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1890 Osinstintos como Irfuenio pes eas Darwin Won mes ponte Década de 1920 ftv bo fesegeta oe eves races oo ao tepermurs = 3 Set 0 rinse ate peelges os est Sime. Motivacgao Década de 1960 Década de 1960 Ectagiodtima Dans 280 GAZZANIGA © HEATHERTON de permanecer acordado, como um projeto para uma feira de ciéncias. Para quebrar 0 recorde anterior, ele teria de se privar de sono por mais de 260 horas, ou 11 dias completos. Seus pais ficaram preocupados, pois tinham lido que a privacao de sono podia causar sérias reagdes psicéticas. Um discjdquei de Nova York que ficara 200 horas sem dormir, como parte de um golpe de publicidade, comecou a alucinar e teve uma grave parandia, imaginando que estava sendo envenenado. A reacao de Gardner foi menos grave, mas ele ficou parandide, iritével e teve alucinagdes. Ele também experienciou inumeras difculdades mentais. Por exemplo, no 11° dia, quando ihe pediram para contar retrospectivamente de 100, ele parou em 65 porque esqueceu o que deveria fazer (Ross, 1965). Gardner conseguiy quebrar 0 recorde em 4 horas, mas suas reagdes mentais mostra como foi dificil fazer isso. Quando ele finalmente foi dormir, dormiu 15 horas na primeira noite e 10 na segunda. Os problemas mentais que Gardner apresentou desapareceram depois que ele dormiu, e parece que ele nao teve nenhum problema mental ou fisico duradouro associado a sua proeza. Considerando tudo, um projeto de feira de ciéncias muito bemsucedido. A propésito, o californiano Robert McDonald, que ficou acordado durante 453 horas © 40 minutos (quase 19 dias) em uma cadeira de balanco, estabeleceu o atual recorde mundial em 1986. ( desejo de Randy Gardner de estabelecer 0 recorde envolve muitas idéias centrais para 0 conceito de motivagao. Os cientistas psicolégicos que estudam os ‘motivos esto interessados nos fatores que estimulam comportamentos. Esses incluem fatores fisicos como a necessidade de sono e alimento, assim como os ee fatores psicologicos que inspiram as pessoas a estabelecer objetivos e tentar ating reed los. Muitas vezes, as pessoas tentam superar suas necessidades biolégicas, ‘entando ficar sem dormir ou sem comer, e muitas vezes descobrem que é dificil fazer isso. O que determina que pessoas como Randy Gardner resolvam quebrar recordes mundiais? Quanto possivel superar 0 corpo na tentativa de atingir ‘objetivos pessoais? Como aluno/a, vocé provavelmente esta muito motivado/a a se sair bem e, portanto, passa muitas das suas horas de vigllia revisando anotacées, lendo livros e escrevendo trabalhos. Embora se sair bem neste curso possa nao ajudar sua sobrevivéncia imediata, o/a ajudaré a atingir aspiracbes a longo prazo. Este capitulo trata dos fatores que motivam e mantém comportamentos. E: 1965, Randy Gardner, de 17 anos, decidiu estabelecer um recorde mundial ‘A motivagdo (do latim, “moverse”) é a drea da ciéncia psicoldgica que estuda os fatores que ‘energizarn, ou estimulam, 0 comportamento.Especificamente, di respeito a como o comportamen- to € iniciado, drigido e sustentado. Questdes de motivacio esto disseminadas pelos muitos niveis de analise da ciénca psicoldgica Por exemplo, os conceitos de recompensae reforgo discutidos no 1974 1975, 1975 Década de 1990 Enfaquecendomotivaclo | comers Per | ipdtese da atvacio- Base neural ato- Imtiseca “Mar Low esas | Heman ent ay sintse Aon Hebion ober’ | regular Pau: cols devorstan gu dat | cemoravam ques pracanqve | Many roptem aor Feral ori ‘scones eas pot ‘eam deta contanente sotto reper 8 fais corer ononramerts pe 8 ‘omen dense unde Intepeetao una mere faz | inagem com Sema nbs rar posses ‘aretan qe guebaram 8 Geer urea ‘undo m pe esancher fntequce or motor tials | Get cu Quads et Sleerasquecoren arte | eutlzan vaega pan proba ese reine prides | smo andudo en ‘mperameros ‘aren an ona ne, srs neta | [aredocomerhumanoess | Sibolime oct GIENCIA PSICOLOGICA Capitulo 6 e os mecanismos fisiolégicos discutidos no Capitulo 3 so centrais para as teorias da ‘motivacio, Este capitulo explora diferentes concepgies das bases da motivago e diseute alguns dos comportamentos mais comumente motivados. Esses comportamentos relacionam-se a sobrevivéncia biol6gicaimediata (como responder a fome, sede e& necessdade de sono) e a necessidades socais de longo prazo (como afliagao, ealizagbes e laze). COMO A MOTIVACAO ATIVA, DIRIGE E SUSTENTA A ACAO? As teorias mais gerais da motivacio enfatizam quatro qualidades essenciais dos estados moti- vvacionais. Primeiro, os estados motivacionais so energizantes no sentido de que ativam ou estimu- lam comportamentos — levam os animais a fazer alguma coisa, Por exemplo, o desejo de estar fscamente em forma pode motivar voce a ssir da cama ei correr em uma manhi fra, Segundo, 0s estados motivacionais sio diretivos no sentido de que orientam o comportamento para satisfazer objtivos ou necessidadesespecfco. A fome motiva o comer, a sede motiv obeber, © o argo (ou ‘0 medo ou muitas outras coisas) motiva estudar muito para os exames. Terceiro, os estados motiva- cionais ajudam as pessoas a persistir em seu comportamento até que os objetivos sejam atingidos ou as necessidades sejam satisfeitas. A fome nos atormenta até encontrarmos algo para comer; a persis- tencia nos leva a praticararremessos de beisebol até conseguirmos acertar. Quarto, a maoria das teorias concorda que os motivos diferem em sua forge, dependendo de fatores internos e externos. Muitas vezes nos deparamos com motivos concorrentes: devemos estudar(orgulho) ou sai com anigos (companheitismo)? Devemos comer uma pizza (prazer) ou aroz integral (Said)? 