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Dados Internacionais de Catalogago na Publicagio (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, B ‘Formato em psicologis serv et or (os, Cristiane Paulin or, 2008, Manoel Anténio dos: ‘Simon. —Sto Paulo Variosautores Bibliogrfia. cpp - 150023 indices para catilogo sistemitico: | Psicologia como profissio 150.025 ISBN: 85-7585-128-4 Projeto grifico e diagramagio: Marcio A. Costa Diniz Capa; Marcelo Moscheta Revisdo: Lucy Leal Melo-Silva, Manoel Anténia dos Santas, ‘Cristiane Paulin Simon (© 2005 - Vetor Editora Psico-Pedagogica Lida ida reproduslo total ou parcial desta publicapdo, por qualquer meio cexistente e para qualquer finalidade, sem autorizagdo por esrito dos editores UNIPAR - MECANOGRAFA\ FONE (46)3520-2800 - R.252 AGRADECIMENTOS Apresentamos nossa profunda gratidao ~ Aos colaboradores, pela confianga depositada na orga- i nizagéo deste livro, pela disponibilidade na preparacio dos j manuscritos e pela paciéncia com o trabalho de revisdo, sem = Aos assessores e consultores ad hoe, pela valiosa cola- boragao e rigor cientifico demonstrados na anélise dos traba- Ihos submetidos e pelas sugestdes que enriqueceram os trabalhos, ~ A Milene Célere, biblictecaria da Biblioteca Central do campus da USP de Ribeiréo Preto, pelo primoroso trabalho de orientagao e reviséio das normas bibliograficas, — Ao psicdlogo e editor Glauco Bardella, da Vetor Editora, pelo incondicional apoio a esta publicagéo. =" A Rosana Flores Silva, pelo dedicado trabalho de secre- taria, comunieagéo com os colaboradores © organizacéo do proceso editorial - - A Juliana Prudéncio Lopes, pelo apoio nas atividades da secretaria, em especial na formatagdo dos manuscritos. ~ Aodesigner grifico Marcelo Moscheta, pela criagéo da capa. ~_A todos que, direta ou indiretamente, colaboraram para a preparagdo deste livro, nossos sinceros agradecimen- HUBERMAN, A. Como se realizan los cambios en la ‘educacién: una contribucion al estudio de la innovacién, Paris: UNESCO, 1973. HUMMEL, C. La educacién hoy frente el mundo del manana. Caracas: Voluntad, 1998, JORGE, L. Inovagio curricular: além da mudanga dos contetidos. 3. ed. Piracieaba: Editora Unimep, 1996. MORRISH, I. Cambio e innovacién en la ensefanza. Salamanca: Anaya, 1978. UNIPAR - MECANOGRAFIA| FONE:(46)3520-2800.~ R252 4. CONSIDERAGOES SOBRE AS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA OS CURSOS DE PSICOLOGIA ——<£—____ Marilia Ancona-Lopez processo de elaboragao das Diretrizes Nacionais para os Cursos de Psicologia -se ha algumas décadas. A necessidade de mudar os parametros que orientavam a for- macéo do psicélogo, regida pela Lei no. 4119, de 27 de agos- to-de 1962, comecou a ser ventilada nos anos 70. Ganbou forga nos tiltimos 12 anos, desde 0 Encontro Nacional com gestores de Cursos de Psicologia, em 1992, em Serra Ne- ferma jQuant-Fothas:-—— tats erat em Psicologia, fazia 30 anos. ‘© movimento oficial de mudanga dos curriculos mini- mos dos diferentes cursos, transformando-os em Diretrizes Curriculares-Nacionais, iniciou seu trajeto no Ministério da Educagio em 1996 apés a aprovacdo da LDB (Lei 9394/ 1996). A essa Lei seguiu-se a indicagéo de Comissées de Especialistas para as diversas éreas. Elas deveriam elabo- rar 0s projetos das diretrizes e envid-los para serem apro- vados pela Camara de Ensino Superior do Conselho Nacional de Educagéo, Em seguida, apés aprovacio, as diretrizes se- riam homologadas pelo Ministro através de Decretos que definiriam sua validade para todo o Pais. Na area da Psicologia, 0 proceso de elaboracao das Di- retrizes envolveu grupos ¢ entidades representativos das variadas posigdes