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ESTUDOS DE FILOSOFIA PORTUGUESA Tipogrica io: Deuerabro de 1998 ln." 130 30898 ISBN 972.21-1233-3 wowed Nota introd HA uma Historia das Ide’ enn Amizade bumana ¢ amor divino em Leao Hebrew Leio Hebreu eo sentido do amor universal Necessidade ¢ demanda de uma razao tempestiva. Anotagdes (temporis) a Ropicapnefma de Joio de Barros . Miguel Bombarda e 0 Materi Peso, pésame, pesadelo — para um sopesamento (nto a) da saudade © lugar do conhecimento na concepeio de filosofia de Vieira de Almeida ... Tépicos para um panorama da filosofia em Portugal indice rarer ne MOURA Filosofia 36 © JOSE BARATA-MOURA Amizade humana e amor divino dida, apesar de um acervo ponderavel de cor em Le&o Hebreu war in concreto © por cimentar — poder ser um campo epistemologicament desencadear investigagbes meritéris, interessantes c necess Nao é como tal, imediata ou mediatamente, nem filosofia nem histéria da filosofia, o que nao determina, do mesmo passo, uma dade visceral relativamente a0 campo filoséfico ou vel estratégia de desenvolvimento em litigioso divér- cio da filosofia Na t6ria das ideias s6 pode ser conduzida — de origem, ou por enrique nto em termos de conhecimen- tos como de adestramento no modo de proceder. A historia das ide abrange todo 0 es peetro da ‘um aprofundamento ‘metodolégico concreto de vocagao Pl nifestamente pés-graduada, configura toda uma investigagao a de- sejavelmente prossegui Como programa cientificamente sério que é, imamente aspira, constitui um desafio & toda a minha adoleseé -0 sob a forma de obra es Gis este dois anos, inamene 0 em quatro meses. jue me faz lembrar a expressio de Vernet a propésito de um qua. tro porque pedi bastante dinkeiv. Levou me ua hora de tbe. jo € toda a vida» ('). E assim que Denis de Rougemont termina a adieténcia da sun obra O Amor ¢ 0 Ocidente. serever sobre 9 Amor, teorizar sobre 0 Amor?! Nao 6 ele en- Ho algo cujo sentido eminente esté numa vivencia leita de uma pre. cia © juventude; de algumas lei- Nao pode converter-se — por insuficiéncia de informagao, ima- turidade reflexiva ou incompeténcia programante — em pocao mii sgica transfiguradora de problemas reais que se nfio compadecem de ordindrias ¢ vagas retéricas rebaptizadoras. 25. Ha uma «historia das ideias»? Ha, E interessante que haja. E desejavel que vena a haver. Como campo epistemolégico I proprio e que Ihe cabe esquadrinhar. so como tirocinante de suceddneo do que quer que seja. Coisa que nunca foi, a que — creio — nao aspira, e que, de qualquer sorte, s6 em engenhosa fantasia podera ser. senga em intimidade, ¢ nao num discorrer, al jue & Hino do nosica do que dianodtco, ac quieres conuepes wonors © dudvoia?! femrogaea0 0 que pri timo, No ambito que Ihe & imente nos assalt Lisboa, 11 de Abril de 1989) ‘Amour et! Occident. (1 ed, Paris, Plot 962, p. 7. . 38 Jose BARATAMOURA ESTUDOS DE FILOSOFIA PORTUGUESA 39 9 parece, no entanto, que a of seja motivo suficiente para uma recusa da le; de qualquer t .ga0 do Amor. Denis de Rougemont pressentido @ dificuldade e aquelas linhas que transcre justamente, como que a justificagao do set corro, mas h uma vida que «de dentro» cia os caracteres da coise amada ou dese- conhecida-fisto é, susceptfvel de possuir uma ver- le), tom de ser «coisa» (isto &, apresentar umia Sssencialmente a indi ¢, simultaneamen ‘boa. Néo estamos longe dos transcendentais esc Fetladciro co bom convertem-se com 0 ente» 1 £84 concepedo nao seré estranha a Nicolau de Cusa todo amar é mixima Verdade, méxino Ser, méxime Bondade, En- agora aqui em jogo um esquema platénico de participaga ; tticipacao 2, esse modo, também as coisas sfo, s4o verdadeiras ¢ so boas. Por Suto lado, para além destas alus6es pretende também Ledo Hebreu fot formulasto tanscrtaealoe © verdadeiro ior na dependéncia do bem («a a»), a como ele ‘ 00 me meu discurso. mpos ¢ de todas as | lacionado com a mistica (Sio de entretenimento palaciano também (por exemple, wuidar ¢ 0 suspirar» que 0 Cancioneiro Geral de ‘0 amor esta presente. Em Leto condutor de toda uma espec ea & astroios da fisiologiaé ntrinas e de te ida e de chegada. Hebreu, € ponto de referéncia 40 que aborda dominios v Os bens ‘Tanto ao amor como ao desejo precede 0 conhecimento di 7 ivo visado pi isa amada ou desejada, a qual é boa» (. lade. Eles encon- dos. Na ver vel, porque mediat lezas e os bens adquiridos se pode gozar os lagao fundamen de», «amor-des Tanto 8 Vamore quanto al de ual ¢ buona, Liov EsRco ‘cust di Santino Caramels, Bar, PAmor, P9. (Os textos de Leso Hebre cago do didlogo de que s 40 José earata.mouna ESTUDOS OE FILOSOFIA PORTUGUESA filho de H6pog (0 Expediente)e de Tevi io dinamice que visa, em larga suprir uma caréncia ou uma imperfeigdo. A esta proble io também nao é certamente estra- sho 0 facto de se entrar em linha de conta com outros modos possiveis de tematizar © amor, como, por exemplo, acontece com o sentido de plenitude que ele reveste no Uno de Plotino () A é, na verdade, essencial fa, caracteri2i-lo conve- niontemente e introduzir, assim, uma distingdo relativamente 20 amor, no entanto, e por outro lado, também parece que niio se pode Festringir © amor a um simples rer. Como situaé-lo, entio. Mente aum possuir e a um aspirar? A nota caracter gue © amor &, segundo Leao Hebreu, a fruicio, o-«gozar com unio». Simplesmente, as formas dessa unido nfo sio necessariamie Pobreza), com uma fun- orde' que 0 desejo é ser, € 0 amor pl Claro que esta c Porque o gozar co: Goisas que nos falta evem entender as de (ee ser das coisas que se ova definigao de que € alvo no Didlogo deta de que o amor ¢ se que conduz 4 sempre amor, inte- egue faz com que I, p. 205-213. sori ponrucuess 43 ESTUDOS DE "bes, 0 que & facto € que des, refere ida sobre a possibilidade de se jor importancia para o que respei rude e da sabedoria. sabedoria € a prépria sabedoria e 0 ‘Como podemos constatar, a virtude, a sabedoria (0 conhecimento de Deus, como veremos mais adiante) no cot numa posse, numa circunscrig&o, mas num aproxi mar-se, isto é, num dinamismo susceptivel de progresso. Ré porta. Basta reter q de duas uma» ©, gue a pes: iradigio, um desdi mente a virtude e & sabedoria, o amor tem ocasiao de exerci no seu préprio ser, o qual nfo consiste tanto num fechar-se sobre, mas, de certa mat n mover-se para ou, numa expresso Proventura, mais correcta, num abrir-se a. O «honesto» e a amizade vee po siderasse Xo ou porque Ihes fosse dificil distingui-lo com clare: (Epc) de apetites e relagdes sexuais ("). Isto, de um modo genérico, Megaremos a penctrar a esséncia do amor. MOURA ESTUDOS DE FILOSOFIA PORTUGUESA 44 «Razao ordinaria» e «razao extraordinaria», ‘0 seu sentido ‘A «racionalidade» do amor 6 verdadeiro amor.nasce da vaxio, tom nela fundamento para uma relaqao de procedéncis, Mt hao € governado por ela. «Antes pe o te digo que depois este te nascido que ja estd, nao kégico? Ont oa Beet ia? A que titulo? Como mera limits: que a razio cognoscitiva 0 produz, 0 aMideixa mais ordenar ou governar pela raZA0, Pel ), Teremos, entao, de afirmar, ante ino seu acto, se bem que © DAO se] posta por um dizer ou, ale por um pensar? Como pli te onde se opera a reve~ vive 0 homem, efectivamente, 0 sei ico, nem de um tempo social, embo! .s-cendente do homem) a0 nfv imitindo que fos- ¢ presenca a, stranscenden- qual foi gerado» jon, que o amor é seirata de u cenvolva ¢ exi nga umano viver assim, ad em que exprime a privagio tradit6rio, da racionalidade. dependéncia do que venka @ mo se pode dizer em varios 5 uunéwoeo: € &, na 1 sado fora do contexto de