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BARBARIE E MODERNIDADE: AS TRANSFORMACOES NO CAMPO E O AGRONEGOCIO NO BRASIL! Barbarie y Modernidad: Las transformaciones en el campo y el agronegocio en Brasil Barbarity and Modernity: The transformations in the agriculture and the agribusiness in the Brazil Ariovaldo Umbelino de OLIVEIRA Professor do Programa de P6s-Gracduagio em Geografia Humana do Departamento «le Geogeafia ~ FFLCH — USP Correio eletrOnico: arioliv@usp.br RESUMO: Este texto aborda as contradigdes do desenvolvimento do capitalismo na agricultura brasileira De um lado esti’ a marca da barbie que deriva da agio dos latifundiios contra os Sem Terra, A luta intensa por direitos dos movimentos sociais na dhtima década do Século XX, esti sendo marcada pela violencia dos conflitos e dos assassinatos no campo, De outro, esti a participagio cada vez mais expressiva do agronegécio na economia em geral e, icularmente, na pauta de exportacdes do pais. Procura-se desvendar o mundo do agronegécio, através de uma cemonstragio exaustiva de didos que revelam ser a pequena e a média unidade de proclucio, as responsiveis pela maior parte cla produgio agropecusria, (O texto aborda também o lugar do agronegocio no conjunto do capitalismo mundializado, ‘rata jgualmente, las caracteristicas bisicas do processo de mundializacio e da atuacao do capital na agricultura A Reforma Agriria & analisada como alternativa importante para o desenvolvimento econdmico, social € politico para os camponeses Sem Terra da Brasil PALAVRAS-CHAVE: Agricultura brasileira, agricultura camponesa, movimentos sociais, conflitos no campo, agronegécio e mundializacao, RESUMEN: Este texto “Barbsirie y Modemiclad: Las transformaciones en el campo y el agronegocio en Brasil” aborda las crontradiceiones del desarrollo del capitalismo en la agricultura brasileba. Por um lado. eesti la marca de la barbaric que es fruto de Ia accion de los terratenientes contra los Sin Tierra. La intensa lucha por derechos de los movimientos sociales en la tikima década del siglo XX, esta sienco marcada por la violencia de los conilitos y de los asesinatos en el campo. Por otro, esti a participacion cada vez mas expresiva del agronegocio en la economia en general y, particularmente, en la pauta de exporaciones del pais, Se intenta desvendar el mundo del agronegocio, por medio de una exaustiva demonstracién de datos que revelan ser la pequefia y la media unidad de produccion, la responsable por la mayor parte de la produccién agropecuaria El texto también aborda el lugar del agronegocio en el conjunto del capitalismo mundializado. La Reforma Agriria es analisada como alternativa importante para el desarrollo econémico, social y politico, para los campesinos Sem Tierra det Brasil PALABRAS-CLAVE:Agriculturt brasilenia, movimientos sociales, coniflictos en el campo, agronegocio, rmundializacion, ‘Terra Livre Sio Paulo [Ano 19,v.2,n.21[ _p. 113-156 Jul/dlez. 2003 » A primeira versio deste texto foi apresentada para discusssio em reuniao da CPT Nacional ~ Goi 22/10/2003. A segunda versio ampliada, foi apresentada no XII Encontro Nacional do MST ~ § do Iguacu ~ PR, 19 a 24 de Janeiro de 2.004, ABSTRACT: This study “Barbarity and Modernity: the transformations in the agriculture and the ageibusiness in the Brazil” is about the development of capitalism on brasilian agriculture. There is the basbatity of the farmers against the Sem Terra. This intense figth is for social rights development at the lost decade: of the 20" Century, it has being marked to the violent conflicts andl murders on the fiel On the other side, the are the grouver participation of agribusiness on the economy, at the exportation in particulary. Discoveing the agribusiness'world through statisties the have shown that is sinall andl medium tural property were the responsible for the biggest production, ‘The paper is about the capitalism and agribusiness in the globalization, too. The Land Reform is analyzed as an important alternative to the economic, social and politic development for Sem Terra peasants. KEY WORDS: Brazilian agriculture, social movement, fiekd conflict , agribuseness globalization, INTRODUCAO: Em pleno inicio do século XI, os movimentos sociais continuam suit ita pela conquista da Reforma Agraria no Brasil. As elites concentradoras de terra respondem com a barbie. Assim, © pais vai prosseguindo no registro das estatisticas crescente sobre os conflitos e a violéncia lo campo. A luta sem trégua © sem fronteiras que te1vam 03 camponeses e trabalhadores do campo por um pedaco de chao e contra as multiplas formas de exploragio de seu trabalho amplia-se por todo canto e lugar, muhiplica-se como uma guerrilha civil sem reconhecimento. Essa realidad cruel é a face da barbarie que a modernidade gera no Brasil. Aqui a modemidade produz as metropoles, que industrializa « mundializa & economia nacional, internacionalizando @ burguesia nacional, soldando seu lugar na economia mundial, mas prossegue também, produzindo a exclusio dos pobres na cidade e no campo. Esta exclusto leva 3 miséria parte expressiva dos camponeses € trabalhadores brasileiros, No Brasil, o desenvolvimento contraditério e desigual do capitalismo gestou também, contraditoriamente, latifundliérios capitalistas ¢ capitalistas latifundigrios. Os integrantes do mundo do agronegécio continuam a pedir o fim dos subsidios agricolas nos paises desenvolvidos, para que a produgio mundializada da agricultura brasileira chegue ao mercado mundial. Insistem também, na recusa em aceitar a Reforma Agraria como caminho, igualmente moderno, para dar lacesso a terra aos camponeses que querem produzir ¢ viver no campo. Como tenho escrito em ‘meus textos, nao.se trata, pois de um retomo ao pasado, mas, de um encontro com o futuro, A incansavel luta pelo acesso a terra no Brasil, tem esta dimensto da modernidade incompreendida pela elite latifundidria € por parte da intelectualidade brasileira. No Brasil, intelectuais que preferem acreditar que o campo acabou € que a agricultura é atividade de “tempo parcial” (part-time farmer). As pluriatividades estariam agora na agenda do dia, assim, 2 produgao agricola estaria irremediavelmente em segundo plano. Estes intelectuais afirmam com apoio de parte da midia brasileira que o campo urbanizou-se nao ba mais sentido Falar- se em rural. A onda agora € 0 “novo rural brasileiro”, 0 “rururbano". O campo do Brasil real foi substituidlo pelo Brasil da ficeao virtual que emerge das andlises estatisticas da PNAD - PeBjuisa Nacional por Amostragem Domiciliar que 0 IBGE levanta. Alids, esses intelectuais continuam. a fazer com que a “estatistica seja a arte de torturar os ntimeros até que eles confessem”, como contou-nos um dist o genial economista José Juliano de Carvalho Filho da FEA-USP, nas reunides de elaboragto do II Plano Nacional da Reforma Agraria do Governo LULA. Ha também, entre estes intelectuais, aqueles que travam uma “briga falsa” com as estatisticas co IBGE. Como este Instituto toma como base para seus levantamentos estatisticos © perimetro urbano definido por lei em cada municipio do pais, este critério dos tempos getulistas, “esconderia” um Brasil majoritariamente rural, pois a maioria das cidades brasileiras vive das atividades rurais. Para eles, Portanto, a maior parte da populagdo levantada como urbana pelo IBGE € também nesta “Ficgio virtual da também virtual teoria” uma populago rural Assim, o Brasil rural virou urbano ou entio, o Brasil urbano virou rural. Certamente, em mesmo os mais dialéticos dos fildsofos imaginaria tamanha “dialética do virtual”. Para estes intelectuais, que no campus universitério procuram entender 0 campo, as estatisticas servem a priori para justificar e fundamentar concepgdes contradit6rias. E muito provavel que nem um e nem outro tenha raziio, E preciso ponderar que a amostragem das estatisticas da 14 PNAD est contaminada pela presenca de grande ntimero de am clandestino computado como rural, Naa sio somente as estatisticas que registram um Brasil majoritariamente urhano, mas, hd de fato, em todas as partes deste pais continente, o modo de yida urbano dominando simultinea e contraditoriamente a cidade € 0 campo. E possivel, que tenha faltado a necessiria compreensio de que mio sto os dados que determinam a realidade, ‘mas, 20 contririo, é a realidade que determina os daclos. Alids, tem faltado realidade e Geografia do Brasil nos estuclos destes intelectuais. A BARBARITE, Outros intelectuais, movidos pela busca da compreensio do Brasil real, vao ao campo estudar as lutas travadas pelos movimentos