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Jere Arnreh me Tey (ene Cele ie Soleo ran rele Sr ony : i nals de um cul, 0 lvr0 ite permanece a principal seg wade devenho das ods ona bas (itenglo para a Hi dey piss no de ans, gia sensi dos fu prncposce CAMILLO SITTE A construgao das cidades segundo seus principios artisticos Organizagio ¢ apresentacao d Carlos eee Monteiro de Andrade iupdo de Ricardo Fevers Henrique Thustragdos {ac-aimiladas da edigso-padiao austriaca (1909) Séri0 Temas Volume 26 Arquitotura e Urbanismo ‘Titulo original: Dor Stidtebane nach seinen kitnsllerischen Gnendsitaen ‘Primeira edigao, 1889 ‘Traduzido da quarta edicao alema, de 1909 exro Eilkor ‘eran Prisha Assinténcia editorial “i Mart Lando Organizacio, epreseatagio e revino Léeniea ‘Carls Reberto otter 6 Andrade ‘Teadupfo do original alemto Tics Pareles Henrie Revinio de tradugso Nice Telicra ‘Tradugio do anexo de 5. D. Adshoadt aber Martins Fil. ‘Traduio do anexo de Camille Martin ‘Crtn Roberto Mente Arid Preparas dos originals Sago Reber Tors ARTE Capa fue Boia igdo moto} Milton Taeela Coordenagio gréfien Teg Ole Composig « paginagde em video eu Rate das Sats ISBN 85 08 04266 3 1992 ‘Tots os direitos reservados Editora Atica S.A. Rua Bardo de Iguape, 110 — CEP 01507.900 ‘Tels (PABX) (011) 2789322 — Caixa Postal 8556 End, Telegréticn “Bomlivro” — Fax: (U1) 27-4145 Sto Paulo (SP) SUMARIO APRESENTACAO, 4 Prélogo, 11 A primeira edigao, 11 A segunda edicao, 12 A terceira edigao, 12 A quarta edigéo, 13 Introdugao, 14 1, A relacao entre construgdes, monumentos e pragas, 25 2.0 centro livre, 35 3. A coosto des pragas, 47 4, Dimenséo e forma das pracas, 55 5, Tmegularidades das pracas antiges, 63 6, Conjuntos de pragas, 69 1, Pragas do norte da Europa, 75 8. A escassez de motivos © a monotonia dos complexos urbanos modernes, %3 9, Sistemas modemos, 100 10. Os limites da arte na construgao urbana moderna, 112 11, Melhorizs no sistema moderno, 119 12, Bxemplo de uma reforma urbana segundo principios artistices, 145 Conclasto, 161 ‘Apéndice — O verde na metr6pole, 165 Nota sobre as tustragées, 184 ANEXO 1: “Ruas” (por Camille Martin), 185 ANEXO 2: Camillo Sitte ¢ Le Corbusier” (por S. D. Adshead), 194 ANEXO 3: “De Viena a Santos: Camillo Sitte e Saturnino de Brito” (por Carlos Roberto Monteiro de Anérade), 205, ANEXO 4: “Indicaghes bibiograticas”, 235 Indive das cidades, 237 Apresentagao O livro do arquiteto Camillo Site, A construgio das cidades sujuundo seus rincipios artistes, publicado pela primeira vez hi ‘nals de um século, & um marco nas teorias urbanisticae da segunda ‘netade do século XIX, Ac chamar a atencao para a cimensao esté- ‘Hien da cidade, a0 consideré-la como uma obra de arte ¢ no ape- ‘ys un yrance artefato para atender nevessidades exclusivamente fureonss Site id sare crtamente em rlaco a0 prince ii uc entao norteavam a consérugfo de noves baieros ou novaa ‘Cidides, polemizando com arquitetos seus contemporineos, inclu- ‘iyo aquelos que realizavam a conclusto das obras da Ringetrasse sua Viena. Pioncire na defesa da preservagao de centros histérieos © ‘enycos urbanios antigos, ja entao sendo arrasaclos por obras vidrias f de saneamento, Sitte influenciard decisivamente nao 6 todo “Wshanisine curopet das primeivas décadlas do século XX, mes tame ‘Win 0 urbanismo americano e até mesmo o urbanismo sovistico los anos 1920. ______. Mas nao apenas os especialistas se interessaram pelo livro “de Site, O sucesso editorial que ele obteve na Viena finissecular ese sobretudo porque, enibora sendo um tratado sobre a:cons- lo Ge cidades, Der Sidtebau fala da cidade como 6 apresn- “ida pelo cidadao comum, a cidade como 6 vista por aquele que ki por siias ruas, atravessa seus ferritérios, repousat em stias ‘pias, realizanclo perenrsos variados por esse espaco que tem ‘ilyo de labirinto. Enfim, « cidade como lugar, ou como a divers lade de lugares, e nao um espaco liso, homogeneo, indiferenciade, Para o cidado comum, homem da rua ~ ainda que também Wi casa =, a cidade nao € vista como totalidade; e 0 modo de se ot Heddle a partir do fragmento é que Sitte ira explorer. Daf “et uso inkenso de perspectivas formando um quadro delimitado, ‘Contigo, 01 entto seus intimeros exernplos de plantas de pracas, Ait 5 pedacos recortados de um tecido urbano mais vaste, em vez de Perspectivas em yéo de péssaro, ou a8 plantas do conjunto da Cidade reunindo dados diversos. Vale observer que maior parte da forte influéncia exercida, por Der Stidtebau se fer através da traducto francesa, realizada pelo arquiteto sufco Camille Martin ¢ cuja primeira edigéo € de 1902. Este fato ¢ relevante, pois se trata de uma traducao nem sempre fiel ao original, embora mantenha o sentido dos princfpios sittianos. Suas principais alteragbes residem no expurgo que faz dos exemplos do Barroco, em grande parte referentes a cidades alemas. Daf 0 acento que ela dé &s pracas ¢ ruas da Idade Métia, © que deve ter colaborado para a leitura equivocada que se fez do urbaniemo de Sitte enquanto uma manifestacao neomedievalista. Pretendendo “‘completar” 0 livro de Sitte, Martin chegou a ineluir um eapftulo eserit inteiramente por ele proprio. Nesse caph {ulo, porque Site tala quase excusivamente de pracas, Martin lou 0 tracado de ruas. A polémica criada por Le Corbusier or os eens oe Ste ania hrs Ure, cee esse capitulo. Criticando mordazmente os principios de Sitte, Le Corbusier identifieava o tragado de ruas que aquele propura — , quem propunha era Camille Martin — com 0 caminho dos sno, por sua irregularidade, enquanto para o homem movterno claro, 0 homem moderno corbusiano — a reta deveria ser a tinica directo, aquela de quem sabe aonde quer chegar e no se deixa levar pelo acaso, De fato, trata-se de uma antiga questio de desenho urbano, aquela da oposigdo entic 1ues 1elas © 1uas Cui vas, Ou, em oUlLos termos, a questzo acerca de como incorporar, ou nao, 0 acidental nos tracados urbanos, A critica de Le Corbusier & no enianto, totalmente improcedente, no apenas por seu racionalismo abso: luto, mas sobretudo porque nem o capftulo escrito pelo tradutor Cemille Martin nem Sitte em todo seu livro excliem a rua reta. Apenas entendem que esta nao deveria ser usada indiscriminada- mente, sem consideracio com 0 relevo do terreno ou as circuns- tancias locas. E nesse sentido que julgames oportuno incktir, como um. complemento a esta edicéo brasileira do livro de Sitte, a traducéo do capitulo escrito por Camille Martin intitulado “Ruas’, Até mesmo porque Sitte néo desaprovou a traduedo francesa de seu livro, Do mesmo modo, pareceinos interessante anexar um artigo do urbanista inglés S. D. Adshead, publicado em 1930 na impor- tante Town Planning Reviews, em que a oposi¢do apontada acima € discutica, contrapondo os principies urbanisticos de Sitte com 6 Aesiete desi se i in a (08 de Le Corbusier. Por este texto podemos perceber a influéncia das idéias si-tianas na Europa dos anos 1920 ¢ as difteuldades do Movimento Moderno na arquitetura para impor seus prinefpios, So estes se tomnaram praticamente hezemonicos a partir dos anos 1930 até 0 perfodo da reconstragao no apds-guerra, nao foi sem resisténcias. ‘Tambem anexamos um texto de nossa auttoria onde apresen- tamos a influéneia do livro de Sitte nas idéias ¢ projetos do enge- nheiro sanitarista brasileiro Francisco Satumino Rodrigues de Brito, o qual realizou planios urbanos para algumas dezenas das principais cidaces brasileires nas trés primeitas décadas deste seculo, Procuramos af apontar 2 macemnidade co urbanismo sani- tarista de Saturnine de Brito, implantando pioneiramente o plane jamento urbaro no Brasil, através da conciliagao de uma viseo pin- uresca’ da cidade com exigéncias ntilitérias Nossa intens2o com esses anexos foi enriquecer a leitura do livro de Sitte, chamando a atengao para os desdlobramentos de seus postulados, que nos podem explicar nfo s6 sua large influencia no urbanismo das primeiras décadas do século XX, como fornecer algumas roferéncias importantes para ontendermos a cultura urbanistica moderna. Se esta foi marcade pela Carta de ‘Atenas, 36 6 possfvel compreendermos as eriticas aos princfpios, do urbanismo moterno, surgidas de modo cada vex mais intenso ‘ partit dos anos 1950, se nos remetermos, como alias fizeram grande niimero daqueles criticos, A obra de Camillo Sitte, Na sua leitura talvez percebames que, por tras de seus sutis e ironicos camentirins 26 modero, hala mais modemidade do que sxepaita ram seus criticos, ou mesmo seus partidérios. Por fim, inchifmos um breve comentério da bibliografia a respeito de Camillo Sitte, que poder4 ser itil para aqueles que pre: tendam se aprofuindar em sua obra, Sto Carlos, janeiro de 1990, Carlos Roberto Monteiro de Andrade “Ver nota 6 dap. 29. [Ainge de 6. Pot, om Homa CAMILLO SITTE A construcao das cidades segundo seus principios artisticos Uma contribuigdo a resolucdo das questées modernas da arquitetura e da plastica ‘monumental, com especial alencao a cidade de Viena Acrescido de “Q verde na metrdpole”” Prélogo A primeira edigao Entre as questdee mais empoliantes de nosso tempo, encontra: ‘se a discussio acerca dos sistemas da construg2o urbana. Como ‘em todas as polémicas de uma determinada época, os juufzos em pauta nao raro assumem 0 cardter de controvérsias arrebatadas. Em termos gerais, todavia, pode ser observado um reconheck mento undinime e respeitoso dos muitos éxitos técnicos alcancados no Ambito do trifero, do aproveitamento Inerativo dos tertenos construfdos e, sobretudo, das grandes melhorias sanitérias; em contrapartida, notase também uma conderacéo, por uma unani ‘midade que chega As raias do desprezo ¢ do escdrnio, clos fracas- ‘$08 estéticos da construcao urbana moderna. Trata-se de uma ava- Tiacho procerente, pois, ce fato, muito foi realizado sob 0 ponto dl vista tecnico, mas quase nada cob a perspestva da arte, © na maioria das vezes as grandiosas construgdes monumentais recen- tes encontram-se nas pracas mais inadequadas e em terrenos div dls da pior mancira possivel, Tal contexto fundamenta o empe- nho em pesquisar-se a fundo uma série de pragas antigas e anti- ‘g0s conjuntos urbanos, verficando-se cansas de seus belos efeitos, causas que, Corretamente examinadas, nos proporcionariam um corpo de regras cuja observancia deveria garantir a obtencao de semelhantes efeitos precisos. Assi, de acoido com esse prope sito, 0 presente trabalho néo se revela nem uma histéria da cons- truco urbana, nem tampouco um tratado polémico, mas oferece aos profissionais da 4rea algumas deduyées te6ricas e um mate- Fial para estulo; deve ver considerado enquanto parte do amplo eeiticio intelectual da estética pratica e serve aos técnicos da cons- truco urbana como uma contribuicdo titil A sua propria somatéria mtg datcidase tind mon re ation sxperiéiicias e normas, balizas essenciais para a concepeio de “projetoe de parcelamento. Com isto em mente, foi inclutdo ‘aslo material de ilustracdes e, principalmente, detalhes ¢e ios urbeinos, nos quais se procarou utilizar, eempre que possi Hp], A mesma escala, cuja unidade pode ser encontrada junto & Oil pobre as ilustracdes.1 Nos casos excepeionais om que isso {oi posstvel, detenninowse uma escala aproximada com base \lguns fatores mais significativos, como o comprimento médio ‘ua iigreja ¢ outros dados semelhantes, Os exemples limitam- | Austria, Alemanha, Ilia e Franea, pois 0 autor seguin o prin- tle discutir apenas coisas por ele vistas, cujo efeito estético H| valiado por seu proprio olhar. Somente esse princfoio tornon el oferecer aos cologas das dreas técnicas ¢ artisticas um Util e apreciavel, que 86 poderia ser de todo esgotado por hisiria da construgdo trbana, mas no por uma obra teérica Viena, 7 de maio de 1889, C. Sitte Nemanas apés a sua publicagdo, o livro jf ests esgotado lor, £ uma feliz comprovagéo de que o tema abordado des- {and interesse, No entaatn, como até 0 momento néo tou 8 opinide de profiosiondie, ¢ ndo me parecendo itil imo ao material apresentado, esta segunda edicao segue lifieagdes. ‘Viena, final de junho de 1889, 0 Autor terceira edicao De inaneira extremamente animadora e surpreendente para 0 iniamo do autor, o pensamento fundamental deste livro — pro- i escola da natureaa e dos mestres antigos também no dmbifo seousinigdo urbana — teye repercussbes praticas vigorosas desde Huh publicagao. A opinito de colexas protissionais de primeira ‘lon 184. (N, do 7) aes 13 ‘ordem de que esta obra abriu um novo caminho para a construrzo urbana e de que € este seu grande mérito tem sido divulgada ‘publicamente em diversas ocasioes. No entanto, esta deve ser rett- ficada, pois uma obra literaria #6 pode surtir fal efeito se toda a ‘questéo, por assim dizer, j estiver no ar. Bfeitos assim animado- es apenas slo possfveis quando todos sentem e reconliecem a mesina coisa, até que alguém, por fim, o manifesta abertamente. E, como 0 atual estagio desse assanto nao demanda o aeréscimo de novos pormenores, esta tereeira edigo também segue sem modificagdes. ‘Viena, 24 de agosto de 1900. 0 Autor A quarta edigao No ano de 1902, Der Stadlebaw foi publicada em francés: L’art ide bar les villes ~ traduit et combiet® por Camille Martin, Nesta casio, nosso pai, falecido a 16 de novembro de 1903, manifestou ‘0 desejo de fazer algumas modificacdes para uma préxima edigio alema de seu livro, o que foi realizado nesta quarta edicao. Seu ensaio “O verde na metrdpole”’, até agora acess{vel apenas a um restrito cireulo de leitores, foi anexado ao livro na forma de apen- dice; acrescentaram-se também novos planos do recinto do Festi- val em Olimpia, da Acropole de Atenas e do Forum Romano, de acordo com as descobertas mais recentes das pesquisas cient{- fica nestes locals; elyumas plantas {u.an, 1edeseubalas e) na medida do posstvel, substituiram-se alguns dos desenhos por foro- grafies. Mantendo a intencao expressa nos prefacios das edigdes anteriores, esta também segue sem alteragdes no texto. ‘Viena, dezembro de 1908. Siegftied e Heinrich Sitte Tntrodugao gradiveis lembrancas de viagens sto parte integrante de nos- ¥ mais belos sonhos, Ante nosso olhar espiritual deslizam pra- | Monuimentos, imagens urbanas adordveis e belas paisagens, ios novamente o prazer de se demorar junto a tudo aquilo umucioso ¢ sublime que, outrora, nos fizera to felizes, Demorarse! Caso pudéssemos fazeto mais amitide nesta ‘naquela praca, cuja beleza no nos cansamos de admirar, ‘10 puportariamos com 0 coracao mais leve os momentos diffe © seguiriamos fortalecidos na eterna peleja da vida, A sereni- Ie inquebrantével das terras do sul — da costa helénica, da [ti- {it meridional e de outros climas abengoados — 6, sem dtivida, natureza; no entanto, as cidades antigas atuavam sobre pirito humano com a mesma forca suave e irresistvel desta pncantadota, a cuja imagem foram construfdas. Quem ‘vamenie sensibilizado pela beleza de uma cidade antiga inte contestaria tal suposiedo da forte infkiénoia do meio sobre o espftito humano. Quanto a isso, talvez o mais livo sejam as rufnas de Pompéia. Ali, um individuo que, & Hille, 0 caminho de casa apSs um dia de trabelho arduo, passa Tela fem descoberto, sentesse atraido irresistivelments em dire- eveadaria do Templo de Jépiter, para contemplar, do alto “thia plataforma, este Conjunto maifico, de onde fai a nosso tro una harmonia plena, como os acordes cheies ¢ limapidos ‘nits bela miisica. Em um lugar assim, compreendemos 2s pala- tle Arislételes, que restme os prinefpios da construgio urbana illser que uma cidade deve ser construfla para tomar o homem -Tneimo tempo seuro e feliz, Para que esta tiltima condic&o efolive, a construcdo urbana nfo deveria ser apenas uma ques: {ip tecnica, mas também artistica, em seu sentido mais préprio e wvivlo, Do fato, assim fot na Antigtidade, na Idade Média, na hess 18 Renascenca, enfim, em toda parte onde as artes reoeberam a aten- 0 merecida, Apenias em nosso séevlo matemético € que 08 can- juntos urbanos? © a expanséo das cidades se tomaram uma ques: Vo quase puramente técnica, ¢ assim parece importante Jembrar {que, com isso, apenas um aspecto do problema é solucionado, enquanto 0 outro, 0 artistico, deveria ter, no minimo, a mesma importancia.. Com isso fica esclarecido o objetivo da pesquisa subseqtiente, da qual, todavia, € mister dizer logo de inicio que nao tem por meta reiterar o que h4 muito foi dito e freqiientemente repetido. ‘Yambem nao intencionamos lamentar a proverbial monotonia dos ‘conjuntos urbanos modernos, condenar isto ot aquilo, ou crucifi- ‘car tudo 0 que j4 foi realizado em nosso tempo dentro deste Ambito, Um trabalho assim negativo deve ser deixado apenas a0 critica que sempre nega e nunca concorda, Quem, pelo contriio, traz em si a conviccto de que ainda hoje se podem criar coisas belas e boas, precisa também crer em tais coisas e entusiasmar- sse por elas. Desta forma, nao sera apresentado aqui em primeiro plano um ponto de vista critico ow historico, mas sim a anzlise, ‘sob um agpecto puramente técnico-artistico, de cidades antigas & de cidades modemas, com 0 intuito de por a descoberto os moti- ‘vos de sa composic¢io — das primeitas, com base na harmonia & no eleito sedutor sobre os sentidos; das segundas, na confusio 0 ‘na monotonia —, enguanto a andlise do todo servira & busca de ‘uma saida para nos libertar do sistema moderna de blocos de edi- ficios ¢, & medida do possfvel, para nos resgatar da tendéncia ao aniquilamento das belas cidades antigas, ao mesmo tempo permi- Uiundo v flacstimente de uma produgéo cquivalente & doo mestree antisos. Em consondincia com este programa pragmitico-artistico, ‘nos deteremos apenas no estudo dos conjunios urbanos ¢ da dispo- sigio dos monumentos durante os perfodos mais recentes da Renascenga e do Barroco; entretanto, somente uma pequena par- cela dos conceitos antigos gregos e romanos serd retomada, pois em parte subjazem A compreensio do conjanto renascentista € por outro lado serao titeis na andlise de perlodes posteriores, dado que, desde entao, em muito se alteraram 2 finalidade e 0 signifi ceado de alguns dos principais elementos da constricao urbana, Portanto, tomou-se essencialmente outro o significado des ppragas abertas (um {6rum ou tuma praca de mercado) em meio & cidade, Hoje raremente utilizadas para grandes festas ptblicas, € 2 No original, Stateaniagen. (N. doT) Daeeo0r salu Roya toys Grd da Yann sont de ae) i V (ectElevo da Ruraachin), VF (Comstias); VIII (edlicios a low), XI (Toraplo te Apolo); XI (mercado) ” " 1V Gonpade ‘duit tir Inti Wy cada vex menos para um uso cotidiano, elas servem, na maioria das yezes, a nenhum outro prepésito além de garantir maior cireu- lapao de ar e luz, provocar uma certa interrupeso na monotonia do oceano de moradiss e, de qualquer maneira, garantir uma viedo ‘mais ampla sobre um edificio monumental, realrando seu efeito arquiteténico. Que diferenca da Antigtiidadel Nas cidades antigas, as pracas principais eram uma necessidade vital Ge primeira gran deza, na medida em que ali tinha lugar uma grande parte da vida paublica, que hoje ecupa espagos fechedos, em vez das pragas aber- tas, A Agora das antigas cidades sregas era o espago das assem: bieias sob céu aberto. © mercado, a segunda praca principal de tama cidade antiga, ainda hoje se mantém ao ar livre, porém com luma teadencia crescente a transferir-se para pavilhoes fechados, Lembrando que também os sacriffcios eram realizados ao relento diante dos templos, que todos os jogos ¢ mesmo a representagio de tragédias ¢ outras obras dramaticas se realizavam em teattos Aescobertos; lembrando