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Capítulo 1

Uma visão geral da história do cânhamo

A fim de esclarecer esse livro, as explicações ou


documentações marcadas com um asterisco (*) estão enumeradas
no final de cada parágrafo. Por concisão, outras fontes para os
fatos, anedotas, histórias, estudos etc., estão citados no corpo do
texto ou nos apêndices. Os fatos aqui citados são em geral
confirmáveis na Encyclopaedia Britannica, que foi impressa
essencialmente em papel produzido pelo cânhamo por mais de 150
anos. Entretanto, qualquer enciclopédia (não importa sua época) ou
um bom dicionário funcionará para qualquer dúvida a ser verificada.

Cannabis sativa L.

Também conhecida como: maconha, verde, plantinha, erva do


mal, cânhamo, boldo, boldinho, cânhamo-indiano, ganja, erva, erva
do demônio, marijuana, baga, banza, massa, diamba e até veneno.
Todos os nomes são para exatamente a mesma planta!
Carolus
Linnaeus descreveu em 1753,
chamando-a de Cannabis sativa L.,
aonde o L vem do seu sobrenome,
Linneaus. *

*Foto e parágrafo pertencentes a Wikipédia.org.

Geografia Estadunidense

Existem diversas localidades nos


Estados Unidos mencionando o “hemp”
(cânhamo) no nome:

HEMPstead (em Long Island), Condado de HEMPstead (em


Arkansas), HEMPstead (no Texas), HEMPhill (Carolina do Norte),
HEMPfield (Pennsylvania), entre outros que também foram
nomeados com referências às áreas com grandes plantações de
cânhamo, ou até por sobrenomes de famílias que mantinham a
tradição de plantar.
No Brasil, poucas pessoas sabem o que significa “cânhamo” e,
por mais hilário que seja, a palavra “maconha” surgiu da própria
palavra original. Os escravos trouxeram a erva da África e
inventaram um código para se referirem a ela, tiveram assim a idéia
de fazer um anagrama da palavra “cânhamo”. Ou seja, trocando
algumas letras de lugar, temos a palavra “maconha”.

Fonte: “Jornal Brasileiro de Psiquiatria”


(www.scielo.br) e Dicionário Online de Português
(www.dicio.com.br).

Memorando da história dos Estados Unidos

Em 1619, a primeira lei relacionada a maconha foi promulgada


na Colônia de Jamestown, em Virginia. As leis “mandavam” os
fazendeiros plantarem cânhamo-indiano. Mais leis relacionadas a
obrigações de cultivo de maconha foram promulgadas em
Massachusetts em 1631, em Connecticut em 1632 e nas colônias
de Virginia e Maryland.

Até na Inglaterra, o mais almejado prêmio de cidadania


britânica plena era concedido por um decreto da coroa para os
estrangeiros que plantassem maconha, e até cobravam multas
daqueles que se recusassem.

Nos Estados Unidos, além do cânhamo também ter valor de


“moeda” legalmente (dinheiro!) na maioria dos estados americanos
de 1631 até meados de 1800, poderiam ser usados inclusive para
pagar os impostos. Por quê? Para estimular os agricultores
americanos a plantar cada vez mais.

Qualquer americano poderia ser preso por não plantar


cânhamo durante os períodos de crise. Por exemplo em Virginia,
entre 1763 e 1767. (Herndon, G.M., Hemp in Colonial Virginia,
1936; The Chesapeake Colonies, 1954; L.A. Times, August 12,
1981; et al)
George Washington e Thomas Jefferson, primeiro e terceiro
presidentes dos Estados Unidos respectivamente, cultivavam a
cannabis em suas plantações. Thomas Jefferson, quando foi
enviado a França, com um grande custo financeiro (também um
considerável risco para ele mesmo e seus agentes), para adquirir
pessoalmente sementes de cânhamo de qualidade superior
contrabandeadas ilegalmente da China para a Turquia. Os líderes
políticos da China achavam suas sementes tão valiosas que
consideravam a exportação um insulto ao governo.

No censo feito pelos Estados Unidos em 1850 contou 8.327


plantações* de cânhamo (com o mínimo de 2.000 acres por
fazenda) com fins de desenvolver tecidos, lonas e até para a
produção de algodão. A maioria dessas plantações se localizavam
no sul ou nas fronteiras dos estados. Primeiramente por causa da
mão-de-obra escrava barata à disposição anteriormente à atividade
intensa de cânhamo em 1865.

