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Quero Aprender a Ler Existe Alguma Receita para Seguir?: Os Processos de Aprendizagem de Leitura e a Colaboração da Memória de Trabalho
Quero Aprender a Ler Existe Alguma Receita para Seguir?: Os Processos de Aprendizagem de Leitura e a Colaboração da Memória de Trabalho
Quero Aprender a Ler Existe Alguma Receita para Seguir?: Os Processos de Aprendizagem de Leitura e a Colaboração da Memória de Trabalho
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Quero Aprender a Ler Existe Alguma Receita para Seguir?: Os Processos de Aprendizagem de Leitura e a Colaboração da Memória de Trabalho

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No livro Quero aprender a ler: existe alguma receita para seguir? considera-se que ler e escrever são construções culturais e que cada época e cada circunstância histórica atribuem novos sentidos a esses verbos. Defende-se na obra o conceito de que a leitura é uma atividade interativa altamente complexa de produção de sentidos. Discute-se também a importância das ações elementares para aprender a ler e as funções da leitura, principalmente da leitura enquanto meio necessário para obtenção de novos conhecimentos. Dentre os vários processos cognitivos envolvidos na tarefa de ler discute-se a relevância da memória de trabalho na realização dessa atividade.
LanguagePortuguês
Release dateApr 6, 2020
ISBN9788547338435
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    Quero Aprender a Ler Existe Alguma Receita para Seguir? - Lidiomar José Mascarello

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    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE

    Aos que colaboraram e me incentivaram a lutar pela busca do conhecimento!

    Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível.

    (Thomas Jefferson)

    PREFÁCIO

    O professor Lidiomar, além de uma longa amizade que temos e pesquisadores de áreas correlatas que somos, também foi meu colega de mestrado e doutorado. Com muita alegria e gratidão aceitei o convite e escrevo este prefácio da obra. Para nós a leitura é tema instigante e altamente relevante socialmente.

    Como o autor provoca no título deste livro, não há uma receita. Ou melhor, há várias. Aqui a leitura é entendida a partir de dois pontos de vista: enquanto prática social e enquanto atividade cognitiva. E meu nobre colega tem experiências teóricas e práticas em larga escala para discorrer sobre os temas, como ficará claro ao(à) leitor(a) ao longo dos capítulos.

    O elemento que une as duas perspectivas, entendidos como indicotomizáveis, é a memória de trabalho. Isso porque os processos envolvidos na manipulação, processamento e armazenamento de informação são fundamentais para a aprendizagem da leitura – que como bem destaca o autor não se dá por imersão – e, consequentemente, para a formação cidadã.

    Aqui o(a) leitor(a) poderá aprofundar-se nos meandros teóricos e práticos envolvidos nos processos de ensino e aprendizagem de leitura enquanto habilidade cognitiva, bem como as questões de memória de trabalho e a escolarização.

    E, finalizando com as palavras do autor: Não são as respostas que movem o mundo, mas sim as perguntas. Ainda que este livro responda a muitas perguntas, nos cabe formular novos questionamentos.

    Prof.ª Dr.ª Chris Royes Schardosim

    Instituto Federal Catarinense – IFC

    APRESENTAÇÃO

    Em sociedades industrializadas e que se utilizam cotidianamente da tecnologia impõem-se como obrigatoriedade saber ler. A leitura e a escrita integram os eventos do cotidiano e são estabelecidas como formas de dar sentidos à própria realidade.

    A leitura está tão presente em nosso cotidiano que muitas vezes não nos damos conta de que estamos lendo, por exemplo: leitura de rótulos de produtos, preços, cartazes promocionais, placas de trânsito, dentre tantos outros. Para quem sabe ler, todas essas ações são formas corriqueiras de interação com o meio, mas para um iletrado esses eventos são muitas vezes verdadeiros obstáculos.

    Esta obra é uma coletânea de artigos resultantes de vários anos de estudo e pesquisa que tratam do processo de aprendizagem de leitura e o engajamento da memória de trabalho nesse processo e um último artigo referente a uma experiência concreta de alfabetização.

    No primeiro capítulo intitulado: Leitura: um processo cognitivo ou uma prática social? o autor propõe uma reflexão acerca da relação entre leitura como processo cognitivo de aprendizagem e a percepção da leitura como prática social para alcançar a cidadania, destacando a importância da leitura como elemento essencial na formação do cidadão.

    Já no segundo capítulo: O desenvolvimento da habilidade de leitura na infância, a arte de aprender a ler à arte de ler para aprender objetiva-se promover uma reflexão acerca do ensino e da aprendizagem da leitura.

