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ACTA COLOMBIANA DE PSICOLOGIA 15 (2); 109-118, 2012 REFLEXOES TEORICAS E PRATICAS SOBRE A INTERPRETAGAO DA ESCALA DE INTELIGENCIA WECHSLER PARA ADULTOS REGINA MARIA FERNANDES LOPES’, GUILHERME WELTER WENDT PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA DO RIO GRANDE DO SCHEILA MICHELE RATHKE™, DEBORA ALVES SENDEN™", ROSELAINE B. FERREIRA DA SILVA" UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO IRANI. DE LIMA ARGIMON™** PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA DO RIO GRANDE DO SUL Recibido, enero 8/2012 Concepto de evaluaciéin, 21 noviembre/2012 Aceptado, diciembre 7/2012 Resume (uso das Esclas Wechsler de Intligénciaesté volta par contexts clinicos, psicaeducacionas ede pesquisa, possibilitanda _.avalagdo minuciosa das capacidades cognitvas de erangas, adolescents e adultos. inteligénca gral deve ser consderada ‘como ume manifestaeio da personalidade como um todo. As habildadesintelectuais so medidas através de instrumentos sicomérios. Para esta pesquisa, com fco na Escalade Ineligéncia Wechsler para Adutos (WAIS-IID, buscou-s abordar as prineipas caracteristeas e utlizagGes da escela para a populayio adult, bem como seexplorouaimportneia das informayBes deste nsrumento e suas aliases, pricipalmete no que se efere a interpetagio clinica quaiativ,Trat-se de uma evsio ds iteraura dos autores mais clissicos sobre o tema. Os autores revorreram a uma revisio critica de aspects essencais aque tangenciam a testagem psicoldgice neuropsicoldgica, abordando os constructos de intelignciacristalizada, Hulda e ‘suas intgragdes com o estudo da personalidad, Finalmente, of aores discutem a importincia dos indices fatoriise suas implicagbes na interpreta clinica. Palayras-chave: WAIS-IL,iterpretao clinica subteses,intcigéncia ida, intligénciaeristalizeds REFLEXIONES TEORICAS Y PRACTICAS SOBRE LA INTERPRETACION DE LA ESCALA DE INTELIGENCIA WECHSLER PARA ADULTOS Resumen, 1 uso dela Escalade Intaigencia do Wechsler se enftenta al Ambito elfnico, psicopedagdgico y de investigacin, lo que permite I evaluacion a fondo de ls capacidades cognitivas de los nifos, adolescents y adultos. La inteligenia general de considerarse como una manifestacién de la personalidad como un todo. Las hebilidades inslectuaes se miden a través de instruments psicomrios. Esta investgacién, cuyo objeto de estudio et Ia Escala de Inteligencia Wechsler para Adalos (WAIS-I), tata de responder a las caracteristicas y usos de dicha esala para la poblacin adulta. Asi mismo, analiza la imporiancia de la informacién sobre este intrumento y sus aplicaciones, especialmente en lo referente ala interpreacin clinica cuaitativa, Se treta de tuna revision biliogrifica de los autores mis clésicos sobre el tema, Los autores levaron a ‘abo una revisién eitica de los aspecos clave relacionados con las prucbas psicoligieas y neuropsicoldgicas, abordando los construtos de Ia ntligeciacristalizad, la inteligencia fuida, y su intgracin con el estuio de a personalidad, Por iim, ios autores dscuten I importanea de los indices factorial y sus implicaciones par a interpetacida linea Palabras clave: WAIS-II, subprucbas interpreta eines, inteliencia Muda, inteligeniacrstalizada * Dda Psicologia (PUCRS), Graduada em Psicologia (PUCRS), Mestre em Psicologia (PUCRS), Especialista em Avaliagdo Psicoligica (UFRGS), Brasil. Apoio CAPES. regina@nucleomedicopsicologico.com br “ Graduado em Psicologia (PUCRS). Mestrando em Psicologia (UNISINOS). Bolsista CAPES. guilhermewendt sicdloga (UNISC), Especelsta em Avaliago Psicolgica (UNISC),scheilamichele@hotmail.com Psicéloga (ULBRA), Especiaista em Avaliagdo Psicoldgica (UNISC). debora senden(@gmail.com Psicdloga (UCS), Douora em Paicologia pelo Programa de Pés-Graduagio em Psicologia da PUCRS, Mestre em Desenvolvimento Regional (UNISC), Especialsta em Psicoterapia Psicanalitca (PUCRS). Professors adjunta da UNISC, no curso de Psicologia. Coordenadora, do Curso de Pés-Graduagéo em Avaliagio Psicoldgica da UNISC e Coordenadora do Laboratério de Mensuragio e Testagem Psicolégica (LAMTEPSI) da UNISC. mrsilva@unise-br “Dy. em Psicologia (PUCRS), Graduada em Psicologia da Pontificia Univ ogia (PUCRS), Dacente do Programa de Graduagdo e Pés-Graduaso da Faculdade de dade Calica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Brasil, Pesquisadora Produtividade CNPq, rgimoni@puers'br 110 FERNANDES, WELTER, RATHKE, ALVES, FERREIRA, DE LIMA THEORETICAL AND PRACTICAL REFLECTIONS ON THE INTERPRETATION OF THE WECHSLER ADULT INTELLIGENCE SCALE Abstract The use of the Wechsler Intelligence Scales has entered clinical, poycho-educational and research seltings, thus enabling a {all assesment of cognitive abilities of children, adolescents and adults. The general