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PIERRE AUBENQUE A PRUDENCIA EM ARISTOTELES Tradugio de Marisa Lopes Exe or, pbliado no mbit do programa de ata & publics, Cot nore, publ dase cadre du programme die pico, eile du son du Mine nga de Aire sangre. Aiseirsoeiorial cnet pea ‘rome ear cna fone Projet edt Deparment Fafa ds PFLCHLUSP ‘ee eral ete Rl orn rian Sos Cet Proje sie edna uber: Ros Neo nao dare nse Tiragem: L400 xempes “Xesicnen sees Pen Ate cgipase tea ie “Sob tes “nla Lape er Ae S240) 1 Tha Lge, tr Aiscirsoedivorial SUMARIO PREFACIO A EDIGKO BRASILEIRA 7 PREEKCIO n [NOTA A-TERCEIRA EDICKO 7 § 1-05 raxtos a 82.4 rese Dew. sAEorR 2 S 3-a catmcn A Test ow. eR 2 SEGUNDA PARTE. 4 INTERDRETACRO ‘antruL0 1. © HOME DE raLDENCI, 39 § 1 bemwieao eEusteNcin 39 5 2.a None. 7 $3.0 m0 "7 ‘AreTOL9 .COsMOLOGIA DA PRUDENCIA 107 § La coxnncevcn 107 5.2. 0 TExPo oFoRTUNO (raps) 156 ‘eartruto i aermoroLocin Da RUDRA 173; § 1. a praienacto (oihevots) 173 § 2. ascoun (npocipcans) 193 3. reupencia te (yin) 230 ‘TERCEIRA PARTE E CONCLUSKO. A FONTE TRAGICA 245 APENDICE |. SOBRE A AMIZADE EM ARISTOTELES 285 |APENDICE I. A PHRONESIS Nos ESTOICOS 293 APENDICE I PRUDENCIA EM KANT 27 sistiocRA 33 PREFACIO A EDIGAO BRASILEIRA Quando da primeira publicagio deste livr, hi qua- renta anos, seu projeto ~ encontrar em Aristérles 0s deli- rneamencos de uma flosofia ds prudéncia ~ poderia parecer Fil © quase incongruente. Como?! A prudéncia seria um ‘objeto filosétic? Seu conceito no pertenceria a uma das par tes mais caducas da vadigio moral escolistica? Seu pr6prio ‘nome, to banalizado e desabonado, merecia que se teimasse em conservi-lo? Hoje, o Autor nio rem mais por que se desculpar do «que poderia pasiar por um apego intempestivo A tadigio, pois a cradigio moral aristotlica irtompeu, nesse interim, na mo- dernidade ou, mas exatamente, na pds-modernidade. As r- ages dessa aualidade, no persistente, mas renascente, devern ser procuradas na urgéncia da rflexio que os dramas eas ca tistrofes do século XX reclamam e no malogro trigico dos ‘models intelectaais que os tinham, senso suscitado direta- ‘mente, a0 menos tornado possivei ‘A hybris, a desmesuta ~ quase se poderia adurir por Jimprudéncia, aribuindo a eta palavea toda sua fora ~ era ‘para os pregos falta por exceléncia, causa de todas a inel- ‘idades privadas e publica, No inicio, ero, mais do que v= «io, mas tornando-se vcio pela perseveranga e obstinagio no «ert0,afybrirera 0 desafio langado aos deuses, a ambigio qua- se tisfvel na disput pelo saber absoluro, a prevensfo usurpada ane AusENaUH A imoralidade e, a partir dl, o desprezo pelos outros, o dee ddém soberano pela escolha dos meios co cilculo das conse quéncias da agio julgada boa, numa palavra, a icresponsa- bilidade. Sem divids, se econhecerénisso alguns tacos de tum passado recente ou ainda atual: a insisténciaideolégica,a obstinacio axioldgica, a arrogdncia tecnoldgicae mesmo a boa consciéncia moralista. A ybrisndo nasce da fila mas do ex- cesso de teoria, mais exatamente da inadequagio entre ateo- ria ea pritiea. Quea teoria, mesmo a mais bem formada, no poss determina imediatamentea pritica, mesmo a mais bem intencionada,nisso reside a liggo trada da prudéncia aristo- tdlica. A ago bem sucedida requer a mediagio concomitan- temente intelectual ewolitva que é2 nica que permite eveo- Iher e fazer 0 que Aristtees chama o “bem facevel’, sto é rio um utdpico bem absoluco mas © melhor possvel num ‘mundo contingentee incerta. A prudéncia a vitude da boa doliberagio, isto &, segundo a expressia de G. Vattimo, do pensamento aco” que, apés exame refletido das diferentes ‘opeées, se inclina, embora nio necessit fazé-lo, , nessa me- Aida, se esforca por conduzit os homens & © mundo na dite- 0 do melhor [esses quarenta anos, numerosos tabalhos enriquece- ram nossa meditagio sobre prudéncia. Citemos, em primei- +o lugar os tabalhos de H. G. Gadamer, na Alemanha os de Hannah Arendt e Martha Nussbaum, nos Estados Unidos. 0 famoso seminirio realizado por Heidegger, em Fribourg (1923), sobre olivro VI da Erica Nicomaguéa,inicialmente conhecido somente de ova e por uns poucos, fi progres- sivamente redescobertoe inspicou subtertancamente essa dis- cussio, especialmente enfaizando que a phroméssariscorlica E que melhor cumpria programa de uma hermenéusica da existncia humana voleada para a prixis. A tradigio analitica, por seu lado, precisou a andise pricoldgica do julgamento nsthcio A sougko aeasisea 9 prudencal¢, em partcula, a economia da deliberagio, espe: clalmence em relagio& dificil questo de saber sea prudéncia dia tespeto 20 fim ou aos meios da agio. ‘© Autor deste livo tem sua prdpria posigio sobre este «outros pontos, apresentada sem alteragio as péginas que seguem. Ele teria podido completa, infer seu ponto de vi- ‘2 aqui eal, Maso liveo teria cortido 0 sco de perder sua unidade, elver sua identidade. O Autor tem a ftaqueza de ‘ree que este liv, tl come fo escrito em seu tempo, epre- ‘senta um momento, ue deve er preservado como ta 12 his {ria péstuma da phronéssaristoeica, Pierre Aubenque Novembro de 2002. NOTA BIRLIOGRAFICA recepgio de uma flosofia da prudéncia no mundo contem- porineo, Remeto, aqui 3 “Sobre la exacerbacién moderna del pretendido con: fice entre moral y politica’ In: Actas det II Congo Nacio- nal de Filosofia (1991), Caracas, 1992 “Philosophie pratique et herméneuique. Réflexions sur le néo-atistorisme allemand contemporain’. In: Formes de rationlité et phrontigue moderne. Pais, 1995 (Annales ité= rites de l'Université de Besangon, n° 574), p. 15-32 La place de IEvhigue & Nicomague dans la discussion contemporaine sur Téthique”. In: Romeyer-Dherbey, G. € ‘Aubry G. (eds). Lexcellence de lt vie, Sur UEthique & Eu- deme o'Eshique 4 Nicomaque dArisre Pati, Vin, 2002, 397-407. [NOTA DA TRADUTORA. ‘Agradeso a David Lefebvre, José Carlos Estévdo, Marco ingano, Mauricio Keiner e Silvio Rosa Filho plas sugestOes « contribuigdes feta a esta raducio (embora nao devam set responsabilizados por suas eventuaisfalhas). Em especial, agradeco a0 prof. Aubenque pela acolhidae disponibilidade. PREFACIO| “Todos os grandes nomes dados is vitudese aos vicios despertam no esprito antes sentimentos confusos que idéas claras™. Malgrado a severidade de Malebranche? ante 0 voca- bulirio moral que floreseu durante toda a Antighidade ea dade Média, a flosofa contemporinea, menos persuadida do que esteve no século XVII quanto 8 tansparéncia da exis ‘éncia humana is “idéias laras,reencontrou a va da teoria das vieudes: Mas, a moral permanece, as virtudes saem de moda, eno se pode dizer que a prudéncia, por mais que sempre seja tema de “consehos’, esteja atualmente entee as virtudes que a maioria dos homens admiea e que 0 Fidsofos cclebram. Em vio a procurariamos no indice de um moder- no Tratedo das vrtude, um autor que no devia set menos sensivel permanéncia das virudes cardinais ques vaiagies ddallingua ceé ser melhor expediente bani de seu wocabulitio aaprudéncia do que expica ao leitor moderno que ela € mais ‘emelhor do que se acredita.’ Certamente, desde o tempo ern Tid de morale 12.2915, Joy. 2 Gf, notaament, Hamann, N. Eiik, 1926; Jnkdich, V. Tc sh wrt, ati, 1949 Bolla, O-E Wen and Wade de Tene, rake, 1958, ea bibliog dada por xe tor, 203. Gauthier RA. Le morale riot, p. 82 es: comenisio 8 Fic [Niomapuia de Gautier 6 oi p 403, 2 DPrenne AuneNave que a Prudéncia ndo inspirava somence celogos e filésofos ‘coma também pintores e escultores, desde quando La Bra- yre a associava ainda & grandeca,* a palavea se desvalorizou bastante, Mas essa desvalorizagio nfo ¢ propria da prudén- cia, Diz-se um aucomobilsta prudente, mas também se diz tama erianga sage" o que no impede que a sabedoria ainda seja louvada pelos fildsofes, mesmo que por polidez. Os jul- sgamentos variados sobre a prudéncia rém, sem duvida, caue sas diversas das causas sernticas, Ni ¢ por acaso que pate- ‘ceu uma “virtude tola” a0 século das Luzes? e que Kant 2 tenha banido da moralidade, pois 0 seu imperaivo era ape- nas hipotético.® A prudéncia foi vitima menos da vida das palavras que das vatiagées da filosofa , mais geralmente, do co pibico. De inicio, foi vitima do racionalismo, em seguida, do moralismo. Ligeda a certs visbes de mundo, as- sociou-se a seus declinios. Gostariamos de tentar encontrar 0 elo entre a exaltagio iia da prudéncis¢ a visio de mundo que cla supe para aquele que foi seu primeico te6rico. Em um certo sentido, tudo jf foi dito sobre a prudéncia. Porém, noutro sentido, nada 0 foi enquanto no se perguntar o por gué de sero filé- sofo Arstéreles,e nenhum outro, a teorizé-la. A verdade & que rio se pode dissociat a teoriaérica da prudéncia das doutr- "Onde faa pens enconte x ends se poser (Cares XI a Hache, p 385) [N d'T: mo semido em ques di, em Fans, que uma rian abe dente, sua, bem comport, » Voli, Lt Harp, 31 de mare de 1775 « Bndemenoio da Meee der Cctumey, 2 se (ado ances de Delos». 127 es). nerkcto 6 nas metafbicas de Arsételes. Também a pruncia 6, mas que qualgucr outa, uma virude metafsicamentefundada Ese chegarmos a mostrar que o tema da prudéncia tem rales ruito anteriores a Aristteles, isso significa que a exleagio des virude nfo €etranha a uma ceria vio de mundo qu, se ainda era de Acstéels, foi, em grande partee por miro tempo, a dos gregos. “Tal enraizamento da vieude da prudécia na wadigfo sega parcceria mais do que nunca nos fasta dela e nfo dei- ‘sar nota peaqisa outro interes senio ohio, F pouco firma que a ligbes da losofia sho exernas,é preciso acre Genta que nem Sempre as entendemes quando sio pronun- cdadas e que io palavras, de inicio indistintas, que se artcu- lam apenas no decorer das séculos. O mundo redescobre hoje 0 que os gregos i suspeiavam hi mais de dois mil anos ‘que a grandes palavras”provocam “grandes inflicidades"? aque o homem, es coisa “evtanha” entre todas no € que deve sr ultrapassado, mas prservado para comesar contra Si-mesmo; que osobre-humano 0 que masse parece com 0 inumano: que o bem pode se inimigo do melhor que or Gional nem sempre razovel e que a tentgio do absolut, aque gregos denominavar ips, éafonte erernamente novada da inflicdade do homem. A peudéaciatlver ese toma “virade eo ‘para um século que no aceditava poder ccumprir a vocagio do homem senfo ulrapassando os seus li mites e que desejava, sem mais delongas, realizar o reino de Deus na Terra. Entretanto, atualmente redescobrimos que o mundo & contingente eo tur inceeto, que o inteligivel nso 7 Soft Amiga, 1350-4 tii, 3803, “ Pioeee Aunenque pertence a exte mundo ese ele af advém € somente sob a for- sma de algum substiato € altura de nossosesforgos. A prux déncia no é uma vieude herdica, sea entendemas como uma virtude sobre-humana; porém, 38 vezes& preciso coragem, 20 menos aquela do juizo, para prefeiro "bem de homer’, que €0 objeto proprio da prudéncia, 20 que cremos ser 0 Bem cm si, Tver, enfim, essa virtude ainda tenha suas possbili- ddades num tempo que, cansado dos prestiios contrdrios, mas cimplices, do "her6i” eda "bela alma’, procura uma nova arte de viver de onde sejam banidas todas as formas, mesmo as sais sutis, de desmesura e de desprezo.? Para desgnar o que a tadigio latina nomesrépruden- sia pradénci, «que & preciso dstngur da nosio préxima € no entanto muito diferente de stbedria Gapientia, cota), Avintelesemprega a palavra Spsimois. Mas phronéss, em ‘AisGtele, ni significa apenas pradénciae 38 vezes mal se distingue de sophia. As variagoes do senso dessa palavra l- ‘antam um problema, tant filolégico quanto filosfic. Na Primeita Pare prcisremos esses termos: a Segunda Part, necessariamente a mais longa, propord uma imerpretagio da phrontsis 0 setido de pradéncia. ATerceita Parte se esfor- {ar por apresentar ma “Fonte caja descoberta,pensamo Selatecerd a interpregso. Ni € preciso lembrar que ts Erica os chegaram sob 0 nome de Aistieles. a Etice Eude- 7a Dasma, inslemte mie do Despre” (Pindar, 13° Olimpi- e410) aseAcio 15 mia, a Eton Nicomagudia 4 Magna Morals, Estas wis Es as ndo podem ser posas no mesmo plano: cu proprio nic mero c suas interferncias apresentam problems, aver in- soliveis, de cronologia , quanto a ereeira, de autenicidade. ‘Contudo, ao tems tantos textos sobre a prudéncia que pos- amos denat de considet-ios todos” romaremos por base a Erica Nicomaguéia, mas levando em conta as outras duas sempre que eas se esaregam ou, a conti, se afartcr.! ‘Alem disso, ainda que ess extudo sj suficiente por si mes ‘mo, 6 evidente que mantém vinculos com a incerpreagio da ‘Metafsica que propusemos em outro lugae.!? "A pruenci 8 € tata x profs no lio VI a Bice Nicomagucia Gabe as views diane} e num caplo da Magna Moras (I 34).O linea VI da Ec oman um dos livros dit one Bucs Nomaguéee 3 Fa udm, equ 50 tem, pois, “pale” et (oe, oreo ldo, no quer der que ela ignore o canesito aeisadico de pond. "Admitiemosprovisoriament o que ke gu: 2) Bice Budi ex rice Nicomapuia sodas ves de un cuso de Arist wbee = ina primeira send, no conju, mais amiga que a Segunda: Bx eve darauenicidade da Magne Moai prevaece por mit ey po Enetano,watandose de Aste, x cncsin deste ec inutenicidade so muito relator nea obra parece ter so redid por um diipulo ado, sm nenbuma didn et wtlians “not alee muito sigs. de Artes, Porta, podese adm ti com o mais recnt xepets da Magn Mra, que ea & ei Werk Arion minder ice, & Arete. ‘Magna Mora, 958, p46), "Le probe de rece Ariat, Ea rl prolate ard some, Pasi, PUE, 1962. 6 Prenas AUnENQUE Enfim, um outro vineulo, uma divi, devem ser des- de i assinalados: perceber-se-4 que, para além da propria dou trina de Aristéceles, o problema da prudéncia emeve ao fac moso ¢obscuro debate que os Antigos denominavams “sobre 05 possiveis.”® Os miliplos aspectos desse debate, indiso- luvelmente login, sco moral, er como sus essondncas sempteatuais, foram objeto nio apenas de uma recente obra de P-M. Schuh como também de alguns eabalhos que ele dlirige em seu Semingrio de Pesquisas sobre o Peasamento Antigo, dos quis tivemos o privilégio de paicipar duranee anos. Que esses tabalhos, notadamente sobze a nogio de keapés° ndo cenham ainda sido todos publicados nos im em 0 dever particular de dizer aqui o quanto de incitages rns foram feta, quanta relages nos fram sugerias, prin- cipalmente para o segundo capitulo da Segunda Pate de nos- so cstudo. Por essa divida ¢ ainda outs, exprimimos aqui nosso vivo reconhecimento a P-M. Schuhl, que ainda &,ap6s tantos anos, nosso meste,e que de antas formas se encontra 1a origer deste erabalho. Que nos seja permitido igualmen- te agradecer 3 duasinstitulgdes que fcltaram a redagio ea publicagio desta obra: a Fundagio Hardt para o Estado da ‘Antigidade Clssca, em Vandoeuvres (Genebra) © a0 Cen- tuo Nacional da Pesquisa Cienifica (CNRS), em Paris. Besangon, 12 de margo de 1962. obra quae, gum ne Boar phil scent “im somtentonem quam sesh Sourav appelln (Cleo, De ft, ls KIM, Schuh, BoM Le dominate to pol, Pai, PUF, 1960, Ck, tid, "De Pinsane pric” ln: Reowe pibiophiqa, 1962, pon NOTA A TERCEIRA EDICAO Esta tereira edigio foi ampliada em dois Apéndices de extensdo desigual que estudam o destino da phronéie pprudéncia segundo Arstételes. "A phronésinos etdicat: "La phronéss chet les Stokciens” editado nas Aces du VIF Congris (Aix-en-Provence, 1963) de lAssociavion Guillaume Bude, Paris, Les Belles Lettres, 1964, p. 291-2. "A prudéncia em Kant’ “La prudence chez Kant’, publicado na Revwe de Mé- saphysiqueerde moral, 1975, LXXX, p. 156-82, Agradecemos 20s editores por autorizarem a eprodugio desses dois textos PRIMEIRA PARTE O PROBLEMA Mnfauod doo xadapis évretfeodat Sbpivmaee GOK fered (Plato, Fédon, 68 b) Ovntd dpovetv xpi Gunriv dau. (Géocles, 590 Peatson) § 1. 