ainda que também o chamado templo hipe- tro® pertencia a esta cetegoria ce espagos descobertos; ¢ que, por fim, mesmo a moradia antiza segue este modelo, apresentando ‘apenas um tipo de orientacdo diferente, com um pitio descoberto circundado por diversas salas e cubiculos; entéo, toma-se evidente que é minima a diferenga entre os ediffcios citados (teatro, templo, tpradia) € as praces urbanas, ainda que isso possa parecer estra- nnho ao nosso ponto de vista, inteiramente diverso, Em Vitrivio, depreendese com nitider a percepcio que os antigos tinham da identidade entre todas essas coisas, pois, ainda que esse autor explique ter tratado estes objetos pertencentes & lumn mesmo grupo como uma totalidade fechada, ele aborda 0 con- junto do férum nao ao discorrer sobre a escolha do lugar para os edificios piblicos, @ escclha de lugares mais saudaveis ou 0 com- plexo vidrio, onde as nuas nao devem ser exposias ao vento, ott meemio ao contar a hisidria de Deinécrates, que teria exbocado 0 projeto para a cidade de Alexandria, mas Vitrivio trata do forum em tm capitulo junto da basiliea, no mesmo livro em que é intro- duzida a discussio acerca de teatros, palestras*, pistas de corrida © vermas, todes espacos pitblices de reunido ao ar livre, concebi dos como obras arguiteténicas, Da descrigaio de Vitrivio — ¢ 2 Hppaitvon wo asxo gintsio yrego, grande supetice deseoierta ¢ ceeada 0: portico, destnada 105 exeteteos que exiginn am expago apo (ana, cor ea, jos e.) N. o T) ‘'Paiedra: em Vrivig a desinacdo genGrica dos edifice da pate interna do ads grezo. oF) 2 coneans ean soins ater ete ig. 2 —Férum Remane no pated cea Ira 19 yobretudo do préprio conjunto do Férum de Pompéia, que corres: once inteiramente as indicactes desse autor —, depreende-se fhinda a grande afinidade entre um frum ¢ um etpago fechado, iio menos em sta volta, e concebido enquanto obra arquitetinica, iusim também omado por pinturas, estatuérias etc., & maneira ile umn saldo de festas. Logo de inicio, Vitrdvio diz: “Os gregos onstroem suas pracas de mercado em quadrado, com colunatas ‘luplas amplas, ornades por cclunas bem préximas enire si ¢ icuitraves ce pedra ou marmore, dispondo galerias sobre a cober- (ura. Todavia, nas cidades da Tilia a praca do mercado nio deve her constriféa da mesma maneira, pois ¢ legato dos antepassados 0 costume de promover no frum os jogos de gladiadores. Por ‘esta ravdo, devem-se construir em tomo do palangue colunatas Inais espacadas, tendas para bilheteires em tomo das galerias e, fies anéares superiores, balcdes euja disposig&o deve levar em con- sideracao tanto sua funcdo unltéria quanto os rendimentos dat provenientes para o Estado”. Segundo essa descricao, o que seria um forum além de um lipo de teatro? Isto fica ainda mais claro a partir do plano desee forum (fig. 1). Editicios pablicos ocupam macicamente sens quatro lados, ¢ apenas na parte mais estreita ao norte sobressai, isolado, 0 Templo de Japiter, ao lado do qual aparentemente se estendia, Até A praca aherta, o trio do edificio dos decuribes. De resto, 6 {cum € cingido por uma colurata em dois andares, permanecendo livre 0 espaco no centro da praca, enquanto em sua bora se engulam numerosos monumentos,” grandes e pequenos, jos pedlestals € inscrigoes alta hoje podemos admirer, Qual deve ter sido 0 efeito desta praca? Segundo conceitos mocernos, acima de tudo o de tima grande sala de concertes com galeria, mas sem eto, uma sala de reunides hfpeira. O evidente fechamento do espago também contribui para esta impressio, Ac fachades das casas sdo bem afastadas, em um procedimento bastante moderno, assim como também é reduzido o niimero de rues que af desem- bocam. Atrés dos edificios 11, 1V-¢ V encontram-ce dois becos, que nao akcancam o forum, As ruas E, F, Ge H tinkam suas embocaduras fechadas por grades, enquanto ¢ norte as ruas atra- vessavam os portdes A, B, C e D, sem se abrirem livremente sobre a praca. 0 Forum Romano (fig. 2) € construfdo segundo os mesmos prinefpios. Ainda que aqui o fechamento do espace seia de outa natureza, 08 ediffeios sfo, igualmente, constragoes monumentais publicas, ea desembocediura das Tuas & escassa, nao pre: Jtidicando 0 feckamento do espago, como um tipo de salo de fes- a mopya ep et mt evony pepo y— ya “AgWLGMINTE NOVO K Ode SNIMLAES TWINS OH TT (0 = woIsviao a ‘A coorngto dae cdaden equide uapencpon ation {ais; di mesma maneira, aqui também os monumentos nao sao dis- Iso no contro da prepa, mae ao longo do cua borda, Ent una “p {6num esté para a cidade inteira assim como para a casa de famf- Tin esta 0 trio, a sala principal bem dispnsta e ricarnente mebiliada, Por este motivo & que aqui ee rounin uma quantidade incomum de monumentos, colunas, estétuas ¢ outros tesouros artisticos, pois a intencao era, justamente, a de se criar um grandioso into: or hipetro. Segundo diversas fontes, centenas e mesmo milhares de estituas, bustos etc. nao rato se acumlavar em um tinico {Orum, Sobressaindo organizadamente em torno de um centro aberto, este abundancia de obras deve ter criado um efeito impo- iiente, podende ser acimirada como riquezas ao longo das paredes tie tim ealdo, B, da mesma meneira com que se reuniu no fram “lim tesouro em obras plésticas, af também se concentraram as construgées monumentais, tanto cuanto fosse apropriade ¢ possi- Yel, exalamente como Aristételes desejava de um canjunto urbano = ‘ireunao harmoniosa de templos consagrados aos deuses de ‘oultoe edificios prblicos —, enquento Paustnias declarava a esse respeito: “Nao se pode chamar de cidade um lugar onde nao exis- tuum pragas e ediffeios piiblicos’” A praca do mercado de Atenas, em sua esséncia, é também ‘ordenaca segundo estas mesmas regeas, tanto quanto as restaura- “hes al¢ hoje executadas sto fis & realidad, Todavia, o momento “Git mais alla realizagao deste motivo. pode ser reconhecid nas as dos grandes templos da Antighidade grega de Eléusis, Olim- pia (fig. 3), Deifos e em outras regioes. Af, arquitetura, escultura € pintara tniram-se coma uma sfntese das artes pléstieas, com 0 Inesmo cardler meyativu © subline de uma iragedia poderosa ot de tuma grande sinfonia. O exemplo mais perfeito deste modelo & ‘pferecido pela Acrépole de Atenas (figs. 4 e 8), cuja plataforma ‘levada, circundada por muros altos e aberia no centro, apresenta 4a forma primitiva tradicional, O porto de acesso embaixo, a esca- ria monumental ¢ 0 magnifico Propileu representam a primeita ‘frase desta sinfonia realizada em mrmore, ouro e marfim, bronze ‘e Linta, enquanto os templos e monuimentos do espago intemo 840 ‘03 prdprios mitos do povo helénico transformados em peda, O Denisamento ¢ @ poesia mais sublimes encontcaram aqui, no lugar fagrado, sti representagao espacial. Com efeito, este & 0 ponto eontral de uma cidade de grande imporiancia, a materializacao i visto de mundo de um grande povo. Nao se trata apenes da parte de um conjunto urbano no sentido usual, mas de tima obra Aue se tornou pura obra de arte a0 longo dos séculos, Neste Ambito, & impossfvel almejar um objetivo mais ele- valo, Raras vezes foram bem-sucedidas as tentativas de realizar 23 Tig, 8 — A exipale de Rien sida do one A conv a ead onde tuo prnein eee al que fosse apenas semethante a esta, A meméria de seu estilo, no entanto, jamais deveria abandonar-nos; pelo con- 0 menos como ideal ela deveria nos impulstonar em dire- i erapreendimentos ca mesma cepa. ‘Ao longo do estudo dos principios artisticos que nortearam’ 41 crigao dle tais obras, perceberemos ainda que nao se perderam 0) motives essenciais da construgto, mas que, 20 contrétio, se Mhantiveram até nds, € que seré necessdrio aperias um impulso sispiciose para que reseuscitem cheics de vide. 1 A relagdo entre construgoes, monumentos e pragas N. sul da Europa, ¢ em especial na Tilia — onde se conserva- yam por muito tempo, e em parte até hoje, ndo apenas os conjun- tos urbanos antigos, mas também muitos dos costumes da vida publica —, a8 principais pracas das cidades mantiveram-se fics, sob varios aapectos ¢ até bastante recentemente, ao modelo do vyelho foram. Uma parte coneiderdvel da vida pablica eontinuow a realizar se nas pracas, conservando assim tanto uma parte de seu signifi cado publico quanto algamas das relacses nalurais entre elas ¢ fas Gaisiiuydes micnunienlais que es cireundam. Persistiv a diferen ciacao entre agora ou {6rum por um lado, e praca do mercado por outro, O mesmo aconteceu a0 empenho de rennir, nestes que so 0s pontos principals da cidade, as coustrugdes mais eminentes, guarnécenda com chafarizes, montmentos, estdtuas, mem Sutras obras de arte os locals mais soberbos de uma comunidade, Na Tdade Média e na Renascenca, essas pracas ricamente adornadas eram 0 orgulho ¢ a zlegria de toda cidade independen- te; aqui, concentrava-se 0 movimento, tinham lugar as festas pibl- cas, orgenizavam-se as exibiq®es, empreendiam-se as cerimdnias oficiais, anunciavam-se as leis, e s¢ realizeva todo tipo de eventos semelhantes. De acordo com 0 tamenho de cada comunidade ou 0 tipe de sta administracio, serviam a essas necessidarles prati ces duas ou trés das pracas principals, raramente uma s4, pois ag pracas também eram manifestacao da diferenca entre autor dade secular ¢ autoridade eclesidstica, distingio que 2 Antigti- dade nao fia da mesma maneica. Em conseqiiéncia, desenvolveu ‘asso miso, nonnents papa a7 se como modelo independente @ praga da caledral, que normal- mente inclufa ainda batistério, a campenilha e o palacio episco- pal; mais distante ficava a principal praga laica, a signoria, ¢, pré- ximo a ambas, mas igualmente separado, 0 merato, A signoria (veja'se a Signoria de Florenca na fig. 6) funcionava como atrio a residencia principesca, sendo rodeada pelos paliécios dos gran- dea senhores da rogiio ¢ omamentata por monuumentos e est4- tuas de cunho hist6rico, Quase sempre se encontrava af uma lag- gia, edificio concebido arquitetonicamente cuja funcao era abrigar © corpo de guarda ou os vigilantes da cidede; aesociado a ela ou constnido em separado, ergvia-se um terraco destinado & anuncia- ‘ao de leis c declaragbes piiblicas, O mais belo exemplo podemos encontrar na Lozgia dei Lanzi (Salao dos Lanceiros) em Florenga ig. 7). Na praca do mercado, localizase, quase sem excecies, a prefeitura’, uma instituiggo que pode ser observada comumente em todas as cidades ao norte dos Alpes. Aqui nunca hé a auséncia de um chafariz e sen espelhor'ague, téo grande quanto as propor ‘0es 0 permitirem e ainda hoje chamado de fonte do mercedo, embora a alegre balbyirdia do mercado hé muito teria sido encar- cerada nas gaiolas de ferro ¢ vidro de um ediffcio fechado. Tudo isso, ainda que apenas evocado com ligeireza, confirma a vivacidade da via piblica nas pracas livres. Todavia, mesmo fem tempos mais recentes mio se deixou de explorar o potencial artistico sob a perspectiva da construgdo de obras de arte 8 altura da Acrépole de Atenas. A Piazza del Duomo em Pisa é uma des- sas obras de arte da construcao urtana, poderfamos dizer, uma acrépala de Pisa. Tealada de tuo o que fosse profano e trivial, essa praca agregou tudo aquilo que 08 cidados locais eram capa- zee de crar em termos de arte monumental eclesidstica, em dimen so e opuléncia das mais significetivas: a magnifica catedral, a campanilha, o batisiério, o inesquecivel Campo Santo. £ irandioso 0 efeito cauisado por esta praca, isolaéa do mundo e, no entanto, repleta das mais nobres obras do espfrito humano, de forma que ‘mesmo um individuo pouco sensfvel aos apelos artisticos difici mente conseguitia escapar 20 esplendor desta impresséo, Ali nao hhé nada que possa distrair nossas reflexes ou nos trazer A lem- branca os afazeres cotidianos; ao admirarmos a veneravel fachada a catedral, nao nos incomoda nem o balcio inoportuno de um alfaiate moderno, nem o burburinbo de um café ou 0 alarido dos ‘cocheiros e dos mogos de recado; ali reina a tranaiilidade, e a har- 5 Rathaus: teralmente, caea do conselho.(N. do°T:) lg ete eat mann eon 29 monia dee impressées permite a nosso espirito compreender ¢ gozat as obras de arte reunidas. Entretanto, a praca da catecral de Pisa € praticamente a {nica onde tal pureza ainda existe, apesar de algumas outras no estarem distantes deste ideal, como a de Sao Francisco em Assis, ade Certosa em Pavia ete, Em termos gerais, os dias de hoje nao So favordveis a acordes tio puros, privilegiando um trabalho ‘mais marcado por contrastes, e em conformidade com isso 08 ‘modelos enumerados acima — praga da catecral, signoria e praca do mercado — tendem, freatentemente, a combinar-se de todas ‘as maneiras concebiveis, Este procesco por que passa a constr ‘clo urbana, mesmo na patria da arte antiga, também acontece com 6 palicio e a moradia. Ambos deixaram de constifuir um modelo primordial tnico, passanilo a conciliar o arquétipo nérdico da cons: trugio em pérticos e 0 de casas com patio das regioes do sul. Tdéias € preferéncies confandem-se de varias maneiras, assim ‘como se misturam 08 préprios Doyos, € povco a pouco se perde o igosto pelo que é simplesmente lipico. Algo que se manteve intaclo ‘Por mais tempo foi o estatuto das pracas de mercado, sempre com- plementadas pelo chafaris ¢ a prefeitura, “Todos sabemos quantas magnificas imagens urbanas 0 norte deve @ tal combinacao. Dos inumeraveis exemplos que iustram fesse tema, escolhemos um ao acaso: a praca do mercado € @ pre- feitura em Breslau (fig. 8), caja imagem é suficiente para ilustrar miltiplo encanto pinturesco® gerado por una (al combinacao. Aproveitando a oportunidade, facamos uma pequena obser yagao amtecipada, Esie esiudo udu tem como objetivo promever 2 aplicagio da chamada beleza pinturesca dos conjuntos urbanos ‘antigos no contexto das propostas modernas, pois, sobretudo neste ambito, faz jus 0 dicado: ““A necessidade € mostra”, Tudo 0 que jf se ovidenciou como necessério segundo aspectos higienicos ou por outros motives prioritarios deve ser realizado ainda que em detrimento dos motives pinturescos, sejam estes quais forem. Porém, esta conviceio nio nos deve impedir de investigar minu- ciosamente todos os motives pinturesces das cidades antigas, esta- belecendo um paralelo entre eles e as condicoes modemas, para Cio original alemto, makrech,termo costumsiramente (raduzido wor pili tnt porace, lavas poe se tna de sm verano chave em Sitte — enn concer” Gao do elemento pitorico ma imagem urbana (Stadild) contere rélevdna 20 $05 tardter patoresco —, eptames pelo arcaico pitteresco, quo, apesar de camsar teh eattanbeza, assoc pintira com pkoresco, mesirando-se mais eficente mt traducio (N.do TS) 0 Acoutiha die dada ens ma pin ne “le asim possamos esctarecer os aspectes artisticor desta ques: ty, sn como identificar com precisao 0 que ainda pode ser res- aes, em nosso beneficio, das belezas dos conjuntos xbanos ' eontervando-as a0 menos como patrindnio, Pressuposto Tho, qe se estabeteca aquilo que ainda hoje é possivel utilizar "ht miptivos desenvolvides por nossos antepassados; por enquanto, “Gonstatemos, apenes teoricamente, que na vida priblica da Idade # da Renasconga howe wma talorizagao intense ¢ prdtica das a cidade ¢ wna harmonizarto entre eas ¢ os edifties pb “tusidaconies, enquanto koje as pracas se destinam, quando muito, ‘I morvir como estacionamento para 0s automoveis, quase nao mais “16 iicutindo a relagao artistica entre praeas e edificios. Hoje, | olimos.a austncia da agora rodeada por colunatas nas sedes dos pitlamentes, a tranqiilidade solene nas universidades e nas cate- lis, t azdferna humana do mercado junto as prefeitures, ¢, sobre- ae trifego exatamente no lugar qui (ra 0 mais movimentado “i Antigtidade, ou see, junto &s construedes monumentais publi ‘i Ansim, pouco a pouco, notamos a auséncia de tudo 0 que, até “piillo, pode ser salientado como caracteristica do esplendor das | pagans antigas. De mancita bastante semelhante, « relagao entre a praca € ‘Ornamentaczo também se inyerteu, certamentte nao com yanta H patra a8 cidades mais recentes. Jé citamos a riqueza em esti {io forum antigo, e basta um tinico olhar sobre a Signoria e doi Lanai em Florenga para confirmar gue se continuot, ano uma boa parte dessa forma de amor a arte, Bobretudo em Viena, floresce hoje uma eminente escola de piilura, e n80 € peaueno o mimero de obras sigmificativas que [viin wenelo produzitas; mae, com algumas poucaa excegées As “ule ainda retorneremos, essas obras nao adomam as praces, iW tomente os editfcics pablicos. F abundante e soherba a oma: fagho escultural de ambos os Museus Imperiais, assim como Mite reais, neste sentio, no ediisa do Palamento, 20 Anda resta a ser realizado, A prefcitura, a nova universidade, eit Votiva e os dois Teatros Imperiais receberam uma grande. inde de esculturas excelentes. Pouco a pouce, a Igreja 4 cstard repleta de monumentos sepulerais, segundo o “Mjorlelo das velhas catedrais, 0 mesmo jé comegau a ser feito na iyorsidace © no Museu Austrfaco, E nas pracas pablicas? Aqui, ao do animador que j4 foi alcancado quanto aos exifcios con: \ imediato em seu oposto — ¢ nao apenas em Viena, vortoue de is praticamente em toda parte, Arehoto te sua owen et 4. 8— Droian pings da pteiare 3 a ‘Aeccneraita dit ics mound ste penis ations Eniuanto as construcoes monumentzis oferecem tamanho “espiigo para as escalturas a ponto de serem formadas comissies Juponas para definir onde etas devem ser colocadas, freatientemen- le, apds anos de procura, néo se encontra, na cidade inteira, uma ‘nia praga onde uma estétua possa se instalada de modo satisfa- Loria — ainda que todas permamecam vazias. 