sociais, procuram interpretar a barbarie que os idadlos sobre conflitos no campo levantados pela CPT registram, Assim, 0 campo contém as duas faces da mesma moeda. De um lado, est o agronegécio e sua roupagem da modernidade, De ‘outro, esta o campo em conflito, A mesma série estatistica que registra os conffitos, retransmite © recado vindo do campo: nem a violencia dos jagungos, nem a repressdo social democrata do governo FHC e de muitos governos estacluais como o do PSDB em Sao Paulo, ou m 08 textos dos intelectuais € @ opinido da midia representante das elites que nto véem esta realidade, so suficientes para impedir a ja longa e paciente luta de uma parte dos trabalhadores do campo € de parte dos excluidos da cidade, para “entrarem na terra”, para se transformarem ‘em camponeses, Estamos diante da rebeldia dos camponeses no campo € na cidade. Na cidade € no campo eles estio construindo um verdadeiro levante civil para buscar 05 direitos que Ihes ‘sio insistentemente negados. Sio pacientes, nao tém pressa, nunca tiveram nada, portanto, apreenderam que s6 a luta garantir no futuro, a utopia curtida no pasado. Por isso avancam, ocupam, acampam, plantam, recuam, rearticulam-se, vao para as beiras das estradas, acampam_ novamente, reaglutinam forgas, avangam novamente, ocupam mais uma vez, recuam outta vez, se necessario for, no param, estio em movimento, so movimentos sociats em luta por direitos. ‘Tem a certeza de que o futuro thes pertence e que sera conquistado. ‘Mas, as elites 10 contritio, como tém que garantir 0 passado, vem na violéncia ¢ na barbfrie a tinica forma de manter seu patriménio, expresso na propriedade privado capitalista da terra, ‘Assim, a lei vai sendo invocada por ambos: uns para manté-la, outros para questionar o seu cumprimento. O diteito vai sendo subvertido e a justica ficando de um lado 86, o lado do direito reivindicado pelas elites. Muitos magistrados sio capazes de dar reintegracio de posse a lum representante da elite que ndo possui o titulo de dominio de uma terra que é sabiclamente piiblica. Como tal, sendo ptblica ela nao é passivel do reconhecimento da posse. Entretanto, fa justica cega nao vé porque nao quer muitos magistrados apenas véem quando os camponeses em luta abrem para a sociedade civil a contradi¢ao da posse capitalista ilegal da terra pela Constituigio. Neste momento, 0 direito é abandonado € a justiga vai se tornando injustica, Aqueles que assassinam ou mandam assassinar estio em liberdade. Aqueles que lutam por um direito que a Constituigao Ihes garante, esto sendo condenados, estio presos. Repetindo, é a subversio total do direito € da justiga A luta ea propria Reforma Ageiria vao para 0 banco dos réus. Os camponeses processados fe condenados. Instaura-se em nome do rigor do cumprimento da lei, a velha alternativa de tornar os presos politicos em réus comuns. Aliss, de h4 muito neste pais, hist6ria e farsa, farsa e hist6ria se confundem aos olhos dos mortais. Por isso, “por defender a implantacao da Reforma [Agriria no Brasil, 17 trabalhadores rurais ligados ao MST foram detidos em todo pais, Em uma manobra para intimidar o Movimento, instincias judiciais emitem mandados de pristio ¢ abusam do seu poder. A detengio de cada um desses trabalhadores representa a pristo de todos os sem terra do Brasil, tratados como fora-ca-lei por lutarem contra o latifindio e pela terra” Em Sao Paulo, foram ts os militantes rurais detidos no Estado: José Rainha Jiinior © Felinto Procépio, 0 Mineirinho, foram presos em 11 de julho, em Teodoro Sampaio, Pontal do Paranapanema, acusados de formagio de bando e quadrilha. A esposa de Rainha, Deolinda Alves de Souza, foi detida em 10 de setembro. Suas prisdes fazem parte de uma estratégia para criminalizar 0 MST que foi desencadeada pelo juiz Atis de Araujo que, em pouco mais de um 3 10, decretou a prisio preventiva de 30 integeantes do Movimento, na regito do Pontal. No Estado, a Justiga continua perseguindo os trabalhadores: a expedicao de mandados de detengao inclui outros oito integrantes do MST: Cledson Mendes, Marcio Barreto, Messias Duda, Eduardo de Morais, Zelitro Luz, Valmir Rodrigues Chaves, Sérgio Panteleao e Roberto Rainha No Estado da Paraiba, oito integrantes do MST... foram presos em junho de 2.002 Ant6nio Francisco da Silva, José Inicio da Silva, José Luiz dos Santos, José Martins de Farias, Marcelo Francisco da Silva, Severino José cla Cruz, Severino Ramos dos Santos € Ivanildo Francisco da Silva No Estado de Goids, desde 4 de julho ... quatro trabalhadores também foram presos: Josnei Dias, Claudinei Licio Soares dos Santos, Valdinei Vicente Silva € Milton Felipe de Moraes na cidade de Fazenda Nova. No Mato Grosso do Sul, Carlos Aparecido Ferrari e Antonino Alves Lima, Toninho Borhorema, foram presos em 26 de agosto, na cidade de Dourados, em um presidio de seguranca maxima. Os mandados de prisio estavam decretados desde clezembro de 2,000, quando 0 entao juiz Eduardo Magrinelli JGnior decretou também a prisio de outros 19 trabalhadores rurais.” ? 10.05 novos presos politicos do Brasil da moderniclade. Assim, a injustica da Justiga vai do e interpretando as avessas a continuidade do processo de formacio do campesinato wsileiro moderno em pleno século XXI, Um campesinato curtido na rebeldia de quem € capaz de revolucionar a hist6ria, mas, contraditoriamente, nao ser compreendido pelas elites, em grinde parte pela midia, € 0 que tem sido mais cruel, nao sto reconhecidos por muitos intelectuais, cujo tinico trabalho tem sido ser pago com dinheiro dos prdprios trabalhadores para pensar estratagemas contra os mesmos, Dessa forma, parece que duas faces de um mesmo proceso revelam que, em uma face est a realidade violenta € assassina das lutas no campo. Nela os latifundidrios © seus jaguncos continuam a assassinar os camponeses & bala. Na outra face, esté uma parte dos intelectuais a “assassinar” em seus estudos os camponeses que lutam, ‘morrem, mas continuam a lutar pelo direito de possuir no faturo, um pedago de chao deste pais continente apropriado privadamente por tio poucos. Os niimeros das estatisticas da CPT sto implaciveis ¢ revelam que os conflitos no campo seguem sua marcha ascendente. Em 2.000, aconteceram 660 conflitos; em 2,001, foram 880; em 2,002, registrou-se 925; em 2.003 até o més de novembro, jf si0 1.197 0s conflitos. Entre os conflitos trabalhistas destacam-se aqueles relativos a superexploracio € ao respeito aos direitos e particularmente, a presenga do registro de 45 casos relativos & peonagem, também denominada de “trabalho escravo" em 2.001 € 147 em 2.002. Alias, cles que diminuiram entre 1993 € 1998, ‘quando foram registrados 14 casos, voltaram a crescer atingindo 0 maior ntimero de casos desde 1990. A situacao em 2003, segundo documento da CPT de17/12/2003, recrudesceu *O trabalho escravo, apesar de toda a acto do governo, também apresenta considerdvel crescimento. Foram recebidas dentincias de 223 situagdes onde estaria havendo ocorréncia de trabalho escravo, envolvendo um ntimero de 7.560 pessoas. 51,7% maior que o total do ano 2002, com 147 situacdes, ¢ 35% maior no nimero de pessoas, 5.559. 144 destas situagdes foram fiscalizadas e 4.725 trabalhadores libertados. O Pari continua sendo © estado com o maior ntimero de ocorréncias, 169 dentincias envolvendo 4.464 pessoas. 80 destas dentincias foram fiscalizadas (47,3% do total das dentincias) ¢ 1.765 trabalhadores libertados” Como se nao bastasse a execrada existéncia € pritica do “trabalho escravo", o limite da barbarie nao tem fim. No dia 28 de janeiro de 2.004, quatro funciondrios do Ministério do ‘Trabalho foram fuzilados quando realizavam vistorias em propriedades onde havia dentincia de trabalho escravo" “Fiscais de trabalho escravo sao assassinados em Minas.” Trés auditores fiscais € um motorista do Ministério do Trabalho foram mortos com tiros na cabega, ontem, quando realizavam vistorias de rotina a 50 quilémetros de Unai, no noroeste de Minas. Na regiio sio comuns as dentincias de trabalho escravo. Eles fiscalizavam a colheita de feifio e costumavam receber ameagas de fazendeiros e de ‘gatos’ — pessoas que intermediam a contratagaio da miio-de-obra.” ? > Jornal dos Trabalhadores Rurais SEM TERRA, ano XXII, nimero 233 ~ setembro de 2.008, p. 10 (© Exado de Sio Paulo ~ 29/01/2004, primeca pagina, Al. 16 E, a j4 quase permanente barldrie que a modernidade capitalista produz no Brasil, p: 41 sua continua © histérica acumulicao primitiva do capital, © Grafico 1 ilustta este processo recente Grafico 01 BRASIL - CONFLITOS NO CAMPO - 1.990 a 2.003° é ao i i g a ; a Contio de Tora Cpa EoovaB Coo