08 rextos Aristces, em diversas passagens de sua obra, fl a0 uso platdnico, emprega a palavra phronésis para design 0s1- ber imutivel do serimutivel, por oposigio 3 opiniio ou sen sagio que mudam conforme seus objetos. Assim no lio M dda Metafica, lembra que foi para salvar um tal saber que Plato admitin a teora ds lias pois, uma vez reconhecido ‘com Herdciro que o sensive est em perpétuo movimento, é preciso admit a existnca de coisas outas que no as sens vei, se quer que hajacincia e sabe de alguma cosa, emo ‘run rts Kai dpcumos.! No De Calo, ele louva os eleatas por teem soos primcicos a descobrir essa verdade: “sem a cxisténcia de narurerasimveisndo se pode ter conhecimen- co ou saber’, yoGo.s fi Gpsrmous 2 Uma férmul andloga en- contrac na isc, onde Arsttelesretoma clarament, Seu modo, desta ver sem se refer a seus predecessores, a tese da incompatibilidade do saber e do movimento: dat retira a con- seqiéncia de que no ¢ por uma génese mas “pelo repouso ¢ pela parad:’, que. entendimento vévera)“conhecee sabe" Enioraotar rai gpovet, e que “é pelo apaziguamento da alma, apds 2 agitagio que he é nacural, que alguém eorna-se supiente e conhecedor", @pivyuov Kai énorhuov.? Enfim, * Mer M4 10786 15. * De Cee I, 1,298 23, 9 Fi NI, 3,2476 1,18. 2 Prenne Avaesaut nos Tipics,Arstxclesrecorre a uma asociaio de palavras logas para lembrar que os exrcicios dialticos so tes ara 0 conhecimento co saber filoséfico", mpi re yiouw al Thy xara gudooagay dpdvnowy.* Nesses quatro texts, ‘Aristteles se serve das palaras Gpove'y e pines, cons: tantemente asociadas a ém.oT fun ou a Twdots, para desig- nar a forma mais alta do saber: a cizncia do imutivel, do su pra-sensfvel, em uma palava,o saber verdadeio, filosfico. Mesmo que Aristételes ndo conceda a esse saber 0 mesmo conceido que Platio, mesmo que, diferentemente de seu mest, credit ser posivel angi no Sei mesmo da fica a cnigéncia demtifica de esabildade, esa que a phronésde- signa, nesses texts de Aristétles, um tipo de saber conforme o ideal platénico de cigncia e que em nada se diferencia do ‘que Arstéeles descreve longamente no comeso da Metas- ‘sob um outro nome, ode soph. A prova é que, para carac- terid-lae mostrar que ela éa cigncia primeica, arquitetOnica, 4 que no rem em vista outta coisa que no a si mesma como seu proprio fim, niohesia em quaifici-la de phronési.® Ora, na Erica Nicomaquéia, a mesma palavia phronésis esigna uma eealidade completamente diferente. Nio se tx ta mais de uma cigncia® mas de uma virude. Esta vieude & porcerto, ma virude diandrica,” mas no interior da dianoia cla nfo é seque a vtcude do que existe de mas clevado, Aris- Vill, 14, 16389. 9 de A, 2, 9824 © hia Ncomapuia (Garvan citads como EN),VI,5, 1406 I 39 7 ayer dunno EN 13, 108s 6. "Aver rs Suvolas: EN, Vie 2 1839 1G era Bandas: Re 1,9, 13682). rains san 23 ttle introdu, com efit, uma subdivisio no inttior da pare racional da alma: por uma destas partes consideramos 2 colsas que ni podem ser diferentes do que #80; pla outra conhecemos as evs contingents, Se esta € denominada por Arisétlescelculaiva Qytovunsv).® ou ainda opinating (Gofarrurn),’ nd supeeenderé que a primeira sj dia cen- ‘ifn (@rwoTHpo11K5).! O mai extanho € que aprons, que apaecia em outro lugar assiilada 3 mais ala das cit ia, no 6 no € aqui uma ciéncia mas nem mesmo € v= tude do que hé de cienrifico na alta racional: a plronéi de- signa, de fir, a virude da pare calealaina ou opinatoa da alma." Outra variagfo nfo menos chocatte: enquanto a ‘phronéssserva para opor. no comego da Meta, o saber desnceresado¢ live, que ndo tem outto fim que as mes mo, sates que, nascidas da necessidade, visa a satin to de uma carci, aplronss da Eice Nicomaguta somente reconhecda nos homens cujo saber éordenado para a busca dos "bens humanos”(psin.va dyad, e por isso sabem reconhecer “o que Ihes é vantsjoso" (rd unde porta Eavrois).! Ent, a phrontss, que era assimilada 4 pia aqui he €contrapost a abedoria die espeito ao necesiri, ignora o que nasce e perce, portato, ¢imutével como 0 EN, VE 2, 1394112. 9 wid, $, 1140626, ° tad, 2, 1139812 ° thi 8, 1140 26. ° Bid 8, 14062157, 114 8, ° tid 7, 149 5. CE lags Mona, 34, LOTS dys otseuuds yp Lon yentocus (EN, VI 13, 1136 20), u Preane seu objeto: a phronds diz respito a0 contingent! € va~ ‘idvel segundo os individuose as circunstincias.” Enquanto a sabedota ¢apresentada, em outro lugar, como uma forma ddesaber que ultrapasa a condigo humana," a phrondsis, grax Gas 40 se carder humano, demasiado humano, agora desce do primeiro nivel: “é absurdo pensar que a prudéncia seja a forma mais elevada do sabe, se éverdade que o homem no Eo que hd de mais excelente no Universo”? Or, ele no 0 & “eaistem, de fat, outros seres muito mais divinos que 0 hhomem, por exemplo, para nos atermos as mais manifestos dentte ces, 8 Corpos dos quas 0 Universo & formado’ Se rconhece nessa concepeo uma vireude que, sendo inclecrual,evoca menos os méitos da contemplagio que os do saber oporcuno e eficaz, neta modesta réplica em escala humana de uma sabedoria mais que humana, © que a tadi- ‘fo latina transmitid a0 Ocidente cristo sob o nome de pra ‘ence, Mas essa raduso tradicional, que teve por ei iso- lar muito precisamente um dos dois sentidos da palara, no deve os ocultaro que teria podido surpreender os ouvintes¢ letores de Arisétles, nem 0 que ainda pode haver de pro- blemtico em empregat a mesma palava,phronéss,em duas acep¢6cs to diferentes, para nio dizer oposas, sem que ne= ‘nhuma explicagio venha justificar a coexisténcia desses dois sencidos ou a passagem de um a outro, Qualquer que tenha SEN, VIL7, 1141024 pd, 5, L427; 6, 11406 36:8, 1141611. ti, 7, (44a CE Me, 2.9820 28, EN, VI, 7, 1141420. Tid, 1a 4, Es “orp” so 08 aro. vena rane 2s sido a indiferenga dos autores antigos com respeitaafixagbes terminolégicas hi poucos exemplos na histria da ilosofia dde uma tal desenvoltura, 20 menos aparente, no manejo de ‘um conceitofilosfico que toca a0 essencial: a natureea do saber humano, a relagbes entre tear e privica, a relagio do hhomem com o mundo ¢ com Deus. § 2. ATESE DEW. JnECER £3 olga moderna qu aber formula um probe sma do qual oscomenadoreangore medica parcem no tee dado cont, pouco co da confonagbs catia en tre textos, Seas contadgies de Artelessuprenderam pouco or coments sa omccera oaimento cena Is hipdsesgenicas de W. anger Arse otra po Gio se coneaint mo memo mamento de top, a trams como sonra deveram ase eco ids como momentos de ua elo Nesa perspec 2 veriages de send de uta ava dam dese ignos de incor pars se orate seman de una ge. se soba condiae,é verdad, quese pon esata uma cera Continvidad nes varias Tas so os pri pis metodo. legos que W. Jager apicaria rlansemene nog de phron em sc grand vn de 1923, Are, A tee de Jager sumo, € epi, Arieles parade nog platnica de pons come se encones Acsenolida speiimente no Fb onde a deg con * CE Pao, fep. VIL, $33 "Nio pense moment de contender sobre ums pubis quando tems guctcs an importantes debater 6 Prorat Avvexque templagio, no em si mesma mas como componente da vida boa ¢ fundamento da acio reta. Fste uso ainda plarSnico corresponderia& fase “teolbgiea” do pensamento de Aristéte- les. A teologia especulativaseprolongaem uma moral “tedno- ‘mica’, segundo a qual Deus, objeto de contemplacio, vale ‘ambém como norma moral absoluta, da mesma forma que, «em Phatio, 0 conhecimenco do intligvel fornecia o princ! pio ea norma da retidio da agio. Encretanto, o abandono da teoria das Idéias por Arstételes provocou um primero abalo no universe moral do platonismo: “a unidade do sere do va- lor desmoronsa, Metafisiea ¢ ica se separam... Eto se com pleta odivércia,pleno de conseqiencias, ene a taz30 tebrica 4 razio privica, que ainda nio estavam dissociadas na phro- néss’ Essa primeira crise se situara, segundo Jaeger, entre 0 Prowrévico ea Esca Eudmia. Mas, se Aristclesrenuncia As dei, no renunciaigualmente& transcendéncia do divino: com relacio a Deus, Aristeeles “permanecers platdnico por toda a vids" 2? O Deus transcendente somente se afista cada vvez mais das preacupagbese da aividade dos homens: “éape- nas na distancia que emerge o plo imével indicando, no horizonte da existincla, a deco Wlkima’* Se na Free Eu- emia, caja moral permanece "tebnomica’, Deus continua «endo 0 principio regulador da acio humana, 0 mesmo no se dé no livro VI da Erica Nicomaguéia. Doravante, Deus esté ‘culo ou mudo, © homem deve contar apenas com as suas 2 Jager, W, Aries Grande einer Gehiche ier Enrwctan, pp 85. Giumos eta obra sopnd a eg ale (1923, nova eg ‘raters: 1953), evrtalmert levando em cant corteoes aco ‘sdb autor 2 edi da radio ingles de R Robinson (148). > iid, 7. 85,1 1 bide, pantina vanre 2 forgas para organiza sua vida terrestres a agio nada mais tem a esperar da ceoria, ico €, da contemplagio:“Arisérelesret- 12da phronésis toda significago tedrica" para ver nela ape- nas uma expécie de senso moral, capaz de orientar a aso amo ao que éimediaamente sl ebom pars o homem, mas sem nenbiuma referéocia & norma tanscendente ‘Com essa reconstiuigo, W. Jaeger nfo tev apenas 0 nétito de ordenar textos espatsos eaparentemente contrad- téris,forneceu uma motivagio, pode-se diner, damdtica a uma das eoris a qual a posteridade no viu sen a simples reagio do “bom senso" ou do “empiri de Arsttlescon- tea 0s “excesos” do ideaismo pltdnico. Jagger poria 0 pro- blema no tnico quadeo onde péde desenvolver suas verd- deias dimensbes: 0 das relagoes entre a reologiae a moral fenutea merafisica ea dic, Suigera que uma dea da prudén- cia devera te suas ries em um aisamento progressivo das preocupaciescoldgias ~ ou, para ser mais exato, na teolo- gia de um Deus longinquo em um divércio ent 0 conbe- éimento metafsico ¢ as notmas imediaeas da acio, ou, mais precisamente, em uma metafisica do divércio € da cisio, Tnfelizmente, Jager fo x manteve& aura de sva pia Jeepretagio, Algumas paginas adiante, werd na teoia nico smaqueica da prudéncia apenas um retomo a0 que Platzo denominaria a "virtue popular” (onuoata dpe) Esque cendo as moxivaies trgics qu, Segundo sus pedpria inte pretagio,ceriam forsado Arintteles a ete retorno, no via ‘mais que ura queda das lcuas em que o diseipulonéo sou- tera se mantet sendo no Proto na Etica Edema, quan do ainda prolongavaa grande tadicio expeculatva do plato Jog Arita, p83. 2 I ibd, p. 280, 2 nismo, © que podera ser entendido como uma flosofia da queda se encontravarestto,conforme a inexpretcio tradi ional, a uma queda da flosofia no empicismo, no “huma- nso", na jusiicasso do oportunismo ou, para retomar a8 palavas que Jager empregard a propésito de Iscrates, da prudénca “pequeno-burgues’. Com is, Jaeger autoriaava ‘0 resumo que Taylor aera de sua interpresagso de Arstéte lesa de “am platénico que perdew a alma’ Hustava, sem 1 saber, a propésito do caso particular de Aristees, 38 pal ‘ras crus de Péguy sobre a evolugt da floroiagroga, "de- sradacio do misica em politic! ‘De fio, ¢ uma visio desse géncro que Jacgeeamplian- do sua pesquisa, desenvolvera alguns anos mais ade, aura artigo sobre a orig eo ciclo do ideal flsofico da vida * Mostraria qc toda ilosofia greg se caracterizava pela s- cilagio entre o ideal de vida concernplatvae ideal de vida politica. Antes de Plato, o primeizo era representado pot Parménides, Anaxdgoras e Ditigoras, 0 segundo pelos sf tas. A va socriica seria um primeira ensio de conciliago, tendendo a funda o ideal peti sobre uma base reflexiva Mas € Plato que prope a verdadeirasintese dos dois ideais, fazendo do conhecimento das [éias, em particular da lia de Bem, o fundamento da propria vida politica. Aristételes, 2 Tylon A. E, "Cra Notion agers Art” In Mind, 1924, pis, 28" Ober Usprang und Keio des pilwophiachen Lebensidel. ‘Steunierihe der preach Akademie der Wiseman, ios. his Kl, 1928, p 390421, Camos exe igo segundo 2 adugio ingles de R. Robinson ("On the Origine and Cyl ofthe Philosophie [del of Life, publics a sequénla do 2*od- demas tadusio de Arie. reine are 2» separando novamente a tora da pritica,dissociando a vida “contemplatva’, relegada 20 plano do ideal longinquo, da via propriamente “ic, inaugura uma “disolugi progres siva™® da sine platonic, dissolugio que seréconsumada na escola peripattica, onde sc asi, segundo o teste tho de Cicero, uma polémica dcisiva entee Teast patidério da vida contemplatva,e Dicearco, parcditio da ida ava. falta de senso terico do Lice sua indiferen- 24 respeito da expeculagio, logo seuida da rejeigio cética de oda teri, daviam vitéria, 20 menos provsiia 2 ideal pritica, Mais tarde, Cicero somente poderdasimilar a ilo sofia grega&substinca da cultura romana “nepligenciando 0 profundo respeito que he inspiravam Platio.e Asistételes¢ Adotando o ideal de vida politica de Diceareo" >? E nesse quadeo geal que W. Jager procede uma nova reconsttugao da evolucio do sentido de phrandsi. Anes de Plaso, a palavra cera cid um sentido essencalmente ico € price. Sdctaes teria sido o primeira Ihe dar uma colos- {80 cerca, fazendo dela uma espécie de incuigio moral faaiche Eich, moral night), vista como wnidade da teo- tia eda pritica. Plato subordina a al pono a pritca 8 tco- tia, a agio ree 4 contemplago das Ideas, que aquece ue © conceit socritco de phronésscomportva ainda 3 referencia 2acio, tomando-asindnimo de cobia, vais ou emo [Aeisbtlesconscrvao sentido “terica” de phronéi no Pro trtsico © na Erica Eudémia: a prova € que Anaxigoras ¢ 2 “On the Origine." p40. Ad 16,3, 310m the Origine." 9. 41 2 Wid, p46. 30 Prone Avan Picdgoras,simbolos tadicionas do ideal contemplativo,s80 itados como exemplostipicos da phronési:>? Ao contro, asistimos na Erica Nicomagutia uma “decomposigio da concepeio platbnica da phronésisem seus elementos orig ‘ais: cla no significa mais do que “a incuigio moral prti- cae doravante td conterido trio ser exclu. A par- tir de entdo é preciso uma outra palavra para designar a contemplagio eo ideal concemplatvo;Aristelesespecializa nese sentido a palavra sophia € assim que, em contradio direta com 0 Prortico ¢ a Erica Eudémia, a qualidade de Spsinuos & reeusada a flésofor como Anaxdgoras ou Tales. [De agora cm diate eles serio ove & Piles, ipo politi co mis atenco 3 agio efiz que & eos, que endo iustart a personagem do phronimes.