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e 8 g = g 3 2 . = Porque as Wt) ei Poe NAO FATOA QUE RUT BARBOSA TINHA CABECA GRANDE, Sobre a inteligéncia, conhece-se o mecanismo ¢ seus resultados. Para uns, €a capacidade de se chegar as solugdes, Para outros, éa agilidade «em ligar 0s pontos que nos levam as tais solucdes. Assim, talvez, Rui Barbosaagisse diante de suas viagens literarias. De qualquer forma,a tro de is ¢ Desenvolvimento da Divisdo Cabos Pirelli, nao € dife- rente. Seja pela capacidade ou pela agilidade, todos os nossos técnicos € cientistas buscam. E 0s desafios que se apresentam, a todo instante, ‘os permitem criar solugdes, o que faz com que a nossa empresa ocupe posicio de lideranca tecnolégicaem todos os mereados em que atua Alem disso, nossa disposica0 em transformar descobertas acadé- micas em produtos e servicos é constante. Portanto, nao ¢4 toa que aalta tecnologia € 0 rigoroso ntrole de qualidade, a que submetemos os cabos Pirelli, ¢ 0 minimo que o maior fabricante de cabos de energia do Brasil ¢ do mundo deve oferecer a0 mercado, Nossos cabos, além de energia, transmitem confianca NGA EM TRANSMISSAD DE CAPA Eanavevem A hisi6ria dos objetos voadores LINGUAGEM Um codigo ao alcance de todos Os wlifos, sinais visuais de compreensio Pouco, quase nada se sabe da vidade Jesus além do que est4 contado na Biblia. Muito pouco, também, do que ele fez ou falou foi cee cere aes ecolhido por seus discfpulos e conservado nolo Pimper: nore nk toads comuaoecto em livros.Com tao pouco, Jesus tornou-se o eer: Ar Gunn ‘explicados, ocupa com destaque assim como 0s hieroglifos para os egipcios 64 cabeca de um sistema religioso sem igual,com SSE cere ure a\imaginacao popular. mas mais de 1 bilhdo de fiéis distribuidos pelo See ee eneontra pouco apoio na ciéncia 14 mundo.Os discos voadores sao outro tema FISIOLOGIA desta edicao de SUPERINTERESS ANTE. Eeeenguge on soerccne Estranhas aparigdes que, periodicamente, Sehemiecms. san test eee © sentido da vida alarmam e fascinam 0 mundo, mistura sage zernce nei mira Sa eae NATUREZA O olfato é 0 mais primitivo ¢ de varios e diferentes fendmenos, a verdade mamnoioe 5 misterioso dos sentidos: Ala E que 0s discos até hoje nao receberam, da ciéncia, uma explicacao ow ot ras aparece acorn eee endear che ra ¢ possi completa e definitiva. E assim se mantém, em todos os paises, serene pei sen ve ee ee QO iecesaie Alen cies aro, legides de pessoas prontas a afirmar que 0s discos existem, ¢ que eles Sem Sete cena reast oxae, x com 0 paladar, € 0 si0 as naves onde viajam os representantes de civilizagbes oriundas responsivel pelo sabor de algum ponto remoto do Universo. FISICA Erion is mote Ae care cen EDUCACAO Pee th ate og nana Motivo de angustias, tensdes. mudangas de eho tates ve coioe eva Crengas pessoais sao questdes que cada um deve resolver com a propria consciéncia, nao estao sujeitas a discussao baseada em raciocinios l6gicos ou em prova material. Por isso esse € um terreno pre aberto & exploracao dos mistificadores. Com essa dissertacéo quéroafirmar um dos principios basicos de SUPERINTERESSANTE: ssa matéria-prima € a realidade. Jamais usaremos a imaginacdo es qitcios catidantes tim de eneatantedes ata tornd-la mais rica, fantéstica ou atraente, pois acreditamos. RELIGIAO pike chic pc nae ican aa 76 ¢ 0 mundo real € muito mais fascinante do que qualquer outro Re nee Ie ¢ oa nanan Uecie cere ; 0 proprio homem possa criar. Bede oe eierpee areas abt te py ascinance retrano ba neape Tanus 34 FUTEBOL Aciéncia do chute com efeito Existe uma explicagao cientifica para a arte TECNOLOGIA a cicanta oy cits ¢ feel eee Acredito que a ago daqueles mistificadores seria mais dificil se “houvesse, da parte dos cientistas, mais paciéncia ¢ disposicao para \duzir seus conhecimentos e suas descobertas numa linguagem les, acessivel as pessoas comuns, pois a crendice cega sis ase civ an ¢ fae odes mpre fruto da ignorancia, Certamente, eles t&m suas razdes Speco rman |g) Bowtrrobd : qualguer gol: o chute cay Ae Poi i a Bieter tenes te creme s cientistas estio ensinando as ce ir numa diregio € mu no ar pois, ao nivel de sofisticacdo atingido hoje em todos os campos da mméquinas a tomara melhor decisao 40 cigncia, qualquer simplificagao significara sempre uma perda de precisio. Felizmente, hd quem se disponha a correr esse risco— como 0 astrénomo SECOES : BIOLOGIA americano Carl Sagan, que estréia nesta NGuCTEy aI Satis iver 1s ae ‘edigao como 0 mais novo colaborador de it = chia cormotous Sar SUPERINTERESSANTE. Seria fastidioso Oastronomo Carl Sagan fala de um formidavel pote russe —_—— [ eee enumerar seus titulos. Basta lembrar que ele evento de 4 bilhdes de anos: a vida na Terra 52 Supsrenaragade 57 €0 autor da série de televisao Cosmos, cause 2 \ . transformada em livro que durante muitos eae a car Sagan: a coragem de Meses freqitentou a lista dos ais seni ; COMPORTAMENTO Las supeiinpoiagies “a de ni falar com simplicidade Imyr Gajardot Pee cs ise 53 .S.— Por motivos técnicos altera-se a numeracio da capa de Pearce ae ue DION 0 COetiiMLe ‘Cape: tustacso alto Lopes Toxera SUPERINTERESSANTE. Esta edicao, que ¢ a quarta, esta identificada dobeio, prova de afeto eamizade SB [SUPERINTERESSANTE 04 como @ niimero I do ano 2. Com esta nova ordem seguiremos adiante. SUPINE ENTER 2 2) See ‘SUPER 5 SUPER FISCHER Teeny Ro Tene eC eee A trastes de alpaca, pestana ¢ rastilho em marfim, 6 tarrachas trabalhadas precisio milimétrica, em madrepérola.. Um instrumento que inspira respeito areata ee ares _ PULSAR ee eee Sintonia automitica digital com sintetizador de Perreeeert acne Way Display digital em cristal liquido. Equalizador grifico de 5 faixas de freqiiéncias. Mic-Mixing Double Cassetfe-Deck com Continuous Play ¢ High Speed. Capsula magnética. Caixas actsticas Bass-Reflex Two Way com Peer emen Um equipamento que a Gradiente, pioneira de Peer ier Csi ‘ NOTICUS SUPERINTERESSANTES So Dian) Cerne OnEVe) ri mere mer en ‘A gangorra do E! Nifio, na atmostera (linha vermelha no grifico), subverte o regime do rio Parana (aha azu!) A terceira margem em acao E dificil imaginar como uma subs- tancia leve e solta — o ar — pode governar © regime dos rios e alterar 0s gigantescos volumes de dgua que cles contém. Mas a atmosfera, na verdade, age como uma terceira mar- gem, cerceando 0 curso dos. ios Exemplo dramatico disso esta no es: tudo do rio Paran4 realizado pelo pesquisador Luis Carlos Molion, do Instituto de Pesquisas Espaciais de Sao José dos Campos. Veja 0 grafico: a linha azul revela como variou ao longo dos anos a va | Virus da AIDS: vetho inimigo zio do Parana — o volume que cle despeja a todo momento no mar. Em certos anos, a linha dé saltos stibitos. como se tentasse escapar as oscila es da linha vermelha, que represen: ta a agio da atmosfera. O fenomeno que explica os caprichos do Parana é nada menos que a famosa corrente de EI Nifio. que em 1982 causou secas © inundagdes violentas varias partes do. mundo. Sua imagem mais simples € a de uma imensa gangorra _atmosférica, que tende @ acumular grandes massas AIDS mata faz tempo Em 1969, mais de dez anos antes do primeiro caso de AIDS registrado oficialmente nos Estados Unidos. Robert R.. um adolescente de Saint Louis, no Missouri, morreu da doen- ga. A prova esté nas amostras de sangue colhidas quando ele se inter- nou para tratamento de uma série de sintomas devastadores. Recentemen- te, osangue de Robert R., guardado desde entdo em laborat6rio, foi sub- metido a novos exames— ¢ 0s resul- tados nao deixaram margem a divi- das, Qual a importancia dessa infor- mers en mera de ar de um lado do oceano Pacifico a criar vazios do outro lado, (© resultado sao fortes vendavais, capazes de fazer com que um lado do. Pacifico fique quase 1 metro mais al- to que 0 outro. No grafico, os picos vermelhos parecem indicar que essa gangorra cria fortes fluxos de ar des: cendentes sobre o Brasil Central, que. Dloqueiam a ascensio das frentes frias € timidas. Em consequéncia, #8 chuvas que deveriam cair no Norte € Nordeste derramam-se sobre a bacia do Parana, provocando as cheias. Em ‘outros anos, os jatos de ar sio ascen: dentes, carregando as chuvas para Jonge do Parana, que seca. . magio para 0 conhecimento da ‘AIDS? Segundo um dos-descobrido- res do virus da doenca, 0 médico Robert Gallo, do Instituto Nacional do Cancer dos Estados Unidos, € possivel que a moléstia, origindria de macacos africanos, tenha contamina: do csporadicamente as pessoas a0 longo dos séculos. Com as mudangas sociais na Africa e a crescente migra- | a0 para as cidades, foram surgindo as condigoes para a epidemia que acabou irrompendo no final da déca- da passada, O que nao mudou foi 0 | agente infeccioso. “Sio virus muito | antigos”. observa 0 doutor Robert Gallo, “Eles nao nasceram on- tem, mn Everest volta ao topo Os amigos ¢ admiradores do majes: 1050 monte Everest ja podem festejar: a0 contririo do que se divulgou hi poucos meses (SUPERINTERES- SANTE n.” 1). ele — e nao o K-2, da eadeia do Caracoram — é de fato 0 pico mais alto da Terra. A nova medi- 10, que tepde as coisas nos devidos lugares, foi feita por cientistas italia. nos e obedeceu a técnicas de pesquisa por satélite aliadas aos métodos tradi= cionais. Verificou-se assim que 0 Eve- rest. que se ergue na cordilhcira do Himalaia, na fronteira do Nepal com a China, tem 8 872 metros e nio os 8 848 que se supunha, Portanto, € 13 centimetros mais alto € ndo 11 cent Tira-teima deu Everest na cabeca metros mais baixo que 0 K-2, com seus $859 metros medides no ano passado, As técnicas utilizadas pelos cientis. tas italianos, alem de restabelecerem a verdade dos fatos, ajudam a entender melhor a colisio de placas, ocorris nas profundezas da crosta terrestre ha milhdes de anos, que deu origem a0 Himalaia. E talvez possam explicar também os movimentos geoldgicos que acontecem na Asia, fazendo com que 0s picos do Himalaia cresgam cer ca de centimetros por ano. Quanto a0 K-2, resta-the 0 consolo de ser que sempre foi: 0 maior rival do E rest. O que ja nao é pouco, Sexo e cérebro Alé 4 ou 5 anos de idade, as meninas tendem aprender mais facilmente do que os meni- fos. Na puberdade acontece 0 mesmo. Os dois periodos cor- Tespondem a intensa producao do hormonio masculino testaste- rona. Agora, surgem evidéncias de que uma coisa esta ligada & ‘outra. Descobriuse que a tes- fosterona atrasa 0 creseimento de certas zonas do cérebro ‘quando sua secrecao € elevada. ‘Mas isso nao significa que os ho ‘mens ficam menos inteligentes Pois 0 erescimento mais lento de certas zonas cerebrais. favorece ‘© desenvolvimento mais rapido de outras. Dai os homens tende- rem a ser mais aptos que as mu- Theres para as ci¢ncias exatas, enguanto elas seriam melhores em atividades relacionadas com a linguagem. Um ano em érbita 2 bordo da Mir Ameta é Marte Enquanto © projeto espacial norte americano — baseado em viagens cur tas com naves reutilizaveis — nao se refaz do desastre da Challenger, no inicio de 1986, as soviéticos permane- cem figis ao programa de mandar cos- ‘monautas ao espaco por periodos cada vez mais longos. Depois do recorde de 250 dias em érbita, alcangado em 1987 pelo cosmonauta luri Romanenko, a tripulacao da estagéio orbital Mir (pa lavra que significa paz em russo) pre- Para-se para permanecer no espaco durante um ano inteiro, Os cosmonautas ficarao sob estrita vigilincia das equipes ciemtificas. do centro espacial de