intelligence shouldbe considered as a ‘manifestation of personality as a whole, Intellectual sills are measured by payshometri instrumens. Ths research, which focuses on the Wechsler Intelligence Seale for Adults (WAIS-Il), addresses the key features and uses ofthe sele for he adul population and explores the importance of information about this instrument and its applications, especially with regard to ‘qualzacveclnialiterprotation. I consists ofa literature review about the more classical authors on the subject. The authors caw on a critical review of key aspects related o psychological and neuropsychologeal esting, ade ihe constructs of crystallized intelligence, uid intelligence and ther integration with the study of personality. Fialy, the authors discus the importance of fctor indices and thet implications fr elinial interpretation Key words: WAIS-II, sublests, clinical interpretation, fluid intelligence, crystallized intelligence INTRODUGAO A Neuropsicologia consiste em deserever, identifica, c estabelecer relagées existentes entre a organizagio cere- bral e as atividades cognitivas (Spreen & Strauss, 1998). Este campo fundamenta-se em conhecimentos advindos de reas como a neurociéncia ¢ a psicologia aplicada, sendo assim de natureza multidisciplinar, Neste contex- to, 0 neuropsicélogo é responsavel, principalmente, pela avaliagdo e reabilitagdo neuropsicologica de alteragdes| do sistema nervoso (Conseza, Fuentes, & Malloy-Diniz, 2008). Para identificar prejuizos nas fungdes cognitivas, como a inteligéncia, so utilizados testes neuropsicolé- ‘gicos que avaliam os efeitos da disfungao cerebral sobre a capacidade do sujeito em desempenhar certas tarefas. ‘Apesar de nao identificarem os danos, os instrumentos podem constatar os efeitos e consequencias de lesdes di- versas. E interessante mencionar que algumas das habili- dades medidas nos testes neuropsicolégicos como lingua- ‘gem, atengio meméria e aprendizagem slo avaliadas tam- bbém nos testes de inteligéncia. As habilidades cognitivas de uma pessoa envolvem algumas variéveis complexas, devendo ser compreendidas em detalhes por meio de tes- tagem psicologica ¢ com o auxilio de outros exames, A inteligéncia é um construto e uma maneira de es- tudar a dimensdo do funcionamento mental e refere-se & totalidade das habilidades cognitivas de um sujeito,liga- das a capacidade de identificar ¢ encontrar solugdes de novos problemas. David Wechsler (2004) 20 desenvol- ver sua bateria de testes considerou a inteligéncia como uma entidade global e (nica ao mesmo tempo e, por essa azo, utilizou o escore Quociente de Inteligéncia - QI (Dalgalarrondo, 2000). A concepsao de inteligéncia, de acordo com Wechsler (2004), relaciona-se & capacidade conjunta ou global do individuo para agir com finalidade, pensar racionalmente ¢ lidar efetivamente com seu meio ambiente. Conforme ressaltam Gottfredson e Saklofske (2009), inteligéncia é considerada, no campo da psico- logia, enquanto um constructo-chave para a compreensio das diferengas individuais, sendo que seu estudo envolve praticamente todas as dreas correlatas & psicologia, como a neurobiologia ¢ a genética do comportamento. Assim, inteligéncia e as capacidades intelectuais so constructos distntos, pois a inteligéncia & inferida a partir do modo com o qual as capacidades se manifestam, sob diferentes condigaes e circunstancias ‘A pritica corrente de adaptar instrumentos para a mensuragdo e avaliagdo desses constructos (personalida- de e inteligéncia) em uma determinada cultura nao esté circunscrita somente a pesquisas transculturais, mas tam- bbém, para uso intracultural. Instrumentos como as Esca- las Wechsler de Inteligéncia figuram dentre os mais in- vestigados e utilizados mundialmente, sendo geralmente adaptados para uso em outras culturas e paises (Brooks, Strauss, Sherman, Iverson, & Slick, 2009; Coutinho & Nascimento, 2010; Montes, Allen, Puente, & Neblina, 2010). A primeira edigo das Escalas Wechsler de Inteligén- cia foi publicada em 1939 e denominada Escala Wechsler Bellevue (Fscala W-B). A partir de entio, as escalas fo- ram sofiendo revisdes e detam origem as atuais Wechsler Intelligence Scale for Children (WISC) ¢ Wechsler Adult Intelligence Scale (WAIS) (Nascimento & Figueiredo, 2002b). No Brasil, estdo disponiveis para os profissio- nais que atuam na drea de avaliagao psicalogica a Escala Wechsler de Inteligéncia para Adultos - Terceira Edigao (WAIS-IID © a Escala Wechsler de Inteligéncia para Criangas ~ Terceira Edigio (WISC-I, Conforme Cunha (2000) as escalas Wechsler sio con- sideradas entre os instrumentos mais conhecidos para a REFLEXOES TEORICAS E PRATICAS ESCALA DE INTELIGENCIA WECHSLER PARA ADULTOS m avaliagdo do QI, embora também tenham outros props sitos, Em todo caso, a pesquisadora