(U.S. Census, 1850; Allen, James Lane, The Reign of Law, A


Tale of the Kentucky Hemp Fields, MacMillan Co., NY, 1900;
Roffman, Roger, Ph.D. Marijuana as Medicine, Mendrone Books,
WA, 1982.)

*Sem contar as dezenas de milhares de pequenas fazendas


cultivando maconha e também as centenas de milhares, senão
milhões, de trechos em que o cânhamo crescia nos EUA; isso sem
levar em consideração que nessa época, 80% do consumo de
cânhamo tinham de ser importado da Rússia, Hungria,
Tchecoslováquia, Polônia etc.

E ainda mais, diversos extratos


de maconha e haxixe foram os
primeiros, segundos e terceiros
maiores medicamentos prescritos
nos Estados Unidos entre 1842 até
meados de 1890. Seu uso
medicinal continuou legalmente
continuamente na década de 1930
para o ser humano e calculado
ainda mais notável na veterinária
Para “aquela” tosse! Gotas para tosse
mundial e americana durante esse Smith Bro’s. (Wikipédia)
período.
Extratos de cannabis medicinal eram produzidos por Eli Lilly,
Parke-Davis, Toldens, Brothers Smith (Smith Brothers), Squibb
dentre outros americanos, companhias européias e inclusive
boticários. Durante todo esse tempo, não há relato de mortes por
extratos de cannabis medicinal e praticamente nenhuma desordem
mental ou abuso, exceto por alguns novatos utilizando pela primeira
vez que ocasionalmente se sentiam desorientados ou bastante
introvertidos.

(Mikuriya, Tod, M.D., Marijuana Medical Papers, Medi-Comp


Press, CA; Sidney & Stillman, Richard, Therapeutic Potential of
Marijuana, Plenum Press, NY, 1976.)

Memorando da história mundial

“A mais antiga fábrica de tecidos era aparentemente de


cânhamo, que começou a ser usado no oitavo milênio (8.000 –
7.000 A.C.)” (The Columbia History of the World, 1981, Page 54.)

A literatura (que engloba a arqueologia, antropologia, filologia,


economia, história) pertencente ao cânhamo concorda que pelo
menos:

Por mais de 1.000 antes do


tempo de Cristo até 1883 depois
de Cristo, o cânhamo da cannabis
– a maconha de fato – era a maior
colheita mundial e o mais
importante negócio, envolvendo
milhares de produtos e empresas,
produzindo a maioria das fibras no
planeta, lâmpadas a óleo,
incensos, medicamentos e
construções. Além disso, era a
fonte primária de comidas, óleos e Sementes de cânhamo.
proteínas essenciais aos humanos (organicjar.com)
e animais.

De acordo com praticamente qualquer antropologista e


universidade no mundo, a maconha também foi usada na maioria
das religiões e rituais como uma das sete drogas mais amplamente
utilizadas como interpolador de humor, mente e dor, quando
ingerida como um psicotrópico a fim de expandir e manifestar a
mente em consagrações.

Definição de droga:

Droga, narcótico, entorpecente ou estupefaciente são termos


que denominam substâncias químicas que produzem alterações
dos sentidos. Em seu sentido original, é um termo que abrange uma
grande quantidade de substâncias, que pode ir desde o carvão à
aspirina.

E de psicotrópico:

Droga psicoativa ou substância psicotrópica é a substância


química que age principalmente no sistema nervoso central, onde
altera a função cerebral e temporariamente muda a percepção, o
humor, o comportamento e a consciência. Essa alteração pode ser
proporcionada para fins: recreacionais (alteração proposital da
consciência), rituais ou espirituais (uso de enteógenos), científicos
(funcionamento da mente) ou médico-farmacológicos (como
medicação).

Fonte: Wikipédia.