Baikonur, na Asi Central, interessadas sobretudo nas suas condigdes fisicas e psicolégicas Tudo isso faz parte do ambicioso pla- no de empreender uma viagem tripu- lada a Marte, a 135 milhées de quild- metros de distincia, na primeira dé da do proximo século, Calcula-se que um v6o Terra—Marte dure cerca de doze meses e que, entre ir, ficar ¢ vol: lar, a expedicao pioneira gaste aproxi- madamente trés anos. . SUPERINTERESSANTE EM ENERGIA Voce sabia que 0s ratos so grande dos meteds ¢ pelo Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Teenolégic tos brasilciros? Os recdores, destruindo as eapas iso imigos dos cabos de nergia instalados em galeria e les provocavan eurto-cired dda Divisio Cabos da Pirelli Br O desafio foi veneido ileirs com a ering isolante com caracteristicas repelentes, ou soja, resistentes também a ratos rec Some OHRNEE IODC 2 wir alread O som do perigo A pesquisa foi feita na Franca, mas seus resultados certamente valem pa- ra qualquer pafs onde 0 rock € a pri- meira paixdo dos adolescentes. Os jo- vvens franceses estio ouvindo cada vez € 0s médicos atribuem isso & po- téncia dos alto-falantes nos shows € discotecas. Mais perigoso ainda, po- rém, & 0 walkman. Por ficar colado ao ouvido, produz um som de cerca de 90 decibéis — mais ou menos 0 equivalente ao de um motor de cami- nhao. Um decibel ¢ a unidade de energia sonora que chega 20 aparelho auditivo: uma conversagao normal atinge 50 decibéis. ‘A partir de 85 decibéis, 0 som agri- de as células auditivas; quando isso core com certa freqiéncia ou por tempo prolongado, a pessoa comeca a sentir dificuldade para perceber, pri- meiro, sons médios, depois 03 mais agudos ¢ os mais graves. Segundo um estudo cientifico, quem usa 0 walkman por oito horas deve permane~ cer em lugar silencioso uma hora ¢ meia, para compensar o desgaste. Na Suga, € proibido usar 0 aparelho en- Nessie pode ser faera ilusao ‘Nem sonares, nem minissubmari- nos, nem golfinhos equipados com cimeras — nada conseguiu provar até Nessie em 1934: bicho ou mirsgem? 10 SUPER. ‘Motor de caminhéo junto #0 ouvide quanto se. se acredita que ele também prejudica a nogdo de equilibrio. Em quase toda a Europa, o walkman é vendido com ad: verténcia na embalagem para que se evite volume muito alto e uso prolon- gado. No Brasil, o walkman ¢ vendido sem aviso algum. hoje se existe alguma verdade na len- da do monstro de Loch Ness, que ha- bitaria as profundezas do lago Ness, no sul da Escécia (loch quer dizer la- ‘g0 em escocés). Em outubro tiltimo, por exemplo, uma expedicao inglesa de 24 barcos instalou-se durante trés dias no lago, na esperanga de obter um sinal de vida do bicho que teria cabega pequena, pescoco longo ¢ cor- po descomunal, como um animal pré- histérico, Daf, tornou a emergir a teoria de que Nessie € uma ilusto de 6tica, fi vorecida pela paisagem fantasmag6i ca do lugar. Estreito e comprido, 0 ago Ness tem as margens escarpadas, de onde se erguem montanhas de até 600 metros. As aguas, sempre escuras € turvas, quando agoitadas pelos Yen- tos, sio’ sacudidas por terriveis tem- pestades. Alli, a esteira dos barcos s6 aparece na agua depois de um certo tempo, podendo parecer a imagem de uma gigantesca serpente. . Maratona muda musculos Um atleta de 46 anos, que corre ou pedala 30 quilémetros diariamente desde a juventude, deixou que cientis: tas suecos tirassem microamostras de miisculos de suas pernas, antes e de- pois de varias maratonas, para saber 0 que acontece com o corpo humano quando corremos. Notou-se que, logo apés a corrida, muitas fibras muscula- res morreram por falha na circulacdo sanguinea. Depois, no proceso de re- generacio, ha uma troca: fibras tipo. 2, que queimam grande quantidade de energia e se contraem com maior rapi- ez, foram substituidas pelas tipo 1, que se contraem mais lentamente. Is- so nunca tinha sido observado, O professor de educacao fisica Al berto Carlos Amadio, da Universida- de de Sao Paulo, explica que as fibras tipo 1 acumulam menos Acido latico, substincia inibidora produzida pelo miisculo ao queimar energia. Um. dos sinais do acimulo € a dor. De- pois de certo tempo, o excesso do Acido faz com que 0 misculo no st porte mais 0 esforco. Por isso, as fie bras tipo 1 — que constituem 45 por cento dos miisculos dos adultos — séio. “especializadas” em esportes de resisténcia, como a maratona. “Resta saber se a troca observada no caso do atleta sueco ocorre com todos 0s cor- redores”, observa 0 professor Ama: dio. “Afinal, trata-se de uma dnica experiéncia. . ‘roca de fibras favorece atletas | | Grapas a engenharia genética, tomates imunes a pragas e insaticidas Aprova de pestes € pesticidas Plantas mais fecundas ¢ ainda por cima resistentes a pragas e doengas — 9 sonho dourado de todo agricultor que se preze — estio comecando a hrotar dos laboratérios de engenharia genética em varios paises (SUPERIN- TERESSANTE n." 1). A mais recente novidade nesse campo é um superto- mateiro produzido nos Estados Uni- dos com genes criados em tubo de en- saio, Os genes tornam essa espécie de omateiro invulneravel a seus grandes inimigos — de um lado, virus e parasi fas, de outro, os herbicidas norm: mente utilizados para combaté-los, Ha ‘expectativa de que em pouco tempo ‘experiéncias semelhantes poderao ser feitas com outras espécies vegetais jigualmente vitimas faceis de pragas e agrot6xivos, Assim, previamente preparadas em Jeboratério, nascerao superbatatas, su- perbeterrabas e supertabaco. Em qual- quer caso, 0s genes destinados a prote- ger a plantas si conduzidos por uma bctéria especialmente criada nos cen- twos de pesquisa com essa finalidade. Alem de servir de veiculo para os ge~ fies que se incorporam a bagagem he- feditaria do vegetal, a bactéria tem a propriedade de, ao entrar em contato ‘com uma substancia cromatica, gerar Isso permite aos técnicos acompanhar pas- $0 a passo, por assim dizer, seu deslo- um pigmento azul fluorescente. camento nz seiva da planta Fibras oticas abordo Insensivel & temperatura ¢ as | perturbagses eletromagnéticas, a fibra Otica promete ser um avango ma construcio naval, substituindo 0s cabos.elétricos utilizados hoje no navios, Uma rede de fibras sticas foi implan- tada recentemente no navio de pesquisas He d’Oléron, por ini- Giativa do M da Franga. As | gaedo entre diferentes equipa- ‘mentos: controles da cabine de comando, posto de comando de aviagdo, radares, central de in- formatica © sala das méquinas, Reunidas em feixes de oito ou quarenta unidades por cabo, as fibras transmitenr tanto. sinais numéricos quanto de video. Sabao de saude Um sabao — feito a partir do dleo da semente da drvore sucupira-branta — pode ser a mais nova arma contra 2 esquuistossomosc, uma doenca tipica de regides ribeitinhas que, entre ou- tros sintomas, faz inchar 0 figado e bago. Todo ano, cerca de 200 mil bra- sileiros so contaminados pela esqui tossomose. A espuma do sabao mata @ cercéria, larva do caramujo que transmite a doenca, da protecao por 24 horas. “Seu uso ndo vai acabar com a esquistossomose, mas ajudaré a diminuir bastante 0 ndmero de ca- sos”, prevé 0 professor David dos Santos Filho, da Faculdade de Cién- cias Farmacéuticas da Universidade de Sao Paulo, em Ribeirdo Preto, criador do produto. ‘Santos Filho: espume preventiva Testado com sucesso em ratos pela equipe do pesquisador Naftale Katz, da Fundacéo Oswaldo Cruz, em Belo Horizonte, em breve 0 sabao sera ex. perimentado em macacos. Na verda- de, desde a década de 60 se sabia que uma substancia extraida do dleo da se- mente da sueupira-branca ataca a cer- céria.O proprio David dos Santos Fi- lho ¢ seus colegas Walter Morz e Ben jamin Gilbert verificaram esse efeito nos laboratérios da Universidade Fe- deral do Rio de Janeiro, onde traba- Thavam. Mas s6 recentemente as pes- quisas foram retomadas para valet — € 0 resultado € 0 sabao que, mesmo nao lavando mais branco, seré com certeza um banho de sauce . SUPER 11 PERGUIVTAS SUPERINTRIGANTES Velocidade da luz Come foi calculada a velocidade da luz? (pergunta envieda por Carlos Canioni de Oliveira, Sa0 Pavio, SP) Até 1676, acreditava-se que a luz ora instantanea. Naquele ano, o astro- nomo dinamarqués Ole Roemer ob- servou no telesc6pio que. em comp: Fagiio 6 havia_ um atraso de 22 minutos nos eclipses das I ier, Roemer concluiu que © atraso correspondia ao tempo que a luz dos satélites levava par: Terra & velocidade que estimou em (000 quilémetros por segundo. Mas. © valor correto — 299 792 kms — se- ria determinado apenas em 1926 pelo fisico alemao, naturalizado norte-ame- ricano, Albert Michelson. Para ch a esse mimero, Michelson aperfeicoou durante 2: um aparelho que mede em espelhos fixos (© desvio da luz reflet rotativos. . s de Jtip anos o interferometro. la por espelhos Gas e colher E verdade que, a0 cole- carmos uma colher no. 9 | Galo de uma garrafa de | Hrgorante, 0 “gas demora mais tempo para escapar? (Poinaldo de Coimbra Fiho, Pod! fe PE) Tudo indica que nao. Segun- do 6 professor José AVtlio Va nin, do Instituto de Quimica da Universidade de Sao Paulo. quando retiramos & tampa de uma garrata de refrigerante, 0 iis escapa com facilidade. Nao adiania usar colher alfinete para imped fator que pode retardar a lib cao ¢ a temperatura. O gis esca- pa com rapidez & temperatura normal da geladeira — de Oa | graus. Abaixo de zero. a veloci- [__ dade vende diminuir” 12 SUPER Idade da Terra ee ee ey Se ee ad ee eee at) Sabe-se que os isotopos — :ito- mos com 0 mesmo mimero atomic € diferentes niimeros de massa — de uma série de elementos quimi- ee eer cs Pern ec i ny emissio de particulas ou radiacoes. Oe eer em an ante cao de metade da massa radiative Cee os PRN ce ee ed dos elementos radiativos e do ma- Quarta dimensao © que ¢ a quarta dimensao? (Ale- xandre Santos Rangel, Santos, SP) As primeiras dimensoes comprimento, largura e altura — re- presentam espaco. A quarta repre- senta o tempo. Se estabelecermos um sistema de referéncia como o da figue Fa, com trés eixos perpendiculares e: tre si, qualquer ponto do espaco pode ser definido por tres numeros, que re presentam as coordenadas do pont Tudo o que contece no tempo. ara descrever um aconteci- mento. & preciso mais um numero, que represente uma medida de tempo, isto ¢, uma coordenada X novidade 10 inicio do século. por Einstein, ¢ que espaco e em. relagao acontece, porém. Portanto. ers ees ceca) rT ay Peery rer neti oe rc Peon na oe ee as tempo, © comirarie do que se pens sava, s40 grandezas intimamente @ lacionadas. Para escrever as equi goes de sua Teoria da Relatividads, cle utilizou entao sistemas der réncia de quatro dimensoes. (de ime possivel representagio. grafiea) @ passou a tratar o espago © o tem po como uma entidade unica. 0 espaco-tempo. . P z ‘Quaiquer pontoP co ‘espace poae sat representace por un cconjunto de tés XK —_numeros (x,y.2) que sa0 a6 coordenadss da. ponto em relacio aun y sistema de referencia (%.¥.2). Para se caracterizer um ‘evento, ¢ preciso, poem, mats ums coordenada,t, que representa o tema. Sensitivas Por que as se fechar ao serem tocadas? (loscamar Tagit: jantas sensitivas costumam’ cozzi, Araraquara, SP) das. pla ramo. nam agi que, pc madas pe AS células das hastes que sustentam a folha fas chamadas sensitivas, unindo-as 20 fem paredes pouco espessas ¢ arma A um leve estimulo, como um to or exemplo, 0 equilibrio da agua se a planta se fecha, Se o cstimulo for rie @ atingir as bases das hastes, chi jolos, elas se inclinam como se es! murchas. . ‘CONCURSO 31 850 loitores nos enviaram 0 ca tio-resposta do Superconcurso Po- ia de. Dez. Sucesso absoluto! 