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Let Scette ca ds ages entre a artes. Is, evidente- mente, alo significa entendermos como menos importantes alguns fundamentos sem 04 quai de nada valeriam ests comside ragées, Dente eles, vale destacar a questi. revs, wm dos pontos para onde conver- gem as atongbes dae ats perquirigbes reas que se voltam para outros sistemas dis- coursvos € que nos parecer a bate para que se posta buscar a aludida homolagia de es funas entre sistemas distincos. Entretanto, fentendemos que tanto 4 questo retbrica como outs de igual interes se fazem ul teriores iqucas que dizem respito 3 nata~ reza da questio, objeto primeizo deste A pintura na literatura Roberto Carvalho de Megalhes eine Bem dvds alga, ma rosa que 3 wl Fae hemo wera reno zagio leis da pine dew 01 ses fratos ws dpe re ca saisinterentes.A poss, apesar da com Goto 17, ro posgdes do precusor do parsianismo, civ cam Gees Fo ere Rad “Téople Gautier! dos venos “picirices ExaSrtere ra Fra. feet ea e Victor Hugo’ ¢ dos “Phares” de Charles nde convo moat a a. 00 Baudelaire” exemplos de wansposicio pot Hose MX pe Sen Are etre Hica de quadios ou de formas especificas das evr ert oo Tee artes vious, no oferece as posibilidades Comic Bee Zt Somigare analidess que a naragio, com 05 Seu ingre- crs ere eo aso pa Aientes prinipas ~ descrgio e diserta- $e pre nara tar io ~, oferoce. A declaragio de Baudelaire ee dns 02 segundo a qual “o melhor relatrio sobre tum quadro poderi ser um soneto ow uma Fabs hare clegia” nio esti destcuida de fiscinaci, Lesnar pest HK 0906 amas, na pritica, wansforma-se nur isa concen te we ofosinen este hn, pub om 1852. Or port em gue beg ith Gee 74a urate ppl Se cages" ple det Thane are ie paramere ne ena“ bes doen" "La me food he ne cero 2 Relient ene ant voe pidse ved ech ge eth orPascs em Ler eer ob (1840 Le, thing ay wrt he Tere Gas 2 Poona a Les ors dy mel (1857), em oe ude and at. Wide meng ‘Brotcie cas 3 pins de Rte, Leona cer lartues ti aie reer Vind, Rembandt, Mihaela, Wats, Gos € ‘aman 00 cores 4 Chas BAUDELAIRE, Sslon de 1846, Pai Keres Baud, ver Vins le PICHON Chude estreetng Ih a 2 ces PICHOIS, Le mile eo de Chas Bene Pr Eos Sack 192 rae Sade sulijeiva do ebjew de aliiayao dy eri tor, numa sintese ciativa que spreenta a pincura ocultando-a sob um sentimento poético individual, secrificndo a sua espe Cifcidade exstencial. Em poncaspalavas, 0 poets se exalts dante da pneu, mas no a anal, nio 2 revels, Por outro lado, 0 prio Baudelsve exercitou a eritica de ate em pro ¢, por meio debs, dew 3 cultura src fancera do século paeado ~ pode ramos quate dizer reraado! — uma contri boigio fundamental? Portia, € na pros ve concentraremos nossa aten¢io ¢,sobee- tudo, na pros da século XIX, que deu os resultados mais importantes do eruzamento ainda pouco escadado da pntura coma lite- tur, sem esquecer, entetant, © papel ‘ssencialrepresentado pela pinturs em A le recherche dtp pda, de Matcel Proust, 0 surpreendente romance breve de Paul Bourget, Le dame qui a perdu son peinre (1909), bem como nat experignci mas recentes de Georges Perec, com Un chet amateur (1979), e do eertor austiaco ‘Thomas Bernhard, com Alte Meister (Komédie) (1985). O disstio entre a arte ea vida Podemos estabelecer em 1774, ano de pa biicagio do Herter de Goethe, a data que ‘marca © inicio da asungio da pintura pela literatura, Nio se tata, ainda, de um verda dei intercimbio temitco ou formal, «que a pintara entra na pross com prepotén- ia, inspirando-Ihe também, procedimentos ‘stlisicos~ além de dar.the 0 sea reperto- to especitico de informagiestécncas, bis- Arica © coset. Werther & um pintor, mas, por meio de suas carts envindss 30 amigo ‘Wilhelm, nia sprendemot nada, o8 quae ‘nada, sobte a sus pints, sobre o seu etl, © romance epistolar de Goethe revela 0 Jnimo do artists, mas no 2 «ua produgio; i forma 4 conscentiagio de Werther sobre a incomparibildade ds sa vocagio artsica com 26 regras da vida burguess. A. ‘ncapacidade de unir 0 seu modo sbsoluto de sentir com as conveniéncis da vida pri- fica leva © protagonists 20 wid, Werther € um “romance de artista” ~ segundo a Aefinigdo de Herbert Marcuse =! evjo tema centual €2 consciéacia que o artist, toma da sua peculiatidade © do sou isla ‘mento no mundo, sja ele wm poeta, um pintor ou um ator. Com excegio de algu- sas descrigdesfrtemente pctricas e que, ‘om certeza,inspizaram os pintoresromin- ticos ou pré-rominticos alemies, como Caspar David Friedrich (1774-1840), no que diz respeito a pincwra propriamente dia, em Werther ela &um dado matginal, excerno, O protagonist é sensivel 305 fend menos visuais da narureza sem que, por isso, nds © possamos ver como pintor. A atengio do nattador esti volada inteira- mente para o didi entre a arte e a vida, ‘ence im ideal artistico ligado 4 sponta neidade de uma natureza nio corrompida, Jngénua sobre « qual pir o mite do bom, selragem de Rousseau -, © 2 organizagio rnocmativa ¢ funcional da sociedade bur ‘ves; um disidio que, porém, nia ve t= daz em obras concreet © romance da juvenrade de Goethe inaugura,na literatura geeminica, uma lon- 12 série de obras sobre a posicio, ou excl So, do artta ~ qualquer que sea a sua es pecialidade ~ na tama social. Ente 08 10- 5 No ue draped ea deat de Baudet come ei ene por Che Pc, Chae BAUDELAIRE, Ono pi, Pat, Cala, 1976.1 Bohr de Pat), 6 Hacer MAR CUBE De deaceKinerom, rai sm Mein, Sati, 178. rmances eyo protagonists € um pintor, podemos citar Avdinghlle oder de glickzel- {ger Insel (Antinghllo ou as thas fees, 1785), de Wilhelm Heinse, Fan Stmbalds Wanderungen (As peregrinaies de Franz Seernbald, 1798) de Tieck, Kinstlerche (O Imatrinfio de wn atta, 1831), de Leopold Schefer, Der Maler Nolen (Nal, o pintor, 1832) de Eduasd Mérike, In Paradise (No poralsg, 1876) de Paul Heyse, Der grine Heinrich (Henrigue, 0 verde, 1855 © 1880) de Gotttied Kelle, Hermann Binger (1892), de Adolf Willan, Der Rangicbohnof (Ex tage de tiagem, 1896) de Helene Béhlau, ‘Mite! de Herman Bang ¢, enti, Pippo Span (1904) de Heintich Mann, Sto obras ‘gue focalizam, acima de tudo, 0 artists na sua imceraio socal ~ como, por exemplo,2 telgio com o cénjuge que é incapaz de cenrender 2 aividade artstica, que vé na pintura um rival ea transforma numa fone de confios on, ainda, que sobrepe 3 arte (0s interesses econdmicos (Kinutleehe, Der -Rangiebchnof) ov entio promovers, com tam certo straso, wma polémica contra a ‘sim chamada pintura “naturalita", come fem Herman Inger en Paradise Ura w= Tizagdo mais extensa da pintura ocorre em Mice, de Herman Bang. Mas na histéria ddo amor do pintor de tems religiosos € mitolbgicos Claude Zoret pelo seu mode. Jo, 0 jover Mice, prevalece uma concep- 0 sensual, decadentista da pintura, segun- lo a qual a ate & entendida antes na sua acepgio mais pobre de “representagio" da belets do que como “expresso” ou forma de conhecimento:a