0 motivo ‘mais forte geralmente vence. As teorias da motivacio tentam responder a perguntas como: De onde ‘vem as necessidades e os objetivos? Como as necessidades e os abjetivos adquirem forca? Como os ‘motivos sao transformados em ado? A seguir, examinaremos varias teorias concorrentes € suas diferentes respostas. A motivacao é tanto intencional como reguladora s cietistas psicolégicos que estudam a motivacio tém seguido tradicionalmente, uma de duas énfases de pesquisa Apds a revolucdobioldgica na psicologia, os psicblogosfsiol6gcosestu dam os motivos reguladres em animais ndo-humanos (especialmente rats). Ele focalizam estados internose costumam ver a motivacio em termos da neurobiologia subjacente, como os horménios, neurotransmissores e centros cerebrais. Em contraste, os psicélogos soca, da personalidade e cog. nitivos focalizam os motivos intencionats les examinam como as pessoas tentam satisfaze objetivos de vida e exercer controle sobre o proprio comportamento eo dos outros. Um objetivo é um resul- tado desejado e normalmente estéassociado a um objeto especifico (como um alimento saboroso) ou a uma intengéo comportamentalfutura (como entrar na escola de medicina). Compreender @ motivagio humana requer atravessar os niveis de andlise para examina tanto as bases intencionais (cogntivas) como as reguladoras (fisiolgicas) do comportamento humano. A maioria dos pesquisadores que estudam os estados motivaconaisreguladoes, como sede ou fome, vé os comportamentos motivados como ajudando os animais a manter um estado interno ‘onstane, ou equilrio. Walter Cannon, um jovem e brilhantefisiologista de Harvard na década de 1920, cunhow 0 termo homeostase para descrever a tendéncia das funcbes corporis de manter ‘equilib, Por exemplo, no modelo de feedback negativo, as pessoas respondem a desvios em relacio ao equiirio. Imagine um sistema de aquecimento/resfriamento de uma casa controlado por ‘um termestato regulado em um nivel étimo, que chamamos de ponto estabelecido (veja a Figura 9.1). Um ponto estabelecido é um estado hipotético que indica homeostase, Se a temperatura real esté diferente do ponto estabelecco, a calefacio ou o ar-condicionado vai entrar em acéo para ajustar a temperatura, Da mesma forma, 0 corpo humano regula um ponto estabelecido de aprox madamente 37°, Quando as pessoas estdo quentes demais ou fias demais, mecanismos cerebrais, partcularmenteo hipotalamo, inciam respostas como suar (para esfiiar o corpo) ou tremer (para aquecer © corpo). Ao mesmo tempo, comportamentos intencionais, como vestir ou tira roupas, também sio motivados. Os modelos de feedback negatvo so tes para descrevr alguns processos biolégics bésicos, como nutrgio,regulaio de fluidose sono motivag3o. Fatores que ‘energizam, diriger ou sustentam comportamentos. ‘objetivo Um resultado desejado associado a um objeto de desejo especifico ou a alguma futura Jntengdo comportamental. homeostase A tendéncia das fungies corporais de manter © equilibrio, modelo de feedback negative As respostas do corpo 20 desvios em relagio 20 ‘equilbro, Ponto estabelecide Um estado hipotético que indica homeostase. GAZZANIGA € HEATHERTON . Temperatura dasala FIGURA 9.1 AE es Sree Instintos Acoes nao-aprendidas, autométicas, desencadeadas por deixas especificas. Feedback negativo ———s> x Baixa demais > ‘Um modelo de homeostase de feedback negative. Quando a temperatura sobe acima do pontoestabeecido (temperatura da saa), & detectada uma ciscepinca e o ‘arcondicionado é atvado, O ar € resfiado até a temperature votar 20 ponto estabelcido, Inversamente, quando a temperatura cai abavo do ponto estabelecido, a calefacdo & atvada, Quardo a temperatura atinge o ponto estabelecio, 2 calefagéo para de funciona. Os instintos motivam 0 comportamento No séeulo XIX, o psicélogo estadunidense Will am Jams propés que grande parte do comportamento ‘humano era insintva, Os instintos séo acdes no aprendidas, autométicas, desencadeadas por deixas externas, Por exemplo, quando voc® escuta um baru Io alto, tende a olhar na direcSo da fonte do bar ‘ho automaticamente talvez sem sequer perceber que std fazendo isso, A ousada afirmagdo de James con- tradizia as crengas de teéricos anteriores de que 0 ‘comportamento humano é prineipalmente aprendi- do, em vee de inato, ‘0s instintos sfo semelhantes 20s reflexos no sen- tido de que produzem um impulso imediato de agi. A menos que algo bloqueie o impulso, oinstnto leva a uma aco espectica. Atualmente, os instintos sio co- ‘Arcondionado Calefacso nheeidos como um padrio de ago fia, Podemos ver um