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PRINCIPIOS DE. CIENCIA DOS MATERIAIS ae WAC" PRINGIPIOS DE GIENGIA DOS MATERIAIS i titulo original: ELEMENTS OF MATERIALS SCIENCE A edicdo em lingua inglesa foi publicada pela ADDISON-WESLEY PUBLISHING COMPANY, INC. Copyright © 1964, by Addison-Wesley Publishing Company, Inc. direitos reservados para a lingua portuguésa pela Editora Edgard Bliicher Lida. 1970 134 reimpresséo - 2000 | E proibida a reproduedo total ou parcial aetna sem autorizegiio escrita da editora EDITORA EDGARD BLUCHER LIDA Rua Pedroso Alvarenga, 1245 ~ cj. 22 04531-012 ~ S. Paulo — SP = Brasil Fax: {Oxx11) 3062-2707 |: eblucher@internetcom.com.br e-mat Impresso no Brasil Printed in Brazil EDITORA AFILIADA Prefacio Antes de ter sido publicada a primeira edicio déste texto, a matéria ensinada nos cursos de Materiais de Construcio sofreu profundas alteragdes. As apresentagbes empiricas ¢ as descrigdes dos materiais © de suas propriedades deram lugar & apresentacao e andlises mais sistematicas. Uma ciéncia dos materiais, baseada na fisica e quimica das estruturas internas, estava se desenvolvendo. A primeira edigdo déste livro de texto tentou apresentar aos estu- dantes de engenharia os principics basicos desta nova ciéncia, de uma forma introdutéria. Embora se possa dizer que éste objetivo tenha sido completemente atingido, seu uso nas salas de aula mostrou algumas modificacdes, adigdes e supressdes desejiveis. Além disso, recentes avangos na ciéncia dos materiais néo podem passar desapercebidos. Os fatéres acima levaram a uma revisio que constitui éste “Elements of Materials Science”. Antes de tentar uma revisio, o autor discutiu, com muitos outros engenheiros ¢ profes- séres de engenharia, a melhor forma de ensinar a Ciéncia dos Materiais. Deveria haver um curso geral para todos os engenheiros ou um curso especial para cada curriculo de engenharia? Estas discussdes, reforcadas pela experiéncia do autor no ensino, levaram 4 conclusio de que um curso geral sdbr2 materiais é vantajoso em muitas escolas ¢ departamentos. Como © curso é analitico, os mesmos argumentos usados a favor de cursos gerais para introducio de fisica e quimica podem ser usados a favor de um curso de introcugao sébre materiais. Ninguém sugere que engenheiros mecinicos eletricistas ou de outros tipas necessitam de cursos separados e distintos de quimica e fisica. A mesma conclusio, aplicada a um curso geral sobre materiais, tem uma excego légica: se um certo curriculo necessita de outras ciéncias bésicas como fisico-quimica ou fisica moderna, pode ser desejvel ter-se um curso de materiais especialmente adequado, a fim de aproveitar esta base maior. ‘A segunda edigdo déste texto, tal como a primeira, esta dirigida especificamente aos alunos de cursos de engenbaria que tiveram quimica geral ¢ que estejam tendo, concomitan- temente, fisica geral. Embora nao apresenta o rigor encontrado nos cursos de fisica do estado sdlido, éstz texto tenta ser sistematico. © Cap. 1, aqui tal como na edigdo anterior, é uma introdugao destinada a orientar 0 leitor no estudo dessa ciéncia de engenharia ¢ a familiarizd-lo com a terminologia aplicavel as propriedades dos materiais. Os capitulos que se seguem so concernentes 4 estrutura in- terna dos -nateriais ¢ 4 dependéncia de suas propriedades com as virias estruturas. A se- qiiéncia dada vai das estruturas atémicas para as estruturas grosseiras, do simples para o mais complexo. Esta seqiiéncia — de dtomos para cristais, para fases. para mictoestruturas ¢ finalmente para macroestruturas — é légica tanto cientificamente como pedagdgicamente, pois as estruturas ¢ propriedades mais grosseiras dependem das carateristicas estruturais mais finas. Tem-se material névo na area anteriormente negligenciada das imperfeigdes estruturais € movimertos atémicos e dois importantes rearranjos 20 texto: (a) O comportamento elé- trico € introduzido mais cedo nesta edigdo que na primeira, o que p2rmite a consideragao de propriedades elétricas simultaneamente com as mecdnicas nos Caps. 6, 7, 8, n0s quais slo discutidos os metais, polimeros € materiais cermicos, respectivamente. (b) © compor- tamento em servico, que ocupava os uiltimos cinco capitulos da primsira edigdo, foi conso- lidado com parte do material coberto em um capitulc sébre a estabilidade dos materiais em servigo. A parte restante da discussio s6bre o comportamento em servico foi incluida nas segdes precedentes s6bre propriedades dos materiais metalicos, poliméricos e cerimicos. Estas modificacdes permitem uma apresentacHo mais logica ¢ eficiente. Os problemas que servem como exemplos ¢ aquéles colocados no fim dos capitulos foram revistos € os menos pertinentes foram abandonados em favor de novos. Todas estas alteragdes se originaram no resultado do desenvolvimento nas salas de aula pelo autor e seus associados. Tendo em mente que um livro de texto como éste deve satisfazer as necessidades de escolas variadas, o autor tentou superar um problema majoritério com que freqiientemente se defronta 0 professor: uma limitagio de tempo que torna necessario o abandone de certos tépicos. O autor indicou aquéles t6picos, exemplos e problemas que podem ou néo ser con- siderados, a critério do instrutor. Os alunos que nao estudarem o raterial opcional nao terdo dificuldades nas secdes que se seguem. Aquelas segdes e subsegdts assinaladas por um ponto (.) contém material que nao é pré-requisito para as segdes posteriores no assinaladas. (Entretanto, éste material pode ser necessaric para outras segSes opcionais). Portanto, os instrutores tm elementos para ajustar o tempo de acérdo com as nevessidades. As secdes assinaladas contém (a) ilustragdes de interésse em engeaharia (como as jungdes ¢ — n), (b) certos tépicos novos ou mais avancados que nfo eram encontrados na primeira edigio (por exemplo, a relagdo entre os coeficientes de difusio e a temperatura) 2 (c) tépicos incluidos na primeira edicdo, mas dispensaveis em um curso com tempo limitado (por exemplo, pro- cessos de grafitizagao). Um livro como éste no pode ser projeto de um ‘nico homem. Embora seja impossivel agradecer, individualmente, a ajuda dos colegas de Universidade e dos grande nimero de estudantes que contribuiram, a seu modo, para éste livro, o autor deseja agora expressar sua gratiddo a todos éles, assim como Aqueles colegas de outras instituigdes, os quais ofere- ceram seus comentirios, sugestdes e corregdes a primeira edico. Na revisio déste texto, cada uma destas sugestdes foi considerada, Devem ser dirigidos agradzcimentos especificos ao Professor W. C. Bigelow (Universidade de Michigan) ¢ ao Professor Mortis Cohen (“Mas- sachusetts Institute of Technology”) que trabalharam em estreita colaboragdo com o autor. A ajuda de Miss Delores Gillies em Ann Arbor ¢ do pessoal da Addisca-Wesley em Reading foi também inestimavel. Ann Arbor Fevereiro de 1964 L.HV. Vv. Prefacio da Edicao Brasileira “O campo de ciéncia dos materiais vem se desenvolvendo rapidamente devido ao reco- nhecimento de que principios cieatificos idénticos se aplicam as propriedades dos metais, dos materiais inorginicos ndo-metilicos ¢ dos materiais organicos. No passado, tecnologias individuais foram desenvolvidas para materiais diferentes, porque ésses principios amplos € sua aplicabilidade gera’ nao havia sido reconhecida. Recentemente, desenvolvimentos em metalurgia, ceramica, fisica e quimica tornaram possivel estabslecer uma tentativa para os fundamentos gerais da ciéncia dos materiais, transcedendo os detalhes da tecnologia corrente nesses campos. Em particular, 0 notavel sucesso que a metalurgia tem tido, correlacicnando as propriedades dos metaise ligas com as respectivas propriedades estruturais, levou a adocaio dessa metodologia para materiais cerdmicos, semicondutores, materiais plasticos e outres tipos de materiais polimerizados”. (Publicagdo do Departamento de Metalurgia e Ciéncia dos Ma- teriais do “Massachusetts Institute of Technology”, 1961). Dada a natureza interdisciplinar do assunto ¢ a origem norte-americana do livro, foram usadas, como base para a tradugzo para nossa lingua, além da consulta a especialistas, as seguintes obra James L. Taylor ~ “English-Portuguese Metallurgical Dictionary’, Institute of Hispanic American and Luso-Brazilian Studies, Stanford University, California, 1963. Werner Gustav Krauledat ~ “Notagao ¢ Nomenclatura de Quimica Inorganica”, Cam- panha de Aperfeigoamerto € Difusio do Ensino Secundario, Ministério de Educacio ¢ Cultura, 1960, Instituto Nacional de Pesos e Medidas — Quadro de Unidades Legais no Brasil — Deereto n.° 52.423 de 30 de agésto de 1963, Rio de Janeiro, 1964. Associagao Brasileira de Normas Técnicas. — Terminologia de Material Refratario — TB-4. Glossitio de Térmos da Indistria de Refratarios — TB-13. E nossa intengio, ao apresentar a edicdo brasileira da obra de Van Vlack sébre Ciéncia dos Materiais, j4 conhecida ¢ utilizada entre nés ha varios anes, tornar clara a necessidade da existéncia de livros, em lingua portuguésa, que fornecam aos estudantes das Universidades Brasileiras 0 conhecimento modemo para os estudos fundamentais de materizis. Visamos, assim, uma posterior aplicagao na utiliza¢do pratica de materiais de construcio em enge- nharia civil, mecdnica, metahirgica, quimica, naval, aerondutica, de minas, de eletticidade, eletrénica e outras © qual é fundamental ao desenvolvimento tecnologico brasileiro. Persio de Souza Santos Professor Titular, Dept.° de Eng. Quimica da EPUSP e Chefe da Segio de Ceramica do Instituto de Pesquisas Tecnologicas do Estado de Sao Paulo — Caracteristicas exigidas nos materiais usados em engenharia 4-1 Introdua ............ 1 1-2. Propriedades mecdnicas 2 13 Propriedades térmicas . ft 7 1-4 Propriedades elétricas 9 1-5 Propriedades quimicas . i 1-6 ‘Propriedades dpticas uM 1-7 Custo vn ll Ha I-8 Medida das propriedades de interésse em engenhatia :............ uw 2 = Ligagéo quimica A ESTRUTURA DOS ATOMOS 2-1 Introdugdo ........, 18 2-2 Néutrons, prétons e 2létrons 18 2-3. Massa etOmica e niimero atémico iN 20 2-4 © Niimeros quinticos 20 2-5 © Notacio eletrénica . 22 ATRACOES INTERATOMICAS 2-6 Introdugdo .... 0.2... 25 2-7 Ligagdo i6nica ........... 25 28 Ligacdo covalente ....... 26 : 2-9 Ligacdo metalica . 30 ul 2 Combinagao dos varics tipos de ligagao 31 11 Forgas de Van der Waals ..... Se 32 © Tépicos opcionais. COORDENAGAO ATOMICA 2-12 Introdugao 2-13 Distaneias interatémicas . 2-14 Raio atémico ¢ idnico 2-15 Numero de coordenagio SUMARIO 2-16 Generalizagbes relativas as propriedades. 2-17 Tipos de materiais 3 - Arranjos atémicos . ESTRUTURAS MOLECULARES 341. Introdugio 3-2 Niimero de ligacdes.. .. 3-3 Comprimentos e energias de ligacdo. 3-4 Angulos entre ligagdes .. 3-5. Isémeros if i 3-6 Hidrocarbonetos saturados - 3-7 Hidrocarbonetos insaturados 3-8 Moléculas poliméricas . ESTRUTURA CRISTALINA 3-9 Cristalinidade 3-10 Sistemas cristalinos 3-11 Cristais citbicos ... 3-12 Cristais hexagonais 3-13 Outros reticulos cristalinos 3-14 Diregdes no cristal 3 Planos cristalinos . © Analises por raios 3X 3-17 Seqiiéncias de empilhamento 3-18 Polimorfismo (Alotropia) 3-19 Cristais moleculares .. . ESTRUTURAS NAO CRISTALINAS (AMORFAS) 3-20 Introdugdo Gases .. Liquidos Vidros .. . FASES 3-24 Fases cristalinas e amorfas 4 ~ Imperfeigdes estruturais e muvimentos atémicos AI Tnirodugsio MAMMA nnM Mau 34 34 36 37 4 a2 45 45 4B 4B 4 50 50 51 33 34 58 39 6 62 6 0 0 1 7 n nD B 4 Dv FASES IMPURAS 42 Solucdes 4-3 Solugdes s6licas em metais . 4-4 Solucdes sélidas em compostos iénicos . ‘5 Co-polimerizasao .. IMPERFEICOES CRISTALINAS 4-6 Introdugao . 4-7 Defeitos pontuais ...... 48 Defeitos de lisha (Discordancias) 4-9 Fronteiras . beet ee eee MOVIMENTOS ATOMICOS 4-10 Introducio 4-11 Mecanismos de movimentos atémicos . 4-12 © Distribuicio de energia térmica . 4-13 Difusdo atomica 4-14 Coeficientes de ifusio .. 5 - Estruturas e processes eletrénicos S-1 Introdugio ..... CONDUTIVIDADE ELETRICA 5-2 Definigées 3 Condutividade iénica . 5-4 Condutividade eletréaica 5-5 Isolantes . 3-6 Semiconduteres ...... 5-7 Resistividade eletrénica “Versus” temperatura ENERGIAS ELETRONICAS 5-8 Introdugao H 5-9 Bandas de energia . COMPORTAMENTO MAGNETICO $-10 Introdugdo 5-11 Ferromagnetismo . “ 5-12 Campos magnéticos alternados © Supercondutividade . COMPORTAMENTO OPTICO 5-14 Opacidade ¢ transparéncia S-1§ © Luminescéncia ....... 79 30 84 85 85 86 88 90 92 94 95 Pn 98 105 105 106 107 109 109 113 113 114 118 119 121 123 124 125 6 - Fases metdlicas ¢ suas propriedades Goll Mlatroducao Mane Lea MMUE Le eae METAIS MONOFASICOS 6-2 Ligas monofisicas 6-3 Microestruturas ...... DEFORMACAO DOS METAIS 6-4 Deformagio elastica dos metais. i 6&5 Deformagio plastica de cristais mesdlicos . 6-6 Deformasio plistica nos metais policristalinos . 6-7 Propriedades dos metais deformades plasticamente 6-8. Recristalizagio .. RUPTURA DOS METAIS 6-9 -Introduydo .. MW 6-10 Fluéncia (“creep”). yan 6-11 Fratura . LA 6-12 Fadiga .. 7 ~ Materiais orgénicos e suas propriedades 71 Introdugdo a 7-2 Massas moleculares ........ MECANISMOS DE POLIMERIZAGAO Introdusdo ..... Polimerizagdo por adigao Polimerizagao por condensacao Degradecdo ou despolimerizacao . gare ESTRUTURA DOS POLIMEROS 7-7 Introducao . 7-8 Forma das moléculas poliméricas . 1-9 Estéreo-isomeria . 7-10 Cristalizacao i 7-11 Ligagdes cruzadas .. 7-12 Ramificagao .. . DEFORMAGAO DOS POLIMEROS 7-13 Deformacio elistica de polimeros 7-14 Deformacio plastica de polimeros.. 130 130 131 135 138 145 146 147 152 153 155 157 164 164 167 168 172 174 175 175 177 179 179 181 COMPORTAMENTO DOS POLIMEROS 7-15 Comportamento térmico . 7-16 Comportamento mecinico . f TAT Proptiedades elétricas dos materiais organicos . TAB Reagées quimisas de materials orginicos. 8 ~ Fases cerdmicas e suas propriedades 874i hineroducso | auMuM nae FASES CERAMICAS 8-2 Exemplos de materiais ceramicos ...... 8-3 Comparagdo entre as fases ceramicas e nao-ce-Amicas ESTRUTURA CRISTALINA DAS FASES CERAMICAS 8-4 Introdugo . i 8-5 Compostos de empacatamento, fechado . 8-6 © Estrutura dos silicatos . 185 186 189 191 199 199 200 201 201 206 EFEITO DA ESTRUTURA NO COMPORTAMENTO DaS FASES CERAMICAS 8-7 Introdugao 8 Materiais ceramicos dielétricos « 9 © Semicondutores ceramicos . 1 1 0 Materiais cerimicos magnéticos ...... a 8 8-1 8-11 Comportamento mecdnico dos materiais ceramicos « 9 - Materiais polifasicos relagdes de equililibrio 9-1 Introdugao RELACGES QUALITATIVAS DE FASE Solugdes versus misturas heterogéneas Solubilidade.. Diagrama de fases. Faixas de solidificagao . Equilibrio........... & Py ah RELAGOES QUANTITATIVAS DE FASES 9-7 Composigies de fase........... 9-8 Quantidades relativas de fases .. 28 equitirie|!a ULAMUNN LIGAS FERRO-CARBONO 9-10 Introdugio . os 9-11 O diagrama de fases Fe-C. PR iH 9-13 Nomenclatura dos agos 215 216 219 220 221 229 230 232 234 234 235 237 239 241 242 245 250 DIAGRAMA DE FASES PARA SISTEMAS COM MAIS DE DOIS COMPONENTES 9-14 © Diagramas terndrios .......... 00.22.0000 WAMU Sra Pe Sis Clee cea eae NU a A 252 10 — Reagdes no estado sélido 10-1 introduc) yen Pen REAGOES NO ESTADO SOLIDO 10-2 Transformagdes polimérficas 269 10-3 Reagdes eutetéides . 270 10-4 Solubilizacdo € precipitago em s 21 VELOCIDADE DE REAGAO- 10-5 Introdugdo ... i 272 10-6 Efeito da temperatura na velocicace de reagio ... 272 10-7 Transformagao isoférmica....... mt I i 279 10-8 Contréle das velocidades de reagao ... 281 FASES METASTAVEIS 10-9 Introdusaio 2 10-10 Martensita. Uma fase 2 10-i1 Martensita revenida :. 2 \ 11 ~ Modificagées de propriedades através de alteragées na microestrutura 291 291 11-1 Introdugaio 11-2. Microestruturas polifisicas .... «. PROPRIEDADES “VERSUS” MICROESTRUTURAS 11-3. Propriedades aditivas 11-4 Propriedades interativas ... CONTROLE DE MICROESTRUTURAS B13) ered) NE Pee 0 11-6 Tratamentos de recozimento ... PH a Hi 11-7 Tratamentos de precipitagio (ou envelhecimento) .. HED TORE 11-8 Processos de transformagao isotérmica . 307 11-9 Tratamento de témpera e revenido ... 308 11-10 Endurecibilidade 3u 11-11 © Processos de grafitizagao 317 12 - Estabilidade dos materiais nas condigdes de servigo 12-1 Estabilidade em servigo ............2.. UNE CORROSAO. 12-2. Introdugao Be Corrosio por dissolugao Oxidagao eletroquimica . Potencial de eletrodo .. Células galvanicas .......... Tipos de cé-ulas galvanicas .. Sumario do mecanismo de cortosio galvanica Prevengio da corrosio. Camadas protetoras . - Meios de evitar a formagio de pares galvanicos Protegio galvinica i OxIDACAO 12-13 Introdugio Ha 12-14 Envelhecimento da torracha 12-15 Oxidagdo de metais ..... ESTABILIDADE TERMICA 12-16 Introdugio 12-17 Dilatagio térmica e tensdes internas. 12-18 © Ruptura térmica .. ALTERAGOES PELAS RADIACOES (“RADIATION DAMAGE") 12-19 Introdugdo a 12-20 Alterac es:rutural .... 12-21 Alteragées de propriedades 13 — Materiais compostos 13-1 Macroestruturas .. MATERIAIS AGLOMERADOS 13-2 Introdugao . a 133 Tamanho de particula .. 13-4 Propriedades relacionadas com volume aparente . 13-5 Conereto 13-6 Produtos sintetizados . MODIFICACOES DA SUPERFICIE 13-7 Endurecimente superficial 13-8 Superficies compressivas .- . 13.9 © Revestimentos de protecdo . 13-10 Superticies para fins elétricos >> .. 325 325 326 327 329 333 338 339 339 342 345 345 345 346 348 348 351 353 353 358 364 364 367 368 370 372 376 378 378 378 MATERIAIS REFORGADOS 13-11 Materiais reforados por dispersio . 13-12 Reforgamento por fibras 13-13 Concluséo ...... 4.0... Apéndice A. Constantes selecionados . Apéndice B. Glossario de térmos aplicados ¢ materiais .........- Apéndice C. Comparagio entre as escalas de dureza ........ Apéndice D. Tabela de elementos ....... Apéndice E. Propriedades de alguns materiais usados em engenharia ... Apéndice F. Estruturas orginicas de interésse em engenharia ........ Apéndice G. Lista de plisticos de interésse em engenharia ..............-- 379 380 380 384 385 307 398 404 407 413 CAPITULO 1 CARACTERISTICAS EXIGIDAS NOS MATERIAIS USADOS EM ENGENHARIA 1-1 INTRODUGAO. Todo engenheiro-mecanico, civil, eletricisia oir de outra especialidade — esta vitalmente interessado nos materiais que Ihe so disponiveis. Quer seu produto seja uma ponte, um computador, um veiculo espacial ou um automével, deve ter um profundo conhecimento das propriedades caracteristicas do comportamento dos materiais que vai usar. Considere-se, por exemplo, a variedade de materiais usados na manufatura de um automével: ferro, ago, vidro, plasticos, borracha, apenas para citar alguns. E, somente para 0 ago, ha cérca de 2000 tipos ou modificagdes. Com que critéria ¢ feita a escolha do material adequado para uma determinada peca? Ao fazer a sua escolha, o engenheiro deve levar em conta propriedades tais como resis- téncia mecénica, condutividade elétrica ¢/ou térmica, densidade e outras, Além disso, deve considerar o comportamento do material durante o processamento e o uso, onde plasticidade, usinabilidade, estabilidade elétrica, durabilidade quimica, comportamento irradiante sio importantes, assim como, custo € disponibilidade. Por exemplo (Fig. 1-1), 0 ago para um pinh&o motor deve ser facilmente usinado durante o processamento, mas, quando pronto, © pinhao deve ser suficientemente tenaz para resistir a severas condigdes de uso. Paralamas devem ser feitos com um metal que seja facilmente moldavel, mas que devera resistir 4 defor- magio por impacto. Condutores elétricos deve suportar temperaturas extremas ¢ a carac- teristica “corrente/tensio” de um semicondutor deve permanecer constante por um longo periodo de tempo. Muitos projetos avanzados em engenharia dependem do desenvolvimento de materiais completamente novos. Por exemplo, o transistor nunca poéeria ter sido construido com 08 materiais disponiveis ha dez anos atris; 0 desenvolvimento da bateria solar requereu um névo tipo de semicondutor; ¢, embora os projetos de turbinas a gas estejam muito avan- cados, ainda se necessita de um material barato e que resista a altas temperaturas, para as pas da turbina. 