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VU VII ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA D0 AMBIENTE CONSTRUIDO Pa QUALIDADE NO PROCESSO CONSTRUTIVO EMAC % 27 30 DE ABRIL DE 1298 — FLORIANOPOLIS - SC [ANTAC — NOCLEODEPESQUISAEM CONSTRUGAO _UNIVERSIOADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DURABILIDADE DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO: ANALISE DOS ELEMENTOS ESTRUTURAIS MAIS DEGRADADOS NO ESTADO DE PERNAMBUCO ANDRADE, Jairo (1); DAL MOLIN, Denise (2) (1) Eng? Civil, Mestre em Engenharia, pesquisador da Escola Politécnica de PE R. Benfica, 455, Madalena, Recife - PE Fone: (081) 445-3855 r. 218 (2) Prof Dr* NORIE/UFRGS Av. Osvaldo Aranha, 99, 3? andar Porto Alegre - RS. Fone (051)316-3518 RESUMO A partir de um trabalho de levantamento ¢ catalogacio das principais manifestagdes patolégicas e formas de recuperacdo nas estruturas de concreto armado no Estado de Pernambuco, realizou-se algumas consideracdes com relagio aos elementos estruturais mais afetados pelas diversas formas de dano. Foram catalogadas 189 obras, onde as mesmas foram classificadas em funcio da utilizagéo da edificagao ¢ do entorno onde as mesmas estio inseridas. Através de uma anilise dos dados observados, verificou-se que os pilares foram os elementos estruturais mais atacados pelas diversas formas de dano, principalmente a corroséo de armaduras, seguido das vigas e das lajes. A falia de um controle adequado nas etapas de planejamento/projeto © execucio do proceso construtivo, aliado a uma elevada agressividade ambiental predominante na regio juntamente com a auséncia de um adequado programa de manutenc3o das obras foram os principais causadores das diversas manifestagbes patolégicas observadas nas estruturas. 4. INTRODUGAO. Atualmente, no campo da Engenharia Civil, verifica-se uma extrema preocupagio de uma significativa parcela da comunidade técnico-cientifica mundial com o tema durabilidade das estruturas. Tal atitude se deve & observagio de uma grande quantidade de danos que 2s construgées em concreto armado estio apresentando atualmente, Inimeras instituigdes e pesquisadores (HELENE, 1993; MEHTA, 1993) estio se dedicando ao estudo de tal tema, principalmente em funcio dos elevados graus de degradagdo observados, com um consequente crescimento dos recursos gastos com a atividade de recuperacio de tais estruturas. No Brasil, observa-se que a regio Nordeste ¢ uma fea altamente prejudicial & durabilidade e vida ‘itil das estruturas de concreto armado, principaimente em funcio da clevada agressividade ambiental caracteristica da mesma. A maioria das capitais dos estados que compdem a regio estio localizadas na orla maritima, onde a agio de substincias agressivas presentes na atmosfera, aliada & ocorréncia de altas temperaturas médias juntamente com o teor de umidade elevado, torna © ambiente propicio para o desenvolvimento de uma grande variedade de processos de degradagio nas estruturas. Recentemente, importantes pesquisadores ¢ instituigbes a nivel mundial tém desenvolvido grande esforgo na execucio de levantamentas de problemas em varios tipos de edificagées, pois a catalogagéo e andlise das ocorréncias consisiem em um ponto de partida para -qualquer investigagao dessa area. O estudo sistematico dos problemas a partir de suas manifestagdes, caracteristicas permite um estudo mais aprofundado de suas causas, subsidia com informagdes os trabalhos de reparo e manutengao das estruturas, além de poder contribuir para o entendimento do processo de produgio, de modo a minimizar a incidéncia total de problemas (DAL MOLIN, 1988), Embora jé se possa contar com um certo nimero de levantamentos de casos patolégicos registrados, como por exemplo no Rio Grande do Sul (DAL MOLIN, 1988), no Espirito Santo (SILVA, TRISTAO e MACHADO apud ARANHA, 1994), em Santa Catarina (SANTANA apud ARANHA, 1994), na Regio Sudeste (CARMONA ¢ MAREGA, 1988), na Regio Norte (ARANHA, 1994) € na Regio Centro-Oeste (NINCE, 1996), ainda nao se tinha noticias a respeito de um trabalho dessa natureza na Regio Nordeste que pudesse identificar os principais tipos de manifestagbes patologicas que ocorrem nas edificagdes, bem como inferir em qual etapa do processo construtivo deve-se atribuir a origem dos problemas ¢ 0s custos de recuperagao. Desta forma, realizou-se um estudo das principais manifestagdes patolégicas e formas de recuperagéo adotadas nas estruturas no estado de Pernambuco (ANDRADE, 1997), visando cont melhor entendimento de tais fatores. 