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Diregto: Aspisi Aleta Camargo Sutter Brando Lopes isin Martine Ficha Catslogrifien P-bit, Catsopagfonafonte Sindicato Nocona! oe Eetoren de Livros, RU Kowarik, Lucio Ktve 1 Espoiagi urbana Lacio Kowatich.- Ri ce daaivr Pere Terra, 91 “Coleco Estudos Wraseros v4) So Piulo (Cisse) - Cones soins 2 So sioloisurbuna Tilo Ml Seve 79.0810 cpp - 30136 309.151 cou - 301 got(-2) Kye EDITORA PAZ € TERRA Canela Et ‘Anton Candido Coho Furudo, ecnando Grapuran Fernando Henrique Cardowo DEDALUS - Acorvo - FAU-PGR 20300013975 C Alégicada desordem A Regio da Grande Sio Paulo ¢ o centro dintmico do Pais, A produgio industrial, o sistema financeiro, a renda per capita, enfim, qualquer indicador de pujanca fecondémics apresenta-te’com larga fartura quando com parado as outras dreas da sociedade brasileira, ‘Contudo, permanecer no nivel destas constatagdes aque traduzem, em iltima andlise, ograu de desempenho ‘econdmico ~ mas no necessariamente “qualidade devi 4a” da populacio - significa revelar apenas um lado da (uestdo e deixar de relacionar dois processos que fre jenlemente aparecem interligados: crescimento econ’ joo e pauperizacio de vastas parcelus das classes trab radoras, ‘As condigdes de vida dependem de uma série de fa- tore, da qual a dinkmica das relagdes de trabalho € o pon- to. primordial, Nao obstante tal Tato, & possivel fazer uma leitura destas condigSes através da anidlise da ex- pansio urbana, com seus servigos, infra-estrutura, espa (0s, elagBes sociaise nlveis de consumo, aspectos direta- ‘mente ligados ao processo de acumulagdo do capital ‘Um exame da Grande Sio Paulo pode inicia-se com uma visto da Metrépole em seus aspects fsico-es- paciais, pare depois detecaremse 0s processos que estio por deiris deste conjunto de aparéncias. A aparéncia de- ordenada do crescimento metropolitano pode ser vista através de seu tragado irregular e 0 desconexo de seus es- 0 pagos vazios e ocupados que ji sugerem formas dispara- tadas de ocupagio do solo, Essa impressio de desordem ainda se agrava quando conhecida a realidade que no consta do mapa oficial da cidade: hi 26 mil ruas e § mil foteamentos clandestinos. ‘A distribuigdo espacial da populagio no quadro deste crescimento cadtico reflete a condifo social dos habitantes da cidade, espelhando ao nivel do espago ase- _gregacio imperante no ambito das relagdes econdmicas. (O agravamento dos problemas que afetam a qualidade de vida da populagio de Sto Paulo nfo atinge a cidade fem geral, Sobretudo a pertir das iltimas tr8s ou quatro ddévadas, surgem e se expandem os baitros periféricos ue, conjuntamente com os tradicionais cortigos e fave- Jas, lojam a populagdo trabalhadora. F nestas éreas que se concentra a pobreza da cidade e de seus habitantes. E conveniente comecar por uma ripida reconsttui- fo hist6rica. Nos primérdios da industralizagio e basi- camente até 0s anos 30, as empresas resolveram em parte © problema de moradia da mio-de-obra através da cons- trugio de “vilas operérias”, geralmeste contiguas is fibricas, cujas residéncias eram alugadas ou vendidas 08 operirios. O fornecimento de moradia pela propria, empresa diminula as despesas dos operdrios com sua Prépria sobrevivéncia, permitindo que os sldrios fossem Febuinados, Tal tipo de solugio era vidvel na medida em ‘que a quantidade de forca de trabalho a ser alojada era relativamente pequena ~ pois destinava-se de modo espe- cial aos operarios menos disponivels no mercado de tra- balho ~ ¢ 0 baixo custo dos terrenos e da construgdo gompensava a fixagio do trabalhador na empresa Neste caso, o custo de reprodugio da forga de trabalho, pelo menos no que diz respeito 4 moradia, era resolv ddo pela propria empresa. O cenario do Bris, Modca, Be- lem de entdo, onde a vida girava em torno dos "apitos das Fabricas de tevido”, caracterizava-se pela concentra ‘Gio das moradias operdrias na proximidade dos locais de Trabalho, 0 Com a intensiicagio da industralizagio, eresce et~ pidamente 0 nimero de trabalhadores, aumentando a Dressio sobre a oferta de habitacdes populates. Tai fe hdmenos ocorrem paralelamente i valorizagio dos terrenos fabris e residenciais que torna, do ponto de vista da empresa, anti-econdmica a consirugao de vilts pra “seus” operitios, ainda mais quando, com a ace Fagio do fluso migratorio, acumula-se um excedente de forca de trabalho na cidade. ‘AS empresas transferem assim o custo da moradia (aguisiglo, aluguel, conservagio do. imével) coajunta- mente com os gastos com transporte para o proprio tra bathador eos relacionados “aos servigos. de infa cstrutura urbana, quando existentes, para 0 Estado, Des te momento em diante as "vilas operdrias” tendem s de suparecer ¢ a questio da moradia passa a ser resolvidat pelas relagdes econdmicas no mercado imobiliiro. ‘A partir de entdo surge no cenirio urbano 0 que passou a ser designado de “periferia™: aglomerados ds- tantes dos centres, clandestinos ou niio, carentes de i fraestrutura, onde passa a residir crescente quantidade de mdo-de-obra necessiria para fazer girar a maquinaria ‘Como scumulagdo ¢ especulagdo andam juntas, 2 localizagio da clase trabalhadora passou a seguir os fu 0s dos inceresses imobiliirios, "No contexto explosive do crescimento meiropolitano, 0 poder piblico