1 um fato deveras singular. Apos uma ionga busca, todas as noves pracas, imensas © vazias, acabam por ser consideradas inadequadas, ¢ por fim 0 Ihonumento, ba tanto desabrigato, ¢ posto em alguma velha prac ha, Pato ainda mais singular! Bete foi o destino da bela Menina los garses, que por muito tempo errou pela cidade até encontrar lum recanto modesto em uma esquina disereta, ¢ também do Pat Haydn, que, para satistacao geral, finalmente fo; acomodado em lima praca pequena e antige, O Pai Radetsky pnesou pela mesma sltuga, pois a praca a quil ele estava destinado, recém-construida © imignffica, provon ser indubitavelmente inadequada logo nos Drimeitos testes, e, assim, esse monumento extraordinario deverd Jer exposto em una antiga praca, bastante pequena ¢ doteda de lum chafariz e uma Colana de Maria, Se porventura isto for feito, ligula obra de arte encontrard condigdes para se destacar, cau indo um efeito consideravel,e a responsabilidade moral por esta islo poderd ser assuimida sem melindres por qualquer artista que anteveja tal efeito’, Talver o exemplo mais dréstico do absurdo modemo seja thidlo peli histéria do Divi, de Michslangelo, em Flarenga, a patria fe cimlnente escola do esplendor monumental antigo. A sgigantesca ‘pulitia de marmore fo! eolocada A esquerda da entrada principal ly Palazzo Vecchio, junto A parede de pedra, lugar escolhélo pete piOprio Michelange'o, Pode-se, sem temor, por a mio no fogo que Hienhuma comisséo moderna teria sugerido este lugar, ¢ a opiniao Ibica tomaria por gracefo ou desvario a escolha de tima posigao Aparentemente a mais insigniticante e imprdpria. Nao obstante, 46) Michelangeto quem a escolheu, e ele devia entender tim ponco, ‘tieive tipo de coisal A estétua permaneceu ali de 1504 a 1873, ‘Poros aqueles que tiveram a eportunidade de ver a notavel obra- prima nesse lugar novdvel, testemunham 0 efeito prodigioso que “thi; exatamente ali, conseguia provocar. Em. contraste com 0 THe ecigta do 1901, sive cokeccu acu a segue nota “A obra, de fato, reali som com sucesso, comprovand a suporgie fei tei”, (N, doh). Arise micesinitn, movment wore 33 tamanho reduzido e proporcional da praga, além de ter ali suas dimensées facilmente compardveis as dos transeuntes, a imagem rrigantesca parecia crescer ainda mais; nio se poderia cogitar um fundo que melhor realcasse cada linha do corpo da estétua do que ‘a parede do paldcio, vigorosa ¢ uniforms em sua estrutura quadri- cculada, Parte deste efeito pode ser observada na grande fotografia ide Alinari, Desde ento, o Davi encentra-se em uma sala da acade- mia, sob uma ctipula de vidro construfda especialmente para ele, centre fotografine, gravuras e pesas de gesso a partir de obras de Michelangelo — como modelo ¢ objeto de estudio para erfticos © estudiosos, £ necessério um grande esforco espiritual para supe- rar-se 0 efeito danoso, aliés bem conhecido, causado por mona mentoa cneerrados nos cférceres da arte chamacios ce musets, € assim poder destrutar de uma obra sublime, Mas isto nio satisfe 0 espirito de uma época tio pedagégica com respeito a arte. O ‘Davi {oi copiado em bronze em suas proporgies originals colo ado sobre um grande pedestal 2o ar livre em uma ampla arena {no centro milimetrico da praga, naturalmente) na Vialli dei Coli, nos arredores de Florenca; a frente uma bela paisagem, atrés casas de cha, ao lado umm estacionamento, na diagonal um corso, em tomo 0 fothear incessante do Baedoker®, Aqui a estatua nao causa feito algum, ¢ nao raro se pode ouvir alguém comentando que seu tamanhe no é assim t4o maior que um corpo humano, Por- tanto, Michelangelo soube melhor dispor sua obra, © os antigos sempre a puderam compreender melhor do que n6s. : ‘Neste caso, a oposicdo detinitiva entre ontem ¢ hje cousinte no fato de que née cempre procuramos as pracas mais grankliosas para cada pequena estatua, assim neutralizando seu efeito, ao inves de reforgélo através de um fundo neutro, como fazem os retratis- tas para seus bustos, em uma situagae andloga, aes ‘Hid um outro elemento dirctamente relacionaclo a isso. Com forme j se demonstrou, os antigos dispunham seus monumentos eatétuas ao longo dos muros de sits pragas, como testemunham expressivamente as duas imagens jd epresentadas da Signoria de Florenga. Ao longo dos muros de uma praca hi espaco suficiente para centenas de estatuas, que, por terem ali encontrado um fundo fayordvel, estario sempre em evidéncia, como se demonstrou no ® Bucdeher. guia tefetico muito popular na Alemaghe mo sézulo pasado, editado pile vrei do meumo nore (1801-1859). (N. do 7.) ‘coming er cad sorta soe oeacbon ihn do Davi. Tocavia, nés consideramos apropriato somente 0 tro da praca, e, portanto, seja qual for seu tamanho, ele nunca ailerd receber mais que uma obra; além disso, quando uma praca Inrogular, seu centro geométrico nao pode ser definido, no para unt nico monumento, ¢ essim ela permanecerd etemma- lente vast Tall consiteracio nos cond a um outro prinefpio dos con- os urbanos antigos, 20 qual € dedicado o capftulo seguinte. 2 O centro livre A disposicdo de chafarizes ¢ monumentos realizada pelos anti itos 6, em quase stia totalidade, bastante fecunda quanto a0 apzo- veitamento das relagées apresentadas no capitulo anterior. Porém nia Idade Média e na Renascenca esses principios nao se manifes- tam com a mesma nitidez que na Antigiidade. No Forum Romano, fa preservacio do centro livre é de wma evidéneia quase tangfvel, Quem nao percebe isso, néo percebe absolutamente nada. Mesmo ‘cm Vitrivio podemos ler que o centro da praa no concemia as lestatuas, mas sim aos gladiadores. Em tempos mais recentes, a questio adquirin uma maior complexidade. Excettando-se 0 fato de que, quanto mais nos apro- ximamos de nosso tempo, mais freqiiente se toma a disposicto de monumentos no centro da praca, na maiotia das vezes a ¢sco- tha para a edificacdo de chafarizes ou estatuérias parece desafiar {qualquer definigao. Desta maneira, encontramos lugares aparente- ‘mente os mais incompreenstveis, ¢ ne entanto precisamos reconke- or que uma sensibiiidade agugada norteou a sua escelha, pois, como no caso do Devi, de Michelangelo, tudo se encontra na maior harmonia. Assim, nos deparamos com um enigma — 0 enigma do sentimento ariéstico, inato ¢ instintivo, que, entre os mestres aantigos, visivelmente causava tum efelto prodigioso sem 0 aparato de regras e postulados esiéticos, 20 passo que 26s, armados de réguas € compassos, seguimos na berlinda pretendendo resolver ‘com uma geometria canhestra as questoes sutis do ambito da sen- sacle, Investigando os bastidotes de um caso especifica desta cri ‘pio instintiva, talvez poseamos trazer A tona os fundamentos de Seu efeito to positive e traduzi“los em palavras. Todavia, de um ‘exert nde acento ee pcs ite 0 pita outro as diferencas séo tao contundentes que € quase micebfvel ima sintese de principios gerais vélidos paca todos sles. Meso assim, 2 ousadia desta tentativa fazse nevesséria Gite a questio seja esclarecida a nivel racioral, pois & mais, la que notério que, neste aspecto, hé muito jé perdemos a espon- {ungklade do sentimento, de forma que jamais consegniremos ficontrar a solugio mais adequada através da intuigdo. Mais ‘diane, isso poder ser comprovado por uma quantidade assust- lori cle exemplos. Contra a Goenca furtiva da tegularidade rigida © goométrica, nada mais eficaz que 0 antidoto da teoria racional, Tessa 6 a tinica safda para que possamos seguir a trilha da Tiber dade de eringdo dos mestres antigos, utilizande de forma cons- ‘Ciente, intuitiva e adequada os meios explorados pelos artistas de 11M tetnpo em que a arte era um exerefcio tradicional. ‘Ainda que supostamente simples e bem definido, o problema i Jevantado 6 avesso a ser dito em palavras. Uma partbola reti- la da vida cotitiane, nao obstante a sua aparente tnvialidade, filver nos seja stil para superar a dificuldade de uma definicio. B notavel como criancas brincando dao livre expresso a in Impulso artistico interno que, seja em desenhes ou em trabs- hos ile modelar, resulta sempre em obras semelhantes aos produ- 10" artisticos riisticos:dos pevos primitives. O mesmo pote ser ‘Observado na escolha dos higares onde as criancas constroem ‘monumentos, O que permite este paralelo € justamente a Tineadeira predileta no inverno — a edificagio dos boneces de ‘hove, Bles costumam ser erguidos nos mesmos lugares onde, em “pjitras circunsténcias e segundo o método tradicional, seria poss ‘encontrarem-se monumentos ou chefarizes. Come se chegou H disposicao? De maneira muito simples. Imazine-se a praca @ de um vilarejo coberta de neve, com marcas de passes ou (racardo caminhos aqui e ali: essas séo as linhas de comuni- ligho esponténeas, definidas pelo transito, entre as qruais hd super- Hivos distribuias irregularmente © que permanecem intocadas ‘plo trifexo — ¢ nessas ithotas que estao nossos bonecos de neve, ‘Potglie &6 afa nove é limpa, fator indispensavel para a brincadeira, ‘ixitamente nesses lugares intocadas pelo tratego € que se Jivantam os chafarizes © monumentos nas comunidades antigas. Wo pote ser observado ainéa com maior nitides em antigas gray io oidades da Tdadle Média e mesmo da Renascenca, onde nfo \pard a um olher atento 0 fato de que na maioria das vezes as gil, nAlo-calgadas ¢ até mesmo nao-aplainadas, mostram 0 chao wir mareaco pelo trfnsito, por eanaletas de agua e outras coi- i) yemelhantes, conforme airela hoje podemos ver em mui pa varie 31 dle nossas aldeias. No easo de um chafariz, por exemplo, 6 natu- ral que ele nao fosse construfdo entre os sulcos deixados pelo tra- fego, mas sim em alguma das ilhotas entre as vias de comunica- gio. se esta comunidade vier a enriquecer graduaimente e tor- yhar-se um conjunto maior, entéo a praca seré aplainada ¢ calgada, mas 0 chafari2 permanecerd em seu lugar, mesmo que, por fim, ele seja substituido por um outro, mais nove e suntuoso. & desta maneira que cada lugar tem seu significado e sua histéria, e assim compreendemos por que chafarizes e monumen- tos néo se localizam nes principais eixos do tréfego, nem no cen- tro das pracas, nem ainda alinhados a pérticos, mas, de preferén- cia, ao lado de tudo isso — mesmo no norte, onde as tradicdes yomanas sic bem pouco familiares. Assim compreendemos por que a composi¢go € variada em cada cidade, em catla praca, pois, justamente, também sao varias as desembocaduras das ruas, as linhas do transito, es antigas ilhotas entre elas, enfim, todo o seu. desenvolvimento hist6rico; assim compreendemos também que, ninitas vewes, 0 centro das pragas possa ter sido o lugar escalhido, ¢ que a disposi¢io de monumentos posteriores em geral sige padrdes mais recentes e simétricos, enquanto as fontes de mer- cado aparentemente estabele- cidas sobre bases mais antigas ‘se localizem, de habito, de forma assimstrica’ nas ditas ihotas, proximas 4 uma das runs prin: Ve Eipais qe desembocam em uma I das esquinas da praca, A taro para o chafari (er ali permane- a 1) Eide talvez seja'a necessidade L ‘de um behedouro para 08 ani= ‘ — mal dette exemplos mais desta- cados 20.8. disposicoes do 1 =A, chamado ScliSne Brunnen (Belo eee Ghafarie) na preca do mercado {eared meveich, « Gps ndny de Nurembergue, como se pode rwmpni); (ches observar na fig 9, 6, i sequindo luna orientacao diferente, a do chaferiz na prage do mereado de Rothenburg an der Tauber (fi. 10), Na maloria das cidades ale- mis H4 tima predominaicia do morllo de disposicao de Nurem- berguc} varingbes similares & de Rothenburg so mais rarea, ¢ gate nunca encontramios 10 centro geometaico de uma praca chat farizes comprovadamente antigos ou h4 muito dispostos sobre umn terreno aplainado, Na Iidle, esse tipo de disposigio pode ser exempliicado pelo chfariz em frente a0 Palazzo Vecchio na Signoria de Florenca, ‘Romano tid nnd vn ei. _ polo chatarig em frente ao Palazzo Comunale em Perigia, e pe- ‘To conjunto da Piazza Farnese em Roma, onde o chafariz também “ji oncontra destocado do fluxo das ruas, nem alintiado 20 pakicio, ‘no centro da praca. Entre 0s diversos tipes de disposi¢ac de monumentos, nm dot mais instrutivos é 0 da estétua ‘iestre de Gatamelat, de Donatello, ‘iante da Tgreia de S! Anténio em “Piidua, Bm tudo néomoderna, essa “Wisposigdo netavel nao é, de. forma “igus, a mais recomendével como objeto de estudo, Ja de inicio sofremos “in impacto beutsl, pois tal disposigio _ bfende nossa postura quanto a dispo- “High de pracas, postura rigida e que ‘pretende a tnica modema, Em guida, notamos o efeito admirdvel “do montimento nesta posigao singular, © por fim nos convencemos de que o _Moolumento jamais causaria um efeito tilo grandioso se estivesse no centro ptaga, Entao, aceita essa descentralizagdo, todo 0 resto segue iiluralmente, sobretudo a orientagéo da estétua em relagdo as ins que ali desembocam, Logo, é regre antiga de dispor os monumnentos ao longo das bor- IX das pracas, soma-se aguela de cardier nérdico, genwinamente I 09 monenonles, ene especial 09 chafarizes, devem ser dispose | eM portios intocados pelo transite da praca. Os dois sistemas inter- Mietram-se com grande freqiiéncia. E em ambos os casos encon- fmumos tanto o repidio as linhas de udfego, ao centro da pra- © sobretudo aos eixos centrais, quanto um efeito artfstico m: fisimo favordvel. Neste sistema natural, observa-se a coincidén- las exigencias do transito ¢ do efeito artistico, fato compreen- Wel, pois aquilo que por um lado garante a liberdade das linhas trinsito, por outro garante também a liberdade da linha de ‘Yisho, Tambem se compreence com facilidade a auséncia de Thonumentos obstruindo a vista sobre pérticos ou partes especial- te grandiosas de certos edificios, isso porque neste caso tanto 0 uilieio quanto 0 monumento estariam sendo projudicados, 0 pimeito por nao poder ser visto ¢ admirado em sua totalidace, e 1 aciguindo por estar diante das diversas partes ricamente ormadas ims Construcdo, o que constitui o fundo menos fevordvel para n Monumento. Como conseqiéncia, t¢m-se os monumentos des- L(yragado mercedes) bh Onno ie 39 Jocados dos eixos centrais por razdes puramente artisticas, como Jiera o caso, sem menhuma excora0, no antigo Bgito. Assim ‘Como os abeliscas ¢ as estatuas de farads ao lado dos poitdes dos tomplos, Catlamelata e 2 pequena colina ficam préximas 2 entrada a praca da catedtal, & este o segredo hoje tao diffcil de ser com- preendido. ‘No entanto, a regra do centro livre nzo ¢ valida apenas para ‘chafarizes e monumentos, mac também para edifcios, e sobretudo ‘grefas, que hoje, quase sem excesdes, também sio colocadas no ‘centro das pragas, em contraste radical 20 ccstume antigo. O exame ‘cuidadoso destas relagbes nos ensina que antigamente, sobretado na Ita, as fgrejas nZo eram construidas isolades * — suas pracas tnais inferessantes resultaram da construcac da igreja encostaca em outras estruturas ou encaixada neias, seja em um, dois, ou ‘mesmo em trés lados, conforme veremos adiante, [As igrejas de Pédua constittiem um modelo completo das diferentes formas de construgées encaixadas, A Igreja de S. Gius- tina (fig. 11) 6 encostada em um cutro eci- ficio em apenas um lado; ade S. Ant6nio € a del Carmine, em dois; a Igreja des Jesustas, em um lado ¢ meio, Notemos que 4s pragas onde elas se localizam s8o bas: tante irregulares, Em Verona todas as igrejes s80 encaixadlas em, outtos edificios, o1 pelo ‘menos encostaclas noles, ¢ apenas em uma ddelas se pode reconhecer claramente 0 empenho em abrir-se uma praga mais ampla frente ao pértico principal. O mesmo pode ser observado na catedral (fig. 12), em S. Fermo Maggiore (ig. 13), em S. Anas- tasia (fig. 14) e em outras. Ao ad- mer mirarmos essas pracas, notamos que cada uma tem sua historia, ‘mae todas causam tum mesmo efeito impressionante, e as préprias igrejas, com seus pbrticos ¢ fachadas principals, contribuem pare esse efeito sereno ¢ exoressivo. Também em Piacenza todas as igrejas, mesmo a catedral, sao encaixadas em outros edificios, Diante da principal fachada da catedral estende-se uma praga, em cuja ditecto desemboca Pig at Padua: 8, Grete 4 No orignal slemao, rschend, “que se ergve livremente, sem coatate éireto om outros edifcios, IN. ¢oT) 40 | somone dd ony si pon ‘ima rua (fig: 16). F raro que uma praca de igreja sels deslocada lajeralmente, como a de S, Cita, em Palermo (tig. 17). Hig Veron: 8, Ferme Maggiore wee Estes exemplos, bem como seu con: traste em relaclo ao sistema moderno, indicam_o valor de um estudo mais deta map thado desse aspecto tao interessante, Para tanto, nenhuma cidade 6 mais indi : eada do que Rema, com sua abunddncia Be, em igrejas magnificas. De fato, o resultado TSA" Ae 6 eurpreendente, pois, entre 255 igrejas, Voront: 8: Aamtaie 41 sao encostadas em outros edificios em um lado 9G a) ens dois lados. nov "8 "em tres tados 2" obstrufdas em quatro lados 6" isoladas 255 igrejas no total Quanto 2 estes dados, é preciso observar que entre as seis Jgrejas isoladas se encontram duas modernas, a protestante e a anglicana, enguanto as quatro restaates parecer recuadas para 4 borda ou para a esquina de uma praca, conforme podemos ver 18, Mesmo esta forma de disposigzo nao ee atém, de fato, ‘408 padres modernos, pois para tanto o centro do plano da cen tore a Figs 15 —O Panis on Rem ‘conrad edaer aus as pais tito jt, assim como de um monumente, deveria coincidir perf imenite com o centro da praca. No caso de Roma, pode-se consiterar uma regra 0 fato de jyrejas nunca terem sido constraftias isoladas. © mesmo & Bab vvalido praticamente para toda a Ita- — ia, Em muites cidades todas as igrejas sdo encaixadas em outros edificios, como em Pavia, Vicenza (onde. apenas a catedral € isolada, conforma fig. 19), Cremona, Milo (Com excegto da catedral), Veneza, Napoles, Palermo (com excecao da catedral, fig. 20), Rogeio (ncluindo A a catedra), Ferrara e intmeras ‘ouiras. Mesmo as constmucées iso: Iadas das figs. de 18 a 20 néo estao de acorio com a disposicao moder | aproximando-se mais da antiga disposicte de monumentos ‘bortlas das pracas, fato muito mais relevante no caso de cons- {G09 que no de monumentos, jd que umn ediffeio 96 estard em 9.17 evidencia e causard seu melhor feito quando visto a partir de ama distancia adequada em uma praga nao exageradamente grande, ‘A praga da catedral de Brescia (Gig. 21) mostra uma disposigao sin- ular, mae que se ajuela porfeita. mente 2o sistema descrito hé pouco, avo que fachada da clea serve ere como limite de prépria praca. Bisa 8: Ole Como vemos, nossa. atitude lemma. opde-se frontalmente a este sistema bem-integrado e, ihivida, executado com muito discernimento. Parecemos jizes de conceber uma nova igreja em outra posicao que Wile sieht do contro do lugar onde ela serd erguida, mantendo Iimpedido todo o espaco a sua volta, Contudo, essa disposigae vapenas desvantagens. Do ponto dle vista do edificio, ela € a mais desfavorevel, i ilispersarse & sua volta. Uma construsdo isoleda desta Aiieire permanecerd sempre como uma torta exposta sobre Mindbja, De tmediats fa ce anuia a possibildade de uma nia viva ¢ otganica entre o edificio e seus arredores, 0 cst te a mesmo acontecendo com a yalorizacao dos efeitos da perspec: tiva, que exige um espaze de recto, como se a fachada a ser eve dloncada estivesse ao funco de um paleo Bntre todos of tipos de mo. 18 disposigac, esse € 0 menos pe) favoravel também ecb o panto q Go de vista do construtor, pois a ‘economia, que todas as fa- chadas principals das outras igrejas poderiam ser feitas em marmore de alto a baixo, restando: exige somas vullosas para a ainda capital suficiente para toda a omamentagio figural ¢ coisas composicio arquiteténica ‘orriamental das longas facha- semelhantes, Isso seria bastante diferente da repeti¢ao mon6- das de todo 0 ediffcio com dispendiosas comijas, bases de pecra ete. Uma constracao parcialmente encaixada em outros edlficios permitiia tal tona (talvez justamente por ng 29 necessidade de economia) dos anny mesmoe frisor em uma evo- 1 ficio — e nic nos esquecamos de que tal composicao jamais, podera ser admirada em um Ainico golpe de vista. ‘ Esta disposicao isolada também 6 nefasta para a pré- pria utilidade do edificio, pois, por diversas razBes, uma passagem fechada entre a igreja e um conyento, uma cscola ou uma casa paroquial seria muito bem- vinda e bastarite fitil no inverno ou em ¢pocas de tempo ruim, Contudo, ¢ justamente sobre a praca que recai a pior de todas as conseqiténcias desse tipo de disposicao. Na maioria das vezes, 0 que resta da antiga praca nao é nada além das ruas em {orno do edificio, que na melhor das hipéteses so apenas um pouco mais larges. Assim, 0 uso Go termo praca chega a ser ‘muito esquisito, como no caso da Karolinenplatz, no quarto dis: trito de Viena, ¢ de muiias outras. ‘Apesar do fato de esta composigz0 sor comprovadamente ruim sab todos os uspectos, apesar de toda a histéria da constr lucao infinita em tomo do edi- \ Accutte dv cdo ne ta noah lb igrejas indicar 0 caminho oposto, apesar de tudo isso, {us igrejas que vém sendo constraides no mundo inteiro sho aes ddispostas, quiase sem excecdes, no cen- tro das pragas, Isso nao seria pura falta de discernimento? (O mesmo 6 vélido para teatros, prefeituras ete, Vive-se apegado a iu. sfio de que tudo deve ser visio por tacos 08 lados, que 0 mais correto € a exis: tencia de um espaco vazio e uniforme em tomo da construcdo. Ninguém parece notar que esse espace Vazio, monétono por si s6, anula qualquer variedade de efeitos. Hoje, 50 em grax vuras (ver fig, 22) poclemos admirar 0 efeito magnifico dos possantes muros peUlra dos palacios florentinos, eficazes mesmo auando vistos ‘pinlir dap vielae posteriores, Um palicio assim fica duplamente em evidencia: visto de lado fem uma praca livre, @, pro- yocando um outzo ‘tipo de efeito, visto pelos functos’nas vielas estreitas. Porém, ao gosto con: tempordnco nao basta instalar ‘tas prOprias criagdes da pior maacirapoosfvel, mea tam ‘bém as obras dos mestres antigos devem ser agraciadas com © isolamento, mesmo (poste quando é evidente que elas Morava (enor evant cated!) fora concebidas em plena jaa corn o melo circundante, ¢ que 0 isolamento significa it de todo 0 sen feito. Assim, por exemplo, teria sido um le Infortinio o isolamente da Karlskirche em Viena, um pro- lizmente rejetado, A fachada principal, com os dois corre- laterais, semelhante & Catedral de S. Pedro em Roma, foi se iniente projetada para ser ligada, em ambos 0s lados, aos edi- Aljacentes, mesmo se esses fossem diferentes dos atuais. iolaunento nao € adequade a este motivo, caso contrério sexiam HHNlos dois portces laterais em arco, que nao conduziriam a hie diy gun e portanto nao fariam sentido em uma praga livze, Mas o limento ¢ ainda menos adequado & cpula. Devido a seu tragado ig, 22— Revenge: Via deal Sth 46 rer ade soy mus prec tte “tliptico, em uma viedo lateral ela pareceria disforme ¢ demasi fel, perdendo toda sua betera, Fischer on Evlach optou por ‘esta forma — que inclusive The garantia toda sorte do vantagens © novidades — seguramente porque as visdes laterais estavam ‘obstrufdas, e apenas a visao frontal poderia ascegurar a propor tionalidade da cdpula, Subtrair da obra este fmdamento essen- _ tial de toda a sua concepezo seria privar o mestre de sta autor the artistica, submetendo-o a uma grande injustica. Pxleriamn ser citados vérios casos semelhiantes. De fato, es- Dhisessdo pelo isolamento de ecificios 6 um modismo nefasto que Reinhard Baumeister, em seu manual da constragdo urbana”, then elevar & categoria de norma com as seguintes palavras: Constracées antigas devem cor preservadas, mes desimpedidas ‘estauredas”. Daf se deduz que, através de reformas em sta ‘volta, tais obras devam ser isoladas e alinhadas. aco ixos tias. Esce fendmeno ocorre por toda parte, ¢ hoje floresce © refinamento de se isolarem antiges portdes de burges. Assim, " Itolouse o Holstentor em Liibeck, 0 Tangermitindetor em Sterne ‘lal, o Karlstor em Heidelberg, e, recentemente, foi cercata a Horta Pia en Regensbnr; De fal, una cis muito bona, eo do im portio que néo se atravessa, mas em torno do qual se passeia! Stadt Breit in eigen in ecanir, eupolztcker ind wither sil ry (is expanses urbanas em sus lager Henieas adoiurain ¢ worden etn icra ot td Ror, ara, tort) emer cone). 