académicas e profissionais e os érgdos representativos da classe. Finalmente, apés intensos deba- tes, as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Psicologia foram aprovadas pela Camara de Ensino Su- perior do Conselho Nacional de Educagio do Ministério da Educagéo, através do Parecer (0102/2004, de 11 de margo de 2004, do qual fui relatora. Elas foram homologadas pelo ministro Tarso Genro em 8 de Abril de 2004 e publicadas no Didrio Oficial da Unido de 12 de Abril de 2004, (Anexos 1, Hell). Inicialmente, previu-se 0 prazo de um ano para a im- plantagéo das Diretrizes Curriculares. No entanto, repre- sentantes dos diferentes cursos encaminharam pedidos de dilatagéo do prazo, considerando a necessidade de refletir sobre as propostas e criar condicdes nas instituigées para a elaboragao amadurecida de um novo projeto pedagégico. Um ano foi considerado prazo curto demais, Uma comis- sao composta pelo conselheiro Edson Nunes e por mim, avaliou os encaminhamentos e, através do Parecer CWI Pade |= Construlndo a Psicologia: possado, presente 6 futuro 80s, nas diversas areas. A contagem do tempo foi assim de- finida: cada drea tem dois anos a partir da publicagéo no Diario Oficial das Diretrizes para concretizé-las no seu cur- so. A sua implantagao, apés os dois anos, passa a ser feita obrigatoriamente para os alunos que estéo comecando o curso, semestral ou anual, conforme o seu regime de ma- tricula e poderdo, ou no ser aplicadas aos alunos das ou- tras séries, em curriculo de adaptagéo. Em outras palavras, a CES confirmou a dilatagao do prazo de implantagao das diretrizes para até dois anos apés a sua publicagéo no Did- rio Oficial da Unido. ‘As Diretrizes Curriculares dos Cursos de Psicologia fo- ram publicadas no Diério Oficial de 12 de abril de 2004 Elas deverdo, portanto, estar contempladas nos Projetos Pedagégicos dos Cursos de Psicologia no Pais, no maximo até-12 de abril-de-2006-para os. alunos iniciantes nos.cur- sos. Considerando-se os calendérios académicos usuais, podemos dizer que as diretrizes seréo de fato implantadas CES 210/2004, de 8 de julho de 2004, concluiu que as Dire- trizes Curriculares deverdo ser implantadas pelas Instituigdes de Edueacéo Superior, obrigatoriamente, no-prazo maximo de dois ancs, aos alunos Ingres santes, a partir da publicacao dest Pardigeafo nico, As IES poderdo optar pela aplicagao das DCN aos demais alunos do periodo ou ano subseqiiente & publicagéo desta, (Anexo IV). A fixagao de um limite de tempo levou em conta que a reformulagio criteriosa dos projetos pedagégicos exigiria mais do que um ano. Dois anos pareceu um prazo razoavel. ‘A Comissao decidiu delimitar esse prazo, de dois anos, para a implantagao das diretrizes curriculares de todos os cur= e4 ‘pare: os alunos ingressantesemr Agosto de-2006,-ras-fnstix———— tuigdes de Ensino Superior que tem entradas semestrais, € no inicio de 2007, naquelas que tem entradas anuais. Até enti, os cursos podem continuar com seus curriculos ante- riores, inclusive respeitando as terminalidades existentes, ‘Nada impede, todavia, que as Diretrizes sejam implantadas anteriormente a estas datas, pois jé foram oficializadas. Esta decisao fica a cargo de cada Instituigdo de Ensino Superior, respeitados os seus estatutos e regimentos. As Universidades, Centros Universitarios Faculdades podem, outrossim, se quiserem, criar curriculos de adaptacéo para os alunos em curso, desde que respeitados os tramites le- gais e institucionais. Estabeleceu-se, assim, um perfodo para discussio das Diretrizes e revisdo dos Projetos Pedagé- gicos Visando colaborar para 0 proceso de mudanga provoca- do pela necessidade de elaboragao dos novos Projetos