s6 se muniu tardiamente de instrumentos legals para tentar ‘dar um miaimo de ordenagao a0 uso do sola. No entan: to tal iniciativa ocorre num periodo em que o desenho urbano jest em grande parte eragedo em conseqléncia da retengio dos terrenos por parte de grupos privados. Desta forma a ago governamental restringiu-se, tanto agora como no passado, a seguir os nicleos de ocupagi o criadas pelo fetor privado, ¢ 0s investimentos pablicos 1s MRED Jo Set art 6, iay Evo do tiv toca a vieram colocar-se & servigo da dindmica de valorizagio- especulagdo do sistema imobilidrio-construtor. ‘Algumas cifras para ilustrar os resultados desta 6 ica desordenada: na Capital hd 4,5 mm de drea verde por habitante, enquanto 0 padrio minimo desejivel é de Bim Na Regido Metropolitana, dos 8.000 quildmetros ue formam a rede de citculacdo de trfego local, apenas 40% € pavimentado.” Apenas cerca de 30%, dos domicii- 10s sio servidos pela rode de esgotos © $3% pela de agua. Resultado: “as populagbes servem-se em geral de Tossas negras, privadas secas € tanques sépticos e de égua pro- Venienie de pogos rasos, em geral contaminados pela roximidade de fossas negras”.” Nas “periferias” a si- tuaglo € ainda mais dristica: lo-somente 20% das casas tm rede de esgotos e 46%, de égua. Para se ter uma idéia 4do alto indice de contaminacto ambiental baste mencio- hae que trés quartos das abitagSes da periferia..“lan- ‘Gam esgotos em simples fossas negras, quando no a céu aberto".* Mesmo em amplas dreas da Capital muitas, rus nio sio pavimentadas ehé vastas Areas desprovidas de iluminagio.” F imperioso tragar as grandes linhas desta situagdo No processo desordenado de expansio urbana, 0 setor imobilidrio levava adiante a ocupagio espacial, guardan- do imensas areas mais préximas aos niicleos centras 3 espera de valorizagio, enquanto zonas mais longinquas, sem qualquer infra-estrutura,eram abertas para & aquisi- {io das classes pobres. A ocupagio de novas areas, longe de seguir criterios programados, baseou-se na reten (elo especulativa de terrenos, fendmeno ainda freqUente na Capital - onde sio abundantes 0s lotes ociosos, prin 2 Fon So Pass: Sere ou eh Metapolann Reo Meta GE io Pale Dap ena Urbane Trego So Pel > Foe epi Meco do Fr Dita SCout Slo aa, Ot pp skeen meno 5 Stal, Petr Maral: ln peal de rotor CURA, Sb Pie 2 cipalmente nas dreasperifticas Leste, Oeste, Nordeste © Siueste ne tambem, atuslment, cada vez mas genersl- ado ta Grande S30 Paulo, "Atrase. "0 preg do progresso” raduz e ao mes smo tempo justfca 0 eresciment cadtico da metropoe Indica Iniciaimente a inespacidede do poder piblic de programar formas mais racionas de ceupagio do solo Renan fandamenta un fori expan gue, dev 01 fraaidade das organizagbes populares para inter qpaorprovesses decors, conor eran iberdude de {iGo age grupos prvaos inteamiente sotados pars sbteneio do ee Tie pena descrever 0 proceato pelo qu s evs diane diamicaespecaatva. "A especlasao mb firia (.) adotou um método,pebpro, para pascelar tera dase, Tal metodo consistia (2 consse) m0 Se Sunte‘o'nove ioteamento nunca era feito crn continu fade imedata go anterior, povido de servicos public So Ap contraro, entre o ove fteamente eo timo ik uipadodeisavase ume dead terra vai, sem ote Cpletado o novo Totesmento a linha de Sribus que o Servniseria, neessariament, Umm prolongamento & partir do timo centro equipado. Quando eslendia, Ent de Snibus pasa pelt dea no oteada, tacende the inediatavalorizugdo,O mesmo ocarrena fe ort) com os demaisservigos publics para serviro ponto es treme foleado, passariam por iress varias, beneicas {Feats de melnoramentopiblico, Dest forma, trans feruse para o valor da tera, de modo dito e geralmen teantepado,« benfetoria pobics.Ainds hoje, sempre ues shega au centrosecungrio ds cidade ~ de Sa to'amaro a Penh, indiimtamente = ese continu em direclo 4 periferia,o-processo& vsivel (agora também fim vis pantos da Grande Sio Paulo) entre cids To teamento aleaneado existe uma ireu ainda vars.” ‘CARDOSO, Fanods erin CAMARGO, Candido Farin de KO Sane Loti ee ommend Pe: tsy ‘Raion Sis pa CARA, 9 pp. Caseros CEBRAR. a ‘quinn net exunor sto rata FERIODOERECIRG =~ TARAS SNTABOECRECIMENTS tionamento, buzinas, falta de estacionamento, tensBo de- corrente do atropelo do tréfego e até certa medida a difi- culdade de cobnir distincias erescentes ¢ realizadas em tempos mais longos afetam as pessoas que se locomovers com seu automével, Tal tipo de exasperagdo exprime apenas alpuns aspecios da intensa e exaust locomogio ue diariamente se eetiva na Metr6pole, Mas os proble- ‘as mais cruciais atingem os usuarios dos transportes soletivos em que 2 maior parte das locomogses serve para cobrir o trajeto que liga a residéncia ao trabalho. Filas, superlotagio, atrasos, perdas do dia de traba- Iho ¢ as vezes a firia das depredages ndo constituem apenas simples “problemas do transito”. As horas de es- pera e de percurso antes e depois do dia de trabalho, via de regra extremamente longo, expressam 0 desgaste a Que estio submetidos aqueles que necestitam do trans- Porte de massa para chegar a seus empregos. Em outras palavras, submetido & engrenagem econdmica da qual rio pode escapar, o trabalhador, para reproduzir sua condigdo de assalarindo e de morador urdano, deve su Jetar-se a um tempo de