beleza nio est no esti= lo, mas no objeto representde. E © que fecorre em O reusi de Devin Gray, de (Oscar Wide, que anaisaremos mais adiante Apia rae ‘¢ no qual se inspyou Herman Bang para a craglo de Mickel, E na Franga que 2 exploragio da pinta- 1a pela literatura dew os seus resultados mais importantes. Mas antes de proceder 3 and Tie dessa complexa ¢ eriativa wama inter- iscipinar, & preciso reconstruir, mesmo {que sucintamente, os eventos culturis qi smarcaram 0 desenvolvimento de uma ve adeta teorin da. arte (Kuster) na Earopa ¢ 0s fatores que, na Fraga, propi- iia voscana da existnci a elec el = que no pinor¢ ecrtr treo & repre- seainda pelo desenho de Michelangelo ‘Winceelmann pubic 4198 Ces dr Kun des Ales (tie de ae no Angad, em que 0 cian de eles, « Portmio primewo de juin erica ¢ 2 sai eg clisica? led, asim, wm importante impulso 1 desemolvimeno do neolasicismo, ato ma pinta guano m3 fcc e na aruiteura Mas conscient das cescente do valor do patti his- 1 imc eli e150. Eames ie ns se rcemendee Giga VASARI, Le i pos pt sat 29 dos de ics ¢ Caso L Ragan, Mila Risa Ele, 97. ¥ CE Rekao CARVALHO DE MAGALHAES, "Johan Join Winckn » Si ele nell chi he A, 910,126. 203. n irae Sata térico-aristico, a parleae intensa acvidae de de asiquaiado ca dispesso das obras de sree deverminada pelasguerase,sobrerodo, pels invstdes napalesnicas levam, no seu lo pasado, i necesidade de se estudarem a: obs € revistar os arquvor 3 procura de toda © qualquer informacio que pudeste contribu 3 sua atrbuicio, ou Sea 3 recu- pergio da identidade do seu autor. Um exemplo desa fenésica atvidade de pes (quis foi a exposigio, em Manchester, dat colegdes particulares ingless de pintaes (Are Tressure Exhibition”, 1857), que se serviu de um grande nimero de estdioso: para 0 reconhecimento dos qusdros, ene ‘05 quais, ainda que masginalmente, se encontava © italiano Giovan Batists CCavaleazelle, autor de tim novo métado de anilise que previa a experiénca dicta di obra.a valiago detalhada dos elementos de ‘ertlo € dot desenhos prepacatzios, com a ‘conseqiente aboligio dos documentos de arquivo © das reprodugées em geavurs como proves defintivas de autoria?” Por ‘outo ld, uma fore oposigio 20 class. ‘mo winckelmanniano vem do ecrtor © ‘estodioo inglés John Ruskin, que exals artistas dos periodos romainicae g6tico, no! {quas encontea religiosidade e sincerida= de expresva que, para ele, 0 cientificisme enascentistahavia perdido.” Enuetnto, & preciso eaperar 3 publics. 80 do enssio O juizo sobre ar obras de ae lista, do kantano Conrsd Fiedler, em 1876, para desvencilhar-se a erica de arte as sobreposigdes de outes dieiplinas pa- 1a dar-se inicio 2 constiuigio de uma ver dadeira eeora da arte, em evolugio coati- rua até 05 nosos dia." A teoria da “para visibilidade” de Fiedler, nas suas vieasincer- 4 pinsurs da ida de imbolo” ou de “representa- ara eae como exiténcia autSno- rma, forma eipecifica de conhecimento, regida por leis proprias © nio dependente de circonstincias externas. Cria-e, asim, uma clan ditingio entre 0 que na arte & 0 estl,a expresso especifica do artist, com- pponente pasivel de andlcee juizo eséico, {0 que éasuneo ou coma representado, que rio deve determinar 0 julao eritico, mas ‘que pode igualmente ser objezo de estado por parte ds iconalogia. esta form, como nz teoralterita, deseavolve-se uma série de concritorinsrumentes dedicados 3 ani- Tie exratorl dae obrat~ comporigio, pers peetiva cor, luz, ete. ~, bem camo 30 reeo- ‘hecimento a individualidade artistica como fitor primordial, ue, conveqiente- ment, deste a idéta de belera ideal ou de ‘qualquer hierarqsia de temas a serem repee- send, que fei, doranceséculos, um gran- Ge Limite na compecensio das artes pics por parce dos ciicos. Naseem obras como Contes fordanentais de histia de ante (1915), do erica suigo Heinich Wallin, 0% estudos fondamentais de estlistica da col vienense, como Stfagen (Prolemas ‘eal, 1893) © Hitrishe Gramma der lildenden Kast (Gramdsca Wisi das ares Figurvns, 1897-1899) de Alois Ricgh, 0 ensaio"puro-visbita” de Roberto Longhi 9 Sabre Canto ecomendese else enaio Se Dua LEVI Colle pie dell amacone a itn, Trin, Es 1983, em 538s ens anh ces os silos "Manche ‘tse Beis. 62-7 10D Join RUSKIN, ups enc de Meigen Te ns ©The Bie io: So mane at dere vrs ig be de Ranke oc aarp via os 39 uc da Libary Ein, The a fet, Landen, le: New Yok, Longs & Co, 1A oligo mai eens dos esc de ea de Conrad HEDLER & Sif th Kan Minchen Wil Fisk ea. 19, sobre Piero della Francesca (1927), as gez- tmiticas do estilo nas artes plisticas de ‘Matteo Marangoni, Come guanda un quado (Came se obzena une quad, 1927) © Soper sedere (Saber ver, 1933), 0 entaio de Hens Focilon La vie des formes (1934) asia pr diane, até os excritos de C.L. Raghanti ~ que reinterpretam, complementam ¢ reconstroem 0 nascimento ¢ o desenvolvi= ‘mento da teoria da arte preconizads per Fiedler —, tis como An, fore ¢ vedere — allo muse (1974) e Laci del forma (0986). 0 Salon parisiense e a critica de arte francesa do século XIX © proceso que, na Alemanha, na Ilia ¢ ma Ingles, levou 3 gradual eliminagio das contaminagBes da extca e da histéria da aite por outrasdscplinas—e que até os pri= mieiros dectnios deste século extra vltado sobrerado para 0s fendmenos atsticos do pasado -, ocorten no Smbito dos exudes univers «dos insesco especilando, Na Franga, a vtuléncia com gue, a cad ano, se renovava € se divulgava debate 30- bre as obras expostas no Salon parsense accra disput, niialment, ent os adep- tos do neoclasicismo © do. romantims, ‘mais tarde, ene 05 mesmnos ¢ of pintotes assim chamados “sealisas"; e, Sinalments, entre acca oficial, de um ieredutive gos. to neoclisico,e 05 “escandalosos” impres- Siouists~ denperou um incerese quase po- plat pela exposicdo anual,emvolvenda tame bem, com um interese analitco quate i pir Bea ‘minis, muitos eseritces, Ente eles, pode sos citar Théophile Gautier, Baudelsic, of lnmios Goncourte Zola, ancres de inime- sas resenhase ensais sobre incurs. A tradi- fo, muito forte na culters fancess do culo pasado, do exon ec de arte mili fante estendese até Marcel Proust que, antes dese dedicar i escritura da maior obra: ltertia em prosa do sfcslo XX, 4 la echer= ‘che du tomps perdu, tina coma arbi tr bathar em um musea e exeritava 3 extca ‘de arte.E,na Franga, foram precsamente os ‘scritores que dersm a contibuigso mais original e importante no campo da eitica de are figurative, lderados pels clarividén- ci de Bandehire e Zola © primeiro, desde a publicagio do Salon de 1845, rexomando a velba polémicainat gurada por Vasari entre os defensores do desenho e os colorisas, toma o partido dos colorisus, coloca 2 pintura de Delacroix acimma daquela neodlsica do seu antagonis= 1a Jean-Dominique Ingres, invertenda 0 juizo vasariano da supremacia da devenho ‘em relagio A cor Porém, é na Salon do ano seguinte que ganka fora