Peda- gogicos desenvolvo consideragées sobre dois temas. O primeiro refere-se a critérios implicitos na avaliagio dos Projetos Pedagégicos que, embora nao citados clara- mente nas Diretrizes Curriculares, encontram-se subjacentes as mesmas*, © segundo trata de algumas das vicissitudes vividas enquanto participante de uma das Comissées de Especialistas que trabalhou na elaboragao das Diretrizes e, posteriormen- te, da Comissdo do CNE que acompanhou 0 processo de aprovagao das mesmas, como sua relatora. Os embates que presenciei, e dos quais participei, provavelmente se repeti- rao quando da construcao dos Projetos Pedagégicos dos cursos de Psicologia nas diferentes instituigées de ensino, 0-que justifica esta discussio. ‘Acredito que tais reflexdes possam ser tteis para o de- senvolvimento dos Projetos Pedagégicos dos cursos de Psi- Conceito Bom e CMB ~ conceito Muito Bom. A queixa mais usual refere-se ao fato de que os eonceitos finais nao refle- tem o resultado ao qual os avaliadores teriam chegado se eles mesmos definissem a avaliacdo global. Em geral, re- clama-se que 0 céleulo realizado favorece as instituigses e permite a autorizagao de funcionamento de cursos que, opinido dos avaliadores, néo deveriam ser aprovados. Tan- too INEB quanto 0 CNE que, em altima instancia aprova os formularios, estao cientes dessas queixas e elas nao se restringem ao Ambito da Psicologia. setor de avaliagdo do INEP est4 propondo uma total reformulagéo das avaliagdes do Ensino Superior do pais através da implantagao do Sistema Nacional de Avaliagao da Educacao Superior - SINAES. Estao sendo revistos to- dos os formulérios utilizados para fins avaliativos e coloca- dos. em discussio os formulirios de avaliacdo das Instituigies de Ensino e, em seguida, serdo revistos os formuldrios de avaliagéio dos cursos. Até entao, continuam-se utilizando na |} ——eotetara-pati-dar-nove- Bins Of 1. ALGUNS FATORES RELEVANTES NA AVALIACAO DOS PROJETOS PEDAGOGICOS ‘As comiss6es que visitam os cursos de Psicologia orien- tam-se por protocolos e formulérios desenvolvidos pelas Comissées de Especialistas e adotados pelo Instituto Nacio- isa - INEP. As queixas sobre 0 Psicologia, € frequents, O formulario apresenta varios que- sitos que recebem uma avaliagdo numérica. Os quesites tem pesos e resultam em indices que se inscrevem nas categorias Cl ~ Conceito Insuficiente, CR ~ Conceito Regular, CB ~ 7 pain part mn ei oa aS Sen NSSONA SOOT as DUNE ‘Carrislares Niionas para or Cursos de Pacologia, 243 do goto de 2004, Hot! Nason, ‘reste, DP dhoponibilnadas paras Aceocighe Draalura de Frain da Pichon ABER os formutariosjé-exi iras propostas, o INEP apresenta modifi- is para o sistema de avaliacéo: introduz corpo docente ¢ instalagées, avaliados pelos formuldrios atuais, continuam a ter peso nas novas propostas, mesmo se,sob nova forma. Procurando diminuir interferéncias pessoais nas ava- ses, o INEP utiliza alguns critérios na montagem das comiss6es: os membros nao podem ser do mesmo Estado da instituigdo ou curso avaliado, duplas ou trios dos mesmos avaliadares néo devem ser repetidos ¢ as comissées devem ter pelo menos um doutor entre os seus membros, No en- a tanto, na drea da Psicologia, as maiores discussées refe- rentes avaliagao dos cursos recai no fato de que a avalia- cdo do Projeto Pedagégico envolve questées referentes a posigoes pessoais. Assim, 6 comum, ao receber relatérios das Comissées de Verificagao, observar-se maiores ou me- nores exigéncias claramente decorrentes das posigées es- pecificas dos membros das comisses de avaliagao, Outros fatores, no entanto, séo considerados relevan- tes, independentemente das diferencas de posicionamento