3 A coesao das pragas A construcao de izreias e palécios encostados em outros ed ficios nos condua de volta ac modelo do féram antigo, com seu fechameento rigoroso em relacdo ao espago externo. Quando se ‘estuda esta caracteristica peculiar nas pragas medievais e renas- Centistas, em especial na Italia, logo se percebe que cla é a respon sével pelo extraordinério efeitd harmonico do conjunto e que, tam- ém nesse Ambito, a tradigao se manteve por muite tempo. Pelo que vimos até agora, € evidente que um espago vazio no meio de uma cidade se transforme em praca sobretudo devido a este fator. Hoje, em contrapartida, € designado por praca qualquer cespaco vazio entre quatro ruas. Talver-esta circunstancia seia Sufi Cente em Wurmus Ue higiene ou de oulsas consideragées técniens, ‘mas, sob 0 ponto de vista artistico, um terreno vazio nao é uma praca. No rigor da palavra, sob esse aspecto ainda falta muito no tangente a ormamentacan, significado ¢ carter, pois, assim como existem aposentos mobiliados & aposentos vazias, também pode- riamos falar de pragas mobiliadas e pragas ainda nto-mobilindas — tanto em mm caso aitanto no outr, a condicao essencial € 0 fechamento do espaco. ‘A.construcio urbana modema também desconece este que 60 mais importante e imprescindivel pressupesto do efeito artis- tico. Entre 0s antigos, ao contrério, eram utilizados 08 mcios mais divergos para a obtencio de um espaco fechado, sob quaisquer cir- cunsiancias. E verdade que este empenho encontrava apoio na tra: digao, favorecido ainda pela habitual estreiteza das ruas e pelas pouicas necessidades éo trinsito, mas 0 esplendor de seu talento € de sun inluigso manifestava-se justamente sob as condigdes mais adversas, otc do clas tains ie pene ites femplos seguintes demonstram fgso em detalhes, © ples 6 aqucle em que, da massa de casas, € recor: mn ep dante de un ef monument ny Nello que corresponde, com grande adequact, Pbcessdade deum cercameno contnue se eg, =U ficios. Entre os inimercs exemplos desse tipo, ‘fomemos a pequena Praga de &. Govannt era Bese “cin (ig, 23). Em uma praca assim amide desem- “Dogatsinda uma searnda ria, mas procurendo se Tuan{er una visia restrta, 2o menos nas lighes ‘de visto meis importantes, sobre o edifieo princi: pil, Basa cocado de toda a imagem urbana to sa ue n2o ha como se olhar para fora da praca — é obtida aN de tartos meles, que nao pedomoo falar de un mero acase, Mullis vezes, pode ter sido acaso Fy 24 ‘8 condicoes fossem favordveis ‘mad ancy 9 dea praca chegar & sua forma j, mas a manutencao e o wsuiruto dosti sitteao j4 nao constituem Mild uni acno. Hoje, em uma: — g unstincia semelhante, tais casuali- ladies seriam radicalmente ignora- div nos muaros que cercam a praca nam abertas brechas muito lar- i cono de fato acontece em toro. nile antiges praces fechadas ‘largadas e modernizadas, “Thunbem nao © por acaso que GucAntramos um sistema de de: a ibocadura de ruas radicalmente unease 9 80 moderno em todas as 2 (edenen dala Skoda: ipa antigas. Hoje, é norma el eal aie eater % dois cuss. perpendiculares A tatters! | cud canto da praca, talves para AU (Pasta Grande) All abertura om seu muro se tome ainda maior e cada um ‘chaniales“blocos de casas” “blocos de edlficios"” porma- i wolddo, sem que o efeto conjnte soja eoeso, Entre os a 1A rogra era jusiamente o oposto, ou seja, em Cada engulo da Wacleve desembocar, a medida do posse! apenas nine dea {se houver uma perpendicular, esta desemboca na primeira, bem adiante, onde jd nao pode ser vista da praca. E mais: peckivamente, duserbock © Betelock, (N, oT.) Reet ds rsa 49 ‘oyna trés 04 quatro ruas desembocam em diferentes angulos da “Praja dle mancira que todo este procedimento deve ser encaraclo ‘como'um dos principios conscientes cx intaitivos predominantes Be nna construgdo urbana antiga, dada sua grande freaiiencia e a gama de variacoes I WRF ff dosenvoividas a partir dele. Em uma reflexdo mais atenta, ¢ facil compreender aque este fipo de orientapdo das rus em Spa] forma de pés de turbinas representa a ro escola mais opctna, pis em gualuer “] onto da praca ce tem tma nica visio oa vena Pata fora dela, portanto, ocorre ima tinica re: pase teow) interrupeto nd conjunto dos edifcos, de forma que a coesio de todo 0 contorno da praca parece continua ‘a partir de qualguer porto dentro dela, daco ue, vistos obliqna- mente, 08 edfeios juntos embocadurae das ras as ocaltam eoat- ia 38 pletamente, © através desta Cobertura reciproca, garantida eee eel | el pela perspectiva, nao ha lacu = aac has desagradaveis na coesao do todo. ‘Todo o segredo consiste ‘no fato de as ruas serem per- CEG eric bs ints devi 1 = ¢ nip ples um arta at Pas §, ite 2 foi empregado por cone- ce ra GLTERE 6 acy el megade por cone ceneiros desde a mais remota Idede Melia — amide da maneita mais refinada possivel — sempre que se tratava de ocultar, ou ao ‘menos de tornar dsoretos, encalxes de madeira ou peda, O cha mado “entalhe de marceneiro’ deve sua origem e seu uso fre- qiente a esta circunstancia. Entre og exemplos mostrados aqui, a praca da catedral de Rayena (fig. 25) ¢ a que melhor ilustra essa composigao tao enge- nhosa, tambgm encontrada na praca éa catedral de Pistéia e em muitas outras. A Piazza S. Pietro er Mantua (fig. 26) mostra esse mesmo tipo, realizado em sua forma mais pura, enquanto & Praga de S. Clemente em Brescia (fig. 27) coresponde ele ape- nas em parte. A regra acima descrita apresenta-se de manera um tanto disfargada na Piazza della Signoria em Florenca (fig. 28), Enquanto esta regra 6 observada nas lagas ras principal, as Tuas menores, com cerca de um metro de largura (perto da. Loggia dei Lanzi), na realidade sio bem pouco visiveis, muito HO ‘A conmtugre das cides guns su princi antics ‘menos que no plano. Um panorama do Mercado Nevo de Viena Wy 29) demonstra como € possivel obter-se uma visio fechada « Moypeito da desembecadura de rias, até mesmo 2s ‘nals largas. Ainda que nao inteiramente, esta praca. também ¢ composta segundo o mesmo principio, ° peal fuvsim como @ grande praca da prefeitura de St. i Dit: P92 Polten ¢ intmeras outras, Pode-se inferir que este item subjaa, a0 menos parcialmente, a uma quan- fidade espantosa de pragas em todas as plantas mos ftidas nos capitulos anteriores, bem como nos soxruintes, Porém, ainda nio esgotamos 08 métodos utili- rados pelos antigos para manter coeso 0 fechamento de uma praca, Um motivo muito empregado para se obter tal efeito é 0 porico com arcadas amplas enci- nado por edificagdes, que possibilia lama excelente coesid da vista, desi- hindo-se a variagio da quantidade e das dimensdes das aberturas segundo nsidade do tréfego local, Esse v0 espleadido hoje pode sex vonsiderado morto ou, melhor dizendo, erradicade. E novamente Florenca que nos fornece 9 melhor exempio, onde 0 Portico degli Uffizi, préximo 2 Signoria (fig. 30), permite uma hla vista sabre a Rin Aran. Na Talia, pouicas das cides mais importantes deixaram de fazer uso deese procedimento, que tam- bem é bastante familiar a0 norte dos Alpes. Enumerando'se ape: nas alguns dos exemplos mais magnificos, lembremos aqui 0 Langgasser Tor, em Dantzig, com trés areos de passagem ¢ enicimado por uma cons:rucao palacial da mais sutil articulacao © proporgdo; em Bruges, o pértico, também encimaca por uma construgdo, entre o Hotel de Ville © 0 Paliécio da Justica; a origi nal Kerkboog (ou Iireia-Arco), em Nijmegen, construféa em 1542 por W. Nimberger. Encontramos uma planta semelhante ‘esta em Drescen, na passagem (encimada por um edificio) entre a Birgerwiese e a Portikusstrasse, com duas passesens para ver culos e das para pedestres, de forma que do hd 0 menor impe dlimento do transito © nem uma ruptura na perfeita coesto da praca, A beleza quase incompardvel da Josephsplatz, em Viera, também foi aleangacla gragas & mediacio de dois portées em areo, que possiblitaram o fluxo necessirio do tinsiio, conservando esas as suas és fachaclas principals, soberhamente articuladas, 5.clonente Fa, 28 81 ‘Ars On ae ea Como nesta praca, podemos encontrar em todos of tipos | pullacete portées simples ou em forma de arcos de triunfo, ly, 90 — Rovenges Pontes deal Ula Uijiudos ao transit urbano de pedestres ou yeiculos, Se fase rluir sau os portais de palfcios e prefeituras mais impor- 99, (crfamos uma quantidade imprevistvel das variagSes deste 'vo {Ho frutifero que, no entanto, permanece ignotado pelo lorno construtor de cidades. ‘Dando segiiéncia as nossas comparagdes com a Antigii- I, now lembbremos aqui do portico de acesso ao Korum de pin (fi. 33). Nees is 53 ‘Tedavia, ainda n&o eagotamos os métodos antigos empre- ‘gailos para garantir o fechamento das pracas, pols ainda nao foram mencionadas as colunatas. A Praca de S. Pedro, a maior de Roma, € formada por apenas uma colunata, embora 0 us0 mais fregiiente deste motivo sempre se tenha relacionado, com ‘erande sucesso, ao preenchimento de lacanas. Algumas vezes, combinam-se colunatas e pOrticos encimados por edliffeios, como 1va praga da catedtal de Salzburg. Emm outios casos, as colunates tomam-se muros arquitetonicamente articulados, como na Piazza S. Maria Novella, em Florenga, ow transformam-se em murals cercando a praga, com entradas simples ou na forma de arcos Ge triunfo, como na antiga residencia episcopal de Bamberg (de 1501); na prefeftura do Altenburg, do arguiteto A. Grohmann (de 1562-1564), na antiga universidade de Freiburg im Breisgau; e em inimeros cutros lugares, Outrora muito mais do que hoje, encontrévamos logeias abertas, ao nivel do chao ou er pisos superiores mesmo em cons. trugdes monumentais isolades, como nas prefeituras de Halle (¢o arquiteto N. Hofmann, 1548) ¢ de Colénia (do arquiteto W. Ver: nicke, 1569). Entre os inimeros exemplos, lembremos apenas: ‘as arcades da prefeitura de Paderborn; a prefcitura de Ypres (construfda entre 1621 ¢ 1622 pelo arquiteto J. Sporemann); as arcadas da. antiga prefeitura de Amsterdam; 0s pérticos em arcadia da prefeitura de Litbeck: a arcada coberta da Gewandhaus em Brunswieks, a prefeitura de Brieg, com sua logyia superior aberta entre a3 duas torres de canto; as varias pracas do mer- cade de Minster ¢ de Bolonba, com ercadae cobertas; e 0 Por- tico dei Servi, também em Bolontia, Nao devemos esquecer tam- bbém o belo pSrtivo do Palazzo del Podesta oa maravilhosa arcada de Monte Vecchio, em Brescia; as belas loggias de Udine e de S. Annunziata, em Fiorenca. Por fim, encontramos 0 motivo ¢a arcada aberta empregado das mais diversas maneiras na arquite- tura de pitios, mosteiros, cemitérios ete. Em tempos antigos, todas as cisposigdes e formas arquitetd- nricas citadas egrupavam-se espontancamente como um sistema completo para 0 fechamento de pracas, em oposicao ao qual hoje ‘cbservamos © empenho em ee manterem as pracas abertas. Com base no que vimos até agora, fica claro 0 sentido deste processo —o aniquilamento das pragas antigas. Onde quer que tal projeto infortunado tenha sido realizado, perdeurse para sempre 0 efeito hharmonioso do espago como tm todo co2so. A eamtrann dani sind anni ose Fig. 31-0 Poeun do Fompue 4 Dimensao e forma das pragas Aeiess a relacdo entre as praras @ os seus edificios princi. pais sob o aspecto da forma, podemes identificar duas categorias de pracas: as de largura e as de profundidade. Esses tipos depen: dom apenas da posigdo do observador ¢ de direedo do seu olhar. Detinimos se uma praca 6 de um tipo ou de outro quando o obsorvador se encontra defronte 20. principal edificio de tode 0 conjunto, Segundo este parémetro, a Praca de S. Croce em Florenca (fig. 92) deve ser considerada uma praca de protunddade, ig 32 ‘ou uma praca longa, 4 que todos os seus com: ponentes estio dispostos em relagao a fachada principal da igreja. Esta é a melhor directo ‘pata se observar a praca ¢ as suas construces ‘mais importantes; suas dimensoes, sua forma a p £88 omamentagio figurativa estio orientadas TRF hessa diregio, de modo a provocar o melhor efeito possivel. Em uma reflexéo mais atenta, convencemo-nes de que as pragas de profundidade s6 causam uma impressao. vantajosa quando 0 ecificio principal est a0 fundo (portanto em um dos Jagos mais estreitcs) e apresenia uma dimensdo similar & da praga, ott seja, maior em altura que em largura, como costuma ser 0 caso das fachadas de igreja. Por outro lado, uma praga diante de um ecificio em cujas dimensdes predomina a largura — caracterss- tica tipica de prefeituras — deve manter uma forma correspon- Mloransa)§, Coe oo ‘A contrsta dn cided guns wn rian annioce lente, portant mais larga, Aesim, as pracae de igroja 0 as de pre- foltura deveriam ser consideradas, respectivamente, pracas de pro- [unilidade © pracas de largura, um fator a ser levado em conta fia disposicao de monumentos, estétuas etc, Hscolhomes a Piazza Reale, em Médena (fig. 23), como ‘wxemplo de uma praca de largura de forma e proporcoes bem imensionackis, Adjacente a ela temos ums praca de profindidade llante de uma igreja, nic deixemos de notar af @ precisao da ‘pmibocadura das reas, isposias segundo a ‘rineipal linha de visio pobre a igreia, que € niaixaela em tm outro iif. Em frente a M4, passa uma rua que HMO interfere no. fe @huimento © no efeito i praza, pois é per- jpendlicular a linha da visto, As duas rues que desembocam atras ln observedor em direczo A igrefa enfatizam esta directo princi ‘pil, também sem interferir na coesdo da praca, justamente por “putarom atvés do observador e, portanto, nao podendo sex vietas. Nolemos, ainda, « saliéncia na ala esquerda do palécio que, além do ocultar a visto da quarta rua, garante tambéns uma separacio ‘fotiva das duas pragas. Moreen atengie 0 contraste positive dessas pragas, tho pré- ‘ims uma & outra que seus efeitos contrérios se exaltam mutuar Mente; uma srande, a outra pequena; uma de tipo largo, a outra ile tipo profindo; uma dominada pela fachada de um palécio, a ‘iitr pelo eitificio de uma igreja. Ha, de fato, um grande prazer ‘fin 89 estuderem as pracas antigas buscando as crigens das Tnpressbes que elas causam sobre nds; como em toda gemuiha ‘ohii de arte, estamos sempre descobrindo novas belezas, novos Hontidos e artifeics apesar da complexidade do problema, pois fre- Wentemente sua resolucao ¢ dificil em virtude da existéncia de ‘policns pragas que correspordam a um mottelo puro; fato bastante Conipecensivel, pesto que, em cada caso, encontramos a influencia fujtural de sen desenvoivimento hist6rico e das necessidades gera- ids por ele. Assim como a forma, também a dimenstio dag pragas man: ‘Jom wna relacdo proporcional com os ediffcios que as dominam, emibora nao de uma maneira explicits, mas com cerieva nitida: 1/458, Donnie: tase Beale) 87 perceptfvel, Uma praca demasiado pequena quase nunca Dpropicia a revelagdo de todo o cieito das construgSes manumen- tals; em contrapartica, uma praca grande demais é ainda pior, pols mesmo a construcdo mais imponente tera ume aparéncia Ulininuia em relagao a ela, Esta erftica jé fol feta inimeras vezes Catedral eA Praga de S. Pedro, em Roma. Seria engano acreditar cue, em nosso espitito, recebamos @ Impressio de grandiosidade de uma praca na mesma proporcio (lo suas dimensies reais, © esiudlo de fenémenos andlogos, em utras areas da percepcao humana, demonstrou que esta’ nao Acompanha 0 ritmo de estimulos ininterruptos c crescentes, iletenido-se em um certo momento. Entre outras conclusoes, pro- Vous que, em um coro de vozes masculinas, 0 aumento da per- cepglio do som comespunde exatamente a0 aumento da quanti. lade dle vozes, mas isso apenas 10 inicio, pois logo a percepcho ilmint ¢ cessa por completo. Apice do efito 6 alcangado por cerca de quatrocentos cantores, ou seja, aumentando-se esta quan Hiclade em duzentas, quatrocentas ou mais vores, a percepcio da inlensidade do som nio sed maior. © mesmo parece suceder com 0 efeito das dimensées de incontaveis pragas. De infcio, em uma praga pequena este eeito pocle cresoet consideravelmente a partir do aeréscimo de alguns ouices metros em sua Jaretra; em uma praca grande, o aumento ide suas dimensdes seria poco perceptivel; e no caso de pracas muito grandes se tem a perda completa da relagao mnitua entre a praca ¢ os edificios que a ciroandam, tornandose iniiferente a medida de sew mimenta. Nas cidides moviornas, astas pragas iyuntescas, dle vastas dimensdcs, existem quase unicamente ‘ome lugar para exercicios, sem causar, de fato, o efeito de uma praca urbana, pois jé no ha uma relagio proporcional entre as tlimensées da praca ¢ 08 edificios a seu redor — ao contrérin, junto A praca tais ecificios lembram wma casa de campo ou um vilarejo contemplado a éisténcia, Como exemplos dessas pracas gigantescas, lembremos 0 Campo de Marte de Paris © 0 de Veneca, e as Piages d'Art, em ‘Trieste e em Turim, Ainda que tais pracas estejam aiém dos limi: les definidos para nosso estudo, elas devem ser citadas devido 20 ‘qutvocs, hoe muito comm, que consiste