2 PRINCIPIOS DE CIENCIA BOS MATERIAS Fig. 1-1. Pinhdo motor terminado. Esta engrenagem deve ser usinada durante a produgao e antes de ser usada, suas propriedades devem ser alteradas a fim de torné-la tenaz. (Cortesia de Climax Molybde- num Co.) Desde que, Sbviamente, é impossivel para o engenheiro ter um conhecimento detalhaa dos muitos milhares de materiais agora disponiveis, assim como manter-se a par dos novos desenvolvimentos, éle deve ter um conhecimento adequado dos principios gerais que governam as propriedades de todos os materiais. Comeraremos nos familiarizando com alguns térmos ¢ medidas usados em engenharia e, em seguida, consideraremos (1) a estrutura dos materiais ©, @) como as propriedades dos materiais so afetadas quando em uso, i Nossoestudoda estrutura vai incluir desde as caracteristicas possiveis de uma observacdo direta até aquelas submicroscépicas; desde as pegas componentes até os gros e cristais que compéem as mesmias ¢, até mesmo, as particu‘as subatémicas que determinam as proprie- dades do material. Nosso estudo das condigdes em servigo incluiré os efeitos da sclicitagao mecdnica, temperatura, campos elétricos ¢ magnéticos, caracteristitas quimicas do meio circundante e exposigao a radiagSes, 1-2 PROPRIEDADES MECANICAS. Provavelmente a primeira propriedade de um mz- terial que nos vem a mente, pafticularmente quando em conexao com estruturas to grandes como pontes ou edificios, & a resisténcia mecinica. Outras propriedades mecanicas so elas- ticidade, ductilidade, fluéncia, dureza e tenacidade. Cada uma delas est associada habilidade do material resistir a f6rgas mecénicas. Mas, o engenheiro‘nem sempre deseja que seus mate- riais resistam a tédas as deformagées; uma mola, por exemplo, deve elongar-se quando solicitada por um esfér¢o, embora nfio deva persistir nénhuma deformagao permanente apés a retirada da carga. Por outro lado, o material usado para o paralama de um automével deve ficar permanentemente deformado durante a operagao de mokiagem. A fim. de se ter uma base comum para fazer comparagées entre as propriedades estruturais £08 efeitos das condigdes em servico nas mesmas, vamos primeiramente definir alguns dos térmos mais comuns em engenharia. Tensdo é definida como a forga por unidade de area ¢ é expressa em libras por polegadas quadrada (psi)' ov em quilogramas fora por centimetro quadrado (kgf/cm?) ou por mili- metro quadrado (kgi/mm?). A tens&o é calculada simplesmente dividindo-se a farca pela area na qual atua. Exemplo 1-1 Qual a pega solicitada por maior’tens&o: (a) uma barra de aluminio, de segZo reta 0,97 'N. do T. psi= “pounds per square inch”. CARACTERISTICAS EXIGIDAS NDS MATERIAIS USADOS EM ENGENHARIA 3 mm x 1,21 mm solicitada por tima carga de 16,75 kgf ou (b) uma barra de aco de seco cir- cular de diémetro 0,505 mm sob uma carga de 10,8 kgf? kgf (mm) (mm) 16.750 971,21) 10.800 @/4)0,5057 Resposta: Unidades: kgf/mm? Calculos (a) = 143 kgf/mm? ib) = 54 kgf/mm? Como efeito da tensio, tem-se a deformacdo. O engenheiro comumente expressa defor- magio em uma de duas maneiras: (1) 0 nimero de centimetros de deformacao por centi- metro do comprimento, ou (2) o comprimento deformado como uma porcentagem do com- primento original. A deformacao pode ser eldstica ou plastica. Exemplo 1-2 Em uma haste de cobre sio marcados dois tragos que distam entre si 50 mm. A haste é tensionada de forma que a distfincia entre os tragos passa a ser de 56,7 mm. Calcular a deformagao. (mm-mm) _ mm _ porcentagem _ om mm mm 100 com 56,7 - 50,0 50,0 A deformagao eldstice é reversivel; desaparece quando a tens&o & removida. A defor- macio elistica € priticamente proporcional 4 tensdo aplicada (Fig. 1-2). O médulo de elasticidade (médulo de Young) é o quociente entre a tensao aplicada e a deformagao elistica resultante. Ble est relacionado com a rigidez do material. O médulo de elasticidade resultante de trago ou compressio é expresso em psi ouem kgf/mm?. O valor déste médulo é primordialmente determinado pela composicio do material (Apéndice E) e € apenas indiretamente relacionado com as demais propriedades mecanicas. Resposta: Unidade: Caleulo 0,135 emjem = 13,5% Tensio—> vB ‘Tensio. Deformagao— ‘Deformaga0—> 12, Relagdo elastica tensto-deformacdo. A CFig. 1-3. Relagdo plastica tensio-deformagio. A deformacao elistica € direramente proporcional “deformago plastica que se segue 4 deformacéo & tensio. elistica inicial nfo € reversivel. A deformagao eldstica contizua a aumentar durante a deforma- do plastica, -nas é reversivel. (Compare com a Fig, 12) 4 PRINCIPIOS DE CIENCIA DOS NATERIAIS Exemplo 1-3 Se o médulo médio de elasticidade de um ago é 21.000 kgf/mm’, quanto se elongard um fio de 0,25 em de didmetro ede 3 m de comprimento, quando solicitado por uma carge de 500 kgf? exsio deformagao j Unidades: kgf/mm? — "e/a" em/em 500/(7/4)(0,25)* deformagio deformagio = 0,0043 em/em unidades: (em/em(em) = em Deformagio total = 0,0043 x 300 = 1,29 cm Respesta: Médulo de elasticidade (it) CAlculo: 21.000 = Deformasao pléstica é a deformac&o permanente provocada por tensdes que ultrapassam © limite de elasticidade (Fig. 1-3). A deformagdio plastica é o resultado de um deslocamento permanente dos atomos que constituem o material e, portanto, difere da deformagao eldstica onde os atomos mantém suas posigdes relativas. Ductilidade & 2 deformacio plastica total até 0 ponto de ruptura. Assim sendo, 0 seu valor pode ser expresso como alongamento e nas mesmas unidades de deformagio. Um com- primento comum (embora no universal) para a medide da elongagdo ¢ $0 mm. Comé mos- trado na Fig. 1-4, o comprimento considerade é importante pois a deformacao plastica nor- malmente é localizada. Comprimento de medida Alongamento 200 mm 22,5% 50 mm 560% Fig. 1-4. Elongagio versus comprimento de medida. Como a deformagao final & localizada, 0 valor da elongagdo nao tem significado, a menos que se indique © comprimento de medica. CARACTERISTICAS EXIGIDAS NOS MATERIA'S USADOS EM ENGENHARIA 5 Uma segunda medida da duciilidade ¢ a estricedo que # a redugio na area da segio reta do corpo, imediatamente antes da ruptura. Os materiais altamente dicteis sofrem grande redugio na area da seco reta antes da ruptura. Este indice é sempre expresso em porcentagem e é calculado como se segue: Estriegio (1-2) Relagdes tensio-deformacdo. Agora é possivel ser mais especifico sdbre 0 efeito da tenso na deformagio. A Fig. 1-5 mostra, grificamente, esta relagao para diferentes tipos de materiais, sendo que, para todos, tem-se um intervalo de deformacdo elistica. © material correspondente 4 Fig. S-1a ndo deforma plasticamente antes da ruptura; € um material de comportamento frdgil. Um material diictil tem um limite eldstico (ou limite de proporcionalidade) além do qual ocorre deformagao permanente. A capacidade do material resistir 4 deformagdo plastica € medida pela tensdo de escoamento que é determinada pela relago entre a forca que inicia a deformacdo permanente ¢ a area da segio reta. Em materiais tais como 0s agos doces, ¢ limite de escoamento ¢ bem definido pois, para uma dada tensiio, © material escoa, isto é, ocorre deformagao plastica sem praticamente aumento na tensio (Fig. 1-5b). Em outros materiais, nio ocorre um escoamento propriamente dito; neste caso, define-se um limite convencional de escoamento que corresponde A tensao necessarie para provocar uma deformac&o permanente de 0,2% (ou um outro valor especificado) (Fig, 1-5c). L Re oe iii L. Ru} a fe ail 02% eu EL PM a LE. 5 - e & Deformaséo Deformagio 92% Deformagdo -—-Deformacio @) o () (@) Fig. 1-5. Diagramas tensio-deformagdc. (a) Matetial nio dutil sem deformacdo plastica (exemplo: Ferro fundido). (b) Material dutil som limite de escoamento (exemplo: ago de baixo carbono). (¢) Material dati! sem limite de escoamento nitido (exemplo: aluminio). (4) Curva verdadeira tensio-deformagio versus curva convencional L. Ru. = Limite de ruptura, L. Re. = Limite de resisténcia, LE. = Limite de escoamento, Elong. = Elongaciio, X = ruptura. limite de resisténcia a tracdo de um material é calculado dividindo-se a carga maxima suportada pelo mesmo pela area da segdo reta inicial. Esse limite, tal como os demais, € expresso em unidades de’ tensdo. Deve-se notar que o limite de resisténcia @ calculado em relagdo a area inicial. Essa é uma observagao importante, particularmente para os mate- riais dicteis, pois os mesmos sofrem uma redugao de area quando solicitados pela carga maxima, Embora a tensio verdadeira que solicita 0 material seja calculada considerando-se a rea real (Fig. 1-Sd), a tensio tel como definida anteriormente é mais importante para o engenheiro, pois os projetos devem ser feitos com base nas dimensdes iniciais. Em vistude da 4rea da seco reta de um material dictil poder se reduzir antes da ruptura, © limite de ruptura pode ser inferior ao limite de resisténcia. Por defini¢ao, ambos sao calculados considerando-se a Area inicial (Fig. 1-50). fF nN PRINCIPIOS BE CIENCIA DOS MATERIAIS © Exemplo 1-4 Um fo de cobre tem uma tensdo de ruptura de 30 kgf/mm? e apresenta uma estricgao de 77%, Caleular (a) a tenso verdadeira de ruptura e (b} a deformagao verdadeira e, na rup- tura (a deformacao instantanea de é igual a di/). F Resposia: (a) [= 30 kef/mm*, F = 30 o ‘ F F 30 = 131 kgffmm? Avr (1=0,77)Aq 028 " dl dl @) de>: | fe I inl Mas: Ag lo = Ay ly Ao Ao igen = 147 ou 147% arg AS O3E4s mA 200: ae 150) 200 400 600 “Dureza Brinell Limite de resisténcia Fig. 1-6. Limite de resisténcia versus dureza Brinell. Exemplos: agos, lates ¢ ferros fundidos. A duresa € definida pela resisténcia da superficie do material 4 penetragdio. Como se pode esperar, a dureza ¢ a resisténcia 4 tracHo estao intimamente relacionadas (Fig. 1-6). A escala Brinell de dureza (BNH)? é um indice de medida da dureza, calculado a partir da rea de penetragdo de uma bilha no material. A penetrecio desta bilhz, que é uma esfera de ago duro ou de carbeto de tungsténio, ¢ feita mediante uma forga padronizadz. A escala Rocwell de dureza, outra das mais comuns escalas de dureza usadas em engenharia, esta relacionada 20 BNH (Apéndice C), mas é medida pela profundidade de penetragao de uma pequena biJha padronizada. Muitas escalas Rocwell foram estabelecidas para materiais com diferentes Zaixas de dureza; estas escalas diferem entre si nas dimensdes da bilha na carga de penetragio. © Exemplos, precedidos por um ponto, podem ser designados como trabalho aos alunos a crité- rio do professor (ver pr 2N. do T. BNH = “Brinell hardness number”. GARACTERISTICAS EXIGIDAS NOS MATERIAIS USADOS EM ENGENHARIA 7 Tenacidade & a medide da energia necessiria para rompe: o material. Difere pois da resisténcia & tragdo, que & a medida da tensdo necessaria paca romper o material. Energia, © produto de uma forga multiplicada por um deslocamento, é medida em lb.pé ou em kgf.cm; essa energia est intimamente relacionada 4 tea sob a curva tensdo versus deformacao. Um material crictil com a mesma resisténcia de um material f-4gil ira requerer maior energia para ser rompido ¢ portanto é mais tenaz (Fig. 1-7). Ensaios padronizados Charpy ou Izod so usados para medir tenacidade. Esses métodos diferem entre si apenas na forma do corpo de prova e no método de aplicayio da energia. Deformagao Deformagio Deformagio fa) (by () Fig. 1-7. Tenacidade é a medida da erergia necessaria para romper o material. Portanto, ela pode ser representada pela area sob a curva tenso-deformagao. A parte (c) representa o comportamento mais tenaz dos trés exemplos. 1-3 PROPRIEDADES TERMICAS. E extremamente importante a distingo entre calor ¢ temperatura. Temperatura é um nivel de atividade térmica enquanto que calor é a energia térmica. Em engenharia, sdo comumente utilizadas duas escalas para medir temperatura: escala Fahrenheit 2 a Celsius (centigrada). Calculos so mais ficeis com a escala Celsius ¢ um niimero crescente de processos industriais esto pasando a utilizd-la. Uma conversdo direta pode ser feita de uma escala para outra, através das seguintes relagdes: °F = 1,8 (°C) + 32 (1-3) ij, FlCH-32] 4) Para qualquer componente quimico de um material, 0 porto de fusdo e 0 ponto de ebu- ligdo so temperaturas importantes pois correspondem 4 transicdo entre diferentes rranjos estruturais dos atomos no material. Calor é expresso em “Btu”, na escala inglésa e em calorias no sistema métrico. Um Btu é a energia requerida para aumentar de 1°F a temperatura de uma libra de agua, na temperatura de maior densidade da agua (39°F). Portanto, as unidades para capecidade térmica so Btu/lb.°F no sistema inglés ou cal/g.°C no sistema métrico. O calor especifico de um material ¢ definido como sendo 0 quociente entre a capacidad: térmica do material ea da agua. Varios calores de transformagio sio importantes no estudo de materiais. Os mais conhe- cidos déles sA0 0 calor latente de fusio ¢ 0 calor latente de vaporizagdo, que sho os calores reque- ridos, respectivamente, para a fusio e vaporizagio. Cada um déstes processos envolve uma SN, do T. Btu “British termal unit” 8 PRINCIPIOS 2E CIENCIA DOS MATERIAIS mudanca interna no material que passa de um arranjo atémico para outro. Veremos, mais tarde, que hi varias outras mudancas estruturais possiveis para os s6lidos e que estas mudangas também requerem uma alteragZo no contedo térmico do material. A dilatagdo térmica ¢ comumente expressa em pol/pol.°F ou em cm/om.°C. Em geral, admitimos que 0 coeficiente de dilatagao térmica é independente da temperatura. Por razées que serio apresentadas mais tarde, deve ser observado que 0 cocficiente de dilatacdo térmica depende da temperatura ¢, em geral, aumentando-se 2 temperatura o coeficiente também aumenta (Fig. 1-8). Descontinuidades na variagio do volume com ¢ temperatura ocorrem & aman oO INLD 1000 1100°C 95 & | ——Condutividade (ler a direita) 30 3 a H i & -Dilatagio (ler a esquerda) — {1 99 21] £ 1 morse iin Smee ile els i eet ee 07% & MRA Ae 23 os § eu 8 a2 fi 9 H —- 025 5a 6 3 O™ ~0,25 3 2 rN inner re 3 Jo MINS 5001000 1002600 il 6 Temperatura, °F Fig. 1-8. P:opriedades térmicas versus temperatura, A descontinuidade para olcobre a 1085°C (1985°F) € resultade da fustio. O ferro possui uma descontinuidade em virtude de um rearranjo dos étomos a 910°C (167°F), Ver Cap. 3. com mudangas de estado, porque ha uma alteragdo no arranjo dos atomos ¢ moléculas do material. Aqui, como no caso da deformagao mecdnica, temos dois tipos de mudancas estru- turais: um tipo, onde as mudangas so aquelas em que os dtomos vizinhos de um determi- nado étome permanecem sendo os mesmos & outro, em que os atomos ou moléculas sio rearranjados. Esse contraste persistiré ao longo das discussdes futuras. A transferéncia de calor entre sdlidos ocorre comumente por condutividade térmica que é medida em (Btu.pol) (°F hit?) ou (cal.cm)/(°Cs.cm”), A condutividade térmica de um ma- terial também depende da temperatura. Entretanto, ao contrario do coeficiente de dilatacio térmica, a condutividade diminui com o aumento da temperatura. (As razdes para ésse com- portamento serio discutidas mais tarde). As mudangas no empacotamento atémico que acompanham a fusio e outros rearranjos atémicos decorrentes de variagdes na temperatura produzem descontinuidades na curva condutividade térmica versus temperatura. engenheiro esté comumente interessado em transferéncias térmicas quer em regime permanente quer em regime nfo permanente. No regime ndo permanente, a transferénciz térmica produz uma variaco na temperatura e, portanto, diminui o gradienze térmico. Nestas condigdes, a difusibilidade térmica h é importante: h=K/egp, (1-5) CARACTERISTICAS EXIGIOAS NOS MATERIAIS USADOS EM ENGENHARIA ° onde k é a condutividade térmica, c, ¢ a capacidade térmica e p é a densidade. Um material com calor especifico por volume ¢,p tem uma difusibilidade baixa, simplesmente porque mais calorias devem ser cedidas ou removidas, a fim de alterar a temperatura do material. As unidades aplicaveis a difusibilidade térmica, indicadas abaixo, servirao de base para con- sideragdes posteriores da difusibilidade atémica. Condutividade (capacidade térmica} (densidade) (cal-cm)/(°C-s-om?) ~ “(ealig*Olg/em) = cm*/s (1-6) 1-4 PROPRIEDADES ELETRICAS. A mais conhecida propriedade elétrica de um material é a resistividade. E expressa em chm-cm (ou ohmpol) e est relacionada com as unidades comuns de resisténcia, como se segue: Difusibilidade térmica = Hn WI comprimento Resisténcia = (resistividade) (ez) {om = (ohmem) ( (ohm-cm) () (pol = (ohm-pol) (2) (7) Exemplo 1-5 O cobre tem uma resistividade de 1,7 x 1076 ohm-em. Qual é a resisténcia de um fio com 0,1 cm de didmetro ¢ 30 m de comprimento? Blt = 6,65-ohm O1P = A condutividade elétrica € 0 inverso da resistividade. E expressa em mho/cm {mho = = ohm~') A relacdo entre a condutividade e o atimero de transportadores de carga elétrica, a carga por transportador e a mobilidade sera discutida em maior detalhe no Cap. 5, assim como a relagdo entre a condutividade elétrica ¢ (1) a temperatura e (2) a deformaca: Em contraste com os condutores elétricos que transferem cargas elétricas, muitos ma- teriais de importancia em engenkaria sio usados como dielétricos ou nao condutores. Se Resposta: Célculo: Resisténcia = 1,7 x 10~° Fig. 1-9. A constante dielétrica relativa pode discutida em térmos da quantidade de elet dade que pode ser armazenada cm um conden- sador. A constante dielétrica relativa é igual a | Zz Ld quantidade de cletricidade armazenada usando Chat ate Fe Fe Fe um material isolante dividide pela quantidade armazenada usando vicuo. + - 0 PRINCIPIOS DE CIENCIA DOS MATERIAIS um material dielétrico é usado sémente como isolante elétrico, é nevessario considerar-se a sua rigide: dielétrica. Esta propriedade 6, geralmente, expressa em volts por mil (1000 mil = = 1 pol) au em volts por cm; entretanto, deve-se notar que a capacidade isolente de um material nem sempre aumenta proporcionalmente 4 espessura. Muitos outros fatéres, tais como area especifica, porosidade e defeitos, infiuem nas caracteristicas de isolagao éo material. ‘Uma outra propriedade dielétrica importante é a constante dielétrica que é melhor expli- cada em térmos de um condensador, que € um dispositive para armazenar carga elétrica Um condensador ¢ composto de um eletrodo negativo e outro positivo, entre os quais ¢ feito 0 vacuo ou é colocado um material isolante. O eletrodo negativo armazena carga ¢ hé a remagdo de carga do eletrodo positivo (Fig. 1-9). A quantidade de carga que é arma- zenada depende, entre outras coisas, do material colocado entre as placas. Esses dielétricos no transportam carga elétrica, mas nfo so isolantes inertes porque a aplicagio de um campo elétrico externo pode deslocar cargas eletrénicas e idnicas de suas posigdes normais na estru- tura interna do material. Esse comportamento pode ser comparado 4 deformacao mecénica elastica, visto que as cargas retornam 4 sua posigao normal quando 0 campo elitrico € re- movido. (Ver Cap. 5 para maiores detalhes). A carga Q (expressa em coulombs ou amp’), que ¢ contida no condensador, é propor- cional a diferenca de potencial Vaplicada, sendo a constante de proporcionalidade C a capa- cidade do condencador que é expressa em farads (F): Q=cv (1-8) A capacidade é, além disso, dependente da constante dielétrica relativa K’ e da geometria do condensador. Para um capacitor de placas paralelas: KA ~ 370054 Mi ic onde C esté em microfarads, A éa drea em cm?e d é a distdncia entre as placas. O fator de conversio, 11,32, ¢ escolhido de forma que a constante dielétrica X’ seja adimensional ¢ igual a 1,0 quando é feito o vacuo entre as placas. A constante K' para os varios materiais que podem ser usados como dielétrico depende do deslocamento de carga que ocorre como resultado do campo elétrico aplicado. Uma combinagio das Eqs. (1-8) e (1-9) mostra que a quantidade de carga armazenada em um capacitor é diretamente proporcional a constante dielétrica relativa (Fig. 1-9). Exemplo 1-6 l Um condensador projetado para usar papel encerado (constante dielétrica K’ = 1,75) como dielétrico entre eletrodos de félha de aluminio, tem uma capacidade de 0,013 farad. Esta se cogitando na substituiggo do papel per um filme plastico (K’ = 2,10) de mesmas dimensées. Com todos os demais fatéres permanecendo constantes, qual seria a nova capa- cidade do condensador? TRespeatas| ean va (8) ) (1132) 0094 “\K) AR = (0.013) 2,10) Crag, = SOO = 00156 fara Como a constante dielétrica é conseqiiéncia de um deslocamento de carga no interior do material, seu valor depende tanto da temperatura como da fregiiéncia e da estrutura do material. Estes fatores receberdo atengc nos capitulos subseqiientes. CARACTERISTICAS EXIGIDAS NOS MATERIAIS USADOS EM ENGENHARIA n 1-5 PROPRIEDADES QUIMICAS. Quase todos os materiais usados pelos engenheiros slio suscetiveis de corrosdo por ataque quimico. Para alguns materiais, a solubilizagdo é importante. Em outros casos, 0 eieito da oxidapdo direta de um metal ou de um material orginico como a borracha ¢0 mais importante. Além disso, a resisténcia do material 4 corrosdo quimica, devido ao meio ambiente, é da maior importancia. A atencao que damos aos nossos automéveis é um exemplo dbvio da nossa preocupagao com a corrosio. Desde que freqiien- temente, o ataque pela corrosdo é irregular, é muito dificil medi-la. A unidade mais comum para a corrosdo é polegadas de superficie perdida por ano. 1-6 PROPRIEDADES OPTICAS. Embora entre’ as _propriedades épticas importantes para a engenharia se inc'uam o indice de refragdo, a absorgao e a emissividade, apenas a primeira delas sera discutida aqui, porque as outras duas j4 slo mais especializadas. O indice de refragio n é a razio entre a velocidade da luz no vacuo ce a velocidade da luz no mate- rial, Va? (1-10) Rio indice também pede ser expresso em térmos do angulo de incidéncia i e do angulo de refracio r: seni sen (1-11) 1-7 CUSTO. Embora certamente 0 custo no seja uma propriedade intrinsica ao material, freqiientemente, é o fator determinante na selegdo de um certo material para uma dada apli- cacao. O custo é usualmente expresso em valor por quilograma ou por pega, mas um indice mais significativo € 0 custo por unidade de vida util. E, muaitas vézes, vantajoso pegar-se mais por quilograma ou for pega, se isto implicar em um aumento da vida e uma diminuicao dos custos de manutengao e substituicao, 1-8 MEDIDA DAS PROPRIEDADES DE INTERESSE EM ENGENHARIA. Informagdo qualitativa. Diagramas esquematicos, mostrando o efeito de uma varidvel sobre uma certa propriedade, so ferramentas indispensdveis no entendimento de complicadas relagdes empiricas em térmos qualitativos. A Fig. 1-10, por exemplo, ilustra a variagao da resisténcia do concreto em fungio de tzor de égua adicionado. O concreto, certamente, é mais resistente quanto menor for a quantidade de agua utilizada, embora deva existir 4gua suficiente a fim de tornar 0 concreto trabalhavel. compressiio Resisténcia & Resisténcia @ compressio __———_ Agua adicionada——~ gua adicionada —~ ig. 1-10, Representacdo esquematica de duas va- Fig. 1-11. Representacio ssquematica de tés va- ridvels, Resistincia do concreto versus teor de riveis. A resistEncia do concreto esta relacionada agua. O teor de agua & a variével independente, com 0 tempo ¢ ¢ 0 teor de agua. 12 PRINGIPIOS DE CIENCIA COS MATERIALS Outras variaveis podem ser mostradas esquemiticamente através do uso de parametros adicionais. A Fig. 1-11 adiciona 6 pardmetro tempo 4 relagdo préviamente mostzada na Fig. 1-10, A Fig. 1-11 nos diz que (1) para uma dada quantidade de agua adicionads, a resisténcia aumenta com o tempo; (2) para um dado periodo de tempo, a resisténcia é menor quanto maior for 0 excesso de agua adicionado; ¢ (3) uma dada resisténcia pode ser atingida em um tempo menor, se menos agua for usada. 