dos especialistas que visitam os cursos. Entre eles, no que diz respeito & Psicologia, e considerando-se a multiplicidade de abordagens ¢ as variadas acées profissionais existentes na drea, encontram-se a necessidade de coeréncia interna do projeto, a possibilidade de integrar conhecimentos multi- plos, a abertura para a produgéo de novos conhecimentos, técnicas-e-estratégias de ago, assim coma_a consideracio do contexto organizacional e sécio-cultural no qual 0 cur- so esta situado, Espera-se, outrossim, que o projeto peda- “qomico-decurra-de-uma-gestagiie-voletiva 1.1, Coeréneia interna ‘A coeréncia interna dos Projetos Pedagégicos é garanti- da nas Diretrizes Curriculares pela exigéncia de Eixos Estruturantes (Art. 5). E interessante observar que, em nenhum momento, no tenso processo de discussio das Di- retrizes Curriculares, houve questionamentos referentes a essa exigéncia, Os eixos estruturantes tém a fungéo de ga- rantir a aquisigéo progressiva dos conhecimentos existen- tes em Psicologia, a compreenséo das ideologias subjacentes as diversas teorias e abordagens, os seus referentes epistemolégiens, rricos © metodoldgicos ¢ 08 recursos para a investigugio e para a ago por eles proporcionados, as discussées das in- terfaces e das praticas profissionals. Os eixos organizam as habilidades e competéncias a serem desenvolvidas em ee Parte | — Constiuingo a Psicologia: passado. presente « futuro um todo dinamico, dando sentido ao curso, ¢ evitando que este se transforme em um agrupamento de contetidos sem logica interna. (Os eixos estruturantes néo devem se limitar, no entan- to, a organizar as habilidades e competéncias desenvolvi- das durante as agées curriculares. & preciso atentar para as freqiientes atividades complementares e de apoio aos cursos, desenvolvidas ao lado do curriculo oficial. Sao agées que compéem 0 ambiente académico e constituem recursos de aprendizagem informal. Elas tém um papel importante na formagéo dos alunos, mas, raramente informam seus fandamentos, Eles esto implicitos, subjacentes as agées, na elaboragao do novo Projeto Pedagégi- co, que esteja explicita a sua ligagao com 0 curso como um todo. Assim, & guisa de exemplo, espera-se que instituicoes -que-declarem_em_seu_projeto alto interesse em Psicologia Comunitéria apresentem atividades de extenséo voltada & comunidade e, vice-versa, instituigdes que desenvolvam variadas-agses comunitérias- contemplem_o tema em si ementas, programas ¢ bibliografia. 1.2. Integragio de conhecimentos As Diretrizes exigem um niicleo comum de formacao que estabelece uma base homogénea para a formacio do psicé- logo no Pais e oferece uma capacitacdo basica para lidar. com os contetidos da Psicologia, enquanto campo de conhe- cimento e de atuagao (Art. 7). Para tanto, solicitam que 0 curso garanta ao profissional um domfnio basico de conhe- cimentos psicolégicos e a capacidade de utilizé-los em dife- rentes contextos, através da aquisicéo de determinadas competéncias apoiadas em habilidades (Arts. 8 ¢ 9). Elas preyéem, também, a estruturacao de estagios supervisio- nados estruturados em um nivel basieo, qu (Fordeserr= volvimento de praticas integrativas das competéncias e 88 praticas integrativas das competéncias, habilidades e co- nhecimentos que definem énfases propostas pelos cursos (Art. 22, Parégrafos Le 2). & preciso salientar que intimeras agées psicolégicas per- mitem a integragéo dos diferentes olhares da Psicologia e desenvolvem habilidades e competéncias basicas a serem utilizadas nos mais diferentes contextos profissionais. E importante trabalhar essa integracdo no decorrer do curso tanto em nivel teérico, no programa das diferentes