® Entim, a Magna Moraia, que Jaeger acreditava poder prowar que é inauténtica e que teria nascido no melo aristo- tdico, quando muito sob o excolarcado de Teofast for- neceria um testemunho pés-arstotlico da evolugio do con- ceito.Aseparagio entre phiae phronéss & considerada como coisa adquirida co autor insite, mais do que o proprio Ari- {6tces, na voce pric, até mesmo ulitva, da prudén- tia, em oposigio & expeculago desinerssada qu representa a tabedoria. Ele chega 8 “se expantae que se fga mencdo 2 tabedoria"? onde se tata da morale da pesquisa politica © Panty, fi 11 Wala, p. 4% 5b W (1-68) bre Anadgors€ Pegoras: Bice Badia (doravante cada come EE), I, 121562 (para Anan) cf. 1215b 614; 5, 12168 11-16 0p the Origine." p.437 2 EN, V7, 141 2 (ube Anatrace), 1140 7 (para Pei. "Othe Origine. p 440; Magne Moni, 34, 11978 2630. rnin rat 31 E verdade que, logo depois, restabelece uma telagio de su bordinagio entre aprudéncia ea sabedoria, aquelaestando em religéo a esta como o administrador em rclagio ao senhor: assim como 0 administrador somente se ocupa dos negscios do senhor para lhe proporcionaro dcio correspondente sua ‘vocagio liberal, da mesma formaa prudéncia, regendo as pa tes infriores da alma, cra. 28 condigbes que permitirio a sa- bedoria,liberada de cuidados subaternos, realizar sua obra prépria® Segundo Jaeger, com esta observagio, o autor da ‘Magna Moralia vada fara sendo lembrar a estrta ortodoxia axistorlica contra disipulos demasiado zelosos que, utrapas sando 0 pensamento do meste, teriam chegado a afirmar 0 mado da prudéncia sve a subedoria.® W. Jager eat mesmo poder afrmar que a Magna Moria retomaria um argumenco de Teofrasto contta Dicearco: 0 primeito, sepa- rando a contemplagfo da gio, no renegatia mais do que seu este o ideal contemplativ o undo, por uma interpre- tagio abusiva da dourina desenvolvida ma Evie Nicomague, {eta apenas visto wma sobrevivtncia no eogio do ideal con- templativo, ainda presente em Aristtees,€o teria defini samente dispensado em favor da vida ativa, ‘Assim, a doutrinaaristoclica da prudéncia no repre~ sentria senido um momenco de uma histria mais geral:a da cevolugio do ideal flosfico de vida, que caracerizaria uma ‘pécie de alterndacia entco clogio da vida ativa eo da vida de 6cio, Se, dos pré-socriticos aos sofistas, a curva vai da con templagio ago, Sérates sobretudo Plaio a infletem em diego & vida contemplatva. Plato parecia até mesmo pt Magne Mons, 134, 119869 até0 fin 2 Uma tee dene ger conte sororaias etsdreron Endnet Geez Menon Epica: ¥at ps (132, 8) 2 Prenat AURENQUE fim & concorréncia entte os dois ideas a0 fazer da contem- plagio uma norma. Mas esta sintese € novamente dssociada por Arstéreles. Certamente ele mantém a superioridade, de direco, da vida contemplativa, mas de uma forma eal que doravance cla parece posta para além da condigio humana. aristotelismo dos epigonos nio poderé manter por muito tempo esse ideal demasiado longinguo e se dari por satis o.com as virtudes menos elevadas da vida politica, §.3.A CRITICA A TESE DE W. JAEGER Essa reconsttuigio exige imediatamente,e sob virios aspectos, uma critica, mesmo que se deva reconecer que, como outrasandlisesaristotdlicas de Jaeger, rouxe um novo Jmpulso A pesquisa. Nossas objegdes si0 de trés ordens: concernem 3 histria das ideas, ao estudo das fontes e& pré- priainterpreagio. LA bistvia das ideas Sobre. primero ponto, o esquema que fiz da dout na arstosélica da prudéncia uma rapa rumo ao triunfo, mes- _mo que provisério, do ideal de via politica é pelo menos pa- radoxal. No momento em que a dissolugio da cidade grega se consuma eo cidadio de Atenas, mesmo que se conservert algumas aparéncias, corna-se sidito de um Imnpétio ewjo go- vero ¢ leis nfo sio mais submetidos sur dliberagso, mal se vé como poderia o elogio da vida politica, em Diceatco, por exemplo, ser outra coisa que um tema escolar. De fato, freqlentemente se descreveu as conseqiénciasespiricuais do esaparecimenco da cidade grega em ermos que cantradizem ana ra 3B «a anilise puramente litera de Jeger. Se a unidade da vida privada eda vida pili caracerizava aera clisica da Gré- tia, a ruptura dos quadros da cidade em proveit de conjun- os mais vastos arruina tal unidade. Avstbtels ainda susten ‘ava acoincidéncia entre a virtude do homem pibico ea do hhomem privados entretanto, esta se rorna intl numa so- ciedade que no mais espera do homem privado que partic ‘pe nos negocios publicos. O fildsofo ~ que, na Repiblce de Paci, simbolizava a unidade da tori eda prévca~ se en- ‘contra confinado na teora pura a partir do momento cm que 1 'privia” dea de depender dele, para depender de um se- hor exteno, E o momento em que a liberdade do homem live, que até ento se confundia com o exercicio dos ditcitos cfvicos, se transmut, na falta de algo melhor, em liberdade imerior no qual o ideal de autarquia, que a entéo procu- sara satsfner-se pela mediagio da cidade, nfo reconhece mas ‘outta via senfo a ascese interior geradora da ataraxai no qual a especulagio pura torna-se um refigio e como que © substieuco da uma agio obstruda. Tal armosfera de retracio, © pot, M2 4 Est evolu fo apresentada comm reno de uma Kg interna por. Gomprs (Di Lebensuaung de gricchon Pope nd ts el der ner Fier, Leip 1904) ee menoe medi, por MaxPohlena (Grice Pribet Wan and Werden ce ebesdet Hesddherg 1955: trae Fane, 195) De Festi, ao cont ro, nse no papel determinate deempenhado pele condigSe as pola mesa evolu (Liber cain be fo Gres 1946, Cap. ® Sobve a evoluto da nsto de awa, Festi pct . 109 ss: Epes dws, peas abseragies em Le prime de Peep 500-1 6504, 0 34 Prenne Avaewaut ‘ou, como se dise, de “absragéo™" ¢caractristica das filo- sofas helenisicas. Mas nfo se pode pensar que iso tena acontecido sem eransigdes em relago 3s pretenses unitéias da filosofia precedente, como se fosesuficientetomat a res sureigio do ideal contemplative por conta de uma mistrio sa “aternincia™. Defi, foi possvel mostrar recentemente «que os temas helenisticos estavam jd em germe na filosofia da ‘Anciga Academia." Assim, a lado da manutengéo em prin- cipio das ambigdespoltcas do platonismo, em Espeusipo se cncontra, sobretudo, uma pregacio da impereurbabildade ou, como diz, da alia. Xenécrates € conhecido por ter desen- volvido em sentido puramente especulatvo as doutinas, in dlissoluvelmente eércase prticas do plaronismo, Para nossa grande sorte, conservaram-se dele dois fragmentos concer- ents & phronés. Ele escreveu 0 Mepi Gpovrjveus, onde a palavea devia tro sentido geral de intligéncia, pois a define como a faculdade “capaz de define e de contemplar os se re Mas, segundo um outro fragmento mais explicit, ele dissinguia duas espécies de ineligencia: uma teérice, que Se confundia com a sbedoria, “citncia das causas primeiras € do ser intligivl” e outra prétca*® Uma al distingéo, que consaga a ruptura da teria eda ago, no poderia ser pat6- © Manx K"Difitece dela philaophie dea ature cher Démocitet che pial de Molt (Exe pilsphign, p31) oa M. “Tern rani nelpnir del! endian La Pat de Pate, 1996 p01 3c aba de PM Sb, Rene php 1958, p 3794 podui m Ende planer, p93, oye at apr ri raf. 7 Heine sls, Tp, Viet) “fot ascana eat 3s nica: Xendcrates tera pois romado conscitncia do caréter “anacrOnico” da unidade recentemente afirmada por Plato.” De fato, outros fragmentos nos mostram sua preocupacio, antes de tudo, com a "sade do individuo", com a “cranquil: dade da alma’, com a ‘libertagio dos tormentes",** ou ainda com a aurarquia do sibio:® todos os temas que logo serso caracteristicos do estoicismo edo epicurismo. Com Pélemon, Crancor ¢ Crates, a Academia renunciaré definitivamence a ‘exercet uma fungio atva numa socedade que e tomnara es tana 3 filosofia Seréa época da fuga do mundo, pregada concomitantemente pels pequenas escola Socitieas seri também o comego da literatura de consolagi, como se ve no pseudo-platonico Axio ‘Além do mais, o proprio Arstéees, por todo um as- pecto de sua filosofia, pareciafavorecer uma renovacio do ideal contemplativo. Sabe-se da profunda impressio que a, douinas da teologi astral exerceram sobre 0 jovem Aris téieles, no momento mesmo em que eas encontravam no Epinomis sua mais acabada expresio, Seria interesante, 2 propésito, estudar 0 uso da palava phronéss neste didlog. Descobreseiafaciimente que ela designa a contemplasio, mas uma contemplagio que nfo é mais a norma da agio reta e que de agora em diane satisiz asi mesma a0 desco- 2 seal, M. “Tenia prs na pers.” p. 4245, CE 4 He comenttio dent 425, nr 50 ceva que o autor da Epinoms noe di um ver que aque gu + psi serum sbi ebom ado, que comandarseobedecr com ‘beara e medida em aed” (9763). Mas ne Eur ema pat rico diconl que o Epomi epee ver orig e rapidement, ‘ine endo ttle dives do pola 36 Pronae Avsewaut brie no espeticulo da ondem celeste a fonte de uma eterna fruigio. A phronéscé, desde o prilogo, oposta are da legis- lagio, “sobre a qual jé not exprimimos detalhadamente”™ (973ab). O autor née dissimula que “a coisa mais importante a descobrit”, a que fiz do homem um sibio, nfo fo ainda descoberta. A seqiéncia do dislogo nos ensinard que o bem procurado é uma cigncia e que “nenhum conhecimento que em por objeto 0s negécios humanos merece ostentar esse nome” (974b). A cigncia que se procura, ito é a dnica que torna o homem sibio, seréfinalmente a ciéncia do niimero, cnciadivina da qual o Céu éao mesmo tempo fundamento objeto (9772). Ora, essa ciéncia, que € ao mesmo sempo 0 maior dos bens, no é our quea phronéss, que designa, pois, a forma mais elevada do saber, isto é, a contemplacio astral (977ab). Mais adiante, nfo & somente o homem de contem- plagio que seré dito phronimos, mas os priprios ascros (082be); pois merece esa qualificacio sobretudo "o que sem- pre age seguindo os pr6pris principios, da mesma forma e plas mesmasrazdes; or, tal Ea natureza dos aseos” > Final- mente, & em termos de inicagso e de éxtase que © autor do Epinomis desreverda descoberta progressiva da ordem admi- rivel do Céu, cuja contemplagio permitiré ineligéncia hu- ‘mana participa do Intelecto (bpvnots) divino (986d). Se nos ativermos 20 uso da palavea phronéss, nao ima- sginamos conteaste mais surpreendence entre a incligencia ‘contemplativa do Epénomis, que se vangloria de jamais se ocu- par dos negécis humanos, ea pradénciaatiscaclica. Mas se- ria um equivocolimitar a confrontagio a uma questio de vo- cabulitio e conclui daf uma total aposigio do aristotelismo aos temas da teologia astral. W. Jaeger sti ente 0s que mais 5 9826 CE Schuh, PAM. Le dominos pal, p43. viens rar 7 contribuiram para manifestaro parentesco de inspiragio en tte as obras de juventude de Aristétles, notadamente 0 De Filofia,e 05 temas miticos do Epinomis.® Buscamos mos ‘rar em outro lugar que o tema astral ~despojado, éverda- de, de sus aspectos misicos~ nos foi caracteristicn do jo- vem Avistéeles, como cambém concinuou a animar coda sua teologa, dele recebendo seu sentido. Alem disso, divindade dos astos encontra-e expressamenteinvocada no liveo VI da Erica Nicomagueia, num contesto em que strata de mostrar que a phronéss, doravanteentendida no sentido de prudén- cla, ndo éa forma mais elevada do sabe Isso tenderia a pro- var que a idéia arstoetica de prudence & tio pouco oposta 20 ideal contemplativo da regio astral, mas que este, muito pelo contro, fornece enquadramente e sentido prudén- da, Porque a contemplagio ¢progresivamente projetada para tum outco mundo, que no éa simples duplicasiointligive deste, encontra emprego neste mundo um modo de conkeci- ‘mento menos nobre ese torna virtde uma cert forma de se gular segundo normas claudicantes. Poranto, seria vio opor 0 ideal de vida contemplatvao ideal de vids politica que se confundiris com um pretenso ideal da prudéncia, Mesmo se 08 epigonos 0 tenham entendido asim, o problema jamais foi posto deste modo por Aristtcles: a propria Etc Nio- ‘agucia, como sufcientemente 0 provao liveo X, mo co- nce outeo ideal que o da vida da inclignciae do “écio™ estuioso, que continua a tomar suas nas dos temas difun- didos pl nova eligio astral. Para Astle, a prudéncia oy W.Arittl, Cap. Exctuaes oso do Porte, dado ‘tlc contested son onan vernal) 9 Leprblme dete. Pate I, Cap. LS SEN, VI, 7,114 2048 (cima 9.26 38 Pingus Averwqoe sempre serd um sucedineo, 0 substitu imperivo de uma ‘sbedoria mais que humana Entio, nio se pode explcar como o faz Jaeger a teoria arisrorlica da prudéncia, nem as variagdes dessa teotia, no Gquadro de uma luta entre dois “ideas filossficos de vida’, € da altermincta da vitéria de um ou de outro. Poisem nenhum momento da catreira de Aristételes se pode falar em um ideal da prudéncia, nem mesmo de um primado da vida politica. Do ponto de vista da histria das idéias, Aristteles nem € 0 precursor da moral cvica que mais tarde seré a dos romanos (eda qual Jaeger nos diz que Cicero a teria romado a Dicear- co), nem das morais do voltarse sobre si eda salvacio inte- Fior que serio as da era elenistica. No homem, Aristreles rio opie uma & outta, mas mantém ambas, a vocagio con- templativa ¢ a exigéncia prética. Apenas esta nfo encontra ‘mais naquela seu modelo e seu guia, mas deve procurar em seu prprio nivel uma norma que, encretanto, nao cessa de ser intelectual ou “dianodtica”, A prudéncia representa, desde centio, menos uma dissociagio entre a teoria ¢ a pritia € 2 revanche da pritica sobre a teoria® do que uma ruprura no interior da prépria teoria, Mas esses sdo problemas de inter- 5 Aceworamente, poder sea obj a Jag ques rvanche da price ao €necsarament da polis, Eum ag comm dit dostinat Idec cca Aig Academia ps Kenerats, como do Licea pr Tefrato, afsarse da epeclaao enteano, menos €M po ‘ito d avd pica ue da acve moral Ani, se desconfard ‘tanto da aco coletva ganto da is ges para ni se ocupa endo 1b dic” do parcial ek Herd Patio, 76:9 We main tard, da salvago do indivduo, E pesto entioopor 4 vida con template nfo maim, mas dots de vids tea ida pola € ‘vida propramente mora 0 quae edie cada vez mas aps aioe Arstle a heang da ssbedora soe, nana ae 3” pretacSo interna do aristotelismo, que 0 recurso aos ensina- smentospsicolégicose sociolgicos fornecidos pela histéria das {die nio so suficientes para esclarecer. UL As fomes |W. Jaeger desentranhou, como se viu, uma pretensa cevolugio da douteina da phrosicujas rapa seria: 0 Pro- stico, a Etica Eudémia ca Erica Nicomagueia (coma Mogna ‘Moralie ptolongando a mesma curva, mas para além do ensinamento do proprio Aistteles).O Proto seria, neste ‘como cm outros pontos,o eflexo do platonismo do jovem Aristérces. Poranto,€ 2 parte da significacio plardnica da palavra, eal como ainda se encontra no Promrétice, que W. Jaeger interpreta as doutrinas da Buca Eudémia e da Ec Ni- comagucia, como mais ou menos asstadas do platonismo e, por iss, como mais ou menos recente Esse esquema levan- ta duasséres de problemas: o que vale a reconstituicio do Protrétco€ que se pode conclu quanto & evolugio das con- ‘cepg6es éticas de Aristételes? Convém buscar na nosio pla- sca de phronézisa forte a partir da qual se teva constituido, por reasio, a doutrina aistotdlica da prudéncia? ‘As recomntituigies do Prordico de Arsttcles, quer se teate da de Rose de Walt” ou de Ross, sio quase que inteiramente fundadas no Protrtico do neoplaténico Jim- % Aric. fragments, 1870 (Tome V da edgSo da Academia de Bel) Feubet, 3 1886 > Arist dislegoram fragments, Borers, 1934 Arist frent sa, Oxon, 1955 (Ted ingen em The Werks f Arial Trt into Enh XI, 1952). 