450-5, & 600 38 dias 400} $ * ‘3 E 350; 8 5000 & 5 = 2 = 300- 8 - 4000 250} | a _ ‘ea A -B-3000, — FE nn 20) 22m 24125) 23h 20 32 Agua adicicnada, |/saco de cimento Fig. 1-12. Valores quantitativos. Resisténcia do concreto versus teor de agua. (ASTM Testing Standards N.° C 39-49). Representagdes esquematicas ajudam o engenheiro a determinar, préviamente, quais as variaveis que devem ser controladas, a fim de obter um determinade resultado. Com esta informagio, pode-se antecipar as possiveis modificagées dos materiais durante a produgio ou em servigo. Dados quantitativos. E, muitas vézes, importante dispor-se de dados quantitativos concer- nentes as propriedades dos materiais. Assim, da Fig. 1-12, o engenheiro de projetos observa que 0 concreto pode ter uma resisténcia 4 compressao de 3,1 kgf/mm?, se 24 litros de agua so usados para cada saco de cimento. Entretanto, a fim de se ter a informacao completa, © parémetro tempo essim como dados relativos a granulometria e 4 temperatura devem ser incluidos, pois que cada um déstes fatéres influencia as relagdes quantitativas. 100| | i x 8 Média & ; ; . a g 3 60 I 2 3 : 2 eli | 3 eH iil é oot | Pa men ane a eee o 10 2 Namero do ensaio Variagdo porcentual wo (b> Fig. 1-13. Grande varianga. Variagdes encontradas no ensaio de impacto Charpy para o ago SAE 1040 (20°C), Todos os ensaios foram idénticos. (a) Distribuigdo dos resultados. (b) Distribuicdo de freqiiéncias. CARACTERISTICAS EXIGIDAS NOS MATERIAIS USADOS EM ENGENHARIA 13 Um outro fator, igualmente importante na apresentacao de muitos dados quantitativos, éa varianga* que pode ser encontrada no ensaio, Fig. 1-13 mostra a faixa de val6res obtidos no ensaio de impacto de cinquenta amostras de ago a 20°C. Ha uma variago muito grande nos dados, embora as amostras sejam as mesmas € 0 métedo de ensaio seja constante, dentro do possivel. A variagio nos valéres abtidos pode ser originéria de muitas fontes: (1) diferengas nao detectaveis no ago dos corpos de prova, (2) ciferengas na preparacio das amostras, (3) diferencas durante a execugo do ensaio. A grande variacao aqui observada torna necessirios outros testes para estabelecer a resisténcia média ao impacto. B 100+ cof il 3 Média B80 re tty st s& £0 3 ¢ A = 60 3 60 2 4 z 40 3 aor & Pa alle) 20 3 ea 0! FeO M NS MN =e N= so aa =2-10 0 {0 20 a Numero do ensaio Variagéo porcentual @ ) Fig. 1-14. Pequena varianga. Variacdes encontradas ne ensaio de tragdo de um ago SAE 1040 (20°C). Todos os ensaios foram idgnticos. (a) Distribuigdo dos resultados. (b) Distribuigo de freqiiéncias. Embora a varianga nem sempre seja tio acentuada como no exemplo da Fig. 1-13 (ver Fig. 1-14), 0 engenheiro deve prever a espécie das variagGes a serem esperadas, pois, freqiien- temente, éle'riio pode testar diretamente os materiais que vai usar. Ainda mais, deve-se uti- lizat uma margem de seguranca adequada a fim de levar em conta fontes adicionais de varia- 40 encontradas em servico, Um dos exemplos mais sigaificativos foi 0 efeito do tempo de servigo nos primeiros Comet* ingléses, onde nenhuma margem de seguranca foi deixada, a fim de levar em conta o efeito da pressurizacao e despressurizacdo na fadiga do metal das cabines déstes avides em altitudes elevadas. REFERENCIAS PARA LEITURA ADICIONAL Propriedades dos materiais 1-1. Apéndice E. Propriedades de Materiais Selecionados. 1-2. Brady, G. S., Materials Handbook. New York: McGraw-Hill, 1951. Este liveo apresenta um ou dois pardgrafos descrevendo, cada um, cérca de mil tipos de material. 1-3, Ceramic Data Book. Chicago: Industria! Publications, Inc., publicado anualmente. Contém dados s6bre as propriedades dos materiais cerdmicos mais comuns, incluindo dados especificos nas seguintes divises: refratarios, cerimica estrutural, esmaltes, vidro, cerdmica branca e produtos cerdmicos para utilizacdes elétricas + Varianga é uma medida estatistica da variagio provavel e & igual o quadrado do desvio padrao. 4N. do T. — Avifio inglés comercial a jatopropulsio. “ PRINCIPIOS EE CIENCIA DOS MATERIAIS 1-4, Corrosion in Action. New Yor! 4 corrosio; excelentemente ilustrado. 1-5. Kinney, G. F., Engineering Properties and Applications of Plastics. New York: John Wiley & Sons, 1957. O primeiro capitulo considera as principais categorias de plasticos. Subseqiientemente, suas propriedades mecdnicas, térmicas, épticas e elétricas sio consideradas. 1-6. Marin, J, Mechanical Behavior of Engineering Materials. Englewood Clifis, N. Prentice-Hall, 1962. Da um tratamento geral das propriedades mecinicas. 1-7. Metals Handbook, Volume I, Cleveland: American Society for Metals, 1961. Esta referéneia basica para todos os metalurgistas é essencialmente uma enciclopédia de metais. 1-8, “Plastics Encyclopedia Issue”, Modern Plastics. O niimero de setembro de cada ano. Material técnico e de referéncia sto incluidos, proporcionando um rapido acesso a uma variedade de informagies sObre resinas e plasticos. 1-9. Reactor Handbook, Volume 3, Section 1: General Properties of Materials Washington, D. C.: Atomic Energy Commission, 1955. Um compéndio de dados sdbre propriedades de materiais de interésse em tecnologia nuclear. Como éste manual cobre muitas variedades de materiais, serve como referéncia, também para outros propésitos. 1:10. Richards, C. W., Engineering Materials Science, San Francisco: Wadsworth, 1961 Uma discussio completa das propriedades mecanicas 1-11. Smithells, C. J. Metai Reference Book, 3 edi¢do. New York: Interscience Pu- blishers, Inc., 1961. Um livro de referéncia em dcis volumes composto quase qué inteiramente de dados tabulados; adequado a0 engenheiro que conhece o significado das diferengas no comportamento de um metal. 1-12. Woldmaa, N. F., Engineering Alloys. Cleveland: American Society for Metals, 195: Cérca de 19,000 ligas diferentes sio citadas com suas propriedades, composigSes ¢ aplica- ses tipicas. international Nickel Co., 1955. Uma introdugio Ensaio de materiais 1-13. ASTM Standards. Philadelphia: American Society for Tésting Materials, 1961 (com freqiientes revis6es). E um conjunto de varios volumes contendo ensaios padronizados aceitos por uma larga porcdo da industria emericana. Os ensaios so esquematizados em detalhe’. 1-14, Bornemann, A.,e R. S. Williams, Metals Tecinology. Cleveiand: American Society for Metals, 1954. Inclui experiéncias de laboratério ao lado da descri¢do dos aparelhos de ensaio mais comuns. Aplicagdo (geral) dos materiais 1-15. Materials in Design Engineering. New York: Reinhold; publicado mensalmente. Uma revista técnica, com artigos sObre t6des as espécies de materiais de impcrténcia em engenharia, escrito em um nivel técnico de um engenheiro competente, 1-16. Ceramic Industry. Uma das muitas revistas técnicas especializadas em materiais ceramicos.® 1-17. Metal Progress. Uma das muitas revistas técnicas especializadas em materiais metalicos.” 1-18. Modern Plastics. Uma das muitas revistas técnicas especializadas em materiais metilicos. SN. ¢o T. Ver também ABNT — Associasdo Brasileira de Normas Técnicas. SN, ¢o T. Consultar também a revista “Cerdmica”, da Associagio Brasileira de Cerimi 7N. co T. Consultar também a revista “Meralurgia", da Associagio Brasileira de Metais. CARACTERISTICAS EXIGIDAS NOS MATERIAIS USADOS EM. PROBLEMAS 1-1. (a) Uma barra, com didmetro igual a 1,25 cm, suporta uma carga de 6.500 kgf. Qual a tensio que solicita a barra? (b) Se o material da barra da parte (a) possui um médulo de elasticiéade de 21,000 kgf/mm, qual a deformag3o que a barra sofre ao ser solicitada pela carga de 6500 kgf? Resposta: (a) 54 kgf/mm? (b) 0,25%. 1-2. A barra de Probl. 1-1 suporta uma carga maxima de 11.800 kgf, sem deformaco permanente, Qual o seu limite de 2 1-3. A barra do Probl. 1-1 rompe com uma carga de 11.400 kg. O seu didmetro final € 0,80 cm. (a) Qual a tensHio verdadeira de rupturz? (b) Qual a tenso convencional de ruptura? (©) Qual a deformagiio verdadeira na fratura? Resposta: (a) 231 kgf/mm? (b) 89 kgf/mm? (c) 96% 1-4, Uma barra de cluminio com 1,25 cm de diametro possui duas marcas que distam entre si de 50 mm. Os seguintes dados sao obtidos: Distancia entre as Carga, kg ean a 500 30,05 1800 50,09 2700 30,15 3600 548. (2) Construa a curva tensio-deformagao. (b) Qual o médulo de elasticidade da barra? 1-5. Uma liga de cobre possui um médulo de elasticidade de 11.000 kgf/mm*, um limite de escoamento de 33,6 kgf/mm? ¢ um limite de resisténcia de 35,7 kgf/mm? . (a) Qual a tensio necessaria para aumentar de 0,15 em 0 comprimento de uma de 3 m desta liga? (b) Que di- metro deve ter uma barra desta liga para que a mesma barra suporte uma carga de 2300 kgf sem deformacio permanente? Resposta: (a) 5,6 kgf/mm? (b) 0,91 cm de didmetro. 1-6. Uma barra de ago de segdo retangular 0,6 x 1,25 cm ¢ com 300 m de comprimento suporta uma carga longitudinal maxima de 7600 kgf, sem deformagdo permanente. (a) Qual © limite de elasticidade da barra? {b) Determine o comprimento da barra solicitada por esta carga, sabendo-se que o médulo de elasticidade do ago & 21.000 kgfjmm? 1-7, Uma liga de alurainio (6151) possui um médulo de elasticidade de 7000 kgf/mm? ¢ um limite de escoamento de 28 kgf/mm? (a) Qual a carga maxima que pode ser suportada por um fio de 0,275 em de diametro sem deformacao permanente? (b) Admitindo-se que um fio déste didmetro de 30 m de comprimento esteja sendo solicitado por uma carga de 44 kef, qual o aumento total no comprimento do mesmo? Resposta: (a) 167 kaf (b) 3,2 cm 1-8. O metal monel (70 Ni-30 Cu) possui um médulo de elasticidade de 18.000 kgf/mm* ¢ um limite de escoamento de 45,5 kef/mm* (a) Qual a carga méxima que pode ser suportada por uma batra com 1,8 cm de diametro sem deformagao permanente? (b) Admitindo-se como deformagio total maxima permissivel 0,25 cm para uma barra de 210 cm do diémetro acima, qual a carga maxima que pode ser aplicada 4 barra? 1-9, Uma barra de ago 1020 com 0,6 om de didmetro ¢ 1,80 m de comprimento suporta 16 PRINCIPIOS DE CIENCIA DOS MATERIAIS um péso de 500 kg. Qual a diferenga de deformagio total se esta barra for substituida por outra igual de monel 70-30? (Ver Problema 1-8). 1-10. Os seguintes dados foram obtidos durante o ensaio de trayéo de uma barra meta- lica com 1,25 cm de diametro. Carga, ket Deformagio, em/em 1800 1005 3580 0010 4680 0.015 5260 002 5720 0.03 6000 0.04 5900 0.06 000 0.08 2 om) 4900 Rompe (diémetro Calcule: (a) limite de resisténcie, (b) limite de escoamento convencional (0,2.% de deformagio permanente), (c) dutilidade (d) tensdes de ruptura (verdadeira e convencional). 1-IL. Uma carga de 450 kgf, quando aplicada a um fio de ago com 240 cm de compri- mento ¢ 0,16 cm? de area da segdo transversal, provoca uma deformagao clastica de 0,3 cm. Caleule (2) a tensfo, (b) a deformacao ¢ (c) o valor do médulo de Young. 1-12, Uma regra empirica diz que o limite de resisténcia (em kgf/mm?) ¢o aco é 0,35 da sua dureza Brinell. (a) Qual o érro (em porcentagem) que se comete ao se usar esta regra para os seis agos mostrados na Fig. 1-6? (b) e para os cinco ferros fundidos? 1-13, Qual é a condutividade térmica maxima que uma parede de 2,5 om de espessura pode ter para que o fluxo de calor no supere, sendo a temperatura do lado frio 200°C ¢ a do lado quente 520°C? i 1-14. Uma parede com 12,5 m de espessura possui uma cdndutividade térmica de 0,000495 cal-em/cm?-s°C. Qual é a perda de calor por hora, através desta parede, se a tem- peratura interna é de 53°C e a externa de 20°C? 1-15. O coeficiente médio de dilatagio térmica de uma barra de ago é de 13,5 x 10- cm/cm/*C. (a) Qual variagdo de temperatura é necessdria para produzir a mesma variacio linear que uma tensio de 63 kgf/mm”? (b) Qual a variagdo de volume que esta variacdo de temperatura produz? Resposta: (a) 220°C (b) 09% em volume 1-15. A calcita (calcéreo) possui um coeficiente médio de dilatagdo linear de 11,5 x x 10-6 em/em/"C entre 20°C e 200°C € de 13,5 x 107¢ cm/em/°C entre 20°C e 530°C. (a) Qual é c coeficiente médio de expansdo entre 200°C ¢ 530°C? (b) O volume a 200°C é 1,000 cm? Qual o volume a 20°C? 1-17, O calor especifico C, do ferro & 3,04 + 7,58 x 107? T + 0,60 x 10° T~? caly- mol’K. [a) Qual 8 a difusividade térmica do ferro a 20°C? (b) a 500°C? [Nota: Use 0s daéox da Fig. 1-8]; Resposta: (a) 0,23 cm?/s (b) 0,12 cm*/s 1-18. A resistividade de uma liga de aluminio ¢ 2,8 x 10° ohm-em. Qual deve ser a resisténcia de um fio de aluminio com 1 m de comprimento ¢ 0,01 cm? de area da secdio transversal? 1-19, (a) Se se usar um fio de cobre puro (resistividade = 1,7 x 10-° ohm-cm) con CARACTERISTICAS EXIGIOAS NDS MATERIAIS USADOS EM ENGENHARIA ” 0,1 cm de didmetro em um circuito elétrico transportando uma corrente de 10 A, quantos watts de calor so perdidos, por metro de fio? (b) Quantos watts mais sero perdides, se 0 fio de cobre for substituico por um de lato de mesmo tamanho iresistividade = 3,2 x x 10-§ okmem)? i Resposta: (a) 2,1 W (b) 1,9 W 1-20, Um fio de cobre nossui um diametro de 0,027 em. © cobre possui uma resistividade de 1,7 x 1076 ohm-em. Quantos metros de fio sio necessarics para se obter uma resisténcia de 3,0 ohm? __ 1.21. pesquisa no campo dos plasticos levou a um névo tipo de isolante. A rigides diclé- trica é de 38 V/y, na freciifncia de 60 ciclos por segundo. Que espessura deve ter uma ca- mada déste plastico para isolar um fio na tens&o de 18.500 V ¢ com um fator de seguranga de 13% __ 1-22, Aconstante die’étrica de uma tira de vidro € 5,1. Um capacitor, usando esta tira de vidro com 0,01 cm de espessura, deveria ter maior ou menor capacidade que um ontro se- melhante usando um plasiico com 0,005 em de espessura e de constante dielétrica igual a 2,1? LIGAGAO aumica ee Wee ee ees opemg|e2a|2 22/83 3)842/828] (_8]e. A fl 5 Rage 5 f ee = g 3 3 se) Mites = syrmSjon Slo Sige Sle. ale xe S = > = ii = ==] =i] 522) == < Ns Nb 5 1 Sjeosisatsagseauises Blas “ i ine |e | aa ee ee eet | g i 3 UME sj MN NN eal = 4 g B[-xgle< 3/8 esas x252)/|,Sleee| é = 8 e278 &| |saai8 és 8 PS g CAPITULO 2 Zz ala 8), 28 3 = 7 5 Pleossaalssajega see} Blow 2 a =) 2 as = ef) se ee 2 = 7 Ss a x 7 Pa Son 82285 e8le- 875 2 é LIGACAO QUIMICA ANNA 2] a) =e | 3) 2] 5a l= Y | i = a a] |Saa8oxR 2 i elias ta 3 2 5 = & C3 Le ! B/SSsSSs Sis} |oako uel F 1 FIPS STP S[PR el (sagisag| . i aA i ml Ble F8)n wo 5B! 8 3 eNO es Ve slRas| |xsNoes & s = SB) /eogeoa 4 o = = = ° aeblersiecg||_28lecs] 3 BSR Shs leaslsax] 2 A ESTRUTURA DOS ATOMOS § 5 7 i Bling Sess eed 8 e 2.1. INTRODUGAO. Até uma certa época, acreditava-se que o tomo era a menor unidade Ey Sdg/Sealeag| log gisce| § em que a matéria podia ser subdividida. Entretanto, posteriormente, tornou-se conhecido kal EI il 5 que 0 tomo & composto de unidades ainda menores. Atualmente, & possivel subdividir 0 ge8lss5ea3 i 3 4tomo ¢ explorar a sua estrutura interna. Se git slFosi is fslaex| 3 Nenhuma tentativa vai ser feita aqui de se considerar tédas as relagdes substémicas. ees i 2 Entretanto, é necessario considerar-se a estratura geral do atomo, a fim de se tomar conhe- SlesSleealeg3| ae |e * “ my S 2st|te Hs lor Nan S| Ba cimento dos fatéres que governam as propriedades dos materiais. Por exemplo, quando um 2 IAN R)\S2e8 ea] 3 material & tensionado, a forga de atragao entre os Atomos resiste 4 tenso ¢ controle a defor- 3 i PTs Ms es I magéo e a fragmentagio do material. A condutividade elétrica é conseqiiéncia da mobilidade = E/Ad6g/83 Ste 3 Panes NU 2 dos elétrons associados com os dtomos do material. A oxidagdo dos metais é causada pela bed Bem Se 3 difusio de dtomos metilicos ou de oxigénio através da superficie a fim de formar 0 éxido. Nn = = g Estes outros fendmenos so melhor explicados considerando-se um modélo de um dtomo. EIRP SISZ SPE Sl lee dos 5 ia tLe 2-2 NEUTRONS, PROTONS E ELETRONS. 0 atomo é composto por um niicleo cit a ess ele cundado por elétrons. O nitcleo ¢ composto por protons e néutrons. Os clétrons séio particulas z S/FS glh Fe carregadas e com 1/1836 da massa de um névtron. A carga do elétron é convencionada nega- 7 — = 3 tiva. Como os elé:rons sio componentes de todos os atomos, sua carga elétrica é freqiien- Elag Blan S/T 3 Sle 3s r-] temente comada como unidade. Em unidades fisicas, a carga do elétron vale 1,6 x 10-' 5 Bye" Sls 1 8 | coulombs. I pes | ee 5 (UIs iy Sabemos que um préton possui uma carga que é numéricamente igual 4 de elétron, 4 El 88s 25lasSlen8leehlegs 2 sé que de sinal oposto. Por exemplo, 0 dtomo de hidrogénio, o mais simples de todos, é com- : eM rie ih =) = posto de um proton ¢ de um elé:ron ¢ é elétricamente aeutro. O fato do néutron ser elétrica- : Re ex) UT J mente neutro, sugere que o mesmo pode ser considerado como uma combinag4o mais intima SJ-RB)-3 g-2aS8 sae | BSq|5ER de um prston e um elétron. Esta conclusao é suficiente para nossos propésitos, pois, foi mos- trado que a seguintereasio pode ocorrer com uma spropriada troca de energia: PTT il Pat PRINCIPIOS DE CIENCIA DOS MATERIAIS 2-3 MASSA ATOMICA E NUMERO ATOMICO. De uma forma simplificada, um atomo de um certo elemento pode ser considerado como sendo uma combinagao de protons néutrons em um niicleo circundado por elétrons. Como um elétron possui uma massa de apenas 0,0005 da massa de um préton ou de um néutron, a massa total de um dtomo é apro- ximadamente proporcional ao atimero de préton e néutrons no nucleo. Essa massa de um elemento ¢ denominada de massa atémica. As massas atémicas variam desde 1,008 para o hidrogénio, que tem apenas um proton, até cérca de 250 para alguns dos elementos instaveis transurfnicos (Fig. 2-1 ¢ Apéndice D), A massa atémica é expressa em gramas por dtomo- ‘-grama. Um Atomo-grama sempre contém 6,02 x 10? atomos (Numero de Avogadro). Entio, massa_atémica Massa do at —— assa do tomo = “Tass aN expresso em g g/itomo-grama #tomo tomos/dtomo-grama Surpreendentemente, com excesio da densidade e do calor especifico, o fator massa at6mica exerce uma influéncia relativamente pequena sobre as propriedades dos materiais, descritos no capitulo anterior. O mimero de elétrons que circundam o niicleo-de um dtomo neutro é mais significativo. Esse niimero, denominado mimero atémico, é igual ao némezo de prétons no niicleo. Cada elemento é singular com respeito ao nismero de seus elétrons € prétons. Q apéndice D relaciona os elementos desde o hidrogenio até os transuranicos. Sio os elétrons, particularmente os mais externos que afetam a maior parte das propriedades de interésse em engeaharia: éles determinam as propriedades quimicas; estabelecem a natureza da ligago interatomica e, portanto, os caracteristicos mecénicos e de resisténcia; éles con- trolam o tamanho do dtomo e afetam a condutividade elétrica dos metais e, ainda, influenciam as caracteristicas épticas. Conseqiientemente, prenderemos nossa afengio a distribuigio e aos niveis de energia dos elétrons ao redor do niicleo do tomo. ! © 2.4 NUMEROS QUANTICOS. Ha um tipo de comportamento entre os elementos, que ja foi reconhecido ha muito tempo e que deit origem é tabela periddica (Fig. 2-1). Esta tabela € muito iil para os quimicos, porque os elementos que pertencem ao mesmo grupo tém comportamento quimico semelhante. Essa petiodicidade é também significativa quando se consideram as propriedades elétricas, magnéticas e mecdnicas dos materiais. A tabela perié- dica é arranjada do’ mesmo modo com que vio se dispondo os elétrons adicionais dos ele- mentos, conforme se aumenta o niimero atémico. Os elétrons que circundam 0 micleo do étomo no tém todos o mesmo nivel energético; 6, portanto, conveniente dividir os elétrons em niveis ou grupos com propriedades energé- ticas diferentes. O primeito nivel qudntico, o de menor energia, contém um maximo de dois elétrons. O segundo contém um maximo de 8; 0 terceiro, 18 € 0 quarto, 32. Portanto, o niimero maximo de elétrons em um dado nivel é 2n, onde » € 0 chamadc niimero quantico prin- cipal do nivel. Embora o conceito de nivel quantico seja muito conveniente ¢ sera usado freqiiente- mente nes partes que se seguem, na verdade, éle implica em uma simplificago, pois se admite que todos os elétrons, dentro de um determinado nivel, sejam equivalentes. Na realidade, ales nao so equivalentes ¢ um tratamento mais completo é necessirio para se entender as propriedades dos materiais. Este tratamento é possivel sem explicagdes rigorosas e pode ser feito através do chamado principio da excluséo de Pauli: apenas dois elétrors podem ter © Sogées precedidas por um ponto, devem ser citadas a critério do professor (Ver Preticio). LiGacAo aulanica a © (a) by Probabilidade—= Fig. 2-2. Hidrogénio, (a) Esquema simplificado mostrando um prétoa no micleo ¢ vm elétron no primeiro nivel quantico. (b) Probabilidade de se encontrar o elétron em fungao da distancia ao micieo. Embora a dis- tancia do cétron ao préton ado seja fixa, existe uma certa distancia para a qual a probabilidade & mi- xima. Com excerio dos momentos magnéticos que sdo opostos, os dois elétronsdo hélio possuer: energias € distribuigo de probabilidades semelhantes és do tinico elétron do hidrogénio. ‘0s mesmos niimeros quénticos otbitais, e mesmo éstes dois ndo sdo completamente idénticos pois exibem comportamentos magnéticos contririos, isto & so de “spins” opostos: Este principio afirma que ha regras especificas governando o nivel energético ¢ a provavel loca- lizagao des elétrons ao redor do micleo. Por exemplo, 0 inico elétron do atomo de hidrogénio esté normalmente no nivel mais baixo de energia, o que resulta que a mais provavel posi¢ao do elétron é a indicada na Fig 2-2. Os dois elétrons do étomo de hélio completam o primeiro nivel quantico. Por causa disso, éste elemento é muito estivel nao se combina com outros elementos. Ainda mais, para se remover um dos elétrons do hélio é necessaria uma energia consideravel. jade—> Probabili i Raio——— (a) oo Fig. 2-3. Litio. (a) Este esquema simplificado mostra como o segundo nivel quantico comega, quando © primeiro fica totalmente preenchido com dois elétrons. (b) Probabilidade de se encontrar um elétron em fungdo da distancia ao nicleo. ___ Olitio tem nimero aSmico trés. Seu terceiro elétron deve ir pare o segundo nivel quan- tico, com a provavel localizacao mostrada na Fig. 2-3. Em seguida, vem o berilio, boro, car- bono, nitrogénio, oxigénio, fluor € nednio, cada um dos quais adiciona mais unr elétron a0 segundo nivel quantico. Entretanto, como j4 observamos préviamente, apenas dois elé trons podem ter as mesmas caracteristicas de energia e, portanto, a mesma localiza¢ao pro- vavel. Conseqiientemente, surgem novas localizagdes possiveis e estabelecem-se 0s cha- mados subniveis. A Fig. 2-4 mostra a distribuigio dos oito elttrons de valencia do neénio. (Os dois elétrons do primeiro nivel nao so elétrons de valéncia). Esta distribuigdo de oito clétrons em térno do miicleo, sempre que ocorre, € muito estavel. 