raciona Travis sentide, Qual, pois, 0 sentido de racionalidade? © O primeiso para a identificagio de Fal» o que € «coerente», por vezes trfvel, ou até 56 0 em tiltim: ree toostituird, todavia, esta mancira de ver um empobre te restrigdo 0 ceme da idade? loséfica, varias om, para tender-se por raci tidos, tambén mais rico do qu tals, «pred dade, um termo equivoco, sempre que eXPres- lade aque se contrapde, mas que sentido, se 0 homem antes entra em contacto com homens e das coisas), que 0 afe« jonalmente o: idade» ¢ «razao logica». E «racic ‘smo, apenas 0 que é demons- ficdvel e emp! re-flexiva, ‘ando assim acontece, é jé sob uma forma no jo que frequent jor vewes ‘ou ocasifo de algumas inda que ae ort ade claramentetematizado, © que nos fez recordar is nbém dizia respeito & « di ila resp e oe ie a dimensao de subject ‘AGyos, entre os Gregos, “da linguagem (*). No enianto, ns , nesse habitar humano do todo, CE 46 JOSE BARATAMOURA mundo ¢ incapaz de ser © no seu ser pelo modo da object transcendental; se tudo isto acontece, também a este nivel humano, e profundam ir deve corresponder uma exis esta sempre verde, mui ‘os, mas sem ni pee hum fruto, a qu: ‘o & estrutura fundante © poss! vomem se orienta, tem de estender-se & to to humano com o real, € néo pode. ‘com uma estrutura cons fo, mas, de qu Sea raza tagdo em que oh revela a0 homem, O «honesto» e o amor divino ‘Lefo Hebreu, em relagdo da razao, «escapavar & dduas razdes: a ativos para o trae pal, saac Abarbanl #, ben come ni del M 3 italiano, onde Cardeal Bessarione, Mats 8 da transcendéncia © na e de escol a hebraica da Telia (represen de Leto Hebreu: H. Pris, Die Idee 926. Aristéeles que, num passado nio mu 52 JOSE BARATAMOURA ou pela finitude-de uma realidade 1a noutro, de que a per feigao ou in-finitude cons nto». No entanto, pode € considerar as afirmagdes que a integram como ciénci tim ponto de vista mais positive ou mais negativo ou superiat pretendendo «apanhar» Deus nas malhas finas da sua rede pre Ge conceitos «claros e distintos», ou vendo-se obrigada a certa ra da sua investigagao ou demanda a mergulhar no abismo insondé& vel de que «a noite mistica» é, na sua paradoxal claridade inefé uma das tradugdes possiveis. (Talvez mesmo que os modernos teé: logos da «morte de Deus» se possam inserir nestes quadros forgot © propositadamente queridos amplos (*)). ‘A resposta de Ledo Hebreu & todo este problema, até porque 0 seu objectivo nfo € primariamente teoldgico, ainda que se filie em bora na linhagem de um dizer mais superiativo. do que negating acerca de Deus, nao se refere explicitamente & questio de «com falar de Deus», mas sim a de «como conhecer Deus ‘Quanto a este ponto, a solucéo enconirada para poder afirma algo de Deus como conhecido é perspectivar esse conhecimen partir de uma medida humana. Nesta si problema nota-se jé todo um balangar, todo um oscil curso teoldgico superlativo (a afirmagao & indice € exis transcendéncia que tem de levar-se a cabo) ¢ um outro estritamet afirmativo, «Basta que se compreenda aquela parte que se conhece d coisa: que 0 conhecido seja compreer 0 poder do cognoscente, E, mais adiante, esta frase igualmente rica pelas perspectivas que permite entrever para teoria do conhecimento, ¢ que nao deixa de recordar Averroes ("): pelo cognoscente segund ‘9 poder do conhecido» Veia-se, por exemple, 1964, pp. 230 ess. ou John A. T. Rowson, ‘Para slém do Deus do tisma cage théolog ternational Etudes Huranistes et d= (C) Basta che si ce cconoscicuo si comprende Secondo quelle del eanosciuiow, L, Esso, Dial (0) A gnosiologia de Lei Hebreu 4pr0 ‘Averroes, nomeadamente nesie caso da adequargo do bun parte che de la cosa conosct: cil i potere del conoscenie ESTUDOS DE FILOSOFIA PORTUGUESA 53. { _ «O olho compreende as coisas segundo a