27.072 acertaram 0 nome da cidade focalizada nas fotos: Chicago. nos Estados Unidos. Outro sucesso ab- Soluto. F um tremendo trabalho pa- mao jri encarregado de escolher, entre os acertadores, 0s autores das ties melhores frases sobre SUPER- INTERESSANTE. Alberto D nes. Diretor Editorial Adjunto da Egitora Abril. Almyr Gajardoni, Diretor de Redacao de SUPERIN TERESSANTE, Elizabeth Klock Guimaraes, Diretora de Propaganda dy Editora Abril. Sitvia M. Crivel- li, Gerente de Propaganda da Sco- pus Tecnologia S.A.. tiveram muito © que fazer, Primeiro, numa pré-s lecdo. cles reduziram aguelas 27 072 frases a 2.000. Depois, numa nov: reducdo, ficaram com 100 cartdes. Estes foram levados a reuniio fi ada as 14 horas do dia 30 de novembro, na sede da Editora Abril. na rua Geraldo Flausino Go mes, 61, 14.° andar. Ali, diante de algumas dezenas de participantes do concurso, que vieram assistir ao jul- amento final, 0 Diretor de Grupo da Editora Abril, Alberto Peceguci- ro.coordenou a escotha das trés fra ses vencedoras. Elas sao muito in- ssantes, bem de acordo com a revista que as inspirou. Vejam s6: te Gajardoni, Peceguelro @ uma parte dos 31 850 cartoes do SUPERCONCURSO SUPERINTERESSANTE, A PROFESSORA SEM OCULOS José Bolivar Sao Clemente, residente ‘na rua Rio Grande do Norte, 269, Joinville, SC SUPERINTERESSANTE, O BIG BANG EDITORIAL Rodrigo Pereira Lopes, residlente na rua Engenheiro Portela, 222, apartamento 602, Anipolis, GO SUPERINTERESSANTE, A REVISTA DAS RESPOSTAS Rio Branco 16. grip 248 Role lance Cada um deles recebera um microcomputador Scopus Spectrum ed, SCOPUS tecnoogas.a DISCOS VOADORES (i Pelo menos na imaginacao de muita gente, os objetos voadores nao-identificados so naves de outros planetas. A ciéncia nao leva isso a sério, mas algumas aparicdes nunca foram bem explicadas as 21 horas da segunda-feira, 19 de maio de min a seguinte. os es da Aeronautica registraram a pre senga de um objeto luminoso nao-identif ado nos ¢6us do eixo Rio—Sa0 Paulo. O objeto se deslocava a velocidade supersénica e fazia mano- bras absolutamente impossiv Tao logo foi percebido, seis cacas da FAB | ram vo para observar 0 estranfo fenémeno, 3 pilotos disseram depois ter visto focos de luz diados nas cores verde e vermelha. Eles nio fi o etait Contato Convo objeto nam onsexurama plicé-lo. De uma coisa tiveram certeza: no se tra tava de qualquer tipo de aeronave conhecida. Mais tarde surgiram as costumeiras hipsteses: era o pla- neta Vénus, era um satélite reentrando na atmosfe. Ta, era uma sonda. E, como sempre, houve quent sinais luminosos pertenciam a uma nave ial de outro planeta, um disco voador. sde 1947, quando 0 piloto norte-americano Kenneth Amold langou a expressio disco voador essas naves t&m freqllentado. senao 0 espaco re pelo menos as historias contadas por aviadores, funciondrios de aeroportos ¢ os mais variados ti- pos de pessoas. Tanto que o misterioso objeto vis to nos céus do Brasil em 1986 nio foi um caso tni- ™ co no pais. No dia 8 de fevereiro de 1982, uma es quadrilha da FAB tentou, sem su 5 que objeto per : é r te boa parte da viagem de Fortaleza a0 Rio. A yor . 0 foi tam munhada pelas tripula goes de dois outros jatos, Episodios como esses entram para o alentado e PARMAR 2ncdotirio dos OVNIs, 08 objetos voud idemtificados, que nesses’ dtimos quare conquistaram um lugar seguro na imagin Peper .. ; : j pula, até porque fem mas gra supor qué € peieped onto S it 5 ¥ Vida inteligente em outros planetas ¢ que uma luz Se ee ard i pes / diferente no “ ¢ eran Pe tec 4 Nove em dez Gasos $20 erro ou fraude Por outro lado, como nem sempre as pessoas tomam conhecimento das explicagSes afinal_encontradas para uma aparicéo misteriosa, sobrevive no ar a atraente idéia de que um OVNI é produto de alguma civiliza do extraterrestre. As historias em quadrinhos, a literatura e 0 cinema 86 fizeram reforgar essa crenca (veja quadro adiante) Segundo os ufologistas — palavra que veio do inglés UFO (Unidentified Flying Object) — ja foram registrados 200 mill casos de objetos voadores nao- identificados no mundo todo, dos quais 10 mil apenas no Brasil. Eles proprios, no entanto, tratam de separ rar bem as coisas, “Cerca de 90 por cento dos casos no so fendmenos uufologicos, mas fraudes ou erros de interpretacdo”, calcula o engenheiro Claudeir Covo, fundador do Centro de Estudos € Pesquisas Ufoldgicas de Sao Paulo, um dos varios grupos for- mais € informais de interessados no assunto existentes no pais. Claudeir. um ufologista com os. pés no chao, baseia suas contas nas. constatagoes atribuidas a0 ATIC (Air Technical In- telligence Center), 0 servigo de con” tra-espionagem aérea dos Estados Unidos encarregado de localizar e identificar qualquer aparelho que so- brevoe 0 pats. Versdo moderna das visées de santos na Idade Média Projeto Blue Book, ou Livro Azul, do ATIC, mostrou que quase todos os 13 mil casos de OVNIs rela- tados em vinte anos de estudo sto na verdade fendmenos astronémicos ¢ meteorolégicos. Entre os astronomi c0s esto 0 brilho de planetas, meteo- ros, estrelas cadentes. Entre os me- teorol6gicos estdo os casos de auroras, fogos-de-santelmo. descargas elétricas em tempestades. Mais prosaicamen- te ainda, hd pessoas que enxergam OVNIs onde s6 hi avides, baldes, re- flexos de holofotes, gases poluidores, atélites artificiais, misseis — ou a combinagio de qualquer um desses elementos com fenémenos da nature- za. Radares, por exemplo, podem ser 16 SUPER Agosto de 1978: 0s ‘sub-atricanos néo ‘souberam explicar ‘a causa do fendmeno Juminoso avistado ‘sobre Johanesburgo Janeiro de 1988: 30 pessoas dizem ter visto um disco voador. O objeto | 40! fologratado de um prédio de Malaga, Espanha ° enganados por interferéncia cletroni- ca, reflexos de nuvens ionizadas, chu- vase diferencas de temperatura Outra explicacao que nao pode ser desconsiderada tem a ver com a mente humana, Num estudo de 1958, 0 psicanalista suico Carl Jung (1875-1961) afirmou_ que os. discos voadores seriam alucinagdes provoca- das por ansiedades coletivas que ‘ocorrem em periods de crise ou tensdo internacional. Seriam portanto uma yersao moderna das vises de santos e deménios tio comuns na Idade Média. Segundo essa interpre- tacio, 0 homem da era espacial es- pera ser salvo de seus problemas co- tidianos nao por anjos, como antiga mente, mas por seres extraterrestres. Talvez por isso, muitos ufologistas acreditam que ETs estiveram presen- tes quando o profeta Elias, como conta a Biblia, subiu aos céus numa carruagem de fogo; ou quando os egipcios veneravam 0 Sol, represen- tado como um disco de ouro com ainda, quando os persas acrescentaram a essa representacéo uma cauda e duas patas que, com al- guma boa vontade, podem ser com- paradas a trem de aterrissagem. Os Ufologistas também encontram ETs nos livros da mitologia hindu que fa- lam de discos destruidores, dotados de raios de fogo. Com tudo isso, compreende-se por que ver um OVNI é fécil — o dificil é fazer com que alguém acredite. No Brasil, 08 unicos que levam tais visoes a sério sao os grupos de estudos ufolo- gicos. “De cada dez pessoas que fa zem parte desses grupos, treze $40 pi radas”, brinca 0 engenheito eletroni- co Ricardo Varela, do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), referin- do-se & salada de misticos, curiosas e isiondrios de todo tipo que se abri- m nas sociedades ufolégicas. O en- genheiro Varela, que trabatha no lan- ‘amento de baloes a estratosfera, até que se interessa pelos OVNIs — uma excecio no meio cientifico. Pois, sob © argumento de que ndo trata de fatos comprovados, a discussio do assunto ‘Marca de 1974: OVNI sobre a Franca, com quatro focos de luz © meteorologista Rubens Jun- queira Vilela, professor do. Institu- lo de Astronomia e Geofisica da USP, tinha 31 anos em 1961 quan- do foi a Antartida pela. primeira vez a bordo do navio Glacier da Marinha dos Estados Unidos. Na baia do Almirantado, itha do Rei Jorge, onde 23 anos depois seria construida a base “Comandante Ferraz", do Brasil, Vilela teve uma experiéncia inesquectvel. Ele ‘mesmo conta: “Naquele dia, 16 de marco apés o jantar, subi ao convés para yer © panorama. Estavamos ro- deados de montanhas formando paredées de 500 metros de altura, arcialmente cobertos de neve ia margem, a dois quilémetros, encontrava-se uma base inglesa abandonada. O céu estava nubla- do, havia um vento leve © a no- toeste via-se 0 clario fraco e ama- telado do sol poente. De repente, vimos uma estranha luz cruzar os céus. Os marinheiros gritavam, apontando para 0 objeto. Suas co- res, formas e contornos ndo pare- ciam coisa deste mundo nao sei até hoje 4 que comparé-las, Esse corpo luminoso multicolorido dei- xava um longo rastro na forma de lum tubo oco de cor vermelho-ala- ranjada, Subitamente dividiu-se em dois, como numa explosio; cada peda- Janeiro de 1982: objeto veador fotogratado em Londrina, Parané Vilela mostra 0 que viu em 1961 ¢0 brilhow mais intensamente com cores branco-azuladas ¢ vermelhas lancou raios laterais, inclinados para trés. Depois, tomou a forma de uma armacgo de guarda-chuva semi-aberta e desapareceu em me- nos de um minuto sem deixar tra- go. Nio se ouviu nenhum rufdo, as luzes nao eram ofuscantes as cores tinham tons suaves. O obje- to se encontrava a cerca de 100 metros de altura e parecia ter 0 tamanho de um punho fechado. Deslocava-se a baixa velocidade, Passou a bombordo, de-noroeste para sudeste, como se viesse de trds das montanhas da itha. Pensvamos que poderia ser um foguete de sinalizagao lancado por exploradores da ilha, Fomos inves- tigar, Nao encontramos ali sinais de vida, Mais tarde, 0 capitéo Porter, do Glacier, registrou no didrio de bordo que as luzes eram um ‘meteo- ro ou outro fendmeno natural lumi- noso’. Para mim, aquilo foi um dis- co voador”. passa ao largo das universidades ¢ ins- tituigdes de pesquisa. (Os cientistas reagem com impacién- cia, até mesmo com desagrado, as su- gest6es de estudos ufoldgicos. “Qual- quer coisa que se disser sobre 0 assun- to € puro chute ou crenca pessoal”, afirma 0 astrofisico Roberto Boscko, da USP ‘Apesar de tudo, a crenca nos discos persiste Ele acredita que boa parte dos as- tr6momos pensa em disco voador ‘‘co- mo sindnimo de pilantragem”. Mas por que os OVNIs despertam uma Teagio tao violenta? Afinal, ver um deles nao significa automaticamente entrar de sécio no fa-clube dos discos voadores — indica apenas alguma coi- sa incompreendi- da, E numa época em que satélites humanos se afas- tam dos limites do sistema solar com mensagens do pla- neta Terra (veja quadro), seria na- tural que a ciéncia estudasse a possi- bilidade de “algo parecido “do lado de la” — até para derrubar, uma a uma, as_histérias de discos, se for 0 caso. 0 mistério dos OVNIs surgiu logo depois da Segunda Guerra Mundial, quando Estados Unidos e Unio So- viética trocavam ameacas e xingamen- tos cada vez mais ferozes e as pessoas comuns, escaldadas pela invencdo da bomba atOmica pouco antes, descon- fiavam seriamente que os dois lados tinham verdadeiros arsenais de armas secretas. Em junho de 1947, 0 piloto norte-americano Kenneth Arnold con- tou ter sido perseguido por uma es- quadrilha de naves em formato de pi- res (flying saucers, ou pires voadores), quando sobrevoava o pico Rainier, de 4300 metros, no