2 PRINCIPIOS CE CIENCIA DOS MATERIAIS i (b Fig. 2-4. Nednio. Apenas os elétrons de valéncia esto mostrados. (a) Neste esquema simplificado, 0 segundo nivel quantico esta totalmente preenchida. (b) A distribuicdo de protebilidade é esférica apenas para dois dos oito elétrons de valéncia. Os trés pares restantes de elétrons estdo em subniveis que possuem uma maio- probabilidade ao longo dos trés eixos. Este arranjo eletrénico é muito estivel. © 2.5 NOTAGAO ELETRONICA. A verifizagao experimental dos grupamentos ¢ subgru- pamentos eletrdnicos foi feita inicialmente através de dados de espetroscopia, dos quais se concluiu que é necessdrio um quantum de energia para mover o eléiron de um certo nivel para um outro de maior energia, Inversamente, um quantum de energia (um féton) é libertado quando o elétron cai de um nivel de maior energia para outro de menor energia. A energia E do foton pode ser calculada diretamente, conhecendo-se 0 comprimento de onda 2 do foton, através da equacdo: he = onde h é a constante de Planck ec é a velocidade da luz A freqtiéncia da radiagacé ¢/4 ou ¥. ‘Nas discussdes das primeiras experiéncias espetroscépicas, foi incorporada a notagio espetrografica. Assim sendo, como as linhas espetrais mais nitidas tinham como origem a transigéo de um clétron para o subnivel mais baixo de um determinado nivel quintico, notagio! s passou a ser usada para os elétrons de cada nivel que pertencessem a &ste sub- nivel mais baixo. Conseqiientemente, 1s? indica que dois elétrons (de “spins” opostos) esto na posigo de baixa energia do primeiro nivel eletrdnico (isto é, o nivel K). Andlogamente, 2s? indica que dois elétrons estio colocados na posigzo de menor energia do segundo nivel (nivel L). O nimero maximo de elétrons que pode existir em um subnivel s é éois. Depois do nivel K, que apenas possui um subnivel 5, todos os demais niveis tém dois ou mais subniveis que sio designados p, d ¢ f? O mimero maximo de elétrons nestes sub- niveis é respectivamente, 6, 10°, 14. Tomemos, por exemplo, o nednio, que apresenta 0 nivel Leompleto. Isto corresponde a seguinte notagio eletrénica: 1 s? 2s? 2p®, que indica que ha dois elétrons no nivel K e oito elétrons no segundo nivel (com dois no seu subnivel mais baixo e seis no subnivel seguinte, de maior energia). A extenséo déste esquema de notacao, indicado acima, pode ser obtida através da Tabela 2-1. E hy, (23) © Exemplo 2-1. fecro tem 26 protons. Dois elétrons vao para o subnivel 4s antes do subnivel 3d co- 2N, do T. — Esta letra s é a primeira letra da palavra inglésa sharp (aitido) 2N. do T. Do inglés: p = “principal”; d = “éiffuse”; f = “fundamental”. i 4 a 2 ucag&o auimica © Tabela 2-1 ‘Niimeros Quiinticos Eletrdnices 23 Eeato /X@=5|i@=5| ¥@=H ] N@~d | 0-5 | Pano [m= |simbolo Nimero| ts | 2p | Z| a @ | oe op wy |e | EME N INE eA UN ENNMNE NNT | aN MI Sen MSN aN eN | MMe enn ed SMM SAN eA OMEN MAA alllel MeN Stale | et Mts | RST SUNTAN TE ace Maa MM Hal | as Hee eH Balen Me Meg | Pa ee NL A eM aa | MMs Hed Mal | eM zat em ed Meha | PsA AH MAM Aa | UTE NCCES i SHAMIM a Aad ead a ae a SAMMI NM eA MeN ellie SM EMME N eA MEME ll lia SMM AMMEN eM ete MEH SMM AMMEN eM Medel la sal MAM SAAN Mele ea SAMA AMAe AeA Made lalla SelM AT Nee Mee : NMA INNeNeNee Hein SAM Mel aie deal ils a AM eM ede Ne Ney aa t= SEMI IEE EEN ENE SERENE NIE Ea MENACHEM NEL ET EIEN EAN ENR eH MAMMA Made Male Noo alk ame MNNN A MNENANENPaNIANG 7 Sa AMMA eae ay el nal lal 2 aa SMA N eA Hall ell=ailllehteH tet MN es eal AN SAMA N eA at} ella ate H 3) eal MAMMA EN eA Med eH =2h eed est nt ral aHMMA HN ead A ed elh=a| aye edn SMM eM eleloi shel ei A ran EMA Sn EE ean | es MAMMA N eA ad edlea| = eh eH NI al MAMTA sae A MSH ellos tii (continua) 28 © Tabla 21 Niimeros Quiinticos EletrOnicos PRINGIPIOS DE CIENCIA DOS MATERIAIS | Simbolo Nimero Blemento Kiw=)] Lm =3] u@=s) a P@=3 [Qm=7 Ag ca In 8a 8b Te I Xe 7 58 10 10 10 10 10 10 10 10 7 Ba Yb w 2 6 2 5 2 6 2 8 2 6 2 6 2 6 2 6 2 6 2 5 2 6 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 10 0 0 Th 6 6 6 6 6 6 6 € 6 6 6 6 6 6 6 6 6 5 5 6 8 6 6 6 6 | 2 3 4 5 5 5 6 6 8 6 6 6 6 6 6 3 6 LsaGao auimica 25 megar a ser preenchido. Mostre e-notagdo eletrénica para um atomo neutro de ferro e para 08 ions ferroso ¢ férrico. Resposta: Fe 1s72s?2p®3s? ¢ 3p°sd®4s? Fe?* 1s72s?2p835°3p°3d° Fe* 1s%2s?2p3s?3p83a5 A seqiiéncia progressiva dos niveis torna-se clara, quando se examina a Tabela 2-1. Deve ser dado énfase & ocorréncia de uma superposigao nos niveis de energia de subniveis sucessivos ¢ também de niveis quinticos suezssivos. Em virtude desta superposicao, grupos quanticos de mimeros mais elevados podem receber elétrons em seus subniveis de menor energia antes dos niveis ou subniveis anteriores estarem completamente preenchidos, isto porque os elé trons, seguindo o comportamento geral, sio mais estaveis quando possuem menor energia. Assim, ha grupos de elementos de transico, como a série escndio — niquel (ver Tabela 2-1) nos quais o nivel mais externo ou de valéncia fica parcialmente preenchido antes que dez clétrons estejam presentes no subnivel 3d. A mesma situagio ocorre 20 subnivel 4d na série itrio-paladio, Ainda mais, est claro que na série das terras-raras, hé uma adico sucessiva de elétrons ao subnivel 4f, apesar de ja se ter oito ou mais elétrons no nivel O. Finalmente, a adigao de elétrons Sf comesa uina segunda série de terras-raras que inclui o uranio ¢ 0s elementos vizinhos. ATRACOES INTERATOMICAS 2-6 INTRODUGAO. Como a maioria dos materiais usados pelo engenheiro é sélida ou liquida, & desejavel conecer-se as atragdes que mantém os atomos unidos nesses estados. A importincia destas atragSes pode ser ilustrada através de um pedago de fio de cobre, 0 qual contém, em cada grama, (602 x 10*3)/63,34 atomos. Nas condigGes usuais, as forgas de atragio que mantém os dtomos unidos so fortes. Se tal nao ocorresse, os atomos seriam facilmente separados, o metal se deformaria sob pequenas solicitagdes e as vibragées até- micas associadas @ energia térmica provocariam a gaseificacdo dos atomos em temperaturas baixas. Assim, como no caso déste fio, as propriedades de qualquer material dependem das forcas interatémicas presentes. As atrages interatémicas so conseqliéncia da estrutura eletrénica dos étomos. Os gases nobres (inertes ou quimicamente inativos), tais como He, Ne, A, etc., apresentam apenas uma pequena atraco pelos cutros Atomos porque éles tém um erranjo muito estivel de vito elé- trons (2 para o He) na sua camada mais externa (camada de valéncia, a0 mesmo tempo que sdo elétricamente neutros, pois possuem igual niimero de protons ¢ de elétrons. A maior parte dos outros elementos, ao contrario dos gases nobres, deve adquirir a configuragdo altamente estavel de oito elétrons na camada mais externa, através de um dos seguintes mecanismos: (1) recebendo elétrons (2) perdendo elétrons, ou (3) compartilhando elétrons. Os dois pri- meiros processos produzem ions negativos e positives e, portanto, implicam na existéncia de forgas coulombianas de atragio entre ions de cargas opostas. O terceiro processo Sbvia- mente requer uma intima associagdo entre os étomos a fim de que o compartithamento dos elétrons seja eficaz. Quando aplicaveis, os trés processos anteriormente citados produzem ligagées fortes. Energias de aproximadamente 100 kcal/mol (is.'0 € 100.000 cal/6,02 x 107% ligagGes) so requeridas para romper estas ligagdes. Outras ligacdes mais fracas ou secun- darias (menos que 10 kcal/mol) esto sempre presentes, mas somente ganham importincia quando sio as timicas presentes. i 2-7 LIGAGAO IONICA. A ligagdo interatémica que é mais facil de ser descrita a ligagdo iénica, que resulta da atragdo mittua entre ions positives e negativos. Atomos de elementos Ls PRINCIPIOS DE CIENCIA DOS MaTERIAIS como sédio c cdlcio, com um ¢ dois elétrons na camada de valencia, respectivamente, perdem cilmente éstes elétrons externos ¢ se tornam ions positivos. Por outro lado, os Atomos de cloro ¢ de oxigénio facilmente recebem um ou dois elétrons na camada mais externa, respec- tivamente, de modo a completar oito elétrons nesta camada. Como sempre ha uma atracdo coulombiana entre fons positivos ¢ negativos, aparece uma ligagio entre fons vizinhos de carga oposta (Fig. 2-5). ‘Nossa primeira inclinagio é esperar que os ions origindrios do sédio e do cloro se jun- tem aos pares, mas um momento ce reflexio torna duvidosa esta possibilidade. De fato, se isto acontecesse, haveria um: atrago muito grande entre os ions que formavam o par, mas a atracdc entre os varios pares seria pequena. Como conseqiiéncia, o sélido NaCl nao poderia existir tal como nés 0 conhecemos. Oy Fig. 2-5. lonizagdo. A transferéncia de elé:rons na formacdo do NaC! produz camedas externas estaveis Os ions acgativos ¢ positives que se formam se atraem miituamente através de forgas coulombianas, formando a ligagao iénica. Realmente, uma carga negativa é atraida por tddas as cargas positivas e uma carga po- sitiva por tédas as negativas. Conseqiientemente, os fons de sédio ficam envolvidos por ions cloreto, ¢ os ions cloreto por ions sédio, sendo a atragao igual em tddas as diregdes. (Fig, 2-6). © principal requisito que um material iénico sempre satisfaz é a neutralidade elé- ttica, isto é, 0 niimero de cargas positivas ¢ sempre igual ao numero de cargas negativas. Assim sendo, o cloreto de sédio tem a composi¢ao NaCl. O cloreto de magnésio corresponde 4 composicéo MgCl2, porque o atomo de magnésio fornece dois elétrons de sua camada de valéncia, ao passo que cada étomo de cloro s6 pode aceitar um. 28 LIGACAO COVALENTE. Outra ligacio forte é a ligagao covalente. Como ja foi dito anteriormente, a estrutura eletrénica de um atomo é relativamente estavel se 0 mesmo con- tém oito elétrons na camada de valéncia (uma excec&o € a primeira camada ou camada K, que é estével com dois elétrons). Muitas vézes, um 4tomo pode adquirir éstes oito elétrons LGAGAO aUiMICA a Fig. 2-6, Estrutura tridimensional do clo- reto de sédio. O cation sédioé igualmente atraido por todes os seis anions Cl” que cercam. (Compare com a Fig. 3-10}. compartilhando elétrons com um atomo adjacente. O exemplo mais simples déste compar- tilhamento é o encontrado na molécula do hidrogénio, Hz . Como indicado esquematicamente ra Fig. 2-7 (a ¢ b), os dois elétrons se localizam entre os prétons ¢, assim, formam a ligagao eatre os dois dtomos de hidrogénio. Um tanto mais especificamente, a Fig. 2-7 (c) mostra a distribuigao probabilistica para os elétrons. Por conseguinte, a ligagao covalente pode ser considerada como uma igacdo de elétrons carregados negativamente entre niicleos positivos. H oe @ (b) {e) Fig. 2-7. Ligagao covalente do hidrogéaio. As partes (a) e (b) séo representagdes simplificadas. A parte (©) mostra a distribuicdo de probabilidades para os do's elétrons que formam « ligagio covalente na molécula de hidrogénic. brsoa ba,io a4 o mee booed (a) [oO Fig. 2-8. Moléculas diatSmicas. Arranjo esquemitico dos elétrons da camada mais externa para: (a) Os () Nz, (©) Ha, (@) Fa; (€) HF. Observar (1) que as distancias interatémicas menores sio produzidas pelo compartilhamento de um maior iimero de elétroas e (2) 0 desbalanceamento de cargas 10 HF. 23 PRINGIPIOS OE CIENCIA DOS WATERIAIS LIGAGAG auIMIcA Outras moléculas diatémicas esto mostradas esquematicamente na Fig. 2-8. Deve-se Tabela 2-2 observar que os Atomos ligados por covaléncia nfo sio necessariamente iguais; por exemplo, a molécula HF. Também se nota que a distancia interatémica diminui quando mais de um par de elétrons é compartilhado. t | Estrutura e Estabilidade Térmica de Moléculas Simples Combinagées poliatémicas so igualmente comuns. O metano (Fig. 2-9) ¢ um exem- PAE Estrutura Ponto de | Ponto de ebu- plo. Neste caso, 0 dtomo de carbono é circundado por quatro dtomos de hidrogénio, de covalente - fusao, °C ligdo, °C acérdo com a relagdo He HH —259 252 an Cle 102 | 34 f iN nN H Oz —218 —183 Embora a Fig 2-9(b) mostre um modélo de “esferas rigidas”, com uma superficie externa definida dos étomos, o leitor deve compreender que as superficies dos dtomos nio so pre- I cisas (cf. Fig. 2-70). l Ne —209 —195 CHs 183 —161 CFs 185 —128 a CCl 2c: —23 76 rf | &) i o il | Fig. 2-9. Modelos do metano, CH,.. (a) Representacio bidimensional. (b) Modélo tridimensional de es- H feras rigidas. (c) Ligagdes covalent. NBs —i8 —33 Que a ligagdo covalente implica em intensas forgas de atragao entre os étomos ¢ cvi- denciado no diamante, que é o mais duro material encontrado na natureza e que é inteiramente CH a2 —88 constituide por carbono. Cada atomo de carbono tem quatro elétzons na camada de va- Iéncia, que sio compartilhados com quatro dtomos adjacentes, para formar um reticulado | tridimensional inteiramente ligado por pares covalentes (Fig. 2-10). A forca da ligagéo cova- Iente no diamante é demonstrada nao sé pela sua clevada dureza como também pela tempe- Osis mea —104 ratura extremamente clevada (> 3300°C) a que pode ser aquecido antes da destruigao da estrutura pela energia térmica. Embora as ligagdes covalentes sejam sempre fortes, nem todos os materiais com ligagdes covalentes apresentem pontos de fusdo e ebulligao clevados ou alta dureza. O metano, por exemplo, tem muitas ligagdes covalentes (Fig. 2-9a), mas a molécula resultante tem apenas CeHaCl —160 4 uma pequend atracdo pelas moléculas adjacentes, porque camadas eletrénicas externas ja estiio preenchidas. Portanto a molécula do metano, assim como os atomos dos gases nobres, atuam quase que independentemente das outras moléculas. Conseqiientemente, 0 metano 5 no se ccndensa até que a sua temperatura caia a -161°C. A Tabela 2-2 mostra as tempera- : turas de fusdo e de ebulicdo de outras moléculas ligadas por covaléncia, com fortes atragdes intramoleculares mas com fracas atragdes intermoleculares. - 30 PRINGIPIOS DE CIENCIA 20S MATERIAS illic) c CMe Glen eiic | EINK) c @ o Fig. 2-10. Estrutura do diamante. A forga da ligacfo covalente explica a grande dureza do diamante. (a) Representagio bidimensional. (b) Representacdo tridimensional. i 2-9 LIGACAO METALICA. Ao lado das ligages iénicas e covalentes, um terceiro tipo de forga interatémica forte, a ligagdo metdlica, é capaz de manter atomos unidos. Infortuna- damente, um modélo de ligagio metilica nao é to facil de ser construido como aquéles da idnica (Fig. 2-5) ¢ da covalente (Fig. 2-8). Entretanto, uma visio simplificada é suficiente para os nossos propésitos. Se um atomo apresenta apenas uns poucos elétrons de valéncia, éstes podem ser removidos com relativa facilidade, enquanto que os demais eléirons sio firmemente ligados ao miicleo. Isto, com efeito, origina uma estrutura formada por ions positivos e elétrons “livres” (Fig. 2-11). Os fons positivos so constituidos pelo niicleo e pelos elétrons que nfo pertencem 4 camada de valéacia. Como os elétrons de valéncia podem se mover livremente dentro da estrutura metalica, éles formam o que freqiientemente & deno- minado de “gas eletrénico” ou “nuvem eletrénica”. Como mostrado na Fig. 2-11, 0s ions i ® © ® Fig. 2-11. Ligagdo metilica. Representayio esque- @&) TF matica dos ‘elétrons livres (“nuvem” cletrénica) em uma estrutura de iens positives. A ligagdo me- talica pode ser consicerada como uma atracio @&) ® a entre as ions positives ¢ os elétrons livres (exem- mt plo: cobre positivos ¢ a “nuvem” eletrénica negativa originam férgas de atragdo que ligam os étomos do metal entre si Embora esta descrigdo seja muito simplificada, ela permite uma explicaglo itil para muitas propriedades dos metais, Por exemplo, o arrazjo cristalino dos atomos em um metal sblido (ver Seg4o 3-11) ajuda a determinar as propriedades mecénicas do metal. Os elétrons livres dio ao metal sua condutividade elétrica elevada caracteristica, pois podem se mover livremenie sob agao de um campo elétrico. A condutividade térmica elevada dos metais esta LGACAO auimica a também associada 4 mobilidadle dos elétrons de valéncia, que podem transferir energia tér- mica de um nivel de alta temperatura para outro de baixa. Um quarto efeito da ligago me- tdlica é que os elétrons I:ves do metal absorvem a energia luminosa, dai serem todos os metais opacos. 2:10 COMBINAGAO DOS VARIOS TIPOS DE LIGACAO. Embora tenhamos tratado isoladamente de cada um dos tipos de ligacdo, muitos materiais podem ser ligados de mais de uma maneira. Por exemplo, oselétrons de valencia do HCl podem se distribuir em qualquer das duas configurages mostradas na Fig. 2-12. Como mostrado na Fig. 2-13, 0 Hz tem trés alternativas para a distribuicao de seus elétrous de valéncia, pois sic possiveis dois arranjos idnicos ¢ um covalente. A experiéncia mostrou que cada uma destas trés modificazdes real- mente existe na molécula Hz. Embora os elétrons possam ressoar livremente entre éstes (A) Ténico (B) Covalente Fig. 2-12. Duas estruturas possiveis do HCI (simplificado). A escolta depende do meio, Par exemplo, a forma (a) predomina em uma solugdo liquida, (b) no estado gesoso. é * (a) ) © Fig. 2-13, Estruturas possiveis do hidrogénio. As reas sombreades indicam a distribuigo de probabi- lidades para os dois elétrons em cada um dos trés arranjos. As parces (a) ¢ (¢) sfio equivalentes ¢ inicas; (b)é covalente. A forma mais usual &a covalente, que é 2 do gis hidrogénio. Entretanto, (a) e (c) podem existir embora por periodos muito curtos de tempo. trés arranjos, no hidrogénio, usualmente a distribuigio é 0 covalente. Como resultado, dois 4tomos de hidrogénio atuam como uma molécula diatémica. E também possivel encontrar mais de um tipo de ligago em um dado material. O sul- fato de célcio (CaSO,) é um exemplo, melhor ilustrado pela reagio: FIO! SIG Ca+ .0:8:0° > Ca% + 70:8:0: 0 stole) (2-8) Para o grupo SO,, faltam apenas dois elétrons para preencaer a camada de valéncia de cada um dos seus cinco atomos, enquanto que o cilcio tem dois eléirons que podem ser facilmente removides e transferidos para o SO,. Como resultado, origina-se uma ligagio idnica entre 08 ions Ca?* e SOZ~. Por outro lado, no ion sulfato, os atomos de oxigénio se unem a0 en- x@fre por covaléncia. 