disci- plinas, quanto nas atividades praticas, de modo a permitir que o aluno constitua um quadro de referéncia geral do co- nhecimento na drea. O estagio basico do curso é um espaco propicio para 0 desenvolvimento de praticas integradoras do conhecimen- to. Por exemplo, atividades em pequenos grupos, como a ma reuniao de professores em uma escola, para a discussao de exercicios a serem fei- tos em classe, exige a definigéo do abjetivo dos exercicios, conteiido, método, alunos a quem se dirigem, duracdo e for- mas de avaliagéo. A observacao da reuniao permite anali- sar a competéncia dos educadores, a consisténcia de suas orientagées teérieas, 0 rigor dos conceitos utilizados. Possi- bilita, também, conhecer os valores o ideclogias subjacentes . A andlise das interagées ocorridas na reunido expée a dinamica das relacées grupais, 0s acor- dos tacitos, conflitos e tensdes, as negociagées e suas valéncias, jogos de poder, aliangas, dissensées. As manifes- tagoes verbais e corporais assinalam as unsiedades, defe- sas, apontam caracteristicas saudaveis e patoldgicas e 0 modo de ser dos participantes. E assim por diante. Ou seja, uma atividade que, de inicio, pode parecer caracteristica de 90 Pane I = Construindo a Psicol uma (nica 4rea da Psicologia, no caso a Escolar, apresen- ta-se como possibilidade de integrar conhecimentos das mais diferentes areas e possibilita o desenvolvimento de habilidades e competéncias, na conducéo e na leitura do grupo, ites para diferentes contextos profissionais. Do mesmo modo, as entrevistas possibilitam integrar conhe- cimentos e sua utilizagdo é basica para diversas reas de atuacéio em Psicologia. Sao o niicleo comum e 0 estagio basico que garantem a integracdo de conhecimentos e 0 projeto pedagdgico deve centrar-se nesse nivel. As énfases, por sua vez, também de- vem ser definidas como atividades integradoras, desta vez aplicadas a algum dominio da Psicologia, de modo a nao caracterizar especializacées, mentos, téenicas e estratégias Como J contraponto a quentéo de coeréneia ® da integracdio legiem agies voltadas ram da pratica e da abrangéncia da area da Psicologia. O conhe- cimento psicolégico é ainda falho e as suas lacunas devem ser evidentiadas na formacao do psicdlogo. B importante que os programas e as agées confrontem 0 aluno com as incompletudes dos conhecimentos teéricos, das tée das possibilidades de agéo no Ambito da Psicologia e quem caminhos para o seu preenchimento, remodelagéo, ou para os desmanches que podem propiciar 0 surgimento do novo, através de uma formagéo voltada para a pesquisa em suas diferentes modalidades. Assim, por exemplo, 0 re- conhecimento da angistia vivida ante a excessiva deman- da de atendimento em uma clinica — escola, a possibilidade de sua nomeagéo e as reflexdes que dela decorreram propi- 2 ciou © desenvolvimento dos grupos de espera, plantées psi- cologicos, triagens interventivas, a partir do uso de méto- dos clinicos de investigacao. 1.4, Insergiio do curso na Instituicao de Ensino Superior A insercéio de um curso em uma Instituigéo de Ensino Superior (IES), no que diz respeito A missio institucional, demanda conhecimento da organizagao, de sua histéria, de seu papel educacional no conjunto das TES e no processo edu- cacional no pais. Esse conhecimento permite compreender os objetivos de um curso de forma mais ampla c lhe confere maio- res possibilidades de contribuir para a vocacao institucional, de estabelecer interlocugées intracursos ¢ de desenvolver ati- vidades interdisciplinares no émbito da propria organizagéo, asin como de-assumir-ume posigao- politi A implantagéo coerente do curso em uma IES, obviamen- te, ndo dispensa a