em disporem-se pracas lurbanas, como as defronte des prefeituras, por exemplo, em gigan- lescas dimensbes desproporeionafs, Em tals pracas, mesmo 03 edi- {icios mais imponentes parecem encolher ¢ reduzit-se 4 um tama iho aparentemente normal, pois na arte do espaco tudo depende dias relagBes mituas, e no das dimensdes absolutas, Em cortos Danas berier es 59) Jardins, podemos encontrar estdtuas de andes com altura de dois metros ou mais e estetuetas de um Héccules do tamanho de um polegar; no entanto, o maior & reconhecico como ando, € 0 menor como 0 her Para aqueles que se ocupam das questdes da construgao urbana, seria til comparar 2s medidas reais de algumas des maiores e das menores pracas de sua cidade. Tal procedimento demonstrard que ndo hd, de fato, nenhuma relagio entre o efeito as dimensses de uma praca e suas dimensoes verdadeiras. Um exemplo & a Piaristenplatz, no oitavo distrito de Viena, cujo feito vai muito além de suas dimensoes reais. Ele tem 47 metros Ge largura, portanto 10 metros a mencs que a Ringstrasse, ape= sat de nossos olhos nos levarem a crer 0 contratio, ou scja, que a avenica é mais estreita. Bsta impressao restlla, exclusivamente, a disposiglo adequada da praca. & soberbo 0 efeito da fachaca a igreia, aqui tao bem situada ¢, por esta razao, parecendo bem maior do que ¢ na realidade. Atualmente, a regulamentagao das fachadas de ediffcios exige o alargamento de ruas neste local, mas apenas porque isso se tortoit hébito. Trata-se de uma medida desnecesséria, j4 que nesta direa o tréfego € pouco intenso, ¢ por- tanto a estreiteza das ruas antigas nao causa nenhum disturbio . Todavia, alargar reas é um modiamo, momo onde isso ndio & nem tm pouco importante. Nao sto poupados nem os custos excessivos da demoligao, nem tampouco as reentrancias e salign- cias das casas, pouco pratices e muito feias. E, no final, alcanga~ se um objetivo que, na maioria das vezes, nem mesmo € deseid- Yel, come no caso anterior, onde a yelha praca, diante dao rues alargadas, por certo nao provocaré um efeito tio conveniente quanto antes, E, se a praca j4 nao é to grande, o mesmo acon- tece a fachada da igreja. Em Viena, um outro exemple louvével 6 oferecico pelo grandioso monumento 2 Imperatriz Maria Teresa, Sus dimenades ¢ sua forma esto em unia proporgio tio certeira em relacao a imensa praca e a ambos os edificios dos museus adjacentes, que nada deveria ser alterado. Na evidéncia do olhar, ninguém acreditaria que esse monumento € quase da mesma altura que o interior da Catedral de S, Stephan, Em fungdo de tudo isso, constatamos que a boa proporséo. entre a dimensdo da praca e a dimensao dos edificios é de pri- ncira importancia, Assim como tudo neste émbito, também essa 3a afirmacto ¢ fuytamentata por experiéncia do prépro autor, que li moro durante trés anos, N. do A) 60 1 cota dae vans apnea _ firoporglio ndo pode ser definida com muita preciso, pois eat jmubmetida @ oscilagdes freqtientes © considerdveis, Um tnico ‘olhitr-sobre a planta de qualquer cidade grande pode comprovar inno. A relagao entre o8 ecificios e as pragas nio pode ser defi- ida com a mesma exatidao com que, por exemplo, os manuais “dterminam a relagdo entre calunas’e travejamentos. Porén, Hlinda que aproximada, tal definigao ¢ muito importante, sobre= Lilo iva 2 eastracio urbana moderna, one a arbirarietade ln régua substituin o desenvolvimento histérico gracual. Devido 41 esta imporiancia das medidas absolutas das pracas é que se Drocurou utilizar, quando possfvel, uma escala idéntica para todos esbovos de plaos esse estado (ver a Unidade 2 pagina 184). mil comparacao entre eles revela uma multiplicidade que chega AM raiao ca arbitraricdade, Néo obstante, poitemos depreender tis seguintes regras: J, As pracas principais das cidades grandes sao malores "ale a8 Gas cidades pequenas, 2, As principais pragas de todas as cidades tem dimensdes “{ndubitavelmente maiores, enquanto as restantes devem ater-se A medidas mais diminatas, 3, A dimens2o das prares includ na categorie 2 (¢ segando “Beefleulo da média do fetor dado na categoria 1) estd em propor “ glo.com a dimensap dos edificios cominantes em cada uma delas. “Hivendo de outra maneira: a altara do ediffeio (medida do nivel prayét & comija mais alta) encontra-se em relacaa proporcic- “inil-com as dimensdes da praca, medida perpendicularmente ishuda do cdiffcio, Ein couseytiencia divsv, a altura dt fachada li igreja ¢ proporcional ao comprimento da praca, se esta for I) profundidades ja nas pragas de largura, a altura do edificio, ste um palécio ou uma prefeitura, € proporcional a largura praca. Eplabelecida a relagto segundo estes parametros, constatar iON que a simples altura do principal edificio da praca, em uma Imago grosseira, pode ser considerada como a menor wenvio posstvel pare ela, Da mesma maneira, o dbro da altura i) edificio comesponde a dimensio maxima da praga para que mt pbtido ium cicito satisfatdrio ~ a menos que a forma geral “110 edificio, a sva funcao e a sua omamentagao suportem, excep- ‘Glonalmente, maiores dimensdes. Pragas maiores admitem edift “bios de altaras medians quando estes sto desenvolvides lateral- “thonte, com poucos pavimentas e uma ornamentacio maciya. Pot fim, quanto & proporyao entre a largura ¢ 0 comprimento de ina praca, € necessirio frisar que se trata de algo bastante 61 incerto. Neste aspecto, uma normatizecio seria de pouce valor, pois tudo depende co efeito natural da perspectiva, e nao do com: portamento da praca.em uma planta. Por oittro lado, esse efeito natural depende muito da posicio do observador, e devemos lem- brar que, 2 olho nu, nossa capacidade de avaliacdo da profundi- dade ¢ bastante inexata, de forma que a verdadeira relacdo entre a largura e a profindidade de umia praca atinge apenas parte de nossa consciéncia, Basta observar que as pracas quadradas ‘costumam ser raras e ter uma aparéricia nao muito bonita, e que, também no caso das pragas de profundidade, o espago comeca a deixar de ser agradavel quando 0 comprimento 6 trés vezes superior A largura. Em. geral, as pragas de Jarura comportam uma maior diferenca entre 0 comprimento e a largura do que ae pracas de profundidace, mas também nesse aspecto ¢ preciso Jevar em consideragio as outras relagoes ¢ as caracterfsticas pect: liares a cada caso, ‘Nio devemos esquecer que o fator decisivo é a largura das ras que desembocam na praca. As estreitas vielas das cidades antigas comportam pracas pequenas, mas hoje a largura colossal de nossas ruas exige espacos gigantescos. Variando entre 15 28 metros, as larguras médias das rias aluais jA serviram, outrora, como cimensdes — tanto da profundidade quanto da largura — ‘de mnitas belas pracas de igresas, cauisando uma impress2o coesa encantadora, Naturalmente isto 96 6 possivel no caso dos enge: nnhosos tracados das ruas nas cidades antigas, com vielas de ape- nas 2 a8 metros de largura. Mas que dimensdes gigantescas devem estar a disposigau de uma praya para The yauautis v miiniane dle evidéncia, se ela fica defronte a uma avenida moderna, com 50 a 60 metros de lergura? A Ringstrasse em Viena tem 57 metros ¢e largura; em Hamburgo, a Esplanade tem 50 metros; a Unter den Linden, em Berlim, 58 metros. Nem mesmo a Praca de S, Marcos, em Veneza, tem essa largura, O que dizer, entio, da Avenida dos Campos Bifseos, em Paris, cuja largura € de 142 metros? A dimensio 68 por 143 metros é a média das maiores pracas de todas as cidades antigas, Como regra, quanto maior 0 espago, menor © efeito, pois caso contrério os ediffcios © os ‘montmentos ngo tém como garantir sua imponéncia. Recentemente foi diagnosticada uma singular moléstia ner- vost: a aorafobia. Consta que muitas pessoas so acometidas por uma sensacdo de mal-estar, uma espécie de temor, quando devem atravessar um espaco amplo e vazio. Complementemos esta observacao psicoldgica com uma arvfstica, porque os seres de pedra e bronze, sobre seus altos pedestais, também padecem 62 1 etl a eda ep pei ttc tease mal, razio pela qual devem ser acantonados, de preferéar tie, conforme jd dissemos no inicio, em peauenas pracas antigas, Quils soriam as dimensdes necessérias para as estdtuas em pra- {gas W2o colosssis? No minimo, o dobro ou o triplo do tamanko juktural, talvez mais, Nestas cendigves, jé por principio se tornam Impossiveis certas sutilezas da arte. A agorafobia € uma das ioengas mais aovas e modernas. Muito compreensivel, pois as peauenas pracas antizas sAo acolhedoras, e somente em nossa Meméria podem tornar-se gigantescas, uma vez que a grandiosi- Gide da impressao artistica substitu’ 0 tamanko real em nossa Jmiginagio, No vazio tedioso ¢ opressivo das imensas prages ‘modemas, mesmo os moradores das regides mais antigas ¢ acon- Chegantes da cidade vio sucumbir 4 doenga da moda, a agorafo- Em nossa meméria, essas pragas gigantescas s20 reduzides uma imagem muito pequena, mas ainda grande em relacio A inulidarle de seu efeito artistico, Pracas demasiado grandes tém sua influéncia maie nefasta sobre os edificios que as circundam, pois esses nunca sero gran= des o suficiente; mesmo que o arquiteto esgote todos os artiff- Cios de seu espitito artistic © empithe massa sobre massa como hingruém antes dete, ainda assim esiard sempre faltando alguma coisa, € 0 efeito permanecerd muito aquém dos esforgos espiri- luis, artisticos ¢ materiais, Em seu manual da construpio urbana, jé citado aqui, Bau meister oxplica que prages grandes e abertas nao trazem yantar ‘xem alguma para a satde, apenas calor e poeira, e, conforme Ay einewstAnciae, chegam meemo a prevocar distirbios nv tidleyu. Hoje em dia ha um grande empenho em se abrirem pracas ‘eolosszis, 0 que ndo deixa de ser uma medida pertinente, j4 que ‘elas correspondem a ruas de larguras igualmente colossis, 5 Irregularidades das pragas antigas ve Enfase muito especial é dada, hoje, a regularidade milimé- trica das pracas e ao alinhamento das ruae, que dever ser comple: tamente retas e sempre o mais longzs possivel. Na realidade, sob ms 0 ponto de vista dos propésitos artisticos, trata-se de uma preocupacao inuitil e de tum esforco mal emprewado. ‘Tomemos a Piazza Eremitani em Padua, as pracas da caledral em Siracusa i (fig. 35) e em Padua (Gig. 36) ¢ a Piazza 1 (JIB 5. Francesco em Pater (ti 97). A ort gem das irregularidades tipicas dessas ij races antigas encontra-se em seu gre dual desenvolvimento histérico, e nao seria tum engano aceitar-se que, outrora, ‘Siracena cada uma de suas sinuosidades préprias Hoax dalDeowsi _correspondia a um cantexto especfico, sofa um edrrogo que nfo existe mais, a forma de uma constragao ou um caminho jé tragado, ‘A experincia pescoal nos demonstra que tais irregularida- des nfo causam, de maneira alguma, um efeito ruim; ao contrétio, aumentam a naturalidade, estimulam nosso interesse e, sobretudo, reforcam 0 cardter pinturesco do conjunto. Togavia, é muito pro- \avel que nao estejamos habituados @ reconhecer 03 limites explo rados beneficamente par essas imegularidades antes que elas sejam percebidas como tais e causem um efeito desagradavel, pois isto demandaria uma comparagio exata entre a praca e a sta planta, 04 ‘A sonssgh da cides eeoundo ont pinlnba ation lquer cidade poderia oferecer-nos varios exemplos deste 19, pois em geral tendemos a néo perecher os tragados obit “ti08, Considerando retos os los ngudos on obtusos, ‘enfin, idealizando as an actuosidadies da natureza B we 1 ‘om nome de uma regulari- ikle exata, Quem examinar T plano de su prdpria cidade ocurando esquinas € pra- obliquas, poderé consta- (jue, ne memdria, estas eau “costumam ter uma imagem Pease Nesey ‘elilinea ¢ regular. Tomemes como exemplo algumas pragas bem mhecilas: muitas pessoas iA visitaram a famosa Piazza d’Etbe, fin Verona (fig. 38), on a conkecem por reprodugdes, mas por vorto pouces tém consciéncia de suas signitica- ee _livas irregularidades, tao dificels de serem per- é ‘Gebidis, Muito naturel, pois nada € mais com (yp spl auc recomper 0 traced de uma praca pe ga undo unia vista perspective sobre ela incipalmente ne meméria, apds havermos «ido de lado os aspecios téeniccs par nos ijarmos A fruigao de todos os belos ele 7 ti inidos (ver também fig, 24) Palomo ‘Pambém € bastante interessante @ dis- Mase & Traore pllncia entre a planta real da Piazza S, Masia Novella om Flo (fig, 39) ¢ a sua represeniagdo na memdria, A despeito de ‘cinco lads, a maioria das pessoas (conforme ‘foi verfica- ‘guid dela uma imagem quadrada, pois, na realiéade, apenas ilesses lados podem ser vistos simultanéamente, enquanto os «dois permanecem atrés do observador. E muito fécil con- Aarelagto entre os éngulos retos obiusos desses trés lados, wluudo quando nao se presta muita atencéo a eles, como de ‘Tuibito), porue esta avatiagho 6 baseada somente na perspective, bom diffcil caicalar os verdadelros angulos de uma praga a Hho mi, mesmo para ium profissional cnja atencio esteja voltada [PATH wave anpecto, Os efeitos ilusérios causades por essa praga a formar em um verdadeiro caleidoscépio. Qual 0 valor de it} conjinito arquitetonico milimetricamente regular em compara 1A csias peculiacidedes? Tt roilmente notavel como mesmo as pragas antigas de irre- ale exagerada jamais cheyam a ter uma aparencia tao rim Pi 96 aes grt ds pop anon 65 ‘uinto 0 efeito cansado pelos Aangulos ieregulares dos complexos turbanos modernos, Isto decorre do fato de as cidades antigas Bos serem. irregulares apenas g ‘em suas plantas, ¢ néo em ONY MEIN] «sua realidade fisica, pois sua origem nao est4 em S w uma concepgao marcada pela régua, mas sim em 5 tum paulatino desenvolyi- mento in nature: e assim 1 @ a percebemos apenas as coi- ‘ ‘Sas que atraem nosso olhar B in nalwra, permanecendo indiferentes ao que sé € visivel no papel. Isto pode ser ilustrado por algumas as pracas de Siena (is. 40 a 43) c pela Praga de S. Siro, em Genova (fig. 44), Nesses exemplos, & tac thy Teed Sao yg NR, CxEMIDG, profundidade diante das fachadas das igrejas foram abertas para garantir uma visdo propicia sobre as esira- turas mais importantes. De fato, tal meta foi alcangada com sucesso em (olos os casos onde as irregularidades das pracas = 2¢ eoneentram atrés do obscrvader. Desta taneira, malgrade seu cardter irregular, is ,_ toflas estas pracas parecer ter um ritmo bp. "hs © uma trangiilidade particulares, estando assegurados tanto 0 equilfbrio de suas mas- Aoronoe Pine 8. asa Novell Fy. 30 ed quanto a observéncia dos princfpios fundamentais. ‘A.pouca importincia da simetria rigida © da regularidade exata e geometrica para a criacao de efeitos arquiteténicos ¢ pintu- rescos jé foi bastante eniatizada nas dis- cussoes sobre castelos antigos, que causam um efeito harmonica a despeito de toda irregularidade, pois todos o8 motivos so cons- tituldos de maneira a se destacarem com clareza, garantindo a cada ediffcio 0 seu contrapeso ¢ 0 seu equilorio, sem que sejam tolhidos 0 emprego de motivos variados ¢ a liberdade de criagao, ‘Tudo isso € ainda mais verdadeiro no caso da construcdo urbana, | etc dacldaieearutd te peep ice ala retine wma totalidade mais ampla e civersificada do ® «_consimucdo de palicios, cujo tratamento pode ¢ deve ser ante livre gracas varie tle motivas passveis de Ma ed im combinados entre si, sem CNB, Re ives ccslnt dies © Mi o)¢ identificamas uma Tiber- le bastante oportuna na cons- jlo de casas de campo e de Hos — & por que justamente ‘construgdo urbaia a régua “6-0 compasso seguem normas Fin 3 ee ma SOY ieito do simétrico tomou- iniliar mesmo As pessoas ls desinformadas; e, de posse a ie ma regra considerada tao importante, tollos créem-se no same: “Gireito de opinar em questoes ¥.4. Abadia 8.240 urtistices (Ao complexas cuanto ‘thi constructio urbana. O tormo simetria 6 de origom grega, ‘no € diffcil comprovarmos que, em toda a Antigdidade, ele iva azo completamente aiferente do. moriemo concelto “uimetsia enquanto identidade especular entre esquerda ¢ eit, Quem id se deu ao trabalho de investigar a origem etmo- iit ca palavea simetria em tarlos ne fragmentas litersrins gre Hf & latinos sobre a arte, deve ter peresbido que esse termo nprh expressa alo para o qual, hoje, néo temios palavra alguma. Nho podemos traduzir com adequacao a velha palavra symmeiria juin @ parafrasear. Mesmo Vitrdvio foi obrigado a descrové-la, Mio wpodendo taduzir: "Da mesma maneiza, a simeiria € uma (uo oxradavel proveniente dos elementos ca prépria obra e -yolucn proparcional entre as partes separadas © a forma a toda”. Assim, a propria terminologia de Vitrtivio € exceto quando ele mantém a palavra grega. Algumas 14 cle substitui pelo termo proporito, quese aleangando 0 soit corrcto da palavra; porém este procedimento vei contra ‘Ml propria. Vontade, pois, como ele mesmo diz, a simetria vim da "propordo, que se diz em grego avahorla 1 original gritos de Site) tem srammesia est ex jpsus operis sunnonons corsonsis ex partibuscue separats ad wiversae figure spe ne pata sponses". (N, €0°T:) engl dv pages nto 67 [analygfe|” ", De fato, os antigos entendiam a esséncia da sime- tia € da proporea0 como a mesma coisa, cuja tinica diferenca residia no emprego dos termos, Na arguitetura, proporcao signi- ficava apenas uma certa qualidade geral e benética das relacoes (por exemplo, entre a altura e a espessura das colunas) avaliada pela sensacao, e por simetria se entendia a mesma coisa, com tais relagdes expressas em niimeros exatos. ‘Tal conceito perdurou durante toda a Idade Média. Somente quando forem tragados os primetros esbogos arquiteténicos nos Cubfeulos dos mestres géticos é que a preocur a4 pagdo com os eixos simétricos adquiria seu sex tido moderno, tornande-se consciente a nocao teérica da identidede entre eequerda e direita, A esse novo conceito foi atribuido um nome antigo, cujo significado original sofreu uma alteracao, J4 na Renascenca o termo era empregado neste novo sentido, o, desde entio, essa idéia da simetria conquistou o mundo, Os eixos simétricos rapidamente invadiram as plantas € conquistaram pracas € nas, domi- nando um. espaco apés 0 outro até impor-se como 0 tinico arcane salvador. A mesquinhez e a pobreza espiritual desta concepgao € patente em todos os nossos ditos preceitos “estéti- cos” da consirucao urbana. Por outro lado, a necessidade de rograa nao relagéco cotéticas ¢ reconhecida em consenso geral, Nao obstante, no momento em que algo deve ser definido com exatidao, 0 entusiasmo inicial 6 logo substituido por um completo desatino, ¢ a simetria € 0 camundongo gerado pela montanha = universalmente aceita como incontestAvel e imprescindivel E assim, por exemplo, a lei de 1864 para regulamentacao de e: ficios na Baviera exige que, em suas fachadas, seja evitado “tudo 0 que posta ferir a simetria ¢ a moral’, provavelmente ficando encargo da interpretacao definir qual das duas infracoes seria a mais grave. B natural que a construcdo urbana modema nao tena tido muita sorte com suas irregularidades. Em um plenejamento uurbano que segue o modelo de um tabaleiro de xadrez, as irresu- Jaridades provocadas pela réqua so, quace sempre, a8 pracas «Em latin no original: “proportio, quae greece hyodor/e dicitur”, (N, do!) 08, ‘Roa a nt mgd pon tie Irlangulares, canlos funestos na regularidade geral do tragado, sis pracas triangulares costumam ter uma aparéncia rim, Perave saat ve tora itnpontel wna Tuato do ohn, ois as inhas de Taya dos edificios adjacentes se entrechocam de forma Constante e grosseira. A tinica solueao artistica para praras trian gulares sctia a irregularidade completa de cada um dos trés lados Drincipais. Desta taneira, seria possfvel criar toda sorte