Taba Soave Rem eseciorso ‘at Sobre o crescimento dos conflitos 44 campo, a Comissa0 Pastoral da Terra em 17/12/2003, manifestou-se da seguinte forma em sua;Hota & sociedade “A CPT registrou de janeiro a notttmbro deste ano, 1.197 confltos no campo, ntimero 36% maior que o registrado em igual periflo le 2002 (879). Destes, 181 foram no Pari, 160 em Pemambuco e 113 no Parana” Os conflitos relativos a terra indict, portanto, que apés o crescimento continuo entre 1993 e 1999, quando se saltou de 361 conflitos para 870, a pequena queda registrada no ano 2.000 (556 conflitos), nao sinalizava um novo periodo de queda dos mesmos como havia ocortido entre 1987 ¢ 1992, Ao contririo, os 681 casos relativos ao ano 2,001 e os 743 de 2.002, voltaram a indicar 0 crescimento dos conflitos jé em pleno século XI. Inclusive, em 2003, eles atingiram 1,099 casos. (Grafico 02) Grafico 02 BRASIL - CONFLITOS DE TERRA - 1985 a 203° Bana | oBSERRERSGHER BREESE [WNorte & Nordeste & Sudeste Sul Centro Oeste O Sem dadosiregives| PERRREES Continuando, o documento da CPT sobre os dados atualizados referentes aos conflitos de terra em 17/12/2003, wouxe a esséncia que marcou a diferenca na estratégia de acio dos movimentos sociais face 40 novo quadro conjuntural gerido pela vit6ria de LULA: era necessério disputar politicamente 0 governo LULA. E passaram a fizé-lo, pois, esta tem sido sua jf longa historia e suas conquistas somente nasceram das lutas. A continuidade da luta foi o caminho: ‘Os conflitos de terra foram 1.099 até novembro de 2.003, contra 742 em 2.002. As ocupacées € os acampamentos tiveram aumento consideriivel, foram 328 ocupacdes, em 2003, contra 176, em 2002, Um crescimento de 86.36%, Ja 0 ntimero de acampamentos foi 209% maior neste ano, 198, contra 64 no ano pasado, Pernambuco tem o maior ntimero de ocupagées, 83, seguido do Parana, onde ocorreram 51 ocupagdes; Minas Gerais com 35, Sio Paulo com 23, Mato Grosso, 17, Gots, 15, € Para 14, Pernambuco também lidera o niimero de acampamentos com 40, seguido por Goids e Paré com 24 cada, Tocantins com 21, $20 Paulo com 19 ¢ Bahia com 15. O niimero de familias que participaram de ocupagées este ano foi de 54.368, contra 26.958 durante todo 0 ano de 2002, 101,6% a mais. Ja 0 ntimero de familias que acamparam chegou a 44.087, contra 10.750, durante todo o ano pasado, 310% a mais do que todo o ano dle 2002 Quanto & distribuigio territorial dos conflitos por terra verifica-se que, embora a maior parte violenta deles ocorram na Amaz6nia, as regides brasileiras de ocupacao historicamente antigas continuam também registrando quantidade expressiva dos mesmos, Assim, a luta pela terra no Brasil no é um fendmeno exclusivo da fronteira e nem mesmo ela esta fechada como escreveram alguns intelectuais. A luta pela terra € um fendmeno presente em todo o campo brasileiro, de norte a sul, leste a oeste. Outro indicativo da barbarie produzida pela modernidace € sem dtivida alguma os assassinatos no campo. Eles que com pequenas oscilagdes vinham caindo entre 1.998 e 2,000 (de 38 para 20) também voltaram a aumentar em 2.001 chegando a 29 assassinatos; em 2002, subiu para 43; ¢ até novembro de 2.003, foram 71, O estado do Pari continua sendo o estado aonde a violencia chegou a cerca de um terco das ocorréncias, vindo em seguida, os Estados de Mato Grosso, Pernambuco ¢ Maranhio. O Grafico 03 mostra esta cruel realidade. Grafico 03 BRASIL - ASSASSINATOS NO CAMPO - 1986 a 2003" wo ww i i gS a = a : a twee "Tos" "sen "san" oot see2 "isn "804 ions” ome asor “ion "es0 zon "aot "ate "20m | Norte © Nordeste & Sudeste Ei Sul 5 Centro-Oeste LI“Sem especificacao” ACPT, retratando este ceniirio da barbirie, mostrou os primeiros ntimeros desta violéncia em 2.003: “De janeiro a novembro a CPT contabilizou 71 assassinatos em conflitos no campo, 0 maior némero nos tiltimos 13 anos. 77,5% 2 mais que no mesmo perioclo do ano passado, 40 1g (43 durante todo o ano de 2002). 0 Par 60 estado onde a violencia contra os trabalhadores continua a set a maior, 35 assassinatos, dos 71, Pernambuco € Rondénia o seguem com 8 assassinatos cada um, Mato Grosso com 6, e Parand com 5 ‘Também cresceram outras formas de violencia. Até novembro de 2.003, ocorrei tentativas de assassinato, contra 38 em igual periodo de 2002, 76,3% a mais. Ont feridos em 2003 foi de 50, em 2.002 por sua vez, foram 25, um crescimento exato de 100%. © niimero de trabalhadores presos foi 265, contra 229 no mesmo periodo do ano de 2002, ou seja, uum aumento de 15%. Os despejos tiveram um crescimento de 227% Apesar de estarem surgindo membros do judiciario que ineorporaram uma vi da sua fungio, no seu conjunto o Judicidrio tem aparecido como o grande aliado do latifiindio. A propriedade ainda € vista como um valor absoluto. Os daclos sobre os despejos judic falam por si s6. A prisio de um grande ntimero de trabalhadores, acusados de forma¢a quadrilha, quando jé ha jurisprucéncia consagrada que nega que a luta pelos direitos poss considerada como tal, di o tom da “isencio” de boa parte do Judicidrio. O niimero de familias despejadas ultrapassou qualquer limite. Foram 30.852 138 ordens de despejo. O maior ntimero de familias despejadas em um ano desde que jou este registro em 1985. No mesmo periodo do ano pasado, os despejos atingiram 9.243 familias, em 63 ordens judiciais. Um crescimento de 227% no ntimero de mandados judiciais. O Estado com o maior ntimero de familias despejadas foi o de Mato Grosso com 5.135 familias, seguido de Sio Paulo com 4.080, depois Goiis com 3.344, Pernambuco com 3.197, Par com 2.167 € Parana com 2.080. © ntimero de familias expulsa da terra, até novembro de 2003, foi de 2.346, contra 1.249 ho ano passado. Crescimento dle 87,8%. © Pard foi o estado com o maior ntimero de far expulsa, um total de 684, em seguida ficou Pernambuco com 570, Paraiba com 363, € 0 Parana com 310." Dessa forma, pelo caminho da violéncia, as elites vao procurando impor seu desmando e desrespeito & Constituicao Federal, que manda desapropriar as terras improdutivas. Este quadro com a eleigao de LULA passou a conhecer contradigdes interessantes do ponto de vista politico. (Os movimentos sociais compreenderam 0 momento hist6rico novo € novas estratégias de luta foram desencadeadas. A CPT sistematizou as informagdes sobre o que se desenrolava no campo, € concluiu corretamente: “VIOLAGOES: até novembro de 2003 registra-se o maior ntimero de assassinatos dos tiltimos 13 anos De 1° de janeiro a 30 de novembro deste ano, a Comissio Pastoral da Terra (CPT) registrou 71 assassinatos de trabalhadores rurais em conflitos no campo, O ntimero € 77,5% a mais do que 0 registrado no mesmo periodo do ano passado € 0 mais elevado desde 1991, quando ocorteram 54 mortes. Em 1990, 79 camponeses foram assassinados. Este ano houve ainda um crescimento nas tentativas de assassinato, foram 76,3% a mais que em 2002, € no niimero de familias despejadas por mandados judiciais, 227% maior, Também foram expulsas da terra 87,8% de familias a mais do que em 2.002. Assistit-se, por outro lado, a um considerdvel aumento das agdes de ocupagio de terras € de acampamentos, reivindicando a Reforma Agriria. O ntimero de ocupagdes cresceu 86,3% © 0 de acampamentos, 209%. A pressio dos movimentos populares do campo. A eleigio de Lula para a Presidéncia da Repiblica criou dois processos diferentes no campo. Por um lado, ‘0s movimentos dos trabalhadores do campo sentiram que © momento hist6rico que vi era 0 que possibilitaria a realizacio da Reforma Agraria. Para mostrar a confianga € para pressionar 0 governo a, realmente, concretizar a distribuicao de terra prometida, aumentaram consideravelmente os acampamentos, as ocupagdes e as mobilizagdes, entre as quis s a Marcha para Brasilia, organizada pelo Férum Nacional de Reforma Agraria ¢ Justica no Campo, Pelo lado dos fazendeiros a resposta ao aumento destas agdes foi recrudescimento da violencia que voltou a niveis nunca vistos nos dltimos anos. ‘Um bom exemplo desta violencia, foi o epis6dio ocortido em Sio Gabriel no Rio Grande do Sul. Os trabalhadores do MST marcharam para acamparem a frente de um latifiindio que INCRA esti desapropriando para fins de Reforma Agraria. Entao, os latifundiarios do municipio reuniram-se € montaram um bloqueio para impedir 0 avango da marcha, em uma aco que Minn leit de i e vie garantido pela Consttuigio Federal, Somente com a ago da Brigacla Miltar,o bloqueio foi desmontado. A marcha prosseguiu até uma pequena propriedade visraha do Kaufindlo, ceida para o acampamento, Os latifuncrios reunidlos entraram com urna acho ne justica, para invalidar a venda da