necessidade de manutencao de um olhar critic voltado tanto a instituigdo quanto ao proprio curso. E preciso lembrar que os cursos so constituintes das organiza- ‘goes © néo exclusivamente determinades por suas normas € valores. Bisse tltimo aspecto ¢ importante para os cursos dé Psico- logia que se situam nas instituigdes particulares de ensino. Hoje, no pais, a maior parte dos cursos de Psicologia encon- tra-se em faculdades particulares. H4 uma diversidade de ins- tituigdes particulares, com as mais diferentes curacteristicas. Essas instituigées, menos sedimentadas, encontram-se em processo de organizacdo e definigao de suas identidades. E preciso que a gestdo do curso reconhega 0 espaco de agio possi- vel e tenha claro o papel do curso na construcéo organizacional. O Art. 4 das Diretrizes declara, no ineise “d”, que a formagéo em Psicologia tem por objetivos gerais dotar 0 profissional 92 dos conhecimentos requeridos para o exercicio de competén- cias e habilidades gerais, entre as quais cita a lideranga, espe- cificando que esta deve se dar no trabalho em equipe multiprofissional, tendo em vista o bem estar da comunidade. E, no mesmo artigo, no inciso “e” coloca que os profissionais devem estar aptos a tomar iniciativas, fazer o gerenciamento e administracéo tanto da forca de trabalho, dos recursos fisi- cos e materiais e de informagao, da mesma forma que devem estar aptos a serem empreendedores, gestores, emprogadores ou liderangas na equipe de trabalho. E necessario, portanto, que os gestores dos cursos de Psicologia delimitem as suas autonomias didaticas, cientificas e administrativas, definam as necessidades de espaco, equipamentos, modos de contratagao, programas de apoio a docentes e discentes, formagdo e atuali- zagiio dos acervos das bibliotecas, participagio na gestio aca- ‘démicoadminists papel importante dk formacao docente, valendo-se das possibilidades das institucionais de capacitagao e dos programas de incentivo. 1.5. Consideraco do contexto sécio-cultural no qual © curso esta inserido A definigéo de um micleo comum que garante uma forma- Gao homogénea ao psicdlogo nao desobriga da atengio As ca is. As diretrizes sdo claras quando go de atuar em diferentes contextos considerando as necessidades sociais, 05 direitos humanos, tendo em vista a promocéo da qualidade de vida dos individuos, grupos, onganizagies e comunidades (Art, 3, inciso “e”) Este compromisso pressupée a consideragéo, no projeto peda- gégico, das caracterfsticas sécio-culturais do local em que o curso se desenvolve, Estas devem ser atendidas na definigio das atividades, contetidos, bibliografia e priorizagbes que es- tardo presentes ao longo do curso. 93 ‘Em um nivel que ultrapassa os limites institucionais, cum- prom importante papel as parcerias académicas e organizacionais € a articulagio com os érgiios de classe e de Edueagio no am- bito da profissdo e no émbito do poder publico. 1.6. Construgio coletiva ‘Todo bom projeto pedagdgico demanda gestacao coletiv ou seja, planejamento participativo. No interior da prépri organizagao 0 proceso dindmico de construgao inclui a ela~ boragéo, implementagéo, revisio e atualizagdo do projeto pedagégico, bem como revis6es periddicas dos documentos produzidos baseadas em avaliagées. 2. EMBATES PREVISIVEIS NA CONSTRUCAO INSTITU- CIONAL DOS NOVOS PROJETOS PEDAGOGICOS PARA OS CURSOS DE PSICOLOGIA. A elaboragao do novo Projeto Pedagégico, atendendo & Broposta das Diretrizes Garricelares,aasny-como 08 fato- favordvel ag estabelocimento de uma gestao participativa do curso. F, no entanto, o espago mais provavel para o surgimento de embates de diferentes ordens. A experiéncia na participagio da Comissao de Especialistas ¢ nas discus- sées das diretrizes no Conselho Nacional de Edueacdo per- mite prever quais as situagdes de tenséo que terdo que ser enfrentadas. 