extremo noroeste dos Estados Unidos. Nao tardow para a imprensa sensacionalista projetar na imaginacao popular um clima de para- ndia — ‘ou eram 0s russos que esta- vam chegando, ou eram mesmo os marcianos. Dos Estados Unidos, a publicidade sobre os OVNIs correu mundo e ani mou visionérios de todas as cores, cre- dos e nacionalidades. No Brasil, 0s pi- ‘SUPER 17 Wad res voadores tornaram-se discos, em- bora algumas vezes fossem avistados sob a forma de charutos, sondas ou bolas. Em junho de 1952, a revista O Cruzeiro elettizou 0 piblico com rela- tos de supostos discos voadores foto- grafados na Barra da Tijuca, no Rio. Os marinheiros do navio Almirante Saldanha contaram ter visto, em 1958, varios OVNIs sobre a ilha de Trinda- de, na costa do Espirito Santo, quando faziam pesquisas para 0 Ano Geofisico Internacional. E até hoje Dos monstros de Marte ao meigo ET Antes de se tornar o famoso pires voador, 0 carro do ano dos ETs fot ‘um “parafuso giroscépio espacial”. Ele circulou nas primeiras aventu- ras em quadrinhos de Flash Gor- don, 0 herdi intergalatico criado em 1934 por Alex Raymond. Flash Gordon ¢ outro her6i, Buck Ro- "gers, reinaram imbativeis nos seria- dos de cinema no final da década de 30, uslizandofantétieas méqui- “nas contra os habitantes de outr -planetas que vinham ameagar ¢s pobre Terra. Era a época das space operas, Itariam a fazer sucesso nas “Wet6rias do tipo Guerra nas Este. fas. Foi também a época em que 0 - entao radialista Orson Welles trans- mitiu, em 1938, uma suposta inva- séo marciana dos Estados Unidos = na yerdade uma versio de A Guerra dos Mundos, do eseritor glés H.G. Wells. A irradiagio do ataque levou o panico a milhoes de ouvintes. Desde Flash Gordon, histérias com seres de outros planetas tém sucesso quase garantido — prin -palmente quando se adaptam a Epoca e a0 piiblico aos quais se destinam. Na década de 50, mar- cada pela guerra fria entre os Es- tados Unidos © a Unido Soviética ‘¢ pelo medo de um conflito atomi- ‘co entre eles, as historias mais po- ppulares mostravam _superciviliza- goes de seres horripilantes que fentavam nos conquistar. Sio des- se periodo, por exemplo, os filmes Marte, 0 planeta vermelho © Os “vampiros invadem a Terra. Os cxistem pessoas que juram ter conver- sado com ETs, viajado em discos ouvido mensagens telepaticas de ou- tros planetas. Um dos casos mais célebres em to- do 0 mundo foi 0 chamado Incidente de Roswell, sobre um disco yoador que teria sofrido um acidente no Es- tado do Novo México, nos Estados Orson Welles, em 1938, transmite.umn suposto desembarque marclano. tulos sio um auténtico sinal dos tempos. © desenvolvimento da ciéncia ¢ tecnologia na década de 60 obri- gou 0s autores de ficcio a se reocupar mais com a base cienti- fica de suas histérias. Com 0 apa- recimento dos movimentos pacifis- tas e de defesa do ambiente, m tos. escritores aproveitaram’ para criticar por tabela a poluicio ¢ a acumulagéo de arsenais nucleares neste mundo. Na ficgdo recente, siio os terraqueos que agem mal Data de 1968 o filme 2007, wna ia no espaco, de Stanley Ku- baseado num <¢ . Clarke. Uma das mais brick, Arthur belas historias de ficgao esy cial de todos os tempos, 200] aborda a- questéo. dos contatos extraterres- “tres em tempos remotos da Histo ria e a forma surpreendente como ‘uma supercivilizacéo condenada & "critica permanece na ficcdo mais Unidos, em 1947. No acidente, te- riam morrido os tripulantes, cujos corpos teriam sido levados em segre: do pela Forca Aérea para estudos, No comego do ano pasado, ufologis- tas fizeram 0 maior alarde exibindo documentos antigos do governo dos Estados Unidos confirmando 0 episé- dio, Na verdade, provou-se meses depois que os documentos eram fal- sos de cabo a rabo. Bem antes, em 1968, um estudo da Universidade de Colorado. revisto pe- ‘Em 1982, extraterrestre solre com as trapaihadas humanas morte pode se perpetuar em outra. Qs discos voadores voltaram 2 Terra com toda a paraferndlia téc- nica possivel na década de 70 em Contatos imediatos de terceiro grau, de Steven Spielberg. Este filme, que teve a assessoria do as- trofisico Allen Hynek, um dos maiores especialistas em OVNIs, acuse 0 governo dos Estados Uni- dos de esconder do piiblico infor- mages sobre os discos. Além dis- so, Contatos lanca a idéia, que se- ria retomada em grande estilo por ET — O extraterresire, de 1982, de visitantes do espaco nao s6 pa- cificos e encantadores como tam- bém vitimas das trapalhadas dos Terrdqueos. Esse espirito de auto- ‘recente — sinal de que os homens ‘talvez estejam ficando mais bem preparados para se enxergar como so. Os tripulantes de um disco que pousar no planeta nos dias. rem $6 terao a ganhar com 18 SUPER ppc ser so quero ot cet istas, que no vasto Universo onde a Terra ¢ um ponto menos que insignificante existam muitos mundos nos quais alguma forma de vida inteligente tenha florescido — embora nada indique até agora que algum desses mundos seja um dos ito outros planetas deste sistema solar. Mesmo ao admitir a existén- cia de civilizagdes extraterrestres, porém, os astronomos acham pouco provavel que seus representantes aparecam aqui um belo dia em car- fe € 0550 — se € que de carne € 0s- 30 sao feitos — para uma visita de toa vizinhanea. Eles preferem a hi- pétese de um contato por ondas de radio. Esse contato pode ser acidental ou deliberado, Em qualquer dos ea- 50S, 86 se realizara se houver al- guem na escuta do lado de ca. Essa € justamente a intengio do SETI (Gigla em inglés de Busca de Inteli- géncia Extraerreste), 0 programa da agéncia espa- cial NASA pronto para entrar em agio assim que © Congresso dos Estados Unidos autorizar. — © mandar 0 governo pagar a conta de 100 mithoes de dolares. Trata-se de rastrear me- todicamente © espago em de sinais de outras agées, supondo, é claro, que elas ainda nao fenham aposentado 0 ra- io como meio de comuni- cacao; ou, pior ainda, que la Academia de Ciéncias dos Estados Unidos, declarou oficialmente que nao existem discos voadores. O astrofisico orte-americano Allen Hynek, que participou do Blue Book, nao se con- formou com resultado ¢ declarou que as pesquisas de Colorado tinham sido dirigidas a fim de apresentar uma explicacdo trangilizadora para 0 pi blico. Hynek, que morreu no ano pas- sado, era diretor do Centro de Estu- dos Ufologicos dos Estados Unidos, sendo considerado um dos maiores es- Pecialistas em OVNIs. Depois, os fas dos OVNIs como Alerra na escuta: alguém ai? nao estejam to. fantasticamente longe da Terra a ponto de, quando stia mensagem nos alcangar, milhoes de anos terem transcorrido € a civili- zacio que a enviou nem exista mais. Numa primeira etapa, os astréno- mos da NASA pretendem usar vé- rigs radiotelescopios, entre cles 0 maior do mundo, em Arecibo, Por- to Rico, para captar sinais de oito- centas @ mil estrelas a cem anos-liz de distancia da Terra. Depois, lite- ralmente, 0 céu serdo limite. Demora de quatro anos até aestrela mais proxima Essa € a mais ambiciosa tentativa do homem de ouvir outros mundos. Representa também uma mudanca na politica de comunicagéo dos ter- Féqueos — no passado recente, 0 homem preferia falar ao Cosmo 0 invés de prestar atengdo no que ele tivesse @ declarar. Em 1974, um que passaram para a clandestinidade. Atualmente, cles se concentram nas sociedades de ufologistas que funcio- nam como verdadeiras seitas. Alguns ainda tentam expli¢ar os fendmenos dentro dos limites da ciéncia acadé- . aproveitando os conhecimentos sobre a origem da vida © as leis da natureza, com as quais os discos es- tariam relacionados. Outros ligam o aparecimento dos discos a fendmenos paranormais e as tradicoes orientais. ‘tato. st 'Na Ploneer 10, placa do ouro com mensagem do Terra grupo de cientistas da Universidade de Comell, em Nova York, usou 0 radiotelescdpio de Arecibo para dar um alo ao espaco. A saudacao ter- restre demorou quatro anos s6 para chegar & estrela Alfa de Centauro, a mais proxima do planeta. A de- mora e 0 custo astrondmico da transmissio fizeram os cientistas abandonar a idéia de iniciar o con- Muito mais em conta foi encaixar mensagens em naves espaciais. A Pioneer 10, primeira naye a cruzar as fronteiras do sistema solar, em 1983, onze anos depois de seu lan- amento, levou uma placa de ouro com desenhos explicando a localiz ao da Terra e do sistema solar, além das figuras de um homem e uma mulher. A Voyager 2, lancada em 1977, que devera sobrevoar Ne~ tuno em agosto de 1989, leva uma mensagem bem mais elaborad: Um disco com duas horas de du- ragio traz a gravagao do oF choro de um bebé, gritos de uma baleia, langamen- to de um foguete, estron- do de uma avalanche e 0 estalo de um beijo. Ha saudagoes em 54 idiomas, entre os quais 0 portu- gués (“Paz e felicidade para todos”), trechos de Imiisicas, desde os clissi- 0s ao rock “Johnny B. Goode”, de Chuck Berry. Resta saber 0 que um eventual ouvinte de outros planetas achard de ‘nds depois desse clip. E, por menos que a ciéncia 3 ©'o bom senso thes déem crédito, a crenca em que 03 discos " existem vai bem, ‘obrigado. No ano passado, trés livros sobre 0 assunto foram lancados nos Estados Unidos. Venderam como pao quente. . L2Ierr aor Ccezapdes exratrranes, isaze Asimov, Eétoe | Neva Frontera, Ho do Janene 1979 \niorme UFO, 0 ino negro des dios vosde- | tes Keer Daan Die Otto tral Slo P ‘SUPER 19 “NATUREZA " De ae dajsuperticie. De cores re Tele <& Wider ead es No eee ree te Ree re tod Se eo eed que thes permite confundir-se COU COE aL re OMe eta Boserrincme Monee roe one Seem CT = gruposydiferéntes que optaram i eA a mC Meee P Bh aus id ee See ie eects lite Ce oe MS fod? prc nti F . at 3 5 ots le. See ee ey eed .. ‘ if rt oe racer t Cran o ‘ SOO CRC econ ee Vivem a poucos metros abaixo da superficie relacionadas principalmente a al mentagio, proteco e exploragio do meio ambiente. Nao existe uma ca- tegoria especial, para incluir apenas peixes de coral.”” Tanto assim que sua forma de re- producéo, por exemplo, é igual & da maioria dos peixes: as fémeas elimi- nam seus ovos na agua para serem fecundados pelos machos. Seu com- portamento também é semelhante a0 dos outros peixes. A maioria de- les, entretanto, no é conhecida po- pularmente, jé que vivem em am- bientes especificos e néo tém impor- tancia comercial Vivem nas aguas ndo muito pro- fundas dos oceanos, exatamente por- que os corais, seu habitat, se locali- zam a no maximo 10 metros abai- xo da superficie e em zonas tropi- cais, onde a tem- peratura & quente, variando de 23 a 25 graus, Excep- cionalmente, no entanto, podem existir formagdes coralinas em pro- fundidades maio- res. O professor Menezes conta que, quando via- jou em companhia de outros pesqui- sadores no navio ‘oceanogréfico da Universidade de Sao Paulo para fazer um levanta- mento dos peixes do Rio Grande do Sul, “encontramos pedagos de coral e formacdes coralinas a profundida- des de 100 a 150 metros, mas eles estavam todos mortos. © interessan- te € que os peixes ali eram seme- Ihantes aos dos corais préximos da superficie” Qs corais nao sobrevivem em temperatures frias € esse achado in- diea que em alguma época do passa- do as temperaturas naquele ponto do litoral gaticho foram mais quen- 22 SUPER Certos pelxes do Pacitico, como o Imperator, so mals coloridos. No Brasil, seus semelhantes seriam da familia dos pomacantideos. Chamadas de beilarinas das profundezas, as mantas patina e algumas veres costumam dancar em volta