2. BANCO DE DADOS O banco de dados utilizado nas anilises aqui apresentadas foi montado a partir das consullas aos arquivos das duas empresas que realizam a maioria dos trabalhos de recuperacéo de estruturas no estado de Pernambuco. Os dados coletados correspondem 4s intervengdes efetuadas nas estruturas de concreto armado no periodo de 1978 4 1996. Vale salientar que neste trabalho as obras catalogadas se referem as estruturas construidas em concreto armado convencional, nao tendo sido coletados dados referentes &s obras de arte (pontes, viadutos, barragens, e outros) ¢ obras especiais (reservat6rios, piscinas, cisternas, arrimos e/ou obras de contencao, pracas esportivas, € outros). Tal. restrigo com relagéo & tipologia das obras se deu principalmente em fungio das singularidades existentes no processo de producao dos diversos tipos de construcdo. As obras de arte ¢ especiais so geralmente executadas com um controle maior do processo, néo refletindo a tendéncia construtiva caracieristica de grande parte das edificagdes correntes. . Tanto as manifestagées patolégicas quanto as formas de recuperacéo foram catologadas da seguinte forma: cada dano que ocorria em determinada peca da estrutura era anotado como sendo uma ocorréncia, independentemente do nimero de vezes que 0 mesmo se repetia no elemento. Assim, se em uma laje observava-se a presenga de trés pontos distintos de corroséo de armaduras, dois pontos de infiltragio e um ninho de concretagem, anotava-se um total de seis manifestagées patol6gicas para tal elemento. Posteriormente, os dados referentes a cada obra individualmente foram anotados em uma ficha de ‘cadastramento de obras, semelhante aquela elaborada por ARANHA (1994), onde catalogou-se as seguintes informagoes: 236 2) Cliente ou proprietario, nome e enderego da obra; ) Uso: em funcdo das diferengas existentes com relagdo & quantidade de obras cadastradas, optou-se por realizar uma classificagio levando-se em consideracao o tipo de utilizago de cada obra, As mesmas foram divididas em residenciais, comerciais/servicos, industriais e institucionais (obras pliblicas), onde a quantidade de dados referemte a cada tipo de edificacio pode ser verificada na Tabela 1. Tabela 1 - Classificagdo das edificagées com relagio ao uso ‘Tipo de edificagio ‘Quantidade. %. Residencial 109 3577 Comercial/Servigos a 22,7 Industrial 20 10.6 Institucional 17 9,0 ‘TOTAL 189) 100 ©) Entomo: © entorno atualmente deve ser considerado como uma variével importante no momento das andlises das causas de degradagio das estruturas (ASHTON et al., 1982; AL- AMOUNDI, 1995). Assim, dentro do estado de Pernambuco, classificou-se 0 meio ambiente onde as obras coletadas estio localizadas, conforme apresentado no Quadro 1. Quadro 1- Classificacao do entorno no Estado de Pernambuco Entorno Localizagio ‘Area Salina (0-1 km do Titoral ‘Area Urbana 1 km = 6 km do litoral Periferia Urbana 6-15 km do litoral ‘Area Rural [515 km do Titoral ‘Agua Doce ‘Obras localizadas nas margens de rios ‘Area Industrial Obras localizadas em atmosfera industrial Vale salientar que, ao se tomar como referéncia a cidade de Recife e classificando-a com relagio 20 Brasil, chega-se & conclusio que todas as obras existentes em tal capital estio inseridas na rea salina, em fungio da propria localizagio da mesma. Porém, objetivando-se verificar a influéncia do entorno na distribuicio das diferentes formas de degradagao nas obras dentro do Estado de Pernambuco, classificou-se o mesmo em egies a partir da orla maritima, conforme mostrado no Quadro 1. Cabe ressaltar também que no presente trabalho nao se verificou 0 efeito de superposi¢ao de diferentes tipos de meio ambiente onde determinadas obras esto inseridas, pela dificuldade em se realizar uma determinacdo desta natureza. Os dados coletados foram agrupados segundo o tipo de obra, conforme pode-se observar na Tabela 2. 