fadiga que constitu um fator Adicional no esgotamento daguilo que tem a oferecer: tua forge de trabalho. E como esta, pelo menos nos niveis de qualificagdo mais baixos, eabundante, aengre- ragem econdmica pode facilmente substitu-ia tdo logo 0 desgaste a que esta sujeta fuga decair sua produtividade, 6 Foi apontado o papel que o sistema de transportes teve na fragio habitacional da classe trabalhadora criando, através dos fluxes da especulagdo imobiliiria, as “periferias”, que em periodos mais recentes passaram ‘a constituiro cenirio comum em quase todas as reas ur- bbunas da Grande Sio Paulo, onde vivem cerca de 96", dos habitantes da regide. Como ¢ dbvio, 2 especulagdo imobilisria ndo se ex- prime tdo-somente pela retenglo de terrenos que s¢ si tuam entre um centro de suas zonas perifrieas. Ela se ‘apresenta também com imenso vigor dentro das prdprias Areas centrais, quando zonas estagnadas ou decadentes recebem investimentos em servigos ov infea-esiruteas bisias, O surgimento de uma rodovia ou vias expressas, sa canalizagio de um simples brrego, enfim, ume melho- Fia urbana de qualquer tipo, epercute imediatamente no prego dos terrenos. Neste sentido talver o exemplo mais Flagrant e recente sea 0 que ocorre com as ireas conti- guas ao trajeto presente e futuro do Metr6. O fato de re- Conta cerios bairros da cidade remodela o uso e 0 tipo de imOveis existentes, encarecendo vertiginosamente 0 prego dos lotes disponivels, Forjasse assim 20 poder pplico através de desapropriagdes e planos de “re- turbanizagdo” interfere diretsmente neste processo ~ uma nova configuragao espacial que visa ao mercado residen~ cial ou de servigos das camadas abastadas, enquanto 0s grupos pobres tendem a ser expulsos para reas mais dis- tantes. Desta forma, um transporte de masse, que deve- Tia servi a0 deslocamento da populagio operaria, devi= do a alquimia especulativa do. setor imabiliario- Construtor ¢"neutalidade” teenicista do planejamento piiblico, converte-se em instrumento dos iateresses dos estratos privilegiacos Este provesso de expulsio € intenso nos nucleos de ripida valorizaglo da reaito metropolitana, O Prédio Martinelli & um exemplo dos procedimentos de “recupe- ago” efetuados em certas zonas, quundo a valorizagio de imiveis tornasse incompativel com a presenga Ua Po pulugio de renda baixa. O poder piblico impde retor- Paralelo a este processo, depois dos anos 30inicia-se tum surto industrial que trilha os eixos ferrovidrios a par tirda Capital: de um lado a Fereovia Santos-Jundial i= ppulsiona us atividades econdmicas em Santo Andrée Sao, Caetano. De outro, ao longo da Estrada de Ferro Cen- tal do Brasil surgem pequenos nicleos industriais mas principalmente a8 chamadas “cidades-dormitério”, que flimentam de iniio as empresas da Capital e mais fecen- temente outros alileos industriais da regio. Apos a Se- funda Grande Guerra, de modo expecial depois de 1960, através das rodovias, Sio Bernardo e Diadema, Guaru- thos e Osasco ~ municipios contiguos & Capital ~ pas- sam, em momentos diferentes dos ditimos 20 anos, por lum rapide processo de industrilizagio, O importante a ressaltar & que cada um desses mi- leas, na medida em que se expande, cra, por sua ver, & sua prépria “periferia", que passa a refletr,talver sinda de Forma mais dramdtica, os problemas sécio-econdmicos apontados para a Capital (0 vertiginoso crescimento demogratico da regido, ‘que entre 1960-1970 foi de 5,3% 20 ano, conjugado a0 Drocesso de retengio dos terrenos a espera de valoriza- (eo, levou ao surgimento de bairros cada vez mais dis- antes. ” Amontoam-se populagdes em seas longinguas, afastadas dos locais de trabalho, impondo-se distincias de deslocamento cada ver maiores, Acentua-se 0 pro- cesso de criagdo de "cidades-dormitério”, verdadciros ‘acampamentos desprovidos de infra-estrutura.* Neste Contexto, além do trabalho e da moradia, que sero ana- lisados a seguir, o sistema de transportes~ elemento tam- bém bisico na reproducio da forca de trabalho ~ passa a ser um dos problemas eruciais. ‘Quem trabalha em Diadema, mora fora. Quem ‘mora em Diadema trabalha fora”, diz © prefeito desse + Greenlee cme ppc eric vipiraind cacti et one au ‘municipio de grande expansio industrial, exprimindo lima situagdo que constitu a regea geral na Grande Si0 Paulo, Os deslocamentos assumem desta forma uma feigdo eadtica, Efetivamente, o tempo médio de desloca- ‘mento subi nos iltimos anos de 30%, enquanto samen tum, fundamentalmente para a poptlagdo opersia que Uubliza o transporte de massa, as distincias @serem per~ corridas: “os ususrios que moram na perferia da eida- fe. (permanecem) de 3 a4 horas didrias nos vefculos {que 08 levam a trabalho etrazem de volta para casa.” ‘Ademais, 0 intenso processo de motorizagio ocorrido nos iltimos anos, expresso pela frota de veiculos que passa de 120 mil na Capital em 1960 para quase ura mi Igo em 1974, acirou enormemente o prau de congestio- numento do {eifego. Em 1968 havia 7 miles de deslo- camentos dirios, eifra que em 1974 passa para 13,9 mi- thoes. Contudo, o importante a ressaltar # a modalidade como se efetuam estes percursos didrios. De um lado, sob «forma de transporte individual: Sio os grupos fbastados, possuidores de automéveis, cuja media de eupagio de 1,2 pessoa por veiculo, Deouteo, o trans- porte de massa attavés de Onibus que transportam 6.8 mnilhoes de passageiros, cartegando nos momentos de maior afluéncia cerca de 130 passageiros por veiculo. 