ida de que, na ate, a beleza ideal no esse, que © belo sti ma expres sincera do temperament do arcs, Baudeire se opSe com veemén= «iad cxtea de origem winckelmanniana ~ ‘predominante na épaca~ que punha acima do temperamento individual um ideal de beleza enmaizado na Antigtidade clisics, tstranho 20 individuo, © romantismo de ‘Delacroix encarna perfeitamence a iia de como © temperamento individual pode rmunifesar-se com toda a sua forga, numa expressio coerente © original. Para Baudelaire, no plano formal, eomantiemo signifcava desenhar e compos com a cor, "Dan agi come & nei, na enumene exemsmenteLniade d obes goe comics 4 hi “ors dare" Pam pind sobre om sabe so spree do “puso sane ineanae x chat de RAGGHIANTE Lew dal ne, Fete, Baio Bere, RE «ot "Cavpemenido Pe dls ni Fence, Unni nenscale dl' 1. tera Saddle rio mais com a linha; significava verde, cespontancidade do movimento ¢ do ges, ssbetituigso da natureza pelo individvo, No caso de Baudchire, podemos far de uma verdadeira “supremacia da cor” sobre 0 Aesenho, De grande atualidade cio ainda os capivlos do Selon de 1846 incitulados “Da ‘Do ideal ¢ 0 © "Do reteao", Eles contém wm cor”, "Eugene Delacroix’ model verdadero esbogo de método crtco que tende a analiar pintura com of mesmos instrumentos usados pelos pintores no 20 da criagio. Mas 2 critica de arte de Baudelite esti voluda para 0 firs, co sia, procura individuar no presente ¢ ro passado recente um caminho vilido ¢ orig nal para o desenvolvimento da arte fatwa, Assim, conta a piotuea de cemas histricos © mitelbgicos, ele defende a usliaago dos temas ligados 4 vida contemporine2, 20 ‘movimento das cidade, 20 Spo patiiene € fo seu vesasirio; enfim, 3 poesia ainds inex plorada contida ma vida moderna. Em 1863, tle publica nas piginas do Figaro “Le pein- tue de la vie moderne”, dedicado 20 dese ists e iustrador Constantin Guy. que hoje ssbemot ssler bem pouco em reigio 2 ‘outros fenémenos artiticos que vio-sedel~ ‘neando no mesmo periode. O maior entre cles &, sem divids, a apari¢io de Manet, ‘que, precisamente em 1863, haviaexposto seu farn0so Déeune su here no “Salon des refixés” e que, dois anos mais tarde, na mesma retrospective anal dediad 3 expo= sicio das obrat recusadas pelo jiri do "Salon" ofl apresentou Olympia Ambos, qadrosdestinados a suscitar polémica fa ‘vororss A san pintura preenchiaplenamen- {e 0§ requsvs indiados por Baudeitee, além diso,eraa portivvor de uma rewbs- 0 esiliics sem precedentes. A pouca consideragio pela pintura do jovem Manet pole explice-se com a intrrupio preco- ce da suvidade de Baudelsie como critica de arte por causa das sunt diffculdades eco- nmics, da sua modanga para 2 Bélgica ~ onde dais uma série de conferéncias~ da sua more premavura, ocorrida em 1867. Foi Zola quem, recolhendo a heranca de Baudelaire, intuiv a novidade © a forga day obras de Manet, O fiero do. pensar mento de Zoln é a ida de que a obsa de axte"é um apecto da Crisgio visto saves de tum temperamenta” A arte & 3 3frma- «0 do individivo contra a norma e of com= portamentos convencionsis, No existem, ‘modelos absoluts a serem seguidos, Deis forma, na sua aguerria atividade de jorma- lisa, Zola exort o leitor 2 abandonar a5 fdas de perfeigio e de beleza ideal a des crediar 0 conceito segundo 0 qual “uma coisa € bela porque pertita Jo ponto de vista de certas convenes fas e metafi- ppensamento que, exposto jf em 1866 na polémica contra Du pring d'art dest destination sociale de Proudhon, leva (0 cxcrtor a procurar a expecificidade da pincura e, onseqiientemente, a vé-a com ( insrumentos do artist,” Fundam-se, asim, na Franga, com 2 contibuigdo fon- damental das idéias precursoras de Baudeite,nas qua Zols buss inspiracio, asbases para uma anilise pragmitica¢ ima- rents da aividade aritica que hibers 2 apreciagio erties das contaminagSes idea Tisas, moras soca, Zola individs con- cretamente 2 originalidade da pincura de ‘Manet e di inicio 3 dict compreensio € 20 reconhecimento histérico do “eseanda= oso” ator de Olympia “Brotalité douce cheresse Aégante” e “wanstion violen- te" io as formulas cunhads por Zols para sinteiaar 0 estilo de Manet, artista com 0 dom de "ver através de manchas,amavés de 1A pone cone Pron em como on tone Zea ore Mant cade no ete ier vel se Pr Man ii peed pias or Joo- Pee Lede Adine, Brie, Eos Compe, 188, orgies essencns © enérgicas"," através de poses vivas, da eransigio volenta de cores entre as figuas ¢ os objetos. Ao seu estilo abreviado, que despreza as minticias escritvas,o pintorasocia 3 “Tue branca € larga, que lumins 2 cose com delicade- 1 Manet ndo representa coiss 09 per sonagens, no natea Fito, nio far morale, sind: menos, pintsra de eicola. Imprime simplesmente 2 pulagio da vida e do seu temperamenco na tela. Zola refit com ‘uma clreza sem precedentes 3 pintura de dias, 2 pintora itersta, para exercitar uma critica de are esencialmente formalist. Diance de uma andlse to pont, sind ‘que Tonge de ser exaustivs, sarpreendem, 2a evolugio dos escrcos sobre are de Zols, lgumas “derrapadie” vertiginosas. Um cexemplo € a afirmagio que Manet havia abandonado completamente as referncias 20% meses do pasado como Tiziano, Goya fe Velinquez ~ enquanto, na verdade, a ela- 80 do pintor Eancés com a eadigio & vis vel a distibuigéo das figuras e dos objetos ra tela:* uma disposgSo que aio cem nada de casual ¢ que aspira, na maior parte das vezes, 2 atingie um equilibrio compostiva de tipo elisico. Zeb sestentivs, contra 0 ‘que para nés &, hoje, uma evidénca, que a composigio em Manet tina desparecido, que 25 cenas families, a» personagens, a ‘multid30 eram colhidos na sua existéncia ‘asl. Enfim, em 1879, o dssenso em rela- (flo 20 Manet mais radical, impetuoro, ne- ligente do" minimo necesiio" de werosi= rlhang, inspira a Zola as seguintes pala- ‘ras:"O seu longo combate contra a incon preensio do piblico se explica com a dif culdade que [Manet tem na execugi... Se, 4 ZOLA"M. Mane” or Mano. 876 1S ZOLA "Edo Mant Ende bogie erg Apa ts rele, © apecto téenice igualse »justeza as suas percepges, ele sera grande pin tor da segunds metade do século dezeno- ve. Alls, todos ot pintocesimpresonistas pecam por insuficiénct céenis"." Era a tentatva do romancita dos Rougon- Macquate de subordinar 0 assim chamado impressionismo 3 sua ceoria aaturalisa, Nea, aio estiva previea a superagio do dado natural, em favor ea expresso subjeti- va (Gceia, alifs, por Zola moma medida muito limitad)-Talve,exquecido jf daque- Te que tinka sido o seu ilominado ei nador ataque contss Prewdhon, pasta 3 pos ‘ola limites pars a eriagio atic, A pintura na literatura kancesa do século ‘UN: Balzac e Gautier Feta esta sucinsanslise da stuagio er tica de ate europea no sécul pasado e no tual, podemos voltar 20 nosso tema centcal, isto &, 2 wansposicdo da pinta a itera 1A Gamilardade dos ecritoes com 2s artes figuativas favorecew, na Franga, mais do