40 Prenat Avmexque bio. Desde Bywater, que estd na origem dessas recons- tituigBes.” parecia admivido que Jimblic plagiara largamen- teaobra demesmo nome de Arista pono que no se hesitava em transerie ao Estagivra pasagens mas ou me- nos extensas do il6sofo neoplatbnico Néo exstria nenhu- ma rario que desivesse esse pendor se um estudo recente de Rabinowita" nao rivess vindo nos lembrar as egras da p déncia erica. Eseudando os cinco primeirosFagmentos ea nidos por Rose econservados por Walzer e Ross, Rabinowitz rejeta quase que inteiramente a atribuigio a Ariswételes € pode-se prever que suas coneluséesrelatvas aos outros frag- _mentos no seriam menos negatives. Qualquer que sea 0 ex cess verossimil dessa reacio, ela no deixou de constranger 0s defensores da tse tradicional a reconhecerem que # at buigio a Aristéeles de longosfragmentos do Pronétco de Jamblico no repousa sobre provas, mas apenas sobre ‘con- vergincias de probabilidades’© Mais recentemente, Dring, retomando todos os elementos do debate, mantém a att bbuigéo a Aristeles de uma larga fragio do Protrtico de Famblic.* mas admite que este tenha podido modifica, aqui ou ali, aterminologia eo estilo de seu modelo. 5 Ona Lose Dialogue of Aristo Jural of Pilly, 1869p 58-69. Jag, Ariel, p. 65 8; Mel, P. Bare Peto to Meplatonin, cap. Vis estates, Rome pilpigue, 1956, p. 122 © Arise Prompts nd the Sore of ts Rconaracton,BatkseylLon Angee, 1957, 5, Manson, senha da bra precedents, Rv piophiqu de Low bin, 1958, p. 31620, parcelarment,p 319-20, © Cap. Vp. 4, 5:36, 20; VEX, 9,36, 27-60, 10 Ps (Duin, Anoop. A Adempeat Reon, 191, p. 4 23) enema nace 4 ssa lima considerago hasara para nos coloca em uarda contra uma wiliasio sitemiica dos “ragmentos” do Promdice para ocxtudo da evlugio de um termoaisorlico Entrtanto, mesmo que se admita que Arishtels,escteven- do ainda na armosfera do pensamentopltonico niotvesse Inenhuma rao pata no empregar uma palaven cj uso te ta sido consagrado por seu meste, restatia provat, Sse quer fazer do Promético 0 panto de partida de ums evolugio doutrnal, que Ariscteles tenha querido nos dar, nesta obra, ‘uma dourina da phrondss pois ésomente sab esta condi «que se poderia portal doutrina em paalelo com as das Exca Exdémia e Nicomagucia, Ora naa permite penser que seja asim, Gadamer observa hi muito tempo qu 0 gener Pr trérco enquanto tal excl toda discussio propriamence doutrnal:tratando-s de exortr 0 nio-ilsofo 3 filosofia, seria evidentementeinoporeuno expor a dssensdes dos filé sofos, como teri sido 0 caso se Aristtelestvesedefendido sas prpras posigdes contra as posgcscoerentes da escola platonica. E preciso recanhecer no género Protéico “ine ‘heorctche Amprucslongheit’ ausénca de toda pretension teéria. “Nao se deve procurar ali uma posigao ilosica ‘mas a posigfo da flosfia em geralS” E Gadame cone “um Procetico nio é uma ies, nem mesmo um esbogo de Daring, Lop tp 17 © Segundo Dusig p29), 0 Portia sido escrito em toro de 350. ‘quando Artes ea urn mem atv da Acide 6 "Der aisttelche Propiter und dic entwickunggechichiche Berachtung der ariotlnchen Esk’, Homey, 1928, UX, p. 155. © bid 9145, 2 Punene Avaewaue ‘uma érica. O que mo toma paras responsabilidade do con- cxito nfo deve ser medido pelo metro do conccito” Sobretudo, Gadamer firma uma le geral, que se faria them e-em conta cada ver que seestudaste a pretensa evo lugio de um conceto em Avistteles, segundo & qual Arsté- «eles emprega palaveas correntes em Seu sentido tradicional e axé mesmo se reere a teorias banais, que ndo sio necessaria- ‘mente as suns, toda ver que no ae tata ex profes, Or, 80 resta dvida que a nogio de phronésie nio é endo poderia ser ‘© centro da argumentagio do Proertco.”” Tudo leva acres, pois, supondo-se que Jimblico tenha transcrto exatamente as passagens correspondentes de Aristcees, que este iltimo wilizava a palivia sem pensar em The dar uma significacio thi. p46, Mansion, S. (Contemplation and Action in Aso Prope” I: Arie and Pati he ifort Contry, 1960,» (66,05) comes ponto devia, ganda que o Prodi def BE, 1.8, 1217821, © Le prime de re. epeinente p82 €97 4 acerbas que Astle dige& dostrina plana do Bem e fo recurso complicente aos proverbios ous citagbes de poe- tas gnbmico rgicos, a repo dos quis Aries nao ts aso posuaida quanto Psto de que seam grandes ‘mentirosos”.”” Esse antiplatonismo, destinado a descobrir Imai acere da lonoia na sabedora popular qe na flosofa doses, no podria cncontae melhor ikusrgio do que 4 resilago, por Ariel, do seid vue de proms, injutamente neligenciado pelos plarnicos, De fio, Aris. téeles em todo ovo Vda Ere Ncomagutia toma 0 cic do de fier telerencia aos uso: "0 que, apie tminine, carcino prdente.. Todor pemamor que Pies os que se asemelhany a le sto homens pradentes.. Cans dato que é um bem para cada genera de ser, cis 0 ue 1 stenomina prdense.. Chamaremosprdents até mesmo al tuumas especies de anima, Anaxgoras, Tales outros como tle pasa por sibs, mas ndo por prudenes* 7 Cfo proverb citado com alum raia por Ase na Metpice (42,9833), EN, VI, 5, 1140825, 7, 14a 25.27, 5. No que concern 20 ‘exemplo de Anatigors Tales (20 explo prlelo de Pics pa ree ants se waa aqui de una retatasio de Ate (05 eos ‘Gudosacma, p30): eae ao sobre o usual ¢ pata melhor Subir o que hava deaberane cm ateiemene er dito ex plo ds plitnicos ue Anatigora ca im phon, 0 paso que © fom seo populi tem coda tas ao sear a alifeativo pars homens camo Pais qu, jamais comtemplarar 21a de Ber, to menos suber dsenit “o que ébom pales mesmos para homem em ger (8140 8). Aas da eabiltago do semido popu Lat de prone, operas agu, comma sede, une vrdadci "Tex butago dor homent de Estdo” cons Plato, ot a0 menos cota fam certo platonimo, notadamente odo Gorgias Wier, R. Mage 46 Prenas AumNaut © prsprio Arse, pois, nos indie onde convém procuat Fontes de ssa doutrna da prudénci: as inte nao ‘aera, mas pps nas plains, mas pr-plat- nics, Para o autor da Ece Ncomagudia, ado se passa COO S00 pltnico de pron, ao qual ele proprio als, che- teasscrfiar. no fre masque um acidenenahistria do onccto. Agu, como em outos dominios, xpcialmente of da veirica, da dledia ou da poi, Aste aplica em rexar com a adic coma qual platonimotnha fom pido. Fvidentemente& posi se inrrogar sobre a ealidade Ass pretensio, lembrando que as creas com as quis Art tél aos platonism eto freqientemente prefiguradas em alguns restos do pepo Pato, eq ee, por a onscra mais a heranga de seus predecessors, notdamen tv vofias, do que dein cer. Seria preciso, pois, muanga ea to ness como em outros pontos a oposiiocnte Aries Plato,” Quanco ao problema que nor ocups,poders-in Morais and ariatlche Ei, p 190) viele toma ao ponto devina de Girgasereconhece ums certs rander na gua do poi ‘cj dio devese maeao “pole de vs ques ane ® Sobre o problema geal a lage ent terse rca, Pats sve tes defnde um evi mas promo do atistrcmo do que da Aouttina do Garou da Republie, © Sécates do Men ier que a céncla no pode svi de gun agi poe oie fe etn fe rola spies dstoriun Hyena, 98), que nese dominio "a ret opnio no émeno itil que» nc” (97) equ, por, no € press sesh para govenar ar bade (095). Ns outa exemidade fs catia de Pato, 0 Flee reconhecers que iencia das las 50 rnossoeate quando Se ta de eencontiarocaminho de aa (628) ¢ {ee mum mundo nea, nis impure poder svi de guia Fnirtant, anton Flo quanto no Menon, Plato denomina pre is esta abedria basa ceva da gual moss #inficenca misting rt ” resala todas as passgens onde Pato dé plronirum sen- Sido que, no encanto, do € 0 sentido “platonco", mas que parece anuncaroarisordio,Potém, meso nese coy 4 ‘phrobisplatica no prenuncarias prudence aiotclca Sendo no que ea segue hrm da radio B pois, s- pica (Mion, 97h: em odo © Fico, pron designs a sabeloria (qe ve volts prs outa, cfc. Se: portant, pode amie (ue siden de praca in & a deumaabedorisinlerie cf Fle, $80) mae neers, en presente nos texts de Patio, mb arcs Sioenconnadas er ltr Bora mara netrarumgue Iveta (De nseton I, 38 De nate dea, 15,38) ‘peendarm fg inte De offi 43, 183 aga pare ‘Erme, no enna, que hi uma confi com 1 dfngioeniea de ‘utp: E07 age nao nak deve xl ol6erépw Exes, iL 1 39, 4, SVE I, 262); cm Santo Agostino (ogni eran ‘gpetendarion et fgiendara, Liber 83 Quacionam @ ym. 4: De libre arbi I 13) ete. Sano Tams dad una deiiso con dena de prudénci,imprada em Astle recta ratio aiilixm (Sumo halo, 47,2, sd com) as veeros gue et simplifagao(oustida, enetavo, por EN, Vl, 13, 1H44b 28) € conte iy bode tw elm yerd Abou difats nep 70 Supine yuh apocrine (EN VF, 5, 11406 20) ear ddr pera yU spanrony ne 2 pin Ga axon (bid, 1140 5) Apron ‘amos segunda formula ds primes no que concerne a fur ¥ Stcunon panne» castrute ot Jes essa definigio €apresentads como 0 resultado de um pr ‘cess 40 mesmo tempo indutivo ¢regessvo,Parte-se do uso ‘comm, constat-se que &chamado phronimoso homem c2- par de deliberagio;® lembra-se que 56 se deibera sobre 0 con- Fingente, enquanto a cincia diz tespeito a0 necesiro, por- tanto a prudéncia no éciénca. A prudéncia sera entio arte? No, poisa prudéncia via ago, spats, ea arte produ 440, ToLnats, logo, a prudéncia nao é ate. Se, pois, a pru- encia nao € nem ciéncia nem are, rest (et nera.) que seja ‘uma diposigo (0 que a distingue da eiéncia)pratca (0 que a dlisingue da art). Mas isso provaria, no maximo, que ela € ‘uma virmde. Para distinguila de outasvirtudes, em particu- lar das viraudes moras, preciso acrescentar outa diferenga ‘expecta: enquanto a vitude moral é uma disposigio (prst- ca) que conceine & escolha (npouipe ron), a prudéncia tua disposigio pritica que concerne rena da escolha, Nao se trata da retidio da ago, mas da cortegio do criti, 12250, pela qual a prudéacia ¢ uma dsposigio pritica acompanhada de repr verdana. Mas esa definigio € ainda ampla demais, pois podeiaseraplicada a qualquer vittude intelectual se dis ‘inguied, entdo, a prudéncia dessa outravireude incleccual, {odo epee dif. Ape hegs 2 cong ih por dns km din, a definige de ate om 140221: ZEiz ne werd 36)00 Santos norueth mesmo que sc admita qua dh de 1140b 5 pode 1 dever sum nghgnca do priprio Atle, es cao que 0 Diyos pode igor, ser dito dfs, ado a Ets CF nese serio, Dini, Tico em sentido cots, Bywater, Ros, Cait EN, VI, 5, 1408.24 > Bid, 11408 31 * Chea dfnigsodevitade (EN, I, 6, 11065 36) que amos aire oo a Prenss Aviewaur que Ga sabedoria, recsandorhe 0 dominio, que nfo 0 Bem ‘co Malem geal, ou 0 Bern €o Mal absolutes, mas. bem € smal para o homem.” Padertamos reconhecer nese process, que procede _menos por dererminasiespostvas que por excliso progres: siva do que a pradéncia no é, uma aplicago do clebre mé- todo platdnico da dvi. FIs duasstieudesfundamencais do hhomem:o caber, que diz espeito a0 necesito, fer que «em tlagio com 0 contingente. No dominio do fazer na sen- ‘ido amplo (para o qual no existe, alis,palavra em grego) hi duas espécies de dsposiao: pric ow poitica. A disposi ‘io pritica conceme 3 intengio om & regta da escolha, caja forma € ou Bem absolueo ow o bem humano. Por sucess- vas eliminagées,chega-e 3 dfinigdo procurada que, em sua Tormulaga, obedece a0 esquema cisico da divisio do géne- ro em espécies através da diferengaespctia ‘Mas isso € apenas apacate, pois Arsétles no parte, com efit, do genero para descer, por suesivas divisbes, 30 {que quer defini. Seu ponto de partids mio é uma ena, da Gual convém analsat as possvcs determinagées, mas um nome ~ pbronimas ~ que designa um certo ipo de homem {que todos subernos ecconhecer, que podemos distinguir de petsonagens aparenadasc, no entano, diferentes, edo qual Shistria,alenda ea tezatura nos fornecem modelos, Todos Conhecem 0 phronimor, mesmo que ninguém saa definic ‘phronés,Disinguinda phronésis da ciéncia, da arte, da vit- tude moral eda sabedoria, ofildsofo no fai sendo delimitar cientfcamente uma unidade semantea tal como The € dada Resunimos aque dexnvlvimenta que lea defi de prude (EN Vi, 5, 1140526 6, an qual preciso ceseentar as inh 7, «queso ums expicagto do que precede) SEGUNDA PARTE = exntTUtG 8 pela linguagem, expressio da experiéncia moral popular Compreendese eno, que a busca da definigio de prudén- ciaseinie por esa fase: “A melhor forma de compreender fo que é a prudéncia é considerar quais sio os homens que chamamos prudent A existéncla do prudene tal como & stestada pela linguagem dos homens, precede a determina- (fo da esséncia da prudéncia Esse modo de proceder poderia parecer um procedi- ‘mento banal de pesquisa ou, em todo caso, de exposigi, foscetclativamenteisolado na histéria da especulago sobre as vireuds. Se nos reportarmos clasiicagio platdnica das virtudes, 5 mesmas que se tornatio, a partir de Santo Am- brésio, as vieudes cardia? perceberemos que tal casifia- o repousa, tanto quanto a definiio de cada uma das vir SBN, VI. 4, 11408 24, ° om eto, a tera das qua vitae (belo ou précis corse, emperang) mugs or Pati ver ota seu) 56 {Storm clea om sein ainda que presente no rere 52, 62,2658 p. Gb 9 Rove, ems pats aga da Plt, VI 11325227, B33-36e 15, 1334422, ignorada nas Piss de Ai titles a que Pato chama indieentementevobia ov mas Le dunes, eae deigna uber, sto conbecimento do inl ‘elo estos subi por ones que, cnforme a0 sentido po pled pales, dvgna uma sieae intel orcad ili mente pra a a0 [os esticos, que eanomizam o mundo itl ‘poram evdenementeo eonceio patinico de gobia). Cleo que part irdanradponrs et, recom pales prenti(conte ‘fo de proven, qu evoea da de pcideni, de saber ei) € inline do De af de Cicer que Santo Ames (De fis mirror, 124,115) e aad dle, oda Kade Média ina, soma ‘Tse dae que vues cis (que Santo Ambrésiochama vrs principle. os Prurne Avenue des, sobre uma dvisio préva das partes da alma, Aalma com- preende és pares: apetiiva unre), atv Bouin) «racional (loytxiv), cortespondendo a cada uma dels ts virtudes, a temperanca (ouépootvn), a coragem (dvBpeta) € a subedoria (0094 ou dpdimats),respecivamente, sendo Aaquara vireude,ajustiga (Guxaxoo%un), responsive pla b :monia do conjunco.! Quanto aos estdicos, ao menos