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Grupo Municipal Coligação PSD- PP

Moção

1. Considerando que o reordenamento da rede escolar deverá orientar-se


para promover o sucesso escolar e a igualdade de oportunidades;
2. Considerando que a carta educativa:
a. é um instrumento que visa assegurar a adequação da rede
de estabelecimentos de educação pré-escolar e de ensino
básico e secundário;
b. é o reflexo a nível municipal, do processo de ordenamento
a nível nacional da rede de ofertas de educação e
formação;
c. inclui uma análise prospectiva, fixando objectivos de
ordenamento progressivo, a médio e longo prazos.
d. é o garante da coerência da rede educativa com a política
urbana do município;
3. Considerando que as reformas se fazem com a participação dos
diversos stakeholders e não na sua ausência;
4. Considerando a Resolução do Conselho de Ministros n.º 44/2010,
publicada em 14 de Junho, o qual determina, entre outras:

a. o encerramento das escolas com menos de 21 alunos até final


do ano de 2010/2011;
b. A criação de unidades de gestão - que integrem todos os
níveis de ensino e permitam aos alunos completar a escolaridade
obrigatória no mesmo agrupamento.
5. Considerando a tomada de decisão da criação de um Mega Agrupamento
com sede na Escola Secundária de Alcanena, o que implica a dissolução
imediata de todos os órgãos eleitos, bem como a extinção da identidade dos
Agrupamentos e da Escola Secundária de Alcanena, sem que para tal a
Senhora Presidente da Câmara tivesse convocado e ouvido o Conselho
Municipal de Educação (que ainda não reuniu no presente mandato), ou os
Directores dos Agrupamentos ou Escola não agrupada do concelho;
Vem a Assembleia Municipal de Alcanena reunida a vinte cinco Junho:
1. Questionar a primeira resolução, na medida em que se verifica:
a. A inexistência de uma relação de causalidade linear entre o número
de alunos de uma escola do 1º ciclo e o sucesso escolar e educativo
dos mesmos, ao contrário do que se afirma;
b. O aumento da desigualdade de oportunidades, uma vez que é
suposta a deslocação destes alunos para escolas localizadas em
freguesias vizinhas, com iguais ou piores condições do que as de
origem. Não é de todo aceitável desenraizar crianças de 6 anos da
sua freguesia ou lugar, obrigando a que o seu dia escolar seja mais
prolongado, longe de casa, com obrigatoriedade de recorrer a
transportes públicos e de fazer as refeições na escola.
c. O incremento das assimetrias interfreguesias, contribuindo para a
desertificação das mesmas e consequentemente para a migração
para as sedes do concelho ou no limite para concelhos vizinhos;

2. Discordar da constituição do mega agrupamento de Alcanena, uma vez


que:
a) A imposição de medidas às escolas sem a prévia auscultação das
respectivas comunidades educativas contraria um dos requisitos
necessários para a constituição dos Agrupamentos Escolares,
definidos no Decreto Regulamentar n.º 12/2000, de 29 de Agosto, de
acordo com o qual “a iniciativa para a constituição de um
Agrupamento de Escolas cabe à respectiva comunidade educativa,
através dos órgãos de administração e gestão dos estabelecimentos
interessados”;
b) A interrupção abrupta dos mandatos dos órgãos de gestão eleitos há
pouco mais de um ano por um período de quatro anos põe em causa
a própria legalidade deste processo;
c) A imposição da construção de um mega projecto educativo
substantivo em termos pedagógicos tem que resultar de uma
construção participada pelos diferentes agentes educativos, espelhos
de identidades construídas consensualmente e jamais impostos
superiormente e aplicados em mega-organizações.

3. Alertar para as consequências negativas destas medidas a diversos


níveis:

Nível Pedagógico – Assistiremos a:

a. Escolas sobrelotadas com alunos com idades muito díspares,


coexistindo, em alguns casos, no mesmo espaço, com um número
crescente de alunos com hábitos desadequados, face ao aumento dos
anos de escolaridade obrigatória, não sendo de todo aconselhável a
partilha de espaços com alunos que ainda não entraram na
adolescência.
b. Deslocação de alunos das suas terras, o que obriga a um tempo de
permanência maior na escola, reduzindo o tempo para estudar ou para
realizar outras actividades;
c. Instabilidade na classe docente, originando insatisfação, com
consequências óbvias na prática pedagógica e resultados escolares.

Nível Administrativo
a. Agrupamento com muitos docentes, inviabilizando a actual
estrutura de departamentos, cujos membros podem chegar à
centena, limitando assim o seu exercício de simples reunião, já
que a maioria dos agrupamentos nem sequer têm salas com
capacidade para este número de docentes. Por outro lado, as
diferenças e a distância entre escolas inviabiliza a concepção e
concretização de um projecto educativo único.
b. Impossibilidade de uma unidade de referência na acção
educativa, como a investigação largamente documenta.
c. Estas mega-estruturas poderão ser um instrumento de diluição de
responsabilidade e de acréscimo de dificuldade de articulação
vertical e horizontal, sendo verosímil a ineficiência e ineficácia da
acção.

Nível Social –Instabilidade do corpo docente, dos órgãos de gestão, do


pessoal não docente; insegurança por parte dos pais; não cumprimento do
modelo de gestão e de autonomia e acentuação das desigualdades.

4. Deliberar o seguinte:

a. Que a resposta do município face ao encerramento das


escolas do 1º ciclo seja apenas afirmativa nos casos em que
os alunos sejam transferidos para uma escola de excelência,
isto é, para uma escola com Biblioteca Escolar, Bufete,
Refeitório, Computadores com ligação à internet, entre outros.
b. Que a autarquia (Câmara Municipal e Juntas de Freguesia) se
coloque ao lado da comunidade educativa e solicite à tutela a
suspensão imediata da criação deste mega agrupamento,
concebido nos gabinetes e de costas voltadas para
professores, funcionários, alunos e encarregados de educação;
c. Que uma eventual reordenação da rede escolar decorra de

uma ampla discussão, desencadeada pelo Conselho Municipal


de Educação, fazendo, desta forma, valer, por um lado, os
princípios consagrados nos discursos educativos do exercício
de autonomia, da participação democrática e, por outro, as
decisões estratégicas plasmadas na carta educativa,
garantindo que a opção a tomar assegure a consecução de
um Projecto Educativo ou dos diversos Projectos Educativos
consentâneo(s) com a identidade da(s) comunidade(s)
educativa(s), isto é, com realidades próximas e reais
preocupações sociopedagógicas e menos economicistas.

Os subscritores,

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