0 dobro da lotacdo maxima prevista. O transporte ferro~ Savio de subirbio conduz 900.000 passageiros por dia: € ‘0 quotidiano dos “pingentes", ou Seja, 700 usuarios que ‘duas vezes ao dia abarrotam uma composiglo que n30 tleveria reveber mais de 300 passa E claro que os assim charmados “problemas do trin= sito” afetum a todos. A exasperagio oriunda do conges 9 ena mu stor fn fcr Ot ‘Smee delocimenos Or etenpospctram ner uupcden Se tte Baan 1 Canepa Urn Tompors op ea 38 ‘mas, cajo custo esta fora do alcance dos moradores mais, pobres, forcando com isso sua transferéncia para as 4 teas da periferia, Tal processo de “limpeza” refetese também nas faveias da Capital, que apesar da interdigio ormal de seu erescimento tiveram um incremento subs- tancial. Apés 0 intensos desfavelamentos que osorre- ram na Capital nos anos 60, as favelas tenderam a seguit ‘ fluxo do desenvolvimento econdmico que ocorria nas reas mais industriaizadas da Grand: Sao. Paulo. ‘Apesar de inexistirem dados precisos acerca da popula ‘fo favelada sabe-se que ela & numerosa em certos mu hicipios ~ Guarulhos, Osasco, Diadema, Sao Bernardo do Campo ~ © gue apresentam caracteristicas s8cio- econdmicas semelhantes is da Capital." A localizagdo das favelas tendeu a seguir atrilha da industrializagio, amontoando-se em areas proximas 20 mercado de mio-de-obra nio-qualificada. Quando 2 pressio imobilideia ou congelamento de eerias reas tor- hnami-se mais vigorosos numa cidade ou regio, novas fa elas surgem ou sio transferidas para municipios vii hos, onde os negécios imobiliaries ainda nio se apre- sentam tHo lncrativos, Neste particular, um caso tipico € a transferéneia das favelas de Sio Cactano para Maud, ‘ocorrida hd alguns anos, ¢ que constituer um exemplo Mlagrante de “limpeza” de uma regifio marcada por in- tensa valorizagio de terrenos. ‘Além dos Taveladas havia na Capital 615 mil mor dores de cortgos. Ademai, 1,8 milhio de individuos mo- ram nas “casas precérias” da “periferia”. Tas cifras refe- ‘ewe fpresents 9.172 da popaago do Mansa Cofoeme: Cede de Fa SSRs daa freer Moma de St ont ge Man. Conforne rc SS ast we Can * remse somente i Capital para 0 ano de 1995. Sabe-se gq o nimero de habtagdesprecirios sumentou nos Se Atmos anos, fendmieno gue também tem ocortido nos o {ros muniipios da Regido Metropolitan, para onde se {em dirside a populagzo trabathadora Mass tecenemente, com s explosio do preco dos terrenosatendenela€scentvar aexpulsio da populasio para as “penis”, onde, dstante des leas de trabalho, eravelumam barracos e casis prectras, Esta €a etapa mals recente do processo"expuleto-ixaglo" das classes TTabalhadora, que abviamentendo se reduz is popula. Shes faveladas, Nas asim chamadas "casas precdrias Sapna ede o flr do problems pei ela ibeid epocultva dos “loteamentos” que Tixov, em et See Sprepris, boa parte da clase traballhadora, "Mut {os dos novos batros operdsos tanto no que se refere & Shusldads dos constragbes¢ de infrestrtura bisis SEimo no que lange aos aspects legas da posse do tere nov se cferencim subxancalmente das fvels ‘Ressle-se que pouco iis da metade dos domi ios parteuares da Grande Sio Paulo so proprios ov tim etigio de agusigdo. Dem lado, através do Banco Nicional ee Habitagio (ANH), a8 classes médias passa: fam a stuagdo de proprietrios, siuando-se em ireus nals cena, melhor servides,enquanto as classes ta Shihadoras fram finadas na "peniferia,consrundo, elas Ines, nss horas de flgs com aude grata de pe fente,vzinhose conterranee, #8 Sas cases propia. 12 aio «gusto dca ei pei adamantane no i ‘ops Sense de mtromee Se mores cpio Th Oe nips seta peers agua at ‘Monon ue #035; an aed ei pene pxqulad fr conataa peer Tote mn pr cone kt peau Capa ‘propor singe obi 2 pons para Sn Se ‘A construgdo da casa prépria, acravés da ajuda mitua, Consttul a tinica possibilidade de alojamento para os tra balhadores menos qualificados, cujos buixos rendimen tos nio permitem pagar aluguel s, muito menos, candi- ftar-se aos emprestimos do BNH. Por outro lado, essa ‘solugio” do problema habitacional contribuit pera de- primir os salérios pagos pelas empresas aos trabalhado- Fes. Eliminando-se dos custos de sobrevivencia da forge de trabalho um item importante como a moradia, 08 sa lévios limitam-se a cobrit os demais gastos essenciais, como o transporte e 2 alimentagio. ‘A periferia como férmula de reproduzir nas cidades a forgade trabalho ¢ conseqUéncia direta do tipo de de- Senvolvimento econdmico que se processou na sociedade brasileira das timas décadas. Possbiltou, de um lado, alias taxas de exploragdo de trabalho, e de outro, forjou formas espoliativas que se dio a0 nivel da prépria condi- (fo urbana de existencia a que foi submetida a classe tra- Salhadora, Hid também os habitantes dos cortios, concentra- dos em areas decadentes de baitros mais centrais: Bom Retiro, Brés, Bela Vista, Os cortigas tendem a expandir- se, na medida em que se reurbanizam os bairros centais, 0 longo de outras dreas desvalorizadas, em especial as {que margeiam os trilhos ferrovidrios em regibes como Peruse Pirituba, " Nos cortigos vivem em média 3,6 pes soas por