forga ocular, se. { gundo a sua grandeza e natureza, mas no segundo a condigao \, das coisas vistas em si mesmas» (*), Bie 240 prtndermos assumir um ponto de vista crtico relati doutrina que nos é exposta, mas procurarmos apenas eonpseene-aedestcar os sapostos em qe sent ¢ ox ob ees: sponte Boderemos dizer que esta mancira de colocar ermite, justamente, por um lado, falar de uma re: Mie efectivamente se a orminad ces Gomo conhecido e, por outro, salvaguardar essa m Taquilo que, porventura, possa ser na sua transcendénci , & adopedo desta persepectiva to da divindade procur: Hhumanamente des-vendév entos. afirmagoes ¢ su- a todo um espirito vivo em marcha na escalade (ou n gem) do Absoluto, do radic: ‘sua parte, 8 (as suas afirmagées] estivessem em que nao fosse possivel ao homem che- ies de conhecer. Uncoeréncia da Incveréncia), eines, Tahifut 5 pp. 34 ss. 8 ovulate, sua grandezza se medesimes,L. 56 JOSE BARATAMOURA ria» de que ja nos ocupémos, uma prioridade do conhecimento, de «eqazbes» eri relago 20 amor. E podemos encontra-lo, nao s6 ao ni- vel de uma fase inicial e preparatoria do cerne da me ta ainda a correcges e aclaramento — como, ‘outros assuntos abordados nos Dialoghi —, doutrina aceite e ocorrente no desenvolver da imas citagées pertencem ao Didlogo I). Esta posigao determina, no entanto, o estabel mas interrogagbes essenciais. Ser, em nao a dicotomia: amor/conhecimento! amar ou em conhecer Deus? Leao Hebreu tem, sem ddvida, conscigncia da complexidade ¢ das implicagdes desta questio embaragosa: «E dificil procurar de- terminar uma coisa tio disputada entre os filésofos antigos ¢ teélo- opria exposigao (as do algu se, permitida ou ‘onsiste a felicidade em A primeira tentagdo 6 a de responder & interrogacio de Sofia pela simples afirmagdo isenta de mais qualquer aclarado: «Basta que sai elicidade consiste no conh na qual so vistas todas as coi Fagrafos mais adiante, a resposta ao pedido de esclarecimento terlocutora acerca de uma possivel oposigio entre © amor ou. 0 gozo dde Deus e 0 seu conheci fa A constituigo da da felicidade, ainda que mantida dentro de um capi afirmagio — € jé, no entanto, em parte, die e simples dos dois termos da que um acto e outro {conhecer ¢ amar] si nga» ("). (Atentemos, no entanto, n em» e ser necessério paray nao sio sinénimos; 0 que s {que amor e conhecimento concorrem, contribuem, para a felicidad nao se diz que fazem parte dela, que a constituem, q veste, em a sua forma.) te bastre il sapere che 1o.¢ visio divin. Porém, como fil6sofo que era, Leo Hebreu nao poderia con- -ntar-se com um mero e imediato «basta-te saberes isto ou aqui melhor os dados do problema e formular m Jugao. Como conciliar, pois, o conhecimento e 0 amor no acto tlt ‘mo da alma em que consiste a felicidade? Como coneiliar os doi p apcctos da sua di por umm lado, 0 primado do ci Por outro, a correlagiao entre amor de Deus © conhei Deus? O-stiposto intelectualista profundamente enraizado no seu pen- saniento nao é, também neste caso, abandonado. E interessante observar aqui, ¢ em jeito de paréntesis, como, quando por um de- senvolvimento e um di 10 intrinseco da especulagdo e como exigéncia sua, u € arrebatado para certas posicdes de Catiz mais proximo do de uma «mistica», e se vé depois obrigado a Froceder a um estudo tedrico delas, é a um subsolo intelectualista » era platénico — que recorre. — ou aristotélico, quando 0 Poderiamos documentar esta circunstincia, por exemplo, no domi Tio da teoria do conh ¢ constatamo-la também agora. Nao nos desviemos, porém, do nosso problema. A felicidade Gonsiste, portanto, no acto da poténcia espiritual mais nobre da Alma, ...c esta é a intelectiva» (*). Contudo, «ndo se pode além Wisso negar que o amor pressupde conhecimento» e, a ser assim, Ado pareceria indicar que