aque les que nfo afirmario, com Ariston, a unidade absolura da vireude,reterio a mesma clasificagio das quatro vrtudesfun- damentais~com a diferenga que substturdo defniivamen- te ootia por dpimnas ~ fundando-, agora, na divsto de seus objetos: a prudéncia dia respeito aos aos a serem prati- "6 fap 1V,4394 of iil 4274s Ranga, LG Lis 1,63 Cape nao ikimo tet fala de Spiros, enquanto os outros fla de ‘0%, Sobre a orge dena lists que remontara 2 scl VI (es to que mio postamos invocar Pindato, Memeis, 3, 72-75), ch Sedat, E Dir Ek der Gree. Seg, 1951, p. 323, " Maids, Plotno retomats, sob nome de "vad poles ali tadasquitiovinudes, Rndando-s na divs patnia das pastes da alma mas chum ions avirude do hoy Giver. (02, 1)- Al ‘dso, tesla influnia de Aes, sino ditingu pens ‘oobi, + primeis ead subordiad segunda que sendo mais fet he forece 3 repr (0, 3, 6). Na tai latina, spins (rena ern frquentementeconiandidase empregadas uma em yar da cra nals das vires (us bom exemplo des confaso € fornesid por Sato Amuso, Dr afi, 2, sem dn fzendo co inca pment da radio exttica com a apieie da rads Tainas ds Biba). Apeas Cicero seeing por ding prude, uae rerum xen finder ets, Spin, ais Tic, que €rronaitaran et Famamaram seta (De efi 43, 153) neprand-ae, sem duvide, em teats de Posdinio ede Pang (€ ambem Piatto, Da rade ec, 483-4440) Maso eb pro Cicero nso seam ata dni (abd, 5,156) seGUNDA rane + eattruto t 63 cados, a coragem, is coisas a suportar, a remperanga diz es- pitos coisas desis, a justga, is coisas a distribu. Nos dois casos, quer se tate de uma casificacio subjetiva ou ob jetiva, a teoria das virwides, partindo de uma roaldade div- Aida em suas aticulages natura, visa 3 exausto, ao sistema. ‘Ao conttrio, 0 cariternio sistematico da descrigio aristotlica das vietades foi freqientemente sublinhado, seja para deplori-lo, sea para saudi-lo. A Aristéeles sats, ‘como jo teria Feito em outro dominio a prop6sito da lista das categoras, uma enumeragio empirca, provavelmence de ‘origem popular a qual fa referencia a uma série de perso- tagens crgidas em tips pela inguagem comum. F pea des crigio dsses tipos, ou sea, de uma galeria de retratos, que se desenvolve a andlise aristotdica das virtues éicas nos liveos Mle IV da Friea Niomagucia. Alguns deses reeatosatin- gem uma perfeigio litera eal que contribuiram para acen- "SVE I, 262-2651, 20 "CEL. Robin, que exrve x epic dae vies cs “nk podemos dear de nos surpeender quando consstamen + pouca precip ‘fo de Arsilevem claife ls om rigor ened prinpion que ‘eran cts into &em tli panera? Arie, 235) Robin pretend ls spiral lacua (também, ese se Tid, uma tentativa sitrdica em Hicker, Das Emelangs~ and Anontungprincp dor malice Tagen in der Nikomatscon iit, Bs, 1863). “arises o mol iniguale daca descr, apenas eudou as virtue uae ap uta e ua ode arate Fowa pore dominio das vines éimpeevaeesiteraizive” (0. Ballo Uo and Wade der Tagen p27) CT, no smo sentido, Niels Hanmann, Ei "SEN, M7, 1107s 26-1085 10; EE, U3, 12208 38-122069, 66 Prunne Avarwque tuar o carder pico: €0 caso da cAlebre dscrigso do magnd- rma, onde alguns quisram vero recratoidelizado" ou, 20 Conttiri,caricatural” do homem grego, ot mesmo 0 auto recrato de Aristéels, no minimo de seu eu ideal* Razao pela qual, Aristéees&, 30 menos, eto 0 inciador de um incr iter, o dos Caactes,o qual sersisteado po eu AicipuloTeofaso ou, como se querer, o primeito repre- Sentante de uma éica "fenomenoldgis”e desciiva, quanto 6 fundor de um sistema defilosoia moral ‘Mas, com a devida atenglo, percebe-se que na descr- io das vires cas dos ivtos TIT e TV da Erica Nicoma- ‘puta, 0 procedimento do “retato” nio € uiizado por si ‘smo, mas como va de aces & determinacio da eséncia da vitae considerada, Alem disso, em geal Aristtles co- tnega sua exposgio por um esboco de definigfo da virtude cstudada, Asim, capitulo sobre aliberaldade comesa por estas palavas "esa vireude parece sero justo meio nos neg Cios que envolvem dinhcizo™,” 0 que evocao carter genti- coda vinude, eterminado pea diferene expeifica que cons- fina a rclago particular num certo dominio da atividade humana, Na verdade, Aristétles nio se dem por muito tempo nese plan lgico da definigfo da estnca a justi- cat rapidamente, no por uma casicalo a prior dos domi- 2 Cf, Jag, W. "De Grongesnnt, Aus dct Nikomachizchen Ee der “Assos EN, 17-9) Die Ante 1931, Vil 97-108: Cather ROA Mavaninit Lida de le ander dal polonphe pinned Lethe cnn, p35. "Burne Jacki, em seus Comentiis (da) "Allen, onl compl derbi, 9.36. PEN IM 1 19822 ¥ SHGUNDA rare cantTUte | o nios da atvidade humana, mas pelo recurso & descrigio, 20 mesmo tempo fenomenoldgica € axil6gica, do homens i- bral dos julgaments de valor a seu tespeit: "o homer liberal nio é objeto de nost0s logios em relagio aos traba- thos da guerra, nem no dominio em que se distingue 0 ho- ‘mem moderado, tampouco quand esto envolvidas quests, relativas 4 justiga, mas no fro de dare reeber dinheiro” Encontramos aqui, como no caso da prudéncia, um certo inérodo das variagbeseidécicas que permite determinar em- Piricamente o conteido de um nico semintico que s6apa- rentemente fi posto como uma definigio a prion Este mé- todo, que € induiv, se quisermos, embora precsando que 0 ponto de parca nfo ¢ um dado da experigncia, mas um uso lingitstico ~ considerado ele mesmo, € verdade, como umm ‘modo de manifestaco das prdpras coisas”, € habitual em. ‘Aistdteles quando se trata de definirvieudes ou aecqbes ‘A weoria desse metodo aparece numa passagem dos Segundos “Anatiticos, onde ele roma precisamence 0 exemplo da vide dda magnanimidade: “se procuramos a eséncia da magnani- rmidade, preciso focar nossa atengio sobre alguns homens magnanimos, que reconhecemos como tis, ¢ considerar uals elementos todos cles tm em comum: por exemplo, se Alcibiades, Aquiles ou Ajax eram ‘magninimos, deveros nos EN, 1Y(1, 1119 25 (no origina facts, ad} Teo, Beancersico que Atte designe pel mesma para uusnevo tanto or eycyera quanto os ford bneragao, CE, Owen, GE. L "Tuo ro auesyerIsArae ee probleme de de, Aces slut Symposium Auoteu, Lowen, 1961, p. 83-103, % CE, sone a defini da ee, Liv Ilda Rete no ato "Sues deiniionarstotlcienne de a cole”, Ree poeple, 1947, p. 300-1 oe Prana Auenque perguntar que elemento &comum a todos cles Pode acon- teat, ald dis, prossgue Avsttles, que um outo grupo dde homens ditos“magninimos, tis como Lisandeo 04 S6- ‘rates, nada tenham er comu com os primeios: se prec Sento, dsinguir dua expécis ou, para set mas eat, dois jfocros de magnanimidade. Este texto pe em evdencia, 20 ‘eso tempo, o mecaismn dessa indugio semanticae Seas limites: pode see que as palaeas sejam arbguase que o ils- sofa sea evado a ze dstingSes (como entre a intolerincia dde Aquiles © impasibilidade de Sdcrtes) que ecapam 0 vulgo. Mas, se 0 sof julgaalinguagem, 2corigee,even- tualmente a complements” & porgue ele em outasfontes de investgugio ¢ outoscrtéris dados pela aproximacio rmaisimediaa, mais esencial da propria cosa O metodo dos tiporé finalmene, apenas um substiatoimperfeiro l onde a esncia ndo pode sr atingida pelo método lgico da divi- So do género segundo suas diferenas. De fo, os dois m todos, 0 apriorsica eo indutvo, geralmente so utizados conjuntamente 0 segundo verificando e guiando a intuigdes, do primeiro, que so necesariamenealeatria em suas oco- rencias a auséncia de um conhecimento exaustivo da tots lidade dvtnguir o dominio indefinido da agio humana No cao da definigio de prudéncia,Arsttleschega recorcera uma dvisio subjetva das parts a ala, segundo «© excmplo platen: a prudéncia€ a virude da parte cal- ® Se Anal 1, 13,976 15 2 HA vieadesevcos que Arstles mencion a ule de presspos be teins de in anis (a veoia do justo mao, a ql implica « {End er um virtue dois vcs sete) equ ne tom ene ‘snore (nies) lingua orene (EN, 7-EE. Il, 3, 12200 38 tata 12) - SEGUNDA raRTe + eantrULO Y 6 culativa da ala intelectual> Também distingue a prudén- verdad" ature," ben! ¥ SEGUNDA Pann = exntTULO 8 aurea eda Verdae, Petmanccemos na perspective de uma mom teonmics, onde ineligis!€iniea Norma ¢ onde 2 nutoridade do phroninor invoead apenas por auilo que Fepresenty no por aguilo que ele & 0 phronimar mete 4 dima proms ranacendente:¢Figaa, como expressmente se dite, "o representanteereno da dé’ No entnto, quando nio hi mais 1,0 phronior se enontra euro apenas is sas Forgas ucarente 8 experiencia. Na Face Necomaguia, 0 fulgamen €co nio seri mis comparado ao stber do goimetra mas 20 engenho ‘nar esa expensdesignam, dum modo ou de outro, vino ( ‘iow ad i qu ow mp sf, 13 We 35, 23 027 Piel). Tso pst, contentaro carder "materi" de um ta ber é scan Alivio Dating "Asso in the Prempia” In: Aatowe dAre, A197), pow nio srt menos “exata", mesmo ques contest legit amen cutdi de sue apaspes(Monan, "La connaissance ‘oral dan le Prerpiqued asx”. In: Revue Plague de Lew ‘en 1960, p 185-219) Enns quis ver ma tea do saeco moa (pinion, prowstor et). egde em nena absolua e autonoma uma conante do pensmeno de Arsttles (1. Ding, artigo ct 4), Prd, press observa que rama id plate (eof pel do isc na Rp xcs pie, 5823: do police no Flite, 50% ees do grande homer” do home eminent” da "melhor alma nt Le, 659s, 7304, 732, 980 9646, e stents ctades por TE Diner nf Nic, p. 299) spresentada ambi por Aristees ox Tp como “ag comam” (Te Hl 1, 1162 148: € pe Fev ques thao homem pradentdpiyoz, ous bomen lo ‘ovo, dats, ow ox homens exelenes, oro. em cada mec dade) Mas, atavés du consti das mule, tmpora dice at junifaias dda peur, a ad por qu pronase ape tenta come norma: nb ee pont, xevlugi do platoniem a ar tovclsme «do Princ Eite Memagnca€ neg > Wale, Re Magne Moral. p 236. 4 Prsnae AUMiNavE do carpinscro,® ¢a exaido matemstca Ihe sri expresa- mente recusada em proveto da aproximagio, sem divida es candalosa para um pltbnieo, com a reériea*! Desse modo, seria inseutivo paca nosso propesito, mesmo que Aristtces fo pronuncie expressamente ase respeito 0 nome do phre- rnimos, compara as passagens nas quis Platio e Arstrcles, tum depois do outro, denunciam a generalidade inumana da lei, ignorance dos casos pariculares,e declaram prefere essa Lei viva personalzada que e encatna em Plato, no perso- rnagem do Rei, em Aristtles, no Equanime, A letra das f6r- ‘malas € a mesma"? em ambos os flofos, mas o espicto & ‘posto, Patéo opde lei cicia: a lei € comparada a0 ho- rem seguro de si mas ignaro:** a lei é alibi da ignorincia, ‘1, a0 menos, o subsituro de um saber momentancamente indisponivel, al eomo ocotre quando 0 médico viajae deisa prescriges esritas." Conerariamente, 0 chefe é 0 que nao necesita deli "porque pe sua propria cincia como lei" sua disponibilidade infiniea a respeito dos casos partculares VENI, 71098426. Cf, Joes, Arita p 87-0 Pri, com to, jisecomparve x norma mor og do apis par eniat 2 exci" de un ate (13 W, 54, 24) embora ania die tise daquela da Bice, Aliso exemple crpntiro devia er anal (fo et supra cade: Tip 1 6 EN 1 1, 10946 11-97 13, 110252366 I, 7, 1107829. © Compara Pla, Pali, 94h e EN, VL, 113762, que dena am o cake alt Gm, dn) dali, or oponsan4“dver Sida das homens e as aes (Plato) ¢ fini dos eos da ‘ple (Arts) Camb Arts, Poin, I 15, 12869. © Patio, Pati, 294 Md tid, 295 °° iy ségone wo ropexsneios (Plc, 2979 sects rare + cantrune 1 "5 manifestaafecundidade de seu saber. Ao conteitio, para Aris- tételes, a cigncia ea lei pactham o privilégio, mas também 0 inconveniente, de visar o gral. Nese caso, tudo 0 que Aris- tételes pode dizer contta a lei vale eambém, ¢ pelas mesmas raaGes, paraaciéncia, a0 menos desde que se erate de aplicar proposigées da cigncia, que sio gers, is circunstincias da que so singulares. Ou ante, ale, que faz 0 que pode, iio é mais condenivel que a ciéncia, que nio pode se consti- tir senio fazendo abstragio dos casos particulares. Enquan to Platio ni parece tet posto em diva que um saber sui cientemente transcendente poderia abranger a torlidade dos casos particulars, Arstételes nunca espera poder dedurir 0 particular do universal: “a fala, nos diz ele, ndo esti ma lei rem 10 legislador, mas na nacuresa da coisa, €v 74 Girer od npdyuaros". Onde Platio via uma fraquera psicol gica devido a ignorincia dos homens, Aristteles reconhece, como faz habitualmente, um obsticulo ontoldgico, um hia- to que afta a propria reaidade e que nenhuma ciéncia po- derd superar. Aristételesndo recorte2o sibio, menos ainda a um supersibio, para cori as Fraquezasinevcéves da le Enquanto, para Paci, a ciéncia devera, de dieito, defini tudo na medida em que cla seria a perfeta determinasao,, Arisételes retra da mesma siuagio a conseqiénca inversa sea indeterminagio ¢ oncoligica, a lei sé pode dependr de uma regra, ela propria, indeterminada, rod yap copiorov dpuoros waif xaviy €or." tal como a régua de chum bo de Lesbos, cujainexatdio permite adaprar-se adequada- mente aos contosnos da pera. O chef plasnico se dispen- SEN, Vs 14, 1137617 © tad, 1137623. 16 Piense Avsewque sava da lei porque carregava em si mesmo a ctncia de uma ‘ordem mais alta que tod lee distibufa em torno desi uma justiga perfeta penetrada de ranio ede cignca’,** expressio de uma ordem matemitica.? Para Aristétees, 0 contrtio, a justga abscrara,cieniia, via sua sore ligada a dale: € pois, 2 justga mesma que necesita ser coreigida pla vireude da egtidade. Se para Platz ali era um substicuto da infs- Iibilidade da céncia, para Aristteles, a equidade é um. core- tivo da flibildade da le, Enfim, o chefe, segundo Platio, teria 05 olhos fxos na Idéia de Ber,” tl como o piloto do navio “Fira sua atengfo no bem da embarcagioe daqueles que 7. Mas sobre o que o homem equanime fixaria rela esto ‘seus olhos, numa stuagao de colapso ou, 20 menos, de exo dda Norma transoendente? Percebe-se 0 paralelismo dessa problemdtica com a da prudéncia, ou antes, 0 encavalamento de ambas: se a pru- déncia €a vireude intelectual que permite a cada ver definira norms, @ equinime devers possuir no mais alto grau a vie tude da prudéncia pars aplici-la em seu dominio préprio, 0 da distribuigio dos bens e, mais geralmente, das relagies entre os homens. De uma forma geval, a vireude moral con- siste, como vimos, em aplicar a regra determinada pelo ho- mem prudence: "a revo das virrudes morais depende da © T3perd vb al res Seonirarv (Pal 29788) © Ch Gig 508 © EN, 4, 1376 12. 