pa, Contato de Conse - Notas Cements, 9.202, © of: Ratt Ventura, Prmtras Nota... . 642 2 ss. De rest, no consteto nao existe um fundo comm, Tal @prebio peo argo 20°" Sf, Manuel Antal Pt, Conate de Cansei - Notas e Cements 202, © cfr. int Furtad, Curso de Doo das Soctededes, p62. Este autor baseia a sua posigdo na convieeao de que, no contrato de consércio, existe 0 exercicio em comum de actividade econémica, Na sua opinido, a cexisténcia da realizagao concertada de certa actvidade ou contibuigao, constitul uma distribuigdo de tarefas,o que é uma forma legalmente admissivel de exercicio ‘em comum de uma actvidade econdmica, tal como em qualquer sociedade os sécios repartem enlve si as tarefas a executar, nao realzando todos @ mesma tarefa Nao comungamos desta opiniso por vavias razbes. Em primero, lugar nBo vemos que no contrato de conséreo exsta uma dstibuigdo de tarefas, tal como pode haver numa sociedade. No consbrcio essa dlstribuigao, a exist, ¢ prévia & celebragto do contrato, palo que nao decorre do contrato, antes @ um pressuposto da sua celebragao. Em segundo lugar, no contrato de sociedade, mesmo apés a distibuirdo de tarefas, cada sécio &, em ptincipio, responsavel por toda a actividade desonvolvida pela sociedade, ainda que esta o seja por interposta pessoa. Ora, nO contrat de consércio cada membro executa separadamente a sua actvidade @ é por ela responsével, executando-a com autonomia face aes restantes cconsorciados, ‘eresce, ainda, que, um dos corolarios do exercicio em comum de determinada sactvidade, 6 a assunga0 em conjunto dos rscos que essa actvidade comporta" Por essa razdo, no contrato de socledade, os sécios comungam nas perdas © ganhos da actividade exercida, Ora, no contrato de consércio, cada um dos membros assume sozinho 0 risco da actividade que desenvolve, néo havendo perdas ou ganhos do consércio enquanto tal, mas apenas de cada memibro' Gi Menezes Corder, Brato das Obmgap Ses, ol Mp. 118. + goby a questo dos heros @ etdas do conser, ver ina, Cap. 4 80 Nao cremos, pois, que no contrato de consércio exista 0 tal exercicio em comum, pelo que nBo podemos acompanhar a conclusto @ que, a partir dal, se possa chegar'®. 2.1.2. Grupos de sociedades Dentro das miltiplas formas de concentragao econémica encontram-se OS grupos de sociedades, E uma forma de concentragao especial, uma vez que se distancia quer das fusdes entre empresas quer das simples relagdes de cooperagao, Ou seja, € uma técnica de concentragao que garante a autonomia juridica das ‘empresas infervenientes, mas em que desaparece a sua autonomia econémica. De facto 0 que caracterza 0 grupo de sotiedades, apesar de toda a fhidez © diversidade do fenémeno', é a independéncia juridica © a subordinagao de um conjunto de sociedades a uma direcqa0 econémica unitéria'“(pelo menos no que diz respeito aos grupos de sociedades em sentido esti)". “age gabe, ainda, © argumento do mesmo autor, de que, descendendo o consorcio das joint ventures, tbe por esa razBo deveria ser consterade como uma seceded, ja aus aqelas ram formas speci’ de socedade -c, Pinto Furtado, Curso de Dire das Sociedade, p. 82 ar come vine, 6 possivel Kerifcar © contato de consérco om algumas formas de joint pint onture, mas apenas com as formas de contractual joint ventures (ol unincorpr entre), camo ais 0 presmbulo do DL n* 321/81 temo cuidado de precsar, 1H cf, Ral Ventura, Grupos de Sontedads,p. 22 € 58. “5 fe Engrcia Antunes, Os Grupos de Sociedodes,p.23€ 58. + Oe facto, toda a problemaica dos grupos de sociedades & dominata pelos chamaos grupos veto, ou de eubordinagSo, nos quai reside a especfeidedeterca de prblemetica do ipo “nnetano” ch. Engrdcia Antunes, Os Gros de Sociedade, p. $4, Contudo, de ene as vias fomas de rela de grup, 0 Codigo das Socldades Cemercispev® a existincla dos 9: POS partaros’ ov hoizntais (atgo 492", De acordo com a dei legal neste tpo de grupos, dust mvs sociedades independentes podem acer submete-se a una dreréo untaria com. te exist um Grgdo comum de drecc8o, todas a8 sociadades devem partzparnele igual 81 © contrato de consércio também pode ser visto como uma forma de concentragao ‘econémica, Contudo eria uma relagao entre as partes de total autonomia juridica & ‘econémica, Cada consorte continua a ser juridica © economicamente independente, estabelecendo com os restantes contraentes a obrigago de concertar @ sua actividade com os demais para a realizag30 de um determinado project No polo oposto encontramos a concentragio por fusdo, em que ao lado da perda {de autonomia econémica desaparece também a autonomia juridica das partes cenvoWvidas, & a chamada concentragso na unidade por oposigio a concentragao na pluralidade que quer 0 grupo de sociedades quer 0 consércio representam, de acordo com a classificagae propesta por alguns autores!” Como elemento comum ao consbrcio @ ao grupo de sociedades pode referir-se a auséncia de personalidade juridica de ambos. Constituem figuras de mera base contratual. Contudo, enquanto © consércio, em principio, se destina a acgoes de carécter pontual @ temporatio, © grupo de sociedades “cria uma estrutura ‘empreserial unitéria, de carécter duradouro e permanente, apoiada numa direcgéo ‘Oia nevi caso ndo exe subordnapho price ou econdica de unas sociedadesrlatvaments ‘2 outas, mas sim coordenagte de actividades ere elas, © que acaba por enquacrar estes grupos no ambi a cooperapdo inersocetria @ nfo tanto enre os instumentos de concentrayso intersocietara, em queer geal os gros de sciedades se neyram - ct Engrécia Antunes, Os Grupos de Socedades, 9. $4, nota 114. Netes trmos exist una grande proxtidade ene os a1upos partis eo conto de constrel, no cbstante estes erham um carter mais titado fm temos de acvidades @ desenvelver€ nfo se siva de nsrumentos de dirsio socio, Retra-se ainda que © conscio # um insrumento de cooperagzo nfo sé ene sociedades, mas cente diferentes agentes eccnémics, maxime empresas - Ct. Mara da Grara Tio, Grupos de Sociedodes . 47 es. Of Daniele Bonvin, Le ‘oit Vonures’: Técnica Glurca e Prassi Soietaria, p. 90 @ $5; Rati Ventura, Grupos de Sociedade 9.24: Engrtia Antunes, Os Grupos de Scciedades, p20 se Ver na Cap. 14.1. 012 centralizada que coordena @ dirige de modo tendenciaimente global @ actividade ‘econdmica das varias socledades agrupadas’™* Acresce que 0 contvato de consércio se destina a associar diferentes agentes feconémicos (maxime empresas) © no apenas sociedades, como sucede nos grupos de sociedades. Estes ultimo servem-se, de resto, do regime proprio do direto das sociedades, “recorrendo aos mecanismos da personalidade juridica, da paicinagao socistéria © ainda da celebragdo de contratos societérios (do subordinagao ou de grupo paritirio)"™®, © que néo se verifica relativamente a0 contrato de consécio, 2.1.3. Agrupamentos complomentares de empresas Regulados em Portugal desde 1973, pela Lei n° 4/73 e pelo DL n° 430/73, de 25 de Agosto, 0s Agrupamentos Complementares de Empresas inspiram-se na figura francesa do groupement dinterét economique™®, inroduzide em Franga pela COrdonnance n.° 67-821, de 23 de Setembro de 1967 e pelo Decreto de Aplicagao 1n° 68-108, de 2.de Fevereiro de 1968" Gi Engraia Antunes, Os Gupos de Sociedade, p67. "cr Maria da Graca Tigo, Grupos de Sociededes, p 47 © 55. ' of, Pacla Balzarin, Disopine Povoghese degli “Agnpamantce Complementars Jo Emprsas’ p. 124 esse Lu Ferra Lete, Novos Agyupamantes de Egress, p. 19 8, Sobre esta qua fancesa ver ina Cap 1, 22.4 Sobre a figura dos agrupamentes complementares de empresas ver Raul Ventura, Soctedades CComplementares, Jose Ani. Peto. Ribeiro ® Rui Pinlo Duarte, Dos Agmpementos Complomentares do Empracas Lu Ferrera Lek, Novos Agrupamentos de Empresas, 19 & 5 ‘Vasco Lobo Xavier, Socledades Comarca. 40 € $8; Olvera Ascensto, reo Comer, vo | 322 e Pinto Furtado, Curso de Dio das Socedades, 9.68 ess Come jé referimos, um dos objectives do legislador francés com a ctiagao desta nova forma contratual fol 0 de possibiltar as empresas, sobretudo as pequenas ¢ médias empresas, um esquema de cooperagao @ relacionamento intermédio entre 18 associagves e as sociedades. Ou seja, dotar as empresas de um instrumento ue permitsse estabelecer uma forma estavel de cooperagae, com personalidade |uridica, @ que ao mesmo tempo preservasse a autonomia econémica e juridica de ccada um dos seus membros. ‘Também em Portugal se faziam sentir essas necessidades, desde ha bastante tempo, 0 que foi descrito de forma muito clara num relatrio do Institute Nacional de Investigagao Industral, de 1968!" No entanto s6 com a Lei do Fomento de 1972 (Lei n® 3172, de 27 de Maio) f0i atribuida ao Governo a tareta de definir a discipina juridica dos agrupamentos, na Base V, n° 1 alinea ). Na sequéncia dosta Lei, o Governo encomendou dois projectos de lei relativos a esta matéria, um a Radi Ventura © outro a Avala Chaves. Nao deixa de ser curioso o facto de que, ainda antes da publicagao da Lein’ 4173, | se haviam constituido entre nds, sob a forma de sociedade comercial, entidades Cujo objective era 0 de criar um agrupamento de empresas, susceptivel de melhorar as condigoes de exercici e luero dos associados. Sé que a utlizacao da {forma societiria levantava muitas dividas quanto a legalidade de tais sociedades, uma vez que nado existia qualquer intito de obter lucros a fim de os distibulr