pequena propriedade a quem cedeu. Conclusto: justien aera anulat @ venda, € se no bastasse, o Supremo alegando imegularidade nao permitiy © INCRA entrar na posse do imével improdutivo, A arrogincia e uma espécie de cetera da impunidade, até na noticia do fato ocorrido: im conflto”, ‘Sto Gabriel. discutiu alemativa para a saida dos sem-terra clo municipio, es nurais de virios pontos do Estado participaram, na tarde de ontem, de assemblééa COR de Exposigdes Assis Tras, em Sao Gabriel. O ato, presidido pelo presidente da FARSUL (Garles Speroto, reuniu ainda prefeitos e polis da Frontcim Oese, além dbs presidentes ca Assemble eset, vison Covani PP), © das comissdes de Agricultura e do Meron do LegSlaivo gadcho, eputados JerGnimo Goergen (PP) ¢ Berian Rasido (PPS), respectivament: enconto,além ce avaliar osconflitos corridos na queata-eira oma Brigaca Milter possibiltou ascussto de alternatvas para safla dosireegrantes do MST do municipio, Flespermancccm acampaties gp fires de 2,7 hectares, localidade de Vacacai, cedicla por um aggicultor e cuja compra, formlizida em 27 de novembre, foi consideracka ilegitima pela justiza, tendo em vista se tratat de parte de um total de 21 hectares pertencente a 12 herdeiros ¢ ainda nio parihado em inventtio, ‘Na assembléia, que reuniu cerca de 500 produtores de 30 Sindicatos Rumtis, foi deliberacda ‘caupada pelos sem-ter part evitar 0 in #2 0 petlido ce einteyraio S acenam ainda com a intengio de realizar ato pico em frente a0 Pakicio Piratini Quira deliheracio envalve implantacio de acampamento em lote lindira ao lac onde est fF a Tura de classes se manifestande no cotidiano do pais. Ela vai gradativamente eclodindo em diferentes pontos. Nem o clireito garantido constitucionalmente, serve com fang limitador da agao. Dessa forma, 0 capitalismo no Brasil, produz e reproduz a barbérie, transformando os Conflitos e os assassinatos quase sempre violentos, em “solugio radical fora cla lel das clits Para manter as injusticas presentes no campo. Mas, meio & moderniclade e a barbirie, Os camponeses no Brasil, seguem sua caminhada com paciéncia porque como esta eserito no poema “a vida ndo para, a vida 6 tao rara”.5 A MODERNIDADE: © LUGAR DO BRASIL NO CAPITALISMO MUNDIALIZADO A insergio cada vex maior do Brasil no agronegécio deriva de seu papel no interior da fosica contractéria do. desenvolvimento clo capitaismo mundializado, E respondentlo « esta \ogica que se expora para importar e impona-se para exportar. Nao hv mais limite part a bocce clo luero midximo. © mercado € 0 mundo. O Brasil que é um pais que sempre depentlen ca linportacao do trigo, na safra cle 2.003, acreditem, exportou pela primeira ver trigor Assim, a cites cipitalisias no Brasil buscam seus ganhos maximos onde existr quem queira compre, A légica ¢ mundial, ¢ o nacional fica submetido a esta I6gica mundial. O agroneyécio € suas Commodities sto expressdes objetivas desta insercio capitalista das elites brasileinas a0 capital mundial, A pagina na Internet do Ministério da Agricultura, Pecudria e Abastecimento trouxe no iltime dia 07/01/2004, informagdes © daclos sobre a Balanga Comercial do Agronegécio no Brasil em 2003: “AGRONEGOCIO VENDEU US$ 30,7 BILHOES AO EXTERIOR E GARANTIU ‘SUPERAVIT DA BALANGA COMERCIAL EM 2003” © agronegécio brasileiro bateu mais um recorde histOrico em 2003. As exportagdes do Sctcr somaram US$ 30,639 bilhdes no ano pasado, segundo dados consolidados pela Secretaria de Produgao e Comercializacio do Ministério da Agricultura, Pecuitia e Abastecimente, © total ‘ Luclamem Winck CORREIO DO POVO - 05/12/2003 * Lenine © Dudu Faleao, *Paciéneia” 120 supera em US$ 5,8 bilhdes (ou 23.3%) as vendas externas de US$ 24,839 bilhes do setor em 2002. Com isso, a participagto das exportagdes do agronegécio no total dos embarques Drasileiros aumentou de 41,1% para 41,9% em 2003. As importacoes cresceram 6,6%, para USS 4,791 bilhoes: (0 saldo da balanga comercial do agronegécio também bateu outro recorde, aleancando um superdvit de US$ 25,848 bilhes ~ 27% acima do saldo de US$ 20,347 bilhdes registrado em 2002. O resultado coloca 0 agronegécio como responsivel pela totalidade do supenivit global de US$ 24,824 bilhoes da balanca comercial do pais, j4 que os demas setores apresentaram um déficit de USS 1 bilhao no period. “Em 2004, mantidas as atuais condigdes internas e externas, devemos ter um superiivit entre US$ 27 bilhdes € US$ 28 bilhées", diz o ministro Roberto Rodrigues, ‘Sojt lidera - O desempenho positivo das exportacdes em 2003, deveu-se to crescimento das vendas de todos os grupos de produtos, 2 melhora dos pregos internacionais das principais commodities € A abertura de novos mercados. Cabe destacar a lideranca do complexo soja. AS exportagdes do complexo soja cresceram 35,2%, dle US$ 6,008 bilhdes para US$ 8,125 bilhoes, resultado do aumento das vendas de soja em grios (41,5%), farelo (18,3%) € Gleo em bruto (54,396). Alem do aumento do volume exportado em razio da safra recorde de 52 milhoes de toneladas, a elevacio dos precos internacionais também contribuit: para ao crescimento das receitas de exportacdes do setor. Em alguns casos, cresceram mais as receitas com os produtos do que o volume embarcado, © complexo came € 0s produtos florestais foram destaques. No setor de eames, cujas vendas cresceram de USS 3,1 bilhdes para US$ 4,1 bilhdes (+31%), dispararam as vencas de bovinos in natura, de USS 776 milhdes para US$ 1,154 bilhiio (+49%). Em volume, o aumento foi de 4496 Em carne de frango in natura, o pais saiu de vendas de USS 1,3 bilhao para US$ 1,7 bilhao 4280), exportando 20% acima do volume de 2002, As exportagdes de c fam 79%, para USS 1,423 bilhao. Em volume, o aumento foi de apenas 1%. ‘As vendas de algodio e fibras téxteis vegetais se recuperaram em 2003, crescendo de USS 800 milhdes para US$ 1,1 bilhdo (+359). Em trigo, o Brasil passou a exportar. Fora 50 mil toneladas em 2003. Antes, nada era vendico ao exterior, As vendas de 3,5 milhées de toneladas de milho somaram US$ 375 milhdes, um resultado 40% superior a 2002. Nos produtos florestais, as exportacdes de papel e celulose cresceram 38%, de USS 2 bilhdes para US$ 2,8 bilhoes. As vendas de madeira eresceram 18,4%, para USS 2,6 bilhdes. Houve ainda a performance positiva de sucos de frutas (17.5%); frutas e hortaligas (32,94); couros, peles e calgados (5,3%0); cacau (55,496); fumo e tabaco (8,196); € pescados (23,296). Novos mercados ~ As vendas externas foram ainda mais diversificadas em 2003 ¢ houve um expressive aumento da participagio de novos mercados, como Asia, Oriente Médio Europa Oriental. Em todos os principais blocos econdmicos houve crescimento: Mercosul, 40%, Nafta 17%; Unido Européia, 22.4%; Europa Oriental, 26,8%; Asia, 33,3% Oriente Médio, 34,30; e Africa, 9,79, Mudou a participagio desses blocos como destinos das exportagdes: a UE continuou na lideranga, absorvendo 36,4% das exportagdes totais do agronegécio. A Asia aumentou de 16,7% para 18,1% sua fatia, alcangando Nafta, cuja participacio apresentou uma reducio de 19% para 18,1% em 2003. O Oriente Médio aumentou sua participaciio de 6,2% para 68%; a Europa Oriental, de 6,1% para 6,3%; € 0 Mercosul, dle 2,7% para 3,196. Os paises que mais compraram produtes do agronegécio brasileiro foram China (66,290; Turquia (679%); Roménia (114%); Ucrinia (35,990), Hong Kong (35,99); Taiwan (67,396); 1 (71,720); Israel (122,96) e Africa do Sul (56,8%0)." * © Brasil do campo modemo, dessa forma, vai transformando a agricultura em um negécio rentivel regulido pelo lucro € pelo mercado mundial, Agronegécio € sindnimo de produgio para o mundo, Para o mercado mundial 0 pais exportou: produtos florestais (papel, Celulose, madeiras e seus derivados), cares (bovina, suina € de aves); 0 complexo soja (soja em grio, farelo e dleo); café; acticar e alcool; madeira € suas obras; sucos de frutas; algodio € fibras téxteis vegetais; milho; trigo; couro, peles e calcados; fumo e tabaco; frutas, hortaligas € preparagdes; cereais, farinhas e preparagdes; pescadlos €, cacau € suas preparacdes. Mas, quis ironia que em 2.003, o Brasil tivesse que importar arroz, algockio € milho, além evidentemente, ° wwwagrieultura gou.br ~ acessado 08/01/2004. 