5 Ametors do plo que gia seu camino pane dar elder i ‘loi, aparece no Parte, fe 13 W, 55,27 P (daa x aproximaso exe com 0 Plc, no verona neesidad d conjecture Vit qe cnrige yd em Spe), ful, 29662978 ¥ SEGUNDA rane + exptTUte | 7 prudéncia’> Mas, do que dependea rtd do julgemento do prudente? A esa questi, Aristétles parece dar 38 vezes uma resposta bem inquietant: 0 prudente,sendo o exeério limo € seu proprio citétio, Enquanco a sabedoria, tal como foi concebida desde Plato, € 0 refexo de uma ordem trans- cendente na alma do sibio, qual permive media, a pr déncia, nio tendo essénca em rela a qual ¢ define, m0 pode sno se remeter3exstencia do prudente como funda mento de todo valor: Nio é mais homem de bem que rem 105 olhosfixos nas ldéias, somos nés que fixamos os olhos no hhomem de bem. Sobre esse ponto, Aristteles parece retornar, para além. do inclecuaismo de Sécracese de Platio, a algum idea ar «zico do her, 0 qual se impde menos por seu saber do que por suas fianhas ou, simplesmente, seu “elo”. Em Arstte- les, mio € casual que a personagem que serve de eritério sein frequentemente designada pelo voesbulo arov8aios. A pa- lavraevoca incialmentea idea de zelo, de ardor no combate, « posteriormente simplesmente aidéia de atvidade sia: 0 spoudios &0 homem que inspira confanga por seus raba- thos, aguele com quem nos sentimos em seguranga, aquele que eleva a sério. Embora esas determinagoes tenham peo- gressvamente se interiorizado ¢ que Arisétles, vomando-o como exemplo, pense menos naforca do ipoudatose mais na qualidade de seu julgamento,* ainda rsta que o valor do EN, X, 8, 1178518 0 ideal do spoudeioy seri igualmenteinterorsdo, mas em serio posto, pel aig cine eet, a gins net sobre 08 ‘lores do sora ds tro, dave, do mete des é nese eto “Voluntarisa” que mao valreados especialmente or "abulhor” de Hercules, simbolo a lta conta or iimigos interne que 0 4 * Prenat Auwexgue spouéaios 020 & medido por qualquer Valor transcendente tnas ele proprio ¢a medida do valor. Proporemos, 8m, cham-loo euler. A personagem aparece dxempenhando 0 papel de eitério ede Fundamento da medida dese opr. met iv da Eric Micomuagun, Ariss acabara de 0s tear qu vida de vires confunde, bem compreendda, com a vida de prac. Como se ox arguments eerics que acahara de propor (ato vide como os prnercs vera dro so atvdades que mse fimem si mesos) parece sem muito diffeisao audio, cle apresenta uma confrmagio ad hominens “ss gc vronas so bas ¢ Boas, €0 #80 10 mais alo ga, se €verdade que o valooso& hom juz nessa matérias, elmep Kahig xpiver tepi abtév 6 otovbains”.°> Porém, se AristSeesrecoee a0 pondaio apenas para con- pase, CE Epic, no retato qe fa do Cinco, Canora, 22, Sf 6 36 16,44 IN 1, 127, Sobre cs forma de econ ‘aug do ideal arctic, of Wilamowit-Milendr, Epi’ Ble ables. Der Heras dr Sage, p.V-L0T, cm spel, p.A13, 1023, Jeger, W. Padi, p. 106 © nos inrodugn aoe “Enretin” de Epictto cm E.Brhie Lr Sen, blade por PM. Schuh, Poe 5 1962, p. 80S SEN, 9, 10998 22. A maior parte dos raduores espe sus vamenteo sentido ds pale 30 tradi omostaos por “ho rem vio” (Tricot) “homem de bem” (Vai, " vraoa (Gauthier), the go man" Res) Ao conte, Dancer her ‘geeaesonincia "hers da expresso tradusindoa por “rele de Reprise een Leben eta ads fo prepara oral ‘da ates, de gideohor (109% 13) por "rand dr Eden ta ‘bm pes comparaio feta plo pripriorsstls do homem vrueun ‘com 0 vencedor dr Jogos Olimpins (10991 3-70. Gigon tar mls sobiamente por ‘er Ble" De forma gras tad ds ing lems, sob influtncia de Wilumowite ey mais remotamente, de ' secuNDn rane + cantrute t ” fiemar uma argumentagiojé persuasiva por si mesma, rd prio spoudaior¢inwocado en outtoslugates como tnico cri trio, Arstteles se pergunta, por exemplo no Livro II, se 0 ‘objeto da vontade Boshne.s) €um bem real (neste caso tudo ‘0 que é desciado € bom, desaparecendo, entio, 0 mal) ou se € um bem aparente (caso no qual o bem & aquilo que parece bom a cada um, nio havendo, entio, bem absolute). Ees- ponde com uma airmagio espantosa: o bem real éaquele ue aparece como tal A vontade do homem valoroso; nele, ‘baivsnevoy dyaseu e dya8iv dmAds coincide: o que, de resto, sempre permicedistinguir a vedade e a aparéncia & pois, a decisio do spoudais, cuja vontade & menos iluminada (pois, por quem cla o seria?) do que iluminadora: “pois o va- loroso julga cada coisa corretamente e, em cada coisa, 60 vet dadeiro que Ihe aparece..; sem divide o valoroso se distin gue principalmente porque quet 0 verdadero cm sodas as coisas, como se fosse niso a regra ea medida’, Gonep kaviov ‘Ncrache mai incinads sulin rig aistoctias d mo fal gpa cat above de deca mara sia (fem Pes ob supra ada de Wimowit, todo exero das pigs (59-43) sobre. "driche Wetanchauang™ decorente da pura paradigmatic de Heels “Die Holla prices dem dro "Mann ar fr ise das agen en hein Menace aur ‘sondern nar Kec nd Becher Ao pic ies‘ bi gut eboren on en ithe Semen eniprnn. Wenn da dih nicht Fico, dr Sieg deem Bel Make and Are wind dein Len deh Bicdiciyen Mans and Ee, bt de grborn. "Ei Vl, td dine len erent genic nd agenda ‘Wiamowiteacrescentara verdad: Sine Kraft wird er inline don Dien de lemenen den Dirt eer Gest nd de Reh) Ci inden, 2 obra possums de Ed, Schwa, Grebe i Swag, 1951, epeiiment,p. A166 a0 Progne Avssxqve ical nérpov dv.5 Se esas palaveasfazem recordar a famosa formula de Procégoras sobre o homem medida de todas as ois, o contexto mostra que cas tém um significado com- pletamente diferente, Arisétles nfo cede nenhum lugar 20 relatvismo, o qual, 20 contririo, quer supera. O que quer dizer € que nem todos os homens tém o mesmo valor, ¢ ue se mio hi mais, como para Plato, uma Medd tanscenden- te que permitiajulgi-los,” so os homens de valor que sio jutzes do proprio valor Aritéeles est tio consciente da arbtraiedade dessa posigio que sugere no mesmo texto um “criti, embora seja necessariamente imanente: 0 da sa de, Assim como € preciso distinguit entre a sensagio do ho- ‘mem saudvel, que julga amargo,o amargo, doce, o doce, ceado enfermo, que se precipita em diego ao que lhe é noc +o, do mesmo modo € preciso dstnguir ene o homer valo- roso 0 homem de ma qualidade (badAos).” encreo homem, EN, 6 1113829 © Bo que Mats ope a Protgnras Tete, 1528, 1604; Lei, 716. Nietzsche, como um bom conheslor da Amigtidae, not bem & ‘orgem atistocrt” dos conectos moni nite o reo da ru. presen versus ene ago no "pesos" Antler: For ntsc ‘bon’ cles prpriog ito 6 nbtes,poderos maa mente stuador de altos sentiments, que seniram pura a mesos eau pri fcr comm bons ou de pris order, Po oposiio a ead que infer, deste inlriores comm 2 pebea. Dee ptr de dice €guetomaram pass dro de tae alors, de cana omer de valor” (Gti de lr mire rignal func eadasso de H. Albert, p. Sct; bie oF peg 1-37) (Agu repodunn radio de RR Tres Fhe: Nctache, (ina: comple A Grae da Moral Co. “Os Pesadore. Sio Palo, Abi, 1974 307], 8° BN 6, 1113025 Seana pane» cartruto t 81 consumado® c 0 inferior, entre © homem servil eo homem livreS' Ariseételes procurou substituir 0 relaivismo huma- nista de Protégoras ¢ o absolutismo platdnico do Bem por tum novo absolusismo que hoje, no entanco, nos parece bem. relativo: 0 que recorte a0 critério da superioridade fisica do hhomem “saudével” ou socal do homer “live (Os demais textos sobre ospoudaios vio no mesmo sen tido e seria vio citi-os todos. Mencionaremos apenas que, na Erica Nicomaguéia, o spuds intervém em muitas pas. sagens no que x poderiachamat a problemética do enierio® ‘¢ que a comparacio entre 0 valoroso ¢ 0 saudével é, ainda ‘uma ver, invocads para justificar a afirmagio segundo a qual 0 valoroso € 0 riterio do prazer auténtce, que nio€definido por eu carter ineaseco, como o praer puro em Plato, mas pela qualidade daquele que o sente como tal, enquanto os Cl, no enesmosetido, éde03 OS, 5, 1176428) 61 ELEN, IV, 14, 11285 31-70 home dito elie (6 yayeas vat ‘evlpuos)& pres mesmo aa le Em ama page da Palin UE 13, 128421038) onde Hegel acrditava have uma alas a Ale sande Gch Pho, Wee, 1833, XIV p. 401: sobre aimprobsbi- liad histrice de tl also, c,Wei, Ara e Pe, Pati, 96D, p. 184-5). Atle nose eft omente superirdade de tama de, ma gues dognde homem que "tal como am des ex ter os homens naa pode exact 4 onde comm: "NSo se pode ctaelecerles pastas homens porque eles soa propria” A [ermangncis dene ema em Arittles stestada por Cleo, segundo ual Ariel rine em su jventad) wm Pali er dis Tito: dee publon de ponte i (d Quine fe, 5.) © Contra quem diferengh ce ojulgamento do homer saudi ¢ 0 do enfrme éinvocada om Mf, 5, LOO. © CF ENIX, 4 116612 ous vp «erp ony § pe ral & ravines sbi, X,5, 117617 2 Prenns Avnesque ses goo pers spn pan al cr rompidas™ Tar cro que adwat esa passages "pon= (Lio por ore viet on pot homer hoes spe rsa uma difcaldade que no pode dna de pare 4 todo etor dspreveido Pay, mesmo se, de fo, Aries $asimila valor so vruom, ¢s viade que defini pla xia do valores, en o inves, como ante m- bem em el orl contempornes onde o exemple de hero ou desanto precede funda defini ileal do aloe, Maro que Arsstlesentendia exatamente por sone lot Ne sustoca de defini abate incectalmente Controle que eal de vida se dsimula sob ete voetbulo Sambo! Ditinceresponden abupaamente ea questo, Samplifcando, como se foe prs, resonncis gui tates dot extor que acabumos de Gta Para ith, ‘pondrior 0 representante acabado de ado o gue € nob tele se encontra rigs em “nocna ims” a “uadies mais nobres de seu povo”. O sponesir seria, pois, relia. ‘30 mais aucética do homem grego isto do horsem fur ‘court, oposto a io-humanidade do Bitbaco. E Dielmeier prossegue “sobre a questi de saber o quanto as edges helenicascontém algo de univesalmente vido, AinGiles nao tem ainda sufcene dstincia para pila, eno conjunto se permanecerd assim até o fim ds Anviguidade, inluindo os comentadoresbizanino:!.S Sem divida,haveria muito a der sobre ima parte esse julgamento, que parece subestimar a contigo do » tid, 16-4 "Cai erm do ato atenintes para nfo der odio, ucla _ verdadero pltis, nico em oso da que pe em pica falar” (bi, 3210 Fa, 26962700 % Menem as: ef. Psion, 3196320 Aides, Rein. 1, 13906 32 2 Prcnns Avsexgue tem nenhuma partcipagio?” ¢gragas& qual os politicos al como os profes ou 0s adivinhos, ‘diz freqlentemente a verdade sem nada saber a respeito do que filam’.?* De Fito, ‘no nivel da cidade empiccao politico a modo de Péticlesé sem divida um mal necesirio,semelhante aos artesios cuja atividade €indispensivel&satisfagio das necesidades huma- nas” Mas Plato sonhard com outa cidade e com uma vir- tude mais ata para seus chefes. Invocando Pércles em uma ‘obra ética, no mesmo lugar onde outrora havia citado Anaxagoras ou Tales, Arstteles no poderia deixar de afr mar, de uma forma que deve ter patecido provecante, sua ‘oposigo ao platonismo clisico:falou-se de uma reabilita- «0 dos homens de Estado!® por Arsteles. Digamos antes ‘ue, numa perspectiva muito diferenee do que eré mais rar- dea do maquiavelismo, © politico simbolzado por Prices cencontraseerigido em modelo de uma virude da qual Aris- téecles no diz que sea apenas politica, que seencomtrades- de enti proposta imitagio do homem privado tanto quan- to do homem piblico. Concedendo um lugar a Péricles na galeria de teats éricos,Aristétleseeimepra a experiencia propriamente politica na experigncia moral da humanidade Mas hi politicos politicos, restardinterprear 0 caso de Petiles e, de uma forma geal, a ideia que Aristcles fir aia do bom politico. Para o intérprete moderno ¢ grande a tentagio de substcureses personagens ditantes por referén- 7 Mino, 94a (bee Pécs), 97 (sobre a pasagem onde a opnito vesdidci ¢opota puna, ef Pat lp. 46,79), 996-100, 9 tid, 9-8 Solve a compre ene pli e artes, Gigi, 517s "© Cf. aca (p45. 78) a Gtagio de R. Wale SEGUNDA PARTE + cx¥fTutO 4 93 cias mais aus. O pe. Gauthier, que condena agueles que “ainda se obstinamn’ em wadusie phromss por “prudéncia’€ tem prefréncia, como se sabe, pela taducio “sabedori acredita poder justificar tal eaduco por uma observasio ter mminoic,talvex sem se dar suiientemente conta de que, 213eu modo, ¢ uma imerpreaio. "Piles pode muito bem pasar aos nosios aos plo tipo do sbi, plroninos no ti ‘emos nds reeentemente um ‘comité de bios que no ra tum comité de fldsofos mas de homens politicos, ¢ 0 tipo do sibio nia, as olhos de todos os fanceses, antes Gandhi do {que Einstein ou Bergson?" Ao contatio, W. Jager, contra «quem, ais, dirigia a incrpresagio do pe. Gauthier, nio Hesitow em invocar a Reepoliit: esudando a evolugio da pollicaarisotlica em drego a0 realism 20 empitismo, rocaa o papel que teria desempenhado “a longa feglentagio de um poltico realist (Reeloitker) como Hétmias de Aarne"! que vir a sero ip de politico segundo Aris sétcles. Gandhi ou Bismarque? Nao se avangaed muito afi mando que Péricles nfo fi nem um nem outro, E visto que athiséra presaria pouco alo 3 inteepetagio de um pen- samento onde a estilizagio tipica desempenha maior papel aque a verdade histrica, testa examina 36 raras passagens da Erica onde Acistécles descreveo politico e que podem servir Adefesae iluscragdo do phronimos. 1 Gauthier ah Me, p 463 "Ara, p. 303 %4 Pronue Avaewaue Observe-se inicialmente que Aristétles, na passagem «em que cia Pétile,s6 Ihe confere a denominacao de phro- nimos na medida em que ele possui um certo saber: “pensa- ‘mos que os homens dest tipo sio prudentes porque so ca- pazes de consderar (pes) que é bom para cles mesmos te paraos homens." O prudente se véreconhecido por um certo tipo de superioridade intelectual ~ seria necesirio di- er, teanseevendo exatamente Aristétles, ‘eric, lembran- do que deupeiv tem o sentido de ver, sem que es visto seja necessariamente do tipo contemplativo. Que Aritteles nos tenha prevenido, um pouco acima, que o objeto des capa dace nio pode sero neesirio, mas o contingente, que ese saber nio pode, pos, ser dito nem cigncia nem mesmo ate no muda em nada o fto de Avstétlesconcinuar a ver na virtude do politico uma virude intelectual. Observa- ‘io que assume todo 0 seu scncido lembranda que Plaio a ‘escrevia no Ménon como um tipo de adivinhagio, era ne- ‘huma necesidade de concusso da itcligenca, E precio, pois, admitie que Aristtels reconheca s exsténcia de um ‘outro tipo de conhecimento, a ldo dacicia eda ate, que se poderia chama apinio, se nos lembarmes de pasagens conde far da prudénciaa vieude da parte gpinaine da alma.” Anda mais, Arsttlesndo contesta que esse conhecimento seja, a seu modo, um eonhecimento do geral. O prudente once que & bom para cle pripeio, no cao da prudéncia Privada, © pam os homens em geal, no caso da prudéncia > EN, VIS, 10h id, 1140431 4 "© id, 11408 26; <6 VI, 2, 11392 12. Patio, no Ménn, ji invocaea ‘ct opnio como pia da po poli ma et pis deriva mas Adnadinhags eps gue do aber. SEGUNDA pant» cantTULO 1 95 politica, 0 que é, por certo, uma parciulaiaago da idea pla- ténica do Bem, mas nfo uma particularizagso arbitrria, abandonada 4 concepeio de cada um sobre o bem. Arstte- les nos previne um pouco mais acima que o que ele chama bom e vantajoso pata si mesmo” nio significa "bom e van tajoso de forma parcial (cad iépos), como o que é bom para aside e o vigor do corpo, mas absolutamente, como 0 que {bom para bem vive (aps 7 eb Cv)". Ese existem pra- déncias particulars (nepi 70) vido um certo im (réhos 70)!” io é ness sentido, mas pura esimplesmente (Ohus), aque serio dito prudenteso bom ecénomo eo bom