237 ‘Tabela 2 - Distribuigao das obras segundo o entomo Area Periferia | Agua Area rea Area ‘Total urbana |_urbana_| doce | salina_| industrial {| _rural Residencial 45 2 : 62 : - 109 Comercial 24 1 zi 17 - 1 43 Industrial 3 1 - 4 iu 1 20 Institucional 6 1 1 6 - 3 17 Total 78 Ss 1 89 1 5 189 % 413 27 os [47,0 58 27 ‘Observa-se que a maior quantidade de obras coletadas est4 localizada na rea salina, com um indice de 47%, seguido da érea urbana, com 41,3%, Assim, dentro da regiao delimitada, tem-se que a maioria das edificagdes localizam-se onde a acdo da névoa salina atinge o mais alto grau de idade. somados chegam ao valor de 88,3%, mostrando que, além da condigio de exposigéo exiremamente desfavorivel, a grande maioria das obras atacadas por algum proceso de deterioragéo estdo localizadas na capital, onde hé uma maior concentracao das mesmas. Uma provavel justificativa para o baixo percentual observado de obras localizadas nas reas proximas as margens de rios, rural ¢ na periferia urbana é a pequena quantidade de obras que existem nestas regides, além do fato de que os problemas que ocorrem nas edificagdes nestas areas séo ‘geralmente solucionados pelos proprios proprietérios, que nfo recorrem aos escritérios ‘especializados em recuperacéo de estruturas. Assim, em fungio disso, admite-se que o niimero de obras que sofreram algum tipo de recuperagio seja provavelmente bem maior em tais éreas, contudo as intervengdes realizadas nas mesmas que nao foram devidamente registradas. 3. RESULTADOS: A partir dos dados coletados, realizou-se uma anélise das principais manifestagdes patolégicas que ocorreram nas estruturas de concreto armado. Foram elaborados gréficos que mostram a Aistribuiggo percentual das manifestagSes patologicas do concreto nos estados fresco endurecido, conforme visualiza-se nas Figuras 1 e 2. 238 WSegregacéo do conereto 22% Sg Ninhos de coneretagem BAlteracdo geométrica SCobrimento armad. 38% 2% insuf, Concreto contaminado Figura | - Manifestac6es patolégicas: concreto no estado fresco Observa-se que, dentre as manifestagdes patoldgicas do concreto no estado fresco, o somatério das ocorréncias relativas & segregagio do conecreto, ninhos de concretagem ¢ cobrimento de armadura insuficiente chega a um valor de 76%. Verifica-se na literatura (CANOVAS, 1988; HELENE, 1992) que tais manifestacdes patolégicas tém origem nas etapas de planejamento/projeto e/ou execucdo, mostrando que a ulilizagio de procedimentos inadequados nestas etapas podem levar & ocorréncia de elevados percentuais de problemas no concreto, que poderiam ser facilmente evitados através de certas agdes, tais como: ) Na etapa de planejamento/projeto: + elaborar coneretos com uma trabathabilidade adequada; + dimensionar as pegas estruturais com densidades de armadura que permitam uma coricretagem eficiente. b) Na etapa de execugio: + Cuidados na concretagem das pecas, principalmente nas etapas de transporte, langamento € adensamento; € + Garantia da espessura de cobrimento das armaduras através do uso de espacadores adequadamente distribuidos. 239 Correste de armoduras DProblemes eetruturais BDetahes construtivas Desagregagio do concreto BAtaque quinico DRecelque diferencial Bilnfiltragies WOutras manifestagies Figura 2 - Manifestagoes patolégicas: concreto no estado endure Observa-se que na Figura 2 que, entre as manifestacdes patolégicas do concreto no estado endurecido, o maior percentual encontrado ¢ o de corrosao de armaduras, com 64% das manifestagoes idemlficadas, seguido dos problemas estruturais, que apresentaram um indice de 16%; a insuficiéncia e/ou auséncia de detalhes construtivos alcangou um {indice de 5%; a ocorréncia de desagregacio do concreto (2%), alaque quimico (2%), recalque diferencial (2%) € infiltragdes (1%) vieram logo apés. A totalizagio das demais manifestagbes patologicas chegou a um indice de 8%. Contabilizadas as manifestagées patologicas, verificou-se onde as mesmas estavam distribuidas por elemento estrutural. No caso das obras residenciais, verificou-se que a maioria das manifestacdes patolégicas ocorreram em pilares, com um indice de 70%, seguido de vigas (14%), Tajes (10%), sapatas (4%), escadas (1%) € demais elementos (1%). A distribuigéo das manifestagdes patolégicas por elemento estrutural para tal grupo de edificagdes estA apresentada na Figura 3. {WCorrosio de armaduras BProblemas estruturas BSepresicie doemereto DDetathes eonstrutivos Outros manifertagies ee, ll Vigs lale Outre lementos Figura 3 - Obras residenciais: elementos estruturais mais afetados 240 As principais manifestacdes patolégicas que ocorreram em pilares foram a corrosio de armaduras. (79%), segregacio do concreto (100%), auséncia e/ou deficiéncia de detalhes construtivos (93%) € problemas estruturais (39%). Para vigas, os percentuais maiores