edmodo, A quarta parte destes cémodos nio tem janelas externas, Contudo, em 67% dos casos, seus rmoradores gastam menos do que 1/2 hora no percurso 18.0 local de trabalho. ” Favelas, easas precfrias da periferia e cortigos abri- gem a classe trabalhadora, cujas condigSes de alojamen- fo expressam precatiedade dos salérios. Essa situacio tende ase agravar, na medida em que se vém deterioran coat pam sas ee, a do os saldrios. Para os gastos bisicos de uma familia ~ nutrigdo, moradia, transporte, vestudrio, ete. ~ aquele ue em 1975 ganhava um salatio minimo deveria trabs- thar 466 horss ¢ 34 minutos mensais, isto & cerca de 16 horas durante 30 dias por més. " “Tais cifras assumem sua real dimensio quando se tem em conta que, na Grande Sio Paulo, em 1973, cerca e 19% dos empregados ganhavam até um salirie mini mo, 54% até dois € 75% dos assalariados até trés rendi- Imentos minimos mensais, Importa reter nfo apenas que os niveis de remune. raga as condigaes de vida de grande parte dos tabs: Ihadores se deterioraram, mas que esta deterioragdo se Acentuou justamente quando a economia cresceu a uma significativa taxa de 10%, a0 ano dando origem ao que por ‘muitos foi designado ‘de “Milagre Brasileiro”. Mas & de se perguntar: que tipo de milagre & esse que, 20 mes- mo tempo, reflete um crescimento acelerado ¢ exclui des- te crescimento a maioria da classe trabalhadora? Trat Se, certamente, de um santo perverso que com uma mio ia alguns o que com a outra retira de muitos, A\ldgica da acumulacio que preside uo desenvolvi- mento brasileiro recente apsia-se exatamente ne dilapi- ddagio da forga de trabalho, Na presenga de uma vasta reserva de mio-de-obra e na ausencia de uma solida or- sganizacio sindicale politica da classe operiria, tomnou- fe ficil aumentar as taras de exploragio. O despaste de uma forga de trabalho submetida a jornadas de trabalho prolongadas e as espinhosas condigées urbanas de exis- ‘éncia tornam-se possiveis na medida em que 2 maior Parte da méo-de-obra pode ser prontamente substtulda Se inexistem dados precisos acerca da situagio de subemprego, sabe-se, por outro lado, que... ‘para a po- pulagao com mais de 10 anos, a proporgio da forga de trabalho masculina desempregada atinge @ ponderivel cifra de 1.4%, J no contingente feminino a taxa de de a semprego & de apenas 6,9%4."° Mas como se sabe a taxa Ge desemprego feminino esconde outro fendmeno. F 0 Sesemprego, chamado oculto por alo aparecer nas es taistieas, de enorme contingente de mulheres que nao ‘ispoe de empregos nem estuda, mas que, pro forma, de~ fempenha atividade doméstica © por i880 nio se declara ‘esempregado, Na medida em que se passa dos grupos ovens aos mais idosos diminuem as taxas de participa ‘Gor para a mulher sobretudo a partir dos 30 anos: para Shomem sobretudo a partir dos $0 anos, Tais dados re- clam um processo de utilizagéo da forga de trabalho {que atua seetivamente quanto a0 momento de exclusio Ses estruturas produtivas, Essa seletividadeestd apoiada tno fato do contingente masculino ser suficientemente nu tmeroso para tomar desnecessiria boa parte do trabalho feminino desde os 30 anos, bem como para substtuir a ‘nfo-de-obra masculina de mais de 50 anos por forca de trabalho jovem, E significatwo neste particular verse {que antes dos 40-49 anos o desemprego masculino é de penas 4,67 nas faixas etdrias seguintes di um salto ver tiginosor entre $0 e 59 anos a proporcio passa a ser de 24°, no decénio seguinte de 43%, ea partir dos 70 anos, de 64%, . ‘Cfia-se assim um ciclo de ‘vida produtiva’ em que as empresas podem utilizar abusivamente de sua forga de trabalho, aljando a mio-de-obra desgastada do meres So de trabalho, Decreta-se assim a incapacidade para o trabalho em fungio da méo-de-obra disponivel, e surge, prematuramente, a categoria “welho”, ainda que, em Tuites casos, 08 trabalhadores excluidos esiejam em ple fo vigor de sua energia fisica € mental." vs Rowan BRANT, Vina Caller npn Slo Psa, Sena Pose oh . QuADRO Nr2 TTAXAS DE PARTICIPACAO, )ADE, DESOCUPACAO E INATIVIDADE POR SEXO E 1D, NA GRANDE SAO PAULO EM 197, BYE # | ge | #3) alg gL? $5 | 2 | necansgs. ag | 2 3/8 S| 2 | eenzage a | | essaezgs a Alem dos aspectos anteriormente apontados, ress: tem-se 0$ indices de nuticdo insitisftérios e a maior ex posigio 1 mortalidade prematura. Neste particular con- ‘em ressaltar que entre 1940/50 a taxa de mortalidade infantil diminai de 30% ena dévada seguinte decresceu de 32% contrastando com o aumento ocorrido entre 1960/78 que foi de 37%," Suas principais causas ligam- se-a doengas infecciosas que se relacionam diretamente fo saneamento ambiental e & subnutrigdo, fatores que geralimente aparecem associados. Quanto ao primeiro specto, jf analisado anteriormente, € digno de nota que 4 populagio da Capital sevida pela rede de égua passou fd 61, em 1950 para $67, em 1973, enquanto a atendida pela de esgoto manteve-seestivel em torno dos 35%, NO Conjunto dos municipios da regio, no entanto, em 1971, 35% da populagio era atendida, ao passo que, qua tro anos apd a proporeto cai para 30%..." No que sere- fere 4 nuttigdo € desnectssirio fazer grandes elucubra (bes: “nas classes de rendas mais baixas, o consumo de Simentos, além de diminuir quantitativamente, consti- {uirse de alimentos de qualidade ou tipos inferiores. de tmenores pregos.