121 do igo. Assim, o mesmo Brasil moderno do agronegécio que export, tem que importar arroz, feito, milho, tego ¢ lete (alimentos basicos dos trabalhadores bresileeos) cei que importar também soja em gros, farelo e leo de soja, algodio em pluma, materia -primas industriais de larga possibilidade de producto no proprio pats 150 mercado € implacivel. Fle cada vez mais nao se regula pelo nacional. Munclalizado cle mundializa 0 nacional. Destr6i suas bases e langa o pais nas teias da rede capitalista mundial Assim, ele se torna modemo, logo destituido da I6gica que faz dos brusileltos oe, povo diferente fo mundo. Nao se trata de exaltar fora de hora 6 nacionalismo, mas, se trata de on l6gica do mercado, olhar a balanga comercial ¢ seus efeitos para a nagio. A medida que o pais exporta dleterminados produtos obriga-se, a importar outros, E 0 caso espetacular do algodao. Enquanto do romney exPomet esta fbr, as indistrias nacionais tém que importi-las. Ou, o que © ior, do ponto de vista do conforto comporal, import-se fibras sintéticas para produzir no Brasil de wer dequadas ambientalmente. A légica © decifiamento est2o, pois, ino mercado, alts, cada vez mais no mercado mundial Quando se observa a pauta das exportagdes e importagdes do Brasil e das regides ou estados, verifica-se esta ldgica perversa clo mercado, O pais prodiuz e exporta a comide que Falta Coe besos la maioria dos trabalhadores brasileiros, Em 2,003, entre os 100 principais produtos, Polemblexo soja (Soja em grio, frelo ¢ dlco) respondeu pelo item de maior viler ent dong ok Palanca comercial com o exterior. Esteve e esté a frente das exporagoes de avides, mien nt ferro, automoveis, terminais portiteis de telefonia celular, aluminio ete. Emm sua cei vém os teidicionais café ¢ agticar. Depois deles, aparece a pasta dle celulose, os calgados ¢ 0 couro, a came de frango, 0 suco concentrado de laranja, 0 fumo, 2 carne bovia, a came suina, 0 milho, as madeiras ¢ a castanha de caju. 7 Guanto as imponagdes, entre os 100 primeiros, 0 trigo esteve no ano de 2.003, em Segundo lugar; @ soja importada (¢ isso mesmo, importa-se para exportar) em décings nono; cclalose, pbesime duinto: o leite integral em po (é iss0 mesmo também) € ainda a paste de elulose, papel jornal, cacau, borracha natural, etc., etc. ete. * ASsin} 0 aBronegécio modemiza o pais, ji nio dependemos mais apenas da importacio dlo trigo, mas, agora também do leite, Estamos, pois, diante dle uma terrivel contradicio. Quem Produ, produz, para quem paga mais, no importa onde ele esteja na face lo planeta. Logo, a oluipia dos que seguem 0 agronegécio vai deixando © pais vulnerivel no que se refere Aoberania alimentar. Como as commodities (mereadorias de origem agropecuich vente’ nas Doleas cle mereadorias ¢ de Futuro) garantem saldo na balanca comercial 6 Estado heats mais as ditas cujas. Entdo, mais agricultores capitalistas vao tentar produzilas. Deses forma, produz- se 0 aldo da balanga comercial que vai pagar os juros da diva externa, E ocachons correndlo aunis do proprio rabo. Ou como preferem os companheiros, € 6 neoliberalismo er en plena volGpia. A pagina na Internet do Ministério do Desenvolvimento, Incdstria © Comércio, Guww. iulieox.br) tem disponivel as tabelas com os mimeros do comércio exterior que llushgin es paginas. Quando se investiga a distribuiglo territorial do. agronegécio, vamos encontrélo Praticamente, em todo territério nacional. A regito Sul é seu grande paraiso, Na pauta das dele ee 003: as Id estavam ocupando entre os vinte primeitos lugares, dezescen dicles (pela ordem: soja, care de frango, fumo, couro e caleados, carne sua, madeiras, milho, Sag >. Nas importacdes, pasmem, a Regio Sul importou: soja, trigo, milho, atton, come € derivados, pasta de celulose, cebola, leite integral, etc. * ;} fegito Sudeste por sua vez, exportou respectivamente, pasta de celulose, café, acdicar g alcool, suco concentrado de laranja, carne bovina, soja, papel, couro e caleaclos, ete Quanto a * # regido importou: trigo, borracha natural, pasta de celulose, papel jornal, arroz, a ° wwwumdie,goubr — 08/01/2004 * Idem, "Idem, "Idem, "wow favor be 12 A regitlo Centro-Oeste, que cada vez mais se torna uma expansio do Sul € Sudeste, exportou entre os cem principais produtos, setenta € oito do agronegécio, A lista comecou com a soja, a carne bovina, o algodao, a came de frango, a carne suina, madeira, couro, milho, agticar e, terminou com as sementes forrageiras, sorgo, queijo, leite integral, derivados do tomate, milho verde, girassol, café, ervilha, etc., Quanto 2s importagdes, importou: carne ovina, trigo, batata-inglesa, azeite de oliva, ervilha, algodao, soja, etc A regitlo Nordeste também tem em sua pauta de exportagdes 0 agronegécio. De ld saiu para o exterior: o tradicional agticar € 0 alcool, pasta de celulose, castanha de caju, soja, pescado, cacau, couro natural e calgados, frutas (goiaba, manga, melao, uva, ete.), papel, algodao, ceras vegetais, sisal, suco de laranja, banana, mel, sucos de frutas, fumo, etc, Enquanto isso, ela importou: trigo, cacau, algodio, Gleo de soja, aleool, pasmem novamente, arroz, leo de dendeé, etc. ‘A regidio Norte por sua vez, exportou do agronegécio: madeira, pasta de celulose, soja, pimenia seca, pescado, café, castanha-co-Pard, sucos de frutas, came bovina, ete. Importou em 2002: trigo, papel, etc Este 6, pois, o quadro territorial do agronegécio no pais. O mercado mundial vai sendo sua meta e limite. Assim, cria-se internamente no Brasil uma nova burguesia internacionalizada, E 0 capitalismo mundial produzindo no Brasil uma burguesia nacional mundial. Por isso, esta burguesia internacionalizada do agronegécio quer a ALCA — Area de Livre Comércio das Américas. Quanto mais insergao internacional maior as possibilidades de seus lucros. Alias, muitos deles ja Possum uma segunda (ou primeira) residéncia em New York ou, como sio pouco cultos (para nao dizer ignorantes por exceléncias) esto em Miami, a “cidade dos contra”. Mas... Qual € o lugar do agronegécio brasileiro no capitalismo mundializado? © Brasil exportava em 1964, ano do golpe militar, um total de 1,430 bilhao de ddlares. Nesse total, os produtos basicos (onde estio a maioria dos produtos agricola) representavam 85,4%, 08 semimanufaturados 8,0% e o manufaturacos apenas 6,2%, Em 1984, iltimo ano do goveno militar 0 pais exportava 27,005 bilhdes de délares, ou seja, 0s produtos bisicos participaram com apenas 32,2%, os semimanufaturados com 10,6% € os manufaturados passaram a 56%, Com os governos militares pds 64, teve inicio, portant, do proceso de insergo maior do Brasil no capitalismo internacional e com ele, o proceso de crescimento da divida externa, Era necessério aumentar as exportacdes para pagar os juros da divida. Aliis, em 1964, ela era de 2,5 bilhdes de délares € em 1.984, era de 102 bilhoes de dolares. Cabe salientar que, entre 1981 € 1984, foi pago pelo governo militar 30,7 bilhoes de ddlares de juros da divida externa, ou seja, pouco mais de 30% de seu montante. No governo Sarney, as exportagdes continuaram crescendo € o pais chegou ao final de 1.989, com um total de 34,3 bilhdes exportados (27.8% de basicos, 26,9% de semimanufaturados € 54,2% de manufaturados), Entretanto, nem mesmo com a fragata da curta declaragao da moratéria da divida externa, ela chegou aos 115,5 bilhOes de détares. O que é mais inerfvel, € que o governo Sarney pagou 67,2 bilhdes de délares de juros dla divida externa, ou seja, 58,2% do montante total devido. Assim, a ciranda da divida fazia com que o Brasil entrasse, via reuniao do “Consensus de Washington”, no neoliberalismo. A partir de entio, no final do governo Collor/Itamat as exportacdes atingiram 43,5 bilhdes de dolares (25,4% de basicos, 15,8% dle semimanufaturado € 57,3% de manufaturados). Mas, como conseqiiéncia, a divida externa chegou também naquele ano, a 148,2 bilhdes de délares, com um pagamento absurdo de juros no periodo do governo Collor/Itamar de 80,2 bilhGes de délares, ou seja, mais de 54% do total da divida. No governo FHC 0 cenirio nao foi diferente. O absurdo crescimento da divida € dos Pagamentos dos juros continuou ocorrendo junto & ampliagdo das exportagdes. Estas atingiram ‘em 2,002, um total de 60,3 bilhoes de délares (28,1% de basicos, 14,9% de semimanufaturados 54,7% de manufaturados). A divida extema por sua vez cresceu até 1,998, quando atingiu 241,6 bilhoes de dolares em plena crise cla moeda real, A partir de entio, com a transferéncia de parte dat divida publica para a iniciativa privada via processo ce privatizacao das estatais, a divida externa passou a declinar chegando em 2.002, « 227,6 bilhées de délares. Entretanto, durante os oito anos do governo FHC, pagou-se de juros da divida externa o incrivel total de 102, bilhdes de délares, ou seja, 45% do total da divida, E importante registrar também, que FHC, montou sua politica de 123, endividamento fazendo crescer a divida piblica interna que passou de RS31,6 bilhdes em janeiro le 1.995, para RS557,2 bilhdes