salienta que é uma ‘medida do nivel atual, no qual nao se trata de um dado imutavel, podendo softer influéncia de fatores ambientais, ‘emocionais, psicopatolégicos outros. Além de serem usadas como medidas da inteligéncia geral tém sido usae das também como instrumento de auxilio no diagnéstico psiguidtrico, Tendo em vista que o dano cerebral, a de- tcrioragdo psicética ¢ os comprometimentos emocionais| podem afetar algumas fungdes intelectuais mais que ou- ‘ras, David Wechsler confirmou que a andlise do desem- penho relativo de um sujeito em diferentes subtestes pode revelar transtornos psiquidtricos especificos (Anastasi & Urbina, 2000), Com efeito, Kanai et al. (2010) descrevem © poder discriminante dos subestes da WAIS-III na dife- renciagdo do desempenho cognitivo de pacientes com sin- drome de Asperger e autismo. Assim, as escalas Wechsler so muito mais que um instrumento de medida da inteligéncia que ¢ utilizado também, como um importante auxilio no proceso de diagnéstico total. A partir desse pressuposto 0 sujeito toma-se o foco principal de atengio ¢ todo scu comporta- ‘mento verbal e ndo-verbal deve ser observado. © psicé= logo precisa orientar 0 inguérito para uma compreensio ‘mais ampla e profunda da organizacdo de pensamento ¢ de conteiidos emocionais que ndo podem passar desper cebidos, Mesmo tratando-se de um instrumento psicomé- trico, nao impede que certas respostas ou omissbes pos- sam ser analisadas e assumam uma qualidade projetiva ‘A medida do potencial intelectual nfo tem apenas suas implicagdes clinicas, mas deve também diminuir a proba- Dilidade de que fatores emogGes interfiram na produtivi- dade (Cunha, 2000). A validade das Escalas Wechsler de Inteligéncia nos contextos clinico, psicoeducacional e de pesquisa & am- plamente compreendida pelos profissionais, pois possibi- lita @ avaliagdo minuciosa das capacidades cognitivas de criangas, adolescentes e adultos. Por outro lado, exige que ‘ profissional sejaaltamente treinado tanto para a aplicago quanto para a corregao. Assim, o presente estudo aborda as principais caracteristicas e uilizagdes desta escata, bem como ser explorada a importincia das informagdes desses| instrumentos, principalmente, no que se refere & interpre- taco clinica qualitativa, Trata-se de uma revisdo da lite- ratura dos autores mais cléssicos sobre o tema, As buscas centraram-se, principalmente em livros sobre as Escalas| Wechsler, que envolvem andlise qualitativa clinica Inteligéncia Fluida e Inteligéncia Cristalicada Detalhes sobre os aspectos essenciais que diferen- ciam os subtipos de inteligéncia sio importantes ressal- tar, Primeiramente, abords-se 0 conceito de Inteligéncia Fluida e, na sequéncia, apresenta-se um entendimento do constructo de Inteligéncia Cristalizada. Essa breve dife- renciagao justifica-se uma vez que 0 tpico € central na histéria da psicologia sendo, ainda nos dias atuais, um dos assuntos mais debatidos e investigados no campo da tes= tagem psicologica (Gottiredson & Saklofske, 2009), Inteligéncia Fluida, Esté relacionada com a soluga0 de problemas que implicam adaptacdo ¢ flexibilidade para enfrentar estimulos desconhecidos. A forma como 4 pessoa consegue funcionar diante de uma situagZo que nunca vivenciou. A Inteligéncia Fluida compreende um processo de perceber relagdes, formas conceitos, racio- cinio e abstrago. E considerado um tipo de inteligéncia como dependente do desenvolvimento neurol6gico ¢ re- Iativamente livre das influencias educacionais e culturais Esti relacionada com tarefas na qual o problema proposto 10vo para 0 paciente sendo um elemento cultural ex- tremamente comum. Desta forma, a pessoa pode agrupar letras © nimeros, fazer pares com palavras relacionadas ou recordar uma série de digitos. A Inteligéncia Fluida pode ser medida através destes instrumentos ¢ aleanga seu desenvolvimento completo nos tiltimos anos da adoles= céncia e comera a declinar nos primeiros da vida adulta Portanto, a Inteligéncia Fluida refere-se & habilidade de manejar materiais novos ¢ novas situagdes (Kaufman & Lichtenberger, 1999). Inteligéncia Cristalizada, Relaciona-se com funcio- namento intelectual em tarefas que implicam educagao, treinamento prévio, isto é, com o que foi previamente aprendido, Deste modo a Inteligéncia Cristalizada reflete um treinamento direto e anteriormente aprendido e a inte- ligéncia se desenvolve a partir da aprendizagem acidental ¢ estd relacionado com as experiéncias da vida (Kaufinan & Lichtenberger, 1999), A Inteligéncia Cristalizada compreende a habilidade de recordar e utilizar a informagdo aprendida e depende ais da educagdo ¢ experiéncia cultural (Benson, Hulae, & Kranzler, 2010). Este tipo de inteligéncia pode ser me- dida por provas de vocabulaio, informago geral e res- postas dos dilemas