(..) Com a diminuiglo do poder agus: tivo (queda do saiério real) as classes mais pobres tém suas condigbes de alimentagio sensivelmente prejudics- Gas. A desnutrigdo pode ser causa direta de morte © ‘tluar como fator preponderantee agravante de doengas infeccosas, aumentando a taxa de mortalidude infant 52%, da populagdo da Capital e 73% da dos demais mu- 2 Ree bron nce 2 Conig Uden 45 QUADRO NYS 6 P10 DE SAO PAULO: 2 3 8 2 2 2 é 2 a 8 : 3 g g z MEDIA 000 |) ncipios da regio sio subnutridos”.* 0 quadro das con- Gigaes de saide & ainda agravado pelo fato de parte con- Sieravel dos trabalhadores nfo contar com os beneficios dda Previdéneia Social. Deixando de lado os 490 mil tra- | buthadores autdnomos da Grande So Paulo em 1972, ‘uj imensa maioria nfo tem carter de trabalho, ¢ to- mando-se Uo-soments os assalariados, verifica-se que || no mais de 70% possu a sua carteira de trabalho assina- | Ga. Quando se considera apenas o estoque masculino ~ pois a mio-de-obra feminina éem boa medida canaliza- | Ga’para'ae atividades domésticas remuneradas ~ a pro- porgio dos que nio tém a carteira assinada € de 20%," ‘Alem desses, 0% dos que procuraram os ambulaté- rios e postos do INPS em 1974 deixaram de ser atendi- dos, 0 que corresponde a 4 milhdes de consultas. Tas si- {usgoesindieam um quadro bastante claro da vulnerabi- lidade em que se encontram mesmo osempregados texis- trados quando ocorze desemprego, doenga ou acidente de trabalho, trilogia que marca a trajetéria de considers vel parcela daqueles que s6 tém a sus forca de trabalho para assegurar a sobrevivéncia, | ‘Neste particular € também sintomitico o acentuado aumento dos acidentes de trabalho que ocorrem no Bra- Sil O Estado de Sio Paulo, longe de fugir 4 regra, con Centra grance proporgio de acigentados: 712,000 em | 1973, 780.000 no seguinte, o que corresponde a cerca de | quaria parte da forga de trabalho repistrada, cifra que anh sua teal significagdo quando se tem em conta que fa Franga ela € tres vezes inferior.” Novamente, parece Viivel infer que por detris destes recordes de escala oo ree un ts ate genome > ain ets Pe: aps Deen mundial eto oso e 0 abso com que o expt tem su Metso tabulado‘es no round pose: Gum 2 4.000 adents ot nds pauls, cx eaussTo- tam perqusadas en dtahes, 23% foram devidos i ihas Bumanas,enguanto ue no resante~."houve ume Cons megs, nls o ss cig ee do fcidente”™ Mas mesmo os acidentesmptados&falhiss fumanss decorrem de proceaos de malorenvergadura Deno da fibrice, elo storador 2 monotonia dos seston repethivos da produslo pasializad, qu requer eyo concn poet meni eho, Sago geralmente pane esforgo so ataves dat fades detrabalho prlongadas em gue o tno de prod. Gio texeaenteaneradn fore aes aac fo tempo de deslocamentos,&subntigho cso proprio nivel de said, prosestos que redundam, em ultima anke tke, na inten Taign do operara.” Tanto os dads sobre o proceso de trabalho como ox eeferntes As sondigdes de vida fevelam Um gravee mento da stuacho dar Tafiastabalhadoras de Sto Paulo. E claro qué nem todos foram igualmente atingi- dos. O considesivelackimslo de iguezasregistado tam bln chegow a benicar certoseatos da classe operi- fa de mode eopecil os segments especializados que, Coin desenvolumentoe dversfeagao do paraue faba Spnocguiram aumentar seus nivel salaras e patipar, Baa ince eemacuneee Eeoat omens pu ae rman ders enpe a ee Si Sus ide Comepen tacos et Crown rab ainda gue timidamente, dos beeficos da sciedade in usta Nao obwance a suneho de pobreza, teen detenorogde das condigdes urbanas, para 1itos que deerorsGtrs rides do Brasil, xagdo na irande Sto Pao’ reprerentou uma methoia econOmia¢ social Riasesta quetio no pode sr exagerada pis, em it Mat Guincla¢ do mest proceso que adver total ex raecpimiea e aol expementada pe cescente criggeat explso das rea eas, Aden em Vist Se yaks io padtdo de consuro bisico & lve separ oe tears muitos perdura'a magem que vida me Revo tl guto-evatiagdo & droreente de ma impree AetGe palpagdo que ge 44 ms ao nivel abslco do Bet al Futo de ue dina inerente sociedade Pe eses que foe através_dos ios de omunicasio poo ue pode ver designado ce "mercadede iusdes Porn dn vitine da tele sf, dos parels pubic ade que suram serv de exem espern- teeta aguees que s6 poder consumir na Sntsia OSt- {ko do tstilo de vida daguels que vencesm "A ealldude,o erepiment econdrnica resent fo Jou una saisticada socedadece consumo ujo acesso & sstamente resto. © fulero amdmico da-xpansto in- aural Gos tltimos 15 anos extrouse ns artigos de Sono drkel de Ino wre neesarimente cone isrctiog evculos ce tena mdiae als, 2 area gleivamente, 0 ctescimento econenico benel- SU" Os estas infeiores ro sO foran excludos, eto tam pagaram um alo pre pel asmento de fiquens “Apontou-se que a lgica ¢a acumulage imperante siasoekdadebrasera tem levido dlapiagao na fore {Eittbatho: Do pontodevisteempresarialem que ol sree Ghyetivo maximo, estaopiea é impede, Porem SIoaao prevelooe apenas paraas empresasyeivadas to torre cmblm com osinancamentos pticos ra cons Pou chil elueidative mosrar que 8O7Glos empresti- * mos do Banco Nacional da Habitacio foram eanaliza- os para of estratos de renda média e alta, ao mesmo tempo que naufragavam os poucos planos habitacionais voltados para as camadas de