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Célculo da Perda de Carga 4 5 CALCULO DA PERDA DE CARGA 5.1 Perda de Carga Distribuida 3.1.1 Formula Universal Aplicando-se a andlise dimensional ao problema do movimento de fluidos em tubulagdes de seedo circular, encontra-se a seguinte expressio para a perda de carga, conhecida como formula universal: (3.1) onde: L é 0 comprimento do encanamento em m; V € 4 velocidade média do fluido em m/s; D0 didmetro da canalizagao em m; £80 fator de atrito; AH 6a perda de carga em m. A Equagio 5.1 pode ser eserita também em termos de vazio Q: 5.1.1.1 0 fator de atrito O fator de atrito f, sem dimensdes, é fungo do nimero de Reynolds e da rugosidade relativa. A espessura ow altura k das asperezas (rugosidade) dos tubos pode ser avaliada determinando-se valores para k/D. Conforme ja visto no capitulo 4, 0 niimero de Reynolds qualifica o regime de escoamento em laminar (R, < 2.000), turbulento (R, > 4.000) ou critico. O regime completamente turbulento (rugoso) ¢ atingido com valores ainda mais elevados do niimero de Reynolds, existindo, portanto, uma segunda zona intermediaria, conhecida como zona de transi¢ao (Figura 5.1). Os valores do fator de attito/ sao obtidos em funcio do numero de Reynolds e da mgosidade relativa, tendo-se em vista o regime de escoamento. Regime laminar — f= f (R,) Regime turbulento liso f= f (R.) Regime turbulento de transigdo entre o liso eo rugoso > f= f(R. Regime turbulento rugoso — f= f ( Figura 5.1 Célculo da Perda de Carga 52 5.1.1.2 Determinagio do fator de atrito f Em vez de consultar o Diagrama de Moody-Rouse, como se fez tradicionalmente em Hidraulica, foi introduzido, neste curso, 0 método de caleulo proposto pelo Prof. Podalyro Amaral de Souza da EPUSP, o qual consiste em criar alguns adimensionais para a obtengio do fator de atrito. A definicao desses adimensiomis depende do tipo de problemas existentes no projeto de condutos forgados. A seguir sio apresentados os problemas tipicos do projeto de encanamentos encontrados na pratica e a sua solugao, na forma de algoritmos: a) Problema tipo 1- Cileulo de @ Dados: AH, L, D, k. veg Incégnita: Q? 1, Caleular Ry = 2/2 : v 2. Se RYf <400 — regime laminar — |f = — ir para o passo 8; Y-laal| 3. Se400< RYF <800 — regido critica > ndo se calcula of — Fim. 4, Se Ryf > $00 — regime turbulento > caleular Dik 5. Set BP <14 — regime turbulento liso > f |> ir para o passo 8; 6. Sel4< Alf <200 — regime turbulento misto > — ir para o passo 8; ait = 200 — regime turbulento rugoso —> 7. Se 8. Caleular 9 9. Fim b) Problema tipo 2- Caileulo de AH Dados: 0, D,L, v. keg Incégnita: AH’? Célculo da Perda de Carga 49 DY 1. Caleular & 2. SeR< 00 — regime laminar — | f= R — ir para o passo 8; 3. Se 2.500 no se calcula of — Fim. 4, SeR>4,000 — regime turbulento — calcular s. Se X— < 31 — regime turbulento liso — © passo 8: RY 6. Se31 <2 < 448 — regime turbulento misto > Dik ir para o passo 8; 7. se% D. = 448 — regime turbulento rugoso —> 8. Caleular AH 9. Fim ©) Problema tipo 3- Caleulo deD Dados: 0, AH, L.v. ky 2 Incégnita: D? 1] 128¢-07 aH 1. Caleulai £ wel 4, SeN> 2.100 + regime turbulento > calcular = irpara M 5. Se S17 — regime turbulento liso > |f [ M ool 85 — ir para 0 passo 8; — irparao passo 8; 6. Sel7< M < 236 — regime turbulento misto > Célculo da Perda de Carga 34 — ir para 0 passo 8; 236 —> regime turbulento rugoso ps { 8. Caleular o-[o24 9. Fim EXERCICIOS-EXEMPLOS 5.1 Um reservatério esta sendo alimentado diretamente de uma represa, conforme mostra a figura abaixo. Determine o nivel d’égua NA) do reservatorio, sabendo-se que 0 nivel d’agua da represa esta na cota 50 m. 1,01 