sociais. Fntretanto, pode-se continuar fazendo melhor as provas de inteligéncia cristalizada até 6 final da vida. Deste modo, a inteligéncia cristalizada refere-se A habilidade de solucionar problemas com base no processamento automatico da informago armazena- da, sendo que frequentemente se eleva durante a meia idede. Assim sendo, as habilidades verbais se ascendem, principalmente por pessoas que utilizam suas capacida- des intelectuais regularmente, podendo ser no trabalho ou através da leitura e outro exereicio mental (Sénchez, 2006). Apés essa breve diferenciagdo, abordaremos ago- 12 FERNANDES, WELTER, RATHKE, ALVES, FERREIRA, DE LIMA 1a as caracteristicas particulares da escala de inteligéncia para adultos WAIS«III, pontuando as alterades observa as apos as consecutivas modificagdes feitas nas escalas no decotrer dos anos. Caracteristicas do WAIS-IIT ‘Sim@es (2005) enfatiza que 0 WAIS-III mantém a ‘mesma estrutura do WAIS-R e das outras escalas Wechs- ler de Inteligéncia, Mais de 68% dos itens do WAIS-R (excluindo os itens do subteste Digitos) foram mantidos, seja na forma original ou levemente modificado. Dentre as alteragies efetuadas, verifica-se que houve o aumen- to no niimero de itens em nove subtestes e um pequeno decréscimo em apenas dois, quando comparado com a WAIS-R ‘A WAIS-IIL € composta por 14 subtestes e sua indi- cago & para avaliar pessoas de 16 a 89 anos de idade. © tempo médio de aplicagdo ¢ de 90 minutos. O instrumento se divide em Escala Verbal, Escala de Execusao e Escala Total, além dos indices Fatoriais: indice de Compreen- so Verbal, indice de Organizagdo Perceptual, indice de ‘Meméria Operacional ¢ indice de Velocidade de Proces- samento. A Tabela | apresenta a estrutura da WAIS-ITI de acordo com as normas brasileira. la | Esiraura da WAIS-IIl- Agrupados em escala Verbal e Escala de Execugio (normas brasileras) ‘Area verbal Area de Bxecugio ‘Vocabulisio ‘Completar Figuras Semelhangas Cdigos Acitmtica Cubos Digitos Raciocinio Matrcial Informagio Arranjo de Figuras Compreensio ProcurarSimibolos Sequéacia de Nimeros Letras Amar Objetos| Nova = Procurar Simbolos: Subteste complemeniar para céeulo de scores QI, que pode substiur apenas Cédigos, se este subtest for anulado, = Sequéncia de Nimerose Letras: Subteste complementar para eilelo de escores de QI que pode substitu apenas Digits, se este subtete for anulado = Amar Objetos: Subteste opcional qu pode subsiuir qualquer subtste de Exceusdo anulado para pessoas com idade entre 16 © 14 anos (Wechsler, 2004), Cabe destacar que escala verbal é constitufda por sub- testes que sofrem influéncia de variéveis socioculturais. Sendo assim, pessoas com nivel de escolaridade elevado tém melhor desempenho nesses subtestes. A escala ver bal envolve os seguintes fatores: meméria, compreensio, fluéncia verbal, qualidade da educagdo formal e capacida- de de raciocinio abstrato, Apesar de fornecer um perfil mais abrangente das habilidades cognitivas, existem situagdes especificas & contextos em que a aplicagdo da escala completa nao & viével ou mesmo necesséria, sendo importante consul- tar o manual para a verificago das andlises estatisticas Podem-se citar como exemplo, situagdes de triagem ou investigagdes nas quais a avaliagio cognitiva ndo é 0 foco principal. Também existem locais como ambulatsrios € hospitais, ou mesmo centros de pesquisa, em que a apli- cagio da escala completa exigiria altos investimentos de tempo e de recursos financeiros os quais essas instituigdes| no dispdem, AAs formas ripidas de avaliago da inteligéncia tam- bbém so utilizadas quando os examinados apresentam ale ‘gum prejuizo cognitivo, condigdes psicoligicas ou fisicas| ue possam influenciar no seu desempenho durante a exe- cugdo de um teste mais longo. Dessa maneira, percebe- se a importincia do conhecimento do profissional sobre instrumentos de avaliagio para que possa aplicar os mes- ‘mos de acordo com as necessidades e as caracteristicas de cada situagdo e individuo a ser avaliado (Nascimento & Figueiredo, 20022). Segundo Coutinho (2009), apesar da atualizagio revisdo da WAIS, o seu objetivo ea sua natureza ficou inalterado, Para o autor, quando se faz referéncia a essas escalas de inteligéncia, dois conceitos se sobressaem: 0 conceito de inteligéncia e 0 conceito de QI. Relativamen- te 20 primeito, importa referir que a inteligéncia é mult variada e multideterminada, ndo ¢ sempre adaptativa e, no implica obrigatoriamente um raciocinio abstrato. A inteligéncia nao € apenas uma capacidade particular, mas € uma capacidade ou competéncia global, que permite a0 individuo apreender o mundo ¢ responder as solicitaydes| do meio. No que se refere ao conccito do Ql, esse define nivel de inteligéneia, comparando a performance de um. individuo com determinada idade, com