pelos ‘sécios, como da andlise dos respectives pactos socials se pode constatar'™ ‘A questo que se colocava entao entre nés era a de saber como concretizar Juridicamente 0 interesse das empresas de se agruparem, de realizarem Mara Helena Garca da Fonseca, Constuipéo de Agnpamentos de Empresas am Portugal "Ch, dose Antinio P. Ribera © Ru P. Duarte, Qos Agrupamentos Complementares do Empresas, p. 24, que referom os examples das socledades “ISOLA, Lda, UCEL, Lda’ & “CIVE La" Che tami, Pint Furtade, Curso de Direko da Soceiaes, p71 a ‘operacdes de concentragao, que permitissem a obtengao de economias de escala «© aproveitamento de sinergias, sem que com isso tivessem que abdicar da sua autonomia juridica e econdmica De acordo com a nogao de contrato de sociedade do artigo 980° do Cédigo Civil 6 essencial a finalidade de obtengde de lucros, a fim de serem repartides pelos sécios. Isto quer dizer que ja no cabe no concelto dessa norma o agrupamento de empresas que visa obter economias, realizar compras em conjunto em condigdes mais vantajosas, dvidir custos de investigagao & desenvolvimento ou controlo de qualidade, ete. E que nestas hipéteses a entidade criada nao tem por ‘objectivo maximizar um lucro que se destine a repartr pelos seus associados, mas visa antes propiciar economias e maiores ganhos aos associados através da redugao dos seus custos ou da melhoria da sua produgao'® Mas, se thes € vedado © acesso ao contrate de sociedade, igualmente nao se afgura satisfator 0 recurso constituigao de uma assoclagao ente os interessados, De facto, de acordo com @ interpretagao maioritaia dada ao artigo 187° do Codigo Civil, nao & possivel constitu uma associagdo com fim lucrativo, ‘como seria neste caso (Intute lucrative em sentido lato e nao no sentido do artigo 980° do Codigo Civil) Perante este quadro assim definido, restava ao legislador optar por uma de duas ‘solugées: permitir a constituigao de sociedades sem fim lucraivo, ou seja ampliar © Ambito da nogao de sociedade, ou criar uma figura juridica nova capaz de comesponder aos interesses das empresas. ‘5 js Antoni P. Ribeiro © Rui P, Duarte entendem, conta a malta da doutina, que o artigo 980" do Céelgo Civil ndo se apica 8s socedades comers, sociedede pode nfo tr porn 2 cbt de nro # im de sor reparide polo soos” Dat ‘Agrypamentos Complomentars de Empresas. 18, fo ave “Sando comercial @ 8s Isto mesmo escreveu Raul Ventura no seu anteprojecto, afimando que para satisfazer as nocossidades que estavam na origem da elaboragio do projecto o legislador “deverd em primeiro lugar optar entre 0 alargamento do conceito do sociedace @ a criago dum novo tipo de assoclagdo, dolada de personalidade como o ‘groupement francés". ‘© mesmo anteprojecto acaba por oplar pelo alargamento do conceito de contrato de sociedade, invocando em sua defesa dois argumentos. Por um lado, esse era 0 fentendimento que prevalecia nos estudos para a reforma das sociedades, pretendo-se que neste conceito se pudessem acolher todas as formas de organizacao das pessoas colecivas, Por outro lado porque se constatava que regime criado pela Ordonnance francesa acabava por repetir inutimente uma série de disposigbes das normas relavas as sociedades comerciais, ‘Arala Chaves, no anteprojecto que elaborou relativo as “sociedades complementares’, salienta a mesma necessidade que as empresas sentem, cabendo ao direito “dar guarida @ novas formas de colaboragdo que néo prejudiquem a subsisténcia @ autonomia dos associades’,sallentando que se trata do tipos associativos “a melo caminho entre as sociedades e as associagoes! "* ‘Ao contraio de Raul Ventura, este autor opta pela criagio duma figura juridica ova, 0s agrupamentos, que se designam, naquele anteprojecto, por ‘sociedades ‘comiplementares”. Foi essa também a solugdo que vingou no projecto de proposta de Lei n° 10IX @ que depois de passar pela Camara Corporativa, que no seu parecer nao altera essa orientagdo, vem a ser legalmente consagrada pela Lei n? 473. Ch. Socadades Complomeniars, p14 Gf. José Antonio P. Ribs @FuiP, Dust Dos Aarupamentos Complamentares de Emoresas, pas 86 sa ian eee ans a Insituiu-se, por via legal, uma forma de agrupamento entre pessoas singulares ou colectivas, que desenvolvam determinada actividade econémica, dotado de personalidade juridica e com a finaidade de melhorar as condigbes de exercicio 0 de resultado das actividades que cada um dos seus membros desenvolve. ‘Um agpecto que merece especial alengao & 2 questo do lucro nos agupamentos ccomplementares de empresas, & que 0 legisiador optou, por deixar inalterada a dfinigao de contrat de sociedad, a qual, de acordo com 0 atigo 980° do Cédigo Civil exige o intuito ou finaidade de obtengao de lucro a fim de ser repartido pelos ‘sécios. Ora é precisamente este elemento que falta nos ACE's. ‘A Base I, da Lei n® 473, no seu n® 1, estipula que os “agrupamentos complementares do ompresas no podem ter por fim principal @ realizagdio @ parilha de lucros’. A sua finaidade, de acordo com a mesma norma legal, € melhorar as condigies de exercicio © de resultado das actividades econémicas das empresas agrupadas, Enquanto no contrato de consércio nao pode existrluero, por nao haver qualquer ‘actividade comum que possa gerar lucros, no ACE existe uma actvidade exercida fem comum pelos seus membros. Contudo tal actividade nao pode tor como finalidade a obtengao de lucros préprios do agrupamento, que depois houvessem de ser repartdos pelos seus membros" © luero que cada um dos associados ird ter serd o que resultar da diferenga entre © prego a que 0 ACE Ihe presta determinado servo e aquele que teria que pagar se fosse ele proprio a adquirr esse servigo isoladamente, Gir, Vasco Lobo Xavier, Socedadas Comeriis, p. 40 © $5, que flere que, aterta esta caratristea dos ACE, 08 anglo-saxéncosrefermse a igus data natureza desgnando-as no profit making companies. Ct também Ferrer Cori, Lips do Diao Comorial, vk. 15 87 F 0 problema gana porém outta amplitude quando o ACE nao se limita a prestar servigos aos seus membros, mas antes se abre a terceiros a quem, naturalmente, prestaré 0 servigo pretendido mediante uma contrapartida lucratva. Se no faz sentido © ACE ter margens de lucro quando vende 0s seus servigos aos associados, o mesmo ja ndo se pode afirmar naquelas situagdes em que 0 ACE se relaciona comercialmente com tetceirs. Para viablizar estas situagoes. a lei adiite que o ACE tenha por fm acessério a realizagao e pattiha de lueros, De acordo com o artigo 1° do DL. n° 430/73, 0 ‘ACE pode ter por fim acessério a realizagéo ¢ partiha de lucros, apenas quando autorizado expressamente pelo contrato constitulve". Desta forma se 0 contrato constitutive do Agrupamento autorizar que, de modo acessério relativamente 20 seu fim, © ACE possa ter actividades \ucrativas, este pode prestar servicos a teroeiros com intuito lucratvo, (© legislador, contudo, acabou por baralhar toda esta questao com 0 que dispos ros artigos 15° @ 16° do mesmo diploma legal. E que nesses preceites, relatives fs consequéncias do incumprimento do seu fim logal, a lei refere que. o facto de cexeroer actividad acesséria directamente lucrativa oul nao autorizada, sujeita 0 [ACE a ficar sujeito as regras aplicévels as sociedades em nome colectivo"™. Podemos conclu que a principal distingao entre o contrato de consércio € 0 ACE festé, essencialmente, no exercicio em comum de uma determinada actividade econémica, De facto, como vimos, no consbrcio nao existe uma actvidade que os seus membros exergam em comum, mas antes, cada um iré exercer a sua propria ‘actividade, com autonomia, 6 que 0 faz de forma concertada com os restantes. ra, no ACE existe de facto 0 exercicio em comum, as empresas associam-se para colocar em comum 0 exetcicio de certa actvidade ou fase das suas “W Gome eala queciao © om patcular sobre = conlusto do leisador ene fim principal © actviade principal, Rats Ventura, Primes Notas. p 620. 88 ‘actividades, pois verificam que se 0 fizerem em conjunto obtém uma economia de scala, Acresce que, enquanto o membros do consércio visam concertar as. suas contribuigdes ou actividades, com o fim de projectarem para o exterior um fim global, no ACE a finalijade & interna, isto 6, pretendem colocar em comum uma ‘actividade do ciclo econdmico das suas empresas, actvidade de que assim sao 03 proprios clientes. Daf que nao caiba no objecto do ACE a execusso de empreliadas para terceiros, ‘como por vezes sucede". © sou fim é melhorar 8 condigdes de exercicio ou de resultado das respectvas actividades © no associar esforgos e meios para ‘executar uma empreitada para terceiros. Para isso os seus membres deveriam ou Cconstituir uma sociedade ou celebrar um contrato de consércio, 2.1.4, Associagao om partojpagio © contrato de associagso em participagao, antiga regulada entre nds no DL. 1,2 231/81, de 28 de Julho. conta em partcipagao’, esta © anteprojecto do diploma foi elaborado por Ral Ventura, tendo sido publicado fem 1959, no Boletim do Ministério da Justica"™. © legislador adoptou, com alterapées de pormenor © texto proposte, que veio a ser publicado no mesmo ci Jose Antonio P. Rikero © Rui P. Duste, Dos Agrupamentos Complementares do Empresas, p. 107, que num levantameno, anda que incomplete, constiou a exsténcia de umerosos casos de recurso inepuar a esta guia, nomesdamante para a