dos mergulhadores Todo més de junho, milhbes de garoupas costumam invadir os corals da Polinésla, no Pacttico Sul. S40 os chamados pelxes de passagem. i Be lode ~ Conhecido como pebce-orbovea, seus psceg. denies s40 apropriados para arrancar pedacos de corals hermit crab, semothante ao caranguejo sermtio do Bras, ‘vera concha de um molusco Opeixe-escorpitio ou pelxe-pedra @ habitante dos corais do Pacifico De habitos notumos, as moréias ‘passam o dia inteiro entocadas (0s Pterols volltans #40 peixes altamente venenosos. Por Isso nunca devem ser tocados = intoxicar tes. Por nao terem grande mobilida- de € serem muito altos algumas ve- ze. a0 contrério de tubaries © atuns, de forma fusiforme, os peixes de coral sio presa ficil nao s6 dos predadores como dos cagadores submarinos. Para compensa, a na- tureza Ihes deu formas eficazes de defesa. A arma principal de alguns deles, como o baiacu, consiste em inflar 0 corpo. Eles conseguem mudar seu tama- nho de forma tao desproporcional que acabamm por assustar os preda- tes, Se isso nao surtir efeito, ha algo pior. Eles possuem uma espécie de toxina altamente venenosa. No Japiio — onde compoem sofisticada iguaria, 0 fugu — nao sio raros os ass. de” gourmets contaminados. Todo cuidado & pouco ao se retirat as_visceras de um baiacu, porque se elas se romperem @ toxina contami- nar a care, que uma vez. ingerida significa envene namento na certa A toxina do baia cu € mortal para © homem, mas nao se sabe seu feito sobre os outros peixes Hé casos. como 0 do peixe-sabio, que possui uma toxina no muco da pele. Mergu- Ihadores contam que viram esses peixes serem abo- canhados por pre dadores e, ato continuo, repelidos, provavelmente devido 2 toxina. As sim, € possivel que a toxina proteja © baiacu dos outros peixes. Ha ain- da 0 peixe-porco, cuja pele aspera também o livra de ataques. Outros comem algas venenosas gue podem pessoas. Como nao ha meios de saber se um certo peixe comeu ou nao algas venenosas. ine geri-los € um risco de vida, Envene- amentos desse tipo sie comuns no Caribe. De bom genio, sé atacam quando molestados O espinho da cauda dos pe barbeiro, também chamados. cirur- gides, assemelha-se a uma lanceta ‘SUPER 23 Alguns deles tém dentes na faringe muito aguda — instrumento cirdrgi- 0 de dois gumes. Daf o seu nome. Outro que apresenta uma peculiar forma de defesa € 0 peire-cofre. Seu corpo est4 permanentemente encap- sulado numa armadura dssea cheia de espinhos. Desa verdadeira cara- paca s6 ficam de fora parte da cau- dae as nadadeiras. Mas nenhum peixe de coral ataca se nao for mo- lestado. Como esses peixes represemtam as mais variadas espécies, assumem. também yariadas formas ¢ tama- nhos. Os da familia dos pomacanti- deos — nao tém nomes conhecidos popularmente — © 0s chaetodont deos — dos quais um exemplo € 0 peixe-borboleta — sio altos, tém a boca pequena_e dentes apropria- dos para arrancar pedacos de corais Mas ha aqueles 5 — como os bu. # Fo. i cujos No Brasil 6 chamado balacu-de-eopinho e quando dentes formam 6 molestado nia como um baito uma placa como se fosse um bico de papagaio. Por isso sio também chamados de pei- xes-papagaio, Os pedagos de coral que abocanham slo triturados gracas aos dentes que tém na regiao da fa- ringe. Nas reas de corais também so encontradas mantas ‘ou jamantas, que sio raias inofensivas, alm de estrelas-do-mar e medusas, perigosas € as vezes mortais. Por causa de sua beleza, ‘sao muito procurados ntre os tipicos habitantes das Aguas coralinas ha um, em especial, de habitos diferentes, Trata-se da ‘moréia, peixe noturno por excelén- cia, Esse boémio dos corais passa o dia entocado e & noite sai para fa- zer_exploragdes. As moréias costu- mam morder os pescadores que se aventuram a enfiar a mao em tocas para pegar lagostas. Bonitos, atraen- 24 SUPER ‘Nepoleon é 0 nome desse grande e curloso pele, cujas olhos tém expresséo vagamonte humana tes, os peixes de coral tornaram-se alyo da pesca indiscriminada, princi- palmente por parte dos que buscam espécimes exéticos para aquirios or- namentais. Os pescadores também esto atrés dos peixes de passagem. que nao habitam os corais. mas, co- A distancia entre os olhos @ 2s mandibulas é curta, em comparacao com outras espécies de pelxes; por isso so chamados Naso brevirostris. cireulo azul nos olhos do Centropyge parece ter ‘sido desenhade por um pintor cconsiderados os principals animedores os corals mo 0 nome diz, por ali passam — tubardes, cagdes € atuns. Isso acaba representando um perigo a mais pa- ta 05 déceis peixes de coral, pouco acostumados a presenga humana, Os peixes de coral existem tanto no oceano Pacifico como no Atlin- ‘Cinza ou amareios, esses pelxes cuja forma lembra um trompoto foram batizados de pelxes-trombeta Colénias em flor temperatura quente, entre 23 5 graus, € fundamental para a Sobrevivencia dos corais. Por isso eles sio encontrados quase que ex: clusivamente em aguas tropicais cu- jas temperaturas sio mais altas. No Brasil, por exemplo, localizam-se principalmente no Norte ¢ Nordes- te, O atol das Rocas, no Rio Grande do Norte, ¢ 0 Parque Na- ional de Abrolhos, no extremo sul da Bahia, sao verdadeiros santu: ros de corais.Ja no Rio de Janeiro: em direcao a0 Sul, eles sao encon- trados apenas esporadicamente pois as temperaturas mais frias nao favorecem seu desenvolvimento. No Sul, as praias so mais areno- sas, a plataforma continental ¢ ‘mais ampla ¢ $6 raramente existem formagées de corais ¢ pedras. Responséveis pela formagio de recifes © atdis, os corais consis tem em uma variedade de orga- a Entre as varlas formas de coral, alguns tém colorido brilhanie nismos marinhos invertebrados, chamados celenterados, que lem: bram um vegetal. Por isso sao chamados antozodrios — do gre- g0 anthos, que significa “flor”. © Zon, que quer dizer “animal” ‘A maioria dos corais forma cold. nias ¢ cada individuo é um poli po, semelhante a um tubo fecha- do em uma das extremidades com uma coroa de tentéculos. Existem varias formas e espécies: alguns tém um colorido brithante que varia em tons de vermelho. amarelo-claro, laranja etc, Mas a maioria € amarela ou castanho- pardacenta. Os corais s4o comuns no Caribe, na costa leste da Afri ca, no oceano Indico, no Atlan: tico © no Pacifico, especialmente nas _costas das Filipinas, Nova Zelandia, Polinésia, nordeste da Austrélia e nas ihas do leste da Austrdlia até 0 Havai, (Qs bohar lutjanus do Pacttico sia ‘someihantes aos vermelhos ‘encontrades nas éguas do Atiéntico Esse carpet shark do Pacifico se parece com olambaru do Atlantico tico. No Brasil, 0 governo, preocu- pado com a preservagio desses ver- dadeiros patriménios da fauna mari- nha, tomou medidas para protegé- los. © atol das Rocas, por exem- plo, localizado no titoral do Rio Grande do Norte, foi transformado em reserva. Nao € para menos, pois se trata de um coral circular que contém uma incrivel variedade de peixes. O arquipelago dos Abro- thos, no litoral da Bahia, € outro caso. Torou-se 0 primeiro parque marinho brasileiro, com seus 91 300 hectares. A iha de Fernando de Noronha. considerada também uma espécie de aquério precioso. esta protegida da pesca predatoria por uma série de restricoes. . Cee er aed 0s peines, Siniooca oo Natuaza Lie, Lvaria cheb Oymbio Edtora, Fo do enero, 1971 ‘SUPER 25 A magia dos grandes numeros Por Luiz Barco © mimero 1 de SUPERINTE- RESSANTE foi publicado. um ensaio fotogrifico muito curios, Po- téncias de Dez, uma viagem do desco- nhecido muito distante até o desconhe- cido muito préximo. Um deslocamen; to da ordem de 10! metros a 10° metros. Isto é. do comeco ao fim realiza uma divisio por 10'°. Este é lum niimero que se escreve com o 1 seguido de — quinze zeros: 1 000.000 000 000 000 € se chama um quatrilhao Eu queria chamar a atengio de to- dos para 0 fato de que nimeros dessa ‘ordem inimagindvel estio bem proxi mos de nds, € as vezes até dentro de nds. © referido ensaio fotografico por exemplo, termina com uma bela wgem de uma célula do corpo hu- mano. Vamos entao prosseguir nessa viagem observando agora um glébulo vermelho do sangue, que tem de did ‘metro sete micra, ou 0,007 milime- tros. Uma gota de sangue, que mede um milimetro cébico, presenta, quando observada a0 microsc6pio, Cinco milhoes de globulos vermelhos Um adulto possui de cinco a seis li tros de sangue, ou seja, de cinco a seis milhées de milimetros cibicos, que viio dar 25 trilhées de glébulos verme: thos. Colocados lado a lado, em seus infinitesimais 0,007 milimetros de dia metro, esses glébulos vermelhos de uma pessoa formariam uma linha de mais de 160 mil guilémetros, capaz de dar quatro vezes a volta na Terr: Atraves de sua superficie, esses gh bulos vermelhos absorvem e espa- Iham oxigénio. Por serem tio peque- nos, vao a toda parte no corpo huma- is passagem 2"passagem 3."passagem 4+ passagem 5" passagem 6."passagem 7." passagem_ HEU 26 SUPER no; & por serem to numerosos co- brem uma drea muito maior do que es5e COTO “Muitas historias sao contadas envol- vendo contagem de nimeros de uma seqiiéncia produzindo grandes ni- meros desse porte. Vou lembrar uma delas. Na cidade de Benares, na India (lendas dessa espécie quase sempre se passam em misteriosas terras orien tais), hé um templo no qual o deus Brahma, 20 criar 0 mundo, colocou trés_estacas de diamantes, fincadas verticalmente no solo, Em uma delas, colocou 64 angis de ouro. ficando o de maior diametro embaixo, e os meno- res em cima, segundo a ordem de ta: manho. Os sacerdotes do templo, tra balhando incessantemente noite € di devem passar todos os anéis da pri- meira haste para a segunda, utilizando a terceira haste como auxiliar, e ob- servando estas regra: 1 - mudar um anei de cada ver: 2.- nao colocar um maior sobre um menor. a lenda que quando os 64 anéis tiverem trocado de haste, 0 tem- plo vai ruir co mundo se acabar. A lenda pode parecer insensata, pois a0 que se saiba 0 mundo néo acabou ‘Vejamos por que. Se a torre tivesse apenas um anel, precisariamos de uma passagem para trociclo de haste: se tivesse dois aneis, precisariamos de trés passagens: tres em sete passagens (veja a ilustracao) ‘Vamos numerar os anéis para facili- tar 0 entendimento: Tanel 1 passagem ou 2! — LV ELL 2 anéis 3 passagens ou 2? = | 3 anéis 7 passagens ou 2’ ~ | 4 anéis 15 passagens ou 24 — 1 Quem quiser pode seguir na sex quéncia. Eu, para ganhar tempo, adianto que 64 anéis vao exigir 2° = f passagens. Se os sacerdotes. fizerem uma passagem por segundo, consegui- ro completar 3 600 por hora, 86 400) por dia, perto de 32 milhées por ano —€ levardo algo em torno de 5,8 bi- ihoes de séculos para completat a ta refa que Brahma lhes passou. Pode: mos estar tranqiiilos que © mundo nia. acaba tao cedo. ‘oucos dos mimeros_ utilizados atualmente superam 10". ou 1 seguido de cem zeros. que foi batizs: do googol por um garoto de 9 ands, sobrinho do matemético americana: Edward Kasner. Se_0,cogeol, pa grande, imagine entao 0 googolple que ¢ 0 1 seguido de googel 26 Sio de tirar 0 fOlego, Mas 0 800} plexo, 0 googal, 0 2% = 1605 te algo. comum e familiar: todos Sid finitos. Contar até 0 googol ou até WE parte do mesmo processo, Mas contat a totalidade dos nimeros naturais € outro problema, pois € preciso com: preender que miuitd grande e infinite sdo inteiramente diferentes. Pense wim niimero muito, muito, mas muito grande: esteja certo, cle nao estar mais perto do infinito do que o 1. Mas isso € outra historia a que voltaremos, brevemente. 