politi, pois estes se pdem como fim a vida feliz da comunidade que dlirigem." Ora, a vida fle (quer se erate da cidade ou da ‘as, como do indivduo) éatoalidade que ranscendeos fins particulars." © prudentenio é, eno, o puro empiico que 0 EN,VL5, 11408 so i Embura ts expresso wa correntemente pest S235 08 ow (ef Ronit, Fda. 4386 60, "© id, 1840529. "© Pura aslinhat 1140 7-11, ata a itespretag de Grenmod, conte ade Bure, pra quem o cel de fase ode Exado repre $entavam exemplon de pins pos 28.0 conto de rai ys mio eh exe 1 Disa de ado aqui de ster em qu quo ondivido atin 0 mdhor da vids bos (0b em x pi, nati. {Shade Ao esponder que na cidade Plc, [2 1252 30), Ait fsleeconceder un cto pig pita wbrea ia e3 pad ‘iapolica ares praia prada, Mase no problema aq Tanto a prdncis poles quanto a pruéncieconSmicy so ctadat pena cm exemplorda prudence gl Ur pouco fem = prsilnente 8, 11416 23) Arietles mosrard que a prudéci, em Siam ela, ine com agolies, dada a matarers "po Ties do homer, 96 Prunar Aueewque vive 0 dia-a-ia sem prineipios e sem perspectivas, mas é 0 hhomem de visio de conjunto. E permanece, a seu modo, © herdeiro do owonrix6s plaénico, embora veja uma tota- lidade concreta ~ 0 bem coral da comunidade ou do indi duo -,€ nio essa Totalidade abstatae, segundo Arisételes, itreal que era 0 mundo platonico ds Las. ‘Com efeito, no esto dolivo VI da Btica Nicomagueia, lode se tata sobretudo de opor a prudénca i ciéncia ein tuigo dos intligives (vos)! Aristételes insisted ances 9o- bie 0 fato de o prudente conhecer zembém o pasticulat,!" mas ss também” significa antes de tudo, que no lhe € con- ‘estado um certo conhecimento do universal? Bem mai nas ilkimas paginas da Erica Nicomaguéia,cujo objetivo pa- rece ser ode introduzie justifcar a obra politica de Aristre- les © autor parece aprosimar-se de Pltio em sua critica 20s politicos “empiricos". Apés haver lembrado essa verdade da ‘experiénca (desconhecida,€ verdade, pelos tebricos da viru de-iénca), segundo a qual os discursos edifcantes nao bas- tam para tornar os homens virwosos, Arseételes acaba por constatar ~ na intengio, parece, de 0 deplorar ~ divércio entte a prtica politica ¢ as teoras politicas: de um lado, os teérieos ineficazes, como 0s sofistas: de outto, os politicos “dos quais se podera pensar que agem por uma espécie de capacidade (bude ¢ pela experiencia mais do que pelo ra- ciocinio @ureipig wadiov F Buavotg). A prova dito é que ‘nunca ss véecrever ou dscorrer sobre tas matéia (0 que seria, no encanto, uma taefatalvez mais honrosa do que pro- runciae discursos de pretris ou de assemble), ampouco "CE princpalment EN, VI, CF princgalment? EN, VI 8, 11416 15 "EN, VI8, 1141b 14 08! dort pumas sau wedtow piv, Stauna party» eantroro 0 os vemos fazer homens de Estado de seus préprios filhos ou de alguns de seus amigos" Nisso a politica se distingue ~ deploravelmente, parece-the de “outascincias ede outeas capacidades" que, tal como a medicina ou a pintura, podem ser ensinadas e ransmividas. Por tds desadescrigio da po- lca deft, censurada por dla estar ausenteavisso tec, se reconheceri sem dificuldade a polémica platénica do ‘Ménon cdo Protdgora contta os politicos que, como Pericles, se mostraram incapazes de transmitt sua capacidade a seus descendentes, Masa politica ta como a conecbe Arsttcles nfo seri coralmente diferente dessa politica de fato. Deverd ser um equilibsio entre a cigncia ea familiaidade (ovrfeta) com. 0s negicos. Ora esse equilbrio 6 poders ser assegurado pela sediagio do que Aristétls chama precisamente dss vee em um bom sentido, a experéncia @urewpia, sem a qual a familiaridadeé inaceasivel ea cigncia impotence.” Ese tex 1036 pareceu obscuro!!® na medida em que nfo se reconhe- cou o caritr intermediicio da expericia aristotlic, que se situa a meio caminho da sensagio e da cigncia"” A expe: OF EN,X. 10, 18a 1.6 1 id 1190 32-34, 2 pid, 1181310. "6 Tambér pra Roe i Bk Ne, Xp. 145) que nfo vie que ac dapoics empiri” napamagem precedente cs ugar comuth ‘ue Ariteler no ata ities CF Me, Is onde gueiga &claamentedinguida daft. ‘Graas | meméta o omen (ifetente dos sina anende expe rbndae, pore, dare e8 cites drabaies Senior al 630 ba 1 fuses wus duns (98132). Segundo Aexandze, 2 ceapergnca J € um “eonhecimento geral” (yu: Katoh) 98 Prema Aveesave iénca jf & conhecimento: ela supe a soma do particular ¢ «std, pois, na rora do universal. O que é censurivel nos sofis- tas 6 embora se reclamando de um saber demasiado geral vari, colecionaro particular sem possuir 0 minimo de visto de conjunto que consttui a experiénca: io como aqueles {uc, no tendo experigncia musical, podem distinguir com preciso se uma obra é boa ou mi, embora no sibam por- ‘qué® As coletineas de eis ou de prescrigies médicas, que ‘io apenas justaposgbes de caos particulars, no sfo de ne- hun auilio Aquele que &desprovido de experiencia pois Te flea a inteligencia eo discernimento necessirios para julgéos. 2° O que Aristéeles chamava, noutro lugar, "a pr deca legislative” Gprno1s voqoBeTuRA!# e que € uma pate da politica, a mesma cujo desenvolvimento Aristeles fnuncia para uma obra ulterior," se encontra, asim, asi- mlada &experénci. Masa empira de Aritétlesevoca coisa totalmente diversa do “empirismo” dos modernos:entenden- ddo por esta palavea uma agio mais que um saber e, mais que isso, uma agio sem principios e sem perspectivas, que morre ferenasce a0 sabor das circunstincas, se esti do lado opesto da experitnca aristoélica, a qual se opde tanto & pric tateante imediatamente uilitéria quanto 3 ciénca “ini snd qu no se um conhecneno do gel (4, 2058)-Sobre wc tier, de gum mod, “tee” da empiri arson of. Sask, (rete Stubion p48 MEN, X. 10, 181422, 9 fhid, 11818 25, 5, 1 id, 11810 18,8, "2 id, MI 8, 1141824. 1 pid, X. 10,1816 128, SEGUNDA raRTE » cuRITULO 1 ” dos principios. A experinca nia é reptigo indeinida do particular, mas se introdus no elemento da permanncis:€ esse saber antes vvido do que aprendido, profundo porque rio deduaido, e que reconhecemos naqueles dos quas dize- mos que “tém experiéncia™. Que um tal saber sea incomu- nicivel, como 0 mostra o excmplo de Pércles ¢ de seus f- thos, prova que strata de um saber enraizado na experigncia, de cada um, mas no que nio se tita de wm saber A inco- ‘municabildade da experiénca é apenas o aveso da sua sio- fularidade insubsttuvel,singulaidade que pertence 3 cada ‘um conquistar por si mesmo, com paciénca e cabal. Sea ciéncia se endereg a0 que hé de menos humano no homer, de mais impessoal,o intlecto, ese sua transmissio se faz pe Jas vias universlindves do logos, éem um ive mais vital que se situa aexpeténcia: nesse nivel onde as iculdadesinwclec- tuais so responsives, nfo somente pela ligica de seu con- teido, mas pela conduta do homem, do qual classi o guia, nese nivel onde © prépeio lagor deve fiat & linguagem da paixio (rados), do cater (os), do prazer eda dor, se quer serescutado por cle clevi-os a seu nivel. is como experi, endo poraca- so ambas sio atebuidas a politicos come Péicles que unem, ‘numa sineese a cada vee singular, a capacidade de visio de conjunto € 0 senso do particular E preciso doravante reto- ‘Aprudéncia& DEN, X, 10, 11796 2.26 (que a dcurs raion no basta part tearm och). CEI, 2. 108812 bre papel do prazere ‘dndor na educa): Magna More, 1823 1.25 oreo ero ‘aqucs que, se face das vides, cin, nelgeniam o ashe ‘orth, Sabe-e que olive Ilda Retiree consarade so endo do patie do ceo medida cm que eee conbecnento€requido futsacicicn de dca 100 Pueane Avsowaue mat em sentido positive 6 que Plato opuna 20s homens de Estado: a prudéncia no se sranemite de pai pata filho por aque nela ha mediagies menos transparentes que aquelas dos dliscutsos educativos, e menos abseuras, no entanto, que aque- las da hereditariedade. A relacio entee a prudéncia dos pais © a dos filhos nio é da ordem da ransmissio, mas da repetipto, ‘abe a0 filho recomegaro pai e, por sua vez, envelhecet. Mes smo que se possa dedicar-se quando jover As matemiiticas, € preciso tempo para ascender & prudéncia:!™ tempo que no permite nem preciptasia nem mesmo previo, e se 0s filhos ho se assemelham aos pais é eles que devem se dirigi as censuras€ nfo aos pais ‘A prudéncia ¢ um saber singular, mais ico em dispo- nibilidade que em coneeido, mais enriquecedor para 0 su- jeito que sica em objeros daramente dfinives, cuja aquisi- Go supe nio somente qualidades naturis, mas vitudes moras que este saber ter por sua vez, 2 missio de guia!” a coraget, 0 pudor (aisis) e, antes de tudo, a temperanga (owopotr), sobre a qual Arstételes nos diz que & a salva- suarda da prudéncia (asCovaa Tiv 6p6ynaUw),jogande com "BUEN, Wh, 9, L428 15-17. CE, Policy VI, 9, 13298 15:°H B& oy vaots dv peaerepas doves EN, VI 1, 3b 11-14, onde 0 ‘prximodas as opines dos omens de experiencia, doxidasore dos prudent opts Sqele que ae poi sabe demons. Que Fine prs se io para sr plomimor devia set um gat comrn (fementand, sm dvds os oto da api) come tesemunha fo Pritn fe 11,52, 46 Pel (onde a prods, como, € “emprepada nut seid). 1 stele firma que to ¢ pose ser viroso ser prada nem preted moral EN, Vi, 13,1144 31-32). Hi nso uma puta de real iso sobre o qual nos expicaer0s Fen SEGUNDA rants catfruta | 01 a ctimologia, assim como fzera Plato." Razio pela qual se loua aque que é prudente, como também se lows 0 vr tupso, mas nio se louva 0 inelgente ou o que possui qual- quer qualidade natural” Esta ikima observagéo nos permitied, para teminas, distinguir © prudence de outra personagem, com a qual a comparagio com o politico ecom 0 eednomo pode ctat con- fusio: a personager do hil (Geivis). A habilidade & 2 a pacidade para facilmente realizar fins, isto & dado um fim, combinar os meios mais efcazes de atingt-lo." Mas a habi- lidade enquanto tal €indiferenee& qualidade do fim: “se 0 objetivo énobre, uma capacidade digna de louvor, mas seé pervetso, ela € apenas asta’! A habilidade assemelha-se ‘tess “olho da alma’, do qual alava Placio!" que, segundo Avistteles, sé vé.o bem quando a virtude moral o iz volta se para o lado bom." A prudéncia é, pois, a habilidade do virtuoso Um pouco a frente, Arséeles retormard a pro- blema de um outro ponto de vista pata mostrar que a p EN, VI, 5, 11406 Ls Cal, 40 7 Ch Magna Moi 1, 34, 11974 17: Enawersh yp chow of 6 oa #8 erates dyer FEN, VI 15, 1146825 bid, 1144426; of VI, 1, 11520 114 9 Rep, NU, 58, 333 Bogus, 219%; Tete, Ua Sofi, 2540. ‘Acapesio€ de erigem homerca (B.Sc, Ener de, Gee, pata). "SEN, VI 13,1144 3, Sobrea medfora do "alo d ln’ 5 11Y4b 7, V1, 12, 1143514. Observe qu, em Atte," lho dana design uma fsculdade mis juiativa gue contemplatva, 10 EN, VI 13, 1144027, 36(suror dior sw Gra da) or Prenas Aunewave dncia € paraa habidadeo que virtude moral éparaa vir tude natural: apradéncia¢ uma espécie de retomada ética da habildade, do mesmo modo que a virrude moral € uma rege- neragio das dsposigdes natura (com temperanga, coragem cc) pela intenglo do ber!" Mas esta andlse se complica pelo fato de que, se a incengio do bem, enquantointensio, depende da vieue moral, esomente por meio dela épermi- tido i abilidade tornar-se prudéncia, essa mesma intencio, ‘enquanto intengio do bem, depende da vieude intelectual da prudéncia, que sa partir dela perme 8 virude natural cor- SEN, VI, 13, 114d Sra interesante compara ditinglo ais toidies ea Kanan de hblidede cde pradinc (pata Kant cf Fa damemayi de Meftcn ds Crome 2 ea, loo rig ad (io deV, Debs, p 127-9, 1323). Kant e Artes notam que 4 Tabilidde diese Acct dor rio indiferente sai "se _ finaidade€ eave cos, lo importa aqui saber, mato somes eo ques tem de nr pus aleanél (9.126) (Agu reproduz 2 ‘wadugio deP Quine: Kaw Teo Seleonades. Fandango da ‘Metafice doy Conumer, Cl. "Or Pensadors. S30 Palo, Abel 1980p. 125]. Mas 0 qu inicamene parca se para Kant, como pars Ae, uma indfrenga moral expe do valor dos ine, € Inerpetado imediatamente depos or Kane com uta indetermi nao ontolipies, ua “posbildade abide rege aescolha dos cov em lags 3 todo fin pote a pradencaaconstlha a sala os anism elagio ae que £9 fim dense detods 0 homens « ‘aber fiidade As rg da habia sno imperatives pot "ene problemi, o cones da prdéaci os inpetaios ipo ior aurics A dining etre bailidadee praca ni 6 poi, tm Kan uma ding ice, vi que aba soimpervos pat ‘ior por in, etanharsmoradade Aa cons, par iste len aprudénia operat habiidade, no apenas como o determin «doco cis ao indeterminad, mar como bom aoindferenc, to {scomoavitude (que €Touvie” &natrea morlmente newt. SGUNDA rants» carrot # 103, nar-sevirtude moral. Nao hi somente analogia, hé canexio centrea prudéncia ea virtde moral: prudéncia ¢ mediadora centr a virtude natural ea virde moral, mas a virtude mo- ral & por sua vez, mediadors entre a habilidade e a prude cia. Encontramos por esse novo vie a verdade segundo a qual nao i vireade moral sem prudéneis, nem prudéncia sem vit- rude moral. Notou-se freqilentemente 9 aparente citculo vicioso {que implicariam essasférmulas. Mas s6 hi citculo vicioso ‘quando se procura uma genes ai onde Aristéceles descreve uma concomitncia na unidade de um mesmo sueito. E por- «que uma tnica e mesma personagem é 30 mesmo tempo vit- tuosa e prudente que se diré da vistude moral que cla & a vireude nacural do prudente eda prudéncia que ela €a habi- lidade do vireoso. Fst claro que Aris6teles no nos ensina ‘com isso nem a nos tornarmos prudentes nem vietuosos, pois seria preciso ji ser virtuoso para vir a sé-o pela prudéncia, e ji ser prudente para vira sé-o pela virtude. Ainda aqui, Aris- tareles antes descreve um tipo prestigiosa do que dé uma ce- sa, 7, 1141819, * Bia, 3, 11396 19 8 9 sia, 7, 1141816 "© pid, 13, 114382. no Piorne Avnenque ‘A eoria da prudéncaé, pos, slidéra de uma cosmo logia e, mais profundament, de uma onrologia da contin- sca, da qual é importante lembra os dlineamentos. Mas nts de nos remetermos a outos textos aritlios, vamos ‘como a Erica Nicomaqudia justifies ea intruso de consde- ragées, A primera vist, estanhas&ética, “Arineccles parece ter chegadoa ese resultado por uma andise das condigdes da acto (r pas) eda produgio (rotn- aus). Agit produrieé, de alguma forma, se insrir na ordem do mundo para modifici-lo; ésupor, pois, que ete mundo, {uc oferece rl latitude, comporta um certo jogo, uma cerca indererminacio, um certo inacabamento. Tanto 0 objeto da gio quanto o da produséo pertencem, pois, 20 dominio da quilo que pode se diferente." Ora, se disposiio para pro- durir acompanhada de repra Eis werd Abou wownText) chamavse are (réxvn), a disposigdo para agir (npaxuxf) acompanhada de gta chama-se prudéncia."