x 10% m/s Solucdo: Para determinar a cota NA2, é necessério calcular inicialmente a perda de carga AH. Portanto, trata-se do problema tipo 2 - Céleulo da velocidade @ 4-02 An - (0.40) = Caleulo do N° de Reynolds: ved _ 159. v LOl-il 59 ms 29.703 > 4.000 = regime turbulent Dik ~ Calcul do adimensional =2071 >448 = regime turbulento rugoso ~ Céleulo da perda de carga: Célculo da Perda de Carga 5-5 ayy 8: f:L:0% _ 80,0409 - 750 - (0,20 Dg «= (0.a0) - 981 = 50,00 — 9,90 = 40,10 m 5.2 Determine a vazio transportada pela adutora que liga uma represa e um reservatorio, conforme mostra a figura. Dados: L = 360 m — D=0.15m k= 0,00026 m 097m v= 10° m/s Solucdio: A incdgnita €a vazio +. & problema do tipo 1. ~ Célculo da adimensional Ryf: Rif=2.. [28 82 2 2 [22281293 - O15 _ 41 369 > $00 = reg. turbulento ao Z 360 - Clouto do adimensional “F, Dik Alf 130s 5 ye r17<200 = reg. turbulento misto D/F (015/0,00026) = Caleulo de f EXERCICIOS PROPOSTOS E5.1 A tubulagao que liga uma represa e um reservatério tem 1.300 m de comprimento e 600 mm de didmetro e é executada em conereto com acabamento commum (k= nun). Determinar a cota do nivel d’dgua (NA) na represa sabendo-se que a vaziio transportada é de 250 1/s e que o nivel d’égua no reservatério inferior (NA,) esté na cota 10,00 m. Desprezar as perdas localizadas adotar Vagus = 10° nr'/s. Célculo da Perda de Carga 56 Nay E5.2 Para a instalagao da figura, determinar o valor de a,sabendo-se que a vazao é 10 Us e que o conduto é de ferro fundido novo (k = 0,25 mm). E5.3 O conduto da figura tem mugosidade k= jg 0,25 mm eo diimetto D= 150mm. 2” __| Determinar o comprimento L do conduto, sabendo-se que esta escoando uma vazio de 50 I/s. Desprezar as perdas localizadas e adotar Vieva= 10° 100m m/s. a —_I 7 E5.4 Determine a vazio que escoa através da tubulago que interliga dois reservatérios, conforme mostra a figura abaixo Dados: L = 150 m en k=0,0035 mm D=200 mm Veeun = 10° m/s | 5.1.2 Formulas Praticas Embora a formula universal seja recomendada para o célculo de perdas distribuidas, algumas formulas priticas sio aceitas largamente até hoje, tendo em vista as confirmagdes experimentais. Dentre elas, so apresentadas as duas mais empregadas atualmente: Célculo da Perda de Carga 57 a) Formula de Hazen-Williams (1903) E uma formula que resultou de um estudo estatistico com grande nimero de dados experimentais e ¢ expressa pela seguinte equagao: J=1068—2 (5.3) C8 D* ou, em termos de vazio: 9=0279-¢-D (4) onde: OQ € a vazio em m3/s; Dé0 diémetro da tubulagao em m; Jéa perda de carga unitaria em m/m; C & 0 coeficiente que depende da natureza (material e estado) das paredes dos tubos. A Tabela 5.1 mostra alguns valores do coeficiente C. A perda de carga total é dada por: AH =JxL onde AH¢ a perda de carga em me Z é 0 comprimento da tubulagio em m. Esta formula pode ser satisfatoriamente aplicada para qualquer tipo de conduto e de material. Os seus limites de aplicagao sao os mais largos: diametro de 50 a 3.500 mm. Tabela 5.1 — Valor do coeficiente C. Tubos c ‘Ago galvanizado (novos € em uso) 125 Cimento-amianto 140 Conereto, bom acabamento 130 Conereto, acabamento comum 120 Ferro fundido, novos 130 Ferro fundido, em uso 90 b) Férmula de Fair-Whipple-Hsiao (1930) Sao formulas recentes, estabelecidas para os encanamentos de pequeno diametro (até 50 mm). Para todas as equagdes abaixo, 0 é a vazio m’/s, Déo diimetroemmeJé a perda de carga unitiria em m/m. + Canos de ago galvanizado conduzindo agua fria. = 0.002021 2 J = 0902001 2, 5.6) ow, | Q= 27,1137 De 6.7) + Canos de cobre ou latao conduzindo agua fria. Célculo da Perda de Carga 58 J =0,000874 2 (5.8) D ou, == 