realzagSo de lempretadas, Reconhecese, de aco, que a igua dos ACE's ¢ por vezes usada para realizar hs cir. Raul Ventura, Associ om Partepesso -Anteprojecto, p15 ss % diploma que discipina o contrato de consércio, ou seja nos artigos 21° a 32° do DL 2 231181, de 28 de Julho. © contrato de associago em partcipacao estava jé previsto na nossa lei, designadamente nos artigos 224° a 227° do Cédigo Comercial, com o nome de “conta em participagao". Normas estas agora revogadas pelo novo diploma legal, or se considerarem insuficientes, pouco regulamentadoras desta figura contratual fe recheadas de disposigdes de cardcter negativo, mais preocupadas em dizer o que nao @ 0 que nao the & aplicavel do que em estabelecer umm regime, ainda que supletivo para este contrato™. Este contrato, de natureza associatva, ¢ qualificado como uma sociedade tanto ‘em Franga (associations commerciales en participation - artigos 42 a 45 do Code de Commerce), como na Alemanha (Stile Goselishaft - § 335° a 242° do Handelgesetzbuch) e no Brasil (sociedade conta em participacao - artigos 325° a 328° do Cédigo Comercial) apesar de em todos estes casos ndo the ser reconhecida personalidade jurdica’®, Também entre nés este contrato ja foi incluido no conceito de sociedade, de acordo com 0 Cédigo Comercial de 1833, que nos artigos XLVI a LI regulava as “agsociagdes em conta de particpagao [través da assoclagao em partcipagao estabelece-se uma associacao entre uma pessoa com disponibilidade de meios financelros e uma outra que deles carece para desenvolver determinado tipo de actividade econémica. A primeira, como Contrapartida do capital investido fica a patticipar nos luctos ou nos lucros @ perdas que da actvidade do segundo resultarem, Rall Ventura, Assaciagdo om Partcpacdo-Antoproject, p40. "Em ala nfo & paca asta questo. Ch. Glampadlo Ferra, Associazione i Partcpazione " O argo XLVI do Csigo Comercial de Volga Dio postuava que “as assciagSos am conta do paricnaeso fo verdadetas sciededes marcas: 0 a: al (© associante obtém desta forma os capitais de que carece, sem recurso a0 crédito, € continua a deter a exclusiva direcgao do seu negdcio, © associadlo tentaré obter, através da associago, uma remuneragao para o capital investide superior a outras aplicagbes attemnativas. ‘$80, desta forma elementos essenciais deste contrato a paticipagdo nos lucros @ fo fim comum a ambas as partes™, Em principio havera também uma contribuigao do associado, mas pode ser dispensada desde que fique a partihar as perdas eventuais do negécio do associante (artigo 24? n'2.do DL.n.° 291/81). ‘Apesar de existr um fim comum a ambas 28 partes no hé nem fundo comam nem exercicio em comum de uma actividade. De facto, a contibuigao do associado, quando exist itegra-se no patrimeénio do assaciante, que faz seu 0 objecto de tal contibuigo (quando esta se consubstancie na constuigd0 de umn direto ou na sua transmissao). E, por outro lado, apenas o associante exercerd a actividade & qual a outra parte se associou, gerindo sua empresa em seu nome ‘e por sua conta Nao existe, deste modo, nenhum exercicio em comum de alguma actividade, como ocorre no contrato de sociedade e nos ACE's, nem 2 concertagao de contribuigbes ou actividades, como sucede no contrato de consorcio. O que ha é a associagdo de uma parte com recursos financsiros @ capacidade e vontade para ‘assum iscos & actvidade econémica desenvolvida por outrem, que pode ou nao ser um comerciante, De teferit, contudo que, existom algumas caractersticas comuns entre estes contratos referidos e a associagéo em participagao, nomeadamente o facto de s° = pa sardo com Radi Ventura, ¢ este fim comum que permite dng o contrata de asoiagdo em patispesio de certas modaliades de contals pacdros ~ Ci. Assoeeg8o om Portcpacd - Anioproecto, 94 €95 3 tratarem de contratos associatives. De facto, de acordo com Ral Ventura, que adopta a posigao defendida por parte da doutina italiana, estamos perante um ccontrato de associagao © nao peranle um contrato commutative (ou df scambio), 0 {que 0 aproxima do contrato de sociedade e de consércio™, 2.2. No Direito Comparado 2.2.1. 0 groupement dnterét éconémique do Direito Francés © primeiro pats a institucionalzar por via legal uma figura intermedia entre a Sociedade @ as associagbes fol a Franca, com a criacio em 1967 do groupement dintérét économique (Ordonnance n° 67-821, de 23 de Setembro de 1967 Décret d'Application n° 68-108, de 2 de Fevereiro de 1968)" ‘Teve como finalidade corresponder, a0 termos juridizes, & necessidade sentida plas empresas de cooperarem entre si, colocando varias actividades em comum, ppotenciando por essa via 0 seu desenvolvimento!” Permitia assim uma forma de "i Raul Ventura, Assoiagdo em Parpagdo - Anteprojco,p. 8B. Scbre os contatos de haters asociatva cr. ina Cap. 1,3. "> Sobre esta figura cf, ene utes, Patick Ourand, Le Groupement sintérat Economique en rot international et Compare, p. 53 6; Guy Homans, Los Groupements dint Economique, Jean-Louis Ladomez, Lee Groupements dintérst Ecoremiaue Europdens. Francais et Beles, ‘Yves Guyon, Blan do Doux Annés cApication de VOrsonnance dt 29 seplomtra 1967 sur los Groupomontscnirat Economique - spats Jurkiques, F. Fengh, Ancor su “Les Grovpements tnteet Economique (in Franca e Spagna), p. 423. 8 Georges Coquereau, Aspects Ficaux et Comotaios des Groupements dint Ecanamiaue, p37 656; Mehel Cla e J. Latsch, Esqusse dun Bian Pratique des GroupementsSiiéret Ecanamique, . 45@ sk; cir Jean Guyot, Un Cade Jursigve pour Ia Cooperation dans e Marché Cammum Les GE, paze 2 concentragaio econémica sem pbr em causa a individualidade juriica e econémica dos seus membros. 'A importancia desta figura, no contexto da cooperagao empresaral, 6 significativa, Assim & nela que se vai inspirar o legislador portugués dos agrupamentos ccomplementares de empresas @ 0 legislador comunitario ao rar 0 agrupamento europeu de interesse econémica. © GIE abriu 0 caminho da cooperagae entre ‘empresas de forma insfitucionalizada e fora do quadio societério, tendo alcangado tum notével sucesso no seu pals de origem. (0 GIE vem responder a necessidade sentida pelos empresérios de possuirem um quadto juridico flexivel que thes possbllte realizar acgoes de cooperagao entre empresas, fora do esquema rigido das sociedades comercial @ sem que tenha de ter por fim o lucro,e, dotado de personalidade juriica, (ou seja, nem o esquema secietario nem 0 das associagées, desprovidas de personalidade juridica eram aptas a responder a tas iteresses e necessidades. E © proprio legislador que declara pretender criar uma figura que se situe entre as sociedades e as associagoes! 0 GIE tem sido considerado pela doutrina “uma iha de liberalismo num oceano de rogulamentagdes"™®, uma vez que, por regra, pessoas colectivas tem em grande medida 0 seu regime e funcionamentofixado imperativamente peta le. = Gir Lue Fore Late, Nowes Agropamente de Empresas, 9.18 -Exposio do Governa 80 Presienta Francés 1 of. Yves Guyon, Les Obsiados Jundiques oy Développement des Groupemonts imtrét oonemigua, p.25. No mesmo sentido, Pack Durand, Le Goupement dint Economique en rot international et Compa, p82 afrma que o GE fl saudado aquanco da sa criagBo como “erenascimento da autonomia da vontade, no cotexto de ume logis atiants Neste sentido, as narmas de cardcter imperativo circunscrevem-se ao necessario para assegurar a protecgéo dos dicitos de tercoiros @ dos membros minortaios, E assim que a Ordonnance impde que 0 contrato, que esta na base do GIE, seja reduzido a escrito e registado, oferecendo, desta forma, garantia a teroeiros © facuitando a sua publicidade. (© GIE pode ter ou nao capital social (artigo 2° da Ordonnance), pedendo neste titimo caso também nao ter enlvadas'”®, mas os associados respondem solidaria © limitadamente pelas dividas do agrupamento''. Esta responsabilidade 36 pode ser excluida, pontualmente, por contrato com terceiros, celebrado por escrito, nos termos do artigo 4° da Ordornance. Acresce que os seus administradores, no Embito do objecto do GIE, vinculam-no face @ terceiros. 0 GIE nao tem finalidade lucrativa, ou seja, ndo se constitui para obter lucros para i préprio a fim de 0s repartr pelos seus membros, conforme est consagrado no atigo 2° da Ordonnance. Esta é uma das caracteristcas que permite distinguilo das sociedades. Contudo nao esta proibido de distibuir aos associados os lucros que eventualmente possa ter obtido Quanto 20 objecto, 0 GIE, de acordo com o artigo 1° da Ordonnance, é constituido para faciitar ou desenvolver a actividade econémica dos seus membros © melhorar ou acrescer os resultados dessa actividade. [A sua constituigao & livre, no estando dependente de quaisquer autorizagses administativas, podendo ser celebrado por pessoas singulares ou colectivas, por sociedades civis, cooperativas, assoclagbes, entes plblicos, ete., de acordo com o Gir Jacques Delmas, Un Cadre Jutaque Neuveau pour la Coopérston InfrEntepises: Le IE,» 520. he Afandari © Mee Jeantin, Soists Chiles, Associations of Ours Groupement, PO artigo 1° da Ordonnance. & sua natureza sera civil ou comercial, dependendo do seu object, 1 Por outro Jado, 0 regime juridico, que the corresponde, € constituido fundamentalmente por normas supletivas, deixando & lberdade das partes um grande espago de conformagio do GIE, de acordo com as suas necessidades © ineresses préprios. Assim, a sua organizacao intema sera estabelecida pelo contrato celebrado entre as partes. Nao € também alheio ao sucesso dos GIE 0 facto da sua criagdo ter sido ‘acompantiada do estabelecimento de um regime fiscal favordvel. De facto, a Ordonnance estipula que esta figura & dotada de transparéncia fiscal, 0 que significa que nao ¢ tributada em si mesma, mas que os hier, que eventualmente venha a obter, sero tributados nos seus membros, evtando a dupla tributagao. No que diz respeito ao confronto desta figura com 0 contrato de consércio, Femetemos para as consideragbes produzidas a propésito dos agrupamentos complementares de empresas, uma vez que se trata agora de uma figura paralela, 2.2.2. O consorzi do Direit Italiano Em Italia existe um contrato homénimo do reguiado no nosso DL n° 234/81, cuja liscipina Juridica consta dos artigos 2602° a 2620° do Codie Civile. O regime do consorzi esta sistematicamente inserido no Titulo X do Livio V, ttulo esse que & relative & “diseptina da concorréncia e do consérco’. 