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4/7/2010 Folha de S.

Paulo - A Folha errou; aleg…


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São Paulo, domingo, 04 de julho de 2010

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OMBUDSMAN
SUZANA SINGER
ombudsman@uol.com.br @folha_ombudsman

A FOLHA ERROU; ALEGRIA NO TWITTER

Com erro em anúncio sobre seleção,


jornal experimenta a força do boca a
boca na era digital e revela nova
atitude

"VALEU, Brasil. Nos vemos em 2014." O adeus à seleção, que


hoje até soa simpático, causou revolta ao ser publicado, por
engano, em anúncio na terça-feira, um dia depois de uma vitória
acachapante sobre o Chile. Virou o assunto da semana
envolvendo a Folha.
A propaganda do supermercado Extra, patrocinador oficial da
seleção, dizia também que o time saía do Mundial, mas "não do
coração da gente". O erro aconteceu na inserção de anúncios.
O jornal tem um horário-limite para a entrega das propagandas e,
como não dava para esperar o fim da partida, a agência de
publicidade mandou duas versões: uma para vitória e outra para
derrota.
É um procedimento corriqueiro, mas, por falha humana, foi
colocado o anúncio do fim do sonho do hexa, dando a impressão
-terrível para qualquer anunciante- de que torcia contra os
brasileiros. E expondo algo que os publicitários não gostam de
admitir: de que precisam trabalhar também com o pior cenário.
O anúncio errado ocupava um espaço estreito no caderno Copa
2010 e tinha uma formulação confusa, com parte do enunciado
em zulu ("A I qembu le sizwe", que significa seleção). Teria
passado sem tanta repercussão não fosse o Twitter.
Na segunda maior rede social no país -com mais de 10 milhões de
brasileiros-, a gafe espalhou-se rapidamente. Ávidos por notícias
do tipo "espírito de porco", os tuiteiros se alvoroçaram ("Isso sim
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é hard news!"), cobraram providências ("Quem vai ser
demitido?") e desfiaram piadas ("Extra será patrocinador oficial do
Corinthians na próxima disputa da Libertadores").
Houve até uma corrente conspiratória que, em 140 caracteres,
acusou o jornal de manobra tucana: "Desconfio que a Folha
trocou a propaganda do Extra em represália ao fato de a sra.
Abílio Diniz ter organizado reunião de mulheres com Dilma". Os
paranoicos (não foi apenas um) referiam-se a um chá da tarde
oferecido por Geyze Diniz para Dilma Rousseff e três dezenas de
socialites no último dia 25.
O fuzuê foi tamanho que Abílio Diniz tuitou uma resposta dura, em
sequência de posts: "Ontem o Brasil fez seu melhor jogo na Copa.
Infelizmente, a Folha cometeu um grave erro com o anúncio do
Extra, o que é inadmissível. Estou ao lado dos que se indignaram
com o anúncio publicado erroneamente pelo jornal. Não
compartilhamos com a impunidade e tomaremos as providências,
que não eliminarão o erro, mas irão responsabilizar os culpados.
Como presidente do Conselho de Administração do Grupo Pão
de Açúcar, peço desculpas, em meu nome e do Grupo, aos
brasileiros e, principalmente, aos jogadores da seleção".
Além da fúria do anunciante, a Folha sentiu a força do boca a
boca na era digital. O que era erro de inserção virou notícia em
vários sites brasileiros e até no do jornal inglês "The Guardian"
("Anúncio de jornal elimina Brasil das finais").

NOVA POSTURA
A Folha também reagiu no Twitter. Respondeu aos que
comentavam o incidente, deixando evidente uma nova postura do
jornal -foi criado há apenas três meses o cargo de editor de
mídias sociais, para, entre outras coisas, acompanhar o que se diz
sobre a Folha nas redes.
"O jornal precisa se fazer ouvir e dialogar também no ambiente
das mídias sociais", afirma a Secretaria de Redação, que pretende
desenvolver estratégias para a circulação de notícias, prospectar
pautas e identificar tendências na internet.
O que parece óbvio para muitas empresas é uma pequena
revolução na Barão de Limeira. A Folha costumava ter uma
atitude estoica diante dos bombardeios que sofre no mundo
digital.
No caso do Extra, o jornal foi transparente e publicou reportagem
em Mercado relatando o tremendo tropeço. Isso mesmo,
tropeço, engano, mancada. Imenso, mas só isso.
Por mais que queiram aproveitar o deslize para reafirmar que é
impossível confiar na Folha -"Como vocês garantem que não
cometem esses erros na apuração das matérias?", perguntou um
internauta-, o incidente não acrescenta nada de novo à avaliação
que se faz do jornal: quem já odiava a Folha ganhou momentos
de puro prazer e os que gostam devem ter dado boas risadas. Na
ressaca da sexta-feira, quando o Brasil foi de fato eliminado, o

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apresentador Marcelo Tas postou: "Está confirmado. Folha é o
jornal do futuro".

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Suzana Singer é a ombudsman da Folha desde 24 de abril de 2010. O


ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode
ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis
meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva
dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos
domingos, o noticiário dos meios de comunicação.
Cartas: al. Barão de Limeira 425, 8º Contatos telefônicos: ligue 0800
andar, São Paulo, SP CEP 01202-900, 0159000; se deixar recado na
a/c Carlos Eduardo Lins da secretária eletrônica, informe
Silva/ombudsman, ou pelo fax (011) telefone de contato no horário de
3224-3895. atendimento, entre 14h e 18h, de
Endereço eletrônico: segunda a sexta-feira.
ombudsman@uol.com.br.

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