os resultados abti- dos de um grupo de individuos da mesma idade. Em relagdo & correcdo, o resultado bruto verbal é ob- tido a partir da soma da pontuagio dos itens de todos os subtestes da escala verbal, Para obter os resultados brutos da escala de execusdo, faz-se 0 somatério dos resultados obtidos nos subtestes desta escala, Isso requer consultar ‘o manual, para verificar os testes que devem ser inclusos no somatério de cada escala, Esses resultados brutos vao ser convertidos em resultados ponderados, consultando as tabelas correspondentes no manual, Esta € entéo a primei REFLEXOES TEORICAS E PRATICAS ESCALA DE INTELIGENCIA WECHSLER PARA ADULTOS 13 1a etapa para obter 0 QI de uma pessoa. Para se obter 0 valor do QI Total, somam-se os resultados brutos da Es= cala Verbal e da Bscala de Execugdo e entra-se com estes valores nas tabelas por idade, que sio apresentadas no ‘manual da WAIS. Na versdo brasileira, a escala verbal & constituida pelos subtestes Informagio, Digitos, Vocabue lario, Aritmética, Compreenso, Semelhangas, Sequéncia de Niimeros-Letras, A escala de Execugdo ¢ constituida por Completar Figuras, Cubos, Armar Objetos, Cédigo, Procurar Simbolos, Raciocinio Matricial ¢ Arranjo de Fi- _guras (Weschler, 2000, Coutinho, 2008). Os niveis de inteligéncia estdo classificados de acordo com os resultados do QI obtido. Assim, sio considerados intelectualmente deficientes individuos com um QI igual ou inferior a 69. O valor de 70 & considerado o limite da deficigncia, enquanto que um valor de 79 estabelece a fronteira para a normalidade. Assim, um QI de 80 a 89 € considerado médio inferior, um QI médio referesse a valores entre 90 a 109 ¢ os valores de 110 a 119 dizem respeito a um QI médio superior. Individuos que obtém resultados de 120 @ 129 sdo consideradas como tendo um ‘QI superior. Quando os resultados so iguais ou superio- esa 130 0 QL é considerado muito superior. Interpretagao clinica/quatitativa do Ql Total, Ql Verbal e Olde Execucéo Interpretacao do QI Total: Nivel geral do funciona- ‘mento intelectual. Interpretacao clinica/qualitativa do QI Verbal: Ava- lia a compreensio verbal, conhecimento adquirido, qua- lidade da educagdo formal e estimulagdo do ambiente, capacidade de lidar com simbolos abstratos,informagSes sobre o processamento da linguagem, raciocinio, atengao, aprendizagem verbal, compreensio, meméria e fluéncia verbal, enfatiza a inteligéncia auditiva e oral, avaliando a facitidade de expresso verbal e percepgaio de diferengas sutis diante de conceitos verbais Fazem parte desta escala os seguintes subtestes, con- forme explanagao dos pesquisadores (Cunha, 2000; Kauf- ‘man & Kaufman, 2001; Kaufman & Lichtenberger, 1999; Nascimento, 2000, 2002, 2005), Informagdo. avalia basicamente a extensio do conhe- cimento adquitido. Oferecendo, assim, subsidios sobre a qualidade da educagéo formal, estimulagio do ambiente, curiosidade intelectual ¢ meméria remota. A elevagio ou baixa nos escores pode dar indicios de como o sujeito lida ‘com as situagdes do seu ambiente, interesse e contato com arealidade (Cayssials, Perez, & Uriel, 2002). Digitos. Digitos na ordem direta avaliam a capacidade de retengdo da meméria imediata e os digitos na ordem in- versa medem a meméria © capacidade de reversibilidade. Diminuida meméria de digitos, principalmente na ordem inversa, aparece, normalmente, em pessoas que no slo capazes de dispender aiengo necesséria resoluso de tarefas mentais mais diffceis (Cayssials, Perez, & Uriel, 2002; Wechsler, 2004) Vocabulario. Avalia 0 desenvolvimento da linguagem, antecedentes educacionais ea inteligéncia geral (verbal) Pode-se ter base das condigdes pré-mérbidas do sujeit. Escores baixos refletem fundo de informaco pobre, imo- tivagdo, hipoatividade ou problemas de linguagem (Kauf- man & Kaufman, 2001) Aritmética. Verifica a capacidade computacional e ra- pidez no manejo de célculos, meméria auditiva, antece- dentes escolares, concentragao, raciocinio abstrato © con- tato com 2 realidade. Escores baixos indicam pouca capa- cidade de racioeinio matemético, dificuldades de atengd0 € concentrago © pouca meméria auditiva (Nascimento, 2005; Kaufinan & Kaufman, 2001) Compreensiio. Mensura a capacidade de juizo social, compreensio verbal, meméria, atengao, pensamento abs- trato © normas socioculturais. Portanto, 0 desempenho nesse subteste reflete a conformidade com normas so- ciais ¢ o quanto o sujeito se beneficiou das oportunidades educacionais (Cunha, 2000; Kaufman & Lichtenberger, 1999) ‘Semelhangas, Envolve raciocinio ligico e pensamento abstrato, desenvolvimento da linguagem e fluéncia ver bal. Escores altos levantam a hipétese de tendéncia a inte- lectualizagao e escores baixos sdo associados a déficit da capacidade de abstragdo e rigidez de pensamento (Sattler & Ryan, 1999; Kaufman & Kaufman, 2001). Escala de Execugdo interpretacao clinica A escala de execugdo tem menos influéncia da edu- cago formal. Em geral avalia a capacidade de solucionar problemas, capacidade de integrar estimulos perceptuais fe respostas motoras e de avaliar informagées visuoespa- ciais. Segundo Cunha (2000) os sujeitos com QI de execu- «ao significativamente mais alto que © QI verbal possuem capacidade de organizago em alto nivel e capacidade de trabalhar sob pressdo do tempo. Os subtestes dessa esca- la sGo, de acordo com os pesquisadores (Cayssials et al., 2002; Cunha, 1993, 2000; Kaufiman & Kaufman, 2001; Kaufman & Lichtenberger, 1999; Nascimento, 2000, 2002, 2005; Sattler & Ryan, 1999; Wechsler, 2004): Completar Figuras. Avalia interesse ¢ atengao ao am- biente, reconhecimento « meméria visual, organizagdo © raciocinio, Escores altos indicam acuidade visual, inte- resse e familiaridade com o ambiente e contato ajustado com a realidade (Kaufman & Kaufman, 2001; Kaufinan & Lichtenberger, 1999), 14 FERNANDES, WELTER, RATHKE, ALVES, FERREIRA, DE LIMA Arranjo de Figuras, Avalia a aptidio de compreensio ce de anilise de uma situaglo total, sem recorrer & linguae gem. Envolve processamento visual, eapacidade de inte- ‘grar e organizar sequencialmente estimulos complexos. Escores altos refletem alto nivel de inteligéncia social ¢ ccapacidade de antecipar as consequéncias dos atos (Cays- sials et al, 2002; Sattler & Ryan, 1999). Cubos. Mensura a capacidade de andlise sintese, coordenagdo viso-motor-espacial, velocidade perceptual «© organizago. O desempenho nesse subteste proporciona| ‘uma anélise das estratégias que o sujeito utiliza para re- solver problemas 9 Cunha, 2000; Kaufman & Kaufinan, 2001). Armar objetos. Propie-se verificar a percepgio das partes para a sua construgo num todo significative. Ava- lia o processamento visual, velocidade perceptual ¢ capa- cidade de sintese de um conjunto integrado. Altos escores sugerem adequada coordenago motora c boa organizago visual (Sattler & Ryan, 1999; Wechsler, 2004), Cédigos. Pode-se fazer avaliago da velocidade de processamento, flexibilidade mental, atengdo seletiva ¢ concentrada. A excelente capacidade visuomotora ¢ a efi cigncia mental estio ligadas a altos escores nesse subteste 9 Cayssials etal, 2002; Cunha, 2000). Procurar Simbolos. avalia a habilidade fiuida, velo- cidade processamento, organizagdo de perceptual, ve- locidade de operago mental, velocidade psicomotora, tengo, concentragio, meméria visual de curto prazo, cootdenagao visual-motor, flexibilidade cognitiva. Sen- do uma medida adequada para a inferéncia da habilida- de cognitiva global, ou fator “g”, esse suiteste contribui para o célculo do indice de Velocidade de Processamento (Kaufman & Kaufman, 2001; Kaufman & Lichtenberger, 1999), Raciocinio Matricial. avalia habilidade fluida, organi- aso de perceptual, habilidade planejamento, previsio, cootdenaeao visual e percepto-motora, atengdo e concen- tragdo, Raciocinio Matricial indica ser adequado a apli- cago em idosos, porque esta populagio tende a apresen- tar um ritmo mais lento em suas respostas do que os mais, jovens, j6 que subteste ndo apresenta limite de tempo. Apresentaiengdo deinluénias cultura ede idiomas e nio precisa que o testando manuseie os estimulos ( ‘mento, 2000, 2002, 2005; Sattler & Ryan, 1999; Wechs- Ter, 2004) Interpretagao clinica/qualitativa do QI de Execucao. Entendido como uma medida de organizagio percep- tual, processamento visual, capacidade de planejamento, aprendizagem no-verbal, 0 grau ¢ a qualidade do contato no-verbal do individuo com o ambiente, capacidade de trabalhar em situagBes concretas, capacidade de avaliar informagdes visuo-espaciais. Habilidades para pensar © manipular estimulos visuais com rapide7, capacidade de trabalhar rapidamente, capacidade de integrar estimulos petveptuais e respostas motoras pertinentes. Desta forma, enfatiza a habilidade visomotora, exigindo rapidez no desempenho da tarefa (Kauliman & Kaufman, 2001; Kau- man & Lichtenberger, 1999; Nascimento, 2000, 2002, 2008). Interpretagao clinica /qualitativa das diferencas entre QI Verbal e QI de Execucio través das comparagdes de diferengas entre 0 QI Ver bal e 0 QI de Execugdo, podem se extrair conclusdes que podem auxiliar no diagnéstico. Geralmente 0 QI Verbal tende a ser mais elevado do que 0 QI de Execugio, porém © QI pode aumentar porque algumas capacidades e apti- des mostram uma relativa énfase em uma determinada a ¢, com isso, clevam o escore. Discrepaincias elevadas entre QI Verbal e de QI Execugio (mais de 15 pontos), devem ser analisadas enquanto sérias tendéncias, Assim, através das Escalas de Inteligéncia Weschsler pode-se ob- tet quocientes intclectusis distintos para a Area Verbal © para