9s CC >= | j | Este facto revela ja a origem deste contrato na Lei Italiana: comegou por ser uma figura integrada no Diceito da Concorténcia, tendo sido concebido coma um instrumento para a regulagao da concorréncia entre empresas” De acordo com 0 artigo 2602, 0 consorzi era um contrato celebrado entre varios fempresérios exercendo a mesma actividade econémica ou actividades ‘econémicas conexas, tendo por objecto a discipina das respectivas actividades mediante a eriagéo de uma organizagao comum. Constituia uma figura préxima do cartel, podendo seu objecto versar sobre fragao de precos, repartigfo de mercados, standardizagao de produtos, contingentagao de mercados, etc.. Era celebrado entre empresas independentes, ‘umas das outras, quer juridica quer economicamente, ou seja, sem qualquer tipo de subordinagao. A principal nota de distingdo entre © consorz, assim definido, @ © cartel residia no facto de aquele exigir uma organizagao, algo que o cartel desconhece. ‘Ainda antes das importantes alteragies legislaivas introduzidas em 1976, ja se discutia na douttina a questao de saber se 0 consorzi apenas poderia ter como finalidade a restrigdo da concorténcia entre os seus membros ou se poderia servit de instrumento juridico de cooperagao entre empresas operando em distintos dominios!” FF ch Gusoppe Fer, w “Consorak’, p. 371 @ ss; Glamantono Gugleimet, v. “Consort Industri, . 260 ¢ +8, Gustavo Miner, Concorenza o Consort Ernesto Semoneto, onsora- Prin’ gppunt sls Lagge 10 mogio 1976, n° 277, p, 78S ess, Lorenzo de Angels, Appunt sla FRosponsabita Patimonisle nei Consol con Atiité Estoma, p, 1863; Ral Ventura, Prmtas as... 9.6090 85 ° pscarl, Ault Miners, Gugleimet defendiam que a causa-checo co consi ea 120-88 sa cisopna da concorncia ente as partes do canal, Por seu tr Franceschel, or exemple, Gelenclao alargarenin dessa causa objeto aout tipo de artes entre empresas FC Com a Lei n? 377, de 10 de Maio de 1978, alcancaria consagragao legislativa a tese dos que defendiam uma interpretagao extensiva da definicao legal do consorzi De facto, este diploma legal veio alterar diversos artigos do Cédigo Civil Italiano relatives ao consércio @ entre outros modifica a redaczto do artigo 2602", que contém nordo de consorzi, ampliando as fungbes que a partir dai © mesmo poderia desempenhar. Desaparece a referencia & regulagio da concorréncia bem como a exigéncia de ser celebrado entre empresas que exercessem a mesma ou actvidade conexa. De ‘acordo com @ nova redacga0, pelo contrato de consori, “varios empresarios instituem uma organizagao comum para a disciplina ou desenvolvimento de detorminada fase das respectivas empresas Deste modo 0 consorzi implica a criagae de uma organizagao comum entre os ‘empresérios com vista a prosseguir os fins por eles defnidos, que podem também incluir a regulagéio da concorréncia, mas sobretudo visam permitir que os cempresérios possam acordar exercer, de forma conjunta, parte da actividade que ‘desenvolven™. ‘Ao tefetr que deve ser relatvo a determinada fase da empresa de cada um dos partcipantes no consorzi, legsladorteré querdo realgar que nao é necessério disciplinar em conjunto toda a actividade das empresas envolvidas, mas basta que sejarelativa a determinada fase em que essa actvidade possa ser decomposta'™. De acordo com a nova redacgie do artigo 2602°, com 0 contrato de consorzi ‘constitu-se uma empresa, uma organizagao comum, que iré desenvolver de forma "Tete ssonime, La Nowva Dseipna dei Consort p 7298 5, ‘7 of. Francesco Galano, Le Fas de’merasa" nel Consort imprendop. 1 38 "Gf. Glannantonio Gugleimei, Censor © Soclertd Consarif, . 488 « ss: Glovanna Volpe Putzlu, Conse ra imeendton Cconjunta determinadas operagses em que se decomponha a actividade ‘empresarial dos consorciados’”. (© consorzi no tem como finalidade a obtencao de lucro a ser repartido pelos seus membros, mas sim conseguir que as empresas integrantes obtenham uma vantagem econémica decotrente de uma diminuigao dos seus custos de produgao ‘ou de uma elevagae dos pregos praticados. A vantagem patrimonial 6 obtida directamente pelas empresas consorciadas, Um outro aspecto inovador da Lei n° 377, de 10 de Maio de 1976, que importa Teferir,€ 0 do regime da responsabilidade pelas obrigagbes assumidas em nome do consorzi. De acordo com o regime anterior, a responsabilidade recaia sobre 0 fundo do consércio fondo consort) e sobre 08 que haviam agido em nome do ‘consorzi,respondendo estes de forma soldériae iliitada. ‘A nova Lei, no artiga 2615°, estabelece agora a responsabilidade exclusiva do fondo consort, sendo os consorciados isentos de qualquer responsabilidade, tal como se procede nas sociedades de responsabilidade limitada, Sofre assim um rude golpe a garantia que os terceires possuiam, dado que a fundo do consorzi pode nao ser elevado, 0 seu controle nao @ satisfatério pode até nao exist. 7 Fgura que por vezes ¢associada a0 Consozié a Assocazion!Temporanew di Impese. Prem, fenquanto © consorzi representa a ctagS0 de uma organize com carter duradour, associezionitomporanse d imprese consagra ura colaboragko ente empresas para a realizay3o de um treo negécie, tendo desta forma um carder efémero. Contes, ndo 6 pode exci & hipotese de consort servi de forma urea @ uma assaciazion famporaren \imprese, quando ‘obra a realizar soja do grande complecdade. Sobre as associazio temporenee dl iorese, Ci: Dansle Bonvcn, Assoianion!Temporanae ol! Inprese, Gian Aber Ferret, Lo “Assoriazkn\ Temporanee di Emprse’ p, 949 © s, Angelo De Marin, Asscizion Tenperanee ol Emorese per Esecusione dl Opere Pubbiche 12. ™ 0 ago 2614" prevé a constiuigo de um fund comum, que const um patrinénio auténom, sem que soja detinido um montane minime, Este fundo ¢ inlanglvel anda que se rovele excessive, Deve sar elactuado um blango paride @ depesiado no rest 98 ‘A limitagao de responsabiliade dos consorciados pode resultar em desfavor deles mesmos, pela dficuldade em oferecer garantia suficiente aos terceiros com quem contratam, © que podera ser especialmente sentido no recurso ao crédito. De acordo com a Lei tana, © consorzi pode ter ou nao actividade externa, Serdio ‘considerades consorzi com actvidade externa aqueles que, enquanto tais, entram ‘em relagao com terceires; 0s consorzi sem actividade extema nao se revelam a terceios. Na primeira modalidade os consorciados nao se apresentam indWidualmente, mas através da organizagao comum, O artigo 2645°-ter, também introduzide pelo referido diploma de 1976, velo alargar ‘as causas do conceito de sociedade, De facto o novo preceito dispoe que determinadas sociedades (as reguladas no Capitulo ll e seguintes do Livro V) podem ter por objecto social 0 escopo indicado no artigo 2602° do Cédigo Civil ‘Assim, excluindo as sociedades cooperativas @ as sociedades simples", qualquer sociedade pode constiuir-se para prosseguir os fins do consorzi - sao as chamadas societé consort (© que quer dizer que uma organizagao, cu fim principal era a obtengdo do lucro a fim de ser repartide pelos sécios, também pode assumir a finalidade do Cconsércio, ou seja uma finalidade nao lucrativa, 1 Esa amagio nto &undnime, Ha quem entenda qu também estas pedem tr @ alias do conaorele, Cf. Aesonime, La Nowa Disopin doi Censor, p. 724 e Giannartvie Guglekett CConsorzia soca consrtle,n®S "A Lei de 5 de Dezembro de 1978, n° 727, chama socilé corset a eocedades constuldas como fim de faitar¢ sneamenta nance das arpress, mas nada ema ver com 0 consol (hr. Ral Vania, Prmavas Notas. p. 617. 