Você está na página 1de 1

UM SONHO OCIDENTAL

(Para Antero de Quental.)

H um leo solta na noite quente


que salta no meu sonho sem porqu.
Entre a noite e o sonho ningum o v,
enquanto eu me perco no Oriente

E eis-me nu na floresta nua e fria.


Aqui, quem se agita torna-se caa
ou ataca! antes que venha o dia.
H ao longe, lento, um som que passa

e fica, magnfico, no ar e em mim.


grito que plo Sol clama, clarim
de quem apenas vive porque mata!

E quando acordo, olho pla janela:


no vejo a noite nem o sonho dela;
s o bicho coa presa sua na pata.

Eurico de Carvalho

Você também pode gostar