Sabe o Candombl tem mostrado um lado preconceituso, egosta e ganancioso. Mas eu sei que no de todo assim. Eu j vivi coisas que me marcaram. Me lembro de certa vez que uma amiga estava em dificuldades, ela beirava passar fome. Ela tinha 4 filhos e era viva. Ela estava na misria. Ela amava Ians. Ela no era feita de santo. E era deaprezada por isso. Eu trabalhava como Repositor em um mercado, ganhava pouco e como era fim de ms eu estava sem dinheiro. Neste dia eu fui a casa dela e ela nao tinha comida pra fazer a janta pros meninos. Eu comprei o que pude, s que ela me pediu que comprasse comida para os filhos e no para ela. Perguntei por que, pois eu poderia comprar para ela tambm mas ela pediu que eu desse para ela meio quilo de feijo fradinho. Eu comprei miojo e guaran para os meninos e o feijao para ela. Ela fez uma massa com o feijo, somente com feijo e mais nada. Ela no tinha dend nem alguidar. Ela fritou em leo de cozinha e ps em um prato de vidro. Com uma vela ela ofereceu a Iansa o akaraje. Nunca vi algum chorar com tanta dor como ela chorou aquele dia. Ela chorava e eu s entendia ela entre os soluos dizer "meus filhos". Eu naquele dia senti o Orisa mais do que senti em qualquer festa de terreiro. O nome da mulher marcia, ela na semana seguinte conseguiu emprego de auxiliar de limpeza e juntou dinheiro pra ir embora pra Pernambuco. Nunca mais eu h vi. Mas foi naquele dia que eu descobri que Orisa sem duvida existe. Aquele akaraje para qualquer pessoa seria considerado marmota. Mas Mrcia foi dormir com fome pra poder dar comida a Oy. A comida mal feita dela tinha tanto ax que eu me arrepio s de me lembrar. Eu sinto muito, mas devo dizer que estas regras, estes luxos e estas coisas todas que as pessoas gostam de fazer e de falar no me iludem em nada. Pois foi entre os pobres que conheci o Orisa. O Orisa esta vivo." o que importa o amor, f e respeito.