2 PRINCIPIOS DE CIENCIA DOS MATERIAS 2-11 FORGAS DE VAN DER WAALS. Os trés tipos de ligagdo considerados anteriormente correspondem, todos, a ligagdes fortes. Ligagdes secundarias, mais fracas, que também con- tribuem para a atragao interatémica, sio agrupadas aqui sob o nome genérico de fércas de Van der Weals, embora realmente existam muitos mecanismos diferentes envolvidos. Se no fosse pelo fato de, muitas vézes, serem as tinicas fOrcas que atuam, as forcas de Van der Waals poderiam ser desprezadas. Em um gas nobre como o hélio, a camada mais externa, que tem dois elétrons, est4 com- pleta, e 05 outros gases nobres, como o nednio ¢ 0 argénio, tém todos oito elétrons na altima ‘camada. Nestas situagées de estabilidade, nenhum dos tipos de ligarao jé estudados pode ser efetivo, ja que, tanto a ligagdc iénica como a metalica e a covalente requerem ajusiamentos nos elétrons de valéncia. Como conseqliéncia, os atomos déstes gases nobres tém pouca atra- 40 uns pelos outros e, com ratas excegSes, permanecem monoatémicos nas temperaturas ordinarias. Sémente em temperaturas extremamente baixas, quando as vibragGes térmicas esto drasticamente reduzidas, ¢ que éstes gases se condensam (Tabela 2-3). E justamente esta condensacdo que torna evidente a existéncia de ligacdes fracas que tendem a manter os Atomos unidos. Uma evidéncia similar, a favor destas atragdes fracas, é encontrada nas substancias consideradas na Tabela 2-2. Como ja foi assinalado anteriormente, nestes gases, os 4tomos componentes adquirem uma configuracao estivel através de ligagées covalentes dentro da molécula. A condensagio destas moléculas simpies ocorre s6mente quando a agitacdo t mica for suficientemente reduzida, de modo a permitir que as forgas de Van.der Waals se tornem efetivas. Tabela 2-3 Temperaturas de Fusio e Ebulicéo dos Gases Nobres Ponto Ponto | | | | G4 | de fusio, °C | de ebuli¢ao, °C Polarizagao molecular. A maior parte das forgas de atragao de Van der Waals se origina de dipolas elétricos, 0 que pode ser ilustrado com simplicidade em uma molécula como 0 fluoreto de hidroginio (Fig, 2-14a). Ha dois elé:rons disponiveis para a camada K do hidro- genio e oito para a camada mais externa Lo fhior. Entretanto, dentro da molécula hé um desbalanceamento elétrico, porque o par eletrénico compartilhado circunda mais eficaz- mente 0 micleo positivo do flior do que o micleo do hidrogénio. Conseqiientemente, 0 centro de carga positiva nio coincide com o centro de carga negativa e tem-se a formagao de um dipolo ektrico (Fig. 2-14). Um dipolo elétrico é formado em téda molécula assimétrica, tornando possivel um me- canismo de ligagao entre as moléculas. A Fig. 2-14(c) ilustra as atragées polares entre mo- Iéoulas adjacentes. A polarizagdo molecular do HF é to pronunciada, que possui um dos mais elevados ponto de ebulig&o de moléculas diatémicas (19,4°C). Moléculas poliatémicas UgAcAo avimica 33 podem desenvolver polarizacies ainda mais pronunciadas, porque existem possibilidades adicionais de desbalanceamento elétrico interno. Efeitos de dispersac. Em tédas as moléculas simétricas e nos atomos de todos os gases nobres, uma polatizacZo momentnea écorre como resultado do movimento do acaso dos @ Centro das cargas positives © Centro das cargas negativas @ ta) (b) Fig. 2-14. Polarizacdo. (a) Nas molécalas assimétricas como o HF, ocorre um desbalanceamento elétrico denominaco polarizacao. (b) Este desbalanceamento produz um dipolo elétrco com uma extremidade positiva e outra negativa. () Os dipolos resultantes originam forgas de atragdo secundérias entre as moléculas. A extremidade positiva de um dipolo é atraida pela negativa de outro. elétrons, (Fig. 2-15). Esta polarizagao flutuante ao acaso tem sido denominada de efeito de dispersio. As atragSes interatdmicas resultantes so fracas, mas nfo despreziveis, como é evidenciado pelo fato de moléculas simétricas e gases monoatémicos se condensarem em temperaturas suficientemente baixas. Tabela 2-4 Temperaturas de Ebulicdo versus Massas Moleculares Massa) Temperat Gas | molecular,| 4. ctoticay @ | ea de ebuligao, ° | He 2,016 252 | Ne 28,016 —195 Oz 32,0000 —183 Cle 70,91 — 34 CH 16,04 —161 CFs 88,01 —128 CCl | 153,83 + 76 He 4,003 —268,9 Ne 20,18 —245,9 A 39,94 —185,7 Ponte de hidrogénic. Um terceiro tipo de ligacdo fraca-é a ponte de hidrogénio. A exis- téncia dessa ligacdo provoca a atragiio entre moléculas HO, sendo responsavel pelo alto ponto de ebulic&o e clevado calor de vaporizacdo da agua. A ponte de hidrogénio é, na ver- dade, um caso especial de polarizagéo molecular. O pequeno miicleo do hidrogénio, que é ea PRINCIPIOS DE CIENCIA DOS MATERIAIS um préton, é atraido por elétrons no compartilhados de uma molécula H:0 préxima, formando-se desta forma, a liga¢do entre as duas moléculas (Fig. 2-16). A ronte de hidrogénio nao € limitada a agua ou ao gélo: pode ser encontrada em outras moléculas como por exemplo, de aménia (NH;). ——\ Distribuigao @ —) ctetrdnica a) cb) @ Centos de carga a, Fig. 2-15. Polarizacdo eletrénica (efeitos de disper- sto), Forma-se momentiineamente um dipolo elé~ trico em am dtomo originando uma atracao fraca entre éste étomo € os adjacentes. (a) Distribuicao eletrénice uniforme. (b) Distribuigio momenté- = (A) Etano, C,H, (B) Etileno, C,H, Fig. 2.21. Comprimentos de ligagdes covalentes. A distancia interatOmica extre os tomas de carbon0 se Teduz quando aumenta o nimero de elétrons compartilhados por covaléncia. Alem disse, a energia necesséria para a separacio aumenta, © nimero de vizinhos mais préximos que um dado itomo tem. Por exemplo, na Fig. 29, © niimero de coordenagao do carbono é quatro. Por outro lado, como cada bidrogénio tem apenas um vizinho, seu numero de coordenaso é apenas um. Dois fatores governam o nimero de coordenagao de um atomo. O primeiro é a cova- léncia, Especificamente, o mimero de ligagdes covalentes em torno de um atomo é depen- dente do mimero de seus elétrons de valéncia. Assim os halogénios, que pertencem a0 Grupo VII da tabela periddica (Fig. 2-1), formam apenas uma ligagao e, portanto, tém nimero de coordenacio igual a um. Os membros da familia do oxigénio, no Grupo VI, siio mantidos ucagao auiMica fe em uma molécula por duas ligagdes e normalmente tém um numero maximo de coozdenacdo de dois (Obviamente, 0 oxigénio pode estar coordenado a apenas um outro dtomo através de uma ligacdo dupla). Os elementos da familia do nitrogénio tm um mimero de coorde- nagio maximo de trés, jé que pertencem ao Grupo V. Finalmente, carbone e silicio, no Grupo 1V, formam quatro ligacdes com outros atomos e tm um niimero de coordenacao maximo de quatro (Fig. 2-10b). i ) ) Fig. 2-22. Nimeros de coordenagao, (a) Um maximo de seis ions oxigénio (0?~) pode circundar cada ion magnésio (Mg?*). (b) O namero ée coordenacio do Si** entre ©" & de apenas quatro, pois a razio entre os raios iénicos é inferior a 0,414 (Tabela 2-5), O segundo fator que afeta o mimero de coordenagio é o empacotamento atémico. Como ha libertayao de energia quando dtomos ou ions so aproximados (até que as disténcias de equilibrio sejam atingidas), um material se torna mais estavel se os 4tomos forem arranjados de uma forma mais fechada ¢ as distancias interatémicas forem reduzidas. Consideremos um ion magnésio, Mg?*, com um raio de 0,78 A. E possivel colocar até seis ions oxigénio 07>, com raios de 1,32 A, em té:no de cada cition (Fig. 2-22a), Nesie caso, a relagio entre 08 raios & 0,78/1,32 ou 0,59. Essa relagdo € menor para os ions Si** ¢ O? , 0,39/1,32 ou 0,3 (Tabela 2-5). Consegtientemente, é impossivel na silica, SiOz, que cada ion silicio tenha Tabela 2-5 Raios Atémicos ¢ Idnicos selecionados (Ver 0 Apéndice D para outros vel6res) ‘Atomos metilicos fons Ligagdes covalenies Elemento NC* aio, A_—Valéncia. ~NC Rao, A Ligages —Distncia/2, A Carbone F é os 7 2 0,66 3 0,60 Oxigénio Pil 6 1,32 2 09s Sodio 8 rh eH Kass Magnésio 12 2 eH hota Silicio a A KO 4 1iT Cloro ti 6 181 1 099 Ferro aaa at 6 03 ne Nae 3¢ 6 067 » Cobre a MM aL7e i é 096 *Nimero de coordenagao * Raio = 041 quadro NC = 6, 40 Tabela 2-6 Coordenacdo Atomic PRINCIPIOS DE CIENCIA DOS MATERIAIS us Razdo Entre os Raios Iénicos Nimero de coord Queciente minimo =otre 08 raios Iénicos 12 0.155 0,225 0414 0,732 1,00 um nimero de coordenagdo superio O?* se repeliriam mituamente e as 1,71 A. Em um metal puro, onde todo atingir 12. As regras geométricas que gove Tabela 2-6. Como os ions silo defor grande tamanho circunda um on ved definidas. Geralmente, 6 niimero de nima para o mimero de coordenacao Mg?* entre O?~ com NC = 6, pois a de coordenagdo para quatro, reduziri. contida no material. Excegdes ds regras anteriores oc} covalente. Por exemplo, no diamante todos os étomos sejam de mesmo tam siveis, porque apenas quatro pares d Em geral, os mimeros de coordeny empacotamento # os mimeros de co: partilhamento eletronico. —_ Fig. 2-23. Caleulos de coordenacao. (a) Nii igual a seis. Compare com os exemplos tro, porém, se isso acontecesse, os negativos cias Si-O seriam maiores que a de equilibtio, ‘omos sao iguais, o niimero de coordenago pode mimero de coordenagio esto sumnarisadas na ise um mimero maior que 0 indicado de fons de as relagdes minimas da Tabela 2-6 sdo bastante Pnacdo aumenta ao se ultrapassar a relagdo mi- te. Assim, freqiientemente encontramos os ions fosate 05 raios é 0,59. Uma redugo do niimero ;pacotamento ¢, portanto, aumentaria a energia em virtude de requisites especificos da ligagao 10), o catbono mantém o NC de quatro, embora ea Tabela 2-6 indique que 12 vizinhos sio pos- ons podem ser compartilhados, Jos metais e sélidos iénitos so goverrados pelo 10 de sélidos covalentss, pelos limites de com- 1¢ coordenacao igual a trés. (b) Niimero de coordenasio a Fig. 2-22(a). ucacko auimica a Exemplo 2-2 Mostrar que a minima relagdo entre os raios, para um mimero de coordenagdo de trés, 0,155 (Fabela 2-6) Resposta: A relagio minima de raios, que permite um numero de coordenagao de trés, mostrada na Fig. 2-233. Da figura, R 30° = _ = o866 il Re r _ 1-9,866 R 0866 = 0,155. Exemplo 2-3 Mostrar que a relago minima entre os raios, para um nimero de coordenagao de seis, é 0,414. Resposta: A relago minime de raios que permite um nimero de coordenacao de seis é mostrado na Fig. 2-23b. Da figura: (R + 2r + RP = QR) + (2R)? ou 2r + 2R =f (QR) r= f2R-R e MI = = 1414-1 = 0414 A SUMARIO 2-16 GENERALIZAGOES RELATIVAS AS PROPRIEDADES. Muitas das propriedades, descritas no Cap. 1, podem ser relacionadas qualitativamente as caracteristicas das ligagdes atémicas, descritas neste capitulo. (1) A densidade é controlada pela massa atémica, pelo raio atémico e pelo mimero de coordenasio. Este ultimo é um fator importante pois controla o grau de empacctamento. (2) Temperaturas ée fusdo ¢ de ebulicdo podem ser ccrrelacionadas com o valor abso- Into do desnivel da energia, no ponto de equilibrio mostrado na curva da Fig. 2-18. Os étomos tém a energia minima (que corresponde ao minimo da curva).na temperatura do zero abso- luto. Temperaturas mais altas vao elevando a energia até que os dtomos consigam separar-se miutuamente. (3) A resisténcia mecdnica est4 também correlacionada com fézca total da Fig. 2-18a. Essa forga, quando relacionada com a area da sego reta, di a tensdo necessiria para separar os atomos (Como veremos na Serio 6-5, os materiais podem se deformar por um outro pro- cesso sem ser a separagdo entre os Atomos). Assim, também, como forcas interatémicas mais elevadas correspondem a maiores valéres absolutos da energia do ponto de equilibrio, observamos que materiais com 2.2. (a) Quantos dtomos de ferro existem por grama? (b) Qual é 0 volume de um grao metalico contendo 10?° atomos de ferro? 2-3. (@) Als tem uma densidade de 3,8 g/em®. Quantos atomos esto presentes por em*? Por grama? Resposta: (a) 1,12 x 107? Atomos/em® (b) 2,95 x 107? dtomos/g 2-4. Um cubo de Mgo, de lado igual a 4,20 A, contém 4 ions Mg** e 4 O?-. Qual é a densidade do MgO? © 2-5. Dé a notagao para a estrutura eletrénica (a) do étomo de zircdnio (b) do ion Zr** Resposta: (a) 1s?2s*2p63s?3p°3d1°4s74p°4a25s* (b) 1522s*2p63s?3p%3d!°4s?4p® © Problemas prevedidas por um ponto esto baseados, em parte, em sepSes opcionais. My PRINCIPIOS DE CIENCIA DOS MATERIAIS © 2.6. Indique o mimero de elétrons 3d em cada um dos seguintes fons: (a) V?* ;(b) V5*; (©) Cr: (@) Fe®*; (@) Fe?* ; (9 Mn?" ; (g) Mn** ; (h) Ni2*; (l) Co? G) Cus (k) Cu** . © 2.7. Sio necessdrias aproximadamente 10” ** cal para romper a ligacHo covalente entre carbono e nitrogénio. Qual o comprimento de onda de um foton capaz de fornecer esta energia? (Ver Apéndice A para os val6res de constantes). Resposta: 4750 A « © 2.8. Um elétron absorve a energia de um féton de luz ultravioleta (2 = 2768 A). Quantos eV foram absorvidos? 2.9. Um ion positivo divalente ¢ um ion negativo divalente estdio em equilibrio, quando a distancia entre seus eentros € 3,45 A. Sen = 9 na Eq (2-11), qual € 0 valor de 6 na mesma equagaio? Resposta: + 1,33 x 107®° ergem? 2-10. (a) Coloque em grafico a forga total (isto é, a soma das férgas de atragao ¢ re- pulsdo) entre os dois ions do Probl. 2-9, em funco da distancia, no intervalo 2 a 20 A. © (0) Coloque em grafico a energia de separacdo, no mesmo intervalo de distancia. 2-1. Mostre a origem do valor 0,732 da Tabela 2-6. Resposta: 2%r + R) = ./3 (2R) . 2-12. Mostrea origem do valor 0,225 de Tabela 2-6. Sugestdo: A altura de um tetraedro 60,817 da aresta ca distncia deum vértice do tetraedro ao centro do mesmo é 75 % da altura 2-13. (a) Qual é 0 raio do menor cation que pode ficar hexacoordenado com ions O?-? (b) e octacoordenado? Resposta: (a) 0,545 A, (b) 0,965 A. 2-14, (a) Usando 0 Apéndice D, cite trés cations divalentes, que podem ter NC = 6 com 0 S*~ mas nio NC = 8. Cite dois ions divalentes que podem ter NC = 8 zom o flicr. 2-15. O tetrafluoreto de silicio tem uma molécula muito estavel com um ponte de fusio relativamente baixo (- 107°F). Explique ésses fatos, através da previsio da natureza de suas ligagdes (Use um desenho, se necessdrio) 2-16. O bicloreto de enxofre tem uma massa molecular de 103 e um ponto de ebuligio de 59°C. Esquematize um diagrama mostrando a estrutura eletrénica déste composte. (Mostre sdmente os elétrons de valéncia) - 2-17. Desenhe a estrutura eletrénica de um ion COZ 2-18. Desenhe a estrutura eletrénica de um ion SO3”. 2-19, Desenhe a estrutura eletrénica de um ion PO3~ 2-20. Desenhe a estrutura eletrénica de um fon SiOt 2-21. Desenhe a estrutura eletrdnica do formaldeido (CH20). {b) Mostre o centro das cargas positivas e o das cargas negativas. 2.22. Mostre o centro das cargas positivas e o das cargas negativas no (a) CCls, (b) C,H,Clz, (6) CHCl: CAPITULO 3 ARRANJOS ATOMICOS ESTRUTURAS MOLECULARES 3.1 INTRODUGAO. As propriedades dos materiais dependem do arranjo de seus dtomos. Estes arranjos podem ser classificados em (1) estruturas moleculares, isto é, agrupamento de dtomos, (2) estruturas cristalinas, isto 6, um arranjo repetitive de atomos, ¢ (3) estruturas amorfas, isto &, estruturas sem nenhuma regularidade. Consideraremos, em primeiro lugar, as estruturas moleculares. ‘Uma molécula pode ser defirida como sendo um nimero limitado de atomos fortemente ligados entre si, mas, de Forma que, as {Orcas de atraco entre uma molécula ¢ as demais sejam relativamente fracas. Estes grupos de atomos, que sao elétricamente neutros, agem como sé féssem uma unidade, pois as atragdes intramoleculares so muito fortes, enquanto que, as TigagSes intermoleculares sfio criginadas por forgas fracas de Van der Waals. ‘Os mais comuns exemplos de moléculas incluem compostos tais como Hz0, CO, O,, CCl, Nz ¢ HNO . Dentro de cada uma destas moléculas, os dtomos sio mantidos unidos por fortes forcas de atraco, resultantes, em geral, de ligagSes covalentes, embora ligagSes iGnicas nao sejam incomuns. Ao contririo das fércas que mantém os tomas unidos, as ligagées entre moléculas sao fracas e, consequentemente, cada molécula esta livre para agir de uma forma mais ou menos independente. Essas observagbes so suportadas pelos seguintes fatos (1) Os pontos de ebulicdo e de fusio de cada um déstes compostos moleculares so baixos, quando comparados com outros materiais. (2) Os s6lidos moleculares so moles, porque as moléculas podem escorregar umas em relagdo as outras com aplicagdes de pe- quenas tenses. (3) As moléculas permanecem intactas, quer na forma liquida, quer na forma gasosa. ‘As moléculas citadas acima sio comparativamente pequenas; outras moléculas apre- sentam um grande mimero de étomos. Por exemplo, o pentatriacontano (mostrado na Fig. 3-1c) tem’c&rca de 100 atomos e algumas moléculas chegam a ter alguns milhares. Quer uma 46 PRINCIPIOS DE CIENCIA DOS MATERIA'S molécula seja pequena como o CH, quer muito maior que a mostrada na Fig. 3-1c, a dis- tingdo entre as f6reas intramoleculares fortes e intermoleculares fracas ainda persiste. H HH ety | WP FEL EVA PL AY won wooH mode oe. ceed en a uk banked ohune (a) Metano (b) Etano (¢) Pentatriacontano (isto é, 35-ano) Fig. 3-1. Exemplos de moléculas. Moléculas sao agrupamentos discretos de atomos. Fércas fortes mantén: os dtomos unidos dentro da molécula. Férgas fracas atraem as moléculas entre si. Pan ea a why W:G:0:8 ad a (a) (b) Fig. 3.2. Etano. (a) A representacdo convencional ¢ () a estrutura cletrOnica esti mostradas em duas cimensdes. Uma ligagao covalente consiste sempre de dois elétrons compartilhados. (c) Representagio tridimensional. HH i H et ical ok Pa @) © © Fig. 3-3. Etileno, (a) A representagdo convencional 2 (b) a estrutura eletrOnica esto mostradas em duas dimensbes. (c) Representagdo tridimeasional. A ligaro dupla entre dois carboros é mais curta e menos flexivel que uma ligecdo simples. i Na Fig. 3-1a, as ligagdes estio mostradas da maneira convencional. Cada ligagio é feita por um par covalente de elétrons. Relembremos, da Segio 2-8, que os elétrons comparti- Ihados devem formar um orbital completo dentro de uma camada. Assim, em cada exemplo das Figs. 3-2 ¢ 3-3, os esquemas so idénticos, exceto na notago. Os elementos mais comu- mente encontrados nas moléculas s4o os ndo-metais ¢ o hidrogénio. O carbono € o elemento nJo-metilico mais importante; além déle, o oxigénio, aitrogénio, silicio, enxofre ¢ os halo- géneos podem também estar presentes. 3-2 NUMERO DE LIGACOES. Na discussdo s6bre o numero de coordenagao, na Segao 2-15, foi assinalada que o mimero de ligagdes covalentes que circunda um atomo depende do mimero de elétrons na camada mais externa ou de valencia. Exceto para o hidrogénio © 0 hélio, a tegra geral para o mimero de ligagées, N, & N=8-G G-1) ARRANJOS ATOMICOS yy H il E I Feared aaNTaMRaN Ca H HE (@) Metanol —(b) Etanol (9 Aménia (4) Benzeno (©) Fenol : mi, Vi ot De ro Se sii ro H H OH H De: HOE HO ( Formaldeido —(g) Acctona (b) Uréia ( Etileno (j) Cloreto de vinila Fig, 3-4. Moléculas orginicas pequenas. Cada carbono é cercado por quatro ligagdes, cada nitrogénio por trés, cada oxigénio por duas ¢ cada hidrogénio e cloro por uma. Tabela 3-1 Comprimentos ¢ Energias de Ligagao* Ligacio energia keal/gm-mol (aprox,® Comprimeato Ligagao | da ligagao, A {aprox.)* C-H 41 99 ca 18 81 CN 15 73 c—O 15 86 c=0 12 179 N-H 1,0 93 O-H 1,0 un OSI 18 90 cea 20 58 HH | 0,74 100 * Adaptado de Billmeyer, F.W., Jr., Textbook of Polymer Science. New York: Interscience, 19€2, pg. 16. ¢ Esses valéres sofrem pequenas variagbes, de acérdo com as ligagaes adjacentes. 48 PRINCIPIOS DE CIENCIA DOS MATERIAIS onde, G é 0 nimero do grupo da tabela periédica a que pertence o elemento (Fig. 2-1). Os elementos mais comumente encontrados em moléculzs tém os seguintes mimeros de ligagzo: H, F, Cl (uma cada); O, S (duas cada); N (trés);e Ce Si(quatro cada). A Fig. 3-4 mostra muitas moléculas que ilustram essas relagoes. 3-3 COMPRIMENTOS E ENERGIAS DE LIGACAO. A intensidade das ligagdes entre 0s atomos sdo, dbviamente, dependentes dos atomos ¢ do mimero de ligagdes. A Tabela 3-1 € uma compilac&o dos comprimentos ¢ energias de ligacdo para aquéles pares de dtomos mais freqiientemente encontrados nas estruturas moleculares. A energia é expressa em kcal/mol. Por exemplo, so necessdrias 83.000 cal para quebrar 6,02 x 10? ligagdes C-C, ‘ou (83.C00/6,02 x 1024) cal/ligacao. Ligagdes duplas e triplas sio mais curtas e requerem mais energia para serem rompidas. Assim, também, como podem ser encontradas distorgées provocadas por unidades adjacentes altamente polarizadas (ver Segio 2-11), haverd alguma variagdo nas energias e comprimento destas ligagdes. 3-4 ANGULOS ENTRE LIGAGOES. As moléculas, esquematizadas na Fig. 3-4, estio mostradas em apenas duas dimensdes. Entretanto, a maior parte das moléculas triatémicas ou maiores tem mais do que uma ou duas dimensées, e isso significa que sio encontrados Gngulos entre as ligagdes dos atomos que intervém. Na molécula de agua liquida ou gasosa, por exemplo, o Angulo cujo vértice é o dtomo de oxigénio, é de 105°. Nas cadeias parafinicas, © Angulo carbono-carbono-carbono ¢ de 109°. A Fig. 3-5 mostra alguns arranjos tipicos. Fig, 3-5. Esquema tridimensional de moléculas. Observe o Angulo entre as ligagbes. 3-5 ISOMEROS. Em moléculas de mesma composico, mais de um arranjo atémico é, usualmente, possivel. Isso é ilistrado na Fig. 3-6, pera o alcool propilico e o isopropilico. Estruturas diferentes de moléculas que tém a mesma composi¢do, s30 denominadas de isé- meros, As diferengas na estrutura afetam as propriedades das moléculas, pois a polarizagao molecular (Segiic 2-11) também ¢ alterada. Por exemplo, os pontes de fusio e de ebulicao do alcool propilico séo, respectivamente, — 127°C ¢ 97,2°C, enquanto que as correspon- dentes temperaturas para Alcool isopropilico sao — 89°C ¢ 82,3°C. ARRANJOS ATOMICOS «9 ii iM H HHH a b H wtttbon nedduy a kun (a) ) Fig. 3-6. Isomeros do propanol. (a) Alcool propilico normal. (b) Alcool isopropilico. As molécalas tém a mesma composico, mas estruturas diferentes. Compare com 0 pelimorfisme dos materiais cristalinos (eso 3-18) 3-6 HIDROCARBONETOS SATURADOS. O conhecimento dos hidrocarbonetos simples é fundamental para a compreensio das moléculas. O menor hidrocarboneto é o metano, CH, que esta mostrado na Fig. 3-1. Comecando com esta menor unidade, mais e mais ato- mos de carbono e de hidrogénio podem ser adicionados para produzir moléculas cada vez maiores. Tedricamente, se prozesso pode continuar indefinidamente. Essas moléculas, cuja formula geral € C,Han+2, Si0 denominadas parafinas. Na série parafinica, tédas as ligagdes sao simples pares de elétrons covalentes. Conseqiientemente, cada carbone dentro da cadeia é cercado por quatro atomos vizinhos. Como nao ha possibilidade de novos étomos serem adicionados 4 cadeia, estas moléculas sio consideradas saturadas. Temperatura ambiente Temperatura, °C —100 —200 10 20 30 nem C,Hone2 Fig. 3-7. Temperaturas de fustio versus tamanho da molécula (série dos hidrocar- bonetos parafinices) Moléculas déste tipo possuem intensas ligagées covalentes intramoleculares e fracas ligagdes de Van der Waals intermoleculares (Serao 3-1); assim sendo, estas moléculas agem individualmente, ¢ tém apenas fracas atragdes umas pelas outras. Isto é indicado pelos pontos de fusio relativamente baixos. Entretanto, como mostrado pelos poatos de fusio na Fig. 3-7, nem t6das as moléculas nesta série tém atragdes intermoleculares igualmente fracas. Os pontos de fusio aproximados, para os hidrocarbonetos saturados, podem ser expressos pela seguinte equacdo empirica: 1 ja = 2,395 x 10-3 4 Let x 107° Ty 7 onde 7; é a temperatura absoluta de fusdo (°K) para uma molécula com n Atomos de carbono.. G2) so PRINCIPIOS DE CIENCIA COS MATERIAIS Moléculas grandes tém, relativamente, maiores fOrgas de atracdo de Van der Waals, porque existem mais posig6es ao longo da molécula para os efeitos de dispersa> ou dipolos induzides (Seco 2-11); conseqiientemente, uma energia proporcionalmente maior deve ser suprida a uma molécula grande em relagdo a uma pequena, a fim: de remové-la do campo de atragao de uma molécula adjacente. O contraste entre a parafina e os combustiveis suporta a validade destas conclusoes para as séries de hidrocarbonetos. A parafina contém cérca de 30 dtomos de carbono por molécula e é relativamente rigida em temperatura ambiente, enquanto que, os combustiveis com base em hidrocarbonetos, cujas moléculas contém menos ide 15 dtomos de carbono, so liquidos ou gases. O plastico polietileno é essencialmente um hidrocarboneto com muitos milhares de dtomos de carbono. Sua temperatura de fusio ainda mais alta que a da parafina, embora ainda menor que 145°C (293°F), porque a tempe- ratura de fusdo dos hidrocarbonetos C,H2,4+2 tende a ésse valor assintdticamente [Eq. (3-2)). 