    No terceiro capítulo: O papel da memória de trabalho no desenvolvimento da habilidade de leitura na infância: um estudo com crianças brasileiras investiga-se o papel da memória de trabalho na aprendizagem e no desenvolvimento de habilidades de leitura em um grupo de crianças matriculadas no 2o ano do ensino fundamental.

    No capítulo quarto: Formação direcionada e específica promove melhorias na memória de trabalho discute-se o papel da memória de trabalho, que de acordo com as bases teóricas da área defendem que esta desempenha um papel de apoio crucial na aprendizagem, principalmente em leitura e em matemática.

    No capítulo quinto: "Memória de trabalho e aprendizagem de leitura em língua italiana no Brasil: uma pesquisa bibliográfica" apresenta-se resultados de levantamento bibliográfico de pesquisas relacionadas à área de ensino de italiano como segunda língua e ao construto cognitivo memória de trabalho associado ao desenvolvimento de habilidades de leitura em língua estrangeira.

    No sexto capítulo, identificado como: Memória de trabalho e aprendizagem de leitura, uma pesquisa bibliográfica pretende-se: 1º. Revisitar e entender melhor os conceitos de memória de trabalho e suas implicações na aprendizagem de leitura; 2º. Mapear pontos de pesquisa em memória de trabalho relacionada à aprendizagem de leitura no Brasil.

    No capítulo sete: Efeito de treinamento de memória de trabalho em crianças sem diagnósticos de comprometimento cognitivo os autores têmcomo propósito apresentar resultados de pesquisas que mostram a relevância de um treinamento da memória de trabalho em crianças sem diagnóstico de déficit de atenção ou outras complicações cognitivas. São crianças estudantes do segundo ano do ensino fundamental em processo inicial de aprendizagem de leitura e escrita.

    Por fim, no oitavo capítulo: As neurociências e a leitura: proposta Scliar de alfabetização, os autores têm por objetivo apresentar resultados da pesquisa sobre a aplicação da Proposta Scliar de Alfabetização realizada em uma escola de Florianópolis/SC.

    O autor/organizador

    Sumário

    1

    LEITURA: UM PROCESSO COGNITIVO OU UMA PRÁTICA SOCIAL? 15

    MASCARELLO, Lidiomar José

    2

    O DESENVOLVIMENTO DA HABILIDADE DE LEITURA NA INFÂNCIA, A ARTE DE APRENDER A LER À ARTE DE LER PARA APRENDER 29

    MASCARELLO, Lidiomar José

    MOTA, Mailce Borges

    3

    O PAPEL DA MEMÓRIA DE TRABALHO NO DESENVOLVIMENTO DA HABILIDADE DE LEITURA NA INFÂNCIA: UM ESTUDO COM CRIANÇAS BRASILEIRAS 47

    MASCARELLO, Lidiomar José

    MOTA, Mailce Borges

    4

    FORMAÇÃO DIRECIONADA E ESPECÍFICA PROMOVE MELHORIAS NA MEMÓRIA DE TRABALHO 69

    MASCARELLO, Lidiomar José

    5

    MEMÓRIA DE TRABALHO E APRENDIZAGEM DE LEITURA EM LÍNGUA ITALIANA NO BRASIL: UMA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA 85

    MASCARELLO, Lidiomar José

    6

    PESQUISA BIBLIOGRÁFICA, O QUE DIZEM OS ESTUDOS SOBRE MEMÓRIA DE TRABALHO E APRENDIZAGEM DE LEITURA 99

    MASCARELLO, Lidiomar José

    7

    EFEITO DE TREINAMENTO DE MEMÓRIA DE TRABALHO EM CRIANÇAS SEM DIAGNÓSTICOS DE COMPROMETIMENTO COGNITIVO 121

    MASCARELLO, Lidiomar José

    MOTA, Mailce Borges

    8

    AS NEUROCIÊNCIAS E A LEITURA: PROPOSTA SCLIAR DE ALFABETIZAÇÃO 149

    MASCARELLO, Lidiomar José

    PEREIRA, Miriam Maia de Araújo

    1

    LEITURA: UM PROCESSO COGNITIVO OU UMA PRÁTICA SOCIAL?

    MASCARELLO, Lidiomar José

    O presente capítulo propõe uma reflexão acerca da relação entre leitura como processo cognitivo de aprendizagem e a percepção da leitura como prática social para alcançar a cidadania, destacando a importância da leitura como elemento essencial na formação do cidadão. Considera-se que a compreensão textual está ligada ao desenvolvimento do pensamento e que uma atividade de leitura sem propósitos, sem estabelecimento de objetivos claros e bem definidos se configura como uma atividade pouco producente. A atividade de leitura deve priorizar a riqueza do texto conciliada com os interesses e as necessidades do grupo ou do indivíduo com quem se trabalha.