foram devidos aos problemas estruturais (35%), seguido da corroso de armaduras (11%), enquanto que nas lajes os indices mais altos foram provocados por problemas estruturais (17%). Pode-se verificar que o somatério dos danos em um elemento estrutural ultrapassa o valor de 100%, pois na grande maioria dos casos analisados as manifestagdes patolégicas ocorriam de forma simultinea nos diversos tipos de elementos estruturais. Nas obras industriais, os pilares apareceram como os elementos estruturais mais suscetiveis & ocorréncia de danos, apresentando um indice de 66%, seguido pelas vigas (24%) ¢ lajes (5%). Através da distribuicao das manifestacdes patol6gicas nos diversos tipos de elementos estruturais (Figura 4) verifica-se que os pilares foram os elementos que apresentaram um efeito combinado de uma grande quantidade de danos, onde os mais incidentes foram devidos & desagregacio do concreto (92%), seguido por um cobrimento insuficiente da armadura (90%), ataque quimico (81%) e corrosao de armaduras (63%). Nas vigas os maiores indices foram atribuidos a corrosio de armaduras (31%), seguido pelos problemas estruturais (21%) e demais manifestagdes (12%). Nas lajes os problemas mais significativos foram devidos aos problemas estruturais (71%), seguidos de cobrimento insuficiente da armadura (10%) e as demais manifestages patol6gicas, que atingiram um indice de 33%. 100% i Corrosao de armaduras 90% 20% SVAtaque quimico 705 WCobrimento de armadura 60% insuficiente. Ta Desagregagio do concreto 50% @Problemas estruturais 40% oe {@Demais manifestages 20% 10% Ow Pilar Viga Laje Outros elementos Figura 4 - Obras industriais: elementos estruturais mais afetados Nas obras ptiblicas mais uma vez os pilares foram os elementos estruturais mais afetados (54%), seguido pelas lajes (36%), vigas (9%) e outros elementos (1%). Na Figura 5 pode-se observar as distribuigao das manifestagdes por elemento estrutural. 241 100% B.Corrosio de iad armaduras 80% Segregacao do concreto 08 Winfiltracdes oe MCobrimento de 50% armadura insuficiente BDeformagio excessiva 40% Problemas estruturai 80% oa @Outras manifestagoes 10% 0% Viga Laje Outros elementos Figura 5 - Obras pablicas: elementos estruturais mais afetados Através de uma anélise da Figura 5 pode-se tecer os seguintes comentarios: ‘+ em pilares houve um indice de 94% para o cobrimento de armadura insuficiente, seguido pela corroséo de armaduras (75%), dos problemas estruturais (21%) e @ presenga de oulras manifestagoes (30%) * nas vigas houveram problemas relacionados a infiltragdo (19%), problemas estruturais (14%), segregagao do concreto (7%), corrosio de armaduras (4%) e as demais manifestacGes (27%); + verificou-se que, dentro do grupo das obras piblicas, 0 elemento que mais apresentou problemas de degradacio foi a laje. A totalidade dos problemas de deformagdo excessiva (100%) ocorreu em tal elemento estrutural, juntamente com um alto indice de segregacao do concreto (93%), a ocorréncia de infiltragdes (77%) e problemas estruturais (64%). 4. ANALISE DOS RESULTADOS Pode-se observar através das figuras anteriores que os pilares foram os elementos estruturais que apresentaram um maior grau de degradacao. As manifestagdes patologicas ocorreram de maneira simulténea em tal elemento, tais como a corrosio de armaduras, segregacio do concrelo e @ presenca de fissuras, mostrando que existe um inter-relacionamento de cardter evolutivo entre danos de menor grau até aqueles com graus elevados de degradagao, que podem levar 0 elemento atingido a estados limites dltimos de seguranga estrutural. Vale salientar que, nas obras residenciais, todas as ocorréncias de segregagio do concreto ‘ocorreram em pilares. Muito provavelmente esse tipo de dano tenha um indice de ocorréncia bem 242 maior que 0 registrado, pois a maior parte das vistorias as obras foi realizada em elementos que apresentavam algum tipo de revestimento. Tal forma de degradagio est relacionada principalmente a dois problemas que ocorrem durante a concretagem dos pilares: primeiramente hé uma dificuldade de-vibrar 0 concreto logo apés 0 lancamento, em virtude do comprimento tado da agulha do vibrador. Além disso, existe a segregacdo que ocorre no pé do pilar observada logo apés a concretagem, devido ao excesso de altura de lancamento ¢ & absorgao pelas formas de uma grande quantidade da pasta langada, nio conferindo ao concreto a homogeneidade