1 Lulz Barco & professor da Escola de Comune ‘cases ¢ Aries da Unversicace de Sao Paulo oa dea LL Procuro esportista que aprecie emocées fortes. performance (AP 600), 1 dotado de tecnologia \ excepcional, que faz de mim um esportista eae nato. Se for 0 caso, oferego uma verséo ainda mais esportiva, além de extremamente requintada: a GTS, dotada de motor 1.8 (AP 800 S) Procure-me: somos o Passat GL ou o GTS 1.8. Estou nos Concessionérios Volkswagen de todo Opals. Para formarmos uma \ dupla vitoriosa. Tenho um piantel cheio de vitérias em \ campeonatos esportivos (rallyes, Marcas, Mil Milhas, entre outros). Enfrento qualquer disputa @ topo todos os desafios, oferecendo em troca tran- quilidade, conforto e muita tecnologia. Sou dono de rendimento e desempenho mag- nificos, gracas a um excelente motor de alta Nos Concessionérios Volkswagen vocé enco! um Passat GL ou GTS 1.8 para formar uma dupla i ‘em desempenho e conforto. E ganha também nas facilidades do superfinanciamento ena supervalorizacdo do seu Volkswagen usado na troca por um novo. wencivel Rede Autorizada FISICA SUIS p EY Pera a Em avangados centros de pesquisa, na Europa e nos Estados Unidos, Pee Seria) CORE RUT} ele MMcKicclalar MoM ye-10\(c} pert ev eS lolne oe que parecem a imagem espelhada da matéria conhecida e podem vir Emer O ric Ufo} fonie.de energia ee ed 5 PS ee ee SCM a a pequena ¢ terrivel massa, cu- PCa ee eso eC ee CO eo Ce ee Pree eset ec es Potent eer eet ta esclarecer alguns grandes mis- rem Tea a exemplo, a origem do- Universo. E chamada antimateria e, pelo menos por enquanto, nao oferece Pe eee et des insignificantes, E certo, toda- Prana tes cen ed teri aman eect gia ainda impossivel de calcutar. A rreurrarrourcey Errcnie ae ae een ae Pee ee en ee crn mie Ua eb mE Ce ae Teoria da Relatividade. pela qua Albert Einstein ensinow que ma- ont Cn rene See Me ce nS ‘mar uma na outra. Dirac - ros Rees ceed MRO OMe SOU Preys See ee nr ey Pe ne Par renee ene ene rene Te cioso, era descobrir um denominador comum a ambas. Nesse trabalho con- seguiu desenvolver formulas ¢ equa- oes mateméticas que, efetivamente, S40 diteis tanto no campo da Relat vidade quando no da Mecénica Quantica, Dirac Yerificou que uma dessas equagdes mio descrevia apenas 0 comportamento dos elétrons, como ele esperava, mas também Oferecia solugées que’ no se acomodavam as regras da Fisica comum. Afinal Di rac descobriu 0 né da questao — as particulas com as quais estava traba- Thando nao eram elétrons normais: sua massa era exatamente a de um elétron comum, mas sua carga elétri- ca era positiva, em vez de negativa Parecia, em suma, uma imagem re- fletida ‘no espelho, um eléiron 20 contrario. Um antielétron As experiéncias de Dirac eram p ramente tedricas. Algum tempo de- pois 0 fisico norte-americano Carl Anderson, quando fazia experiéncias com radiagdo edsmica, conseguiu di monstrar que os antielétrons existiam de fato. Tais particulas receberam, entdo, 0 nome de pésitrons —e An- derson, por isso, ganhou um prémio Nobel em 1936. O paso seguinte foi descobrir que todas as particulas tém sua correspondente antiparticula. Particulas e antiparticulas formam-se aos pares Ou_ seja, existem os antiprotons, antinéutrons ete. Sao cles que for- mam a antimatéria. Atualmente j4 € sossivel produzir antiparticulas em laboratorio, em_condigées controla- das. O Centro Europeu de Investiga- do Nuclear (CERN), em Genebra, produz antiprétons, conservados em campos magnéticos para delicadas experiénci ‘As perspectivas sio muito estimu- lantes: hoje tem-se a certeza de que essas antiparticulas podem se juntar para formar antidtomos. E ¢ até pos- sivel que existam no Us trelas, antiplanetas — e anti-homens, como explicou 0 proprio Dirac, no discurso ao receber o prémio Nobel, de o fato de que a Terra tenha sido formada de matéria e nao de antima- 30 SUPER téria, “e € absolutamente possivel que ‘ocorra exatamente 0 contrario com outros corpos celestes”. Para fi zer uma afirmagio tio atrevida Dirac se baseou na profunda simetria da natureza, Para que se forme um pésitron é preciso concentrar certa quantidade de energia em um Unico ponto. Se houver condigdes adequadas, apare- cera ndo uma particula mas um par delas, ambas formadas diretamente da energia; uma serd sempre um pd- sitron, outra um elétron, Ou seja, particulas ¢ antiparticulas se formam. sempre aos pares. Uma equilibra a ‘outra. O processo inverso também é verdadeiro: se um elétron colide com um pésitron, ambos se aniquilam mutuamente, € stias massas combina- das se liberam como energia, em for- ma de raios gama. ‘Nesta cémara, no CERN, podo-se visualizer 9 antimatéria Um elétron (verde) ¢ um positron (vermelho) surgem de um ralo gama Se da energia pode-se produzir matéria, cria-se a grande esperanca de que. enfim, sera possivel esclar cer a origem do Universo. No passa~ do os astrénomos acreditavam que 0 Universo se formara a partir de uma reserva bisica de massa. existente desde 0 principio. Agora tem-se ex- plicacao mais satisfatéria: supomos ‘| Primelra Imagem do aniquilamento de um anttiproton em laboratério que a massa se formou, pouco a ouco, por meio de processos fisicos jo € necessério muita fantasia par imaginar que, logo apés o Big Bang, a grande explosio que deu origem a0 Universo, havia energia mais do que suficiente para produzir toda a maxsa hoje conhecida Uma conclusio se impde: se é i a i eee oe) Este equipamento, no acelerador de particulas do CERN, ‘Serve para conservar os antipratons certo que, quando se cria matéria a partir da’ energia, sempre se cria uma quantidade igual de antimat tia, entio o Universo deve ser com- posto de ambas em quantidades iguais. Foi o que levou Dirac a far et sua especulacio sobre a existén- cia de antiestrelas. A simetria entre matéria e antimatéria sugere que uma antiestrela ou uma antigalixia teriam exatamente 0 mesmo aspecto que uma estrela ou uma galé mum, Ou seja, é perfeitamente pos. sivel que a nebulosa de Andromeda, por exemplo, seja_constituida de matéria ou antimatéria Ha pouquissima antimateéria na massa da Via Lactea Em todo 0 caso, a realidade mo: tra que as coisas nao sao assim tio simples. A partir dos anos 60, 05 ientistas comecaram a entender me- Thor os acontecimentos relacionados com o Big Bang — ¢ logo se deram conta de uma grande contradicéo. A fase inicial do Universo se caracteri zou por um calor colossal ¢ uma sur- preendente uniformidade. O calor tornou possivel © aparecimento de pares de particulas ¢ antiparticulas, que s¢ juntaram formando uma espé- cle de Sopa homogénea Enquanto 0 Universo se dilatava ¢ esfriava a grande velocidade, $6 ha- via um destino possivel para esses pares de particulas e antiparticulas: a mitua destruigao. Os pésitrons coli- diram com os elétrons, os prétons com 0s antiprdtons, os néutrons com os _antinéutrons. Sempre, o resulta- do foi uma explo- sto destruidora. Nessas_circunstin- cias, méo_ poderia ter sobrevivid¢ muita matéria, nem o Universo es: taria cheio de mos, mas de raios gama. 'No entanto, nao € assim: a matéria existe € os dtomos estdo em toda par- te. Os pesquisado- Tes trataram, en- tao, de descobrir 0 mecanismo da_na- tureza_responsével jg pela separacio de matéria ¢ antimaté- ria, evitando aque- la orgia de destrui- a0. Nada conse- guiram, mas os primeiros radioteles pios instalados a bordo de satélites ar- lificiais permitiram descobrir que no Universo nao ha tantos raios gama co- mo se imaginava. Foram feitos, entéo, cilculos tedri- os para saber quanta antimatéria po- deria haver na Via Lactea que ainda nao tivesse sido descoberta. Os pes quisadores partiram do fato de que também no vasto Universo objetos co- idem ocasionalmente € que nao existe espago vazio, mas enormes quantida- des de particulas de gis ¢ po. Sendo assim, ainda que s6 uma parte de nossa galaxia fosse constituida de an- timatéria, haveria um constante cinti lar de raios gama. Os resultados ob- tidos até agora no indicam que a Via Léctea possa ter mais do que uma milionésima parte de sua massa constituida de antimatéria. ‘Algo parecido ocorre nas demais galéxias: quando se_chocam umas com as outras, verifica-se que sio formadas de matéria e nio de anti- matéria. Se realmente existe, a sime- tria entre elas deverd aparecer num campo espacial maior do que 0 Uni verso conhecido. Neste, a antimaté ria é uma raridade. Fica a pergunt seré que em algum lugar existe anti matéria em grande quantidade? Por meio de sondas enviadas as camadas mais altas da atmosfera se descobriu que a Terra esté exposta a tum continuo bombardeio de antipr6- tons, que chegam do Universo ¢ for- mam parte da radiagao césmica ge- ral, Mas cles nio sio indicio de que existam antiestrelas, por exemplo. Como acontece nas refinadas instala- gSes do acclerador de particulas do CERN, os antiprétons podem se for- mar, no Universo, a partir de parti- culas comuns, desde que ocorram entre elas choques muito violentos ‘Como os raios césmicos sio ricos em energia, devem produzi-los com faci- lidade quando atravessam 0 gas inte- restelar. © que causou a explosao de Tunguska, na Sibéria? Para determinar a quantidade de antimatéria que ha no Universo pre- cisamos buscar micleos de anti-hélio. Depois do hidrogénio, o hélio é a substincia. mais comum do espaco eésmico. Um tnico nicleo de anti- hélio seria indicio importante da existéncia de antiestrelas; formado por dois antiprotons ¢ dois antinéu- trons, trata-se de uma estrutura que ‘nao se constitui a0 acaso, Na busca de melhores resultados, 05 _pesquisadores norte-americanos pretendem colocar em Grbita, na proxima década, © Astromag. Esse Instrumento, a bordo de uma estacéo espacial, sera equipado com imas su- percondutores muito potentes ¢. por Isso, capazes de desviar a trajetoria das’ particulas super-rapidas. Assim. uma barreira de detectores seré ca ‘SUPER 31 Ochoque coma Terra seria uma catastrofe paz de distinguir se determinado ni- cleo € formado de hélio ou anti-hé- lio: se os imas desviarem as particu Tas de hélio para a esquerda, desvi rao as de anti-hélio para a direita Se a proposta for positiva e pu- dermos entao dar como certa a exis téncia de antiestrelas, também sera certa a existéncia de antiplanetas, anticometas € anti tudo 0 mais. Po- demos perguntar, a partir daf: 0 que aconteceria se um corpo com mais substincia que um nucleo de anti helio penetrasse no Universo gonhe- cido a altissima velocidade? E pro- vavel que a0 colidir com os corpis- culos de matéria produziria raios de energia € novos corpusculos, estes de antimatéria, Alguns deles pode riam chegar a Terra, O choque da antimatéria com o planeta prodwziri uma explosio equivalente a de uma bomba atémica. Teria sido isso que aconteceu no comeco do séeulo na regiao siberiana de Tunguska, de cuja destrui¢éo tanto se falou, sem que se pudesse descobrir 0 que real mente ocorreu? Teré sido esta a causa do desaparecimento dos dinos- sauros ou dos periddicos cataclismos que castigam a Terra? Pesquisas recentes demonstraram que particulas microseépicas, proce dentes do espaco, estao_constante «mente entrando na atmostera terres: tre. As que sio suficientemente pe quenas conseguem escapar da. des- truicéo, porque as forcas de atragio produzidas entre os étomos normais acabam formando uma barreira de rotecio em torno da_antimatér Supde-se que essas antiparticulas e tejam carregadas cletricamente. por ionizagao © assim fiquem expostas