que em qualqver outo pas, ta transpo- siglo. Com a publicagio do conto "Le chef- oeuvre inconnu” (A obra-prima descom ‘nhecid) de Bale, erm 1831,a pintura entra no reino da literatura pola port principal ‘Além de agar o perfil do pintor como uma figura demonisca ou premetéica, que tende a substinie Deus no ato da criagdo € que, portanto est destinado i éncia ou § lou ‘ure, Baleac encarna nas sua personagens a polémica ente 05 dseahisas” os “colo ie 108 {6CE Rebero CARVALHO DE MAGALHAES,"Tiasen’cvemzc' Dest d Map ne Maco Ane San Polo Ci hm Mo, 199, set Manet” Rr Mat pip 171 %6 sane Sette sins, entre 0 reoclasicimo de Ingres ¢ 0 romantisro de Delacroix. Neste sentido, © conto constitu um verdadeio antecedente ar idtis de Eaudelsie sobre 4 pineun. Deslocando no tempo a controvéria¢ mis- turando dados reais ~ a chegada 2 Paris em. 1612 de Posi, pintor jovern e ainda inex perto, 2 suz visia 20 pintor belgr Frangis Porbus (1570-1622) ~ edados inventados ~ © encontto dos dois com Mestre Frenhoter, Aiscipslo imaginisio do pintor flamengo Mabuse (ean Gossaert, 14702-1532) — Balnsc df vida + um debate cenico-artisi- co fervoroio entre Posbus e Freahofee. A cena que se deseneola no aeié de Porbus & surpreendente pela quantidadee pela quali- ade de idsis sobre 2 piotura. No filam, também, at pasagens jf acentuadamence picsurais, eansposgdes diets a pintwra no texto, oma, por enemplo, na apresentacto, de Frenhofer ~ “uma tela de Rembrande andando slenciosamentee sera moldura na negra atmosfecs da qual @ aproprion ese sande pintor"~ ou, sinda, na deserigio do stelié de Porbur~"Concentrdo sobre uma tela supensa ne eavlete, ¢ que tinha sido rocada fomente por trés 08 quit tags brancos,o dia nfo ating as escurs profin= ‘demas dos cantes do grande cimodo: mas alguns reflexes perdios acendiam, na som- bra vermelha, uma paleta prteada no ven= tue de wina couraga de soldido pendurads a mural, etando com um brusco feixe de luz 2 commis esculpida e encerada de ‘ums antiga praleiracheia de lougas esta~ has, ou enti alpisvam com pontoe Uantes a tama granulosa de algumas velhae cortnss de brocado de our, jogadas aqui ¢ sli com as suse grandes dobras, a mé de modelo". Em ambae a descrigBez,2referén- cia 20 "luminismo” e 3 natreza-morts dos pincores holindeses & evidence. Mas & no loga entre Frenhofer ¢ Porbus,asttido pelo jovem Poussin, que o univers da pin- fon ent intensamente 2 exigua, quase inexvtente, trania do conto, Fenhofer nio ppoupa extcas 2 ura "Maria Egipeiaes” de Portus, acusindo-o de ter imitado dass ‘scolasinconciives:2 nddica que prvi ga 0 desenho, 2 descrigia minucioss (Holbein, Direr), ea vénen, com 0 seu asdor pest cones, Frehofer fla de uma “malheurewse indécision” entre die esloe {que se contadizer, se anvlam. Ele € um colorist. in lexivel, pare quem “o corpo hhumano nia élimitado por linha, ou “na natures, onde tudo é pleno no hélinas: & modelando que se deeena"; nqoanto Posbus dfende timidaments o desenho:“o deenho fornece um esqueleto, 2 cor € 2 vide, mat a vida sem esqueleto & mais incompleta do que o esqueleto sem vida" [No final do conto, Frenhofer fracas a procura da forma ideal pata a sua “Catherine Lescaule’. Segundo Mare Figeldinge, “a poténcia da concepeio © 2 ‘expansio excesiva do pensamento sufoca- ram as sus fculdades de execu" Mat ‘esa explcaglo, em snconia com 2 poésica Tiercia bulaguisna, eflete somente uma ‘as posbilidades interpretativas da conchi- so da hitri; ois, no conto, a referencia, sisemitica 20 mito de Pigmaleto,” da arte que se transforma na propria vida, no sig- nifearia que, na procura exasperada de recta vida na arte ou de subsciui a vida pela arte ~ enquanto era necesito demar- car com claeea at fonteias ene elar ~ Frenboferacabos ficando sem as duns? Eo ‘expresionitme a0 qual 0 pintortnbs che- sda, incompreensvel do ponto de visa de Porbus ede Poussin —estediimo,porta-wor ‘tac EIGELDINGER, "tazodacion Che incon Gana n Hane Se BALZAC, Ld einen, Gan, Maile Do, Pas, arses, 181.23 WOvIDIO, Amos, bo LX ver 21,253,270, faroro de um estilo cisco -,nio quer pro- vavelmente indicar que Balzc temia os resultados de uma radicaliagio do colori smo? De qualquer forma, a aderéncia do conte balzaguiano 4 reldade da pintora, com a sua expecificidade téenicae express 5,6 incontestivl ‘A consribuigio das artes vias 3 obra 4 Balnac ni se limita "Obs conhecida”. mas se estende também i Conmédiehuoaine,cojs personagens pin- toxes Gommervieux, em Li mien du Chat. |uipeoe,e Joseph Brida, em Le raboile se) foram patcialmente inspiradas por Delacroix. Ao mesmo pinor fi dediada a famosa e inguitante novela La file ux yeas or (1834-1836). Nao se wats, age, de um, romance “sobce 2 pintura”, mas cujas des- crigBes de ambientes onde se astra 0 vermelho € © ouro, cuja protagonisa & spresentada como uma edaica volupeuosa, podem ser consideraas, como observa Ro- Se Fortasien®” uma homenagem 30 Deacroix colorista € orientaita ~ pensa- mos, sobretudo, em seus quadtos Mort de ‘Sardanaplee Femme Alger dan er appor- Coube a um excritar da segunda geragio do romansema, Théaphile Caner,» tae e dat continuidade cronoligica 3 wanspo- siglo da pintura na Literatura com eés dos seus Récis fncasiuer: "La eafetéce” (O boule, 1831), "La eoison dor” (O velo de four, 1839) ¢ “Arria Marcell” (1852). ©. primeito nio se constitsi coma um pora- vor de conceitos sobre a pinta ou sobre a ate em gerl, Os retetot 38 tupesariae © of ‘outros objetos que se encontram no quarto de uma pousads 6a Normandis, onde © sarzador pass 2 noite, sda apenss am ini- ‘romento que contribu pats criar am cima fatisico e sacar, no desfecho do conto, © sentimento de perda © de inflicdade — ima de Apis Wer e impossibildade de realirar-se na vida a cone fliz que se Sinha verifieado na aluci~ nagio que omarrador vera durante a nite: 2 mulher com quem havia dangado aio era nada mais ads menos do que um bule que, 20 cords, ele enconsou ent pedagor. A relagio com a técnica narrativa. de Hofmann & evident, sobreeado na usiiea- lo de objezos que se animam e dis perso- nagens de reratos que “descem” dor qua ros, Mas em Gautier eriz-se ums opasicio trigica entre a flicidade gerada pela evasion 0 brutal e insatiftérioretorao 1 cealida- e.E & precisamente no conto “O velo de fouro” gue a pincara entra como protagonis- 13 ¢ objeto propiciador da evaso. Ele narra as peripécias de Tiburce, um raps2 eciosa, cu indole preguigosa levava a viver através os ouros:“amava com o amor do poets, clhava com olhos de pintr ¢ conhecia mais retratos do que rosos”. Na sua epugnincia eb realidade, ele elege como modelo de beleza as figuras femininas rechonchudss, ‘com a pele rosada © os cabelos dourados, de Rubens, e acaba patindo para 2 Balgica 3 procurs deste tipo de mulher. Os lugares da sua petegrinario, os inceriores — especal- mente 4 cain de Gretchen = tomam forma serwols de deveriqSee baeadae nat teas dar pintores