9 ee Desta breve andlise do regime juridico do consorzi pode concur-se que estamos perante uma figura que apresenta substanciais diferengas em relagao ao contrato portugues com o mesmo nome, De facto, corresponderd mais faciimente ao nosso ACE do que a0 regime da primeira parte do DL.n? 231/81 ‘Assim, © consorzi d& origem @ uma organizaao comum, criada pelos seus membros, para colocarem em comum uma ou mais fases dos respectivos ciclos produtivos, Os contraentes vao exercer em comum uma determinada actvidade, de que so ao mesmo tempo os primeiros destinalérios. Tém como finalidade, através de economias de escala, obter determinados bens a custos inferiores aos {que conseguiriam se cada empresa actuasse isoladamente, 1a, no contrato de consércio, pode nao haver qualquer organizago comum e, quando existe, destina-se a efectuar a coordenac3o das actividades @ contribuigses de cada um dos membros @ nao a executar tatefas que se colocaram em comum, pols nao ha exercicio de em comum de determinada actividade, mas sim concertagao de actividades, (Ora, nos Agrupamentos Complementares de Empresas ¢ que se veriica esse , pelo que esta figura portuguesa esté bem mais proxima do consorzi que 0 nosso contvalo de consérco! "oh Supra 22.13. "po explcaro& metves da ateragao legilatva italiana, em repo & dstipina do consorz Giovanna Volpe Putzcu, !Consor2 per Coorinamento della Procuzione e deal Scambl, p. 324 nota 25, rfere que of mesmes metwas condutam em Franga, 8 caro os greupoments intérét 6conomigue, em Espanna @ lel sobre uniones y assocaciones de empresas, ¢, em Portugal, & lel sotre os agrupementos compleentares de emgresas. No mesmo seride, Jose ‘Anténo Pinto Ribeiro Rui Pinto Duarte, Dos Agrupamentos Complementres de Empresas. 14 ‘02 ere o consorz como uma forma de darresposta aos mesos neresses a eo ACE via @ er 100 '— ee Nao obstante, trater-se, nos dois casos, de contratos que estabelecem a ‘cooperagso entre empresas, sem possuirem 0 escopo de obtengao do luero a fim de ser tepartdo pelos seus mombros. 2.23. A partnership do Direito Inglés © Direito Inglés possui uma figura de origem jurisprudencial proxima das sociedades de pessoas continentais que € a partnership, regulado desde 1890 pelo Partnership Act", que 0 define como “the relation which subsists between ‘persons carring on a business in common with a view of profit™™ ‘Assim, ndo se trata propriamente de um contrato, mas das relagses que existom entre varias pessoas, apesar de as mesmas terem como origem um determinado contrato, pelo que no carece de forma especial, podendo até resuitar implictamente do comportamento dos seus membros. Estes podem sar pessoas singulares ou colectivas, de acordo com a entendimento mais recente". 0 seu | jobjecto pode ser qualquer tipa de negocio ou profissao, de cardcter duradouro ou | ® Gh. Unda, Partnership Law (Scamel; Arthur Undethil, Pines ofthe Law of Partnership Reed Rowley, Rey on Parnership- yo: Michel Duiesen, Los Goupements SEnreprises pour Jos Marchés intrnationaux, p. 167 «88, Vale Simonet, CAssecaion Momentande, p. 162 #33 i Jot Trevor Brow, ftoratons Joint Ventures Contacts in English Las, p. 201 € ss. De aco i ‘com um proceso tice ango-saxcnico, este Partnership Act vei soda uma sie de ‘ogra apuradas pels trun 20 ongo de tos anos, especimante durante 08 suis XVI e xn "Ha do's pos de partnrship- 2 onary partnership, equa plo reterido Patnashi Act de 1890 @ a5 lite parershp, syelas a0 Lined Partnership Act ds 1907. A pra coresponde, rosso modo, 8s socledades em nome oxlectvo © a segunda as seciedades em comandka - ch. Fiommel, Le Drot Anglais des Sociiés ot son Adaptation au Dra des Communauté Ewrponnes, p13, No nosso esto nteresea-nos apenas a primeira modded, De corde com a Inorvetatin Act de 1978 - ct. John Trevor Brown, international Joint Ventures Contacts in English aw. 208, ro uma 56 operagao, mas exercido "em comum’, isto €, por conta de todos e com finaidade lucrative” E uma sociedade sem personalidade juridica que no pode ter mais de 20 membros, 08 quais com grande liberdade podem determinar a organizacao que pretendem construit. A partnership est, em principio, sujita a registo, De acordo com © regime da partnership , cada sécio pode vinculéla face a teroeiros, nas matérias que tenham a ver com o objecto do mesmo (usual way business). Vincular a partnership quer dizer vincuiar os restantes associados dada a auséncia de personaldade juridica daquela. (0s seus membros podem limitar os poderes de vinculagao de qualquer um de centre oles, mas essa limitagao de poderes, que o acto constiutivo eventualmente contenha, nao 6 oponivel a terceros, salvo se estes dela tiverem conhecimento, Desde que a partnership esteja vinculada face a terceiros, a responsabilidade dos sécios & solidéria entre si. O credor $6 poderé ou propor acgao conta a partnership em conjunto ou contra todos 08 sécios separadamente, Mas uma vez ‘que intente acgo contra um partner ja no pode intentar contra 08 outros. Ando ser que 0s membros da partnership decidam que a sua responsabilidade ¢ joint and several, caso em que 0 ctedor pode exercer varias aogbes contra cada partner separada e sucessivamente. (© acordo de uma partnership implica a existéncia, entre os seus membro de uma luberrima fides, © que exige que os sécios comuniquem entre si todas as @ ppeaar Ge aura contovérsia na doutina © prispdéncis, pode-se stvmar que para preencher este requsto ndo & nacessrio que o Wr se preie apurado © depois repario, ‘asmitindo-se antes que possam se epatisasrecaas bras, cabendo a cada membro apurar © seu leo. Jonn Trevor Brown, Inerntona Joint Vetus Contacts io Eogish Law, p. 205 © LUnaey Parrerehp Law (Seamel), 9.13. 102 | cpragen elas area servos don sun Bond se nome | © canals pte se aera ci ocotentinento uni de aon om seus menos 6, em ppl, ada un tm Geto pate nos heros gual aa paripagto nas prs, Todos sun macs tm do de parr na desio da patrersip,entoa se eye a eneege da gsto a um dos recs oa wc, Nao € necessétia a existéncia de capital social, mas se o howver, os lucros & perdas serio dividides de acordo com a participagsio nesso capital. Podem exis duas categorias de sécios: uns com responsabilidade limitada e outros com responsabilidade iimitada, ‘As causas de dissolugéo da partnership S80 semelhantes as das sociedades, seguindo-se a liquidacao e parttha do lucro existente, Ha diferengas importantes entre esta figura inglesa @ o contrato de consércio, tal como este 6 regulado pelo DL n° 231/81, apesar de em ambos ser possivel a repartigao dos ganhos brutos decorrentes do negécio exercido pelas partes, @ de ‘nao possulrem personalidade juridica, o que de certa forma os aproxima. A principal diferenga reside no facto de a partnership pressupor 0 exercicio om comum de uma determinada actividade econémica, © que permite qualificéla ‘como uma sociedade, caracterstca esta ausente do contralo de consércio, como ja viros. 103 SO |A exploragao de um business requer, de facto, 0 exercicio efectiva de uma doterminada actividade econémica, definida como fornecimento de bens ou servigos"*’. O mesmo nao sucede em alguns tipes de conséreios, como por ‘exemplo aqueles que se constituem com um cardcter preparatéro. Acresce que o proprio regime de responsabilidade face a terceiros ¢ inspirado em prine/pios muito diferentes nas duas figuras. 2.2.4. Os agrupamentos de inferesse econdmico do Direito Espanhol No émbito do Direito Espanhol existem as agrupaciones do interés econdmico’™ em parte decorrentes da adaptagao do Regulamento (CEE) 2137/85, de 25 de Julho de 1988. Para além dos objectives de desenvolimento econémico ao nivel do espace comunitério que conduziu & aprovagéo do Regulamento que insttuiu 0 AEIE, ‘existe também iguals necessidades ao nivel de cada pals. Em Espanha havia uma velha figura de associagéo enire empresas que era a agrupacion de empresas, regulada primeiro pela Lei 196/1963, de 28 de Dezembro, © depois pela Lei 18/1982, de 26 de Malo. Contudo, tal figura fo! considerada obsoleta © desadaquada as novas circunstancias em que as ‘empresas se movimentavam, quer pelos empresarios™ quer pelo legislador', Gi anmur Under, Princes ofthe Law of Pottrship, 6; Jon Trevor Brown, Intemational Jot Vanures Contracts in Engish Law, 9,203 e Valarie Smonsrt, Assocation Momentanée,p 463, "cf, Juan, Gane Pera, La Agrpacion de ters Econtmico , $13.8. ‘Gk. Francesco Fenghi. Ancor su ‘Les Groupements dintrst Economiane’ (in Francia @ ‘Spagna, p. 423 e ss. onde #2 faz ume breve comparagio ante o sucesso que na ata 8 redeava 0 GIE anois com oaparente acess do caso espanhot 104 pelo que este decidiu substitutla pela agrupacién de interés econdmico, dotada de um regime mais aberto e completo. ‘Smultaneamente, procedeu a recepeao no Direto Espanhol do Regulamento CEE no 2137/85, que institu 0 AEIE, regulando a nova Lei, de forma conjunta € homogénea o agrupamento espanhol e © europeu, este citimo no Ambito que o Regulamento deixa ao crtério de cada Estado-Membro. De qualquer modo, apesar de se tratar de figuras muito préximas, paralelas no fessencial, que recebendo um tratamento que em parte é unitrio, ha algumas diferengas entre o regime de uma e outra E 0 que se pode constatar, por exempio, quer quanto aos daos dos dois ‘agrupamentos, quer quanto aos votos atribuidos a cada membro, quer ainda quanto & maior exigida para deliberar acerca de determinadas matérias (regime que a agrupacién de interés econémico deixa ao crtério das partes, expresso no contrate, a0 contrétio do regime do agrupamento europeu do interesse lecondmico) De refer, por fim, que enquanto o AEIE segue o modelo francés, que se configura como um esquema afastado de qualquer regime societivio, 0 regime da Lei Espanhola assenta no tipo de socledade colectiva e incorpora normas essenciais da sociedade anénima'™ * © predmbulo da Let 1211861, de 28 de Abr, rove que a Agrupactn de trierés Eoondmica ene a susitur 2 a vija figure de ls Agrupactones de Empresas reguedas primero por 1 Loy 196/1963, de 28 de diciembre, y ms recentomente por la Ley 18/1982, de 26 de mayo, cuyo ‘régimen sustantvo, parco y estecho, no