aos campos elétricos da atmosfera terrestre (por exemplo, os que se formam durante as tempestades) eriam as tormentas que acende riam o pavio da explosao responsivel pela destruigao das antiparticulas. A energia assim liberada tem o aspecto de uma bola vermelha incandescente. que dura pouquissimos segundos. I Muitas descrigies dessas bolas que aparecem no meio de uma tempesta- de © desaparecem repentinamente. com um forte estampido. O fendme- no chama-se raio globular e € w mistério para os cientistas: ninguém até agora conseguiu reproduzi-lo em 32 SUPER Matéria e antimatéria explodem laboratorio. E possivel que no futuro se consiga relacioné-lo com a an teria, Possivel aplicacao militar preocupa os cientistas Enfim, € muito pouco, quase ni da, 0 que sabemos sobre @ antimat ria — embora jé possamos fabricé-la. Seguramente sera mais. pratico pro duzir a antimatéria no espaco. pois ali existe 0 vazio necessirio, e a gra vidade néo provoca problemas. A antimatéria € stil quando se preci armazenar grandes quantidades energia, com peso ¢ volume infimos. Poderia ser utilizada para impulsio- nar veiculos interplanetarios. por exemplo. E poderia, sem duvida, ser utilizada para a guerra. O Ins tuto de Investigacao da Rand Cor. poration, nos Estados Unidos, ja conclu um estudo onde registra a possivel aplicacio da antimatéria em foguetes, armas lancadoras de raios € na_alimentagio de lasers de raios X. O estudo afirma que a tecnolo- gia para isso poderia ser desenvolvi- 1 ein Modelo de laser deraios X ‘coneobido para programa ‘conhecido como Guerranas Estrelas. No Interior do. laser, vé-so umesquema da Armaditha ‘antiparticules produtores ‘deenergia ee inco anos. Outros estudos, inados pela Forga Aérea dos Estados Unidos, estao em curso, sob protesto da comunidade cientifi- ca internacional. Mas a investigacio em tomo. da antimatéria, nos laborat6rios civ, também avanca_rapidamente. Logo entraré em ~ funcionamento, no CERN de Genebra, um novo siste- ma de conservagio’ dos antiprétons que permitiré estudé-los com muito mais precisio. At agora produziam- se antiprétons mediante choques de alta energia, 0 que os levava a se deslocar guise 2 velocidade da luz (300 mil quilmetros. por segundo), Agora eles so submetidos a um aparelho chamado LEAR (gla em inglés de Light Energy Antiproion Ring ou Anel de Antiprétons de Baixa Energia), que reduz considers- yelmente essa velocidade. Domesti- cados, 0s antiprétons caem na cha mada’ Armaditha de Penning, onde so continuamente atirados para a frente e para tras, por meio de cam- os magnéticos que evitam que eles se choquem com paredes. E ali que se pode fazer experitn- cias com eles. Por exemplo, comps- Tar sua massa com a dos protons, verificar se e como sio afetados p la gravidade. Enfim, verificar se realmente matéria e antimatéria séo simétricas, como sempre se acredi- tou. Jé se passaram mais de cin- quenta anos desde que 0 fisico Paul Dirac apresentou ao mundo cientifi- co sas equacdes, mas as investign- g0es sobre a antimatéria estao ape- fas comecando. 7 Glee Os trés primeiros minuto Sina’ Ginrabats” Bo io eoiingescs ME BRITISH AIRWAYS APRESENTA O SEU NOVO PERFIL. BRITISH AIRWAYS ‘compan ses tea do mend, A partir de fevereiro, vocé tem mais um grande motivo para voar com a British Airways, o Boeiny 747. Isso mesmo. A British Airways vai colocar 0 747 em todos os seus trés vos semanais diretos para Londres. Até porque 0 747 tem o perfil que todo brasileiro gosta: mais espaco incemo, com maior confor to para os passagciros. E dentro dele voce vai se surpx a Club World, der com a nova class Cre ere es ey 2 sotrimento ro Se aid ESSE HOME RELIGIAO WwW “Ww pou so Ny vem foi afinal Jesus? A res- posta € dificil — principal- \ ) mente porque 0s tinicos rela- NG 105 sobre sua vida sio os evangelhos, escritos ¢ reescritos déca- das depois de sua morte. A Igreja ‘aceita como vilidos apenas quatro desses textos, os chamados evangelhos candnicos, atribuidos pela tradicdo a Mateus, Marcos, Lucas ¢ Joao. Ou- tros evangelhos, denominados apéeri- fos, apresentam narrativas que, 2s ve~ zes, se chocam fortemente com a dos eandnicos. Refletem concepedes reli- giosas e politicas que se desenvolve- Tam nos primeiros séculos do cristia- nismo ¢ chegaram a ser acusadas de heresia. Estudos biblicos contempor’- neos vem submetendo tanto os textos eandnicos quanto os apécrifos a uma cuidadosa releitura critica. Para comegar, Jesus nasceu antes de Cristo. Um erro cometido séculos depois no célculo do calendario & res- pomsivel por esse paradoxo. O fato hist6rico usado como referéncia para ‘adatagdo do nascimento € o primeiro recenseamento da populacao da Pales- tina, ordenado pelas autoridades ro- manas com 0 objetivo de regularizar a cobranga de impostos. Lucas diz em seu evangelho que Jesus nasceu na €p0ca do censo. Estudos mais recen: {es situam esse acontecimento entre os anos 8 € 6a.C. Maria e José, os pais de Jesus, te- riam se deslocado de Nazaré, na Gali- Iéia, onde viviam, para Belém, na Ju tia — cidade de origem de José e on- de ele deveria se alistar para o censo Mas a definigao de Belém como a ci- dade natal de Jesus também € moti- vo de polémica entre os estudiosos. Belém era a cidade de Davi, que r nou em Israel por volta do ano 1000 a.C. Na época em que Jesus nasceu, ‘os judeus esperavam por um lider, que os livrasse do jugo romano ¢ restabelecesse a realeza, O que se conhece de Jesus é praticamente apenas 0 que contam Os evangelhos. Mas novas interpretagdes dos textos biblicos permitem entender com muito mais riqueza sua figura historica e o contetido de sua acao no tempo em que viveu. Tudo 0 que 6 humano esta nele presente: alegria e ira, bondade e dureza Segundo profecias do Antigo Testa- mento, esse libertador — 0 messias, que significa 0 “ungido”, como os an- tigos reis de Israel — seria descenden- te de Davi. Para os evangelhos, espe- cialmente 0 de Mateus, Jesus € 0 mes sias esperado: por isso seu nascimento ocorre em Belém; por isso também CHAMADO ele é saudado pela aparicao de uma estrela, simbolo de Davi Conforme o relato de Mateus, Je- sus descende de Davi por meio de José. O autor procura conciliar essa origem com a virgindade de Maria, referida no mesmo texto. O que se quer mostrar, evidentemente, & que © nascimento de Jesus ocorre a par tir de_uma intervengéo direta de Deus. E uma idgia que aparece com freqléncia no pensamento antigo. Nao s6 herdis mitoldgicos. mas tam- bem grandes personagens histéricos tém sew nascimento associado a uma divindade. Os farads do Egito eram considerados filhos de Amon-Ra, 0 deus Sol. E a mae de Alexandre, 0 Grande (356 a.C.—323 a.C.), esta- va convencida ¢ convenceu o filho de que ele era descendente de Zeus, 0 deus supremo da mitologia grega. Para a Igreja Catolica, Maria per- maneceu virgem mesmo depois do nascimento de Jesus. A expressio ir méos e irmas, empregada por Ma- teus © Marcos, designaria parentes mais distantes de Jesus, como seus primos. Essa opinio ¢ contestada pelos protestantes, que acreditam que 05 iymdos que aparecem nos evangelhos eram irmaos mesmo. Eles sio citados pelos nomes: Tiago, Jo- sé, Simao ¢ Judas. Tiago, conhecido como Tiago, 0 Maior, fez parte do circulo dos diseipulos mais. intimos: apos a morte de Jesus ¢ a saida do apéstolo Pedro de Jerusalém, assu- a chefia da Igreja. ‘A agio de Jesus transcorreu princi- palmente entre 05 pobres ¢ marginal SUPER 35 Z demdnios zados de seu tempo. A fértil regido da Galiléia, onde presumivelmente pas- sou a maior parte de sua vida, abriga- va uma populagdo miseravel, vista até com desconfianca pelos judeus conser- vadores, pela presenga em seu interior de elementos pagaos originacios da Siria. Como lembra o estudioso Paulo Lockman, bispo da Igreja Metodista no Rio de Janeiro, quando Jesus dis- se “bem-aventurados os pobres em espirito”, era dessa populacao ristica que ele falava. ‘A propria familia de Jesus, porém, puramente judaica, como se pode ve" Fificar pelos nomes de seus membros, ae cata ae proprietirio. Num meio em que os oficios passavam de pai para filho eram patriménio de familia, ¢ quase certo que Jesus tenha herdado ¢ exer cido a carpintaria. Os estudiosos contestam ligacao com os essénios A lacuna de quase trinta anos na narrativa dos evangelhos — do nas- cimento de Jesus a0 infcio de su. pregagéo — deu margem a todo ti po de fantasia. Autores imaginosos fizeram-no viajar a lugares tao lon- ginquos quanto a India ¢ o Tibete, em busca dos fundamentos de sua doutrina. Para o estudioso catélico Euclides Balancin, do corpo de tra- dutores para o portugues da Biblia de Jerusalém, esas suposighes io tém nenhum fundamento. “E muito improvavel que Jesus tenha se afas- tado da Palestina”, diz. “O nico ensinamento religioso com que ele teve contato era aquele acessivel a qualquer judeu da época — as Es crituras. O aspecto revolucionario de sua agio € gue ele procurou levar as idéias do Antigo Testamento & pratica. ‘A espetacular descoberta das rufnas € dos manuscritos da comunidade dos essénios, ocorrida em 1947 na locali- dade de Qumran, as margens do. mar Morto, no atual territério de Israel, alimentou durante bom tempo a supo- sigéo de que Jesus pudesse ter perten- 36 SUPER Adoracao dos magos, Rogier van der Weyden, 1455-60: Jesus terla nascido ‘em Belém, durante o censo de Palestina, entre os anos Be 6 a.C. cido a essa irmandade religiosa. Mas a critica mais recente vem desmentindo também essa hipotese. ‘A comunidade dos essénios era formada principalmente por sacerdo- tes que haviam rompido com o alto clero de Jerusalém, constituido por grandes proprietérios de terras que aceitavam a dominagéo romana. Abandonando a Cidade Santa, os sa- cerdotes dissidentes se fixaram nas grutas da regido desértica & margem do mar Morto, onde os bens eram divididos entre todos, cada um devia trabalhar com as prdprias mios € 0 comércio era proibido, Esses judeus puritans esperavam a chegada iminente do messias, que viria organiza a guerra santa para ’inar os impios € estabelecer 0 reino eterno dos justos. Os que as piravam pertencer 4 comunidade de- viam pasar por um complexo e prolongado periodo de _iniciagao, que incluia 0 batismo com Agua. O significado simbélico desse rito era 0 da morte e ressurreicio do indivi- duo: ao ser mergulhado na batismal, este morria ¢ renascia para uma nova vida. 2 —_ = ‘oe | | | f a “ne = : aan | an re on pec Sao eee = ! mo. a —. SS =e | oe (aa i cero ee rear en ee cee oka ee ee ee centro econémico e cultural do pais E provavel que a ideologia dos essé- niios tenha influenciado 0 pensamento € a pritica de Jesus. assim como da comunidade crista.primitiva, Mas as diferengas também sio muito. gran- des, Como ressalta 0 padre Ivo Storniolo, coordenador da. traducio da Biblia de Jerusalém, enquanto os essénios se afastavam do mundo in: justo € corrompido para viver um ideal de pureza 2 espera do messias, Jesus merguihava nese mundo para transformé-to, Joao Batista viu nele o messias. Depois, duvidou Alem disso, a comunidade dos es- sénios era rigidamente organizada ¢ hierarquizada, ao passo que a prética de Jesus era informal. “As expres- sOes pregactio ou ministério de Jesus podem induzir a um erro de avalia- Gio”. comenta Storniolo. “E preciso fer claro que Jesus ndo era um sa- Entrada em Jerusalém, Ducio di Buoninsegna, 1308-11: ‘a povo estende suas vestes no chao para ele passar cerdote, Raramen- te pregava nas si- nagogas. Seus