Quase sem exceção, essas experiências sagradas inspiraram


nossas superstições, amuletos, talismãs, religiões, orações e
códigos de linguagem. (Capítulo 10: “Religiões e magias”)

(Wasson, R., Gordon, Soma, Divine Mushroom of Immortality;


Allegro, J.M., Sacred Mushrooms & the Cross, Doubleday, NY, 1969;
Pliny; Josephus; Herodotus; Dead Sea Scrolls; Gnostic Gospels; the
Bible; Ginsberg Legends Kaballah, c. 1860; Paracelsus; British
Museum; Budge; Ency. Britannica,, "Pharmacological Cults;" Schultes
& Wasson, Plants of the Gods, Research of R.E. Schultes, Harvard
Botanical Dept.; Wm EmBoden, Cal State U., Northridge; et al.)
Guerras importantes aconteceram para garantir a
disponibilidade de cânhamo

Por exemplo, a razão original para a guerra de 1812 (EUA contra


Inglaterra) era pelo acesso ao cânhamo russo. Este era a principal
razão pela qual Napoleão (aliado dos EUA em 1812) e os aliados ao
Bloqueio Continental invadiram a Rússia em 1812. (Capítulo 12, “A
guerra (do cânhamo) de 1812 e Napoleão invade a Rússia.”)

Em 1942, depois que invasão nipônica nas Filipinas cessou o


fornecimento de abacá*, o governo norte-americano distribuiu mais de
180 quilos de sementes de cannabis para os fazendeiros americanos
de Wisconsin até Kentucky, que acabaram por produzir 42 mil
toneladas de fibra de cânhamo anualmente até 1946, quando a guerra
acabou.

*O abacá, também conhecido como cânhamo-de-manila,


cânhamo-de-manilha, alvacá, bananeira-de-corda, bananeira-de-flor e
bandala é um tipo de bananeira que proporciona também uma das
mais importantes matérias-primas
para a cordoaria. Os seus frutos
não são comestíveis. Com as fibras
dela extraídas, são feitos os cabos
usados em todo o mundo para
amarrar os navios nos portos. É
usado de preferência a qualquer
outra fibra porque, além de sua
enorme resistência à tensão, é
dificilmente deteriorável sob a ação
da água, doce ou salgada. As fibras
dessa musácea tropical têm de dois
a quatro metros de comprimento e
procedem dos pecíolos de suas
folhas. A plantação tem o aspecto
de um bananal e as plantas são
cortadas pela base antes que
cheguem a frutificar. O abacá é Abacá. (fida.da.gov.ph)
empregado também na manufatura de
cordéis, sacos, linhas e redes de pescar, tapetes, papel de embrulho e
pasta de papel. As ilhas Filipinas têm sido, desde tempos imemoriais,
o principal centro produtor. Durante a II Guerra Mundial, as plantações
dos EUA na América Central, iniciadas na década de 1920, supriram o
mercado aliado. Alguns países da região são hoje grandes produtores.

Fonte: Wikipédia.

Por que o cânhamo tem sido tão importante na história?

Porque o cânhamo é a mais forte, resistente e durável fibra


natural do planeta. Suas folhas e flores foram – dependendo da
cultura – o primeiro, segundo ou terceiro medicamento mais utilizado
por dois terços da população
mundial por pelo menos 3 mil
anos, até a virada do século.

Botanicamente, o cânhamo
pertence a mais avançada
família das plantas no mundo.
Ela é dióica (possui o órgão
sexual masculino ou feminino e
às vezes é hermafrodita – os
dois órgãos na mesma planta), é
abundante, herbácea e usa o sol
com mais eficiência que
praticamente qualquer outra
planta no planeta, chegando a
ficar com de 3 até 6 metros de
altura em baixa temporada. Pode
ser plantada em praticamente
qualquer clima e condição de
solo existentes no mundo, inclusive Sim, isso é cananbis. nos
de pior qualidade.

O cânhamo é, de longe, a principal fonte natural renovável da


Terra. É por isso que o cânhamo é tão importante.

Footnotes:

1. Clark, V.S., History of Manufacture in the United States, McGraw


Hill, NY 1929, Pg. 34.
2. Ibid.

3. Diaries of George Washington; Writings of George Washington,


Letter to Dr. James Anderson, May 26, 1794, vol. 33, p. 433, (U.S. govt.
pub., 1931); Letters to his caretaker, Williams Pearce, 1795 & 1796;
Thomas Jefferson, Jefferson's Farm Books, Abel, Ernest, Marijuana: The
First 12,000 Years, Plenum Press, NY, 1980; M. Aldrich, et al.

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