estaba ya en condiciones de encauzar la crsciente ecesised do cooperacion ilorempresaral que imponen las nuaves cteunslancia do! mercado, ‘especicnente ene la prespectiva de (a inogracion europea” ™ Neste sentido, Luis Cares Betran, Responsabiltad de fos Sots y de las Adminstracores en 1s Agepacion oo ltoris Eoondmio, 489 105 cn nennn 2.3. No Direito Comunitério 2.31. O agrupamento europeu de intorosse econdmico (AEIE) Com a finalidade de instiuir um mecanismo de cooperagsio comum a todo o espago comunitéri, foi aprovado o Regulamento (CEE) n° 2137/85, de 25 de Julno de 1985, publicado no Jomal Oficial das Comunidades Econémicas Europelas n° L 199, de 31 de Julho de 1985. Através dele se introduziu no ‘ordenamento jurldico da Uniao Europeia a primeira entidade juridica criada ao abrigo dos seus tratados: o agrupamento europeu de interesse econémico (ate) Este Regulamento entraria em vigor nos paises membros da Comunidade em 3 de ‘Agosto de 1985, e em Portugal no dia 1 de Janeiro de 1986. Contudo, de acordo ‘com © préprio Regulamento, os primeltos AEIE s6 poderiam ser reconhecidos a partir de 1 de Julho de 1989 (artigo 43° do Regulamento). © primeiro anteprojecto destinado a insttuir um groupement européen de coopération, da autoiia da Comissae Europeia, j4 havia sido publicado em 29 de Outubro de 1971; em 21 de Dezembro de 1973, a Comissao apresenta um projecto definitive de regulamento ao Consetho das Comunidades Europeias, 75 Ge Jean Giyénot Le Vocation Eurepéonne des Groupements dntéét Eacnomique comme Instuments de Coopértion dEntepnses dane le Marché Commu, p. 261 ess; Jean Guyéne, Un Cae Jurkque pour a Coapératon dons le Marché Commu, p. 422 es; Annick Pétlaud, La Construction de fa Communauté Exrapeenne ot 18 Goupement Européen de nteet Economaue (GEIE), p. 181 € 85; Séverine Jae, Une Avancée di Droit Communeutare: Le Grovpement Ewopéenn diner Economique (GEIE),p. 645 ess, Mata Angela Cosh, Agumas Notas sobre do Ceu Athayde do Tavares, O ‘2 AgrupamentoEvrozou de Ifresse Econdmico (AE LE); Ma ‘Agruparento Europeu de iteresse Ecandmca . 181 © ss. 106 proposta essa que viia a ser publicada no Jomal Oficial, em 15 de Fevereiro de 41074, Em 11 de Julho de 1977, 0 Parlamento Europeu aprova uma resolugso que introduz, algumas alteragées, para finalmente ser aprovado 0 Regulamento n® 2187/85, em 25 de Julho de 1985, O texto a que se chegou tem, assim, um cardcter marcadamente compromissévio, recorrendo com frequéncia & interven¢ao do diteto interno de cada estado: membro @ tendo sofrido sucessivas alteragdes no decurso do seu longo processo e elaboragao e aprovagao. Esta figura do Direito Comunitrio foi inspirado no groupement dintérat économique do Direto Francés, criada pela Ordonnance n° 67.821 de 1967". €, sta forma, também préxima do nosso agrupamento complementar de empresas, cuja inspiragao, como vimos, 6 a mesma. ‘A ctiagao do AEIE teve como fnalidade estabelecer uma base juridica comum a todos os palses comunitarios, permitindo a cooperag4o no desenvolvimento das ‘actividades econdmicas das empresas de mais de um Estado memibro, sem p&r ‘em causa a autonomia juridica de cada uma, ‘Uma das preocupagdes do legislador comunitaro fol a de separar com clareza as ‘Aguas entre 0 agrupamento © as sociedades, evitando assim as dividas que ‘eventuaimente se poderdo levantar quanto a0 GIE e a0 ACE". E assim que, por ‘exemplo, se proibe que o AEIE tenha por fim a obtenc8o do lucro, a0 passo que ho ACE se permite ta fnalidade se for acesséria, Por outro lado 0 AEIE nao pode recorrer a subscrigéo publica, enquanto o regime do ACE possiblita © langamento de empréstimos obrigacionistas Won supra224 " Maria Angels Cooto, lgumas Notas sobre 0 Agrpamento Eupeu de Intrasse Ecandmico aeie) 107 © legistador europeu entendeu também estender © AEIE as actividades de profissionais liberais, actividades que se encontram fora das consideradas entre 1iés com cardcter comercial, ao mesmo tempo que acentua a necessidade de exist um animus cooperanci © impoe que a actividade do agrupamento se cconexione com as dos seus membros, 0 que nao aparece no GIE e nem no ACE. Com este aspecto inovador toma-se possivel a associagao nao sé entre empresas ‘mas também entre profissionais liberals e de uma forma geral entre todos os prestadores de servigos. Aids, o regime deste agrupamento é bastante aberto em relagdo & determinagao dos seus sujetos, admitindo até que possa ser eriado entre entidades publicas, organismos clentiices, entre outros, De facto, de acordo com o artigo 2° do Regulamento, a acividade a desenvolver pelo agrupamento deve estar lgada a actividade econémica dos seus membros, Constituindo um complemento desta, revestindo-se assim do um cardcter auxiliary. Esta caracteristica nao esté explcitada no regime do ACE, mas vern clarficar a relagao que deve existr entre a actvidade do agrupamento @ a actividade dos seus membros, © AEIE no pode ter por finaidade a obtengao de lucros a fim de os repart, considerando © Regulamento que os lucros que eventualmente obtenha serao considerados Iuotos dos seus membros, gozando assim do regime de transparéncia fiscal. De acordo com 0 artigo 24° do Regulamento, os memlras do AEIE sao solksaria e ilimitadamente responsaveis pelas divides do agrupamento, o que se compreende '5e se pensar que nao existe capital social Esta responsabilidade @ subsidiaria em relag80 ao agrupamento uma vez que os credores deverao em primeiro lugar cexigir 0 pagamento a0 AEIE, tos ‘Uma questao que foi deixada para resolugdo pelas legislagdes de cada estado- membre foi a aibuigso ou no de personalidade Juridica aos agrupamentos europeus. Entre nés, por vitude do disposto no artigo 1° do DL n.* 148/90, de 9 de Maio, é reconhecida personalidade juriica a0 AEIE, a partir da inscrigao defiitwa dda sua constituigao,no registo comercial ‘Mas apesar do Regulamento no atrbuir directamente personalidade juridica ao ‘agrupamento, por impossiblidade de acordo entre os Eslados membros quanto a este ponto™, a verdade € que o legislador europeu the confere uma ampla ceapacidade juridica @ judiciria!™, * ja Alemanna, are se reconhecer@exténca de uma pessoa moral, exigese qu o organise ‘er causa prossiga uma via independent dos seus membros, o quero caso de AEIE no sucede i ct, Mara Ange Cosa, Alpunos Netas sobre © Agrapamento Ewepeu do Iforsso Eonémico (ABLE) "fim de completa dar execusto ao Requlamento Comune, bom como adaplaro ragine do AEIE 20 dreto nacional, orm pubicades os Decrelbs Les n* 148160, de 9 de Maio e 181, de 5 de Jans. De corto com diploma de 1890, © AEIE poze entre née de pxsenaldade urea, park da sua nscripio detva da evs contigo no regio comer - rbgo 12, O contato esta suet a forma esata - artigo 2° - 20 contaio do etabeleco para os ACE's, © 0 sou carter comercial ou chit dependera do objcto que possua, send carte que, se var po: fim a rica de actos de comico, serd considrade comerciante - ago 3° Destaque anda para o facto do, ente ouras disposes, este diploma permite a translomagio de um ACE em AEIE © vice-erse, desde que astajam satfetos os roquieos de irae outa gua - argo 1, Aeresee ‘ue © regime cupletvo sera consituldo peas nornas estabelecdas na let pouguesa para os aces ‘Quarto 0 cpl de 1801, visa eetabeleer 0 regime sanclonaro relavo ao nde cunprimenta fe vrioe diposigies do Regulamento a par de ouasj contidas no Casio de Regsto Comercial (nomeadamente nos argos 17 @ 71"). 109 Ee BO Ill - ALGUNS ASPECTOS DO REGIME JURIDICO DO CONTRATO DE CONSORCIO Em Portugal, a cooperacao temporéria e lmitada entre empresas esta regulada nos artigos 1° a 20° do DL n* 231/81. Interessa, neste momento, analisar alguns elementos deste regime juridico, na perspectiva de melhor defi 0s seus contomos @ ver como se situa face a0 ordenamento juridico portugues. lremos, assim, examinar a questao da auséncia de personalidade juridica do contrato de consércio @ as consequéncias que dal advém, Importa também ver quais as madalidades de consércio, de acordo com a lel, determinando © seu regime juridico. De seguida, veremos como se organiza intemamente 0 contrato de consércio e abordaremos 2 questao da possivildade desta figura poder ter ou N80 lueros. Por iitime, cabe-nos examinar o regime da responsabilidade do consércio face a terceiros, 1. Auséncia de personalidade juridica do consércio 1.1. A personalidade jurie ‘Ter personalidade juridica ¢ ser sujeto de diretos @ de obrigagoes, ¢ constitur “um contro de imputagéo de poderes @ deveres juridcos’, & “ser centro de uma esfera Juridica". De acordo com o artigo 68° do Cédigo Civil, a personalidade Juridica das pessoas singulares adquire-se "no momento do nascimento completo ota Prt, Teoria Geraldo Dieto Cl p84 ho © com vida’, pelo que a todos os seres humanos é reconhecida esta aptidao para ser sujeito de direitos e deveres, ‘Aleinao limita, contudo, a personalidade juridica as pessoas singulares ou fisicas, mas reconhece em cerlos casos personalidade Juridica a determinadas ‘organizagbes constituidas por um agrupamento de pessoas ou por um complexo patrimonial, tendo em vista a prossecugso de interesses comuns determinados. A lei admite 2 criagao de centros auténomos de relagbes juridicas de forma a possibiitar a melhor realizacio desses interesses comuns, de cardcter duradouro. ‘S80 as chamadas pessoas colecvas.'