exemplo disso no esgana-gata, um pequeno peixe Feedback negative com trés espinhagos (Tinbergen, 1951). Os esgana gatas machos desenvolvem um ventre vermelho nit- ddamente perceptive durante estacdo de acasalamen- toe atacam os outros peixes com ventre vermelho que se aproximam, Os ventres vermelhos servem como um. estimulo liberador para 0 padrio de ago fixa de ata- que. Mesmo um modelo malfeito de um peixe pintado de vermelho na parte de baixo elicia esse padrio de acto fixa. Da mesma forma, os perus machos fam cxcitados simplesmente ao observar a cabeca de outro peru, mesmo que nio exsta corpo preso & cabega ou que a cabecaseja false. Uma série de outros eomportamentos parece ser instintiva: as aranhas tecem teias, os pdssaros voam e cantam, os cachorros perseguem gatos, 0s gatos perseguem ratos. Exemplos de padres de agéo fixa nos humanos sio certas expresses facais que ocorrem universalmente em todas as culturase, portato, parecem ser instintivas. No inicio do século XX, o psiélogo William McDougall transformou o conceito de instinto em uma teoria geral da motivagio. McDougall areditava que os instintos consistem em componentes cogntivos (conhecero objeto ou resultado do istinto), components afetvs (sencimentos de prazer ou dot) ¢ eforgas de aproximacdo ou afastamento de um dado objeto. Por exemplo, um bebe apren- de que chorar traz atencio, o que gerasentimentos de prazere o desejo de se aproximar da pessoa que dé atencio. ‘Acconcepcio de McDougall dos instintos entusiasmou os sicélogos, e muitos pesquisadores € tebricos comecaram a catalogar comportamentos que pareciam instintivos. As lsas eresceram repi- damente, atingindo mais de 6 mil comportamentos supostamenteinstintivos. Mas 0 ertcos logo comesaram a atacar a teoria do intinto, observando que a maioria des chamados comportamentos instintvos — como brincar,oferecer consolo ou aprender a cacar para obteralimento — eram, na verdade, modificados pela experiéncia, Mais seiamente, os cftics afrmaram que todo o conceito de instinto se baseava em uma ldgica circular e, por essa raz, tinha pouco valor explanatério. Um comentarsta descreveu astutamente a situacio: “Se ele vai com os compankeiros,é o intinto de rebanho’ se ele vai sozinho,¢o‘nstnto anti-social’ se el gira 0s polegares, €0instinto de girar os polegares’ se ele ni gira os polegares, & 0 ‘instinto de nao girar os polegares. Assim, tudo €expli- cado com a faildade da magica — a magica da palavra’ (Holt, 1931, p 4). Ese raiocinio circular levou muitos behavioristas a rejetarem os estados motivacionais como sem significado Os instintos, ‘ram tteis no nivel desritivo, mas no adiantavam muito como expliaclo, 0 interesse pelo conce- to dos instintos morreu na década de 1930, em parte devido ao desafio dos behavioristas, que ai- mavam que todo o comportamento resulta de aptendizagem. Hoje, como parte da revoluco biol6g- ca, novos entendimentos de como os mecanismos neurais sao traduzidos em comportamentos reacendeu o interesse pelo exame desses comportamentos. GIENCIA PSICOLOGICA, As necessidades, os impulsos e as recompensas motivam o comportamento AAs necessidades sio estados de caréncia. Os pscélogos fisiolégicosutlizam o temo para se refert a caréncias bioligicas, tal como falta de ar ou alimento, Nés precistmos de ar e de alimento para sobreviver. Mas os psicélogos socais utliam o termo para estados psicoldgicos erelaciona- ‘ments socais, como a necessidade de poder, realizacéo ou afliagdo. As pessoas precsam de outras| pessoas. As necessidades, como quer que sejam defnidas,levam a comportamentos dirigidos a um. objetivo, 0 fracasso em satisfazer a necessidade leva & prejuizo psicossocial ou isco, ou & morte Essa explicagio separa as necessidades dos desjos. Uma crianga pequena pode dizer que precisa de tum lépis vermelho e no de um azul, mas ter de usar o azul provavelmente nao causaré nenhum problema duradouro. Abraham Maslow props uma influente teoria de necessidades da motivagéo, na década de 1940. A teoria de Maslow é um exemplo da psiclogia humanista, em que es pessoas so vistas como seres holistcos que se esforgam para chegar & reaizacio pessoal. Na motivacio, os humanistas focalizam a pessoa — & John Smith que deseja comida, néo o estdmago de John Smith. Segundo a perspectiva humanist, os eres humanos so tnicos entre os animals porque tentam melhorarcon- tinuamente. Um estado de auto-realizagio ocorre quando os sonhos e as aspiragdes da pesoa sia realizados. A pessoa auto-realizada vive de acordo com o seu potencial e, portanto, é verdadeira mente feliz. Maslow escreve: “O misio precisa fazer musica, o artista precisa pintar, poeta precisa escrever, para que possam fcar em paz consigo mesmos. O que um homem pode ser, el precisa sr” (Maslow, 1968, p. 46). ‘Maslow acreditava que os humanos so impulsionadas por muitas necessidades, que ele orga- nizou numa hierarquia de necessidades (Figura 9.2) em que as necessidades de sobrevivencia (como fome e sede) sio inferiotese as necessdades de crescimento pessoal so superores em ter- tos de prioridade. Maslow acreditava que a satisfacdo das