seria ele a constituir a derradeira ins fis animice, aquela que, porque mais elevada ou mais nobre, facul- dade, no enianto, «.. nio se segue por isto que 0 amor 10 acto da alma» (*"). Ou seja, Ledo Hebreu nao quer aria a fe JOSE SARATA-MOURA erfeito a um conhect © jdeal do «conhecer» permanece, 20 menos airavés de uma Sobre ceptual — ainda e para além da profunda reelaboracto tude de exi pressupéem di ‘onde se d-a unigo, em si mesma ¢ no Lelio Hebrew volta a servir-se de uma «... chega [o nosso entendims ‘que mais depressa ficamos a conhecer que do.que entendimento em forma e no acto unit wvitavelmente 0 enter ‘arte divina» — isto é, tem de ser com hhumanam do plano Jar dessa expe seria 0 amor, com a sua tonal ‘a expressto mais adequada, dentro da inadequacd@ 10s finitos a um dizer acerca do ine far semelhante «unio € copulacio» beatifical ‘A aterrogaptio aqui fica, e tem de permanecer, pois na problemas alo sobre que ela se funda e que dé testemunho encontrar waite aliernativas de resposta, caminhos que, a serem trilhados,@ 120 diferentes daqueles em que @ perf ESTUDOS DE FILOSOFIA PORTUGUESA Conclusiéo afirmar que em Leto : ‘va, se comipreende de duas grandes coord lado, a coordena- da axiolé gies do-bem, por outro, a coordenada gnosiolégica do jor» como fenémeno apelando para u es de conhece 1¢ 0 objecto do quer 20 , sofre a dicios ndo completamente exp essidade de superagao de uma Ii fio em regime de excl Yo de assegurac o primada do eniendimento jendimento.no acto supren lima que alcanca a felicidade. Em ambos os ase epee efec: i : ragdo dos esquemas por que se pre- fendia compreendé-0, a se intente apresenté-lo como Iigeira e facilmente inte; Leo Hebreu e 0 sentido do amor universal Q ar leituras so: tliversos assuntos, depois de em relacao de capitaes 62 JOSE BARATAMOURA No texto da primeis nedetto Varchi na seguinte’ or, ¢ ndo de nenhuma outra coisa, procede todos os bens, tanto da n todos os lugares, ls |. Porque de que o céu se mova & primeira e p cipal razAo © amor, © 20 mover-se 0 céu faz com que a terra esieja quicta; do movimento do cu como pai e da quietude da terra como mile nasce: tanto os seres vivos — pl quem falta a vida — todas as outras coisas que esto sob o céu @ que nio sio plantas nem animais. Assim, no s6 todas 35 coisas que sio feitas por Deus ¢ Encontramo-nos perant teratura de amor do Cinquecento, que que mais prendeu a sua atengio: 0 cardcter 0 ite, ou produtivo, do amor. Um pouco mais nda de indicar as fontes a quem foi LErcolano, emt ESTUDOS DE FILOSOFIA PORTUGUESA 63 sua obra porventura mais fam indo o facto de escre- n italiano dirige um Televanie que nos servird aq iniversal em Ledo Hebreu. no que respeita a expresso nfluéncia cultural de ctivamelite, a0 nivel , da sua, por vezes, chamada «mi nto que os seus contempori rele sobre q\ de que os ada segunda metade do sécu primeiros anos do século XVI. Para além de muitas referén osas, por vezes mesmo, ro de edicd as cerca s diferentes, fe 1551 € 1595, duas edigdes, ut lima reimpressao; trés tradugdes espanholas, ur feimpressio, aparecem entre 1584 e 1593, e é ainda publicada Brea, diviso i non aremmo da inceps, Firenze, 1570, ere aio, sobretudo, de ver 12 fonte dimen sor, aSpinoza und. das Platonis: 66 JOSE BARATA-MQURA 10 bem poderia ser considerada como o fundamento dem, ave Mrorargua que ritma os diferentes eraus da realidade com aati thes um estauto proprio que, todavia, os nto impede Pe! semen dx participagfo no vincule ontlégice Unicare Co todo. er kim primiro grav, acedem ao ser os emistos 30 i> seat -gon animate»), 2 que se seguern, os possuidores rane werativa> e 08 «anima sensitivos> () e, finalmente ser etie humana, que ve a sua caractrsticn diferencia! asso “caima propriamente humana» ("),€ dem, que Jemento nuclear na