55,934.D774 7°" (5.9) + Canos de cobre ou lato conduzindo agua quente. = 0.000704 g - (5.10) O= 63,281.D2 0" (5.11) Da mesma forma que a formula de Hazen-Williams, a perda de carga total é dada por: AH=JxL (5.5) onde AH é a perda de carga em me L & 0 comprimento da tubulagio em m. 5.2 Perda de Carga Localizada Conforme visto no capitulo 4, a perda de carga localizada & devida & descontinuidade da tubulagao, chamada singularidade, que pode ser pegas especiais de mudanga de diregao (curva, cotovelo) ou alteracao de velocidade (redugao, alargamento, registro, ete.). De um modo geral, todas as perdas localizadas podem ser expressas sob a forma (5.12) onde 2 é a perda de carga localizada; V € a velocidade de escoamento; K€ 0 coeficiente de perda de carga localizada, obtido experimentalmente para cada caso. A Tabela 5.2 apresenta os valores aproximados de X para as pecas e perdas mais comuns na pratica. Tabela 5.2 — Valores aproximados de K. Pega x Bocais 275 Comporta aberta 1.00 Cotovelo de 90° 0.90 Cotovelo de 45° 0.40 Curva de 90° 0,40 Curva de 45° 020 Entrada de borda 1,00 Saida de canalizagao 1,00 Té, passagem direta 0,60 ‘Valvula de gaveta aberta 0.20 Célculo da Perda de Carga 59 Método dos comprimentos equivalentes (ou virtuais) método considera que uma canalizagio que compreende diversas singularidades, sob o ponto de vista de perda de carga, equivale a um encanamento retilineo de comprimento maior Para simples efeito de calculo, 0 método consiste em adicionar extensfio da canalizagao, comprimentos tais que correspondam a mesma perda que causariam as pegas especiais existentes na canalizagio. A cada singularidade corresponde um certo comprimento ficticio. Os valores de comprimento equivalente correspondentes a diversas pecas podem ser encontrados em qualquer manual de Hidréulica. A tabela da pagina seguinte apresenta os comprimentos equivalentes a perdas localizadas de algumas singularidades. EXERCICIOS-EXEMPLOS 5.3 Caleular o didmetro de uma tubulagio de ago usada (C=90), com 3.000 m de comprimento, que veicula uma vazio de 250 I/s com uma perda de carga de 51m. Solucéo. 0,400 m 4 Uma canalizagio de ferro dictil com 1800 m de comprimento e 300 mm de diametro estd descarregando, em um reservatorio, 60 l/s. caleular a diferenca de nivel entre a represa e 0 reservatério, considerando todas as perdas de carga. Verificar quanto as perdas locais representam da perda por atrito ao longo do encanamento (em %). Ha na linha apenas 2 curvas de 90°, 2 de 45° e 2 registros de gaveta (abertos). Solucdo. Q=VA =v Curva de 90° > K= 0,40 Ciélculo da Perda de Carga avs oat ownaiza savinstys aagt osu, ut t 2 Fi 3 z z : : e c aa VINATyA, znynvo vavanys a = cy oe ania 430 vinstya weave ‘vayys: a po aS cov aa vayes a vag Ey « 7% ounasy omnony aa ‘O4ssiD3 “36 ry 6 3. coal ss en ry no ap 70 “0 ° a 32 13 oy A EZ) 20 0 cy a ip 50 imp a8 ouwaey oto19 3a outsioaw oo ouaay oaisioga 2 7 vavains avN10N vavana sr van van 9% vyauno fiom vain o7sh0100 oxing ora ‘Tabela 16-6, Comprimentos equivalentes a perdas localizadas, (Expressos em metros de canaliza¢do retilinea)* o7#h0100. ‘organ ove 2s #0109 0n01 o1va auas%i\sctFtAé Above’ ‘oraao10> DiAMETRO. aa pot Os valores indicados para registros de globo aplicam-se também as torneiras, vAlvulas para chuveiros ¢ valvulas de descarga Célculo da Perda de Carga Sil Curva de 45° > K = 0,20 Registro de gaveta (aberto) > K = 0,20 Entrada da canalizagio > K= 1,00 Saida da canalizagio > K = 1,00 Kuo = 2. 