necessdades inferores da hierarquia Permitia que os humanos funcionassem num nivel superior. As pessoas precsam ter suas necesida- des bioligicas satisfeitas, pecisam sentir-se seguras, amadas e ter uma boa opinido de si mesmas pata experiencia erescimento pessoal e ating a auto-ealizacdo. Ahhierarquia de necessidades de Maslow ha muito tempo foi adotada na educago e na admi- ristragio, mas de modo geral ela ndo tem apoio empitico. Independentemente de preisermos ser auto-realizados para sermosfelze, a clasificagio das necessidades nao ¢ tio simples como Maslow sugere. Por exemplo,algumas pessoas passam fome até morrer para demonstrar a importancia de suas crencas pessoais, ao paso que outras que tém satisfies suas ne. cessdades fsioldgicas e de seguranca sio solitris que no buscam companhia dos outros, Além disso, o conceito de auto-tealizacio é dif cil de definire medir com preciso. hierarquia de Maslow, portato, & mais iil no nivel descritvo do que no nivel empitico. Impulsos Os impulsos sio estados psicoldgics ativados pare sa- tisfazer necessidades, Por exemplo, as pessoas podem ser descrtas por seu nivel de impulso sexual ou caracterizadas como sendo impulsiona- das para o sucesso, As necessidadescriam exitayo (arousal), que mot- va comportamentos que satisfardo essas necessidades (Figura 9.3). Ex- citagdo (arousal) é um termo genérico empregado para descrever ativagéo fsildgica (como atividade cerebral aumentada) ou respostas autondmicas aumentadas (como batimentos cardiacos mais pidos, su- dorese ou tensio muscular) Tente segurar a respiragdo 0 méximo que per. Se vce continuar por mais de um minuto ou dois, provavelmente terd um forte sentimento de urgéncia até de ansiedade. Esse estado de excitagio € o impulso. ‘A teoria do impulso mais influente foi proposta na década de 1940 por Clark Hull (Figura 9.4), um dos principals behaviorisas de seu tem- o. Hull props que os estados pulsonais tim raizes em necessidades necessidades Estados corporais de deficiéncia biolégica ou socal, auto-realizagio Um estado ‘atingido quando os sonhos e _aspragbes da pessoa sao realizados. hierarquia de necessidades A classificagdo de Maslow das nnecessidades, em que as necessidades basicas de sobrevivéncia 580 inferiores © as necessidades de crescimento ‘pessoal so superiores em termos de prioridade. impulsos Estados psicol6gicos que motivam 0 organismo a satisfazer suas necessidades. ‘excitacéo (arousal) Termo que descreve ativacao fisiologica, como. uma atividade cerebral aumentada, respostas autonémicas, sudorese ou ‘ensio muscular Auto- realizagao bioldgicas e que o comportamento pode ser prio por fatores ambien tas. Hull propds que quando um animal ¢privado de alguma necessida de (como dgua, sono ou sexo), 0 impulso especfico aumenta proporcio- FIGURA 9.2 2 herarquia de Masiow das necessidades indica que as necesdades biscas, como a de alimerto e agua, so satisfetas antes das necessidodes superioes, como a autovealzagio. 284 GAZZANIGA © HEATHERTON nalmente. O estado pulsonal leva & excitagio e a ativagéo comport mental, eo animal entio age até que um de seus comportamentos satis- compor- faga 0 impulso e reduza a exciagao. Asim, a satisfacSo das necesida samentn, des envolve aprendizagem. 0 modelo de Hull propde que os comportamentos apresentados pelo animal si arbitréios. Quando um comportamento satisfaz a necessidade, ele 6 reforgado e, portanto, a probabilidade de sua ocorténcia aumenta, Com o passar do tempo, ‘um comportamento reduz consistentemente um impulso, ele se torna ‘um hébito; a probabilidade de um comportamento ocorer deve-se tan to ao impulso quanto ao habito. A teoria de Hull e seu cléssco livro Principles of behavior tveram um tremendo impacto sobre a pesquisa psiolégica, Uma critica, contu do, équea teoria de Hl sobre o impulso nao podia expicar por que as pessoas escolhem apresentar comportamentos que néo parecem satsfa- 2er necessidadesbiolgicas. Porque, por exemplo, as pessoas fcam acor- dadas toda a noite estudando para um exame? Por que as pessoas co- mem uma segunda fatia de torta de abdbora no Dia de Aco de Gracas mesmo néo estando com fome depois de comer a primera fatia? Impulsos FIGURA 9.3 As necessidades cam impusos que motvam comportamentos espectios. Hedonismo e recompensa Sigmund Freud acreditava que os impulsos so satistitos de cor ‘docom o principio do prazer, que diz 20s organismos para bustarem o prazereevitarem a dor. Essaidéia 6 central para muitas teoras da motivaao. Com origem na antiga Grécia,o hedonsmo, como prineipio motivaconal, refere-e a experiéncia humanas de prazer e desprazet. O principio do prazer de Freud -ateora do instnto de McDougall concordam que os animais €os humans so motivados para buscar 0 prazer e evtar a dor. O contempordneo de Darwin, Herbert Spence, escreveu: “todo animal persiste no ato que dé prazer — e desist do ato que causa dor” (Spencer, 1872, citado em Sellar e Stellar, 1984), Todos esses grandes pensadores afirmaram uma verdade essencal: o prazer é um motivador primario. Nb realmente fazemos as coisas que nos fazem sentir bem e, se alguma