concepgao do, wate-e de um esqueme hi i eu ma reza depend ‘os qua ‘estos primordia Mais eoncretamente, 00 salmas, no $8 a nogto ais tans tem vida € culos mos para eos BE eu r oS cueow spogty tai aiknaty xe g6fotv), ART 4s 13-14) — com 8 rolve enice «corpos animado eons sce eu coe as das em wept (De = auavoryt x6 v9) — & Leao Hebreu chama simy enon BT a soe ennai, Dw Sis obese mall oe uma ver ve 2 88 P a . ia alma aracional> (@1V0"; por 508 E24 wo home ‘ambem Ge um inielecto (VOR) que I, 4, 42940. s6. "ho referie-se neste passo dade de a disting\ famente ar mals aint, ie eerzreo amber, esobretud, para a dual ve 9 que passa a sproximi-ia agora da fa que se Jog, 20 nivel eSsmico, sesotexto hipostdtco de inspiregio n° Go para a sua vine ESTUDOS DE FILOSOFIA PORTUGUESA 67 antropolégica de Leo Hebreu. No caso do homem, os elementos ‘.. participam @ forma prépria dos corps celest qual & a alma, tra na espécie ), e clernos: a entre todos os inferiores, unicamente se encon- Destas afirmacées depreende-se, por conseguinte: que, por um tado, nao existe no homem uma multiplicidade de amas corres- pondentes aos diversos tipos de funges que nele se retinem, mas Srenas uma «alma»; por outro, que por essa alma propriamen- i humana que ele participa da forma dos corpos celestiais ¢ ater- a Supsriores, que essa forma € ele propria também ie facto, fndamentar a possibilidade de ana- Aogia ou de vem a facilitar em 0 oestabelecimento de te, isto €, apeser dessa ass fonem permanece «entre os inferiores». Deste modo, resulta, por tao, due nfo foi interrompida a cadeia de elos que vai unindo os “ie sens aitferior», pelo corpo «elemientar>, 0 ho: friculagio com o mundo celeste e etemo através Gs sus pertcipagao, pela alma, na forma do. género imediatamente superior. ase icon srg depends cl) imei co Berens) Sie oe 68 JOSE BARATA-MOURA ESTUDOS DE FILOSOFIA PORTUGUESA 69 depois, os quatr Transigio ao problema da matéria. Gerago ou criagao? lementos, muito em especial a terra, que 6a nifesta> ("), ‘ nstata-se, por conseguinte, através do que acabamos de dizet acerca da ordenagdo do ser ¢ da constituicdo dos entes, que « amor (...) e encontra neste mundo infer em todas as coi- , no seu mo- sobre todo o globo da matéria-pri © misturando todas as suas partes, produz prima] todos os géneros e espécies de individuos ferior da geragdo: assim como ao mover-se 0 ma- cho sobre a fémea e movendo-a a ela, ela faz filhos» ("9 brutos, como nas plantas © nos mistos qu e, também, nos quatro element Estas duas passagens, entre outras possiveis, Silardo problema da geraco ou da criacio para 0 laquele em cujo ambi fue afk determinar 0 esclarecimento solucdo da diivida anteri Suscitada, ante a pos lade ou impossibil 20>, por toda uma tendéncia de pensamento que do dinamismo da realidade «mutivel» ou «inferior vam-nos a tran. te nos «corpos celestes © nente ¢ de maior ex: ver 6 que ‘Se bem que, em relacdo a esses seres celestes, nfo se verifique neles qualquer gerago, porque séo eternos e incorruptiveis, & pre cisamente da frutificagio do seu amor que provém as coisas infe- riores. O-amor surge, nesta. dimensfo metafisica, primariamente ligado a produgio do ser. Essa vinculagio realiza-se, no entanio ‘nfo s6 ao nivel do «mundo inferior corruptivelm e dos seus proces: S08 pr6prios, como também, e anteriormente, a0 nivel do «mund@ celeste» apontado e interpretado como «progenitor» E voltamos, assim, a sentir a necessidade de pér a questo que 6 anteriormente haviamos levantado: deve falar Leto Hey breu, de geraedo ou de criagdo, a propésito da producso e orden io dos seres? tivos clementos s, (a obot« como td =f qv eivat, ou Jo dos inferiores vem do céu como de verdad ‘como a matéria é a mae primeira na geragio, 0)

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