3.7 HIDROCARBONETOS INSATURADOS. Na série parafinica, ha um par eletrénico entre cada hidrogénio e 0 4tomo de carbono adjacente ¢ um par eletrénico entre dcis dtomos de carbono consecutivos. Como ja foi discutido anteriormente, ¢ também possivel para ‘uma molécula como a do etilevo ter dois pares eletronicos, ou seja, duas ligagdes covalentes, unindo dois atomos de carbono adjacentes. Ao contririo do etano, o etileno ¢ outros hidro- carbonetos, contendo molécules com ligagdes duplas, nao esto saturados com o maximo nimero de hidrogénios (Fig. 3-3). Em geral, qualquer molécula ccm ligagdes carbono-car- bono, miltiplas, sio consideradas insaturadas. Estas moléculas insaturadas tém grande aplicagao na polimerizagdo de pequenas moléculas em uma imica molécula maior, como ilustrado na Fig 3-8, Monémero z 4 : Felocilesaled snes Mle st i UE Ee! OI Hee mb bb ee et ddd hdd Peg eet A aaa ) (b) Fig, 3-8. Polimerizaao, por adigio, do etileno. (a) Monémeros de etileno. (b) Polimeres centendo muitas unidades CH, (meros). A ligagio dupla original do monémero etileno & quebrada para formar ligagSes simples e, portanto, ligar meros adjacentes. . 3-8 MOLECULAS POLIMERICAS. Um polimero (literalmente, muitas unidades) ¢ uma grande molécula que € constituida por pequenas unidades que se repetem, denominadas meros. A maior parte dos materiais que denominamos plisticos, sio constituides por mo- léculas poliméricas. Assim sendo, discutiremos estas macromoléculas, com mais detalhes, no Cap, 7. Entretanto, neste ponto, é importante notar apenas duas coisas sObre os polt- meros: Primeiro, se conhecemos a estrutura dos meros que se repetem, estamos aptos a descrever a estrutura das moléculas muito grandes. Segundo, a maior parte dos polimeros se origina de uma combinagdo de mondmeros (literalmente, unidades simples). Exemplo 3-1 O cloteto de vinila, C,H,Cl, tem sua molécula com uma estrutura similar 4 do etileno, com a excego de que um dos quatro hidrogénios foi substituide por cloro. (a) Mostrar a mudanca nas ligagdes que resulta da polimerizacao do cloreto de vinila para cloreio de poli- vinila. (b) Qual a massa, em gramas, de cada mero? (c) Qual € a massa molecular do polimero, ARRANJOS ATOMICOS M Monémero i ll k—| \ | IN ii \ | cola a eT) ec HQAHAGUHAHA ] boa dbe ddd —— i Mero (a) ®) Fig. 3-9. Polimerizacdo, por adigao, do cloreto de vinila (ver o Exemplo 3-2). Tal como no caso do polie- tileno, as duplas ligagdes sio rompidas para formar duas ligagdes simples. se hé 250 meros por polimero. Resposta: (a) Ver Fig. 3-9 g/massa molecular do mero b) Mi = sma moet (©) Massa/mero = ros/massa molecular do mero _ 202) + BG) +355 6,02 = 107? d = 1,04 x 1077? g/mero / () Massa molecular = (Massa molecular do mero) (Niimero de meros) = (62,5) (250) = 1,56 x 1047 é Exemplo 3-2 (@) Qual é a variagdo de energia quando um mero adicional ¢ adicionado ao polietileno? (b) Qual & a variagio de energia por grama de polictileno? Resposta: (a) Da Tabela 3-1, ag = 146000____2(83.000) vm 6,02 x 107? 6,02 x 107° = -3,32 x 107?8/cal/mero Como AE € negativo, ha libertagio de energia. (b) Calg = cal/mero ‘g/mero i ~3,32 x 10°27 A © [az + @MV6.02 107? =-715 cal/g ESTRUTURA CRISTALINA 3.9 CRISTALINIDADE. Uma molécula tem uma regularidade estrutural, porque as liga- Bes covalentes determinam um nimero especifico de vizinkos para cada étomo e a orienta- do no espaco dos mesmos. Portanto, uma repeti¢ao deve existir ao longo de um polimero linear (Fig. 3-8). A maioria dos materiais de interésse para o engenheiro tem arranjos atémicos, 52 PRINCIPIOS DE CIENCIA DOS MATERIAIS que também siio repetigdes, nas trés dimensdes, de uma unidade basica. Tais estruturas sio denominadas cristais. A repetig&o tridimensional nos cristais ¢ devide 4 coordenagio atémica (Seeao 2-15) no interior do material; adicionalmente, esta repetigdo, algumas vézes, controla a forma Fig. 3-10. Estrutura cristalina, A cristalizagao do sal comum na forma de cubos decorre da estrutura cristalina ciibica do NeCl. O MgO tem a mesma estrutura. externa do cristal, A simetria hexagonal dos flocos de neve é, provavelmente, o xemplo mais familiar déste fato. As superficies planas dos cristais de pedras p-eciosas ¢ quartzo (Si02) sdo todas manifestagdes externas dos arranjos cristalinos internos. Em todos os casos, o ar ranjo atémico interno persiste mesmo que as superficies externas sejam alteradas. Por exem- plo, a estrutura interna de um cristal'de quartzo nao é alterada, quando as suas superficies slo desgastadas para formar eros de areia. Andlogamente, h4 um arranjo hexagonal das moléculas de gua, quer nos cubos de gélo, quer nos flocos de neve. ‘Vamos usar 0 cloréto de sédio como uma ilustragéo do papel. do empacotamento até- mico na cristalinidade. O quociente entre os raios do Na*’e Clc'é 0,98/1,81 on 0,54. Da Tabela 2-6, temos que ésse quociente favorece um nimero de coordenacdo igual a seis. Isto ja foi mestrado, na Fig. 2-22, para 0 Mg?*)e O2>,"mas é também aplicdvel pera os fons ‘Na* ¢ Cl-. O desenho da Fig. 2-22 mostra apenas uma parte da estrutura; um esquema mais completo é dado na Fig. 3-10, no qual, podemos notar as seguintes caracteristicas: (1) Cada Na* e cada Cl” é cercado por seis vizinhos (fazendo-se a repeticio nas trés dimensdes). i (2) O néimero de ions Na*'é igual ac de ions CID (fazendo-se a repetigao nas trés di- maensdes) (3) Verifica-se a ocorréncia de um pequeno cubo, de faces planas, ¢ cuja aresta tem um comprimento de (2r + 2R), onde r e R so, respectivamente, os raios do ion Nae do ion C=2 (4) O arranjo no pequeno cubo, que ¢ denominado de célula unitdria, é idéntico ao ar- ranjo em todos os outros cubos do NaCl. Portanto, se conhecermos a estrutura das células unitarias que se repetem, podemos descrever a estrutura do cristal. (Cf. meros na Segao 3-8). ARRANJOS ATOMICOS 53 (5) As distancias interatémicas Na-Na e Cl-Cl sio ambas \/2 vézes maiores que a dis- téncia Na-Cl. Esta diferenga é importante, porque as forgas de atracZo coulombiana entre fons de cargas opostas devem ser maiores que as foreas de repulsdo coulombiana entre ions de cargas com mesmo sinal [Eqs. (2-9) e (2-10)}. Cada uma das observagées anteriores ser discutida com maior profundidade. Entre- tanto, nosso objetivo imediato serk consideer os varios tipos possveis de estrutaras cris- talinas. 3-10 SISTEMAS CRISTALINOS. Qualquer empacotamento atémico devera se encaixar em um dos sete principais tipos de cristais. Estes esto intimamente associados com 0 modo pelo qual o espago pode ser dividido em volumes iguais, pela interseg&o de superficies planas. O mais simples ¢ mais regular déles envolve trés conjuntos. mituamente perpendiculares, de planos paralelos, igualmente espacados entre si, de forma a dar uma série de cubos. Pode- mos, também, descrever esta divisio da maneira mostrada na Fig. +11, através de espaca- mentos iguais em um sistema de eixos ortogoaais. Outros métodos de divisio do expaco in- cluem as combinagdes mostradas na Tabela 3-2. Fig. 3-L1, Células citbicas. O espago esti dividido por ts conjumtos de planos paralelos, igualmente espacados. Os eixos de referencia x, y ¢ z sfo mutuamente perpendiculares. Cada ponto de intersegio ¢ equivalente. __ Esses sete sistemas incluem t6das as possiveis geometrias de divisio do espaco por super- ficies planas continuas. A maior parte dos cristais que encontraremos neste livro cze dentro do sistema ciibico. Entre os exemplos, incluem-se a maior parte dos metais comuns (com excegdo do magnésio e do zincc, que sdo hexagonais) e alguns dos mais simples compostos cerdmicos tais como MgO, TiC e BaTiO, 54 PRINCIPIOS DE CIENCIA DOS MATERIAIS Tabela 3-2 Geometria dos Sistemas Cristalincs Sistema Eixos T ‘Angulot axiais Ciibico a =a = 05 Todos os Angulos = 90° Tetragonal a, =a, #0 Todos os angulos = 90° Ortorrmbico | a#bec Todos os angulos = 90" Monozliaico axbde 2 Angulos = 90°; 1 angulo # 90° Trictinico aebec Todos os angulos diferentes; nenhum igual 2 90° Hexagonal == | a, =a, =a3#¢ | Angulo = 99" € 120° Romboédrico | a; = a3 = 45 Todos os Angulos iguais, mas nao 90° 3-11 CRISTAIS CUBICOS. Os Atomos podem ser agrupados, dentro do sistema ciibico, em trés diferentes tipos de repetisao: ciibico simples (cs), ciibico de corpo centrado (ccc) € clibico de faces centradas (cfc). Cada tipo sera considerado separadamente, preocupando-se apenas com os metais puros que t8m apenas uma espécie de atomo. Estruturas mais comple- xas, que contém dois tipos de étomos, serdo analisadas nos capitulos que se seguem: Ciibico simples. Esta estrutura, que esté mostrada na Fig. 3-12, ¢ hipotética pera metais puros, mas nos fornece um excelente ponto de partida. Além das trés dimens5es axiais, a, serem iguais ¢ os trés eixos mituamente perpendiculares, ha posicées equivalentes em cada célula. Por exemplo, o centro de uma célula tem vizinhancas idénticas ao centro da célula seguinte ¢ a0 de tédas as células unitarias do cristal. Andlogamente, os cantos direitos infe- riores (ou qualquer outra posigio especifica} de tédas as células univirias so idénticos. Des- crever uma célula unitaria é descrever o cristal todo. ‘A estrutura, mostrada na Fig. 3-12, contém um dtomo metilico por célule unitaria, (Apenas um oitavo de cada um dos étomos mostrados, cai dentro da célula). Esta € a razio pela qual os metais no se cristalizam na estrutura ciibica simples. Cohsiderando-se os atomos Fig. 3-12. Estrutura cibica simples. Os vértices das células unitérias estfio 2m ‘posigdes equivalentes no cristal. a. Os eixos so perpendiculares entre si. ARRANJOS ATOMICOS ss @ © w Fig. 3-13, Estrutura cilbica de corgo centrado. (a) ¢ (c) sd representagdes esquemiticas, mostrando a localizacio dos centros das atmos. (b) Modélo de esferas rigidas (Bruce Rogers, The Nature of Metals. Cleveland: American Society for Metals, 1951), metalicos como “esferas rigidas” de raio r, apenas 52% do espaco estaria ocupado: volume dos atomos volume da célula unitaria = 8 Wea Fator de empacotamento atémico = = 0,52 Outras estruturas metélices dao um maior fator de empacotamento. (Uma estrutura cabica simples sera descrita no Cap. 8, para compostos, nos quais, um cition pequeno esta localizado no centro ée um cudo formado por oito anions). Estruturas aibicas de corpo centrado. O ferro tem estrutura cibica. A temperatura ambi- ente, a célula unitéria do ferro tem um atomo em cada vértice do cubo e um outro atomo no centro do cubo (Fig. 3-13a). Tal estrutura cuibica ¢ conhecida como ciibica de corpo centrado. Cada atomo de ferro, em uma estrutura cibica de corpo centrado (ccc), é cercado por cito dtomos de ferro adjacentes, quer 0 tomo esteja localizado em um vértice, quer no centro da célula unitdria. Portanto, todos os atomos de ferro so, geométricamente, equivalentes (Fig, 3-13¢). Ha dois dtomos por célula unitéria em uma estrutura cee. Um atomo esté no cenjro do cubo € cite oitavos esto nos oito vertices (Fig. 3-14). ‘© parametro a do reticulado esta relacionado ao raio et6mico, pela equagac: Gece = Arif G4) 56 PRINCIPIOS DE CIENCIA DOS MATERIAIS @) (b) Fig. 3-16, Célula unitaria cibica de corpo centrado. Em um metal, a estrutura ccc tem dois atomos por célula e um fator de empacotamento atémico de 0,68. O pardmetro do reticulado, a, est relacionado com 0 rais atémico pela Eq. (3-4) ib) Fig, 3-15, Estrutura cibica de faces centradas de um, metal. (a) ¢ (c) so representacdes esquematisas, mostrando a localizacdo dos centros dos &tomos. (b) Modéle de esferas rigidas. (Bruce Rogers, The Nature of Metais. Cleveland: American Society for Mctals, 1951), ARRANJCS ATOMICOS 57 Portanto, o fator de empacotamento atémico é 0,68, o qual é significativamente maior que o para a estrutura cibica simples de um metal. Embora o ferro seja o material mais comum com uma estrutura ccc, no € 0 nico. O crémio e o tungsténio também tém estrutura ccc. Estrutura ciibica de faces centradas. O arranjo atémico do cobre (Fig. 3-15) nio é 0 mesmo que o do ferro, embora também seja cibico. Além de um étomo em cada vértice da célula unitdria, ha um no centro de cada face e nenhum no centro do cubo. Tal reticulado é denomi- nado cibico de faces centradas. Estruturas ciibicas de faces centradas (cfe) so mais comuns entre os metais que as estru- turas ctbicas de corpo centrado. Aluminio, cobre, chumbo, prata ¢ niquel possuem ésse ar- ranjo atémico. Estruturas ciibicas de faces centradas sdo também ercontradas em compostos como mostra a Fig. 3-10, onde os ions Cl” dos vértices de cubo e dos centros das faces so todos equivalentes. Cada célula unitéria de uma estrutura cfe possui quatro dtomos. Os oito citavos dos vertices contribuem com um total de um Atomo ¢ as seis metades nos centros das faces com um total de trés (Fig. 3-16). O parametro a do reticulado est relacionado com o raio atémico, pela equacao: Age = 44/2 (3-5) Exemplo 3-3 Calcule (a) 0 fator de empacotamento atémico para vm metal efe (Fig. 3-16); (b) o fator de empacotamento atémico para o NaCl (cfc) (Fig. 3-10). Resposta: (a) Equacio (3-3), _ 44nr7/3) _ 16 2r3(2,/2) FE ca Be) 0,74 [YX (a) (b) Fig. 3-16. Célula unitaria clibica de faces centradas. Em um metal, a estrutura cfe tem quatro dtomos Por célula unitaria e um fator de empacotamento de 0,74. O parametro a do reticulado esta relacionado a0 raio atémico pela Eq. (3-5) (b) Equagiio (3-3) e Fig. 3-10, . A4nr?/3) + 4(42R3/3) _ 16n(0,989 + 1,815) Pigs ates i asc ihad os (@r + 2R) 3608 + Lane ~ O%7 58 PRINCIPIGS DE CIENCIA DOS MATERIAIS A partir do Ex. 3-3a, torna-se evidente que o fator de empacotamento é independeate do tamanho, se apenas um tamanho esta presente. Por outro lado, os tamanhos relativos afctam o fator de empacotamento, quando mais de um tipo de atomo esta presente. A estru- tura cilbica de faces centradas tem o maior fator de empacotamento que é possivel para ‘um metal puro, ¢, por isso, essa estrutura recebe o nome de estrutura cibica de empacotamento ‘fechado. Como é de se esperar, muitos metais tém esta estrutura, muito embora, se va ver em seguida, que a estrutura hexagonal de empacotamento fechado também tem um fator de empacotamento de 0,74, O niimero de coordenagio em um metel cfc é 12, 0 que justifica © elevado fator de empacotamento. (Em comparagio, para um metal ccc temos NC igual a 8 e FE de 0,68). 3-12 CRISTAIS HEXAGONAIS. As estruturas das Figs. 3-17a ¢ 3-17b sio duas rep sentagoes de células unitarias hexagonais simples. Estas células nfio tém nenhuma posi interna que seja equivalente aos vértices. Embora o volume da célala da Fig. 3-17a soja trés vézes 0 da célula da Fig. 3-17b, ha trés vézes mais atomos (3 versus 1) na célula da Fig. 3-174; portanto, o niimero de Atomos por unidade de volume é 0 mesmo. Os metais nao cristalizam no hexagonal simples, em virtude do fator de empacotamento ser muito baixo, Entretanto, existem compostos, com mais de um tipo de atomo, que cris- talizam nesta estrutura. Fig. 3-17. Células unitdrias hexagonais simples. (2) Representagéo hexagonal. (b) Represeatagio rom- ica. Aribas sfio equivalentes com a ¥ c, um Sagulo basal de 120° ¢ angulos verticais de 90°. Estrutura hexagonal de empacotamento fechado ou compacta. A estrutura hexagonal, especificamente formada pelo magnésio, esta mostrada na Fig. 3-18. Essa estrutura, que € mais densa que a representada na Fig. 3-17, € denominada de hexagonal de empacotamento ‘fechado ou hexagonal compacta (ho). E cazacterizada pelo fato de que cada étomo de uma dada camada esta diretamente abaixo ou acima dos intersticios formados entre trés atomos das camadas adjacentes. Portanto, cada como tangencia trés Atomos na camada acima do seu plano, seis dtomos no seu proprio plano e trés Atomos na camada abaixc do seu plano (Fig. 3419). ARRANJCS ATOMICOS 59 @ (b) Fig. 3-18, Estrutura hexagonal compacta. (a) Vista esquematica, mostrando a localizagae dos centros dos atomos. (b) Modélo de esferas rigidas. O fator de empzcotamento atmico para um metal he pode ser facilmente caleulado e vale 0,74. Este valor é idéntico ao fator de empacotamento de um metal cfc, o que é previ- sivel porque ambos tém mimero de coordenacdo igual a 12. Fig. 3-19. Coordenagio ctémica em um metal he (vista ampliada verticalmente), O nimerc de coordenagio é 12 2 cada étomo tem ‘tomos diretamente em cima ou cm baixo, em planos alternadcs, 3-13 OUTROS RETICULOS CRISTALINOS. Nao daremos maiores a engdes a outros sistemas cristalinos (Tabela 3-2) e aos grupos espaciais (Fig 3 20) das out as estruturas cris- talinas, porque os principios sio os mesmos que os éitados anteriormente, Entretanto. todos 0s cristais tém grupos espaciais que caem em uma das 14 categorizes mostradas na Fig. 3-20. Os pontos equivalentes, nestes reticulados, podem representar &tomos, como no caso dos metais, ou mais comumente, podem representar posigBes que se repetem entre muitos 4tomos. fa PRINCIPIOS DE CIENCIA DOS MATERIAIS Por exemplo, 0 reticulado cfe estabelece a localizago de todos os ions e ndo apenas dos fons Cl~, no NaCl (Fig. 3-10). Exemplo 3-4 O cobre tem uma estrutura cic e um raio atémico de 1,278 A. Calcule a sua densidade © compare com o valor apresentado no Apéndice D. + Resposta: Equagio (3-5), 4 — (1,278) = 3,61 A V2 Fig. 3-16, NN NR tomos/célula unitéria = = + 5 = 4 ula unita emai eee ces unltaa (3-6a) volume/ediula unitéria _(Gtomos/célula unitiria) (giitomo) a (pardmetro da Mi 4[63,5/0,602 x 1024)] M ee er = 898 densidade = Oe elem © valor experimental, apresentado no Apéndice D, é 8,96 g/em?. Masel iiss eceeal Triclinico Hexagonal Romboédrico eee centradas Ororémbico Ortondmbion GrigrrGmbico Orionbmbico simples de corpo faces de faces i ceptrado entradas centradas Cibico Ciibico Ciibico | Tetragonal simples de corpo de faces ‘Tetragonal de corpo centrado entradas simples centrado Fig, 3-20. Grupos espaciais. Estes 14 reticulados de Bravais se repetem nas trés dimensdes. Cada ponto indicado tem idénticas vizinhangas. Compare com a Tabela 3-2. ARRANJOS ATOMICOS 6 3-14. DIREGOES NO CRISTAL. ‘Quando, em seguida, correlacionarmos varias proprie- dades e estruturas cristalinas, sera necessario identificar d:regdes especificas no cristal. Isto pode ser conseguido, com relativa facilidade, se usarmes a célula unitéria como base. Por exempio, a Fig. 3-21 mostra trés diregdes em um reticulado ortorrémbico simples. A diregdo [111] é aquela de uma reta que passa pela origem e por um ponto cuja coordenada em cada eixo € o correspoadente parémetro da célula. Andlogamente, as direcdes [101] [100] so retas passando pela origem e pelo ponto 1, 0, 1 € 1, 0, 0, respectivamente. 2 [Fy] troy | aay [100] ae y | al 2 Fig. 3-21. Diregdes no cristal. Usualmente, utilizam-se colchétes [ht 1] para indicar as diregdes no cristal. Os parénteses (h kl) indicem planos cristalinos. Ver Seco 3-15. As seguintes caracteristicas devem ser observadas: (1) As coordenadas de um ponto so medidas em relagdo ao parfimetro de cada eixo; portanto, nio representa os valéres reais das distancias. No reticulo ortorrémbico da Fig. 3-2Lafxv se. 2) Os eixos cristalinos so usados como diregdes basicas. (3) A diregdo [222] € idéntica a diregao [111]. Assim sendo, a combinagao dos menores nimeros inteiros deve ser usada. (4) Diresdes, tais como [112], também podem existir. (Esta diregao é a de uma reta que passa pela origem e pelo centro da face superior). Exemplo 3-5 (a) Qual é a densidade linear dos atomos, ao longo da diresdo [110] do cobre? (5) Qual € 0 espagamento de repetigdo (vetor de Burgers) dos atomos na direcao [211]? Resposta: (a) Densidade linear = étomos/em G7) il 2 af2 (4)(1,278 x 10 = 3,9 x 107 étomos/em (b) Da Fig. 3-15a, Espagamento de repetiga = Ja? + (a/2? + (/2° = S6 (a2) = 2/3 (1278) = 4.43 A 62 PRINCIPICS DE CIENCIA DOS MATERIAIS @ © © Fig. 3-22. Planos (010) em estruturas cibicas. (a) Cibica simples. (b) Cec. (¢) Cle. [Observe cue os planos (020) incluidos para as estruturas cc e cf, so idénticos a0s planos (010),] (a) ii (©) Fig, 3-23, Planos (10) em estruturas cibicas. (a) Cibica simples. (b) Cec. () Cle. [Os planes (220) ineluidos para a es:rotura efe, sio equivalentes aos planos (110).] | Fig. 3-24. Planos (111) em estruturas ciibicas. (a) Ctibica simples. (b) Cec. (¢) Cie. Intersegves negativas sio indicedas com barras sdbre o indice. [Os planos (222) incluidos para a estrutura occ, so equiva- lentes aos planos (111).] 