2. A desconstrugao da rotina mudanga do Projeto Pedagégico, atendendo as novas diretrizes, significa 0 desmanche de um: no decorrer de décadas de vigéncia do Bla se expressa em titulos de disciplinas, sequéncia de con- totidos, organizagdo dos estdgios ¢ distribuigio de cargas horarias das quais decorrem a contratacao de professores e a organizagao das suas atividades. Por detris deste coti- diano, encontram-se determinados valores e posiges que definiram a obrigatoriedade dessa estrutura curricular ¢ agora precisam ser revistos. 2.2. Ideologias subjacentes A definigao do profissional que o curso pretende formar implica em esclarecer a ideologia do curso. E conhecida a acusagao de que o curriculo minimo obrigatério privilegia a formagao individualista e patologizante, desenvolvida em uma pers- pectiva que desconsidera o contexto social enquanto cons- tituinte da pessoa. Um posicionamento que valorize a “compreensao critica dos fendmenos sociais, econdmicos, culturais e politicos do Pais, fundamentais ao exercicio da cidadania eda profisio”, como proposto pelo Férum Aberto Itado ae questdes soc nitdrias. Ao mesmo tempo, a questo, como ¢ colocada, © organizacéo, presente nos cursos de Psicologia desde x década de 1960. (0 uso da reformulagao curricular a favor de determina- das posicées politicas é mais um dos aspectos a ser exami- nado. O movimento das Diretrizes Curriculares ocorreu nos ltimos anos no horizonte do neoliberalismo. Dai a rejei- g&o ou apoio ao processo, conforme a posigéo politica do profissional, ou grupo de profissionais. O posicionamento | no caso, néo se restringiu a forma de construgao etrizes, mas estendeu-se a outras medidas tomadas superior, a criagdo de Centros Universitarios, 0 provéo, etc, Isto significa que, na montagem do Projeto Pedagégico, estardo em jogo as diferentes forcas que representam as va- riadas posigées politicas no Pais. 95 2.3. Questées paradigmaticas Entendendo-se por paradigma o conjunto de pressu- postos e valores a partir dos quais se vé 0 mundo, encon- tramos formas diferentes de compreender o que € 0 conhecimento, como ele ¢ produzido, dai decorrendo diver- sas conceituacées de ciéncia, ou ciéncias, psicologia ou psi- cologias Dessas vis6es decorreram as eriticas que apontavam as diretrizes inicialmente propostas como baseadas em pres- supostos objetivantes e positivistas. As mesmas visdes de Cigncia deverdo produzir embates referentes & introdugao ou nao de determinadas disciplinas e contetidos nos cursos de Psicologia, a) Questées conceituais rever conceituagées da 4rea que prevalecem ha décadas e se repetem no discurso, sem questionamento. O caso da Psi- cologia Clinics 6 um desses exempl na patologia ¢ por jica_como_uma_posi¢ao restrita a0 atendimento individual a partir de uma pers- pectiva patologizante é desconsiderar o avango da area, os conceitos de formacao de subjetividades, de singularidades, © desenvolvimento da clinica institucional, da elfnica do social, os avangos técnicos que resultaram nas possibilida- des de atendimentos grupais, de atendimentos breves, ete. A discussao exige logia Clinica e de Clinica Psicolégica, discriminando os ter- mos e revendo-os a partir dos avancos oferecidos pelos estudiosos da area nas altimas décadas. Obviamente, este 6 apenas um dos conceitos que precisa ser delimitado. O-desmanche-do-Curriculo-Minimo-facilita essa discussio na medida em que obriga a um desapego dos 96 arta | = Consiruindo a Psicologia: passado, resent ¢ futuro titulos das