de equenos angulos (em parte simétricos) ¢ diversas ilhotas fora das Jinhas de transito, onde monumentos e estétuas poderiam fier instalados com grande adequagao. Mas é justamente isso que 4 moderna construgao urbana nao permite, E quando tados os Jades de uma praca triangitlar sto desenhados absolnta e bru mente retes, nao ha nada que posca ser feito, Como consey tia, temos a lenda das pracas regulares e irregulares, acompa- hada pela conviegio de que apenas as primeiras sejam formo- sins © adequedas 2 disposi¢ao de momumentos — obviamente em seu centro geométrico, Dentro das Timitagdes dos complexos urbanos moderns, tal proceciimento tem uma margem de razéo, ennbora seja de {odo erréneo segundo o sistema antigo de construgio de cidades, ‘onde as pragas itregulares tem prioridade para receber estatuas ‘# monumentos, oforecendo condigBee mais propicas para a dispo. sigio dos mesmos, ou até para seu isolamento quando assim for necesséro, 6 Conjuntos de pragas H. pouco procedemos @ comparagao entre duas pracas cont uas, ocorréncia bastante freqiente nas plantas estudadas até aqui. Tratase de um motivo to comum, sobretudo na Ttélia, que olernosrecanheoer como rea feto a deo centro da cidade ser comstitufdo soy ponent (ry por wim Conjunto de pracas sinto aos || Laan ya ‘edificios mais importantes, enquanto as pracas isoladas se caracterizam como excegdes. me Esse fato estd relacionado a0 t fechamento das pracas e 20 moive |) 1 | fandamental de igrejas € paldclus a encaiados em outros edificios sie Observemos a fig. 45. E evidente que a Piazza Grande tem a funcao de real- ‘gar a fachada lateral da igroja. Como conseqtténcia, ela € concebida enquanto praga de largura, chegando mesmo a estender-se nesta cirecao até além da abside. Em tese, podemos dizer que, aqui, uma praga de fachada lateral se confunde ‘com uma praca de abside. Nao obstante, a Piazza Grande ¢ distin- tamente eeparada da praga J, constituindo um toda coeso; assim como a Piazza Torre, cuja fungao patente € a de proporcionar uma visio mais ampla sobre a torre e garantir que esta cause seu melhor efeito, como se estivesse sobre um palco. A Piazza Torre também nao deixa nada a desejar quanto & coeséo do espago no ‘que diz respeito & regra, pois 6 uma praca de profundidade don nada pela fachada de uma igreja, ¢ ainda com uma rua direta- mente sobre o portal da mesme. Semelhante a esse exemplo de 1(@asea dele Legos), i aes Grande) Ik Pastea Tore) % A sont eda winds sno ton Modena, encontramos. um notével cenjunto de pragas em Lucea, forinado pela Piazza Grande (Via del Duomo) e pela dupla praca i Catedral, com metade a frente e metade ao lado da fachada late- ‘al, enquanto a propria catedral ¢ encaixada em um outro ediff- ‘clo, Exemplos deste tipo nos transmitem a impressdo fundamen- tada de que cada uma Gas fachadas dos edi- {clos motivou, por si mesma, a formacio 19 divs pracas que as cireandam, aumentando Juan proprio efeito, pois seria imposstvel ima- nar que, de antemao, duas ou trés prac ll @stivessem dispostas préximas umas das tras de forma a receber as diverses par- {es dle uma igreja de maneira tao propicia. No ha ctivida de que apenas um tal con- Junto de pragas pode permitir a fruigao com- Pleta de todas as belezas de uma construgao Monumental. Trés pracas € tres imagens lrbanas forrando um conjunto harménico € coeso a partir de uma nica igreja: realmente néo ee pode reivindiear nada além disso. B assim mais uma vez se revela ji economia sabia dos mestzes antigos, que aleangavam uma grandiosidade Artistica através de um mfnimo de forca mecanica. Este método do conjunte de pragas poderia ser chamado de Método do melhor aproveitarnento das construgdes monumentais, pos se trata exatamente disso. Cada fachada imponeate recebe sua prépria praca. O contrério também ¢ verdaileiro: cada praga recebe a sua fachada de mérmore, 0 que é muito valioso, por Penigia (que nao 6 sempre que temas & nossa 4 Puna dl Due) Cisposiqao estas fachadas tio caras, ‘Him de) Pin} ‘ue, alls, seriam ideais para clevar ey todas as pracas muito acima de seu aspecto costumeiro. O sistema moderno da construgo urbana definitivamente nao admite esse método tao inceligente e refinado, cuja aplicacao pressupie 0 fechamento das pracas e a construcao de ediffeios monumentais encaixados nas paredes das pragas. Ao contrério: tal procedimento ¢ radicalmente negado pela atual mania de se levantarem edificios isolados Assim, de volta ads mestres antigos! A fig, 46 apresenta um conjunto de pragas semeihante: a Piazza d'Erbe, em Mantua, Mints 8, Andean TGasze dab) pees a non es na € desenvolvida como praca de largura e, diante dela, recorta-se uma praca de profundidade defronte ao pSrtico principal da igreja, Da mesme mancira, a praca da catedral em Penigia (fig, 47) € dominada pelo Palazzo Comunale, portanto uma praca de prefeitura; temos ainda uma segunda praca, menor, consagrada A catedral. Em Vicenza ha duas pracas para a Bastflica do Palla dio (fig. 48) cada uma com um carter particular. Também a Signoria, em Florenca, tem sua praca adjacente, 0 Portico degli Uffizi, de um efeito muito especial. Em termos arquiteténices, a Signoria a praca mais notével do mundo. Aqui estio reuni dos todos os motives da construcdo wrbana antiga — no tangente a forma, dimensées, pragas adjacentes, desembocadura de russ, aisposicao de chafarizes € monumentos — porém, cada uum dos elementos encontra-se sutilmente velado, de maneira que pres- sentimos 0 seu efeito sem notarmos suas razbes, 2 menos que as busquemos de maneira consciente, No entanto, em nenhum outro lugar foi empregada tal fartura de espirito artistico. Ao longo ce muitos séculos, varias geracdes de artistas de primeira categoria ee empenharam em traneformar esta regio, por si pré pria tigidamente desfevoravel, em uma obra-prima da constru- ¢40 urbana, Fé por estar oculto todo o aparato artistico respon- sdvel pela realizagao de tudo, isso que jamais saturamos nosso olhar a0 admirarmos este conjunto. O coragao de Veneza ¢ formado por um dos mais sublimes conjuuntos de pracas. Observe-se, na fig. 49, a Praca de S. Mer- cos (De a Piazzetta (Hi), A primeira, uma praca de profuncidade em relacdo A Tgreja de S. Marcos, 'e de largura em relacdo as procuradorias, A segunda, uma praca de largura_ em rolagao 2 frente do Paléci dos ‘Doges, mas principal: mente de profundidace em [4 telacéo &_maravilhosa vista sobre 0 Grande Canal com S. Giorgio Maggiore a0 fundo. Ha ainda uma terceire b d AE ecenaneemeet praca, menor, due se estendle oe mmm [ive defronte & fechada lateral ee ee an de S. Marcos. Na verdade, ide oo oe ee aqui é a sede de um imenso esti do Raledie poder — poder do espfrito, da arte e da indistria que, exercendo @ supremacia sobre os mares, reuniu o3 tesoures do mundo em seus navios e velo frut Fa 48 (etm rey am ces A engi te onda a pei toe jeste que 6 um dos mais belos recantos do globo terrestre. i) mestio Ticieno e Paulo Veronese puderam criar algo mais ‘bo para as inventivas imagens urbanas no fundo de suas, des pinturas de casamentos ou outras ocasibes, Ao obser- MGS O$ meios através dos quais foi alcancado este esplendor ompardyel, surpreende-nos sua singularidade. Esse conjunto ‘ebeu, ainda, «ma disposiedo muitissimo adequacla, dado fun- imental para o efeito coeo do todo, Nao ha diivida de que todas as obras de arte teriam seu efeito inacreditavelmente redu- aio caco fossem dispostas segundo 0 sistema modemo, separa das umas das outras e orientadas de forma rigida a partir de a Vena: 1(@. de Maree) (Basal) eixos geométricos. Imaginemos a Igreja de S. Marcos isolada, Com a campanilta colocada no eixo de seu pértieo principal no ‘contro de uma imensa praga moderna; o3 edificios da biblioteca ‘das procuradorias, ao invés de pegados uns acs ontres, dispos- tos isoladamente de’ acordo com 0 mocderno "sistema de bloces” ‘om uma dessas pregas onde passa, ainda, uma avenida de quase 60 metros de largura. B inimaginavel. Todo 0 efeito recuzico a nda, nada! Pois 28 duas coisas andam juntas: 03 monumentos © as construgoes tao belos ¢ a sua disposicao correta e adequada. A formacio geral da Praca de S, Marcos e de suas pracas adja. ites € conveniente a todas as regras reconhecidas até equi ¢ aente-se & posicio lateral da campanitha (ver também a fig. 50) nro de nen 73 ees = M4 1 contra dan caden negate au “iil linha diviséria, mantendo a guarda tanto na praga grande squinito na pequena, Por fim, néo deixemos de notar o efeito criado pelo movi ‘Inonto de uma praca a outra nesta composicao tao certeira, A. “fyi instante um novo conjunto pintaresco nos surpreende 0 ‘olhiat, ¢ assim 0 efeito causadlo € sempre outro, Podemos veriti- ar W riqueza de efeitos desses pracas em especial nas fotogra- fing dla Praca de S. Marcos ¢ da Piazza della Signoria em Flo- unga. Fotografando-as de varias posicoes, pode-se obter mais ‘de urna ddzia de imagens diferentes, cada tma delas mostrando Jim outro quadro, de maneira que dificiimente acreditamos serem fodlas clas da mesma praca. Faca-se 0 teste em uma praca ‘moderna, rigida e quadrada! Nao se obtém nem mesmo trés fotos We contetdo artistico, justamente poraue a praca moderna, recor- {ada no movimento protocolar de uma réqua, ndo tem o menor ‘(ontetico espiritual, somente uma superifcie vazia, de tantos por “antos metros quadrados 7 Pragas do norte da Europa’ Ne capitulos precedentes, a matoria dos exemplos utilizades como modelo era italiana, cuja beleza cléssica 6 universalmente reconhecida. No entanto, a yalidade da aplicegio de tais princi pos a0 norte das Alpes @ bastante questionével. Aqui tudo € essen- Galmente diverso: 0 clima, a vida popular, 03 tipos de construpéo © moradiz; portanto, nao deveriam ser diversas também as russ eas pragas? Com certeza, bastante diferente da Antigitidade, por- ue deste entéo muita cofse mudou, Néo podenos rodear uma ‘nica praga com seis on mais igrejas, como faziam os antigos com seus templus uv fo1ui1, pu's pare tanto necessitarfamos também de sev politeismo. Da mesma maneira, nossas casas também 820 constriidas de outro modo, semundo 0 sistema nérdico desenval- vyido a partir do fall coberto e com muitas janelas para a rua; assim, jé de inicio, «Ao outras as nossas exipbncias quanto a rues € pracas, Todavia isso € valido tanto para a Itélia medieval ¢ renas- ccentista, quanto para 0s complexos urbanos nordicos, pois a estru- tura da moradia germinica também conquistou a Tilia, tendo res- {ado apenas uma lembranga fugidia da moradia antiga na forma do patio cam colunatas abertas. Por esta raz4o, a Italia nao se manteve ficl ao modelo do f6rum antigo, posto que este teve uma ‘grande importancia tanto na assimilacao quanto na criacao da 1 Na tmugho franceea de Camile actin, este capitulo fo} suprimigo © subei tuft por outro, denomiuado "Des cues! neds no presente vohine A pagina 185. (N. do.) Wallonia: iteralmente,constracao ra fornia de fat (do T) w ‘A consnigha das eeades coun us pa Jha vida de todos os povos da Buropa, Portanto, 6 grande « dife- Fronga entre os conjuntos antigos c os renascentistas, tanto na Ita Jin, quanto no norte. Por outro lado, a diferenca entre 0 norte e 0 ‘ul da Europa nfo € muito importante, assim como eatre o gética Alemdo € o italiano e entre a Renascenca alema e a italiana, ‘Talvez o maior contraste passa ser encontrado na constru ‘lo das igreias © de sias pracas. No tangente 4 dispasiczo, no hore encontramos amide a8 isrejas colocadas iscledamente Fi. 1 = quando nao no centro da pragia, ao. menos circundadas por Vielas. Nas cidades maiores, ‘iso costuma acontecer apenas io caso das catedrais ow de uma ‘04 outra igreja mais importante, feniquanto & maioria dass igrejas ienores, mesmo no norte, sio Gricaisedas em outtos ediffcios, Na nvaioria dos casos, a origem de tal isolamento é a existéncia anterior de cemiterios que adbere: pred cabal oiltrora rodeavam a9 igrejas, s ‘como ainda podemos observer em muitas aldeias, Bo caso da cate Aral do Fretburg (fig. 51), da Tgreja de Nossa Senkora em Muni- que (ig. 52), ca catedral de Ulm (ig. 53), da lereja 6S. Jacd em Etettin (fig. ye a ee] 4), da Catedral de S, Es- tévio em Viena e de ini. & Meras outras. Nao encon- D gz AB Dm os iy. 92 trando evidéncias de um antigo cemitérip, reparamos que as igrejas mo esta dispostas isoladas, mas parcial ¢ convenientemente encaixarlas em outros edificios, como mf coin Auge LOCA ab Lr Iae Sounece itelay sb aTICAl, at ssidas em um perforto em que 08 novos cemitérios jé nd eram colo- Caclos no centro das cidades, Assim, a disposicao isolada ocorre somente em pequena esvala, na maloria das vezes no caso das jgrejas gdticas; e, mesmo ido iss acontece, a regra geral nao corresponde 20 nosso hiabito modern. A disposicao normal de uma catedral gética con- siste na abertura de apenas uma praga em frente ao pértico prin- ‘unique: Prope de Howe Santora Prat eR n cipal © torres, enquanto as fachadas laterais e a abside ao fundo so separadas das casas e de outros edificios vizinhos someute por vielas estreitas. Nio fe ha diivida de que esta ordleniacao ¢ @ que melhor ee Eocene 20 oo ot a nico de uma catedral gética, Eo intuito de exaltar esta |; grandiosa concepeio arqui | tetonica que explica 0 ‘empenho por uma boa visio => sobre a fachada e as torres imponentes, em geval duplas ¢ dispostas em simetria. 0 methor seria 1 p.oga da catoded), 1 (to peter dn igen; que uma construc to 1 (tintin dirs) soberba pudesse ser adm rada mesmo 2 distincia, tende-se, sempre que possivel, ruas mais larges na directo do pdr tico principal, como mostra a fi. 55, (O mesmo efeito foi tentado nas igrejas de S. Sebaldo e S. Low rengo, em Nurembergue, a medida que o permitiam as tuas an- uloms ¢ estreitas da cidade an- tiga. Contudo, @ visao lateral de uma igreja gétiea oxige uma Aisposigao exatamente contréria. Aqui, ido é movimento, do alto das torres olovadas até as baixas apelas do coro, € 0 unico centro simétrico da nave lateral n20 se localiza em seu meio exato, Tudo Ccorrespone a compesicao lon tudinal do espago interno da igreje, cuja natureza nao com Sot: nltos Towa de § Joos —_Dorta ‘uma visdo lateral a longa itincia. Mesmo em tum esboco no papel nao se consegue uma representagdo agradavel da visdo lateral de tima igreja longitudinal com tomes na fachada, Para tanto, € preciso que o titimo pavimento da torre, incluindo 0 domo, seja deixado de lado, de modo a tornar mais equilibrada a forma do ediffcio, como cosiuma ser feito em tais desenthos. ‘Assim, devemes reconhecer a conveniéncia de as catedrais g6- ticas serem construidas, em toda a sua volta, bem prdximas a outros edificios, havendo acesso apenas pelo porta principal, A onerpt tds ainda nat neni tiie rgd sone Eres 7 © que mantém uma correspondéncia natural com © movimento: dos fidis para a igreja, a passagem de procissées etc. Imagine-se luna yenerével catedral gética, em qualquer cidade, no meio de ‘uma imensa praca de esportes, que gira infinitamente em tomo de si mesma. Ao visualizar tal imagem, nos See do. aneaney oe efeito tao Fig. $6 pe lar ¢ imponente de uma obra arquiteté- Hel Como etevbios/ienc: oisshmentcrar Wear pe Gal de eatedral de Colénia, ea lgresa Votiva a em Viena, localizada em uma praga grande demais. A Catedral de S. Estévao, também ‘em Viena, perderia por completo a impresso misteriosa que nos desperta, ainda hoje, caso eotivesse na infind4vel praca da Igreja Votiva; esta, em contrapartida, provocaria um efeito muito mais imponente se estivesse no lugar da catedral de Estrasburgo ou da Catedral de Notre Dame, em Paris. O prinefpio da construgdo encaixada em outros ediffcios & ‘valido também no norte, ainda que regido por condi¢es um pouco diferentes. Em Estrasburgo ha doze igre- jas encaixadas ou encostadas em outros toot edificios, inclusive a catedral, ¢ apenas. ‘uma jsolada; também em Mainz todas as igrejas antigas, também a catedrel, Sto encaixaas em outros eiffios, assim como em Bamberg. Frankfurt am Main. etc. A despeite de algumas excecdes, ‘em toda parte podemos encontrar igrejas: encalxalas emt outros ediffcios. O iso mento também € uma excegao no norte, ea sua origem (0 antigo cemitério) ainda pode er Hnticads no trapado, em parte circular, das pracas dessas igrejas {ver as figs. 52 a 5d). Esse motivo, em outras circunstancigs, seria inex- plicdvel, e sua ocorréncia mais explicita c freqiente dé-se em cida- fes do nore da Alemanha, como Dantzig, por exemplo. Mas sto fs propre excegBes que relorcam a valiade geral da regra. AS jigrejas antigas nunca se localizam no centro exato de suas pragas, de maneira a tornar coincidentes os centros geomeétricos de ambas — um pedantismo moderno que decorre, naturalmente, do movi- mento do compasso e da régua sobre a prancheta, sem manter relacdo alguma com 0 quadro formado na realidade pelas pragas Igioh Praca Ease ewtinda cde sounds us nie aaah 4 '§ sewn edificios, como se fosse possivel, nessas condicdes, calew ile isolamento carecteristico das igrejas antigas pode ser lurido das figs, 56 a 60. A Tgreja de S. Paulo, em Frankfurt 1 Mi (fy. 86), € tsolada, mas tao recuada para um dos cantos Ul praga que parece estar encostada nos edificios adjacentes, e nto em seu centro. Em Cons- tanca, a Iureia de S, Bsté- vao (fig. 67) tem uma dlisposiggo similar, junto & borda da praga, contando ainda com duas outras pracas rigorosamente sepuradas. O mesmo pode set dito da catedral de Regensburg (fig. 58), onde eoonabaea observamos a conveniéncia Hiynge dco 11(me de enavo da largura da rua da cate- dal e da profundidade da 1 bem calealada em relagao a fachada da igreja. As catedrais ‘Consianca (fig. 69) € de Schwerin (fig. 60), entre outras, sao um bom exemplo do sprovei- tamento dos txés lades de um ediff- cio. monumenta) para a_formacac de trés pragas, bem ao estilo italiano, Ja nao € necessdrio lembrar- ‘mos que as pragae antigae das cida- des do norte se assemelham &s itar lianas no que se refere & forma ¢ ae dimensdes, nada deixando a desejar também quanto as irreguia- ridades. Apenas para efeito de ‘comparagio © como sugestao para ‘um estudo mais detaliado, obser- ‘yem-se as eeguintes plantas: a cate- ral de Waraburg (fig. 61), a Igreja ‘Nicolau ¢ a prefeitura de Kiel (fig. 62), 0 Teatro Real de shiygue-¢ as suas trés pragas (fig. 63). A bot regra antiga 6 ainda mais vivida nas profeituras Jrayas de mercado, onde 189 encontramos nenhuma justifi 6 isolamento dos edifcios, a ndo ser em casos éxcepcio- iil, Alguiny poucos exemplos so suficientes para ilustrar o tipo ils comuum em algunas de suas variagoes. A fig. 64 mostra aio vetad Bsa al ‘uma interessante combinacto de pracas em construcdes em Bnunsiviek. A Igreja de S. Martin 6 destocada para junto da ‘antiga prefeitura, tendo uma praca de profundidade em seu lado as estreito, ¢, Separada, uma praca de largura defronte ao lado mais longo. A antiga prefeitura se Fo. 0 ‘encaixa em um outro ecificio na praca do mercado, enquanto a noya se loca: liga em wm outro lugar, isolada no eento de uma praga, tal como um moder bioco de construgio. Note: i ‘se ainda a adequacio de uma praca de profundidade em frente ao lado mais esteito da Gewandhaws ede uma praga de largura em frente a0 seu lado mais longo. Como resultado, obtém-se um efeito coeso advindo do z d Conjunto todo, enquanto cada praca ¢ B cada ecificio tém sex proprio efeito exiliado. A profeitura de Stettin (fg. Seber cata (65) segue 0 mesmo espirte certeiro, estando recuada junto a um outro ediffcio, mantendo coesa a massa total da praca. A prefeitura de Colonia (fig. 66) ¢ encaixada por dois lados em umm ediffeio na praca do mercado, tendo seu efeito