damengos ¢ holandeses do século XVII. A propria Grecchen auai Tiburce argue se parece com a Madalena da "Deporigio dt cruz” de Rubens, abrigadas na catedral de Ancuérpia. Dest forma, 0 conto ~ bateado no problemitico bindmio arte-vida ~ que preanuncta 0 decadentismo de Hluysmans, Wile ¢ D’Annunzio, se con figura quase como um pequeno zoteiro" da pintura famenga holandesa do Seiscentos. No conto de Gautier, a arte usurpa o papel da experitncis vivids © do armor. O marra= dor segue, nas dscriqdes de lugares e pert nagens as indicacBes daquelapincura, Mas 2 20Precia BALZAC, Le Du de Laie Laie pee, Pasi alist 1976, 3840 Uist eSckete teanscrigdo da linguagem pictual par alin- guagem verbal em "O velo de otro” éfre- icntemente redundante e didstics, espe- almente nas pasagensdestinada a expliat ‘os riscos" de se procurar a arte na natureza ‘Dos contos de Gautier em que a pinta- 2 tem um papel preponderante, “Artia Marcell" sem dvida,o mais interessante © bem constride, Como nas cons ante- Hotes, © protagonists conhece @ amor 30- mente pela arte ou pela evocagio hiss (© tema do conto, na vendude, ésrqueoligi- 0; mas, nele, 2 refinada linguagem de Gautier se fae decididamente pictrica, ja porque descreve Pomp, as paingens, 0 Vesivio, com ams inwsitada sensibildade cromitca, que gers uma eensgio atmoa® ica que envolve sengorialmente © leitor, scjp porque a parte fantistca da naragio & realzada exclusivamente a pati de pene- trantes evocagSes visusis. AS vider de Ocavien duinte © pucio norurno em. Pomplia, na quai a cidade morta “tecupe- 0 seu specto arqutetnico, picrual ¢ ‘cultbrico original’, sio muito views ¢ convincentet. Théophile Gautier ws, aqui, todo 0 seu repertério de conhecimentor axqoeologices, tanto em aruitesra quanto fem pintun, © que forma plausvel a sua reconstrugio. de Pompéis. Em “Arria Marcell", 2 visio, no sentido sensorial da palava, predomina em relgio 3 andes as sensagbes geradas peo fendmeno visual rei nam sobre a diseragio de cate pico ‘ico, socoligico ou filosBico; 2 desrigio pictur e emotiva prevalece sobre a disse eto. Purlelamente 208 contot de Gautier, 4 valizagio da pina na Kiteatura como el ‘mento inguietante, de desesubilizacio, comparece em 1835 fora do imbito culta- ral fiancé, com “O reato", de Nicola Gogol, e em 1845, com Edgar Allin Poe, cexjo breve conto “The orl porte” ~ sia fonte de inspiragio pode ter sido 0 proprio Gogol ~ estavs desinado a prodasir um feito qu, pasando por Stevenson e Henry James, penduacia, na tertura de lingua ingless, té © rete de Doran Gry, de Wilde. © arista € mostado como um ho ‘mem que, tendo a arte como “principal es- os", & contra a naturces. Esamos longe da conscincia técnica e ertica de Balzac e do ‘wo postico e descritvo dos contor de Gautier; mas a descicio que Poe fiz do pintor no ato de reratar a propria malher, ambos enclausurados numa tore do castlo ~ sepulea atelié-, com a ls fa, eepecteal, que penetra do alto, como na pintura tene= brisca ou em um quadeo de Rembrande, ¢ ‘um verdadeiro exemplo de wenica pietér ca transposta para a hnguagem verbal. E, mesmo que ueizads, num momento sce sive, como um simbolo da contrposicio entre a arte e2 vids, pois alu espectal que forma o retrato marailhoto & a eauia prin- cipal da morte da jovem, 2 pintua &, com pleno direc, a protagonista do conto, Fict sem solugia, porém, problems da relagio ~ confituoss ou coneiiante?~ ente a atte ‘eamarureza A atte éimitagio do belo nata~ ral ou sua superagio, & repretentagio ow forma de conhecimenta? Davida que os ‘scritoresfianceses demonstram ter teslvi- do precocemente tem hesitigSes © sem indulgéncia em fivor ds “superapio". Mas a brevidade de “The oval porte" no con- senre um aprofundamento da questi e pre~ valece, assim, 0 wio da pintara como ele mento perturbador, que favorece im cima de treo, eja pelo lugar onde se encontra o retrato, sea pela histria que ele encerta romance dos Goncourt sobre apintura # preciso voltar 3 Franga pars se ver uma uslizagio minucioss da pintura na lier '3,coma publicacio, em 1867, do surpreen- dente romance ManeteSelomon, dos imios Goncourt. Nel 3 faso da histria eda i= tica de ate coma fio € feta numa medi- ae com uma eriginaldade sem preceden- es na historia & literatura, Desde a pr smeiras piginas do live 0 autores introds- 22m o leit no contextohistrico-atinicn fem que agiio as personagens. A trama tem inicio em 1840 e “toda 2 pintora jovem, rnaguela época, eta voleads para 08 dois homens cujos dois nome exam ot dois gri- tos de batalha dh atte: Ingres e Delacroix” E evidente 0 wibuto 4 ertica de arte de Baudelaire. Porim, logo em seguida, os Goncourt introduzem uta tema que srs, de certa forma, 0 fo condor das idzias sobre a acts exports no romance, ou ja: ‘0 reconhecimentosimultineo da importin- ia do romantismo e do seu dedinio deter ‘minado pela ceataminagio liters, 1déia cextremamente moderna € coincidente com, © conceit feileriano dar acter visuais como “exsténcsauténoma",formulado a- guns anos mais unde. E, neste sentido, 0 pensamento sobre a arte dos Goncourt po- de ser considerado mss eangado do que at ins do propeio Baudelaire, que conser- vam, 205 Gein escrito, algun residuos de uma visio lees da pinura, Masa ana Tgia com 2 superagSo do pacts das Flores do mel no termnam aqui. Os Goncourt se Jamentim da insenibilidade dos pintores da época em relago 20 "grande sspecto des- prezado pela are: 3 contemporaneidade” — (que era 2 bande critica de Baudelaire apontam a"psssgem” como tnica via pos- sivel de renovamento para a pintura ~cujoe representantes frincipss, reunidos sob 0 nome Ecole de Barbizon, tnham sido “male reatados" no Salm de 1859 por Baudelaire, ‘que os acusava de mente “exatamente por- ‘que tinham deisado de mente". A conde- Apia 8 Beata naglo, aliis no toul ¢ intransigente, do poet fz parte de uma seagio mais abran- fgente contra 0 pintores stim chamados “realisas", como Courbes, que, sind ele, tinham “promovido uma gueets conta 2 imaginagio", em favor da naturera no peasant edesprovida de sentimentoE seria ‘© caso de dizer que, quando nio baead na ‘oposigio entre colors ¢ desento, movi- mento ¢ estatismo, enfim, ma anttese 10 ‘mantsmo x neoctascismo, 2 critica de arte de Baudelaire se enfiaquece oscil cone ‘anremente entre observapSes precosss JncompreensSes. O romantisma Ihe diva as sugesteslteririat eat alegorias que, apesar da modernidade da $02 exten de arte, ele ainda procurava na pinta: Ingres € soa cola the davam o irresisivel pretexeo por combater 0s dogmas académices. A identi= ficagio com a natueza~ e nfo a sus repeo- doco desprovida de sentimento, como aft- smava ~ Ihe era estranha, Os Goncourt, com © inustado amor que revela pelos animais « pelo natureza, fazem da "psisgem" uma bandeira ‘Um dos temas principas do romance & © aniguilameato do talento de Coriolis pela vida conjugal com Manete Salomon, que combace 2 pintrs