cosa faz.com que nos sintamos bem, nés a fazemos de novo, Um excelent exemplo de hedonismoe adaptatvidade ¢0 sexo. 0 sexo 6 essencal para a sobrevivéncia das espécies, e poucas pesscas precisam ser persuadidas dos aspects prazeresos do comportamento sexual, independentemente de ee levar& repo dugio, O estudo cientiico do comportamento sexual é discutido em “Atravessando os nieis de anlise:Ftores que inluenciam o desjo sexual’. Lembre que um limite das teorias bioldgcas do impulso (como de Clark Hull) é que os animais apresentam comportamentos que necessariamente nao satiszem necesida- des biol6gcas. so, comumente, corre quando o comportament € prazeroso, Por exem- plo, um céssco estudo examina as preferéncasalimentares dos ratos (Sheffield e Roby 1950). Uma das substncias que produziram uma forte resposta fia sacarina, que € doce ¢, portanto, prazerosa, mas nao satsfaz nenhuma necesidade biolgica. Freqtentemen- te, os animais escolhem o prazer, mais que a teducio de impulsos biologics. No clissico estudo de Olds e Milner, descobriu-se que a estimulacéo elrcaaplicada a certs regiGes cerebrais era altamente recompensadora (veja 0 Capitulo 6) Os animais capazes de se auto-administarestimulagoeltrca ao pressionar uma alavanea fizeram iso umas 2 mil vezes por hora. Ratos machos pressionavam a alavanca mesmo quando estavam privados de comida, tinham aceso @ uma fémea sexualmenterecepiva ou precisavam atravesar uma grade eletrificada para chegarem & alavanca Os comportamentos motivados tém valor de sobrevivéncia De uma perspective evolutiva, os comportamentos ssociados ao prazer esto en- tre os que promovem a sobrevivéncia e a reproduglo do animal, ao pass que os com FIGURA 9.4 Clark Hul, um dos poneios dos portamentos asociados & dor intrferem na sobrevivéncia e na reproducao. Um bom modelos comportamentats do reduglo do mou, A exemplo disso ¢ a doura, que & preferida pela maioria dos animais. Os bebés que teoriapulional da motvago de Hal recebem solucdes doces consideram-nas prazerosas, conforme revelado por suas ex: mais infiuentes na hstria da cnc presses faciais (Steiner, 1977; Figura 9.5). A dogura normalmente indica que ¢ seguro ——— CIENCIA PSICOLOGICA 285 are FIGURA 9.5 _Até 0s recémnascidos preferem 0 sabor dace 20 amargo: 1. rsto em descans, 2. reagdo a agua destiada, 3. estmulos does; 4, estmulesdcdos, 5, estimuos amargos. comer aqulealimento, Em conraste, a maoria dos venenos toxnas tem sabor amargo, de modo ‘que no surpreende que os animaisevtem sabores amargos. Lembre, do Capitulo 6, que a experiéncia de recompensa se deve principalmente &ativagio de neurénios de dopamina no nicleo accumbens. Os comportamentos adaptativos também utilizam 9 fleets sistema de dopamina. O comportamento sexual, por exemplo, leva ao aumento ds dopamina no | Quepapeloprazerdesempenha na iicleo accumbens. Os bloqueadores de dopamina interferem nas propriedades recompensadoras do | ™otivagse de comportamentos? alimento, da dgua ede vrias drogas como cocainae anfetamina, que normalmentesioexperiencia- a das como recompensadoras. Assim, a ativago de dopamina pode ajudar a orientar comportamentos adaptativs ao recompensar os que promovem sobrevivénca ou teproducio ‘A motvagio pode sr vista como uma capacidade que iii, die e sustentacomportamentos que promovem sobrevivénciae reprodugo. Assim, os animais séo frtemente motivados a repetr ‘comportamentos adaptativose a evtar comportamentos desadaptativos. Os estadas motvacionais, portant, provocam comportamentos que resolvem problemas adaptativos. Os animais precisam ingerir oxigénio, agua e nutrientese, dessa maneira, resprar, bebere comer sio comportamentos ‘motivados. Para os humanos, a motivagio de apresentarcomportamentos materos promove o cu dado da pote, garantindo assim que os genes Sedo transmitdos. A amamentacio provoca a ibera- «do horménio octocna, que promove o vineuioelibera a endorfinas que dio origm a setimen- tos de prazer (Carte, 1998). ‘Como a motivacéo ativa, dirige e sustenta a aco? (0s estados motivacionais ativam, dirigem sustentam comportamentos que ajudam a satisfazer necessidades ou atingir objetivos. Muitas teorias da motivacao baseiam-se na idéia de que os organismos tentam manter a hhomeostase ou 0 equlibrio. Os instintos, conhecidos como padres de acSo fixa,s80 acbes inatas, automaticas, desencadeadas por deixas externas. Os estados pulsionais decorrem de deficiencias de necessidades e mativam ‘comportamentos que saisfazem essas necessidades. Segundo Maslow, as necessidades podem ser organizadas em ‘uma hierarquia, em que as necessidades fisiol6gicas tém precedencia em relacao as necessidades de crescimento [pessoal. Um principio motivacional geral & o hedonismo, que orienta os organismos a repetir comportamentos que Sao prazerosos e a evitar comportamentos que s30 dolorosos. Seguir esse principio pode ajudar os organismos a sobreviver ea se reproduzt. Atravessando os niveis de analise FATORES QUE INFLUENCIAM O DESEJO SEXUAL © desejo sexual ha muito tempo ¢ reconhecido como um dos motivadores mais duréveis e poderosos da humanidade. A forca do