realcado por duas pragas de proporgdes conve: 2 nientes. Em Hannover (ig. 67), a ne ‘antiga prefeitura forma um lado da praca, em cuio lado oposto fica a Igreja do Mercado, junto a um ontro 1 cedificio. Em Labeck (fig. 68) encom . tramos, novamente, a halbairdia do mereado ¢ 0 ediffcio da catedrel pré- Px a ‘ximos ao edificio da prefeitura; pode- ramos citar intimeros exemplos similares. B compreensfyel que nem aT y | sempre 43 rues possam desembocar da melhor maneira, pois seu tracadlo vaca € fruto de toda uma heranga muito (sede 1 race Paredes toove ats) triage ates antiga, mas, mesmo nos piores casos," "wenn anny 6 efeito dessas pragas ainda & muito mais cocso em comparagio as pragas modemas, completamente abertas, que costumam nao oferecer uma visto ampla, nao havendo sinuosidades nas ruas que as circundam. E dificil accitar que o forum antigo tenha sido o modelo para 0s idealizadores de todes estas cidades do norte. Fato € que omnis oa sons wan ern aioe Joy cles trabalharam com liberdade no mesmo sentido, ¢ a con: ijncla eatre suas obras decorre da facilidade com que reconhe- ‘ciam as medidas naturais, que Ibes Po. ‘eran familiares pelo simples fato ey (EMER) 46 Sues cscolhase dispesignes serem aa feitas diretamente no local, j4 ; Jevanido em coata o efeitos a serem t aleances. Enguanto nos, abe eta amos na prancheta, muites vezes RIS nem mesmo conhecemos as pracas Mino (ATEN ag quais se destinam os projetos de Ket concorreacla; por fim, acabamos Ia Nin por nos conformar em colocar esse oleae ‘projeto — conecbide mecanicamente © pronto a ser empregado em qualquer circunstancia — no cen- {ro de uma praca vazia, sem qualquer relacao orgtinica com 0 espago adjacente ou mesmo com &s dimensbes de um outro edificio, O “produto manufa- furado”: eis aqui, novamente, uma caracter‘stica de nossos ‘tempos modlernos, quando tudo € produzido as diizias a partir de um mesmo modelo, A titulo de contraponto, tomemos dois exemplos qué demonstram como, também no norle, 08 antigos conseguiam conferir ‘um aapecto imponente a uma Shia raga, abarrotandoa de (Copoabaguna (Tea Rea siz, endlicgiam a clade inicha, ainda que bute estivesse ome centrado em um mesmo lugar. A fig, 69 mostra a sitwacao da prefeitura em Bremen, Quantas obras monumentais temos ai reu- hidas? Uma situacdo semelhante € apresentada pela praga da catedral de Minster (fig, 70), onde a coesto do espaco também 6 realizada por um conjunto cinda maior de ediffcios pxiblicos. ‘A despeito de o trarado em cfrculo denotar a presenga de um antigo cemitério, um dos lados da catedral 6 encostado em um outro edificio. Tipicamente italiano, ¢ de fato obra de mestres italianos (Seamozzi, Solari), ¢ 0 adoréyel conjunto de pracas em tomo da catedral de Salzburg (fig. 71). Para que fosse obtido 9 efeito desejado, utilizowse aqui am motive rare ao norte dos ‘Alpes, a6 colunatas (no caso, ima dupla arcada 8 esquerda € & Fracand te da rp 83 direita da catedral), E evidente que a intenpo dos construtores era former um conjunto de pracas fechadas. Para tanto, foi neces~ sfirio 0 fechamento da praca da catedral Pi através de coluna- tas, encimadas por arcos passadicos bem adequados a sua funca0, pos nio eponas garantem a liberdade de transite fe mantém a8 pracas separadas, permis & findo que cada uma delas seja um todo coeso, camo ainda them’ @ cated antiga residencia Coa de pia, e(Gomsdhew) episcopal. Essefator Satin pstanaath” igri do dy € bastante positive tanto sab 0 aspecto ¢o uso cotidiano (acesso aos oratérios, por exemplo), quanto des impressbes artisticas suscitades, ‘Além da praca do mercado, 0 maior conjunto de pragas em Nurembergue encon- Pa travse em torno da Tareia de S. Enicio (ig. 73), onde tanto o estilo do ediffeio quanto @ asta dlsposteao seguem o modelo tiattano, ‘Também as prazas das catedrais em ‘Trento ¢ Trier podem ser incluféas entre aquelas de ressonancias italianas, 6 impor- tante salientar que rao podemoa distinguir entre uma éisposicte de pracas tipicamente Le. italiana oa germénica, mas apenas notar tuma maior ou menor semelhanga em rela- Gao a0 forum antigo. aaa oa (O mais antigo conjanto de edificice since greiamm alemaes que denota uma imitagio cons- Ciente da Roma antiga 6a catedral de Hildeshoim e sua disposicao. © introdutor de tais iééias parece ter sido 0 bispo Bern- ward de Hildesheim, que, senda tim grande entusiasta das artes, costumava levar artistas em sus vigens pela Ilia para que eles The fizessem desenhos, Jd se fora o tempo em que a Roma antign era reconhecida e louveda como a grande mestra das artes, con: m ‘cL ha ete irin1e sugeria o autor das partes mais antigas de Herdclito na itrediiesio a seu primeiro livro: “Decaiu a grandeza de espirito rs que caracterizava 9 povo 3 Tomano, ¢ com ela a diligéncia de um senado sabio; quem 1 podlerd, agora, seguir a trilha it a das artes concebidas por mes- ia, @ memoria do fausto da tres assaz talentosos e nos indi- ie car o melhor caminho?’. Teda- ; antiga Roina nto desapareceu abi por completo, edaquele espiito mrt GN mana ainda’ um sopro magn Sua fico “quando admramoo a “A (proloiiar);» (antigo morend: juena cpia em bronze da ‘lage © Polina de rajano no attio da fia te eesti, ais pea bronze nos evan mbranca das portas de bronze do Panteao. Mas, mesmo na Itdlia, 0 modelo da Roma antiga pouco a pouico desapareceu da meméria. O mundo da arte medieval ama- Glurecen A perfeio, © somente apés ter alingkdo. ses metas mais sublimes pode retomar o modelo antigo de praca, trans- formando-o em um novo. Hd quem acredite que o velho modelo do f6ram renasceu junto di ressurrelgao das cons:raoes com colunas e fravelamentos, do ingresso de todo o Olimpo has representac6es da poesia, da pintura e da escultura. Mas nao foi assim. Pracas ¢ ruas permaneceram alheias as tmudances de estilo, alterando: se apenas & medida que as construgdes no novo estilo ofe- reciam uma visao diferente sobre 08 edificios circundantes, O proprio desenvolvimento artistico dos ediffcios continha ‘ntos que, em breve, deveriam tornar-se decisivos para @ ‘No da forma das pragas, ainda que em um sentido diverso fntigo, Psa efervescencia centrava-se no estudo dos efeitos | perupectiva no qual a pintura, a escultura ea arquitetura riva: Mp swoon I (greg dom ny pe dee 88 lizavam entre si, Uma grande quantidade de dieposigdee arquite- tOnicas, até mesmo uma série de novos tipos de edificio (Belve- dere, Gloriette etc.) originaram-se nesta procura por melhores efeitos da perspectva, Neo bastva es ate todos os recursos da perspectiva Thouvessem sido esgotados nos fun f] [i ~ dos arguitetonicos da pintura,. mas i era necess4rio que tudo isso fosse = @ >» ER incorporado & propria realidade. Nao hastava que, no teatro, a construgio de cenérios muito ricos em efeitos adquirisse o carter de uma arte pro= 1 pria, mas cra preciso que também o arquiteto seguisse a mesma norma 20 dispor sets etifeios, colunatas, monumentos, chafarizes, obeliscos e tudo 0 mais. Foi assim que sur- me. giram as grandes pragas fechadas ‘Labeck gm tres lados, dante de igrejas e paldcios, jardine geométricos, pano- tamas ¢ vistas de toda sorte; foi assim que se desenvolveu o motivo tio fértil da rampa de acesso defronte As consiragbes a (caedad: 0 reise) T praca do scaso) monumeatais. O espago em P9.69 forma de paleo tornou-se 0 lems fa motivo principal de todas as U disposicoes, tendo tres lados 1 Senta a indiscuivel eapecitic pay dade de seu tempo, pois todos: © ‘eles foram gerados a partir da tmaturacio das primeiras teo- ga eres tias sobre a perspectiva. Para onde quer que nos voltemos dentro do material histérico, deparamos sempre 1 (pti dacuodea); com coisas significativas, ¢ no 1 (prage do mercado, taro a beleza das pracas, 0 fainuy tt * esmero ma disposicao do con- * junto e a composicao virtuosa de construcdes adjuntas ultrapas- sam em muito o valor artistico dos préprios ediffcios e monumen- fechades e'um aberto, corrot- pondente ao da platéia. A abuncncia desses motivos efi- a cazes é uma novidade, ¢ repre: uy Bota) Claes de Hows Santora) 6 Kes dal nda mp \i, Posto cate nove mundo da construgio urbana tem eeu deado: {ramento mais fecundo nas obras do Berroco. E evidente que muitos conceitos jé vinham 5.20 sendlo desenvolvides desde (8 primérdios da Renas- cenga, pois. precursores 20 inerentes a todas as inovagdes, E iA nfo nos causa espanto que (0 pouco disso tudo tenha permanecido em uso até (08 nossos dias. a Entre os exemplos (ET CBT Yl mais antigos de conjuntos arquitetOnicos fechados Madar prapads ested em trés lados, encontra- o(aumjrdialisniogerans) ets) mos 0 Atrio do Palazzo Pitti, em Florenca, ea reorganizagéo da Praca do Capitélio, em Roma (fig. 72), iniciada m 1586 segundo projeto de Michelangelo, Uma das mais belas pracas desse tipo, onde trés Iados formam um conjunto arquitetd- fico eoeso, sem a desembocadara de ruas, € a Josephsplatz em Viena, 6 citada aqui, cuja tranatilidade majestosa permanece incompardvel. Alids, Viena 6 extreordinariamente rica em meg nilicos conjuntos arquitetoni¢os bartocos, pois no momento em (que florescia esta nova tendéncia do estilo, aqui desabrochava luna invansa atividade de construyay, da qua) par ticiyavenn sess {ros de primeira grandeza, A Piaristenplalz, no oitavo distrito ‘ia cidade, pode ser considierade © modelo de tama praca de igroje tle efeitos bastante adequacos, Mais que na construgio urbona, a arte da arquitetura bar toca manifestowse, sobretulo, na construyao ce paldcios ¢ de mosteiros, constituféos por conjuntos de imponenies ediffeios. Basta lembcarmos os estabelecimentos religiosos de Melk, Gottweit,, Kremsminster, St. Florian, 0 Escorial e outros seme: Ihantes, para revermos os motivos, jf experimentados, do uso \las pregas como atrios, das vistas perspectivas etc, Ne constni- «ilo de palicios barrocos © também mais tarde, tornou-se comum D rhotivo da construgie de um patio aberto em um lado e fechado pm trés lads, Todas as incontaveis residéncias principescas do séoulo XVII seguiam esse modelo, quase sem excecdes. Sho assim 0 castelo de Koblenz (ig. 75), a residéncia de Warzburg (fig, 76), 0 Zwinger em Dresden e varios outros, Uma das mais a agate da Hon 87 soberbas construsées dese género € 0 castelo de Schdnbrunn, nos arredores de Viena (fig. 77), que ja ¢ imponente a distancia por eta entrada, particularmente notavel, através da ponte sobre 0 Rio Viena, Uma caracterfstica peculiar ao Barroco em oposieao aos periodos anteriores ¢ que seus conjuntos arquitetonicos nao se Sak 1 @rngn de Residnot) 1 orege dh enteral (rags da Coit IV (anion peace Ao mercado), V mca Mee) ‘(lade (eset «(ome de onerso)d (chau) (babwdouro:£(8. Plo) formaram aos poucos, mas foram concebidos de uma tnica vez, sobre @ prancheta, segunlo 0 procedimento modemo, A partit ‘isso, podemos concluir que essa maneira de esbogar um projeto nao deve ser considerada a tnica responsavel pelo cardter pro- saico de nossas pragas € nossos complexes urbanos modernos — oesquema geométrico ¢ os tracados da régua € que nao deve tornar-se um fim em si mesmo, Nos canjuntos barzocos tudo ¢ ponderado de maneira con veniente, e a aparéncia das construgbes & decidida de antemao. Big. T2— 0 Capito, om Roma Thorn te de pe 80 0 céleulo dos efeitos de perepectiva ¢ 0 engenho dos conjuntos de pragas sto 0 aspecto mais forte desta tendencia do estilo. Unread 8, Boi) b orola) T(graude yi de cles, 1 (pequono ple da ented) Divergindo, em sua tendéncia, dos prinefpios basicos da Antigoi- dade, tal procedimento sem drivida aleancon um requinte muito Fig. 73 Keble cate particular na arte da constragdo urbana. O ideal da perspectiva de um teatro, que subjaz a todos esses modos de disposicao, manifesta-se sobremaneira nas construgdes de palfcios € outros edificios monumentais, O conjunto do castelo de Koblenz. (fiz. 75) pode ser encontrado no Zwinger, em Dresden, e em varies outros lugares, Ainda mais elucidativa é a situacdo ca residéncia de Warzburg (fig. 76), que contrasta nitidamente com os proce- en i pet oe alan imentos atuats, Em qualquer universidade ou prefeitura moderna, ‘DY Outre edificios que necessitem de varios patios, grandes ‘ou pequenos, ‘encontra- mos, com grande fre- gbencia, variagoes da fi 76, onde as areas inter- medidrins sto. dispostas de maneira a originar uum grande patio central € dois. menores em cade lado. Essa disposicao. € bastante comum. Bm i Viena ela foi empregada : duas vezes em conjuntos adjacentes: na nova pre- feitura e na nova univer sidacle. Hé uma diferenca / fundamental entre esta EEN a iisposicto moderna e Naan) aquela dos antigos mes- tres barrocos, A maneira derna, o pétio grande (por si s6 muitas yezes maior que mui- ppragas urbanas) faz parte do interior do edificio, fato compreen- 1 s¢ pensarmos que todo o conjunto, desde o'inicio, era con~ bido come um cubo nao-articulado para o exterior, conforme inoderno sistenia de blocos. Alterar esse procedimento estava lém lo peder de um tinico arcquiteto, pois tais condigoes jé eram jdis pela propria planta da cidade, Sob tais circunstancias, 0 Jprocedimento barroco era complatamente diferente, Ser'a man- ‘ido aberto um dos lados do patio maior, e assim o imponente ‘tepico intemo seria incorporado ao panorama da cidade, com sgrandiosa arquitetura fieando exposta ao olhar dos transeun- 4.76 Novamente nos perguntamos: qual dos dois procedimentos “6.0 mais vantajoso? E, novamente, femos a impressdo de que é 0 (los mestres antigos. No entanto, z culpa nao ¢ dos arquitetos, ‘nas, outra vez, dos maneirismos da constracéo urhana viciosa, (0s piitios imensos das construgées monumentais de Viena sic Yerdladeiras obras-primas, mas quem as ve? Com excecao dos professores © estidantes que freqiientam 2 universidade, pode- Mos supor, com seguranca, que nem um quinto da populacgdo {li cidade ja admirou, ou vai admirar, o maravilhoso patio stia eolunata.. Analisando os detalhies da concepgao desse edificio, perce ‘bemios facilmente como a atwacto do arquiteto foi restrinsida, Fig 72 — Viens cada de Scbdabrvan 1 a {oda parte, pelo preceito da moderna construgiio em cubo, Wi conseqiéncias mais perniciosas de tal procedimento recairam hhobre 08 porticos principais, que, em sua forma ideal, sio a8 par- es mais belas ¢ de melhor éxito nesse tipo de construgtio. Dada ‘st propria natureza, este feontispicio, com sua rampa de acesso © uinia rica cecoragio arquiteténica, exige um espaco amplo para ‘jer desenyolvido, Se isso nao Ihe ¢ oferecido, a escalria fica ‘comprimida junto 2o ediffeio e, com ela, todo o restante se torna ‘ueuiado, Numi caso assim, quantos efeitos ndo teriam sido alcan idlos se 0 arquiteto pudesse dispor de maior Liberdade quanto I praca ¢ a0 espago em seu redor! 8 A escassez de motivos e a monotonia dos complexos urbanos modernos E espantoso notar como, em tempos mais recentes, a historia dla construgio urbana sob seus aspectos artisticos dissociot-se da historia da arquitetura e das outras belas-artes. De maneira obsti- nnada, a construgio urbana segue 0 set préprio caminho, indife- renle ao que ocorre a sua volta. Ji na Renascenga © no Barreco tal disparidade era notoria, ¢ esse contraste se forvaleceu ainda mais recentemente quando pela sexunda ver foram ressuscitadas antigas tendéncias do estilo, Desta feita, a imitagao foi levada bem mais a sério, preconizandose a meior fidelidade possivel ao modelo da Antigiidade; ¢ assim foram erguidas cépias dispendio- sas © monumentais de velhas constmugtes, obras que nAo corres- pondiam nem a um objetivo proprio, nem a tma necessidade pré tice, sendo mero fruto do entusiasmo pelo esplendor da arte antiga, Em Regensburg, o Walhalla foi criado & imagem especular de uum templo grego; a Loggia dei Lanzi teve sua imitacho no FeldhermHalle, em Munique; construirem-se novamente bastl: cas do velho cristianismo, propileus sregos e catedrais géticas. Mas onde ficaram as pragas correspondentes a tais edificios? A ‘Agora, o forum, a praca do mercado, a acrépole — ninguéma lem- brow de tudo isso. © modemo construtor de cidades perdeu muito dos motives: de sua arte, Para contrapor @ riqueza do passado, ele dispde ic ‘A oe de seri i ps ee “Hbmnnnte clo alinhamento preciso das construgées e da extrutura ‘ubien do "bloco de edificios””, 0 arquiteto recebe millides para a Hntiuyio de suas sacades, torres, fachadas, cariitides, e tudo ‘ia o ue hover em sen cademo de esbogne — o o seu caderno “le eyboroo contém tudo o que jé foi criado no passado em todos 0) Cantos da terra. Ao construtor de ciéades, no entanto, nio oncedido nem um centavo pare a disposicao de colunatas, arcos wigos ¢ arcos (riunfais, enfitn, todos 0s incontaveis metivos hprescinliveis para a sua arte; nem mesmo 0 espaco yasio rex. lute entre os “blocos de eiliffcios” est4 a sua disposicao para umn uso artistico, pois até mesmo o ar, que azda custa, j4 pertence Um outro, 20 sanitarista, E assim, todos os bons motivos artist- ‘eo da cons.rcdo urbana foram sendo abandonadios, até desapare- orem por completo da memoria, o que lamentavelmente compro- ‘vannos em nosea prépria atitude, pois, mesmo no nos sendo diffs ‘il intuir a verrivel diferenca entre as modernas pracas uniformes is pragas antigas que ainda hoje nos euscitam alegria, continua Moo a echer natural que igrejas © monumentos sejam dispostos No centro das pracas, com as ruas se cruzando em angulos retos # desembocando em toda a sue volta, de maneira que nei os edi {icios circundantes nem as construcdes manumeniais facam dela Jum todo fechado e coeso. Apesar de ainda sermes sensiveis acs @leltos das prages antigas, nao mais atinamos com os métodos Hovessarios para que eles sejam reprocuidos, pois j4 nao nos 6 familiar a relagio entre cause e efeto 0 te6rico da moderna construcao urbana, R. Baumeister, diz fin seu livro sobre a oxpansio das eidades: Os elementos que Jprovocamn uma agradavet impressao arduitetonica (no caso das pra aN) dificitmente sdo redutfoeis « regras wnivorsais”. B nocessério Azer mois elguma coisa? Tais regras universais neo seriam justa- iiente os resultados de tudo quanto foi apresentado até aqui? Nao {emos elementos suficientes para compor, apés um estuco mais Aletalhado, um manual da construcdo urbana, ou mestao uma hist ‘i dessa arte? O estudo aprofundado de todas as variazdes obti das pelos mestres barrocos, sob ze mais diversas concicdes, seria Hiuliciente para ocupar um volume inieito, E nao é prova bastante tHe que perdemos de vista a relagao entre causa e efeito, se uma alirmacdo como eaea ¢ feitn pelo primeiro e, até o momento, tinico todrico nessa area? Hoje, quase aingxém mais se ocupa da construggo urbana eiquanto cbra de arte, mas apenas enquanto um problema téenico, IE posteriormente, quando 0 efeito artistico nfo corresponde Ae @xpectativas, ficamos espantados e desnorteados; entretanto, em lun prdsino empreendimento, tudo sera tratado do ponto de vista Knees ee cmela e ne s 98 I6enico, como 92 eativéssomos tragando uma Tinha férea, onde nao ha questOes artisticas envotvides., ‘Nem mesmo a moderma histéria da arte, que aborda toda ¢ qualquer insignificancia, dedicou um espaco a constragio urbana, or misero que fosse; enguanto is60, encademadores, artestos ¢ figurinistas tiveram seu lugar teservado junto a Fidias © Michclan- elo. A partir disso seria compreensivel que tenhamos perdido 0 fio da tradigao artistica da construgao urbana, ee também fossem compreensiveis as circunstancias mesquiahas que nos conduziram nessa diregio. Mas retomemos agora 4 andlise do material ainda existente, ; ‘Atualmente, 6s conjuntos urbanos modernos sio objeto de infindavels criticas, que volta