em 2.002. Em reais, a divida extema federal era também, no final de 2002, de R$269,7. © total da divida publica federal (interna mais externa), era, pois, de R$82609. essa forma, clo governo Sarey até o governo FHC, o povo brasileiro pagou dle juros, um {otal incrivel de 250 bilhdes cle délares da divida externa, Se a esse montante dos juros somar-s¢ 2s amortizacdes da divida realizadas de 1.985 a 2,002 (385,7 bilhdes de délares), chega-se a um total maluco de 635,7 bilhdes de délares pagos. Ou seja, em'18 anos de neoliberalismo (1.985 a 2.002) © Brasil pagou varias vezes o total da divida. E nessa teia que entram as exportagdes. Tomando-se o saldo comercial obtido entre 1.985 € 2.002, as exportacdes geraram um superdvit comercial de 143,4 bilhdes de délares. J entre 1.995 © 2,000, gerou um déficit de 24,3 bilhdes de détares. O saldo liquido no periodo foi de 119.2 bilhdes de délares. Assim, 0 chamado pelos neoliberais de “espetacular saldo do agronegécio € das exportacoes brasileiras” no chegou no periodo & metade do montante pago de juros da divida externa, por isso a divida cresceu, mesmo sendo paga varias vezes, Repetindo, € 0 cxchorro correndo atris do proprio rabo, ou seja, quanto mais se exportou, mais a divida cresceu e mais se pagou de juros. A quem interessa esse processo € pergunta necessitia neste momento? Ao setor financeiro internacional que se beneficia clos juros pagos ¢ aos capitalistas nacionais ¢ internacionais que aumentam seus lucros com o crescimento das exportagdes. Por isso, entre os “funcionitios* do govemo FHC estava um Ministro da Fazenda que era ex funciondrio do Banco Mundial € um presidente do Banco Central que era ex-funcionario de um dos maiores capitalistas ‘mundiais Enno primeiro ano do governo LULA, quais foram os resultados? Durante 0 primeiro ano do governo LULA, a balanca comercial brasileita fechou 2,003, com 73,0 bilhoes de délares em exportagdes. As importagdes alcangaram 48,2 bilhdes de dolares permitindo assim, um superivit comercial de 24,8 bilhdes de délares. AS exportagdes cresceram 21,1% em relacio. 4 2.002, com aumento absoluto de 12,7 bilhdes de dolares. Entre 0 total exportado, 08 prodtos bsicos ficaram 33,2%, os semimanufaturados com 15,6% e os manufaturados com 543%. Cabe salientar que por grupos de produtos, 0 setor de material de transporte foi o que gerou 4 maior receita de exportagio, com vendas toiais de 10,6 bilhdes de d6lares, correspondendo a 14,696 do tol das expontagdes. Neste setor destacaram-se as exportagdes de vereulos de carga, automéveis, autopecas, pneumaticos ¢ motores para veiculos. Em segundo lugar, com 11,19 do total ficou o grupo do complexo soja, com exportagdes de 8,1 bilhdes de dolares, e em terceiro lugar com 10%, veio setor metaliirgico com 7,3 bilhdes de délares, Assim, as exportagdes do agronegécio ¢ os produtos do parque industrial instalado no Pais, vao permitindo crescimento das exportacdes, pois, os compromissos com a divida externa Continuam. LULA recebeu o pais com uma divida externa de 227,68 bilhdes cle dolares e tinha que amortizar no ano de 2.003, um total de 34,31 bilhdes de dGlares e pagar um total de 13 bilhes de dolares de juros, © dado de 2.003, divulgado pelo Banco Central (presidido agora por um também. ecfuncionirio de um banco norte-americano) sobre a divida externa, e presente no banco de dados da FGV ", indicava que ela chegou a 219,9 bilhdes de délares. A divida ptblica federal {otal que inclui o endividamento externo passou de R$826,9 bilhdes em dezembro de 2.002, para 8$929,3 bilhOes no final de 2.003, um crescimento no titimo ano, de 12%. A quantia de juros aga também cresceu e chegou a R$145,2 bilhdes. Segundo o Ministério da Fazenda, o total de Pagamentos feitos foi de RS332,3 bilhdes (interna R$293,2 bilhdes e externa R$39,1 bilhdes, ou, mais ou menos 13 bilhdes de détares). Assim, como o total da divida, no final do ano de 2.003 aumento, foi necessirio aumentar mais a divida para pagar o que venceu. Resumindo, 0 p: devia em dezembro de 2.002, R$826,9 bilhdes, pagou cla divida R$332,3 bilhoes! (R$102,4 bilhoes divida nova ¢ RS229.9 bilhdes cle pagamento de fato, incluindo-se af os RS145,2 bilhdes de juros) €terminou o primeiro ano de governo com R§929,3 bilhdes de divida total. Logo, o governo LULA Pagou cerca de 28% da divida e mesmo assim, em janeiro de 2.004, ela ja era 12% maior do que no inicio do governo. (Grafico 04) "© swww fizenda,govbr Em janeiro de 1.99% 4 divida puiblica interna era de RS31,6 bilhoes. 14 Grafico 04 BRASIL - DiVIDA PUBLICA TOTAL E JUROS PAGOS {em bilhdes de RS) (Gp outa Ru 4995 1996 1997 | 1998 1999 2000 2001 2002 2003, [M Juros pagos DDivida Publica Total Qual foi entio a diferenga entre 0 governo FHC € 0 primeiro ano do governo LULA? A divida ptiblica federal era em dezembro de 1.998, um total de RS320,3 bilhdes e, em dezembro de 2.002, era de R§826,9 bilhdes." O governo FHC em 1.999, efetuou pagamentos de R§288 8 bilhOes teferentes a divida publica federal. Pagou R$248,3 bilhGes em 2.000, outros R§2489 bilhdes em 2.001 € RS256,4 em 2,002, Assim, no segundo mandato FHC pagou um total de 1 trilhao ¢ 42,4 bilhoes de reais (sendo R$506,6 bilhdes de dividas novas e R$535,8 de pagamento de fato, incluindo-se ai R¥365,8 bilhdes de juros). Logo, © pagamento do governo FHC referente a divida no segundo mandato, foi de mais de quatro vezes a divida, mas mesmo sim, terminou devendo perto de 160% a mais do que em dezembro de 1,998 (56% em 1.999, 1496 em 2,000, 18% em 2.001 € 22% em 2.002). '* No primeiro ano do governo LULA, o total pagamento efetuado foi 30% maior do que em 2.002, e o percentual do crescimento da divida, 5% maior, uma vez que em 2.002, cresceu 3%. A {quantia de juros pagos foi 27% maior do que 2.002. Alias, o relat6rio do Banco Central divulgado em 14/01/2004", sobre a divida publica apenas enfatizou a mudanga do seu perfil, deisando de lado o que er fundamental, a continuidade de seu crescimento. Ou 0 governo LULA reve sua estratégia frente divida publica federal (interna € externa) ou a ciranda financeira vai continuar: mais pagamento, para no final do ano de 2.004, ver a divida maior ainda. Cabe ressaltar que, mais de 30% da divida vencerd em 2.004, ¢ para continuar pagando-a sera necessirio outra vez, mais de R$300 bilhdes. Dessa forma, € inacreditavel ver j no inicio do ano, que se nada diferente for feito, 2.004 podera ser pior clo que 2.003. Esta € a ciranda financeira da mundializagio do capitalismo. Quanto mais se paga, mais se deve. As elites brasileiras e estrangeiras do capitalismo mundializado vendo seus ganhos aumentarem no pais, idolatra através da mica, os resultados econdmicos obtidos no primeiro ano do governo LULA, tais como a queda do dolar, do risco Brasil € da inflagio, as taxas do superavit primirio. Mas, a ciranda financeira continua. © Brasil tem agora um novo lugar no mundo do capital; tornou-se plataforma privilegiada de exportagdes do setor de transport além de continuar sendo um dos principais fornecedores mundliais de produtos basicos que vao do minério de ferto & soja ¢ aos avides. O Brasil tornou-se parte clo capitalismo mundializado a burguesia brasileira est, portanto, igualmente internacionalizada. ‘Uma outra pergunta deve ser feita: qual o papel das exportagOes brasileiras no comércio mundial e em seu interior, qual 0 papel do agronegécio? Ministério da Fazenda em 17/01/2004 — www.fazenda, gov b ® Idem. 125 Os dados referentes @ 1,980 € 1.985 indicavam respectivamente, que as exportacdes brasileiras (20,1 ¢ 256 bilhées de délares) representavam. 1,21% € 1,37% das exportacdes mundiais (1.924,2 e 1.8720 bilhGes de dlares), ¢ as exportagdes do agronegécio 9,4 € 8,8. bilhoes de ddlares) representaram 0,48% e 0,47% das exportacdes mundiais {Ji 08 niimeros dos anos de 1990 e 1995 mostraram respectivamente, que as exportacdes brasileiras 1,4 € 465 bilhdes de délares) representavam 0,93% € 0,92% das exportacdes, mundiais G.395,3 ¢ 5.042,0 bilhdes de délares), € as exportagdes do agronegécio (8,6 € 13,3 bilhdes de délares) representaram 0,25% € 0,26% das exportagdes mundiais. Assim, caiu a participacao relativa do Brasil no comércio internacional em mais de 40%. Em 2.002 e 2.003, os indicadores apontavam fespectivamente, que as exporta brasileiras (60,4 73,0 bilhoes de délares) representavam. 