    Introdução

    De acordo com Kock (2006) o texto é lugar de interação e para ler um texto é necessário mais do que conhecimentos linguísticos compartilhados entre os envolvidos nessa ação, entre leitor e autor. Para que essa interação aconteça é necessário mobilizar uma série de estratégias tanto linguísticas quanto cognitivas e discursivas. Essa mobilização acontece dentro de um contexto situado no tempo e no espaço, sendo que esse tempo e esse espaço colaboram na constituição dos sujeitos de forma direta e indireta.

    O movimento de interatividade entre os sujeitos nem sempre ocorre de forma harmônica por várias razões, dentre elas as crenças dos indivíduos. Esse movimento de inter-relacionar-se pode ser interpretado e focalizado de diferentes maneiras, por exemplo, recortando um aspecto do processo ou vários aspectos simultaneamente a luz de diferentes correntes teóricas, que é o que tentaremos apresentar na sequência do texto, que está organizado em duas seções principais que discutem concepções de leitura e uma com as considerações finais.

    CONCEPÇÕES DE LEITURA

    Em Leffa (1996) se lê que, em uma visão ampla, leitura é basicamente um processo de representação. O ato de ler é um processo que envolve o sentido da visão. Ler, na sua essência, é olhar para uma coisa e ver outra, ou seja, é uma ação que não se dá de forma direta à realidade, mas por intermediação de outros elementos da realidade.

    Nessa triangulação da leitura o elemento intermediário funciona como um espelho; mostra um segmento do mundo que normalmente nada tem a ver com sua própria consistência física. Ler é, portanto reconhecer o mundo através de espelhos. Como esses espelhos oferecem imagens fragmentadas do mundo, a verdadeira leitura só é possível quando se tem um conhecimento prévio desse mundo (LEFFA, 1996, p. 10).

    Seguindo a reflexão de Leffa (1996), o ato de ler pode ser compreendido, pelo menos, de duas formas: 1ª extrair significados do texto; 2ª atribuir significados ao texto. Sendo que a concepção e o entendimento do texto aqui dado em sentido amplo, podendo ser uma gravura impressa, uma sentença, um sinal de trânsito ou uma sequência de letras independente da extensão. Entendendo o ato de ler nesses dois movimentos (extrair significado e atribuir significado) implica posturas diferenciadas diante de um material gráfico. Para Leffa (1996) essas perspectivas são antagônicas. O antagonismo está nos sentidos opostos dos verbos extrair e atribuir Leffa (1996, p. 11). No primeiro, a direção é do texto para o leitor, ascendente. No segundo, é do leitor para o texto, descendente. Ao se usar o verbo extrair dá-se mais importância ao texto. Usando o verbo atribuir põe-se a ênfase no leitor.

    Ao definirmos a leitura quer como um processo de extração de significado (ênfase no texto) quer como um processo de atribuição de significado (ênfase no leitor) encontramos, em ambos os casos, uma série de problemas mais ou menos intransponíveis. A complexidade do processo da leitura não permite que se fixe em apenas um de seus polos, com exclusão do outro (LEFFA, 1996, p. 17).

    Entretanto a leitura não é o produto simples da soma das contribuições do leitor e do texto. Além desses dois aspectos muito importantes Leffa (1996) defende que é preciso considerar também um terceiro elemento: o resultado proporcionado pelo encontro do leitor com o texto. Para compreender o ato da leitura temos que considerar então (a) o papel do leitor, (b) o papel do texto e (c) o processo de interação entre o leitor e o texto Leffa (1996, p. 17).

    Diante desse universo complexo, que se insere a leitura, nos parece claro que existem dois momentos distintos e importantes: 1º Leitura emergente: em que a alfabetização funciona como chave à produção de sentidos a partir do escrito, em que a escrita apresenta-se como uma propriedade tecnológica cultural e que leitura se aprende e não se adquire por imersão em contexto em que o outro se utiliza dela. 2º Leitura proficiente, que implica processos e procedimentos. Estando automatizado o conhecimento das relações grafêmico-fonológicas e fonológico-grafêmicas inicia-se com mais eficiência o processo de leitura. Souza e Garcia (2012) também tratam discutem sobre os dois momentos (leitura emergente e leitura proficiente).

    Diante dessa possibilidade de extrair e atribuir significados surgem pelo menos duas ações ou dois modos de posicionamento diante do ato de ler: um que prioriza os aspectos e processos cognitivos, e, entende que a leitura é um processo cognitivo, e outro que prioriza os aspectos e os efeitos sociais ou de socialização que a leitura possibilita, entendendo que a leitura é uma prática social.

    Com isso, diferentes linhas teóricas

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