cn- sinamentos esta agio se davam no meio do povo, nos locais de_moradia e de trabalho. De seu lado, 0 protestante Paulo Lockmann acres centa: “Nunca um essénio se sentaria & mesa de um pu blicano (cobrador de impostos) ou pecador como Je- sus fez. Ele foi além disso ¢ afir: mou que ‘os publi- canos e as prostitu- tas esto vos pre- cedendo no Reino de Deus’, queren- do. mostrar que, quanto. mais um homem ¢ pecador, mais ele esti em revolta contra 0 mundo em que vi ve © mais aberto a transformaci Proximo dos es- sénios, sem diiv da, estava Joao, 0 Batista. Ele era um asceta rigoro- 50, que pregava no deserto prox mo & comunidade de Qumran, bati- zava com a 4gua € anunciava a vinda do messias. O tipo de relacionamen- to que pode ter havido entre Jesus ¢ Joao Batista intriga os estudiosos. ‘Como Jesus, Joao tinha um circulo de discipulos, dois dos quais, aten- dendo 4 sua indicagio, teriam se passado para o grupo de Jesus, inte- grando 0 conjunto dos doze apésto- Tos. Um desses diseipulos era André, irmao de Pedro. Para Joao, Jesus era o messias ¢s- perado. Nele, Jogo via a intervengio iminente de Deus na historia, M: depois de ser preso pelas autoridades e como Jesus nao desse inicio guerra santa, Joao enviou dois disct pulos para interrogé-lo se cle era realmente “aquele que hi de vir ou devemos esperar outro”. Se a ress posta indireta de Jesus, citada por Lucas, convenceu Jojo nao se sabe. Sabe-se que no convenceu uma par. te de seus seguidores. Estes, apos a execugio do lider, passaram a acre- ditar que Joio era o messias ¢ fora traido por Jesus. A partir daf funda- ram uma religido, 0 mandeismo, de que ha ténues vestigios ainda, no Ira ena Turquia. Batizado por Joao, Jesus meditou ¢ jejuou por quarenta dias no deserto. Essa passagem tem um claro significa do. Nao so na biografia de fundadores de religices, como Buda ou Maomé, mas também na trajetdria de homens comuns entre os povos primitivos, a preparagao para a etapa mais impor- tante da vida é precedida por um pe- riodo de solidao junto & natureza, quando a pessoa se confronta consigo mesma. O deménio que tentou Jesus durante esse perfodo pode ser inter- pretado como seu deménio interior — 6 lado sombrio que todo homem tem dentro de si O nucleo de sua mensagem € 0 Sermao da Montanha Segundo Mateus, quando Jesus te- ve fome, 0 diabo Ihe disse: “Se és Fi- Iho de Deus, manda que estas pedras se transformem em paes”. Depois, le- vando-o ao alto do templo de Jerusa- lém, 0 desafiou: “Se é Filho de Deus, atira-te para baixo, porque e: td escrito: Ele dard ordem a seus an- jos a teu respeito, e eles te tomardo pelas méos.. jalmente, conduzin- do-0 a um monte muito alto, “mos- trou-the todos os reinos do. mundo com seu esplendor ¢ disse-Ihe: Tudo isso te darei, se, prostrado, me adora- res”. Para Ivo Storniolo, “as tenta~ Goes no deserto s40 um resumo das tentagées que Jesus sofreu a0 longo da vida. Trés tentagdes que a socie- dade propée: riqueza, prestigio ¢ po- der, Sociologicamente, ha nos evan- gclhos uma critica a sociedade basea- da nesses valores, por serem privilé- gio de uma minoria’’. Mesmo a estruturagio dos ensina- mentos de Jesus nos grandes. ser- modes que aparecem nos evangelhos candnicos € posterior & sua morte © se deu pela reuniao, em discursos extensos. de frases ditas em ocasides € contextos diversos. O micleo de sua mensagem esté no Sermio Montanha, de conteiido marcada- mente social. Nesse aspecto, a versio do Evan: tho de Lucas € ainda mais vigorosa gue a de Mateus: “Bem-aventurados V6s, 08 pobres, porque vosso € 0 Rei no de Deus. Bem-aventurados vés, que agora tendes fome, porque sereis ‘SUPER 37 saciados. Bem-aventurados vis, que agora chorais, porque haveis de Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem, quando vos re- jeitarem, insultarem e proscreverem ¥Yoss0 nome como infame, por causa do Filho do Homem. Alegrai-vos na- quele dia e exultai, porque no céu se- Ta grande a vossa recompensa; pois do mesmo modo seus pais tratavam 05 profetas. © ponto culminante da trajetéria de Jesus, para o qual convergem as nar- rativas evangélicas, foi sua estada em Jerusalém, onde se confromtou direta mente com 0 centro do poder, foi pre~ 50, condenado € crucifica- do. Sua entrada na cidade foi triunfal, sendo recebi- do pela multidéo que es- tendia as yestes sobre 0 caminho para que ele pas- sasse ¢ 0 saudava como 0 no tempo de Jesus A ansiosa espera pe- lo messiaslibertador reflete a opressio a que © povo judeu estava submetido, sob o dom nio romano. Depois da morte de Herodes 1 (73 a.C.—4 a.C. ), rei vassalo de Roma que nao gozava de legitimidade junto & populacao, a Palestina foi dividida entre trés de seus filhos: Arquelau, Filipe Herodes Antipas. A Galiléia, on- de Jesus vivia, coube ao dltimo, Fesponsdvel pela decapitagao de Joao Batista. Arquelau., rei da Judéia ¢ Sama- ria, foi substituido pelo procurador romano Péncio Pilatos, sob cujo mandato Jesus Cristo foi crucifica- do, Mas 0 sumo sacerdote do tem- plo de Jerusalém, Caifés. tinha grande influéncia no governo. Apoiava-se no Sinédrio, conselho de 71 membros formado por altos sacerdotes, anciaos das familias ju- dias mais ilustres ¢ doutores da Lei Varios grupos moviam-se na ce- messias libertador, Suas palavras e agbes, entretanto, logo deixaram cla- To que ele ndo vinha liderar uma re- beliao militar contra © dominio roma- no, mas propor uma transformagao de outro tipo na estrutura da socieda- de e na mentalidade dos homens Um de seus primeiros gestos, cheio de significado € consequéncias, foi ex- pulsar os comerciantes do ‘Templo Este Jeo religioso do pais, mas também uma importante unidade econdmica, envolvida na co- branga de impostos e num intenso co- mércio, que visava tanto atender as necessidades dos numerosos peregri Cristo expulsa os venaitnoes do templo, E/ Graco, 1605: ‘© contronto de Jesus com o poder econémico de época na politica. No alto da pirimide social estavam os. saduceus — a elite sacerdotal e os grandes pro: prietérios de terras. Eram judeus conservadores que se atinham ao texto da Lei, tal como aparece nas Escrituras, ¢ colaboravam com 0 dominador romano. Judas queria expulsar os romanos pela luta armada Logo abaixo, vinham os fariseus — elementos do baixo clero, pe- quenos comerciantes e artesios. Eram hostis & presenca romana mas sua oposicao era apenas pi va, Em todas as questoes da vida cotidiana, cumpriam zelosamente a Lei e as tradicoes orais acumuladas a0 longo des séculos. Em confronto com 0 templo de Jerusalém, 0 cen- os como manter o sistema de vendas de animais, ofertados pelos figis em sactificio. Essa economia do templo era uma das bases do poder da elite sacerdotal, que Jesus afrontava tamente com seu ato, Por outro lado, as palavras de Je- sus se voltam contra 0 que ele consi- derava uma religiio minuciosa ¢ fore malista, que se afastava do conteido profundo e da mensagem social das Escrituras: “Ai de vés, escribas ¢ fa- riseus, hipécritas, que pagais o dizi- mo da horteld, do endro € do comi- nho, mas omitis as coisas mais impor- tantes da lei: a justica, a misericdrdia € a fidelidade. Importava Praticar estas coisas, mas sem omitir aquelas. ‘Con- dutores cegos, que coais © mosquito € tragais 0 camelo!” © famoso episédio em tro de sua expressio ‘ram as sinagogas, pre- sentes nos menores Iu- garejos. Saido dos fariseus, 0 grupo dos zelolas era formado por campone- ses € outros membros das camadas mais po- bres, esmagadas pelos impostos. Muito reli- giosos, eram_naciona- listas radicais. Queriam expulsar pelas armas os romanos e instituir um Estado onde Deus fosse 0 tinico rei representado pelo messias, deseen dente de Davi. Considerado agita- dor e assassino pela tradi¢io crista, Barrabas foi um lider zelota. Entre os apdstolos de’ Jesus, dois devem ter sido zelotas: Si mao e Judas Iscariotes. Também Pedro parece ter simpatizado com eles. O nome Iscariotes pode sig- nificar que Judas fosse da cidade de Kariot, foco da agio zelota, ou viria da expressio aramaica Ish Kariot, que quer dizer “o ho- mem que leva 0 punhal”. Sua traicio a Jesus pode ser interpre- tada como um ato resultante de divergéncia politica: enquanto a agio dos zelotas se voltava contra 0 dominador estrangeiro, a prega- io de Jesus visava a prépria es- trutura social da Palestina. que Jesus € inter- fogado pelos. fari seus ¢ partidérios da dinastia de He- todes sobre se se devia ou ndo pagar tributos a Roma é explicitamente des: qrito, em Mateus, Marcos e Lucas, como uma trama visando —arrancar dele alguma decla- ragio que pudesse incriminé-lo peran- fe as autoridades romanas, A res- posta de Jesus — "Devolvei 0 que € de César a César, e-oque é de Deus, a Deus”— certa- mente decepcio- Nou os que espera- vam dele a tideran- ade uma insurrei- Go nacionalista. Quando, de acor- do com o costume de se libertar um prisioneiro durante a festa da Péscoa, © procurador ro- mano Péncio Pila- tos consultou 0 po- vose devia anistiar Jesus ou Barrabés acusado de morte. 05 evangelhos di Zem que a cipula sacerdotal procurou tirar partido dessa decepcao, incitan- do a multidao a escolher Barrabis (eja quadro), Na linguagem de hoje, seria chamado paranormal Os moderos estudos criticos dos evangelhos vém permitindo tratar da dimensio existencial de Jesus, antes encarada como tabu, Como mostra Leonardo Boff, em seu livro Jesus Gristo libertador, tudo que € autenti- camente humano aparece em Jesus: alegria ira, bondade e dureza, triste- 2a € tentacao. No entanto, suposigdes como a de um eventual relacionames 10 amoroso com Maria Madalena nao encontram nenhum apoio nos textos evangélicos, A propria Maria Madalena, alids, foi erroneamente confundida com a *pecadora”, mencionada por Lucas, que teria lavado, enxugado com os ca- i mal Cristo em majestade, pintor andnimo catalao da Idade Média: na mao ‘esquerda, a inscri¢ao latina diz: “Eu sou a luz do mundo’ belos, beijado e perfumado os pés de Jesus na casa de um fariseu. Nao ha evidéncia de que sejam a mesma pes- soa. O que se diz de Maria Madalena em diversas passagens é que dela Je- sus expulsou “sete demdnios”, que estava presente entre as mulheres que acompanharam Jesus ao monte Cal- vario, onde foi executado, © que Je- sus Ihe apareceu © falou depois da ressurreicit. Um dos pontos mais delicados na tentativa de reconstituir a dimensio hist6rica de Jesus sao 05 milagres a cle atribuidos. E preciso ter claro que a separagdo que se faz hoje entre natu ral ¢ sobrenawural praticamente nao existia naqueles tempos. Os evange- Ihos dio numerosos testemunhos das curas operadas por Jesus. Em meio um povo miseravel ¢ inculto, Jesus vai libertando as pessoas de seus ma- les: a cegueira, a mudez, a surdez, a paralisia, a loucura Padre Storniolo sublinha 0 carter alegérico de muitos relatos de mila- gres. Seria 0 caso, por exemplo, de Jesus caminhando sobre as aguas: “O mar no Antigo Testament era 0 simbolo das nagdes que podiam inva- dir a Palestina © dominar 0 povo. Os discipulos na barea agitada pelas ondas simbolizam a comunidade cris- ta primitiva com medo de se afogar no mar da Hist6- ria, Jesus vem en- tao caminhando sobre as Aguas, co- mo prova de que, pela fé, aquela co- munidade —podia ser vitoriosa. Pe- dro também cami- nha, até o instante em que duvida. Nesse momento, divide suas ener gias, perde seu po- dere comeca a afundar, sendo sal- vo por Jesus” Um dos mila gres de Jesus,

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