™* (Ora, a questio que aqui se levanta é justamente a de saber se 0 consércio tem ou ‘do personalidade juridica, se constitul ou nao um centro auténome de direitos € deveres, se € ou nao um sujeto de diets, distinto dos seus membros. Desde jé podemos atfirmar que a opinido maioritaria val no sentido de considerar o cconsércio como uma figura juricica de base meramente contratual, nao dotada de personalidade juridica, Neste sentido se pronunciam Raul Ventura", Oliveira Ascensao™, Pinto Furtado™ e Luis Ferreira Leite™. Em sentido, oposto Manuel Pita, que tende a reconhecer personalidade juridica a0 contrato de consércio™ No direto comparado verfica-se igualmente que as figuras correspondentes a0 contrato de consércio também nao & reconhecida personalidade jutdica. Eo que ‘sucede com 0s groupements centreprises franceses™, com as associations "cH Manvel de Andrade, Teoria Geral do Rap to Jule, vob. Ch Primeiras Notas... 651 © 678 2° Gf, Dreto Comer vol |p 936. Ch Curso de Droio das Sociedade, p51 0s8 of: Neves Agrupamentos de Empresas. 43 Ch Contato de Conséro- Notas # Comentiros, p. 225. Che M.A. Flanme, Les Asscciatens Momantanées et Groupementsc'Enreprises, p. 206 e s5€ Danio Borvcin Les one Ventures" Ténica Gncwo Pass! Socetna , 144 mu ‘momentanées belgas®®, com as unicorporated joint ventures norte-americanas™*, com @ BGB Gesallschaft alema®", com a sociedade simples sulga™, com as Luniones temporales de empresas espanholas™® @ com 0 contrato de consércio regulado na Le Brasileira?” 1.2. 0 contrato de consércio © regime do contrato de consércio, insituide pelo DL n® 231/81, veio dotar o rosso ordenamento juridico de um instrumento de cooperagio ou colaboracao ‘temporaria @ limitada entre agentes econémicos, maxime, entre empresas, como 8 vimes no Capitulo |. Vimos também que foi propésito da lei evitar que agrupamentos constituides com este fim fossem qualificados como sociedades irregulares, como o préprio predimbulo do diploma legal refer A ideia que atravessa o articulado lagal é sempre a de eriar um regime flexivel {que as partes possam adaplar aos seus inleresses especifcos, que nao seja pesada, nem demasiado institucional ¢ que garanta uma efectiva colaboraeao ‘entre as partes sem pdr em causa a sua aulonomia econdmica e a sua 5 Gk Valerie Simona“ Asselovon Momantanée, p. 22 © ss; MA. Flame, Las Associations Momentandes at Groupoments Entreprise’, p. 281 © ss; JeanAlber Boon, "Probiémes Jursiques Soulevés parla Concusion de Consoiums ntematonau,p.373 058. Che Daniele Bonvicn, Les “Joint Ventures Técica Giurcica e Pras! Soci, p. 144. ss. ‘Aviano Propers, Le Joint Ventures, p.27 8s. ctr, Cnratan Mulle-Gugenberger, rinepas «Organization dela Coopération Entreprises en Dra Aleman, p. 475 © 8; Valerie Simona, {Associaton Momentande, p, 180s. Ct Nichol Dubisson, Les Groupamens Entreprises pour les Marché Intemationaur, p. 171 8, Alan Propesi, Le Joint Ventas, p. 38 05s. > ctr. Adolfo Ruz Velasco, Manual de Derecho Mercant 381 ess 2 Gf, Liz Olavo Baptist, Grupos ¢ Consens, 285 @ Raul Venue, Pralas Notas... S10 independéncia jurdica, Estabelece-se, de facto, uma minima vinculagao entre as partes. E clara a intengéo legislativa de afastar o consércio dos entos personalizados, tanto mais que, recorde-se, uma figura préxima do contrato de consércio & 0 ACE, dotado de personalidade juridica e cujo fraco resultado poderd ter sido um dos motivos que conduziu a aprovagae do DL.n.* 231/817" Acresce que, normalmente, quando as partes optam por celebrar um contrato de consércio, em vez de escolherem 0 contrato de sociedade ou eventualmente ‘optarem pela criagao de um ACE, revelam querer afastarse de regimes legais que conferem maior estabidade © so mais estruturados, preferindo uma soluca0 mais “levee lexivel, menos formal einstituclonalizadora®™ (Ora, um dos elementos necessérios para exist o substrata sobre 0 qual podera assentar a personalidade jurdica ¢, de acordo com a doutrina, a existéncia de um intutus personificand?™. Esta vontade de instituir um novo ente juridico, diverso da pessoa dos associados, ¢ um dos elementos integrantes do substrato e, sem substrato, nao existe a realdade fdctica necessétia para que possa haver 0 reconhecimento. Outro requisito necessario a0 substrato, € a existéncia de uma determinada ‘organizagao pois, sem ela, a nova pessoa juridica nao pode ter existéncia no mundo juridico. $80 08 érg80s que formam a vontade da nova entidade © ‘Vor. nese solo, Olvera Ascanst, Deo Comercial al p. 332. Recenhoce-s, contudo, ‘que a fraldade de uma eotea tgua ta diversas, Ch, supra Cap. 21.3. pinda antes da enrada em vigor do OL n* 231/61, jf slguns autores datendlam a no personalizasto dos agrusamentas de empresas constulds para ns de cooperazao temporaria & Fide enre empresas, Nese seni, ck: Armindo Riseto Mendes © José Artinio Velzo, CConsoisos intemacionais,p. 157. 2 Gr, Manel de Andrade, Teoria Gera! da Relaggo Jueca, vl | p. 61 « Mota Pinto, Teoria Geraldo Dito Gi, 9.274 113 permitem executar essa mesma vontade, pelo que sem eles nao esto reunidas as ‘condigdes para a existéncia de uma personalidade colectva Contudo, de acordo com 0 nosso regime legal, 0 consércio pode nao ter quaisquer ‘rg8os. De facto, ao longo do artculado legal refere-se apenas a existéncia de dois 61gas (© conselho de orientagSo @ fiscalizagao, e, 0 chefe do consércio), mas apenas relativamente aos cons6rcios externos. Acresce que um deles, 0 primelr, tem um cardcter meramente opcional, nos termos do artigo 7° n 1. E evidente que, de acordo com o artigo 4°, as partes podem prever a criagao dos 6rgdos que entenderem, mas 0 desenho legal admite a existéncia de consércios ‘sem quaisquer 6980s, se se tratar de um conséreio interno. Nos consércios externos, a lei impoe que seja escolhido, de entre os seus membres, um “chefe do conséreio", de acordo com o artigo 12°. Contudo, nas relagses extemas, ele 86 actua por procuragtio, nos termos do artigo 14° n° 1, pelo que agiré como representante dos membros do consércio que the confirm procuragao ¢ néo como érgac™. [Nao 6, desta forma, possivel a aribuigao de personalidade juridica a uma entidade desprovida de érgaos, 0 que sucede em algumas das modalidades do contrato de cconsércio. Se a lei entendesse atribuir personalidade juridica ao consércio, teria de tornar imperatva a existéncia de érgaos deliberativos © executives, em todas ‘as modalidades de consorcio, Ineressa, agora, ainda que de forma sucinta, analisar outras disposigdes legais| ‘que, de forma também clara, manifestam 0 intuito de que o contrato de consércio rao dé origem a uma nova pessoa juridica ‘Gr Olvera Ascenso, Divito Comercial vo. 335. M4 1.3. 0 regime do DL.n.* 231/81 ¢ 1uséncia de personalidade juridica ‘A anilise dos varios objectos que 0 contrato de consércio pode ter revela desde logo que, pelos menos alguns deles, tém um cardcter necessariamente temporario, E 0 que sucede nas situagdes previstas nas alineas a) ¢ b) do artigo 2, Porém, também consércios com a finalidade de prosseguir outros objectos podem ter este carder proviséro. Oa, a atrbuigdo de personalidade juridica justiica-se, fundamentalmente, para entes com carécter duradouro ou permanente, nas palavas de Manuel de Andrade®®, & sobretudo relativamente a esses, que se prolongam no tempo Urapassam o perlodo da vida humana, que a simples personalidade singular nao 6 capaz de salisfazer os interesses em jogo. Por aqui ja se podera concluir que, polo menos em relagao a alguns objectos que a let abstractamente define, nao se justifica a personalizacao deste colectivo de pessoas. Por outro lado, quando a lei atribui personalidade juridica a determinada entidade, cexige sempre que esta estela sujelta a um regime de publcidade e controlo por parte das entidades administrativas, Exige-se, por via de regra, a escritura publica ‘como forma para o instrumento juridico que the da suporte @ o registo dos seus elementos essencials. E © que suede, designadamente, com © contrato de sociedade comercial, com os ACE's @ AEIE’s, todas elas entidades dotadas de personalidade juridica, ‘Com o contrato de consércio jn sucede 6 mesmo. Apenas & exigia a forma escrita, de acordo com 0 artigo 3° @ nao se prevé 0 registo do seu acto constitutive, € cero que 0 mesmo preceio impbe a relizagao de eseritura pibica ‘em determinadas skuagées, quando howver entte os membros do cons6rcio transmissao de bens iméveis. Contudo, esta exigéncia decorre dos princibios *5 Manuel de Andrade, Teoria Goral da Relagto Jurca, vol. |p. 46 us gerais da transmissao de bens iméveis e no assenta em qualquer necessidade especitica do contrato de consércic 0 artigo 5° estabelece as vatias modalidades que o contrato de conséreio pode : ‘assumir © que analisaremos mais @ frente. Agora basta relerr que, em qualquer uma das modalidades, quer seja um dos tipos de consércio interno quer se trate de um consércio externo, as relagbes que so estabolecem sao sempre entre os ‘membros do consércio e terceires e nunca entre estes © o consércio. De facto, nae possuindo 0 consércio indvidualidade juridica, nao pode ele proprio festabelecer relagdes com tercelfos. Os seus membros € que, no consércio ; cexterno, invocam perante terceiros a existéncia do agrupamento, mas @ em seu ‘nome que contratam. Da mesma forma, quando © chefe do consércio actua externamente, age em representacao dos membros