baixo poder aquistive. E contrastante neste sentido que as pessoas com att 4 salé- fos minimos constituam 55% da demanda habitacional ‘20 pasto que as moradias colocadas no mercado pelo Sistema Financeiro de Hebitaglo raramente incluiam familias com rendimento inferior a 12 saldrios. © que ‘corre no setor da construcio acontece também no pla~ no urbano. Jase disse que o poder pablico andou a rebo {ue dos loteamentos privades. Quando finalmente o pl no vidrio passou a ser pensado na escala da cidade, de al- uns anos para cd, poder-se-a pensar que 0 interesse co- letivo prevaleceria. No entanto os vastos investimentos ‘com a abertura de novas avenidas, vias expresas ¢ cleva- os t8m em vista principalmente o aumento vertiginoso da frota de veloulos particulates, cujo indice de wiliza- ‘lo € baixo (1,2 passageiros por veiculo) em detrimento dos transportes coleivos de que se serve a maioria da po- pulago. 7 [Na realidade, as “necessidades sociais", numa situa do em que as reivindicagdes e protestos coetivos estfo bloqueados, sio instrumentalizadas em funglo das "ne cessidades da acumulago™. Assim os investimentos, nos 4quais & preponderante a participagio estatal, visam & lubrifcagio da engrenagem econdmica, eos problemas vividos pela populagdo s6 se transformam em problemas pablicos na medida em que sfo compartilhades pelas ca- ‘madas dirigentes, Para ilustrar a questo dos problemas piblicos pode-se tomar, por exemplo, a poluiglo ou a meningite, uestdes que tim sido objeto de preocupacio do poder Pablico, ‘Sem menosprezar a dimensio do problema, pode-se dizer que a poluigdo do ar, malgrado localiza-re mais, acentuadamente em frees fabris, ao deixa de afetar a todos. Exise, obviamente, nitida correlagio entre pobre 0 ze meningie, No obtate ovr ser seesivo, tno fe pode altar a too ou pelo menos atemoriar ato dos 0 trnsio também de erth Torna afta a todos Mas subnutrgdo.on ot aidenes de trabalho nada tem e'Ndemowrtces. Associam-enidaments com 2p pulagio trabalhadora, ese dana, apesar de enorme arecmsuscltar um alan cj co € bem menos est Bente aparece com problema secundaro porque mo Cireamenteyvencade pos propos digenies pore ‘eunmascirtamenteafetadss no pose formas Se intiata para tansfoomar chew" problema mum “problema soletva ato que ets na saiz do aumento da pobreza cna deserioragio, das condiges urbana, fenemenos ue parca ob efetuas de fora 20 macante a medida fue fo fora um ido exquema de controle dasinisie- thas populares chro que a dilapidasto de trabalbadores ea de predagio eeolgis ov trbans podem reise opr Frio proceso de expansto do capital na medida er que Implearem na canslzag de recurso que poderam set Arenades para investimentosprodutive. Mas, por of, G6 grupos empresarais nfo paresemexcesvamente preacupados com os casts décorentes do mods de Utcenvolimento inperante no Bras. Concentramese no fuer. desprezando 8 cilapidagdo qu reaizm no Abt to dn soctdade, Por su vez, num contexto em que as ‘vas popuare envontanseconroladas, «pli x governaneaal basease em parimetros que almen- an oy nteresees da apropragéo pevadh Tals parhme- itados pelos imperatives do proceso de act Imulagteexeludentese predatros, endo plas “neces nde soi” que transcendem a pea a engrenager sconémica, Reordenann, quando postive 8 efor ngs. tives deta process na medida em que aetarem albgsa da acumulagh, dentro da gual a sane teabalhadors, tnfroquecida ne sua dimensio poliea e socal, em nd quodonade como um mero fnstromento produto 2 servigo da expansio do capital ‘As coisas simples precisam constantemente ser di- tas: €o capital ~e no asua forca de trabalho ~ que dete: Fiora a vita metropolitana, Para 0 capital, a cidade © a Classe trabalhadora interessam como fonte de lucto. Para os trabalhadores a cidade & 0 mundo onde devert procurar desenvolver suas potencialidades coletivas. En- {re os dos existe um mundo de diferengas. E um mundo de antagonism. Autoconstrucao de moradias @ espoliacao urbana jonal no pode ser analisado isoladamente de oultos processos s6cio-econdmicos & no obstante nele se condensar un ntradigbes e ‘Assim, numa pri- reso verfiear as modalidades produ a partir das quais a moradia confeccionada, Neste mnvém mencionar que o sistema capitalists pressupde de vida, ba mente, na expropriagdo da terra e dos instrumentos produtivos. Passa a produz tes trabalbadores Independentes realizavam para prover sua propria sub sistencia, criando mercadorias que sio consumidas por mneio do salério panko através da venda de sua forga de trabalho, Este &a marcha historica geral do processo de facumulagio, cuja obviedade torna desnecessérias m: res claifiegdes, a nfo ser aquela que aponta para o fato {que o desenvolvimento das forgas produtivas ndo se di ‘de maneira uniforme e linear, a0 contrério, ocorre de fmiodo desigusl, no qual coexistem de forma articulada empresas com alta densidade de capital constante e un Gades cujas modalidades produtivas difiilmente pode riam ser earacterizadas como plenamente capit 'O interesse desta questo esti em pensé-la em rela ‘elo & habitagio das classes trabalhadoras urbanas. Sed tim lado, em quase todos os ramos da economia, pe ram unidades produtivas “arcaicas” de tipo manufatu reiro, por outzo lado, a confeocio de bens para a auto- subsisténcia deixou de ser, principalmente