3.15 PLANOS CRISTALINOS. Um cristal contém planos de dtomos e ésses planos influen- ciam as propriedades e 0 comportamento do cristal. E, portanto, vantajoso identificar os varios planos atémicos que existem em um cristal. Os planos cristalinos mais facilmente visualizados sao os que limitam a oélula unitéria; entretan‘o, existem muitos outros planos. Os planos mais importantes; nos cristais cibicos est&éo mostrados nas Figs. 3-22, 3-23, e 3-24. ARRANJOS ATOMICOS ie Os planos nas Figs. 3-22'a 3-24 sio designados (010), (110) e (111), respectivamente, Estes simbolos (hkl) so denominados indices de Miller. Em resumo, os planos (010) so paralelos aos eixas cristalograficos x ¢ z. Os planos (110) so paralelos ac eixo z, mas cortam os eixos x e y em disténcias, contadas a partir da origem, iguais aos parimetros correspondentes. Os planos (111) cortam os trés eixos cristalograficos. Os miimeros usados acima sdo os inversos das disténcias das intersegdes do plano com os eixos @ origem, medidas usando-se como unidade o pardmetro correspondente ao eixo, plano (010) corta o sixo y em 1 € os eixos xe z em 0 1 rad (010). Para o plano (110): ASI Far Minas (110) Para o plano (111): aE EU TT Como a origem é escolhida arbitrariamente, isto poderia ser tanto 0 ponto O' como © ponto O da Fig. 3-22a, 0 plano com indices (010) é igualmente arbitrdrio. Assim sendo, (010) ¢ um simbolo para todos os planos atémicos que sao paralelos ao plano que satisfaz a definigo dada no pardgrafo anterior. Esta generalizegao dos indices € completamente l6gica, ainda mais que todos éstes planos paralelos sio geométricamente semelhantes. Os indices de Miller podem também ser negativos, ¢ o sinal negativo é colocado sdbre o digito correspondente, por exemplo, (i1i). Exemplo 3-6 Desenhe o plano (112) de uma célula unitaria cubica simples. Resposta: (112) é 0 reciproco de 1, 1, +. Portanto, temos a, be ¢ iguais a 1,1 ¢ $ para- metros da célula unitaria respectivamente. Este plano esta desenhado na Fig. 3-25. Como planos paralelos tém os mesmos indices de Miller, um segundo piano pode ser desenhado cortando os eixos em 2,2 € 1 pardmetros da célula. Exemplo 3-7 Desenhe o plano (111) de uma célula unitaria tetragonal simples, tendo uma relagdo c/a igual a 0,62. Resposta: A Fig. +26 mostra éste plano. Q plano (L11) cozta os trés eixos em pontos que distam da origem os parametros cor- respondentes. Entretanto, o parametro do eixo z é menor que os pardmetros dos eixos x € y. Densidades planares. Quando consideramos a deformagio plastica, precisamos conhe- cer a densidade atémica em um plano cristalino. O exemplo seguinte mostra como podemos caloular ésse dado, com auxilio da relagio: Densidade planar Atomos/unidade de drea (3-8) 6 PRINCIPIOS DE CIENCIA DOS MATERIAIS Fig. 3-25. indices de Millet. O plano (112) corta os trés eixos em pontos que distam 1, 1 € } pardmetros da origem. Fig. 3-26. Intersegées ndo-cibicas (estrutura tetragonal). O plano (111) corta os trés eixos de qualquer cristal em pontos que distam, da origem, igual nimero de parametios. Entre- tanto, como c pode no set igual 2 a, as dis- tancias verdadeiras ée interseqdo no ilo iguais. Exemplo 3-8 l Quantos étomos por mm? existem nos planos (100) ¢ (111) de chumbo (cfc): Resposta: raio do Pb = 1,750 A (Apéndice D) 4r_ _ M1750) _ gos g Tn ata . A Fig, 3-27 mostra que o plano (100) contém dois atomos po: face da célule unitaria. 2 atomos (100): stomos/mm* = a5 9-? say = 82 x 10'? atomos/mm?. Fig. 3-27. Concentrasiio ‘atémica no plano (100) de uma estrutura efe. ‘Um plano (100) de uma estrutura cfe tem dois atomos pot a*. ARRANJOS ATOMICOS 65 ua h=Var Me ree ob) Fig. 3-28. Concen:ragio atémica no plano (111) (ofc). Um plano (111) tem meio torso por r? 3. @ 0 plano (111) contém ( = 4) atomos, na irea triangular assina- lada. } i mh § (2)(1,750A) (/ 3) (1,750A) = 0,095 atomos/A? 5 x 10"? atomos/mm?. | (111): étomos/mm? Z| i z Espacamentos interplanares. A Fig. 3-29 mostra que « distncia entre os planos (111), 4y:1, um térgo da diagonal da célula unitdria. Andlogamente, a Fig. 3-30 mostra os valores de dj1o € d220*. No sistema cébico, o espagamento entre planos &: a onde a é 0 par§metro do reticulado e h, k ¢ I 0 0s indices dos planos. Os espagamentos inter- planares para cristais no-cilbicos podem ser expressos po: uma equacio similar 4 Eq. 3-9, embora mais complexe. Agora, fica claro por que usamos reciprocos para identificar os planos cristelinos. E que éstes indices simplificam os cAlculos. daa = 3-9) Exemplo 3-9 Compare os valdres de dzoo ¢ di1 no chumbo (cfc). Resposta: ap, = 4,95A {exemplo anterior). A Fig, 3-30 indica que ha duas distancias interplanares (200) por célula unitaria, em uma estrutura cfc. 2475 A, ‘Indices de Miller silo qgduzidos aos menores ndmeros inteiros; os espagamentos dy, nio sio. 6 PRINCIPIOS DE CIENCIA DOS MATERIAIS Fig. 3.29. Espagamentos interplanares (cfc). Hi Fig. 3-30. Espaamentos interplanares (110). Hé trés espagementos interplanares d,,, por diagonal quatro espagamentos interplanares (220) por dia- de uma oflula unitéria, em uma estrutura cle. gonal da face de uma célula cfe. Como os ‘és parémetros sao iguais em uma estrutura cibica, ha outros cinco conjuntos comparaveis de planos. Mostre quais so. A Fig. 3-29 indica que ha trés distancias interplanares (111) por diagonal da célula uni- taria cfc. Como a diagonal do cubo vale a ,/ dy, = 4/33(495 A) = 286 A Poder-se-ia também usar a Eq. 3-9: | 495 dus 2,86 A © 3.16 ANALISES POR RAIOS X. As estruturas de reticulado sio determinadas experi- mentalmente através de andlises por raios X,' que também revelam a estrutura cristalina (Figs. 3-31 e 3-32}. As distancias interat6micas so entZo calculadas pelas relagSes préviamente enumeradas [Eqs. (3-4) © (3-5)]. Quando um feixe de raios X é dirigido através de um material cristalino, ésses raios sio difratados pelos planos dos étomos ou ions dentro do cristal. 0 angulo de difracao de- pende do comprimento de onda dos raios X e das distancias entre planos adjacentes. Corsi- deremos os planos atémicos paralelos da Fig. 3-33, através dos quais a onda é difratada. As ondas podem ser “refletidas” por um étomo em H ou em HT e permanecem em fase no ponto K. Entretanto, 0s raios X no sdo apenas refletidos pelo plano da superficie, mas também pelos planos subsuperficiais. Para que estas reflexSes permanegam em fase, a distincia MH"P deve ser igual a um miltiplo inteito do comprimento de onda dos raios X. Portanto, da geo- metria, nd = 2d-sen 6 (3-10) onde 2 & 0 comprimento de onda, d é a distancia interplanar e @ € 0 Angulo de incidéncia. © valor n representa 0 mimero de ondas que cabem na distancia MHP. Geralmente, as reflexes sio mais fracas, quando mais de uma onda extra esta presente. *N. do T-Também chamada Cristalografia de Raios X. ARRANICS ATOMICOS 7 Ponto através do | qual penetra o feixe | incidente (20 = 180°) 29=0° [ts TT rte Ty Fig. 3-31. Exposicfo para a obtencéo de diagramas de difrago dz raios X. O Angulo 20 é fixado exata- mente pelo espagamento 4 e pelo comprimento de onda 4, como mostrado na Eq. (3-10). Cada cone de reflexo éregistrado em dois lugares na tira do filme.(B. D. Cullity, Elements of X-ray Diffraction. Reading, Mass.; Addison Wesley, 1956). Exemplo 3-10 ‘Uma anilise, por difragio de raios X de um cristal, é feita com raios X de comprimento de onda de 0,58 A. Sao observadas reflexdes para Angulos de (a) 6,45°, (b) 9,15° e (c) 13,0° Quais espacamentos interplanares estilo presentes no cristal? Resposta: nd = 2¢ sen 0 i 8 a sen 13,0°) 1,29 A © Deve ser notado que d/n em (a) € 0 débro de d/n em (Q); portanto, os angulos 6,45° 13,0° devem representar diferentes valéres de n para o mesmo espacamento interplanar. ‘Neste caso, n poderia ser igual a 1 em (a) e a 2 em (c) ed seria 2,58 A. Podemos admitir n igual a um em (b), ainda mais que nao s&o observadas outzas reflexes; portanto, ha um segundo d de 1,82 A. 6s PRINCIPIOS DE CIENCIA DOS MATERIAIS 26 = 180° aa cl Fig. 3-32. Diagramas de difrago de raios X para (a) cobre, eft; (b) tungsténio, bc, (c) zinco, he. A estru- tura cristalina e os pardimetros do reticulado podem ser determninados a partit de diagramas como éstes. Ver referencias para leitura suplementar. (B. D. Cullity, Elenents of X-ray Diffraction, Reading, Mass.: Addison Wesley, 1956). Fig. 3-33. Difragao de raios X. ARRANJOS ATOMICOS 69 Fig. 3-34, Seqiiéncias de empilhamgnto. (@) Metal he com superposigao de pla- ‘nos cristalinos (0001) alternados (expio- dido na diregdo [0001]); notagdes(hiil) so, algumras vézes, usadas para cristais hexagonais, pois quatro eixos cristalo- grdficos podem ser escolhidos. Trés déstes cixos so coplanares. (CI. Fig 3-17a) (b) Metal eft com superposigio. de cada terceiro plano cristalino (111) (explodido na diregao [111]. @) (b) 3-17 SEQUENCIAS DE EMPILHAMENTO. Ja observamos nas Segdes 3-11 ¢ 3:12 que os metais cfe ¢ os metais he tém o mesmo fator de empacotamento (0,74) e 0 mesmo niimero de coordenagao (12). Isto significa que devemos analisar mais profurdamente, a fim de ave- Tiguar quais as reais diferencas entre éstes reticulados. Podemos ver estas diferencas na Fig. 3-34, a qual repete a Fig. 3-19, de forma a podermos comparar uma estrutura cf¢ com uma he. Esta iiltima est explodida na diregao vertical [0001] enquanto que a estrutura cfc esta explodida na diregao [111]. O arranjo atémico de um metal he no plano (0001) é 0 mesmo que o de um metal cfe n> plano (111). Entretanto, no metal he, os planos at6micos alternados esto superpostos de ferma a dar uma seqiiéncia de empilhamento, como se segue: “ABABABABAB: (3-11) Por outro lado, no metal cfc, a sequéncia de empilhamento é tal que ha superposigo de cada terceiro plano: ABCABCABCABCA:~ 12) Asim sendo, embora 0 cobre seja cfc e o zinco he, ambos formam estruturas intimamente relacionadas, um fator que se tornaré importante mais tarde, quando considerarmos ligas, como o latio, que contém cobre € zinco. 3-18 POLIMORFISMO (ALOTROPIA). Recordemos, da Sego 3-15, que as moléculas podem ter estruturas diferentes ainda que a composigdo seja a mesma. Denominarios estas moléculas de isémeras. i ‘Uma situagao analoga, polimorfismo, pode ser encontrada nos cristais e, de fato, isto se tornari extremamente imporiante para n6s. Dois cristais so ditos polimorfos quando, embora tenham estruturas cristalinas diferentes, apresentam a mesma composigao. 7 PRINCIPIOS DE CIENCIA DOS MATERIAIS O principal exemplo de polimorfismo nos metais é 0 do ferro, ja que a possibilidade de se fazer tratamentos térmicos no ago ¢, modificar assim suas propriedades, advém do fato de que o ierro, durante o aquecimento, pasta de ccc para cfc. Ainda mais, esta mudanga se reverte conforme o ferro se resftia. Na temperatura ambiente, 0 ferro ccc tem um niimero de coordenagao igual a 8, um fator de empacotamento de 0,68 ¢ um raio at6mico de 1,241 A. O ferro puro passa para cfe a 910°C ¢, neste ponto, seu nimero de ccordenagio é 12, seu fator de empacotamento é 0,74 € o seu raio atémico é 1,292 A. [A 910°C (1670°F), 0 raio atémico do ferro ccc, devido 4 dilatacdo térmica, é 1,258 A] Muitos outros compostos tém duas ou mais formas polimérficas. De fato, alguns, como por exemplo o SiC, chegam a ter até 20 modificagdes cristalisias; entretanto, isto nio é comum. Invaridvelmente, as formas polimérficas apresentam diferencas na densidade e outras pro- priedades. Nos capitulos que se seguem, estaremos interessados nas variagSes de proprie- dades ¢ no tempo requerido para se passar de uma modificacao cristalina (fase) para outra. Exemplo 3-11 O fero passa de ccc para cfc a'910°C. Nesta temperatura, os raio’ atémicos do ferro nas duas estruturas so, respectivamente, 1,258 A e 1,292 A. (a) Qual é a porcentagem de vatiacao de volume, v%, provocada pela mudanca de estrutura? (b) ¢ a porcentagem de variagio linear, 1%2 [Nota: como indicado na Seco 2-14 e na Tabela 2-5, quanto maior o niimero de coordenagio maior o raio atémico]. i Resposta: Base de cdlculo: 4 atomos de ferro, ou duas células unitarias ccc, e uma célula unitaria cfe. J (a)"Na estrutura occ, Eq. (3 Volume = 2a? ma [ a B = 491 A Na estrutura efe, Eq. (3-5) Volume = a® ull wa) all Mai = 48,7 AP ao =-0,8v% de variagio ) (14+ ALL =14 AVIV AL/L= 3/1 -0,008 ~1 = -0,261% de variagdo O ferro expande, por dilatago térmica, até 910°C, quando ha uma contragio abrupta; com a continuagio do aquecimento, continua a dilatagio (Fig. 10-1a). 1 ARRANJOS ATOMICOS n Fig, 3.35. Cristal molecular (i6do). A molécula 1, funciona como uma unidade ne estrutura cris- talina repetitiva. Este reticulado € ortorrimbico simples, pois a # b + ce as posigSes dos centros das faces ndo sao idénticas aos vertices. (As mo- Keculas estio orientadas diferentemente). 3-19 CRISTAIS MOLECULARES. Tal como 05 ions € atomos, as moléculas também podem formar arranjos cristalinos. Entretanto, existem trés distingSes: Primeira, as moléculas nao sdo esféricas. Segunda, a molécula funciona como uma unidade. Terceira, as atragées inter- moleculares sio forcas de van der Waals fracas. Mesmo assim, « eficiéncia de empacotamen- to é 0 fator que controla a cristalizagio molecular. A Fig. 3-35 mostra a projec&o de uma célula unitdria de um cristel de moléculas biatémicas de iédo. TIN Wai Vii c No ye re il 4 ey Cc Cc Cc No Pama eal Mea Fig. 3-36. Cristal polimérico [esquematico). As Cc c Cc Cc moléculas adjacentes coordenam suas posicdes hs Ds i Mh umas com as outras, de forma a produzir melhor c c c c empacotamento e atracdes de van der Waals mais Pal Nee intensas (Os atomos de hidrogénioe outrosradicais c Ih c em ramificagées no sao mostrados). STATS AS ins Cristais de polimeros. A maior complexidade das grandes -mnoléculas poliméricas inter- fere com a cristalizagao dos polimeros. Desta forma, a cristalizagiic Ocorre menos ficilmente. Entretanto, sod condigSes favordveis, os polimeros se cristalizam, ccmo esta esquematicamen- te mostrado na Fig. 3-36. A coordenaco resultante aumenta as forgas de atragio, Por esta Tazo, éste tépico sera considerado com mais detalhe, no Cap. 7, onde estudaremos as pro- priedades dos materiais organicos. ESTRUTURAS NAO CRISTALINAS (AMORFAS) 3-20 INTRODUGAO. Vamos considerar aqui, ainda que brevemente, aquéles materiais que ndo apresentam a regularidade interna dos cristais. Estes materiais amorfos (literalmente, n PRINCIPIOS DE CIENCIA DOS MATERIAIS “sem forma”) incluem 0s gases, 0s liquidos e os vidros. Os dois primeiros sio fluidos ¢ so da maior importancia em engenharia, j& que incluem muitos dos nossos combustiveis ¢ 0 ar necessiric 4 combustdo, como também a gua. O vidro, o iltimo dos trés materiais emor- fos, é considerado um liquido rigido; entretanto, quando consideramos a sua estrutura, vemos que éle é mais do que apenas um liquido super-resfriado. 3-21 GASES. Nad hé qualquer estrutura dentro de um gis a nio ser a estrutura inerente as moléculas individuais. Cada étomo ou molécula est a uma distancia suficiente das cutros Atomos ou moléculas, para que possa ser considerado independentemente. As interagdes causadas por colisOes so momentineas elasticas. ‘Como os Atomos podem se mover independentemente, um gas, que preenche um deter- minado espago, exerce uma pressdo sbre as suas vizinhancas. A pressio P depende do vo- lume Vda temperatura Te do niimero de mols n que esto presentes, através da expressic PV=nRT. (3-13) Como um mol (6,02 x 10*? moléculas) de qualquer gas ocupa 22,4 litros a 0°C ¢ 1 atmosfera de pressio, o valor da constante R'na equacio anterior € 0,082 atm'l/°K. E, portanto, possi- vel calcular a densidade de um gas em uma dada temperatura e em pressdes relativamente baixas. E possivel, também, calcular-se um fator de empacotamente para um gis, tal como foi feito para cristais; entretanto, se tal calculo fésse feito, observariamos que éste fator é extremamente baixo para pressbes até 10 atm. Pera pressdes mais altas, onde a’densidade € 0 mimero de atomcs é marcadamente superior, o gés nio segue mais < lei ideal dada pela Eq. (3-13). Exemplo 3-12 (a) Caleular a densidade do etano a 20°C e 740 mm de Hg de presséo. (b) Quantos angs- troms ciibicos ha por molécula? | Resposta; Base de calculo: 1 mol ou 30g RT _ (0,082) (293) “P ~~ (740/760) 30 24,500 24.500 cm? i 0,602 x 10 moléculas 24,51 = 24.500 cm? p = 0,00122 g/em*. 1.000 A/molécula Outras propriedades de um gas, tais como viscosidade e constante dielétrica, depen- dem do mimero ¢ do tamanho das moléculas presentes; ambas as propriedades aumentam com a elevagio da pressio. 3-22 LIQUIDOS. Os liquidos, tal como 0s gases, so Mluidos e nfo apresentam a ordem encontrada em grandes disténcias nos cristais. Entretanto, aqui termine a similaridade entre liquidos e gases. Podemos verificar que a estrutura dos liquidos tem muita coisa em comun: com a dos cristais; suas densidades e, portanto, seus fatéres de empacotamento, diferem de apenas alguns porcentos. Um liquido ¢ ligeiramente menos denso que o cristal correspon dente; entretento, esta regra nfio pode ser considerada geral, porque existe um certo nimero de materiais, tal como a agua, que expandem ao se solidificar. mi Os liquids tém uma estrutura em pequenas distancias, na qual as distancias intera- tOmicas entre os primeiros vizinhos so bastante uniformes e aproximadamente as mesmas ARRANJOS ATOMICOS a que nos cristais (Fig. 3-37). O nitinero de coordenagao médio da maior parte dos liquidos € aptoximadamente igual ao dos cristais correspondentes. Quando se medita sobre estas semelhangas, nao é surpreendente que um liquido seja, muito freqiientemente, considerado como uma modificagio de um cristal, na qual a energia térmica é suficiente para destruir a ordem em grandes distdncias do reticulado cristalino. A fim de que essa destruigo acon- teca, os dtomos (ou moléculas) devem receber um determinado aumento de energia (calor de fusio); mas, uma vez ocorrida a destruicao, os atomos podem se mover livremente ¢ no conseguem resistir a esforcos de cisalhamento. Fig. 3-37, Estrutura esquematica de metais liqui- dos. As disténcias interatOmicas so aproxima- damente uniformes. Nao hi ordem a longa dis- ‘tancia. Um cristal tem, usvalmente, um empacotamento atémico mais eficiente que um liquido, porque ha uma reducdo de energia durante a solidificagdo e ocorre uma contragio. Sio excegdes aquéles materiais nos quais se desenvolvem ligagdes direcionais ao se cristalizerem. Por exemplo, no gélo, as, moléculas HO estio orientadas de forma que os atomos de hidro- sénio servem de pontes entre moléculas adjacentes (Fig. 2-16); ¢ na auséncia de uma energia térmica adicional, os dtomos de oxigénio se repelem miituamente. Assim sendo, 0 gélo ndo tem um fator de empacotamento eficiente. A energia adicional de fusdo supera as interzcdes resultantes destas orientagées ¢ permite que a estrutura do gélo entre em colapso, dando lugar a um liquido, com maior fator de empacotamento. Claro que, com a introdugio de maais energia, ou seja, com o aumento da temperatura, a expansio térmica novamente aumenta © volume (Fig. 12-34). Em geral, ¢ssa expansio é o resultado de um empacotamento menos eficiente da estrutura liquida. 3.23 VIDROS. Como indicado anteriormente, os vidros sfio considerados, muitas vézes, como sendo liquidos super-resfriados, ainda mais que nao sio cristalinos. Entretanto, apenas uns poucos liguidos podem ser super-resftiados realmente, formando vidros. Portanto, a fim de se fazer uma distingio, devemos considerar a estrutura do vidro mais criticamente. Em temperaturas elevadas, os vidros formam liquidos verdadeiros. Os étomos movem-se livremente e no ha resisténsia para tensdes de cisalhamento. Quando um vidro comercial, ha sua temperatura de liquido, é super-resfriado, hd contrago térmica causada pelo rear. tanjo atémico, para produzir um empacotamento mais eficiente dos dtomos. Esta contra- so (Fig. 3-38) € tipica de todos os liquidos: entretanto, com um resfriamento mais pronun: ciado, ha uma mudanga abrupta no coeficiente de expansio dos vidros. Abaixo de uma certa temperatura denominada temperatura de transformacdo* , cessam 0s rearranjos atémicos ¢ a coatrasao que persiste ¢ o resultado de vibragdes térmicas mais °N, do T. Esta temperatura também é conhecida com o nome de temperatura ficticia. ini PRINCIPIOS DE CIENCIA DOS MATERIAIS Fig. 3-38. Variagdo de volume nos vidros. Quando uum liquid é super-tesfriado abaixo d= sua tem- peratura de fusio T, ,éle contrai répida e continua- mente, em virtude dos rearranjos atémicos, vi- sando um empacotamento at6mico mais eliciente, Abaixo da transigdo pare vidro, ou temperatura de transformacao T, nao 2cortem mais rearranjos ea contrago remanescente & causada sémente pela reducdio das vibragdes térmicas. Volume-—> Temperatura—> fracas. Esse coeficiente mais baixo é comparavel ao coeficiente de dilatagao térmica dos cristais onde 0 tinico fator que causa contragao séo. as vibragdes térmicas. © térmo vidro se aplica Aqueles materiais que tém uma curva de dilatag&io térmica como a da Fig. 3-28. Os vidros podem tanto ser inorginicos como organices e sdo caracterizados pela ordem em pequenas disténcias (e auséncia de ordem em grandes distdncias). A Fig. 3-39a apresenta um dos vidros mais simples (B05), nc qual cada pequeno atomo de boro se aloja entre trés atomos maiores de oxigénic. Como o boro é trivalente e o oxigénio biva- ente, o balanceamento elétrico é mantido se cada atomo de oxigénio estiver entre dois étomos de boro. Como resultado, desenvolve-se uma estrutura continua de dtomos fortemente li- gados. Abeixo da temperatura de transformag&o, como os étomos nio|podem ser facilmente rearranjados, as caracteristicas de fluidez so perdidas ¢ passa a existir um sélido no cris- talino, Tal solido tem uma resisténcia significativa ao cisalhamento ¢, portanto, néo pode ser considerado como um liquido verdadeiro. TD (a) &) Fig. 3-39. Estrutura do B,O, . O vidro (a) tem ordem sémente em pequenas distancias. O cristal (b) tem ordem em grandes distancias, além da ordem em pequenas distancias. FASES 3-24 FASES CRISTALINAS E AMORFAS. Uma fase pode ser definida como uma parte ARRANJOS ATOMICOS 1% estruturalmente homogénea de um sistema material. Isto significa que cada fase de um material possui seu préprio arranjo atémico. ‘Ja vimos que uma fase cristalina tem um atranjo atOmico definido, com uma estrutura repetitiva que se estende por muitas distancias atémicas. © mimero de fases cristalinas é imenso, porque ha muitas permutagies e combinagées de atomos e grupos de étomos. ‘Uma fase amorfa tem apenas ordem em pequenas distancias. O contraste entre fases cris- talinas e amorfas foi mostrado na Fig. 3-39. Como 2s fases amorfas nao tém ordem em grandes distancias, seus arranjos atémicos sé menos definidos e permitem maiores diferengas na composigaio que as fases cristalinas. Entretanto, essa flexibilidade reduz 0 nimero de pos- siveis fases amorfas que pedem coexistir em um material. Algumas das fases amorlas mais, comuns na temperatura ambiente sGo gua, dleo, merctirio, baquelite e vidro. ‘Apenas uma fase gasosa pode existir em um dado sistema. Como os atomos ou moléculas de um gis esto muito separados ¢ distribuidos ao acaso, tédas as espécies de materiais na forma de vapor podem misturar-se em uma tinica “estrutura”. REFERENCIAS PARA LEITURA ADICIONAL 3-1. Addison, W. E., Structural Principles in Inorganic Compounds. New York: John Wiley & Sons, 1961. Brochura. Apresentagio nao matematica dos compostos cristzlinos. Para o estudante que deseja mais material sébre empacotamento atémico do que ¢ dado neste texto. 