do consércio @ nao em nome deste, como resulta do artigo 14°. ‘A preocupacdo de evitar qualquer indicio revelador de uma identidade social patente no artigo 15°, que dispde acerca da denominagao do conséicio externo. A lei é clara ao ceferir que nfo se trata de uma firma, mas da designagao dos ‘membros agrupados. Ou, como esta vertido na norma “os membros do consércio cextemo podem fazer-se designar colectivamente..”, sendo essencial que dessas donominagao conste o nome dos consorciados e a referéncia a que se trata de um consércio, a fim de nao criar confusdes com as firmas socials", De resto, fata de esciura publica, nests stuaptes, 56 provoce a nuldade do contato de consécco quando nto sea possve a apicagbo do aig 282" e 288 do Coaio Ci, nas temas don°2 da mesmo atgo 3°. & nose sentido que o Gabinete Nacional do Regist das Pessoas Colechuas tem recutado © ‘eaito de consis, Desta forma, 2 denominaeao do conta de consérca nto benetcla da protees80 de que gozam as temas « nmes comercais 6 ee Um siltimo aspecto relevante, quanto a este ponto, ¢ a auséncia de um patriménio proprio do consércio, De facte, @ cada pessoa juridica correspond um eterminado patriménio, ou seja, cada sujeito de direito ¢ (ou pode ser) titular de um patiiménio proprio, que sera a soma das relagoes juridicas avalidveis em dinero, de que é titular”. Daqul resuta que, se 0 consércio tivesse personalidade juridca, forgosamente haveria de ter um determinado patriménio, por mais reduzido que fosse”. Contudo, da andiise do regime do DL n° 231/81, veriica-se que nao s6 nao esta prevista a existéncia de qualquer patriménio, como no artigo 20°, se protbe mesmo 4 existencia de fundos comuns, come veremos melhor mais a frente. No existe, desta forma, no conséreio, qualquer autonomia patrimonial, 0 que revela & inexistencia de uma personalidade juridica colectiva’™ [A existéncia de um patriménio autonome nao seria prova de estarmos perante uma pessoa jurica distinta dos seus associados, mas, perante a sua inexisténcia, podemos afimmar que nao ha personalidade juridica, pois, como vimos, a cada pessoa corresponde um patrimério, 1.4, A auséncia de personalidade juridica (cont) Como consequéncia da auséncia de personalidade juridica, 0 consércio néo tem patriménio nem capital social, © regime dos artigos 16° e 17° € expressao disso mesmo, estabelecendo a lei um regime em que a ttularidade das somas devidas Gr Mota Po, Teoria Gea do Droto Ci, p. 844 © canta & que J nfo 6 verdade, ou se, ox patimenio no. corresponde necessariamente uma pesscajurida diferente, uma vez que @ mesma pessos pode ter varios palimaning, ne obstante 0 principio da unidade do pariénio. Estaremos eno em presencs de patiménios autonemos ou separa, hese sentido, Olvera Ascenso, Doo Comerci, vl 1. p. 296, ree por teroeiros ou dos bens extraidos ou produzidos nunca passa pela tituiaridade ‘do conséicio, mas entra drectamente no patriménio de algum dos seus membros. O artigo 4° n? 2 admite que os consorciados contribuam para 0 objecto contratual ‘com bens corpérees, com 0 uso de bens corpéreos, ou com dinheiro, embora neste uitimo caso, 36 quando todos contribuam com dinheiro. Nao estaremos aqui perante entradas representativas de um capital social? Cremos bem que nao. De facto, 0 artigo 1° dispoe que © consércio 6 © contrat em que duas ou mais pessoas se obrigam a realizar certa actividade ou a efectuarcerta contribuigso. No artigo 4%, cuja epigrafe @ “Contetdo", especiicase em que pode consistir essa contribuigso para o fim comum, estabelecendo que a contrbui¢ao pode também consisir em dinheiro” © consércio também nao é dotado de personalidade judiciria. Apesar de nao ter personalidad juridica poderia, ainda assim, ter personalidade jusicidria, como sucede com algumas entidades, que, numa excepeio ao principio da equiparagso centre a personalidade juridica e jusicdvia (artigo 5° n*2 do Cédigo de Proceso Civil), ndo possuindo a primeira podem contudo estar em julzo, nos termos dos artigos 6° a 8° do Cétigo de Processo Givi, Mas 0 consércio, como veremos, no possui a susceptblidade de ser parte De acorde com 0 artigo 6° do Cédigo de Processo Civil a heranga e os paltiménios autonomos semelhantes tém personalidade judiciéia. Sucede, porém, ‘que, como ja vimos, 0 consércio nao consitui um patriménio auténome, Por patviménio autonome ou separado entende-se aquela massa de bens que s6 Tesponde @ s6 ela responde por certas dividas. Ora, no consércio nao existe um patriménio colectivo © pelas dividas contraidas pelo agrupamento de empresas 2, Rail Ventre, Prneias Notes... 651, que, como exempo de um contate de consércio ‘em que togos os contaentescontibuem com diel, retere oconstcio de instugbes de crédito ‘para tomaca fre de una emiesio de acgdes ou obgaptes. us | | respondem, salvo convengo em contrario, todos os contraentes, de ecordo com o regime da conjungao. ‘Também nao se Ihe pode aplicar @ artigo 8° do mesmo diploma, pois no se trata de pessoa colectiva ou sociedade iregularmente consituida. Nem 0 cons6rcio & uma sociedade, como jé ficou demonstrado, nem a austncia de personalidade juridica se deve a qualquer irregularidade da sua constituigao Desta forma, néo possuindo consércio personalidade judiciéia, qualquer acgao judicial relativa a um destes contrates teré de ser proposta contra os memros do consércio @ intentada por estes contra terceiros*™ [A auséncia de personaldade juridica produz também consequéncias no regime fiscal a que esta sujeito © contrato de consércio. A Administrags0 Fiscal tem centendido, em diferentes pareceres, que o consércio nao esta sujelto nem a IVA, nem a IRS ou IRC, nem 6 obrigado a deciarar infcio de actvidade perante a Direcgao Geral das Contribuigdes e Impostos, bem como nao faz sentido ser-he atrbuido um Numero de Identiicagao Fiscal ‘Assim, todas es operagées realizadas so necessariamente imputadas aos membros do consércio, sendo estes sim, sujeitos passives de impostos, nomeadamente de IVA e IRS Dal que toda a facturacao deve ser emitida em = Sobre esta questo, anplamente debatita antes da enrada em vigor do DL n* 231/81, romeadaments no presse elt ao "Consérlo Técnice-Fnancelo-Bs, ot, Armindo Rbero Mendes e José Annie Velazo, Consécis nemacionais, 184 ess go ctuagBes de ieconsérciovluntv, salvo disposi em contre do conto, ou quando cestga en cause presiagSo indvsvel com pluraldade de devedores, caso em que haverd isconsérso necessiso, no tos de ago 28° do Céalgo de Processo Ci > Relatvamente ao IRS, de acord com 0 afigo 6" alinea ) do respectio Ciigo, a8 rencimentos| dervaios de contrat de consécio sa consderadosrencimentos da categoria (rendimentos de capt), Selugdo que nos suse fndadas divas, una vez que os evertuais rendmentos retatvos ao coniato de conséra na consiten contreparta de una apieardo de capitis, mas us nome dos consoreiadas @ nao do consércio, pois nesta hipétese nao poderd haver lugar & devolupao do imposto supartado na aquisigao de bens e servigos™. ‘im de uma contibugio ou acbvidede desenvohida no to da actvdade comercial, mdustiat 04 de prestaso deserves do sujet pacivo, pelo que sua renuneraao deveria se butada, relavamenta 8 pessoas singlaes, saho ralhor opto, em sede de calegora B ou C (rendimentos do abaho independents ou randimentos comercase ndustis) ® Of, Jodo Cabrio Louengo, Aspects Fscae do Consoro, p. 288 os Daspachos de 2003.87 © 2808.89 dos Servos de Administagso do IVA, 62 Diecrio-Geral das Contibugbes & impostos. Refir.se que & frequents a emissio, plo chele do fa, de facturas do conséro, a8 ‘qusisrepresentam uma sintexe das emvias por cada um dos membros, facturas esas que s2 destnam a ser envi 0 cate, 120 SS —SC 2, Modalidades do contrato de consércio, © artigo 5° do DL n? 291/81, tendo come epigrafe “Modalidades de consércio" indica a existéncia de duas modalidades de consércios: os consércios internos © ‘08 consércios externas. A estas duas modalidades correspondem regimes juridicos diferentes, contend a lei uma série de disposigdes apenas aplicéveis 0s consércios externas (os artigos 7°, 12°, 15°, 16°, 17°, 19° @ 20° n°2) e uma Lunicamente aplicavel aos consércios internos (0 artigo 18°F" De acordo com a fei, © consércio seré interno em duas situagbes diferentes: ou {quando as actividades ou bens so fornecidos a um dos membros do consércio @ ‘86 este estabelece relagdes com terceiros; ou quando as actividades ou bens s80 fomecidos directamente a terceiros por cada um dos membros do consércio, sem ‘expressa invocarao dessa qualidade Por sua vez, 0 consércio seré externo quando aquelas actividades ou bens forem fomecidos directamente a terceos por cada um dos membros do consércio, com expressa invocagao dessa qualidade. Exige-se, neste caso, a verificagao de dois requisitos: = que cada membro do consérelo fornega directamente a terceitos os bens ou actividades contratadas; = que, ao faz@-lo, invoque expressamente que esta a actuar enquanto membro do Desde ja se diga que esta distingdo operada na lei portuguesa nos levanta uma série de questées © multas dividas acerca do seu alcance, as quais * he ours daposgbes, que nfo indcam expressamente o seu rte de apbicacSo, so reais 2 todos 0 consercis $0 0 artiga 20° n't rofere expessamente que $2 apica a todos os consécles. Cf. Radl Ventura, Preiras Not... . 653,

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