0,96% € 1,02% das exportagdes mundiais (6.262,0 c 7.119,0 bilhdes de délares), € as exportagdes do agronegécio (24,8 € 30,7 bilhoes de d6lares) representaram 0,39% e 0,43% das exportacdes mundiais, Portanto, cresceu a participacio relativa do Brasil no comércio mundial Porém, pode-se afirmar que mesmo em 2.003, as exportacdes do agronegécio nao atingiram ainda © patamar de 1,980, nas exportagdes mundiais, O que isso quer dizer € que se amplia a producao para continuar com participacio inferior em termos percentuais do que antes. © Brasil de 2.003, teve participacio inferior nas exponacdes mundiais em termos percentuais em relagio a 1,980: 1,29 contra 1,0296. Ha, portanto, muito mito no papel do agronegécio no Brasil e na economia capitalista mundial, Mesmo assim, é preciso deixar claro que o Brasil foi em 2. 002, 0 1° produtor mundial de café, agticar, alcool e suco concentrado de laranja; 0 2° produtor mundial de soja (41,9 milhdes de toneladas contra 0 primeiro lugar dos USA que produziram 74,2 milhoes de toneladas); 0 3° produtor mundial de milho (35,5 milhdes de toneladas contra o primeiro lugar dos USA que produziram 2288 milhdes dle toneladas); € 10° produtor mundial de arroz (10,5 milhdes de toneladas contra o primeiro lugar da China que produziu 176,6 milhoes de roneladas). Também, cabe esclarecer que o Brasil foi em 2002, 0 §° pafs exportador de produtos agricolas, atris respectivamente, dos USA, Franca, Holanda, Alemanha, Canada, Bélgica ¢ China. Ficou a frente respectivamente, da Australia, Itilia, Espanha, Reino Unido, Argentina, Dinamarca e México. AS CONTRADIGOES NO CAMPO BRASILEIRO: MITOS E VERDADES: Ha também, entre os estudiosos da agricultura brasileira, controvérsias com relacao a ‘quem de fato, tem a participacio mais expressiva na produgio agropecudria do pais. Ha autores (ea midia em geral os repete) que inclusive, chegam a afirmar que nao ha sentido no interior da logica capitalista, distribuir terra através de uma politica de Reforma Agriria. © capitalismo no campo jf teria realizado todos os processos técnicos € pasado a comandar a produgio em larga escala. As posigdes expressivas na pauta de exportacdes dle produtos de origem agropecuatrias Slo apresentadas como indicativo desta assertiva. Assim, uma politica de Reforma Agréria massiva poderia desestabilizar este setor competitive do campo deixar o pais vulnerivel em sua “politica vitoriosa de exportacdes de commodities do agronegécio” Nesse mesmo diapasio atuam os grandes proprietirios de terra a embalar seus latiftindios, nas explicagdes inclusive, de intelectuais progressistas, de que ndo ha mais “latifiindio no Brasil” ¢ sim, 0 que hi agora, sd modernas empresas rurais. Alguns mesmos, acreditam que a modemizacao conservadora transformou os grandes proprietérios de terra, que agora produzem, de forma moderna ¢ eficiente, tornando seus latifiindios propriedades produtivas. Nao haveria assim, mais terra improdutiva no campo brasileiro. Estes sito alguns dos muitos mitos que se tem produzido no Brasil, para continuar garantindo 132 milhdes de hectares de terras concentradas ‘em mios de pouco mais de 32 mil latifundiatrios. Aestrutura fundiaria concentrada © Brasil possui uma Area territorial de 850,2 milhdes de hectares, Desta drea total, as unidades de conservagio ambiental ocupavam no final do ano de 2,003, aproximadamente 102,1 milhées de hectares, as terras indigenas 128,5 milhdes de hectares, e area total dos iméveis cadastrados no INCRA aproximadamente 420,4 milhdes de hectares. Portanto, a soma total 126 destas areas dé um total de 651,0 milhdes de hectares, o que quer dizer que hd ainda no Brasil aproximadamente 199,2 milh6es de hectares de terras deyolutas. Ou seja, terras que podem ser consideradas a luz do direito, como terras piiblicas pertencentes aos Estados € a Unitio. Mesmo se retirarmos 29,2 milhdes dessa drea ocupada pelas aguas territoriais internas, areas urbanas @ ocupadas por rodovias, € posses que de Fito deveriam ser regularizadas, ainda restam 170,0 milhdes de hectares. temas devolutas, portanto, publicas, estto em todos os Estados do pais. Entretanto, andando pelo pais, verificaremos que praticamente (exceto em algumas teas da AmazOnia) no ha terra sem que alguém tenha colocado uma cerca € dito que € sua. ‘Assim, 08 que se dizem *proprietirios’ estio ocupando ilegalmente estas terras, Ou seja, suas propriedades tém provavelmente, uma 4rea maior do que os titulos legais indicam. Mesmo assim, vamos analisar os dadlos referentes a0 Cadastro do INCRA. No final do ano de 2.003, havia 4.238.421 im6veis ocupando uma area de 420.345.382 hectares, (© Brasil caracteriza-se por ser um pais que apresenta elevadlissimos indices de concentragio da terra, No Brasil estio os maiores latiiindios que a histéria da humanicade j& registrou. A soma chs 27 maiores propriedades existentes no pais, atinge uma superficie igual a aquel ocupadla pelo Estado de Sio Paulo, € a soma das 300 maiores atinge uma drea igual & de Sto Paulo e do Parana. Por exemplo, uma das maiores propriedades, aquela da Jari $/A que fica parte no Pari e parte no Amapa, tem area superior ao Estado de S Quis so 0s ntimeros dessa brutal concentracdo fundiaria? Segundo 0 Cadastro do INCRA, a distribuicio da terra est expressa na Tabela 1: Tabela 01. — Estrutura Fundidria Brasileira, 2.003. dos | area otal (ha) | %de area | area média (ha) i Sib Ta 36m ——TR98 3 ie Zila Sa 3 ry SBs74 9.1% BLza2 Tas a 2h 309327 17 i 66.66 2 56164841 56. F238.421 | 100.0 % | 420.345.5382 | 100,0% Fonte: INCRA = sifuacio em agosto de 2003 in IT PNRA, Br ia, 2008. Como se pode ver, enquanto mais de 2,4 m de iméveis (57,696) ocupavam 6,% da rea (26,7 milhoes de hectares), menos de 70 mil iméveis (1,7%4) ocupavam uma Area igual a pouco menos que a metade da 4rea cadastrada no INCRA, mais de 183 milhdes de hectares (43,896). © que isso quer dizer: muitos tém pouca terra e poucos tm muita texts ‘A Lei n® 8.629 de 25/02/1993 que regulamentou os dispositivos constitucionais relativos a Reforma Ageiria prevista na Constituigio de 1988 conceituou em seu artigo 4°, a pequena propriedade como sendo aquela que possui rea compreendicla entre 1 (um) € 4 (quatro) médulos fiscais; a média propriedade como aquela que possui area superior a quatro (4) e até 15 (quinze) médlulos fiscais; ¢ a grande propriedade como aquela que compreende mais de 15 médulos fiscais. A area dos médulos fiscais varia de regito por regio, estado para estado, e mesmo de municipio para municipio. Atualmente, o menor médulo fiscal tem 5 (cinco) hectares € 0 maior possui 110 hectares. Isto quer dizer que a pequena propriedade pode variar, por exemplo, de menos de 20 hectares no Distrito Federal, a até menos de 440 hectares em municipios do Pantanal. O mesmo acontece com a média propriedade que pode variar entre 20 hectares menos de 280 hectares no Distrito Federal ¢ entre 440 hectares © menos de 1.540 hectares em municipios do Pantanal, A grande propriedade por sua vez pode ter 280 hectares ‘ou mais no Distrito Federal, ¢ 1.540 hectares ou mais em municipios do Pantanal ‘Assim, & razodvel tomar-se como referéncia os dados estatisticos do INCRA. para se classificar neste estudo, em termos médios, pequena propriedade como aquela que vai até menos de 200 hectares; a média propricdade como aquela que vai de 200 a menos de 2.000 127 ‘t grande propriedacle como aqu Proposta a estrutura funclidria do Brasil, o resultado esti expresso na Tabela 02. que tem 2.000 hectares ou mais. Aplicada esta Tabela 02~Sintese da Estrutura Fundiéria ~ 2.003 Grupos de fea total imsveis | % | Areacmua | 9% | ArcaMedia ean [ Weis de 200 Ta B80 9 OTT] DART] IVE a1 Media [200 menos de ZOO | — 310-58] — 7.3] —To%.705505] 39.2 SIZ Grande [2.000 re mas 3261] 08] 132831509] — 31.0 a0 TOTAL F238A21 | 100,0) Hf 20.345.382| 00,0 992 Fonte INCRA. ‘Org: OLIVEIRA, A.U. Como se pode verificar, praticamente 92% das propriedaces podem ser classificadas como pequenas © ocupam 29,2% da drea total. Estas pequenas propriedades desde que seu proprietério possua uma s6, nao poderio ser desapropriadas para a Reforma Agriria, mesmo sendo improdutivs s (Parigrafo Unico do artigo 4° da Lei n° 8,629 de 1.993). © mesmo acontece ‘com a média propriedade que ocupa mais ou menos 7,3% dos iméveis € 39,2% da firea, ela também nao pode ser desapropriada para Reforma Agriria mesmo sendo improdutiva, se seu Proprietdrio nao possuir outra propriedade. Eniretanto, as grandes propriedades que representam mend de 1% do total dos imévei mas que ocupam uma drea de cerca de 31,6%, caso sejam classificadas como improdutivas, poderio ser desapropriadas para fins de Reforma Agri Federal de 1.988). ia (Artigos 184, 185 ¢ 186 da Constituigio © Cadastro 0 INCRA apresenta também os dados sobre 0 uso da terra e sua funcao social (art. 184 da Constituigio Federal). Os dados sobre a Fungo social da propriedade em agosto de 