O SABI SERESTEIRO

(Faz do amargo da laranja, uma doce laranjada)

A existncia composta de caminhos

Um interagir de mentes e sentidos
Num cenrio varivel
Com diferentes tons de cor
Todo os dias, amanhece e anoitece
Claro o dia, quando o dourado sol irradia
O calor e anima e alegra a vida
E as matizes das estaes mudam numa perfeita mistura furta cor
Mas tambm, nem todo dia um bom dia
O melanclico tom de cinza
Avisa sobre a tempestade que se avizinha
Chuva ou frio e as folhas mortas
Zonzeando os pensamentos
Num triste devaneio
O amargor da desiluso
Um labirinto de desencontros e emoes
Mas, raro, mas se pode ver tambm
O surgir de um arco-ris
Impressionantes sete cores de esplendor
Tempestade que traz a bonana
Renova-se a esperana
E nos faz lembrar
Quem nunca provou do amargo,
No sabe o gosto do doce
E quando negra a noite mais tardia
Quando o solitrio chora perdas e partidas
Sem ter que fingir a sua dor ou esconder o remorso
Se assusta com a horrenda cara que se forma diante do espelho
Mas, h noites em que a lua sorri
E as estrelas brilham e enfeitam a noite de magia

Nem toda noite, nem todo dia

So iluses ou falsas alegrias
L fora existe vida, belas canes e lindos risos
No s choro e coraes partidos
E, em silncio, quem tiver sensibilidade e sabedoria,
Para apreciar e ouvir a voz da natureza
Ouve a arte vibrante alento do sabi laranjeira
Atravs de sua maviosa e incomparvel seresta
Capaz de transformar o choro em lgrimas de ouro
Na perfeio de pssaro seresteiro e poeta
Entoa o antigo e eterno Canto da Piedade
Para aplacar aquela saudade
De um sonho que acabou
Mas, alm de poeta e seresteiro,
O Sabi ave que tambm sabe rezar
E, suavemente, no final de uma silenciosa madrugada
Renovando, a cada nova primavera
As crianas e os inocentes de corao
Que, ao ouvirem seu misterioso e milagroso canto
So abenoados com seu benfazejo encanto
Por isso, canta em minha rua meu sbio sabi
Um cantar que cura tudo, o homem e o mundo
E irradia paz, amor e felicidade.
Simoni Dimilatrov
Santos, 29 de novembro de 2016