a Area de Execuglo, Tais diferengas entre estas dreas ‘mostram para o clinico 0 caminho que deve ser seguido, além de ser significativo para probabilidades diagnésti- cas. Discrepéncias permitem com clareza ao profissional possibilidade de descrever de forma singular a orgari zagio dos processos psicolégicos da pessoa a partir des- tas diferengas. Permite também identificar suas defesas, a qualidade ¢ a natureza de suas motivagdes e impulsos, © grau de patologia, assim como suas potencialidades © 1 capacidade de adaptagio e como enirenta a realidade (Blatt & Allison, 1981, Groth-Mamat, 1999). De acordo com Cunha (2000), @ WAIS permite tam- bém a determinago do Quociente de Deterioragdo Men- tal (QD). Este quociente diz respeito & estimativa da di- ‘minuigo mental, na medida em que ha fungdes que apre- sentam um declinio mais acentuado com a idade ¢ outras| menos. Na WAIS, os subtestes gue “'se mantém” com a dade so: Completar Figuras, Informagio; Vocabulério € Armar Objetos. Os que “niio se mantém” com a idade so: Cubos; Digitos; Semelhangas ¢ Cédigos. E com base nestes dados que é calculado 0 QD, através da formula: QD = Informagio + Vocabulério + Armar Objetos + Completar Figuras ~ Digitos + Semethangas + Cédigo + Cubos + Informagdo + Vocabulétio + Armar Objetos + Completar Figura. Indices fatoriais- Interpretagdo clinica/qualitativa Indice de Compreensio Verbal (ICV), Considerado uma medida da formagao de conceito verbal. Avalia a ha- REFLEXOES TEORICAS E PRATICAS ESCALA DE INTELIGENCIA WECHSLER PARA ADULTOS bilidade de escutar uma pergunta, capacidade de enten- der a instrugo formal e informal, fazer relagio com uma resposta, € de expressar seus pensamentos. Pode ser in- fluenciado pela base ¢ estimulagao, pela instrugao, e pelas| ‘oportunidades culturais. O ICV consiste numa medida de conceitos verbais, raciocinio verbal e conhecimento ad- quirido, Descreve a capacidade que incluem tanto contet- do verbal como de provesso mental (compreensdo). Este fator indica medir uma variével comum na maioria dos subtestes da Escala Verbal. Avalia o conhecimento verbal adquirido e 0 processo mental necessario para responder ‘os enunciados,relacionado & compreensio e ao raciocinio verbal. Reflete a capacidade para compreender ¢ expres- sar verbalmente idéias e pensamentos refletindo a riqueza do vocabulério de uma pessoa (Kaufman & Lichtenber ‘ger, 1999; Nascimento, 2002) Indice Organizagao Perceptual (VOP). Relaciona-se ‘com a habifidade com que a pessoa mostra-se capaz de or {ganizar elementos relacionados com um todo complexo. Indica set o equivalente nao verbal e o manipulative da ‘compreensdo verbal. O JOP avalia a integragao visomoto- 1a, atengdo para detalhes, grau de raciocinio verbal e ra- ciocinio fluido, capacidade tanto para contetidos percep tuais para processo mental (organizagio). Organizagio Perceptiva refere-se & aptido para perceber relagdes ¢ sequéncias espaciais (Cayssials et al., 2002; Nascimento, 2002; Zimmermann, Woo-Sam, & Glasser, 1976) indice de Meméria de Operacional (IMO). Caracteri- za-se em ser uma medida da meméria de trabalho. Avalia| a habilidade de memorizar a informacdo nova, de manté- la na meméria em curto prazo, concentrada, e de mani- pular essa informagao para produzir alguns processos de resultado ou de racioeinio, Consiste na habilidade de reter informagdes na meméria temporariamente, desempenhar algumas operagdes ou manipulagdes com elas e produzir um resultado. Envolve atengio, concentragio, controle Tabela 2 ‘Subtestes do WATS-IIT Agrupados por indices Fatoriais. us mental ¢ raciocinio, componente essencial de outros pro- cessos cognitivos de ordem mais elaborada. Avalia a con- centragdo, 2 habilidade de planejamento, a flexibilidade cognitiva, habilidade para organizagio sequencial, mas & sensivel & ansiedade elevada (Nascimento, 2002; Kaul- rman & Lichtenberger, 1998). Indice Velocidade de Processamento (IVP), Rela~ ciona-se com os processos de atengio, meméria e con centragdo para processat, imediatamente, a informacao visual. Consiste na avaliaglo da resisténcia & distragao. Avalia habilidades de focalizar a atengio em estimulos distintos, discriminé-los e sustentar 0 foro da atengdo em periodo de tempo. I uma medida da velocidade de processamento da informagio. Requer a persisténcia da habilidade de planejamento, mas é sensivel A motivagio, dificuldade de trabalhar sob pressdo do tempo e & coorde- nagdo motora elevada. Reflete a velocidade psicomotora (Cédigo) e velocidade mental (Procurar Simbolos), para resolver problemas néo verbais (Kaufman & Lichtenber- get, 1999), ‘A abela 2, a seguir, resume as informagdes anterior mente apresentadas em relago aos subtestes do instru- ‘mento agrupados pelos indices Fatoriais, importante compreender a importincia de uma