2.003, indicavam que, apenas 30% das areas das grandes propriedades foram classifi idas como produtivas enquanto que, 70% foram classificadas como nfo produtivas, Portanto, o proprio cadastro do INCRA, que é declarado pelos proprios proprietérios, indicava a presenca da maioria das terras das grandes propriecades sem uso produtivo. Os dados (Tabela 03) sobre a grande propriedade, definida segundo a Lei n® 8.629 de 25/02/1993, eram os seguintes em agosto de 2.003: Tabela 03 - Grandes Propriedades (15 médulos fiscais e mais) - INCRA ~ 2003 (agosto) TOTAL IMPRODUTIVO N° Iméveis Area em Hectires NdeIméveis | Area em Hectares 111.495 209.245.470 54.781 120.436.202 Fonte: INCRA ‘Ong OLIVEIRA, AU. Deve se esclarecer que, a area das grancles propriedades, segundo 0 critério dos médulos fiscais, € maior do que aquela referente 2s propriedades com 2.000 hectares ou mais, Mesto assim, 4 rigor, © INCRA se cumprisse a Constituigio del.988 e a Lei n° 8.629, deveria imediatamente declarar disponivel para a Reforma As improdutivas existentes no pais. Mas nio ¢ isto que tem acontecido. Constituigao ¢ as les referentes Reforma Agriria, no sio cumpridas, as proprieciades ocupadas pelos movimentos sociais, pois im ria esses 120.436.202 hectares das grandes propriedades ira governo € sai governo e, a © oposto do que ocorre com jamente, sempre hi um juiz para lar reintegeagao de posse ao proprietario da terra improclutiva. E preciso que a interpretagio da Lei seja invertida, 10 € o INCRA que tem que provar que uma propriedade é improdutiva, mas sim, seu proprietario € que tem que provar que ela € prodlutiva. Como € ele que faz a declaragaio no cadastro sob pena dit lei, € se 0 seu imével € classificado como improdutivo, ele tornou-se réu confesso. Gertamente, um bom caminho para o exercicio da cicdadania seria entrar com uma avalanche de agdes civis piblicas para que o INCRA cumprisse os preceitos legais, publicasse anualmente a relagio dos iméveis classificados como improxlutivos e executasse a sua desapropriacao. ‘Mas na essa a 0 no cumprimento da lei pelos governos. O Imposto Territorial Rural ITR € folelorico. Segundo os tillimos dados divulgacos pela Receita Federal, cerca de mais de 50% dos 128 Arios com drea superior a 1.000 hectares, sonegavam este tributo. Ma sabendo se algum deles teve seu imével levado a leilao para ressarcimento dos cofres publi nunca ninguém ficou As pequenas unidades sto as que mais empregos geram no campo. Para realizar a comparacio entre os diferentes tamanhos das uniddes produtivas no campo, seré tomado como referencia tambCm os dados do Censo Agropecuiirio de 1995/6 do IBGE." Des maneira, tomar-se-d também, os estabelecimentos agropecuairios como menos cle 200 hectares, como senclo denominados de pequenas unidaces de produgao (que € onde estio as unidadles que oriundas da Reforma Agritia); aqueles de 200-2 menos de 2.000 hectares serio considerados medi de producio € aqueles com 2.000 hectares € mais serio chamados de grandes uni (0, 04 05 latifiindios. Esta classificacdo visa mostrar © papel clas pequenas unidades de proclucio face as grandes no que se refere ao volume da producto, Esta classificacho também poxle ser fundamentada no fato de que mais de 50% dos estabelecimentos com menos de 200 hectares no possuiam nenhum trabalhadlor contrataclo, ou seja, predominava entre eles o trabalho familiar segundo 0 Censo Agropecuiirio do IBGE. Quanto ao ntimero € area ocupada pelos estabelecimentos agropecuitios do IBGI seguinte distribuicio: os pequenos estabelecimentos representavam 93,8% (4,565,175) e ocupa area de 29,2% (103.494.969 hectares); os méclios estabelecimentos eram 5,326 (252.154) em niimero sua drea ocupada era de 36,6% (129.617.964 hectares); e os grandes estabelecimentos rep: ‘em niimero apenas 0,5% (20.854) e ocupavam uma drea cle 120.498 313 hectares (34, A anilise do niimero de pessoas ocupadas no campo indica que as pequenas unidades de producio geraram mais de 14,4 milhoes de emprego ou 86,6% do total, Enquanto isso, as grandes Unidades foram responsiveis por apenas 2,5% clos empregos ou pouco mais de 420 mil postos de trabalho, A Tabela 04 mostra de forma inequivoca este quadro das retagdes dle trabalho no campo brasileiro. Tabela 04 — BRASIL ~ Pessoal Ocupado ~1995/6 Pessoal Ocupado PEQUENS. MEDI ‘GRANDE ¥ % nN % R % TOTAL 14.444.779, 86,6] 1.821.026|10.9| 421.388) 25 Familiar 12.956.214 95.5] 565.761 42| 45.208] 0.3 Assalariado Total 994.508 40,3| 1.124.356] 45,5| 351.942) 14,2 Assalariado Permanente 861.508, 46.8 729.009 392| 248591] 135 Assalariado Temporitio 133.001 728 395.38 21,6[ 103.351 56 Parceiros 238.645 82,4 45.137) 15.6| 5.877] 2.0 Outra Condicio. 255.414 71,0 85.772| 23,9| 18.361 5.1 Fonte: Censo Agropecuario do IBGE 1995/6, ‘Org: OLIVEIRA, AU. Muitos intelectuais costumam dizer que a relagao de trabalho mais praticada propriedades € o servico ce empreitacla, por isso 0 pequeno niimero de emprego gerado na grande propriedade. Entretanto, os dados sobre este tipo de contratagao de trabalhadores no campo mostram também que, 85,9% delas foram feitas pels pequenas uniddes produgio e nao pelas grandes que ficaram com apenas 1,5% das contratagdes dos servigos de empreitada, A tecnologia também chegou as pequenas unidades. Outro mito que os defensores do agronegécio apresentam para justificar o baixo ntimero de emprego na grande propriedade é sua integral mecanizacio e conseqiientemente, a ndo necessidade de muitos postos de trabalho, Assim, a grande propriedade seria a grande consumidora de tatores € outras maquinas e implementos agricolas. Vamos entio analisar a distribuicio destes meios de producdo pelas diferentes unidides de producio, Em primeiro lugar é preciso verificar 0 quadro apresentado pelo Qo propalado consumo produtivo de tratores. O Censo Agropecuirio de IBGI indicava que no total, 63,5% deles estavam nas pequenas unidades de produgzio e apenas 8.2% nas ‘grandes unidades. Em todas os grupos de poténcia (CV) as pequenas unidades tinham mais tratores ® 0 IBGE utiliza como unidade estatistica censitiria 0 estabelecimento que, por suia vez deriva do uso sndmico que se faz de uma area determinada autonomamente. Ji o INCRA, ulliza o imével que é uma ‘unidade juridica (com ou sem titulo de propriedade) 129 do que as grandes propiedad. Até ene aqucles ce alta poréncia (mais de 100 CV), as pequenas Unidades possuiam mais watores do que as grandes. Os ntimeros da Tabela 05 sio serichanes ay «lemonstrarem que © consumo produtivo de tratores € maior nas pequends unklades no Beta ‘Tabela 05 - Brasil ~ Distribuigao da Tecnologia — TRATORES 1995/6 %N’ | %NY | %N [GN Grupos de érea torat | N’TOtAL | OT, | AN" | tratres | tratores Tratores | Tratores ‘Say Teatores | ocd | iocy | 20Cva | z0cva| socva | 100 cy a 2ocv | 50 cv_| “100 CV |e mais | ‘Menos de 10 Soe[ a2] aaa or 37 ¢ [10a-20 8.486] 10.8 168) 201 13.2 Tos @ [2oa-so 167.378 20.8 202 249[ 262 22.5) 2, [50a=100 100.647 | 125|99| tos aa | [Menos de 100 420.150] 32.3} 72.1 76,6 | 62,8) 52,7 100 a = 200) 90245[ 112] 2 72] tos} 123 Menos de 200 510.395, 535. 80, 83,8 73.6 65,0 Almir Sater e Renato Teixeira "Tocantdo em Frente © Goi ¢ Francisco Lazaro ‘A grande Esperanca’ 10 Paulo, 1996, p. 41 155 A classe roceira ¢ a classe epentiria Ansiosas esperam a reforma agriria Sabendo que ela dard solugito Para a situagao que esté preciria Sainlo 0 projeto do chao brasileiro ‘De cadla roceiro plantar sua area Sei que na miséria ninguém viveria. Ea producdo ja aumeniada Quinbentos por cento até nai pecuudria Ba grande crise que bd pouico surgi ‘Maltrata o caboclo ferido em seu brio Dentro de um pass rico ¢ altaneiro Morrem brasitetros de fome e de frio Em nossas manchesters de ricos iméveis ‘Milides de automévels jd se produziue Enquanto 0 cottado do pobre operdrio Vivendo apertado ganbando wm salario ‘Que sobe dlepois que tudo subit. ‘Nosso lavrador que vive do chao $5 tem a meiade de sua produ Porque a semente que ele semeiet ‘Tem que sera meia com 0 seu patrao 0s mossos roceiros vivem num dilenat Foseu problema nao tem soluedo Porque o ricaco que vive folgado Acba que o projeto se for assinado istard ferindo a Constituigdo. A grande esperanga que o povo condiz Pedir a Jesus pela oragdo Préiguéar o pobre por onde ele tritha Ba cada familia ndo faitar o pao ‘Que ele nao deixe 0 eapitalismo evar ao abismo a nossa nagao A desigualdade que existe é tamanba Enquanio 0 ricaco nao sabe 0 que ganba 0 pobre do pobre vive de tostao. (A GRANDE ESPERANGA) (Gao Paulo nesta “fria” primeira primavera e inicio de verio do governo LULA?

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