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CORREO DA QUESTO-AULA

(1. 2016/2017)

1.
O discurso do sujeito potico retrata claramente um contraste polarizador entre o
interior do sujeito potico e o mundo exterior que o rodeia.
Por um lado, o estado de alma do sujeito potico patenteia, atravs da metfora da
chuva (palavra reiterada ao longo de todo o poema) e da escurido (vv. 9 e 18), uma tristeza
insanvel (sempre, v. 17), atmosfera depressiva hiperbolizada por uma caracterizao de
valor disfrico (agonia, v. 4; triste, v. 6; sofro, v. 15; como a voz de um fim, v. 20).
Por outro, a realidade exterior, dada pela descrio de um dia solar (claro cu, v. 6;
cu azul, v. 8; o sol e o azul do dia, v. 13; luz, v. 15), materializa uma alegria (v. 15) que
no contagia o sujeito potico (Cai a meus ps como um disfarce, v. 16), parecendo antes
agredi-lo (Como se a hora me estorvasse, v. 14).

2.

A metfora presente nos versos 11-12 traduz magistralmente a perceo que o eu


tem de si mesmo.
Primeiro, pelo nome curva, que remete para a ideia de a sua identidade ser inexata,
imprecisa, sentido que reforado significativamente pelo adjetivo invisvel, que salienta
ainda mais essa linha da indefinio, do vago, do impreciso. Depois, o facto dessa curva
invisvel ser Traada pelo som do vento presume do efeito de disperso/eroso identitria
(que o leva, num paroxismo percetivo, a fazer referncia voz de um fim (v. 20).

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