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DINAMICA ATMOSFERICA E 0 CARATER TRANSICIONAL DO CLIMA NA ZONA COSTEIRA PAULISTA L.INTRODUCAO, ‘Numa época de grandes transformacbes ambi tais, onde a alterndincia de perfodos chuvosos € secos assumem proporgées de calamidade em fungio da in- tensidade da ocupagio humana, quer nas atividades agrérias, quer nas grandes aglomeragoes urbanas, é ine- szével que a varisvel "clima” seja a de mais dificil contro- |e, mancjo ¢ gerenciamento num pais de caracteristicas tropicais como a do territ6rio brasileiro. ‘A sucesso de anomalias pluviométricas que oca- sionam de modo dramatico as sccas no Nordeste, as, ccheias do Brasil Meridional, as enchentes nas éreas me- tropolitanas associadas a uma caética infra-estrutura urbana, as geadas e precipitagdes de granizo nas lavou- ras do centro-sul, as chuvas intensas que provocam des- izamentos ¢ movimentos coletivos dos solos nas encostas abruptas do Planalto Atlantico agravedos pelo desmatamento acelerado das matas timidas de encostas, séo apenas alguns exemplos de fatos que a principio nos revelam um conjunto de acontecimentos excepcionais, ‘mas que cm ‘iltima andlise, resultam do proprio earéter dindmico dos fenémenos naturais, particularmente da- queles originados na atmostfera. As precipitagbes atmosféricas, encaradas sob 0 enfoque quantitetivo através da andlise da distribuigao espacial e temporal das chuvas, apesar de apresentar tum viés importante na tentativa de compreensdo do fe- ‘ndmeno, esté longe de responder as indagagdes da cli- matologia enquanto ciéncia geogréfica, que s6 se consubstancia na explicagdo qualitativa de sua génese e repercussio no espace. Nas titimas décadas, os estudos centrados na te- indtica climatolégica demonstram de maneira inequivo- ca, que uma compreensdo geogréfica do clima s6 pode set alcancada através de uma abordagem dindmica, pa- radigma este que nos foi legado pelo mestre francés Max SORRE em sua obra 'Les Fundaments de la Geo- Joo Lima Sant’anna Neto” gaphie Humaine’ (1951), a0 introduzir os conceitos de “ritmo” e 'sucessAo” € construir as bases para o apareci- mento de uma climatologia de sintese ou "dindmica’ (tal qual ocorreu décadas antes com o surgimento de uma ‘meteorologia dinémica através da escola escandinava). No Brasil, estes fundamentos foram disseminados pelo brilhante gedgrafo brasileiro Carlos Augusto de Fi- gueiredo MONTEIRO, que numa série de ensaios me- todolégicos ‘publicados pela Revista Geogrifiea nos anos 60, além de sua tese de doutoramento "A Frente Polar Atlantica e as Chuvas de Invemo na Fachada Sul- Oriental do Brasit’ (1969) ¢ um magnifico estudo em forma de atlas "4 Dindmica Climdtica e as Chuvas no Estado de Sao Paulo" (1973), demonstrou a necessidade de se adotar um carster dindmico e genético ao estudo do clima, A posigdo latitudinal de seu territério ¢ a localiza- (60 zonal faz com que o Estado de Séo Paulo (além do MS) possa ser considerado 0 palco maior do complexo jogo das atuagSes dos sistemas atmosféricos visto que, € nesta faixa de transigo que ocorre © contronto entre os

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