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A espantosa realidade das coisas Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha
A espantosa realidade das coisas biografia,
a minha descoberta de todos os dias. Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha
Cada coisa o que , biografia,
E difcil explicar a algum quanto isso me alegra, No h nada mais simples.
E quanto isso me basta. Tem s duas datasa da minha nascena e a da minha
morte.
Basta existir para se ser completo. Entre uma e outra coisa todos os dias so meus.
Sou fcil de definir.
Tenho escrito bastantes poemas. Vi como um danado.
Hei-de escrever muitos mais, naturalmente. Amei as coisas sem sentimentalidade nenhuma.
Cada poema meu diz isto, Nunca tive um desejo que no pudesse realizar, porque
E todos os meus poemas so diferentes, nunca ceguei.
Porque cada coisa que h uma maneira de dizer isto. Mesmo ouvir nunca foi para mim seno um
acompanhamento de ver.
s vezes ponho-me a olhar para uma pedra. Compreendi que as coisas so reais e todas diferentes
No me ponho a pensar se ela sente. umas das outras;
No me perco a chamar-lhe minha irm. Compreendi isto com os olhos, nunca com o
Mas gosto dela por ela ser uma pedra, pensamento.
Gosto dela porque ela no sente nada, Compreender isto com o pensamento seria ach-las
Gosto dela porque ela no tem parentesco nenhum todas iguais.
comigo. Um dia deu-me o sono como a qualquer criana.
Fechei os olhos e dormi.
Outras vezes oio passar o vento, Alm disso, fui o nico poeta da Natureza.
E acho que s para ouvir passar o vento vale a pena ter
nascido.