original, porn povieo rentivel, do marido em favor de um estilo conformist, mas que obtenha sucesso eco rndmico e socal. A mizoginia eo anti-semi- fismo de que o romance foi scsado o rele {FOU 2 um injusto © cego esquecimento;" ois, por um lado,a misoginia & desmentida pelo papel cepretentado por Mme Crescent, indicusivelmente “pasitiva”, ¢, Por outro lado, podemos dizer que a anise ‘que 6s Goncoure fazem de Manette ¢ da ua familia relete, mais do que anti-semiismno, uma reagio 20 atavsmo e ao integraliimo do seu comportimento relgioso. E, disnte 21 nc eo net dspoiel de Mone Simo sn ds i Charen Fauld 1996 i Lema, 1993 (Se Lt noua), Unrate da viques ds form Tein € das ii dobre 2 pica conan Kio, a queio ds mizopinis © do ant-semimo pis pra um pan reundva (©: Goncoureacompsnkim de forma deathadn «evap do Bin tu de Cori issn pntr coors e rominico de temas orients =, expsto no Salon de 1653. obra de grander dienes para + gual Manene nba servido de-modelo Sricase no Bain ee de Ingres (Louvre) qs, ma relidde, nba sdo evecutda em 1863,um ano anes uc o Goncourcome- avers claboraro romance. A descrgio 60 1 fersnino do. quado de Corio mio dns did sobre = matin ingresians, sings ques pinta sc ond oon sno ¢wejame nea 0 vapor do Bano ot ‘os laminoroe que atavesam o pace rather qve na quaio de Ingres no ex tem, Mas, peat de oxcar ene os di Cio do € nem Ingres ~ inventor, no séouo denon, da frograa cola para 2 reptodagso dos Perugne e dos Rafe” nem Decree ~ “a Mersturs na pity Ele € um pinto de lento que sndanio ncontos 0 proprio enn © seo Banko two obtém soceso no Sion. Porém, & orate 2 su emada com Manete © 0 srigo Anatol, em Dasbizon, que el coma contiécia da soa verdad penonalidade secce, © contto com a. pinta de CCreicent."am ds grander epee ds sagem moderna leva» abandon 2 Pintura orienta pat. dedcarse” aos temas david contemporines paren © fence, (+ capil estadia em Barbizon ‘sto ent of mss bes do romance sg orguereconitoem minsciotmentesob 0 srpeco do tanposgo ein, o singular rmomezto de efervescénca eatin eet sada Beale de Barbizon, sj pore neles, 2 ingugern sf itensaments pita Crescent, pntr eponivel pelo ama resimento ca linguagen de Coil, cor responde em tudo a das personalidades axtiticas centris do movimento de Barbizon: Théodore Rowseau e Jean- Francois Millet Na descrgio fita dos seus qoadres (capitulo DOCK), reenconta- mos 0s temas e as cores dos pintors do ‘campo e da ocsta de Fontsineblest "toda ‘uma sie admirivel dos ses quads dee vendava a earde, os seus incéndios, @ seu desenrolar de nuvens de rubs no horizonte dourado, os lentos desmios, 0: empalide- ‘eres do ds, caida da melancoia serena da ‘scutidio no campo adormecide, quace apagado” (Roussean):"Neles, com freqign- Ga, Crescent enfiata uma cena, alguma ‘cena campeste, 2 semeadors, 4 eeif, a colt. fazendo da camponess, da mu Thee de vours curvada sobre a gleba, dese corpo em que o livor do campo matou ‘mulher, aslueta achatadasigida evestida ‘com as manchas dos dois elementos onde fla vive: com o marsom da terra, com @ azul do céu" (Mille). Os proprios dados biogrficos de Crescent nos remetem aos dois grandes expoentes da Bcole de Barbi- ton que se instalaram is margens da Goves- ta ~ Rousseau em 1846 e Millet em 1849 =; preciamente em Barbizon, como Cres int, © af morrerim respectivamente em 1867 © 1875, ‘Ascenas ambientdas em Barbizon om bm so, como jf i dito, agueas em que a componente pictrica da linguagem des GGoncourt se manifests com maior evidén- cia. Um exemple € 0 capitalo LXXIN onde so narrados os longos pastios de Coriolis ro corapio da floresta. As descrigdes das srihas, das claeieas, ds epentinasaberturas e horivonte, sm de oscar entre expres sionismo e impressionismo — nos sentidos picturis dos dois termos -, adem fic= auentemente 2 outra pintor da doreta de Fontincbleas, Camille Corot: “Dos dois lados do caminho, ele tinha sub-bosques, fandos dese verde doce e beando como 3 sombes das Borests na wansparéncia pene trante do meiowdia, asgado aqui ali por ‘um rigueeague de sel, um rio corredigo, vibranda na pants das pathos. qve, wound sobre as flhss, pazece acender uma sible ‘com chamas de esmeralda". £ a poesia do fenémeno nanutal que abre o eaminho, na pineura © na literatura, para 2 edlosdo do impresionismo, Pois nio foi por volta de 1860 que Sisley, scinado pelo lugar e Fela pinnura que ai se fata, arrastou consigy a Barbizon Renoir, Balle e Monet? Coriolis &, na fce¥0, um elo enue a Ecole de Barbizon e 0s pintores assim cx ‘mados impresionisas. Voltndo a Pars, sob © influxo da pinta em nada Biercia€ mm tudo pictrica de Crescent, ele alo 36 se edica a explorar os novos temas da vida contemporines, mas viaja para Trowwdle, conde “retata” © movimento e at cores da vida balneiria na costa da Normandia. Na escricio de seu quaco com veranista ma praia, pode-se nota a “milo” do pinto not= ‘mando Eugéne Boudin, peimeiro mest de CChiode Monet. tela inovadora nia obtim, saceso ¢ 0 lento de Coriolis et destna- do a sucumbir sob 0 dominio do carier represivo ¢ veal de Manet Maso vatisi= nio dos Goncourt jé tinka sido langado, ‘Basaria esperar alguns anos para 30 € 0 predominio da pintura de paisgem, da simbiove entre o artista € a natureza,em relagio 20 colorsmo literiio dos rominticos es les inxs e des sonalzantes das academis Apintura em A obra de Zola © romance L'Osure (A obs), de Eavile Zola, publicado em 1886, & 4 continuagio ideal de Manete Soloman, De novo, enta- sobre 2: obras aceitas e recuadat plo ji Apia 8 Bete lo Salon anual ¢ vemos delinearse, ma tcanporiio iteriria, © panorama aniica de um determinade momenta histérica, Manet Saloon abrange 08 dois decnios ieditamente anteriores data da soa eae Soragio (1864-1866), Lew concentes- se nos anor seguntes. Coptraiamente 30 romance dos Goncourt, 20 qual a obra de Zola sina que mienosinovadora na forma, deve 3 eseutua ger, LOewre cbteve um frandesuceso de critica e distingue-e de ‘Manet Salomon por uma visio quaseopos- 112 dos Goncosre no que diz respeito 20 papel ds mulher na vida do artista De fo, ‘Christin, inicalmente modelo «em segui- 4, mulher do pintor Claude Lanes, 20 saws de cic obtiulos para a espnhos cartes de piztor inovadoe ¢incompreen- dio de seu marde, mesmo seconhecendoa Fintur como vin“ at de tudo para sjudil, submetendo-e uma vid de pi ‘agies ea mesmo de pei ‘©. protgonisa de" L'Oeue, Chude anes fi inspizado por dus gandesfgu- 1 tee as maiorey, da pina faces da segunds meade dp téeslo XIX: Mane e ‘Cézanne. Se, por um Ido, oF dados bogs ficor de Lantier nos remetem ao: de ‘Clzanne ~ 2 origem provengal a amizade desde a adolescénia com o escrito Sandoz (na realidade, Zoli) ~ por out done auivoa a regio da sa pinta com 2 d Manet. sea quae intulado “Pin si expowo no “Salon dt refuss" de 1863, teanposigio litera, evidentemente com varies, do Diemer sur Phere de Mane, expo de ftom mesma data € na mesma sede. A