* A bem da ver- dade, Arst6elesquase nfo descavelveo tema a propésito da prudéncia o qual Ihe parece evident. Emboraseja um pou co mais expicito a respeito do objet da ate visto no mesmo liyro VI s0b o etulo de “vieudes", ou sea, de “excléncias” ineletuas. "Aart sempre concer ao devit,e apicar-se em uma arte € considerar 0 modo de trazer& exstincia aquelas coisas que podem ser ou podem nio ser (rn évexouevov ral elvat kat 1) elva.),e eujo principio reside no produtor «no na coisa produrida’. Tal texto pede duas consider ‘Bex alo cantingente é dito “o que pode ser ou pode no Tob SEatexonéoow fdas Zyew Zon ne cal noun eal spaxrée (EN, VI 4, 114041). 1 EN, VI, 5, 114065. CE ini do capital anterior. hid, 4, 1408 1014, SEGUNDA PARTE + eartTOLO m set", mas iso nfo & seno uma espécie de “o que pode ser diferente", da mesma forma que a mudanga segundo aessén- ia, 0 nascimento ea destruigio (yéveats Kal $8094), € ape- nas uma espécie da mudanga em geral Quase ndo € neces- sirio enfatizar que para Arist6teles, como para o pensamento igrego em geral, 0 poder-sct nio designa a possiblidade do srgimento a pati do nada, nem 0 poder-nio-ser a possibi- lidade de um retorno a0 nada, a verbilitas im nibil de que falario os crstos. Traa-e somente da possibilidade de uma smatéiaindecerminada receber uma forma e vir tuma essncia, como da posbilidade dessa essénca se dssol ‘er nos elementos dos quaisprovém. Sea arte é producora de {eves novos, clan os tra do nada, mas do indeterinado, ‘A segunda consideraio refee-se a0 dominio do con- singente, mais vasto que oda a, vst que no interior das caits contingents, Atle parce distinguir aque cujo principio reside no produto, o areca, aquelas cjopri- {ipo cei a propela coisa produsida, os seres nacunis.® Se esti cara asituagio dos objets da produgho, os farbili,.” ‘onde situa os objetos da ao, os apbilia? Nao parece que {cj propriamentefalando, no dominio da natureza, pos se 6 Fi, M1, 20032: Vs Met, 27, 10820155 M2, 1042 8 "CE Santo Toms, Sarma Thelpice, I, 3s 3 2 ont reat carverbil i nib "CE Fig I 1 19 13-14, 3 defini dese atu“ que tem em s ‘meio pinlpa de movment repous"aCimous tem aul ose tide snp de "mudangt CE EN, Vi 4, 1408 14: arte no cancre is cisas que exe cou vm. ecsiment [ete coia gue restr, it a8 ‘hs contingent tampouco dor sere natrais que tem ne mesos roe prc nz Presae Aunexave € verdade que o agente rem em si mesmo seu préprio princl- Pie nsso se assemelha aos seres naturis, sua ago no mun- do implica que ele substieua os agentes naturais © que introduza na natureza uma certa artificalidade. A acho immanente, a Tpa81S, tem menos por objeto a naturera do que suas falhas ou inacabamentos; esta indeverminagio € precisa- ‘mente 0 que permite a Aristételesclasificar os procesos n turtis no dominio do “poder ser diferente!" Desse ponto de vst, o caso da acio néo difee fundamentalmente do da prio moar que es expres pode tr dis series signifi ini ‘amente que uma ctita pode rire outa diferente do qu mas. Sinica tami que ua coisa que é 0 que els & padre Set, aul tment diferente do gue No primi sentido, expec design ob Covsas em movimento por oposigi A imutéess no segunda, ct ‘esponde ap nos concito de contingénca opto 20 de neesidade Parece-nos qu Arsttles nem sempre os dsinguecaramente: algi- ‘nas veer o"ontngene”€opoito 20 ero; em Ua, Ho iter ‘do mud do devi. o contingent €aposto 20 neces, send eno rreonhecido gu cle poe ter no interior dete mundo, movimentos recension ef 8 dy. yon dina 1140014). Mas (se deamento de sentido da simples moblidadescontingenci no Sentdo ero, mio &foreia:como mosuamos em Le probleme de tre (4186, 468), 0 movimento € fundamento da contin inca ao sentido eso, diseindo oer em pttncia do ser em a0 intaduzind, asim, o tempo, 04, 3 possibiidade do obsiculo Cite a casa co fo (cf Sop Ana 12,984 24 1). O movimen To que eso” (i 1, 13,2220 16 Le probe de Fe. 113) sto que ftir o de si mes, € 0 il da ndeerine- Go, da aventura. O gue Arial cham "movimenton neces Uksignam os movimento don atone oment dels, ou a) 08 mov ‘mentor ue, or sa cculaidade so imtaio da imobiidade, Mas pole! ite que no nivel do mando sublanat, hd ideidade ence moblidadeccomingéncia Juv ane + cantruLo 13, producio:!” ambas si possveis apenas no horizon da con- ‘ingéocia, a qual deve ser entendida, nfo como uma regiéo do ser, mas como uma certa propriedade negativaafetando 0s procesos natuas. ‘Assim, estamos autorizados a aplicar para a prudéncia aquilo que Avisttces, para concluir, die sobre a arte: “de cer t© modo, o dominio da ate eo do caso s¥0 0 mesmo, como também disse Agaton: a arte ama 0 acaso€ 0 aco arta a arte"2" Pouco importa saber 0 que Agaton queria dizer com. iso, provavelmente que arte fru da inspiracao, mais que fo resultado de regras preestabclecidas. Mas nao dcxa de ser interessante norae que Arstételes corre uma vee mais sa bbedoria dos pocta para lembrar, de uma forma voluntaria inente vlada, que as empresas hurmanas tém uma cera afi nidade, ou talvex mantenham uma cera cumplicidade, com «© acaso, Tab sera, sem divida, mais inoportuno do que munca esmagar exc lev toque de Aristétles sob comentirios cnaditos demais. Nao se eréexplicado nada invocando, por ‘exemplo, os textos onde Aristéeles nos diz que a sade én diferentementeofruto do acaso ou da arte," pois sto prover Fia antes uma concorténcia entre acaso ¢ arte, cada qual te- Veremos no capt seguinte a consgiecas dem asimiaso, que ‘padee Gauthier por eemplo, fia cm seu comentra: "Arte Tet apenas. api ago moral nog primitivaentedaboradas par celica atividade produ (p 199, a propésto da anise da {Elserasso no Live IL mas observa varia igulmene pars 0 lire Vb. 2 EN, VI. 4, 11408 17 A Gags de Agaton (6x09 Thx Zoreate va rhea Tx) consti o fagmeno 6 Nauck 2 jy Pe der Ania, 40a 28-29: Rt 1, 1362825. Fi 11,5, 19745 eo comenttio de Simplicio in Pr, 327, 27328, 6, 4 Prank AUaEN Que, vindicando para si o resultado fei, do que uma afinidade recipraca. Além diso, em outtos textos, Arsttles,confor- te 20 otimismo racionaita dos sofia, nos ensna que o acaso deve se dssipar pouco a pouco Fente a0 progresso da arte: Mas no Livro VI da Erica Nicomaguéa a intengio de ‘Aristeles aio € opor a arte a0 empirismo rateante casual tas 20 consti, opd-a cnca, a qual di espeio ao que tio pode ser diferente do que él como Avitéelesacabara de lembrar®? O que Arstles quer der aqui que, num mundo perfetamente tinsparente para a cignci, ou sia, ‘onde exara eabelecido que nada pode ser diferente do que {nfo haveria nen lagu paaaarte nem, deforma gra para acio humana, Seestvesse cienifcamenteestabelecido fue 0 doente deve morer ou que deve sarar, seria vio cha- mar o médico: a univeralidade da explcaczo cinta s 2 justifcaiva da preguiga humana. Ao contro, ofa de existe no mundo aconcecimentos casas inexpiciveis © imprevisveisconsiui um convite sempre renovado 3 ini- Ciativa do homer. Para compreender esse caminho do pen- Samento¢ precio, evidentemente, se liberta da mentalidade moderna, que rende a ver na técnica uma aplcaco da cién- Cia Ademais, esta concepgio 56 tem sentido porque a © yb 1, 1258 35.36; of Mee, A 1, 981035. ® EN, VI,3, 1139520. 2 Sobre angen do prego, comsegaéaca da necesiade univer sae Chto, Def XXII, 2829 (ee ef, p 131-2) ° por exemple, Descartes, Discard Mids, Pace VI: “concen Ado forge eas do Fogo, da gun, do at, das stro dos els de tes outros copos que nos earam,..pedetlmosempregos da ‘enna muni em todo or woe pao uso prio, sim secUuNDa rane + eantruto 1 us ciéncia modema ve contenta em seguir séres causas multi plas na natura, cuja propria pluralidade deiea espaco paraa ‘contingéncia e, pois, um campo para a atvidade humana, “Mas para um grego, 4 citncia & uma explicagiorotl es6 pode se desenvolver suprimindo a contingéncia, O excesso de citn- cia mata arte e, inversimente, esta s6 tem lugar e sentido ‘na medida em que a cigncin nfo explica,¢ no pode explcat, todas a coisas, Assim, a arte nlo progride no mesmo sentido aque a explcacio cientfia: antes ela desapareceria 3 medida ‘que a outra progredise. Aristérles,entretanto,esté seguro de que ciéncia nio progredirs sempre, que chocar-se-4 com irredutiveis obstéculos que se resumem na indeterminagao da materia, outro name do contingent, e asim, a arte no terd pponto final A arte nfo é, como seri para Bacon, 0 homem sjustado 3 natureza, mas homem se insinuando nas lacunas dda natureaa*nio para humanizé-a, mas para realizé-lanela mesma, naruraliz‘-la. Ora, a natureza do mundo sublunar sempre seri separada de si mesma e suas lacunas jamais serio ineiramente abolidas. A filosofia aristotlica da contingéncia explica que a arte nfo tinha sua sorte ligada aos progressos da inci, mas aos insucesos da cneis, e que 6 prospera numa sxmosfera de acas, ‘As observagoes precedentes ndo impeddem que 0 2caso ceaartesejam ~ segundo a teipatigio platdnica retomada por rostornar com que shores epossidores da ate” Taio de J. Guinburg e B: Pad Je, Cal. "Os Fensador",Sso Palo, Abi, 1974, p71 2A are ermina 0 que narra no pode lear om ems” (Fé 1, 1984 15-1750 papel jada nates preencher sacs as" rd rapa Fs @icus danse) (Pre, 11 We 1, 50, 12 Piste Cf nosso Le probe de ie. p 498-9 16 Prenat AUNENQUE ArisGcees2” a naturera, a arte € 0 acaso ~ causas cficientes distntas a arte humana somente utiliza o caso para suplan- ti-lo,¢ tanto 0 acaso quanto a arte no S80 sendo aproxima- bes da nacuteza, de modo que a tripartigio natureza, arte caso, menos delimia trés dominios diferentes do que dis- singue as wés espécies de causas pelas quais a narurezainaca- bada do mundo sublunar tende com maior ou menor Feic- dade em ditegio a seus fins Por outro lado, a frase de Agaton néo significa, no pen- samento de Aristteles, que a arte seja uma atividade adivi- nnhatoria e sem princpios: cla é a0 contritio, acompanhada de regra, ea you. Mas esa racionalidade, que €somente deliberativa, como veremos, jamais cer4 a exatidio da citn- cia, Arisételes invoca aqui exemplos que, aproximando-nos ddos dominios de aplcagio da prudéncia, nos permitem me- Thor compreender seu pensamento: o da medicina, onde a complexidade dos casos sempre singulares escapa & generali- dade das “preserigGes médicas” e, mais ainda, 0 exemplo da cxtratégia ou da navegacio que comportam, o que quer que se aga, uma grande parcela de acaso,"*e que nenuma cién- cia dispensa o homem de arte de compreender, por uma in- 7 Meta 2s 7, 10328 12-13; 6 Ay 3, 1070s 627 (onde ry 6 fo dosnt disina de rigs inf), Na Ec Micomagui I S.1112132-33, Aes scree 4 necridade e abla ate la niga (ar et abi, cP, G W856 Mes 16, 107135. Aasimgio de réom evobs sequin modelo pl (Baie, La X, 88868895). CE, também, Poti, fe 11 W 49 NAT Bs De Philp fe 21 WY (Cie, De arnt deo, Ul 16, 49) Sobre ncrpretago dv doueina em Arise, nosso Le Prom de rep 426,96 2 EE, VIL, 2, 124745.7: EN, ML 5, 1112547. SHOUNDA rakes + exetTUL 7 ‘wigdo amadurecida pela experiéncia, mas a cada ver tnica, 0 terreno ou a casio fvorivels, ou ainda, o imprevisivel ven- 10 que conduz 0 navio ao por, U, Do Acaso divine aos frcasos da Providéncia Do que precede, asimilamos acaso ¢ contingéncia, como o contexto nos convidava. Ao stirmas do imbiro da Erica,” necesaiamente aproximativo ncsse dominio, trl mos que recorrer is andlises da Fisica sobre 0 acaso, embora, aqui, nos ajudassem pouco Parece estabelecido que a andlise especializada da Fisica representa ua “elaboragio tardia 4a nogio primitiva e mais ampla, com a qual anteriormente 6 Exagrca se contentara’ enquanto o livta VI da Eca Ni comaguéia continua ase elerir a esa nocio primitiva, que 20 mesmo tempo a nogio popular eligiosa do acaso. Alem disso, a anise especializada da Fisica far alusio, em muitas passagens, a essa nogio, No exame preliminar das opinibes, Aristcees lembra que, para alguns, “o acaso € uma causa ‘culta i razio humana porque seta algo de divino e demo- ico em um grau superior”. 2 A ica sats com considera enguemdtcs, sn EN ly 094a 25, 1094b 20 se: 11, 1100427 I, 2 110 17, 1107b 14 1M, 12,1117 21 te © A. © A Mansion, Zeman 2 pg ariteécinne 26d. . 313, sore iv asia yi rn, dBm 8 dedpunivn Bato bs Wie 11 obve ai Sapansrepor (PI, 4, 1965.7). Apri pate da féumla, sem diva clisica nos tempos de Aisles, es enc tuads com muita semelhans ene execs, os quas deine 18 Pionne Avsewavt 1. Erica Endémia “Tl doutrna, mesmo que pare estanba ao Arstte- les da Fes, nem sempre fora nepligenciada po ele. Na Evi- «a Eudimia, exada longsmente 0 conceto de boa fortuna (Ciruxia) ee pergunta seo homem afortunado o & por na- turera os por ours sao qualquer. E responde que nfo po- deta ser em fungio de suas proprias qualidades, moras ou intelectuais, pois a boa forcana é algo iteacional ¢ nfo pode, portant, se explicada.® Tampouco se explicaia pea prot fo divina que compensaria suas falas natu, pois seria Signo dos deuses dispensar seus favores 20s maus.™ Entao, a bon fortuna no procede nem do mérivo dos homens, nem. da protegio dos deuses, mas € produzida pela natureza. Por foutto lado, contuda, “a natuceea€ causa do que € sempre uniforme ou do que acontecefreqientemente, € 0 2cas0 (ign) €0 oposto disso” ** Tal objeto, no entanto, nfo re pousara sobre uma concepgo errea do acaso? ArisSteles 6 pergunta, para sugerr uma teoria segundo a qual “épreci- seas como aia dbylos difpuriny toyion® (SVE, I, 965-973). Emboraosenidowa bastante diferente em urs oe comet, pas Sue da ida de una Causn aul, pore eanendent. 4 ignotin ia dis cuss ignorinca que deve se dispar ane om pores do ‘aber A fl sutra, pois, tao wna concep mista do caso Como st nego em nome de umn eocepyo "eterminisa’ dm tureee. Adtus 1,29, 7, atibui ena femula a Anaigorss © 2 Demécios pars ta, Demet fe 119 Dil Sobre dias, abaix,p. 123.048. 2 BE, VI, 14, 1247214 bid, 1247028. bid, 1247931 SEGUNDA rate eantruto i n9 sonjctarinwramento ao der que nada sane por ‘ups, quand dzenos que acs uma eu ha teal, unn ona cus por orl part is E por ina Que quando s define o ao, o tonames come un can impenetivel 0 coco amano (ater Choy dpa ivy hoytop®), como se se tratasse de uma certa natureza” > ‘Arist via, poi hipée segundos qual o axa sia tum nome dao nwa igor ds vedas causes © cmbora se ease a debt’ ese problema fom dese ambi Proprio ~ “pois di cle wats de um our quan" fe prensa portal douina quando cree & Erica Eudémia, Mas aseqéncia da passagem vai precisa em auc sentido ¢ pres entender a dean et cuore docarendimen humane que techuna impropeamene act $0 um ero vid, una cum gl neat tn do etd der que os homers sfrazadon so por paruca.™ Nature; portm, quo dev st ered m0 {Enid dos cos 4 bon eu md nrc, o bom 94 ma nascent, qu um dom ds dows, no para ecomperat tomor mits ou par complement lo as 0 domi Constiitve de nose qunhdo, qc no peut conte Gftncla mara fom de noses reo ou emt, Art ‘Hs nda mas lange a Dsndade ne concn e ton dar acini debtando-nos depois nom le dopo % EE, VIL, 14, 1247b 48, Observese «analog da femals gu au defn o sas com aguas que ctamos aneiemnte. Ox mans tos apresntam ddhoyn, que em nen seid, por co ‘igs pra doy. Paes, por, una ala le dSrow exten ‘afm qu ver ca plo ics > Bid, 124708 bid, 1247628

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