meia reaparecem nos jortais dié- rios ou em periécicos especializades. Porém, tais acusacbes nfo ‘yao além de atribuir ao caréter retilineo das fachadas de nossas casas — um mero pedantismo — a origem de tantos efeitos ruins, Mesmo Baumeister afirma: “Ha razdo em ce lamentar a monoto- nia das ras modemas”, censurando em seguida o “efeito mas- sivo € grosseir6” dos mademos blocos de edifcios. Quanto a dis- posigao de monumentes, amide temos noticia de “‘mais algama arande catastrofe ‘monumental’, sem que seja meacionada a causa de um cfeito desagradavel, isso porque neste contexto J parece provado, de forma inexoravel, como uma lei da natureza, {que todo monumento deve ser disposto no centro de una praca 4 que o tal prodigio possa ser contemplado inclusive por trés. Citemos aqui uma observacio das mais procedentes ¢ também rncivnala por Beuncistes. Poi publicado uo Pigaro pacisiense de 23 de agosto de 1874 0 seguinte relato sobre a viagem do mare- chal Mac-Mahon: “Rennes nio 6 particularmente antipstica ao marechal, mas, de qualquer modo, esta cidade néo € capaz de ent siasmo algam. Reparei que isso acontece com todas as cidades dispostas em Iinhas retas, onde as ruas sio rigidamente perpendi cculares umas as outras, A linha reta nao permite a ocorrencia de agitagdes. Assim, em 1870 se observou que as cidades constrat das com absoluta regularidade podiam ser tomadas por trés ti cos soldados, enquanto as cidades antigas, repletas de angulos ¢ curvas, estavam sempre prontas a se defender até o fim’. Linhas e Angulos retos tormaram-se as caracteristicas tipicas de cidades insensiveis, mas por certo nio é esse © aspecto mais inportante, pais es conjuntos barrocos também eram constitufdos por linkas & Anglos retos, sem que isso fosse um obstaculo para a obtencao de efeitos imponentes e genuinamente artisticos, Nao hd cuivida de que o elemento retilineo, por si 86, ¢ bastante perai- 96 Aesnerns dh sda mma ni min cioso a0 tracado de ruas, Uma alameda demasiado longa e de todo reta tein um efeito entediante mesmo no mais belo dos lugar res, Bia vai contra a natureza, e, sem se adaptar as irregularita- des do terreno, gera um efeito tao monétono que nos sentimos tensos ¢ mal podemos esperar o sett fim, O mesmo sucede as rruas comuns quando sao muito longas. E também as ruas muito cartas, ainda mais usuais nos conjuntos modernos, tém um efeito aim — mas por outra razao, a mesma que encontrames no caso das pragas: falta de fechawtente lateral em stas reas. A principal causa da total impossibitidade de um efeito coeso no conjunto urbano ¢ a interrupgao continua das Tuas por perpendicalares muito largas, de maneira que, tanto a esquerda ‘quanto & dircita, nada resta alm de uma série de blocos iscla- dos de edificios. A comparacao entre as arcades antigas ¢ suas imitacdes modernas & bastante elucidativa, A arcada antiga, mag- nifica em seus detalles arquitetOnicos, estende-se livremente sem interrupgées, acompanhando a curva de toda uma rua ot eircun- dando uma praga inteira a se perder de vista, de modo a Ihe con- ferir uma forma fechada — ou entia seguindo por um des lados, sem a interferéncia de abertures. Todo o eleito € bascado na con: tinuidade, pois apenas dessa maneira 0 conjunto de arcos se torna tum todo bastante coeso para causar uma impresedo conveniente, A situagio € bem diversa no caso das arcadas modemas. Ainda que alguns raros arquitetes eméritos tenham tio sucesso em seu eatusigemo por esse motive antigo, legando-nos alguns corredo- res em arcos — como em Viena, por exemplo, na Igreja Votiva @ na nova profelitura —, a0 contemplé los dificilmente os assucier ‘mos ao seu modelo antigo, pois seu efeito é de todo diverso. As secies sepatadas, ot loggias, sA0 muito maiores e mais suntuo- 828 que quase todas as sites antigas precursoras. Todavia, nao se atinge 0 efeito almejado, Por qué? Cada loagia separada se vine cula apenas a um bloco de edificios, ¢ isso torna invigvel a cons- tituigao de um efeito conjunto em vista da interrupezo continua por indmeras nuas perpendiculares muito largas, A coesto 86 seria possivel se 0 corredor em arces continuasse, na forma de pontes, por cima da desembocadura dessas perpendiculares, pro- vocando um efeito certamente grandiose, Caso contrdrio, 0 motivo desmembrado fica como uma enxada sem cabo. Esta mesma razio explica a auséncia de um efeito coeso no tragado de nossas rues, Em geral, uma tua moderna € consti- tulca por edificios de esauina, formando uma seqiiéncia de blo- coe de edificios cujo efeito ser ruim sob qualquer circunstancia, ainda que estivessem dispostos em uma linha curva, Kase & otis miele dx ie nos er 97 ais consideracdes nos aproximam do amago da questio. Na construcdo urbana moderna, a relagao entre espagos vazios © espacos construlos inverte-se por completo. Outrora, 0 espaco ‘vasio (raas ¢ pragas) formaya um todo cceso e de efeito caleu- lado; hoje, as dreas construitas sto distribuidas como entidades fechadas de maneira regular, ¢ o que resta entre clas eo as ruas € as pragas. Outrora, tudo 0 que fosse oblique ou felo permane- cia invisivel nas 4reas construflas; hoje, no peocesso de disposi- ‘gio de construgdes, tora sobra imegular € transformada em praca, Dois reza a norma que, "80 0 aspecto arquiteténtica, 0 tracado Gas ruas deve garantir a conveniéncia das plantas de casas em primeiro lugar”. Por isso “sao mais vantajosos os cruzamentos e tas em Angulos retos’” (Baumeister). Sim, mas qual o arq {eto que pode ser intimidado por um espaco irregular para cons- truir sua obra? Apenas aquele que ainda nfo ultrapassot 0s pri cipios mais clementares do planejemento. Os terrenos i es S20 68 que propiciam, sem excecAo, as mais interessantes solugées, © quase sempre também as melhores, nio apenas por exigirei um estudo metictloso do local Fig 2 ¢ impedizem uma disposie%o retilinea © mecanica, mas sobretudo por resta- rem, no interior de tal edificio, varios tipos de espagos vazios que se prestam de forma adecuada a instalacdo de toda (| corte de pequenos compartimentos |) elevadores, escadas em espiral, dis- pontae, toaletes otc.), 0 que nie acon- ° tece em conjuntos regulares, A defesa GA FD FAR ce constracées retangulares em nome ‘doe: Pace dels Coors de gupostas vantagens “arquitetdnicas” € totalmente erronea, Somente aqueles que nada entendem da concepsio de projetos é que the podem dar crédito. E possfvel que toda a beleza das ruas e das pracas seja vitima de tal embuste? Estamos quase convencidos de que sim. Ao observarmos o plano de um edificio complexo bern cons- trufdo em tim terreno inregular, reparamos que todos os quartos, salas ¢ outros aposentes principais sio de excelente proporcio. ‘Todas a8 irregularidades encontram-se recuadas para 2s partes invisiveis, ou seja, para o corpo das paredes ou na forma de alguns dos pequenos compartimentos os quais jd nos referimos. Aninguém agrada um quarto triangular, cuja visio € desagradé- ‘el ¢ onde 0s méveis munca podem ser dispostos de manetra satis- fatoria. Em compensacao, af pode ser acomodado oportunamente 6 ‘outst a iad rode mt sports 0 clreulo ou a elipse de uma esceda em espiral, variendo-se 2 Cypeasura da parede, O mesmo se déino tragado das cidades anti: lias, Ali, a disposicao rexular cos foruns antevic 0 efeito provor ado pelos espagos vazios; em. con- Pum trapartida, 2 massa das estruturas a eee creurdantes absorvia tudo’ que fosse Q wr yy irregular, Um processo idéntico ocor- rie nos detalhes, de mancira que desapareciam todas as irreguleridades naturais da area, oculizs na espessura das parodes — 0 que é muito simples ¢ razodyel, Hoje temos exatamente 0 FZ contrario, Tomennas como exersplo | | res pragas da mesma cidade, Trieste: Csr a Piazea della Caserna (fi. 78), a Thiet Pass dat tooo Pizza della Legna (fig. 79) ¢ a Piazza della Borsa (ig. 80) Do ponto de vista Artistico,difcilmente pedoriam ter consideradas pragas Ae fat tas sim remanescentes triangulares de espagos vazios recor tos pot bloces de ediffios uniformes, Atentando ainda para a eseinbocadura estreita e muito desfavoravel de véries ruas, ompreendenos de imediato que em tals pracas é impossivel tanto se dispocem monumentos, quanto se evidenciar um ediico. Pracas assim sio tao desaradave's quanto quartos triangulares, Restannos um outro aspecto a ser esclarecido. J dediea- mos tim capitulo inteiro a irregularidade das pracas.antigas, dlemonstranto sua total conveniéneia, Poderiamos erer que cata Validace tambem se aplice aqui, Mas nao, pois ent os dois tipos de irregularidade existe uma diferenca fundamental: nas figs. 73.2 80 a irregularidade ¢ dbyia e salta a vista de imediato, tor hnandose tanto mais desagradével quanto mais regulares forem as fachadas dos edfcios adjacentes © 08 seus arredores; om con- trapartida, as inremularidades das pracas antigas enganam o olay, sendo percebidas apenas em suas plantas, mas jamais na reali dade, Algo similar ocorre também nas constragdes antigas, Na planta das igrejas roménicas e géticas, ¢ raro encontrarmos os tixos se crizando om dnguloe retos, visto quo os antigos no nan eondicaes para efetuar ta medidas com uma preciso acurada, Pato que no causa dano algun, pois justamente isso nnio é percebido por um observador. Da mesma maneira, encon- trams grandes irrestardades 208 pianos cos tempios antizos, quanto a distancia entre a3 colunas, por exemplo, Sac dados por- Ceptiveis apenas a partir de medigees muito exaias, mas nho a A moet mot avert eno wan moda 99 olho nu, tendo, portanto, menor importancia, ja que as constru- ‘e0es visavam provocar um efeito, ¢ mio corresponder a uma Planta, Por outro tado, foram descobertas sutilezas inacredité- eis, como na curvatura das traves, pot exemplo; sutilezas que ram executadas mesmo a rovelia’ das medidas, pots caso contrario seriam evi- dentes ao olhar ¢ era este 0 parimetro dda execugao. Sob © ponto de vista das relagdes artisticas, quanto mais compa- \¢bes fizermos entre os procedimentos ntigos ¢ os modernos, mais contrastes Vito A tona, sempre desfavorecendo os padrdes modernos. Lembremos 0 escri- ‘illo insensato quanto a avancos e recuos na linha de fachada dos edificios; 4 rejeicto as ruas sinuosas; a tendencia de todas as nossas casas terem a ese: Banadells tons mesma altura, finalizando em um plano horizontal uniforme € ‘quase sempre’alcangando o maximo permitido, de maneira que jidez deste plano 6 enfaticada por um verdadeiro modelo de cornijas osiensivas, Por fim, lembremos ainda as interminaveis fileiras de janelas de formato ¢ tamanho idénticos; 0 excess de Pilastras pequenas ¢ arabescos continucs e repetitives, normal- Mente em concreto grosseiro e pequencs demas para surtirem algum efeito; a auséncia de paredes © muros com superficies grandes e repousintes, que sempre sao evitados mesmo onde snirgem da mode espontineo, © algumae voses eo até eubctitut- 0s por janclas ceges, __Todavia, com 0 objetivo de chegarmos a uma conclusio detinitiva, nos capitulos seguintes procederemos a uma tentativa de descrieao dos sistemas modernos. 9 Sistemas modernos ine modemos! Pois sim! Abordar tudo de maneira rigida ¢ sistemética, ndo alterar em um milimetro os pacdes jd estabele bidos, até que o espitito genial sefa torturado A morte e toda sen- suoto prazerosa sefa abefada — ¢ essa a marca de nosso tempo. Na construgio urbana, temos trés sistemas principais ¢ alguns ‘woundérios, Os principais sio: 0 sislema retenguler, 0 sisiena radial e o sisiema triangular. Os secundérios, via de resra, sa0 lecoméncias des tréa principais. Sob o poato de vista estético, {ito nos interessa nenhum dleles, pois em sues artérias i ndo come tjequer uma gota de sangue artistico, A regularizacao do tracado das ruas & a meta de todes eles, um objetivo puramente técnico, Um tragado de mas serve apenas & comunicacdo, jamais & arte, ji que nunca pede ser apreendido pelos sentidos ou visto em sua totalidade, a nao ser em sta planta, E por esta razao que, até 0 momento, 0 tracado das ruas no esteve na pauta de nossas inves- Liigugdes, sea das antigas Roma © Atenas, de Nuremberg on ‘Veneza. Por serem inapreensiveis enquanto um todo, nao presen tam nenhum interesse artiatico. Artisticamente relevante 86 6 ‘aquilo que pode ser visto come um todo, sex apreendido em sua totalidade — portanto, uma vinica rua, uma tinica praca, A partir desta consideracao tao simples, constatamos que, ob determinadas condigbes, se podem obter efeites artisticos em (qualquer tragado de ruas, cuja execugdo deveria evitar, eobrotudo, fa desconsideracao brutal que caracteriza 0 genius loci nas cidades do Novo Mundo, um hébito que se difundiu, lamentavelmente e ‘om larga escala, também entre nds, Mesino no sistema retangular feria possivel obter pragas © ruas executadas de forma arristica, caso 0 téenico do tréfego permitisse a interrengao, por cima de Meee 101 sei ombro, do olhar do artista, debtando de tedo, por alguns momentes, régua eo ccmpacso. Se houvesse a necessiria liqulescéncia de um e de outro, seria importante criarse um Inodus wicendé entre ambos, pois assim o artista necessita apenas tte alguimae pragae e ruas principaic para alcancar sexe objetivos, todo o restante ele lega, com satisfagao, ao tidfego e as neces Nidades materiais e cotidianas. Que a grande massa de moradias soja consagrada a labuta — nesta esfera, a cidade pode apresen- {ar-se em roupas de trabalho, mas as poucas pracas e ruzs prin- cipais deveriam poder apresentar-se em trajes. dominguciros, para alegria e orguho dos cidadaos, para 0 despertar do espirito civico, para nutrir 2 javentude que af vive o seu crescimento de sentimentos grandes ¢ nobres. Era exatamente assim nas cida- des antigas. A grande quantidade de vielas laterais gue af encon- tramos no tem a menor importéncia artistica, Flas parecem belas apenas ao taisia em férias que, em sun confortavel condi- ‘Ho de viajante, costuma achar tude muito bonito. Entretanto, ‘apés uma consideragio critica, so relevantes apenas algumas das principals rues e precas do centro cas cidades onde os anti= {f08, aproveitando as suas técnicas com sabedoria, reuniram todas as suas realizacdea em termoa de obras do arte publicas, ‘As possibilidades artisticas dos sistemas da construcao ‘urbana moderna devem ser testadas sob essa perspectiva, ot sea, apenas quanto & possibilidade de ea um compromisso, pois € evidente, . pelo que j4 vimos até aqui, que oS ati) Gt ponto de Vista mode:no nege todas ag reivindicacoes da arte, Neste sen- tido, aguale que advogar og interes- es artisticos deve estar decidido a deixar claro que, por um lado, 20 hd nada a justificar a iredatibiidade da perspective do trdtexo, que, por outro lado, as exigencias da arte 120 fe opdem’ necesariamente as exi- gencias da vida moderna (tréfego, higiene etc.). Tentaremos demons tear aqui esta primeira afirmago; a segunda serd abordada nos capitulos seguintes, O sistema retangular (fig. 81) 6 utilzado com maior freatincia, Ele j4 foi aplicado ha muito tempo com conveqiiéncias inexordveis em Mannheim, cujo mapa lem: bra um tabuleiro de xadrez, pois ali nfo encontramos uma tnica i L {Lyon Pace Louis X¥1 102 Anes da ld agnda us pce aint ‘excegao A estéril regra de que todas as ruas se devem intercep- tar perpendicularmente, e que cada uma deve seguir em ambas lun diregdes até perder-s¢ fora da cidade. O quarteirio retangular {ormado por blocos de edicios impve-se de tal maneira que 0 iyo: de nomes de ruas foi considerado supérfluo, e assim, depen- endo da diregéo, cles sio designados por letras on por nimeros. Com isso, foram exterminades 0s derradeiros resquicios da tradi- (0 antiga, niada restando que possa estimilar a imaginacio e a lantasia, Mannheim atribui a si mesma a invengdo deste sistema. Volenti now sii iajuria’™. Quem se der ao trabalho de rennir todas 1 vituperagées « criticas irénicas lancadas a esse tipo de tra- tgaco de ruas em inimeras publicagdes, por certo poderd encher Varios volumes, Bm contrapartida, € incompreensivel que justa- mente este sistema tenha conquistado 0 mundo todo. Tile € encontrado em qualquer cidade onde seja construfdo um novo hairro =e, mesmo quando se utilizam os sistemas radial ‘0u triangular, as vedes vidrias secundérias acabam por cor orga nizadas desta maneira sempre que posstvel. Isto é ida mais surpreendente se pensarmos que tal disposigio também € condendvel da perspective do trafego — em. Bae meister encontramos tudo o que 54 foi dito obre 0 aseunto, Além das inconve- niencias mencionadas por ele, devemos citar ainda tuma ontra, ao que parece cei xada de lado: a desvantagem desse tipo de cruzamento de ruas para o trafego de veiculos. Com este intuito, investigaemos 9 Lrélego em um tinico entroneamento de rua. No fig. 82, tome Imos 0 tréfego supondo o desyio para a esquerda. Um veiculo aque vai de A para C pode encontrar-se com um outro que va de para A, ou de C para B, ot ainda de B para A ou de B para G, Sto quatro encentros, Da mesma maneira ocorrem mais quar (ro, com um veiculo que va de A para B. Com veiculos que se lirigem de B para A, ha mais dois encontros. Deixemos de lado 4 possibilidade de outros dois, pois j4 esto incluidos na série anterior, j que ¢ indiferente se um vefculo, dirigindo-se de B para A, encontra um que vé de A para B ou 0 contrdtio, Da gsma maneira, ocorrom mais dois novos encontros com um ves colo dlirigindo-se de B para C, nado havendo variagdes nas dire- ‘woes de C para A e de C para B, Portanto, exclufdas as repeti- Gis, Sho posstveis os seguintes doze casos: Wo tn, wo orga: “A quem corsene, nt € fla a injure (N,do 7) ioe accent 103 AB para BA AC para BA BA para CA + AB" BC AC" BC BA" CB “AB” CA AC % CA * BC Y CA AB” CB AC" CB BC” CB Ao conferirmos cada um desses doze encontros na fig. 82, rrotamos Zaciimente que os encontres marcados com um asteriseo s40 aqueles onde duas trajetérias se interceptam, havendo por- tanto trés_ casos basiante desfavordveis para o'tréfego onde, dependendo das circurstincias, pode originar-se um congesti namento, pois um vefculo deve esperar um outro passar para entao prosseguir. Todavia, podemos admitir tres deseas situagoes tio a desagcadaveis, pois em um trafego A tranaiilo a ocorréncia de um conges- ees tionamento seria bastante ria, Este B we & tipo de entroncamento de uma rua ff ‘em outra (em geral mais larga e mais at > importante) € muito freqiiente nas BP, —e cidades antigas e, a0 mesmo tempo, = SSE dos mais yantajosos para 0 tréfego. Bastante pior é a situacao no cruza- ‘mento de Guas ruas. Neste caso, eem a” leyarmos em_conta as repetigoes, io possiveis 54 encontros, onde observamos 16 trajetérias que s¢ interceptam, Portanto, mais que cinco vezes o ntimero de cru- zamentos ou de vossfveis congestionamentos do exemplo anterior. Na fig. 83, 0 trajeto de um Gnico veiealo dirigindo-se de A para B 6 cruzado por quatro outros, seado gue o vefculo gue segue de C para D colide com ele exatamente no centro do cruzamento. Como conseqiiéncia, quando tais cruzamentos esto muito movi mentados, € necessdrio que se ane a paso, e quem esta habituado ais carruagens sabe qe nas freas mais modernas da cidade 6 6 posefvel andar a passo, enquanto nas vielas mais estreitas ¢ anti gas, onde 0 tréfego é menos denso, pode-se trotar livremente. E compreensivel, pois ali é raco encontrarmos im cruzamenio de ruas, ¢ mesmo os entroncamentos simples so bem pouco freqiien- tes. A sitwacdo € ainda pior para os pedestres. A cada cem passos #80 obrigados a sair da calgada para atravesear uma outra rua ¢ nao tem condigdes de prestar a devida atengao A esquerda © &

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