descrigfo do "Plein at" no dei vids: "Li, cbre a eva, em miio 3 vege- ‘ago de ano, una mulher mun eta dei tad, com um brag sb a cabera dando ‘ossciose ea soci, sem ghar com a pop ths fechadas, na chuva de ouro que a banha- ‘a. E-como no primeito plano © pintor necesita de uma opoigso ears, ee se satster simplemente colocando si um a iro Seine bhomem sentado, vestido com um simples pilet. de veludo, Eite homem evra de ‘conts, vase somente 4 a mio esquerds, ‘coma qual ele se apoiavs ma cera". A pos (0 da mulher lembra sobretudo as VEnus de Giorgione ¢ de Tiziano, mas o elemento realmente importante © que sproxima a obra de Lantier 20 Dejewner sur Mhebe de Manet & 0 conteate entre © luminoso au Feminino ¢ 3 excora figura marclina vo 4s, repretentados sem a habitual ranspox- ‘io da nudez para um periodo hide ssante ou para um tema mitoldgico.O eu ‘contemporineo em ambos os quideos, 0 de ‘Manet e © de Lanter, geram eseindslo no piblico ¢ na critics, Mas nio se trata somente de uma eicandslosa revolugio temiticaTrtase de um novo eso pictS- rico, © de Lantier-Manet, que © nacrador sintetiaa aestes termos: "Era como. oma Janela aber bruscamente na velhacozinha ‘do berume, no caldo recorido ds tadigio,© f sol entra, € as patedes iam com esa ‘manhi de peimaveral © tom claro do qua ‘to, x matiz azulada da qual cagoavar,bri= Ihava no meio dos outros. Nao er, pois, 2 aurora. um dis nowo que nates ara 3 ae?” ‘Chaude Lanter & indicado como 0 profets de uma nova geario de pintores que se reuniam no Ca Baudequin, no baitro pariiense de Batignolles Também nese papel no podemos wer sendo a figura inspi- radors de Manct, que, nos encontior do famoso Cafe Guerbois, preciamente em Batignolles, era 0 centro das atengSes de muitos jovens pintores, enize os quais se encontewvam Degas, Renoir, Cézanne, Monet e Pissarro, Na reconstrupio histrico-fedcia do petiodo que vé 0 aparecimento a arte ino= vadora de Manet © a sucessts ecloxio do impresionismo, reencontamos at idtis 8 dkesenvovias na rte de ate de Zola, que vie de uma adesio incondicional inca § sow ptura de Manet severs resis 4 ch e205 impressionists ds slim ees tos No romance, tis resuigdesemergem scjmas oberagdes de Sandon sj na ae lise fia plo prépionaador:" 50 r= imlidade de notin, Go dan to wbran- te de sl tornaase Um defi, uma per tutbagio de todos os hibits do oho, carae be violices sob céus tcolores. lout {ings 0 imo gra. provivel que este exemplo se refs sobrerad 3 Cézaae, 430 eu novo método cromitio, que subsi= tui os tons locis por uma modulo que vaido vemeho 20 amare, deve 20 verde asim po dant, ao volts, conforme 0 esprewo eromitico do. prima En. uma forma de harmonia “pares 3 matress”, que no podisadequar-e 20 naturaimo de Zola. Como, na a erica obra de Manet, ‘o murador dit a propio do pinta Claude Larder: impotingia em sero génio ds fr- mula qu uaa consigo"so, ands, que no tinka tio a fora de "erigir a ober-prima ‘que daria este nal de éewlo. Como no verem tl armagio um eco dsj cada obernaio sobre Manet que “se, nee, 0 sspeco técnica igualse 3 josena disper ‘cepts ele seis 0 grande pintor ds segun- dh netde do séulo dezenove"? Maree Saloon dos Goncoutt txmina ous aut milandive ¢ pungente pests ‘mo com um quse grit de lame conte detiorgio das rapes sis sincens € spontiness de amiaade, provocads peli contingéncias enstencns, pelos inexses, plo ciime © pels ambigSes. O Gnal de L/Onare se far wigico:inespse de sper ‘oslimitesimposts plo eater hereditiri, 4c 0 impedim de resiza sua obr-prims, (Clade Lanter se sii 22Ssbe a ht do impresoras em gente ee 0 Cat Conti em pricy et Joa REWALD. The ic i of Iason, New Yo, Maca of Maden at, 1946 Hysmans e a pintura Ente as dus expcéacin fondamentis de sraposigio a intra na iterators ofee- cidst pelos Goncoute © por Zals, que sbrangem pnt. como tema ds m= Tati, sj como fete de inspira fx ‘als pbc em 1854, de A rebour, 20 ‘mesmo tempo em que maca 0 afacamen- {0 do sev to JK. Homans, dor ites ccies do natralo soca mat Ineato do decadent, vé umn retomo da intra com objets propiciadr a esi, fEomo ponte ene o pido © 9 presente tratiments como nos conts de Gautier A sentena de Det Eneintes "a nates a0 tem mis ada sae” slém de bolo 2 desincompatizgio de Huysmans com 6 matinee, quer signifier qe 4a, 0 isco e+ exci leva sss dle toma o lager da reaiade. Des Escints irlae © crwndise de obs de arte, de Tors arr sicamente encaderados © de pana exties que pacecem "ies, que {io sua vdh um cater de oxclasia ex Cenicdade e consentemthe a figa do reside, coosdersda "volgen inte Logiciments pints dos mpresion- ta com vm pcs ou se tena exe dor db vids contempocines, so pod imeresar 3 Det Estes, que se Sige 8 inti von de Gosne Mores € Oiiion Redon. Do prim, poss ma "Salome" e wma aquiela com 3 "Aperigao do Baca do send, ua sie de dse- thos em que o componente ahicnatro ¢ de fn dln predomi. Ma &pie- co ner oma dingo ene como © a= ‘or vient obras 0 wo que far dels © protagonist A vio licés do narsdor noe 5 umm imerprengio isricocten de Mores tte dem arta som acene dents nem descendentes ponies, umn sioniro, qo, em Pris, consegue conden- ss om on tb toda Epos hist ~ Apia re tone 43 por exemplo, na fisio dos extlosarquitet nicos ~ € todas as dneas geogrificas. Como nom estado monogeico, Huyemans define © pintor como um “pagio mistico”,indvi- dua suas matrzes terse observ, sind, ‘como 2 técnica da aquarels, antes de ‘Moreau, munca tinka atingido tamanha orga expressiva eviquess cromitica, © que 4 pura vewdade, Pars Det Excintes, porém, 2 pintura de Moreau tem, acima de tudo, tum poder de evocagio mistica ou mitolbgi- a, fazendo com que ele seviva eruentos eventos religises, como 2 deeapitao de So Joio Batista © o terror causado por ssa apatiglo diante de Sslomé, Herédoto Herodiade. No que diz respeico 4 linguagem, ‘HYuysmans vai muito além ds decrigio ins- pada por quidros exttentes. Em pelo ‘menos dois momentos de grande forca expresiva, ele “pinta” quadsos inéditos @ ‘quase premonitérios de fendmenos atisi- 0s vindoures. © primeiro & conse pela desricio dos cémodos da casa de Des Fsseintes,piginas em que o nartador desen- volve oma verdadeir tora dis cones digna de Do espirtual ne are ¢ Ponts e linha no plan, de Kandinsky ou da tora do "aque- ‘do “esriamento” das cores, de Paul Klee:"O lambriimobiizouo seu azul, reforcado, por assim dizer, esquentido pela cor-de-laranja: que, por su vez, manteve-te viva, estimulada e, de cert forms, atiada porque encalgada pelo azul". O segundo “quatro” & constituido pelo capitulo VI ‘extrardinirio pela capacidade de evocacio visual das extravagantes e mésbidas plantas exéticas que Des Esseintes encomenta para © vestibulo da eass:3 descrgio inguictane, ‘spantosa, ameagadora, encontaria um cor respondente ma pintur somente muits <écadas depois, com 2s obras de Sutherland de Francis Bacoo. roa Stade A pintura na tertura francesa d século 1: Bourget, Proust, Perec