impukso sexual varia substancialmente entre os individuos e as Circunstancias; mas, mesmo assim, podemos dizer que a maioria dos seres humanos apresenta um desejo significativo de sexo, ‘Tanto a natureza quanto a cultura contribuem para moldar padres de motivagdo sexual. Um dos nossos quatro temas maiores ‘que uma grande parte do comportamento 6 adaptativa. Nos seres humanos (como em muitas outras espécies), 0 desejo sexual fevoluiu como um mecanismo crucial para propagar a espécie. Nem sempre os bebés s20 felts porque as pessoas 0s desejar desesperadamente, mas porque se dedicam com entusiasmo a0 sexo, o que frequentemente resulta em reproduclo. Algumas ‘espécies tém meios de reproduce n3o-sexuals, como a clonagem. No entanto, a reprodus3o sexual ¢ superior & reproducao n3o- sexual em varios aspectos crucias, especialmente em sua ‘apacidade de misturar genes e, assim, produzir uma prole variada, tornando a espécie mais adaptavel. Recentes avancos na, ‘eoria evolutiva sugerem que as formas exatas de desejo sexual hhumano sio o resultado de presses da selecio natural (esses achados s30 discutidos no Capitulo 14). Ent, como & que os Cientistas psicol6gicos contemporéneos estudam o sexo? 'Nos niveis neuroquimico e de sistemas cerebrais, a maioria das ppesquisas ¢ realizada com animais nao-humanos, especialmente Fatos. Por exemplo, estudos examinaram como os horménios, Incluindo testosterona e ocitocna, estdo envolvidos na producso e terminagao dos comportamentos sexuais (veja 0 Capitulo 3). Uma linha interessante de pesquisa examina a influencia dos feroménios — substancias quimicas transmitidas de um animal para outro pelo sentido do olfato — sobre a iniciagao do sexo. ‘Aparentemente, uma proteina nos feroménios chamada afrodisina 4 um atrativo sexual. Hamsters machos tentardo montar em um /hamster macho anestesiado se este for aspergido com afrodisina (Ginger, 1991). Interessantemente, os feroménios também podem afetar o comportamento social humano. Em um estudo, as pesquisadas do sexo ferinino que usaram durante a noite um ‘colar que continha androstenol, uma substancia encontrada no sor axilar masculino, passaram mais tempo em interacdes sociais ‘com homens no dia seguinte do que as mulheres que usaram Colares contendo substanciasinertes (Cowley e Brooksbank, 1991). Esse efeito ndo acorreu nos pesquisados do sexo masculino. ‘As pesquisas esto recém comecando a examinar os correlatos neurais do comportamento sexual humano. Por exemplo, em um festudo que urtilizou imagens de PET foi mostrado @ homens imagens de videoclipes eréticos e neutros. Descobriu-se que os clipes eroticas levavam a ativacao de areas cerebrais associadas & motivacio e 8 recompensa, como as varias estruturaslimbicas. O ‘achado interessante foi que esse efeito foi maior para os homens ‘que tinham niveis sangdineos de testosterona mais elevados (Gtoleru et al, 1998). Ainda nao se sabe se homens e mulheres respondem diferentemente a estimulos sexuais, ‘Um achado notavel e consistente em quase todas as medidas de desejo sexual é que os homens, em média, apresentam um nivel ‘mais elevado de motivagio sexual do que as mulheres, embora ‘existam multas excecoes individuais. Em certas ocasibes, como ‘quando estio se apaixonando, o desejo sexual das mulheres pode se equiparar ou superar o dos homens. Estudos também descobriram que, em geral, 0s homens se masturbam mais freqdentemente do que as mulheres, querem sexo mais cedo no relacionamento, pensam e fantasiam sobre sexo com maior freqdéncia, gastam mais tempo e dinheiro (e outros recursos) no esforgo de obter sexo, desejam mais atividades sexuais diferentes, jam mais 0 sexo e 0 recusam menos, e avaliam seu impulso sexual como mais forte do que o das mulheres (Baumeister et al, 2001), Em um estudo, pesquisadores perguntaram a universtarios ‘de ambos of sexos quantos parceiros sexuais eles gostariam de ter na vida, se ndo se sentiam limitados pelo medo de doencas, ‘ressdes socais, assim por diante (Miler e Fishkin, 1997). A ‘maioria das mulheres queria um ou dois, 20 passo que a resposta ‘media dos homens era varias dezenas. No entanto, também howe vrios homens que queriam apenas uma parceira sexual e mulheres que queriam muitos. ‘As mulheres tendem a ter indices mais elevados de erotofobia, Luma disposic2o a responder negativamente a deixas sexuais. AS pessoas com indices elevados de erotofobia relatam uma postura parental de rigidez em relacao a0 sexo, atitudes conservadoras e tevitagdo da masturbacéo (Fisher etal, 1988), Paradoxalmente, 2s pessoas com indices altos de erotofobia correm um risco mals, tlevado de gravidez indesejada e doencas sexualmente ‘ransmitidas, porque é menos provavel que carreguem consigo preservativos e tomem outras precaucdes, ‘No nivel secialcultural, 0 duplo padrao 6 uma influéncia cultural muito conhecida, Ele estipula que certas atividades (como ‘0 sexo pré-conjugal ou casual) s30 moral esocialmente aceitave's para os homens, mas nao para as mulheres. revolucao sexual do steulo XX trouxe grandes mudancas de comportamento sexual, a maioria das quais deve ser