nas cidades, uma pritica generalizada. Isto &inerente i mercantili2a. oda economia, em que o consumo decorre da produ- Ho realizada através de extragio de mais-valia, forma {que consubstancia o processo de valor de troca a partir do qual a mercadoria assume a sua plena dimensio, ‘Ora, no processo de producto da habitaglo, se exis- tem empresas de porte nitidamente industrial bem como lunidades com caractersticas manufatureiras, a classes trabalhadoras em proporgées que variam em cada cida- e, mas que so sempre significativas, solucionam seu problema de moradia ~ alfm do aluguel de habitacSes eterioradas e da construgdo de barracos em favelas ~ através da autoconstrugdo de suas residéncias. A razlo desta espécie de “economia natural” em pleno sistema urbano-industrial, cuja mola propulsora e dominant centra-se nas empresas com alta densidace de capital, nada tm de anaerénico, pois a producto capitalist oF- ganiza-se, nflo para prover os trabalbadores com os rneios de vida necessirios para sua subsisténcia, mas fare realizar um excedente que pivadamenteaproprise Ressalte-se que a produgio de habitagdes, cuja con- fecgdo inclui uma game variada de insumos, resulta de uma complexa rede de ageates, inclusive comercias¢ fc nanceitos, na qual o “controle” sobre a terra urbana constitui um fator fundamental no prego das mereado= ras colocadas no mercado. Aponte-s, também, para o fato que as atividades econdmicas que resultam na mer- cedoria-habitacio estfo cada vez mais undidas em tor- no da dindmica do grande capital, evidéncia que se gene- taliaa em vérias regides do Brasil, principalmente em Sio Paulo. Do ponto de vista da realizagio do capital, os interesses dai resultantes tendem a produzir uma merca- \oria socialmente adequada quanto ao seu padrio de ha- 56 Sto uence Tira se reproduct nas cidades enguanlo, mercadoria Para ipo da autoconstusi, gue na sua finalidadee ase um dos cementos a morada * inespensive _geondmico apoiada em salrios que podem ser constan- ratte deprmidas, Adena, pintpalmente nas cs serene elena habitacional eta iretamente are dovso fomesimento de bens de consumo coletiv9, 20 eo ee Go ado tem gan cresenteimportane, tac tnvestnentos publica slo cada vez mals rexpon- jor ete componente tamberm bisio da teprodl= Sob Toga de taba. No sem menor importancia ee prblema da habitagho wana esta questo dt aera equal attire 8 existncia de uma in frecartia de servos. Porta, op iveimenioy metab su este Angulo aparecem como for seer ante no preg final das moradias, consti Sectm lento podeoso qe rs condiionar onde ede a ora cversas cists soi poderdo se loaizat ‘Sunt deus conigoratoespactal que asume em Metae ar meropotes brairas, caracteistcas mide mene segregadoras sind 0 do Angulo do prego da tera urban. das raters J seta obiro-construtr eu 89 pct do Estado que a qustfo deve ser equacionada ages habtaional enquanto cemento basen da fepro- SUSE Aire ore cera presi da binge Se inne PRDILA, hy rs Pi iia s ducto di forea do trabalho decorre do conjunta da com- osicdo social do capital eda forma como se reparte 0 trabalho excedente do necessirio. Isto & determinante ddos niveis de subsisténcia da classe trabalhadora, cujo valor iré variar de maneira Nagrante em razio da poten- ciagie das forgas produtivas e da capacidade que as clas- ses trabalhadoras tiverem de aquinhoat uma parcela dos, excedentes gerados pelo processo de acumulagdo. ‘Neste particular, parece corceto afirmar que a exis- tncia de um vasto exéreito de reserva, longe de ser uma, “massa marginal”, entendida como umn contingente com pouco ov nulo significado para o processo econdmico, fem se consttuido numa das principaisalavancas de acu: mulagio dos paises de capitalismo tardio, entre os quais, ‘Brasil um caso exemplar, pois permite dlapidar, atra- vés da superexploragio do trabalho e da espoliagdo ur- bana, boa parte da mio-de-obra engajada nas engrena- gens produtivas na medida em que 0s segmentos desgas- tados podem ser substtuidos pelos vastos reservatérios disponiveis. E claro que 2 mera existencia de um reser- vatério de milo-de-obra é uma condigio necesséria, mas no suficiente, para que o capitalism cresea, depredan- do, principalmente, os segmentos ndo-qualificados da orga de trabalho, os quais, digs-se de passigem, consti= fwem a grande maioria daqueles que levam adiante a ‘maguinaria produtiva da sociedade brasileira. © Além a abundancia da reserva de mio-de-obra,o processo de dilapidagdo esti diretamente relacionado & capecidade de organizagio da classe trabalhadora em defender tanto seus niveis salariais e condigdes de trabalho em geral, como 0 acesto aos servigas de cardter coletivo, que tém feflexos diretos nos niveis de reprodugao ampliada da forga de trabalho, dos quais a habitagéo constitul um 2 Tt dt uo Cpe Men mA Lan, Fase “NS Ed So aa pens 1% do oj donb de SEES RR sen ps “en Vor SEM * enea® Sfamado “problema” habitacional deve ser oat ao endo em vita dois prosesos ite ces feferse A conigoes de exporacio do os ah proarent ite ou mas recsamente 9 tale etapa abot 0 relia 3 ae srry or deraon segmenton dase abel, to gion proses, que decorte do anterig € QUE Rode enero comattoioy da acumulasdo do 3p ds movimentos co umole 2a oar nomendo de ear urbana: 9S

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