A taigio do romance sobre 3 pintura ~ porque, ests altars, podemos dizer que se teats reslmente de ums tdigSo ~ continas com Paul Bourget ese vo La dame gui peri son pent, de 1909. Tat-se de wma sta elegant ¢ uma critica severe 30 méto- do de Giovanni Morel © de sua escola, repreentads, na época de publiagio do romance, por Bernard Becenson; wna criti= a} exces desenvoltusa com gue 0s qua- dros eram deslasiiados em favor de pin toresinexitentes ~ como 0 famoro Amico 4 Sando, criado por Berenson em 1899 ~ por razdes no sempre claras,mas que, mui- ‘as venes, estavam ligadas 20 comércio das cobras de arte: 4 deschssiicao ov 0 seu conteéto (a atribuiio de um quadeo a um pintor importante) fziam com que os pre~ Gos crescesiem ou diminuisers em benef io do compeadr ou do mercante, depen endo de quem 0 critice ~ © critico sem ‘scripolos,logicamente ~ pretend fvore- cet. Courmansl jovem e promisso eri 0 faneés do romance de Bourges, ciador de um hipotétco “Amico di Solari” (2 referéncia 20 “Amico di Sandro” de Beren- son & evident), & sincera A sua honestida- e no esth em jogo, mas, sim, 0 seu méto- o citico,a su f cegae intransigente,post- sivist, num sistema creo que ele conside- ‘2 infalivel e que, na vedade, apresenta mui tos defeitos Bourget ope 20 método, 3 cxi= ‘ica cognitva~ e seria egitim nati asus pelt que ele conhecesse somente 0 quate 8 0 método moreliano ~ uma apreciagio subjetiva da pintura com o auxiio da prb- pria imaginago, Iso © distancia da erlica Ge arte moderna, ou sea, aquela deriva ds "pura visibilidade” fiedleriana ov, sinda, da critica respeitosa da obra de ate “er si” de Baudelaire e dos ecrtos melhores de Zola; enfim, da erica qu ia muito além do posi tivsmo consido ns “les” morellianat © que, contebuindo pars a elaboragio de uma too” ria da arte, dava resultados importantes pre- cinmente no periodo de pubicagio. do romance. Mas, apesr desia que podemor definie como uma “earéncia” eitica de Bourget, La dame qui a peau son peinte representa uma novidade no uso da pintura pela itera: exploracio do ete dos ex ‘cos de arte ma nareaiva, novidade que nfo pasar despercebida pelo malsbarita da lin ‘gua ¢ dos Sgaiicados Georges Perec auto, 3 dscinca de setenta anos, de Un calint ameter (sti du bn). Poucos anos depois da apatigio de La lame guia perdu som pin, 0 crvramento cote 2 pintua e a iteratata € reproposto Por Marcel Proust, com a publicacio, em 1913, do primeiro volume de 4 la echerche «iu comps perdu, insealado Du etd de che= ‘Swann, ¢, em 1919, do segundo tomo, A ombre des jeunes files en flew: Texta-te de ‘uma wilzagio da pinmass dssinads 3 per rar em toda a obra de Proust; mas nos Timitaremos 2 comentar uma parte de cada tum deses dois tomes, ou ej, Un amour de ‘Siwami e Combray, pertencentes 20 primei- roe Nome de pyle pays, do segundo, pois so exemplates do rico malplo empre- 0 que Proust faz da pinturs na nacrativa comparagées entre ambientes resis € qua- dros, personagensinspiradas em retrtoe de pincores ansigos ou contemporineos, tempeéstimos de esruturas composiias da pintaraadapeadas 3 linguagem verbal, ans- 23CGioanns Moai (1816-1891 to dears lane gue propa cme meds de ecaeinet do a= eva compungi presses ouseendes dob ~ dei cae “nepens=ccome arma ascends se, des pai pr ane Moelle eles ern execs iat i eet conte som coma, else lises de quadros, + pintura como simbolo um mundo vstual ~ que favorece a ‘verie” ~ destnado a ser desmentido pels relidade, Vefica-se um rerorno de Tact pour Pan" de Gautier ¢ uma conti- ruidade da forma “decadentsta” de HHuysmans, porém entiguecides por wma to vastae inaudita investiga psicologi- fa que nio sem dificuldades podemos reconhecer estas €outrs posiveis matrizes a estitica prousina Em Un amour d Sian, a pinta € ver~ dbadeira protagonisa “clandestina” da rama; pois, spear de nic sero tema principal do romance, que € ¢ atribulado e smbiguo amor de Swann por Odewe de Crécy, ela ‘sti na origem dese amor e o condiciona ‘Charles Swann, died paisiene © exudioso dilecante de pintun, que pretende esctever ‘uma monografia scre Vermeer, nunca con~ cluida, apaivona-se por Odete,sobretudo. pporgue ela the lembra uma dis Shae de Jethro do aftesco de Boticelli da Capela Sisina que representa as Provagoes de Miss. O aspecto fico de Odeue€ elabo- ado 2 partir da fguea botielins, Mas, slema dessa origem pict da protagonista “ficial do livo,eque engendra em Swann a confusio enue arte e vide pica dat per~ Sonagens de Gautirs a pintura aparece nas formas mais inesperdas como, por exem= plo, quando o narezdorexplica melodia de Vinteuil extabelecendo um parse formal ‘entre 4 pintura © s mésica: "Ela comerava com os ténues tmulos dos vioinos, que darante alguns compass tocar sozinhos, ‘ccupando todo 0 primeito plano; depois, de ‘epente eles patecim aftasee, como nos ‘qoadros de Pieter de Hooch, que 2 moldura crea de ura pert enmeaberta 30 Tonge sprofunda, de outs cor, no areludido de ‘uma luz interposta,a pequena fase aparecia, dangante, pastoral, incrcaada, episédica, perencente 2 um outto mundo", Proust ‘expla, asim, 2 esénca dos quadeos do pin- tor holandés Pieter de Hooch 30 mesmo pir a Werana empo em que sugere o desenvolvimento da sonata de Vine! Em Condy, encontramos outros dois exemplor magisesie de simbiose enue a pintara ea narsativa,© primeio, aparente- ‘mente simples comparagio ene un fg 1 de Giozo © uma personagem, am de dar uma descrgio acentuadamente pitores- a da gjudame de Francoise, indvidua uma das caracteriicasfondamentse do eso de Giowo: 4 platcidade ea volumettia, Trt se da mania de Swann de estabelecer rela- Bes entre 2s pessoas € of guadtos. Vendo a aljudante de Frangoise com a formas mo Sicadas pela raves, Swann a compara com a Caridade de Giotto figura dos afescos da CCapeta degli Serovegni de Pidua: "quando os penguntvasobse a ajudante de cosicha, le nos dizia: ‘Como vai 2 Caridade de Giotto? Ali, cla propria coitad, engor- dada pela sua gravides até 6 roso, até as faces que cafam reuse quadeads, prec de {ato com esas virgens, fortes © macalinas, verdadeiras matonas, com as quai svi es esto idetificadas na Arena”.Na desc fo da “blle de cuisine”, esc contida a interpretagio eslisica das Sigurat de Giotto. Fh ambém sevela 9 interee de Proust pelos escritos de Ruskin, como -Momings in Florence, em que Gioto ocupa povigdo centrale dos quais deriva, ainda, paicio de Proust pela arquterurs © pela cescultara goticas.Portanto, nio & por acaso se 0 segundo exemplo nos repropde © nome de Gioto.O pai do narmder anuncia ‘que a Gaia pasard a PSscoa em Venera © Flocenga. Imediatamente, 1 imaginagio do adolescents se tranfere paca Hlotenga € como determinados quadros de Gioto, ‘que mosttam em dois momentos dstintas ‘de uma aflo a mesma personagem, aqui sdeiada na coma, ali preparsndo-se para montar cavalo, nome de Florenga entra

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