atribulda a mudancas nas pressbes © ‘expectativas cultura. Embora os costumes e as normas sexuais variem até certo ponto entre as culturas, todas as cultures ‘conhecidas tem alguma forma de moralidade sexval, 0 que indica ‘como é importante para a sociedade regular de alguma maneira o comportamento sexual. As culturas podem tentar limitar © controlar 0 sexo por uma variedade de raz6es, ncluindo manter 0 controle sobre o indice de natalidade, estabelecer a paternidade, loferecer as pessoas um rote a ser sequido no namoro e ‘acasalamento e reduzirconfitos. ‘A elatva influéncia da natureza e da cultura sobre 3 motivacso sexual pode variar com o género. Roy Baumeister (2000) utlizou 0 ‘termo plsticidade erotica para se referir ao grau em que o impulso sexual pode ser moldado por fatores socais,culturalsesituacionals. [As evidencias sugerem que as mulheres apresentam maior plasticdade erdtica que os homens. A sexualidade de uma mulher pode evoluir e mudar durante sua vida adulta, 0 passo que os {esejos dos homens permanecem relativamente constantes (exceto pelo decinio gradual com a idade). Os desejos e comportamentos ‘exuais das mulheres dependem significativamente de fatores| Socials como educagio e religido, enquanto a sexualidade dos homens mostra uma relag30 minima com tas influéncias. Por ‘exemplo, em uma revsao da literatura, Baumeister descobriu que ‘2s mulheres com alto nivel de instrucao apresentam maior probabilidade do que as mulheres nao-instruidas de realizar sexo ‘fal, anal, interagdes homossexuais e experimentacao de novas atividades, mas que os homens instruidos e ndo-instruidos nao diferem muito com relacio a essas formas de sexo. CIENCIA PSICOLOGICA COMO OS FATORES COGNITIVOS, SOCIAIS E CULTURAIS INFLUENCIAM A MOTIVACAO? ‘Vimos, anteriormente, que muitos pesqusadores motvacionaisfoalizam os spectos intencio- zais do comportamento, 0s fatores cognitivos ¢ socias subjacentes & motivagio. Um dos maiores Aesafios aos relatos behaviorstas pulsionais da motivago foi a posigéo de Edward Tolman, um Pioneiro nas teorias cogntivas do comportamento. Na década de 1920, Tolman observou que os comportamentos motivados “cheiram a um propésito”, isto é, eles siocirigidos a um objetivo. Por meio da aprendizagem, os animais desenvolvem expectativas em relagdo a0 que levard & conguista dos objetivos. As expectativas sio representacies mentais de fututos resultados. Ao enfatizar as, expectativas, Tolman foclizou propriedades do objeto visado, em vez das necessdades biologias Por exemplo, nés esperamos que um bolo de chocolate tenha um sabor melhor do que sardinha e, Portanto, escolhemos comer 0 bolo ¢ no sardinhas quando estamos motivados a comer. Focalizar objets visados em vez de necessdades leva a modelos de motivagio por incentivos. Os incentivos sio objetos externos, ndo impulos internos, que motivam comportamentos. Tirar um ‘A’ no semes treo incentvo para estudar bastante; 0 deicoso gosto do chocolate éo incentivo para comer bolo; ter dinheiro para comprar as coisas que vooé quer & 0 incentivo para trabalhar durante as frias de verio. Amaiorcontibuigo de Tolman foi salientar que algumas cosas so mais valiosas para nés do que outras, e somos mais motivados a obter coises de valor. 0 que valorizamos, por sua vez, é determinado em grande extensdo pela cultura em que vivemos A motivacao é tanto extrinseca como intrinseca As veres, as pessoas estio motivadas para apresentar comportamentos simplesmente porque gostam de fazer aquilo, As pessoas gostam de desenhar, ouvir mica, jogar xadre, ler livros @ ausistir aos seus programas favoritos de televisio. Os psicdlogosdiferenciam duas categoras geais de motivs, extrinsecose intrnsecos. A motivagao extrinseea enfatiza os objetivos externos para 0s quais aatividade estésendo dirigida, tal como redugdo do impulso ou recompensa— por exem- plo, trabalhar para ganhar um salario no final da semana, A motivagao intrinseca se refere 20 ‘alr ou prazer que est associado&atvidade, mas no tem nenhum propésito ou objetivo biolégico aparente, Comportamentos intrinsecamente motivados so realizados por si mesmos. Esses com- portamentos nao se limitam aos humanos; qualquer pessoa que tena tdo filhotes de cio ou gato sabe que grande parte do seu dia ¢dedicada ao comportamento de brincat Obrincar Uma das marcas regisradas da infincia éa curosidade, um comportamento intrnse- camente motivado. As criancas gostam de procurar novas situagdes e jogos. Quando encontram novos objetos,ficam fascinadas e brincam com eles até 0 objeto ser inteamente inspecionado e todas as suas caracteristicasserem exibidas. Depois que acriancaexaminou minuciosamente o obje- to, oseuinteresse diminuieela passa para outra coisa nova, A exploragio do brincar écaracterstica de todos os mamiferos, especialmente das primatas. Por exemplo, opsicdlogo Harry Harlow e cola- boradores mostraram que os macacos tém um forte impulso exploatério e ndo desistem de tentar resolve problemas relativamente complexos na auséncia de qualquer motivagdo aparente (Harlow etal, 1950). Que valor adaptativo tem o brincar? Uma fungio