3-2, Azéroff, L. V., Introduction to Solids. New York: McGraw-Hill, 1960. Discute os cristais com base no empacotamento atémico. Nivel de estudantes adiantados. 3.3, Barrett, C. 8., Structure of Metals. New York: McGraw-Hill, 1952. 0 Cap. I vé os materiais sob 0 ponto de vista ccistalégrafo. Os cristais sao sistematizados pelos respec tivos grupos espaciais. Para o professor ou alunos adiantados. 3-4. Cullity, B. D, Elements of X-ray Diffraction. Reading, Mass.: Addison-Wesley, 1956. A primeira parte do Cap. 2 se ocupa, em extensio ligeiramente maior que neste livro, das estruturas cristalinas; estilo de facil leitura. Util para o estudante adiantado que deseja aprofundar-se em técnicas de determinacao de estruturas cristalinas. 3-5. Hume-Rothery, W., The Structure of Metals and Alloys. Loadon: The Institute of Metals, 1936. © Cap. 2 considera as estruturas cristalinas dos elementos, com base na tabela periédica. Para o estudante. 3-6. Meson, C. W., Introductory Physical Metallurgy. Cleveland. American Society for Metals, 1947. O Cap. 1 discute a natureza e a formagio de cristais metélicos. Nivel de introdugao. 3-7. Metals Handbook. Cleveland: American Society for Metals, 1948. Nas pags. 16 a 19, estdo definidos os térmos usados em cristalografia de raios X. 3-8. Rogers, Bruce A., The Nature of Metals. Ames, Iowa: Iowa State University Press; © Cleveland: American Society for Metals, 1951. O Cap. 2 discute arranjo dos étomos nos metais. Altamente recomendado como uma leitura introdutéria suplementar. 3-9. Sinnott, M. J, Sclid State for Engineers. New York: John Wiley & Sons, 1958. O Cap. 2 apresenta os cristais através do uso das leis da cristalografia. Este capitulo é de nivel introdutério. 5 3-10. Wulff, J., et al., Structures and Properties of Materia!s. Cambridge, Mass.: M. L. T. Press, 1963. Os Caps. 4 ¢ 5 apresentam bons esquemas de empacotamento at6mico e estru- turas cristalinas. 16 PRINCIPIOS DE CIENCIA DOS MATERIAIS PROBLEMAS: (Ver Apéndice D para estruturas cristalinas). 3-1, Determine a massa molecular de cada uma das moléculas da Fig. 3-4. Resposta: (a) 32 (b) 46 (c) 17 (d) 78 (¢) 94 (fH) 30 (g) 58 (h) 60 Gi) 28 Gj) 62,5. 3-2. Esquematize a estrutura dos varios isémeros possiveis do octano, CsHis * 3.3. Preencha os claros: (a) O cloreto de metila est4 para o metano assim como est para o etileno. () 0 alcool vinilico (C2H3OH) esta para o etileno assim como. esta para oetano. (©) O estireno esté para o etileno assim como o fenol (CsH;OH) estd para Resposta: (a) cloreto de vinila (b) etanol () agua. 3-4. Preencha os claros: (@) Cloropreno (CH2=CH—C Cl=CHz) esté para 0 butadieno assim como est4 para o etileno. i (b) O etileno glicol esta para o etanol assim como estd para o etano. (0) A uréia (NH,—CO—NH,) esté para a acetona (CHs—CO—CH5) assim como esté para o metano. 3-5. Qual é a composi¢ao ponderal do cloropreno (CH; =CH—CCI=CH;)? Resposta: C = 54,3%; H = 565%; Cl = 40.1% 3-6. Um compesto organico contém 62,1% em péso de carbono, 10,3% em péso de hidrogénio e 27,6% em péso de oxigénio. Descubra um composto possivel. 3-7. A massa molecular média do cloreto de polivinha foi determinada como sendo 9500. Quantos meros contém a molécula média? Resposta: 152 meros. | 3-8. O “ieflon” é um polimero do tetrafluoroetileno (Apéndice F). Sabendo-se que hé, em média, 742 meros por molécula qual é a massa molecular média? 39. Mostre, na forma de tabela, as relagdzs entre os raios atémioos ¢ as dimensdes da célula unitéria para os metais ef, ccc e ciibicos simples: CEE CCE S ‘Lado da célula uniténia Diagonal da face Diagonal do cubo 3-10. O chumbo é cfe e seu raio atémico é 1,750 x 10-* cm. Qual é o volume de sua célula unitaria? 3-11. A prata é cfc e seu raio atémico é 1,444 A. Qual o comprimento do lado de sua célula unitaria? Resposta: 4,086 A. 3-12. O ouro tem estrutura cristalina. clibica de faces centradas. O pardmetro de seu reticulado & 4,078 A e Sua massa atémica é 197,0. (a) calcule a sua densidade. (b) compare com o valor encontrado em um manual. ARRANJOS ATOMICOS 7 3-13. O zinco tem uma estrututa he. A altura da célula unitaria é 4,94 A. Os centros dos dtomos na base da célula unitaria distam entre si 2,665 A. (a) Quantos atomos existem por célula unitéria hexagonal? (Justifique). (b) Qual é 0 volume de célula unitdria hexagonal? (©) A densidade calculada é maior ou menor que a densidade verdadeire, 7,135 g/em*? (Jus- tifique a resposta). Resposte: (a) 6 (b) 9.1 x 10-?* cm? (c) 7,17 g/em?. (Esse valor nfo considera as imperfeicdes). 3-14. As massas atémicas do cloro ¢ do sédio sto, respectivamente, 35,453 & 22,990. Sendo a densidade do.cloreto de sédio 2,165 g/cm®, calcule as dimensdes da célula unitaria do sal. 3-15. (a) Qual é a densidade atémica linear a0 longo da direcdo [112] do ferro? (b) € do niquel? Resposta: (a) 1,42 x 10" dtomos/em (b) 2,32 x 107 dtomos/em. 3-16. (a) Quantos atomos por milimetro quadrado ha no plano (100) do cobre? (b) no plano (110)? (c) e no plano (111)? © 3.17, Opardmetro da célula unitaria do aluminio é 4,049 A (a) calcule d220((b) ds11 (€)d200- Resposta: (a) 1,431 A (b) 2,338 A (©) 2,025 A © 3.18, O niquel é cibico de faces centradas e tem um raio atdmico de 1,245 A. (a) Qual © espacamento daoo? (b) € © d220? (c) € 0 diss? © 3-19. A distancia entre os planos (110) em uma estrutura cibica de corpo centrado & 2,03 A. (a) Qual o pardmetro da célula unitaria? (b) Qual o raio dos atomos? (c) Que metais podem ser? Resposta: (a) 2,86 A (bj 1,24 A (@)-ferto cce ou Cr (Ni nio). © 3.20. Um cristal de cloreto de sédio é usado para medir o comprimento de onda de um feixe de raios X. O Angulo de difragdo para o espagamento d,; dos fons cloreto é 5,2° Qual é o comprimento de onda? (O parametro da célula unitaria do cloreto de sédio é 5,63 A). © 3.21. Para se determinar o espacamento dz¢q no niquel, usam-se raios X de compri- mento de onda de 0,58 A. O angulo de reflexdo é 9,5°. Qual o pardmetro da célula unitéria? Resposta: 3,52 A 3-22. O MgO tem a mesma estrutura que o NaCl. Sua densidade é 3,65 g/em?. Use éste dado para caloular 0 comprimento da aresta da célula unitiria, (Nao use o valor dos raios dos fons Mg?~ = 0,78 Ae O?~ = 1,32 A, para chegar a resposta). 3-23. O titdnio tem uma estrutura he (a = 2,956 A, ¢ 83 A) abaixo de 880°C & uma estrutura ccc (a = 3,32 A) acima desta temperatura. (a) O titinio se expande ou contrai a0 ser aquecido a esta temperatura? (b) Calcular a variagdo de volume em cm?/g Resposta: (a) expande (b) 0,007 cm3/g 3-24. O sddio tem uma célula unitria ccc com a = 4,29 A. Mostre, em um diagrama aproximado (desenhado aproximadamente em escala), 0 arranjo dos atomos nos planos cristalinos de indices de Miller (110). © Calcular o espacamento entre éstes planos. 3-25. No diamante, os étomos de carbono estio arranjados em células unitdrias cibicas, com atomos nas posi¢ées face-centradas ordindrias ¢ também has quatro seguintes posicdes © Problemas precedidos por um ponto siio baseacos, em parte, em segdes opcionais. Hal PRINCIPIOS DE CIENCIA DOS MATERIAIS (expressas em fragdes dos parametros a, b € ¢ da célula unitaria). EMMeMl su stad sims ala| Sendo o parimetro do reticulado 3,56 A, calcular a densidade do diamante. Resposta: 3,55 g/m? 3-26, Admitindo que os ions sejam esféricos, (a) calcular o fator de empacotamento atémico do MgO; (b) do LiF. (Ambos tém a estrutura mostrada na Fig. 3-10). 3-27. Admitindo que os dtomos sejam esféricos, calcular o fator de empacotamento atémico do diamante (Ver Fig. 2-10b) Resposta: 0,34 3-28. Quantos angstroms ciibicos ha por molécula H20 (a) no gélo? (b) na agua a 4°C (c) em vapor d’égua a 100°C e 760 mm de Hg de pressio? CAPITULO 4 IMPERFEICOES ESTRUTURAIS E MOVIMENTOS ATOMICOS 4-1 INTRODUGAO. O capitulo precedente deu énfase 4 regularidade dos arranjos atomicos nos materiais. Por exemplo, (1) um mero pode mostrar a estrutura do polimero inteiro; (2) uma célula unitdria mostra a estrutura de todo o cristal; e (3) certas relacdes entre dimen- stes favorecem determinades nimeros de coordenagio. Essas regularidades simplificam nossas andlises de materiais porque podemos generalizar a partir da unidade individual. E justificdvel fazer-se isto, j4 que a maior parte dos cristais e polimeros apresenta a repeticao estrutural das células unitarias ou dos meros, com os quais so compostes. Entretanto. ha uma pequena fragaio, muitas vézes inferior a um porcento, que nao é perfeita. Neste capitulo, estudaremos exsas irregularidades de estrutura com bastante detalhe, j4 que as imperfeigdes em materiais tém, freqtientemente, uma influéncia primordial nas suas sropriedades. Cristais imperfeitos so resultantes tanto de variago na composigao como de imper- feigdes no reticulado ¢ ésses dois tépicos vao ocupar a maior parte déste capitulo. Alem disso, como os atomos em um cristal no so estaticos (de fato, éles se movem no interior do material), discutiremos 03 movimentos atémices no final do capitulo. Estas considerages — impurezas, imperfeigdes e movimentos atémicos — nos possibi- litam a antecipac&o de propriedades com mais preciso do que seria possivel de outra forma. FASES IMPURAS 42 SOLUGOES. Alguns metais, usados comercialmente em aplicagdes de engenharia, sio puros. Isso ocorre com o cobre usado em condutores elétricos e com a camada de zinco em agos galvanizados. O aluminio usado em utensilios domésticos contém apenas teores minimos de outros elementos; andlogamente, a fase AlzO3 de uma vela de ignicdo é, essencialmente, lO puro. ‘Mas, em muitos casos, elementos estranhos sio intencionalmente adicionados a um material, a fim de melhorar suas propriedades. O latiio é um exemplo de cobre que contém 80 PRINCIPIOS DE CIENCIA DOS MATERIAIS zineo. Andlogamente, em um “laser”, usam-se rubis, que nada mais siio que corindom (Al,O3a). contendo Crz03. Se tal adigao passa a fazer parte integral da fase slida, a fase resultante recebe o nome de soluedo sdlida. A Fig. 4-1 mostra um atomo estranho que foi to incorpo- rado ao reticulado, que a estrutura cristalina nio se interrompe na impureza. 4-3 SOLUCOES SOLIDAS EM METAIS. As solucdes sélidas formam-se mais facilmente, quando os Stomos do solvente e do soluto tém dimensOese estruturas eletrénicas semelhantes. Por exemplo, o latio & uma liga de cobre e zinco. Como metais individuais, ésses elementos tém raios atémicos de 1,278 A ¢ 1,332 A, respectivamente; ambos tém, excetwando-se os do nivel de valéncia, 28 elétrons e apresentam, Fig. 41. Atomo substituinte. Um atomo pode ser substituido por outro 4tomo, de dimensdes compariveis. O tomo da impureza é corsiderado o atomo soluto em um solvente sélido (Guy, A. G., Elements of Physical Metallurgy, Reading, Mass.: Addison-Wesley, 1959, pig. 104). quando isolados, mimero de coordenaco 12. Portanto, quando se adiciona zinc ao cobre, ale substitui facilmente o cobre no reticulado cfe, até que, um maximo de aproximadamente 40% dos étomos de cobre tenha sido substituido. Nessa solucdo sélida de cobre e zinco, a distribuicdo do zinco é inteiramente ao acaso (ver Fig. 4-2). Solugces sdlidas substitucionais. A solugao sélida descrita acima é denominada substi- tucional, porque os atomos de zinco substituem os de cobre na estrutura cristalina. Esse tipo de solugao sélida é muito comum em varios sistemas metalicos. A solugao de cobre ¢ niquel para formar o monel é um outro exemplo. No monel, uma fragao dos Atomos da estru- tura original do cobre pode ser substituida por niquel. As solucdes sélidas cobre-niquel vio IMPERFEICOES ESTAUTURAIS E MOVIMENTOS ATOMICOS Fig. 4-2, Soluedo sdlida substitucional ao acaso (Zinco em cobre, ou seja, lato). O arranjo crista- lino nao é alterado. (Clyde Mason, Introductory Physical Metallurgy: American Society for Me- tals, 1947), Tabela 4-1 Solubilidade Sélida versus Raios Atémicos para Metais de Mesma Estrutura do Cobre a | Soluto Solubilidade Maxima Solvente | Relaco de Raios |__| fem péso)% (at6mica) Ni Cu 1,246/1,278 100 100 Al Cu 1,481/1,278 9 19 Ag Cu 1,444/1,278 8 6 Pb Cu 1,750/1,278 nil nil Ca Cu 1,965/1,278 2 ? Ni Ag 1,246/1,444 Oo. oa Cu Ag 1,278/1,444 9 11 Al Ag 1,431/1,444 6 20 Pb Ag 1,750/1,444 5 3 Ca Ag 1,965/1444 = 1,36 nil nil Cu 1,278/1,246 = 1,02 100 100 Al Ni 1,431/1,246 = 1,14 12 22 Ag Ni 1,444/1,246 = 1,16 4 2 Pb Ni 1,750/1,246 = 1,40 2 2 Ca Ni 1,985/1,246 = 1,58 nil nil Ni Al 1,246/1,431 = 0,87 0,05 0,03 Cu Al 1,278/1,431 = 0,90 6 3 Ag Al 1444/1481 = 1,01 48 19 Pb Al 1,750/1,431 = 1,22 0,02 o | ca Al 1,985/1,431 = 1,38 nil nil 2 PRINCIPIOS DE CIENCIA DOS MATERIAIS desde pracicamente a auséncia de niquel e quase 100% de cobre até quase 100% de niquel ¢ praticamente auséncia de cobre. Tédas as ligas cobre-niquel so cilbicas de faces centradas. Por outro lado, ha um limite muito bem defiaido na quantidade de estanho que pode subs- tituir cobre para formar o bronze e ainda manter a estrutura ctibica de faces centradas do cobre. O estanho em excesso, além da quantidade correspondente sclubilidade sélida, forma uma outra fase. Esse limite de solubilidade sera considerado mais detalhadamente no Cap. 9. Para que haja uma substituigao em proporgées elevadas, em uma solugio sdlida substi tucional, 0s étomos devem ter aproximadamente 0 mesmo tamanto. Cobre ¢ niquel sdo éompletamente misciveis entre si, pois tém a mesma ¢strutura e seus raios so, respectiva- mente, 1,278 A ¢ 1,246 A. Conforme aumenta a diferenga de dimensdes, ocorre cada vez menos a substituicao. Apenas 20% dos atomos de cobre podem ser substituidos por alu- minio, po=que éste tltimo tem um raio de 1,431 A em comparacdo com apenas 1.278 A para o cobre. A Tabela 4-1 mostra a solubilidade sdlida maxima, no cobre, de varios meiais com a mesma estrutura cfc do cobre. Esses dados esti sumariados na Fig. 4-3. Raramente ocorre uma solubilidade elevada, se ha mais que 15% de diferenca nos raios das duas espécies de Solubilidade maxima, 0 1,0 115 1,30 |, Quociente de raios, elemento de liga/ebbre Fig. 4-3, Solubilidade s6lida versus relagdo entre os raios atémicos (ligas 4 base de cobre com elementos que so normalmente cf). dtomos. Ha ainda, maiores restrigdes a solubilidade, quando os dois elementos tém diferentes estruturas ou valéncias Deve-se notar, na Tabela 4-1, que a solubilidade esta dada tanto em porcentagem atémica como em. porcentagem ponderal. O fator limitaate € 0 ntimero de Atomos substituidos ¢ ndo © peso, dai ser a porcentagem atdmica mais significativa. Entretanto, os engenheiros ordi- nariamente expressam composis3es em porcentagens em péso. E, portanto, necessario sa- ber como expressar porcentagens em péso em térmos de porcentagem atémica e vice-versa. Exemplo 4-1 Uma liga contém 80% em péso de aluminio e 20% em péso de magnésio. Qual ¢ a por- centagem atémica de cada um? * Salvo mengdo em contrério, para sélidos e liquidos usz-se porcentagem em péso e para gases per- centagem em volume, a qual coincide com a porc=ntagem molecular. IMPERFEIGOES ESTAUTURAIS E MOVIMENTOS ATOMICOS, es Resposta: Base de cilculo:" 100 g da liga. Alumini fuminio Magnésio 80 g de cada elemento 20 80 im i 20 76,98 (602 x 1074) tomos de cada elemento qj (602 x 1074) ( 8 ) dtomos at-grama / \at-grama, = (297) (6,02 x 1073) atomos = (0,823) (6,02 x 107%) Total de atomos = (2,97 + 0,823) 6,02 x 10” _ 2,97)(6,02 x 1074) Al= (0,823) (6,02 x 1074) 3,793) (6, 5) ill aon 10°) © = G793)(602 x 1075) = 78,3% em fitomos = 21.7% em atomos Exemplo 4-2 20% dos atomos de cobre sao substitui ini i % ituidos por aluminio em um bronze de alumi Ff i aluminio. Quais porcentagens em péso esto presentes? an Resposta: Base de cilculo: 100 atomos c obre Aluminio 80 dtomos de cada elemento 20 80(63,54) oe massa de cada elemento el x 6,02 x 107 (2.2 de atomos) (étomo-grama) atomos/at-grama 5090 il l $40 =a g em 100 atomos ee 502 x10 602 x 107 Massa total = 2290 + 540 602 x 103 a 5090/6,02 x 1073 5630/602 x 1077 MTA = 90,4% em péso =9,6% em péso my icp Sdlidas ordenadas. A Fig. 4-2 mostra uma substituigdo ao acaso de um atomo Por Outro em uma estrutura cristae, Neste process, a probabilidade de um étomo de um clemento ocupar determinada posicao no reticulado é igual a porcentagem atmica déste escent Neste casa, niio hé ordem na substituicZo dos dois elementos. 0, nao € raro encontrar-se uma ordenagdo dos dois ti a E ti 2 ipos de 4tomos em um arranjo especifico. A Fig. 4~4 mostra uma estrutura ordenada na qual cada “dtomo” préto cercado por “étomos” brancos. Esta ordenacdo é mais comum em temperaturas baixas, 4é que a agitasio térmica mais intensa tende a destruir o arranjo ordenado. PRINGIPIOS OE CIENCIA DOS MATERAIS Fig. 4.5. Solugdo sélida intersticial (earbono a0 ferro fe). (Clyde Mason, Introductory Physical Metallurgy. Cleveland: American Society for Metals, 1947). Fig, 4-4, Solugio sélida substitucional ordenada. (Clyde Mason, Introductory Physical Metallurgy. Cleveland: American Society for Metals, 1947). Solucdes sélidas intersticiais, Em um outro tipo de soluc&o sélida, ilustrado na Fig. 45, um pequeno dtomo pode se localizar nos intersticios entre os atomos maiores. O carbono no ferro é um exemplo. Em temperaturas abaixo de 910°C, o ferro puro ocorre com uma estratura ciibica de corpo centrado. Acima de 910°C, existe uma faixa de tempsratura na qual o ferro tem uma estrutura ciibica de faces centradas. No reticulado citbico de faces cen- tradas, existe um “buraco” desocupado, relativamente grande, no centro da célula unitdria. O atomo de carbono, sendo extremamente pequeno, pode se alojar nesse vazio = produzir uma solugdo sélida de ferro e carbono. Quando o ferro, em temperaturas mais baixas, passa a ser cibico de corpo centrado, os intersticios entre os atomos de ferro tornam-se menores, e, consegiientemente, a solubilidade do carbono no ferro ccc é relativamente pequena. 4-4 SOLUCGES SOLIDAS EM COMPOSTOS IGNICOS. Solugées sélidas substitucionais podem ocorrer em fases iGnicas sdlidas, de mesma forma que nos inetais sélidos. Em fases iénicas, tal como no caso dos metais, o tamanho do ion ou dtomo ¢ importante. Um exemplo simples de uma soluco s6lida idnica esti mostrado na Fig, 4-6. A estrutura ¢ a do MgO (Fig. 3-10), na qual os ions Mg?* foram parcialmente substituidas por ions Fe**. Como 0s raios dos dois ions so respectivamente, 0,78 A ¢ 0,83 A, é possivel uma completa substi- tuigao, Por outro lado, fons Ca** no podem substituir, do mesmo modo, os ions Mg?*, pois seu raio é comparativamente grande*. Fig. 4-6. Solugio sdlida substitucional em um composto; Fe* substitui Mg?* na estrutura do MgO. *Ver Apéndice D, para raios iénicos. IMPERFEIGOES ESTRUTURAIS E MOVIMENTOS ATOMICOS as Um requisito adicional, 0 qual ¢ muito mais severo para solugdes sélidas de compostos ceramicos do que o correspondente para as similares soluces sélidas de metais, é 9 de que a carga do ion a ser substituido ¢ a do névo ion devem ser iguais. Por exemplo, seria bastante dificil substituir-se ions Mg* por fons Li*, embora ambos tenham 0 mesmo raio, pois pas- saria a existir uma deficiéncia de cargas positivas. Tal substituicdo sémente pode ocorrer se acontecerem outras mudangas na carga, de forma a haver compensacdo. (Ver Se¢io 8-5). Mudengas na composigao também podem ocorrer em compostos nfo estequiométricos, os quais sero discutides na Segio 4-7 s6bre defeitos estruturais. Exemplo 4-3 Calcule a razio MgO/FeO, em péso, da solugdo sélida mostrada na Fig. 4-6. Respesta: Razo de ions (por contagem) 17 ‘10 17(24,3 + 16,0) _ 685 602 x 10% ~ NA 10(558 + 160) _ 718 Mg**Fe** = — = quocignte de moles Massa MgO = ATA ATTA ATA a HI i 685 i Quociente (em péso) MgO/FeO = 7 = 0.96 4-5 CO-POLIMERIZAGAO. Nos polimeros, 0 andlogo a solugao solida é encontrado na co-polimerizagdo. Uma cadeia polimérica pode conter mais de um tipo de mero. Relembre- mos das Figs. 3-8 ¢ 3-9, na Segiio 3-8, que 0 etileno e 0 cloreto de vinila tém estruturas bas- tante semelhantes; a tnica diferenca, entre ambos, é que o cloreto de vinila tem um dtomo de cloro no lugar de um hidrogénio. Podem ser obtidos polimeros, que incorporam mond- meros de ambos os tipos 2 nos quais existe uma mistura de meros ao longo da cadeia (Fig. 4-7). | HLA | HAMA aA HN AT HANA HNIC ca NANA MANTA A HHHGHHHHHHHHHH HOH H Fig. 4-7, Co-polimerizacdo. © polimero contém mais de um tipo de mero. No Cap. 7, observaremos que 0s co-polimeros téni propriedades diferentes dos polime- Tos obtide com qualquer um des monémeros contribuintes. IMPERFEICOES CRISTALINAS 46 INTRODUCAO. Imperfeigdes do reticulado so encontradas na maior parte dos cristais. Nos casos em que esto envolvidos individualmente atomos deslocados, étomos exiras ou falta de atomos, temos os defeitos pontuais. Os defeitos de linha envolvem a aresta. de um plano extra de dtomos. Finalmente, temos as imperfeigées de fronteira, quer entre cristais adjacentes, quer nas superficies externas do cristal. i Tais imperfeigdes influenciam muitas das caracteristicas dos materiais, tais como resis- téncia mecdnica, propriedades elétricas, propriedades quimicas ¢ sero discutidas nes capi- tulos subseqiientes.

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