disciplinas tradicionais para verifiear 0 que de dependentemente fato se ensina nas diferentes disciplinas, de apoiar ou nao a andlise em termes de hal téncias. As discussdes que ocorreraéo para apontardo iniimeros outros que hoje so aceitos em suas versées tradi mas que, expostos a mudangas, exigi- rao reformulagées. b) Adesoes tedricas Os embates pela prevaléncia de determinadas leituras tedricas, acopladas A necessidade de revisées conceituais ¢ bastante evidente. Eles ja se fizeram publicamente presen- tes nas discussdes sobre as primeiras propostas curriculares, nas quais prevaleciam conceitos e termos caracteristicos das abordagens behavioristas e cognitivas, observando-se a auséncia de termos decorrentes das teorias advindas das psicandlises e das correntes fenomenolégico-existenciais. Estiveram subjacentes defesa pela formacao generalista contra especializacées prematuras. Esse embate terminou por assegurar o pluralismo da area, na medida em que os grupos representantes das diferentes teorias desempenha- vam o papel de “guardiées” da formacao plural, apontando as posigdes que pareciam dominar a érea. As diretrizes procuraram garantir a pluralidade nos cur- sos de Psicologia, no seu artigo 3. No entanto, na definicéo, das ementas, dos programas, no titulo das disciplinas esse embates ocorrerao novamente no nivel das instituigbes de ensino. Apenas uma andlise do conjunto final do projeto pedagégico permitira verificar se foi respeitada a visao pluralista exigida pelas diretrizes. ©) Contratagaes A re-organizagéo do. curriculo do curso incidird neces- sariamente na alocagao de horas ¢ atividades do professor. serviges-escola em debate ‘A nova distribuigao de horas podera ser equilibrada, nas instituigdes de ensino piblico, por atividades de pesquisa ou outras as quais o professor poderd se dedicar, no seu contrato. Nas universidades particulares, onde esté alocada a maioria dos cursos de Psicologia do Pais e que, em grande parte, contratam professores horistas, a r% poderd significar aumento, diminuigdo ou re trato trabalhista. As negociacdes serdo, portanto, atravessa- das por questées de ordem pessoal, decorrente de movimentos para manter, aumentar ou evitar alteracées nos contratos. 2.4, Disputa de poder e atitude ética ‘A disputa de poder no ambito politico, teérico ou pessoal foi evidente no processo de elaboracdo das diretrizes. Bla se fez presente na montagem das Comissdes de Especialis- tas, nas pressées para a ndo homologagdo das primeiras versoes, na freqiténcia e subvencéo de eriticas-entre-os- grupos: Lidar com-as situagdes acima descritas requer atengéo as aliangas silenciosas, aos jogos de poder, aos medos, as defesas, aos sentimentos pessoais, enfim, & capacidade de perceber as relagées, de ler as interagées, habilidade nas negociacées, lideranga ¢ capacidade para tomar decisées visando agées afirmativas. Considerando que estas s&o as jades que as diretrizes propdem para serem desen- s nos alunos do curso de Psicologia, supde-se que os ionais esto em condigoes de exereé-las. No entanto, as negociacées apenas poderdo ser bem conduzidas se as equipes privilegiarem em suas relagées uma atitude ética na qual a formagio do aluno devera ser 0 objetivo conscien- temente perseguids. Para além desses embates, eabe aos professores lembra- Tem que as instituigdes de ensino e os cursos de Psicologia existem para formar profissionais. E a atitude ética e trans- Parente no trato das questoes do curso constituir-se-A cer- tamente na grande oportunidade de mostrar aos alunos 0 que é um curso universitario e como se dé 0 exereicio cons- ciente da profissao.

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