dbva ¢ aprender sobre os objetos do ambien- te; isso, claramente, tem valor de sobrevivénca, Oconhecimento de como as cosas funcionam tam- bém permite que esses objets seam usados para outrastaefas. Em um estudo, eriancas tiveram a chance de brincar com materais envolvidos em uma tarefa posterior de solugéo de problemas. A tarefa requeria que as criangas juntassem duas varetas para recuperar um pedaco de giz. As criangas ‘que tinham podido brincar com as vareta epresilhas por 10 minutos realizaram melhor atarefa do ‘que as riangas que nao tinham sido expostas primeiramente aos materia ou tinham sido informa- das da solugao da tarefa, mas nao tinham podido brincar (Sylva etal, 1976) © brincar também ajuda 0s animais a aprender sobre o mundo social. Viver com 0s outros requera capacidade de cooperare seguir regras, brincaroferece oportunidades para aprender as regras Stephen Suomi e Harry Harlow (1972) argumentaram que brincar com os seus igus permi- te que as macacos aprendam beneficos soca, como se comportar com aqueles que so dominantes| « quando refear impulsos agressvos ‘expectativas Representacoes mentais de possveis resultados futuro. incentives Estimulos externos {que motivam comportamentos (em ‘oposicdo a impulsos internos). motivacso. extrinseea Motivago para ‘realizar uma atividade por cousa dos objetivos externos para os quais essa atvidade e dirigida. motivagéo intrinsecaMotivacso para realizar uma atvidade por ‘ausa do valor ou do prazer' associado a essa atvidade, endo Por um propésito ou objetivo biol6gico aparente. | | GAZZANIGA © HEATHERTON riatividade A capacidade de gerar ou reconheceridéias, ‘alternatives ou possibilidades que podem ser sites para resolver problemas, comunicarse com os Outros ou entreter a nds mesmos e os outros. Criatividade e solucao de problemas Muitos comportamentos intrinsecamente motva- dos permitem que as pessoas expressem cratvidade. Criatividade é a tendéncia a gerar idéias ou alternativas que podem ser tes para resolver problemas, comunicar e enteter os outros e a nds mesmos (Franken, 1998). A criatividade envolve construr imagens novas, sintetizar duas ou mais iéias ou conceitos e aplicar conhecimentos exstentes & solugdo de novos problemas. A mente hu- mana também tenta consolidar informagées em histrias coetentes. As pessoas sio motivadas @ compreender 0 mundo e, exatamente como os pacientes com cérebro secionado que confabulam para compreender as informacdes conftantes que chegam em seus hemisférios separados (veia 0 Capitulo 4), desenvolvem ativamente explicagies de como o mundo funciona e como eventos cat sais estdo conectados. Muitos teéricos salientam que acratvidade é um componente integral para a solugdo de problemas adapratios. Muitasatvidades crativasndo representam, em simesmas, sol Ges adaptativas, mas so usos modernos de mecanismos que evoluiram para tais propéstos. Por ‘exemplo, tendemos a prefri arte que tenha elementos interessantes que captam a nossa atencio. A capacidade de perceber e prestar atenclo a aspectos do ambiente, como alimentos ou predadores, tem um valor adaptativo dbvio (Pinker, 1997). Aprendizagem e motivacéo intrinseca _Lembre que um dos prncipios bisico da teoria da aprendizagem & que os comportamentos recompensados aumentam em fregiéncia, Seria esperado, portanto, que recompensarcomportamentosintrinsecamente motivados os refrgass. Surpreendente- ‘mente, evidénciasconsistentes sugerem que recompensasextrinsecas podem enfraquecer a motivagao intrnsecaediminuir a probablidade de as pessoas apresentarem o comportamentorecompensado. Em ‘um clssicoestudo,o pscslogo socal Mark Lepper e colaboradores permitiam que criancas desenhas- sem com canetascoloridas, uma aividade que @ maiaria das criancas considera itrinsecamente moti- vadora (Lepper eal, 1973). Um grupo de criangasrecebeu um motivo extrinseco para desenhar ao ser levado a esperar um “prémio de melhor desen. Outro grupo foi inesperadamenterecompensado apés a taefa um terceiro grupo nio fo nem recompensado nem levado & expectativa de uma recom ‘pensa, Durante um perfodo subseqiente de brincadeia live, as crangas que tinham ficado na expecta- tiva de recompensasextrnsecas passaram muito menos tempo brincando com as canetas coloridas do ‘que 0 grupo que néo foi recompensado ou do que o grupo que recebeu uma recompensainesperada, Teoria do controle e autopercepcéo Por que as recompensas exrinsecas, as vezes, red zem o valor intrnseco? Os psicdlogos socias Edward Decie Richard Ryan (1987) argumentam que ‘0s sentimentos de controle pessoal e competéncia fazem as pessoas se sentirem bem com elas mesmas « inspiram-nas a fazer seus trabalhos mais cratvos, Fazer alguma coisa para ganhar recompensas ‘externas nao satisfaz a nossa necessidade de autonomia. Outra explicagdo se baseia na teoria da autopercepgao do psicslogo Daryl Bem (1967), que «firma que as pessoa raramente esti cientes de seus motivo especfcs e tram inferéncias sobre sua motvacio baseadas no que parece fazer mais sentido. Por exemplo, alguém Ihe dé um grande

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