0,40 + 2x 0,20 + 2x 0,20 +2 x 1,00= 3.6 Perda de carga localizada total: Perda de carga distribuida: Férmula de Hazen-Williams J= 10,632 0041 mv/m oD AH = Jx L=0,0041 x 1800 = 7,38 m Perda de carga total Porcentagem da perda localizada em relagao i perda distribuida: =0,018 ou 1,8% 3.5 Determinar a carga disponivel no chuveiro de uma instalagio predial, abastecido por un ramal de %". Utilizar 0 método de comprimento virtual e a formula de Fair- Whiple-Hsiao para calcular a perda de carga. Solugao Aplicando 0 método dos comprimentos equivalentes is perdas singulares: No ramal (tubulacao de ‘i"') Singularidade Comprimento virtual woes eo wernoe (em m de canalizagio) Té, saida do lado 14 Cotovelo de 90°, raio curto 07 Registro de gaveta aberto 1 Comprimento equivalente total no ramal: Lyg = 1,4 + 5x 0,7 + 2.x 0,1 = 5,1 m Comprimento real do ramal: Lyx = 0,35 + 1,10 + 1,65 + 1,0 + 0,50 + 0,20 = 5,3 m 0,4: Comprimento total do ramal: Ly = 5.1 = 5,3 Célculo da Perda de Carga 5-12 Ciileulo da perda de carga: Formula de Fair-Whiple-Hsizo: (0,002 + (0.01905 )* 0.0887 mim AH = J x L = 00557 x 10,4 = 0,58 m Na tubulagao principal (tubulagao de 1 Comprimento virtual da tubulagao principal: Lx» = 0,5 m (entrada normal) Comprimento real da tubulagdo principal: Lyp = 0.9 m Comprimento total da tubulagdo principal: Lr = 0,5 + 0,9 = 14m ,oo2021 zon - (0.001) er = 0,002021 - OO — 9.0390 mim D (0.0381) J AHp = Ix L=0,0390 x 1.4 = 05 m Carga geométrica: 1,7 m (da figura) Carga disponivel no chuveiro: Haisp = 1,70 — 0,58 — 0,05 = 1,07 m (caixa d’égua cheia) EXERCICIOS PROPOSTOS E5.1 Caleulara vazao que escoa por um conduto de ferro fundido usado (C=90), de 200 mm de diametro, desde um reservatorio na cota 200 m até outro reservatério na cota, zero. O comprimento do conduto é de 10.000 m. Resp. Q= 0,044 m’/s. E5.2 Deseja-se transportar 1.130 V/s de égua com a velocidade de 1m/s em uma tubulagaio de 500 m de comprimento, com C=100. Calcular a perda de carga. Resp: AH: m. E5.3 O abastecimento de gua de uma indiistria sera feita a parir de um reservatorio elevado, que recebe Agua de uma represa. O consumo maximo didrio da indiistria & de 800 me a adutora deverd ter capacidade para transportar esse volume em 6 Ciélculo da Perda de Carga 5-13 horas. Considerando-se, no projeto, tubo de ferro fundido (C-90), caleular a altura da tome x, Resp.:x= 18,11 m 419,00 m 5.4 O esquema abaixo mostra uma instalagao hidrdulica de uma indistria. Pede-se determinar o diametro da tubulagao do trecho 2. Utilizar formula de Hazen- Williams, Dados: Trecho 1 Trecho 2 Trecho 3 Tea (m) 80 160 300 Leguis (m) - 40 - Dm) 0.10 2 0.20 Cc 90 120 100 Qs) : = 50 Pressfio em A: 15 mc.a 103,0 Ciélculo da Perda de Carga 314 E5.5 No esquema abaixo, o reservatorio alimenta simultaneamente uma valvula de descarga e dois chveiros. Pede-se verificar se a vilvula de descarga funciona satisfatoriamente, NAmax RESERVATORIO GHUVEIROS 1,80 1,00 MEDIDAS EM METROS Dados: Vazao do trecho AB = 2.0 l/s; Vazio da valvula = 1,5 1/s; Adotar registro gaveta; ‘Adotar cotovelo de raio médio; Redugdes: considerar comprimento equivalente igual a 0,5 m na tubulagio de menor didmetro; Tubulacao de aco galvanizado; Pressio minima de servigo da vélvula = Simca. Ciélculo da Perda de Carga 5-18 E5.6 No esquema abaixo, verificar o funcionamento dos chuveiros. NA — NAmin A == 0,10 BH Ro 1,20 cHs 4,20 MOIDAS EM METROS Dados: - Instalagdo de ago galvanizado; = Vazio de cada chveiro = 0,2 Us; ~ Adotar cotovelo de 90° — raio curto; ~ Pressfo minima de servigo nos chuveiro: ~ Tubulagio de 1%” — registro gaveta; - Tubulagio de ¥” — registro globo: ~ Comprimentos equivalentes nas tubulacdes 1%” para 1” — acrescentar 0.5 m na tubulagao de 1”; 1” para ” — acrescentar 0,5 m na tubulagao de‘ 1.0 mea.

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