anilise mais pormenorizada do instrumento em vez de se considerar apenas o valor do Ql. Alguns exemplos de diferengas significativas entre as escalas e indices fato- riais podem ser especialmente validos para a compreen- so aprofundada e diseriminante em situagdes como no transtorno de déficit de atengao e hiperatividade (TDAH) ¢ demais transtomnos de aprendizagem (Slomka, 1998a, 1998), deméncia (Fields, 1998), entre outros. Formas Abreviadas Atualmente, observa-se uma preocupagio cada vez maior com a validade e a elaboragio de instrumentos na- ev 1RP mo We indice Compreensio indice Organizagio indice Memeria indice Velocidade Verbal Perceptual ‘Operacional de Processamento Vocabuliio ‘Completar Figur Aritticn Ciigos Semethangss Cabos Digios Procure Simbolos Sequénca de Informagéo Ravioinio Matrcil Nimeros e Leas Nota: Arranjo de Figures, Compreensi e Armar Ohjetos no contriouem para os escores de indices Faorais (Weeshler, 2004) = Compreensio inluido no Qt Total = Armar Objetos Subteste Suplems 116 FERNANDES, WELTER, RATHKE, ALVES, FERREIRA, DE LIMA cionais que representem qualidades psicométricas para cultura brasileira (Chiodi & Wechsler, 2008). Neste contexto, a avaliago da inteligéncia também vem sendo pesquisada, principalmente com relagdo as Formas Abte- Viadas (FAs) de alguns instrumentos, ‘Tendo om vista que os testes para avaliago intelectual sto, na maioria das vezes, procedimentos extensos, estu- dam-se formas abreviadas que visam diminuir 0 tempo de aplicagdo e, consequentemente, diminuir a ansiedade a fadiga que influem negativamente no desempenho do sujeito (Coutinho & Nascimento, 2010). Recentemen- te, destaca-se a investigago realizada por Nascimento (2002, 2005) sobre formas curtas do WAIS-IIl utilizan- do os dados da amostra normativa da versio brasileira do instrumento, Os resultados indicaram coeficientes de precisio altamente significativos, mas apenas as formas ccurtas compostas por quatro subtestes (Vocabulétio, Se- ‘melhangas, Cubos e Raciocinio Matricial) ¢oito subtestes| (Vocabulario, Semelhangas, Aritmética, Digitos, Com- pletar Figuras, Raciocinio Matricial, Cédigos e Procurar Simbolos) foram consideradas vilidas para a avaliagio do QI. Além disso, recentemente novas pesquisas incluiram ‘© WASI, que é composta de quatro subtestes, dois subtes= tes verbais e dois de execugdo, que previamente tinham ‘mostrado forte cotrelago com o funcionamento intelec- tual geral. Os subtestes Vocabulério © Semelhangas so usados para estimar 0 QI verbal (QIV), enquanto Cubos; ¢ Raciocinio Matricial sdo usados para estimar 0 desem- penho QI (QIT). Esta forma abreviada da escala seria para utilizagdo como um instrumento de rastreio, uma estima- tiva do funcionamento intelectual geral para fins de pes- quisa, ou como uma reavaliago para alguém que ja havia sido dada uma avaliagdo mais abrangente, A WASI esté «em proceso de adaptagdo para o Portugués Brasileiro © estudos de validade estio sendo desenvolvides. Para Axelrod (2002), as FAs podem ser altemativas fidedignas a escala original ¢ auxiliam na medida de fun- cionamento intelectual geral, para fins de pesquisa ou reavaliagdo de individuos que jé re c pleta. Com relagdo ao WAIS-III, as FAs podem ser des- envolvidas de duas formas: selecionar um determinado inlimeto de subtestes, vatiando de dois a nove, ou reduzir ‘© mimero de itens de alguns subtestes (Coutinho & Nas- cimento, 2010), Historicamente, o primeiro artigo sobre FAs do WAIS, com padronizagdo americana, foi escrito por Doppelt (1956). 0 autor utilizou uma FA composta por quatro sub- testes das escalas de verbal e de execugio (Vocabulario ¢ Aritmética; Cubos e Arranjo de Figuras). Ao término do estudo obteve a estimativa do QI Total apés aproxima- damente 40 minutos de testagem, Uma das FAs mais co- ‘mumente utilizada & a de Ward (1990), composta por sete subtestes do WAIS:R, incluindo Informacao, Aritmética, ‘Semelhangas, Digitos, Completar Figuras, Cubos ¢ digos. A pesquisa teve como amostra 70 homens de um hospital militar dos Estados Unidos. Foram encontradas correlagaes entre os QIs do WAIS-R ¢ os Qls estimados correspondentes foram de 0,98 para o QUT, 0,97 para 0 QIV € 0,96 para 0 QIE. Aplicabilidade da Escala ‘Além da aplicabilidade jé mencionada, © WAIS-II 6 considerado um instrumento de avaliagao da capacidade intelectual que pode ser indicado para ser aplicado para fi- nalidades diversas. Como exemplo, utiliza-se como teste na avaliagao de dificuldades de aprendizagem, na identifi- cagao de altas habilidades e infradotados (Wechsler, 2004). A anélise dos perfis dos subtestes das escalas sugere a hi- potese de forgas ¢ fraquezas da aprendizagem ¢ supde im- plicitamente que os perfis dos subtestes sio preditivos de

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