devida naquele trecho. Aliado a tal fato deve-se ressaltar a grande densidade de armadura que geralmente ocorre nos pilares, principalmente no trecho entre 0 térreo € 0 primeiro e/ou segundo pavimentos. No momento do detalhamento das armaduras de tais elementos devem ser adotados certos procedimentos a fim de garantir que as pecas possam ser concretadas de maneira eficiente, evitando assim 0 surgimento de problemas de segregacio e/ou ninhos de concretagem nas mesmas, garantindo assim uma compacidade satisfat6ria para tais elementos, Observa-se que, no caso especifico das obras industriais, a corrosio de armaduras, 0 cobrimento insuficiente e a ocorréncia de ataques quimicos em elementos estruturais atingiram valores muito altos. Nesse tipo de edificacio, onde 0 concreto esta submetido a agdo de uma grande quantidade de agentes agressivos, principalmente durante os processos de armazenagem e processamento das matérias-primas, pode-se notar o efeito evolutivo das manifestacdes patol6gicas. Um elemento de conereto localizado em um ambiente onde hé uma agio bastante significativa de tais agentes de degradacio, onde nio se teve o cuidado de garantir uma espessura minima de cobrimento da armadura aliada & utilizacio de um concreto com alta permeabilidade, pode apresentar problemas de desagregacio (ataque por agentes agressivos expansivos) e, posteriormente, o fendmeno da corrosio de armaduras. ‘Nas vigas a grande maioria dos danos foram provocados pela corrosio das armaduras, seguido de problemas estruturais e da auséncia e/ou deficiéncia de detalhes construtivos. Assim como no caso dos pilares, devem ser tomadas certas providéncias nas etapas de planejamento/projeto e execugio desse tipo de elemento para que se minimize os efeitos de tais manifestagdes patol6gicas, como a especificagao de um cobrimento adequado das armaduras, uma avaliagao correta do estado de tensdes a que tal componente vai estar submetido e a definicio de uma concepgio estrutural € detalhamento que privilegiem os aspectos de durabilidade. Nas lajes ocorreram diversos tipos de danos. Nas obras pablicas constatou-se 0 elevado nimero de problemas oriundos de sobrecargas em tais elementos, muito provavelmente devido a grande quantidade de cargas permanentes que so colocadas sobre os mesmos. Tais cargas, que tém um valor muito superior aqueles estabelecidos em projeto, ocasionam deformagoes excessivas, dando origem a toda uma variedade de manifestacdes patolégicas nesses elementos. O excessivo indice de segregacdo do concreto encontrado nas lajes € um fator que pode ter contribuido para a diminuicao da capacidade resistente das mesmas, visto que séo pegas com espessuras extremamente reduzidas e qualquer descontinuidade que ocorra pode provocar infiltragdes, com consequente diminuigéo da resistividade do concreto e, posteriormente, 0 fenémeno da corrosao dé armaduras. Independente do tipo de elemento estrutural afetado, verificou-se que a grande quantidade de danos que ocortem nas edificagdes poderia ser minimizada se houvesse um controle de qualidade efetivo durante 0 proceso construtivo, aliado a um programa de manutencio preventiva das estruturas. Geralmente as empresas que trabalham com recuperacio estrutural sé so chamadas quando o dano atinge um grau clevado de degradacio, onde fo hi muita coisa a ser feita. A implantagio de um programa de manutencdo rotineira, intercalada com inspegdes detalhadas, & de 243 importéncia preponderante para se avaliar 0 desempenho da estrutura no decorrer do tempo, nas condigdes de utilizacdo previstas, garantindo assim que ela permaneca acima de um patamar minimo de desempenho durante a sua vida itl. 5. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS AL-AMOUNDI, 0. S. Durability of Reinforced Concrete in Agressive Sabkha Environments. ACI Materials Journal, v. 92, n° 3, mai-jun 1995. p. 236-245. ANDRADE, J. Durabilidade das Estruturas de Concreto Armado: Anilise das Manifestagées Patolégicas nas Estruturas no Estado de Pernambuco. Dissertagio (Mestrado em Engenharia) Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 1997. 148 p. : ARANHA, P.M.S. Contribuigéo ao Estudo das Manifestacdes Patolégicas nas Estruturas de Concreto Armado na Regido Amazénica. Dissertagdo (Mestrado em Engenharia) Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 1994. 144 p. ASHTON, H. 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