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MECANICA DOS SOLOS TENSOES EM MACICOS TERROSOS Sandro §S. Sandroni fevereiro/ 1980 Aus Marqués de So Vicente, 225 - Gives - Rio de Janeiro - CEP 22453-900 - Brasil - Tel: 529-9922 x (021) 31048 APRESENTAGKO ' Esta é a segunda versdo destas notas sobre Tensdes em Macigos Terrosos. © texto-é bastante conciso e parte da hipdtese que o leitor tenha dominio sobre a matéria estudada em Mec&nica Gos Solos I (cIV 1501). Na sua forma atual ele se destina a orientar o estudo dos individuos que frequentam o curso de Mecinica dos Solos II (CIV 1502) e pressupdem que os alunos fardo uso do atendimento direto com os professores do Setor de Geotecnia. Comentarios dos alunos sobre as partes nebulosas do texto s&o bem-vindos. Agradego 4 Dania Spilberg pela elaboracao de algumas das figuras, a Magali dos Santos Costa pela datilografia e a May- @ Fernandes Rose pelo desenho das figuras fora Go texto. Sandro Sandroni fevereiro 1980 I. INTRODUGEO 1. Define-se « tensAo atuante em um plano como a for ga por unidade de area do F ano. Assim, TENSKO Chama-se pela rea e TENSHO pela area. RMAL (9) 8 forga normal dividida (t) & forga tangencial dividida 2. 2 tensio atmosférica (cerca de 10 t/m?) atua iso- trépicamente (igual em t _as direcSes) em todos os corpos e neia. Assim, quando dizemos que seu valor é t sobre um certc plano atua uma tensao normal compressiva de 5 t/n?, £1ca imclicito que além dela atua também a atmosférica @ que, portanto, 2 tensio absoluta sobre o plano é cerca de 1s t/m?. ba 2 forma se sobre um plano qualquer atva uma a png re 2) - : tenso normal crativa de 6 t/m*, a tens&o normal absoluta @ udnda compressiva valendo cerca de 4 t/m?, mas dizemos que so- wre bre este plano atua uma tensao de'- 6 t/m?'"), 3. 0 estudo das tensdes nos diversos planos em torno de um ponto 34 foi feito em cadeira anterior. Um resumo dos principais aspectos (circvlo de Mohr, conceito de polo, ten- sdes principais) @ apresentado no Apéndice 1. Uma recordagao seguida da resolugdo dos problemas propostos @ indispensdvel ao leitor nesta altura. SISTEMA GRANULAR > um plano qualquer atra- vessa graos e vazios (com ou sem agua). Podemos imaginar que 4. Bm solos, a rficie este plano genérico tem ligeiras sinousidades de, forma a pas- sar apenas nos contactos entre graos. Medigdes cuidadosas em areias evidenciaram que a area de contacto entre graos é da or dem de 0,03 da Jrea total. Em argilas, embora mais dificil de medir, as evidéncias apontam para niimeros da mesma ordem. Quanto menores os graos, maior o niimero de con- tactos por unidade de Area e, consequentemente, menor a forga em cada contacto (para uma mesma tensdo aplicada). Os resulta sal (1963), apresentados no quadro abai- xo, dlustram de maneira semi-quantitativa este aspecto. os do trabalho de ¥ (*) Em Geotecnéi e Estnutu! ae contrdrio de outnas areas como Mecanica © tensde normal compressive € coneiderada positiva ¢ tendo normal trativa & considerada negative. For¢a (em kg) no contacto des Graos para tensdo aplicada de (am) lL kg/em? 60 15 2 0.015 0.06 1.5 x 107 | 0.002 1.5 x 107 6. A tens& nos contactos, no entanto, € bastante al a area de contacto & pequena. Pode-se tentar uma quan 30% Qual a tensao tipica nos contactos entre graos de uma areia submetida a uma tensdo de 1 kg/cm?? Do quadro acima, tem-se que para um solo com dia metro médio de 2 mm, o nimero de contactos por centimetro quadrado Scie * 67 contactos/en” Do item 4, sabemos que a rea dos contactos € da orden 0.03% da area total. Portanto a grea por contacto &: & 2-038 4,5 x 1078 cm? /em? 100 x 67 Finalmente, a tensao tipica nos contactos é, 0.015, cae OSS ORY gems 4.5 x 10 7. Os contactos entre grdos podem assumir, obviamen te, as mais variadas configuragdes. N&o é, portanto, conveni- ente tratar tenses em solos a nivel inter-granular. Utilizam -se tensdes médias estatisticas definidas como forga por unide de ée Area total do solo. Como ressaltam Lambe e Whitman (1969 0 conceito de tensa esta associado com 0 concei, to de continuo. Portanto, quando se fala de uma tensao agindo em um ponto, visualizamos as for- gas atuantes nas faces de um cubo infinitesimal composto de um material homogéneo. KX primeire vista podenos entao, questionar se faz sentido a plicar 0 conceito de ten o a um sistema de par- tfculas como o solo. No entanto, o conceito de tensZo quando aplicado a solos nao @ mai abstra to do que quando aplicado a met Um metal @ na realidade composto de muitos pequenos cris~ tais e, na escala submicroscopica, a magnitude dae forcas entre cristais varia randémicamente de crictel para cristal. Para qualquer material, portento, o interior do ‘cubo infinitesimal’ € a pence estatisticamente homogéneo. Num certo sen tid: ,toda a matéria @ formada por um sistema de oe sd @ significativo falar sobre ten- sic macroscOpica se esta tensao varia pouco ao locic Ge distancias da mesma orden de grandeza qut ¢ tamanho da maior particula. Quando fale- < mos ém tensces em um 'ponto’ numa massa de lo, bi freqientemente temos que imaginar um 'ponto tante grande". 8. Os poros ou vazios do solo podem estar totalmente ocupados por ar (solo seco), ocupados por ar e Agua (solo par- cialmente saturado) ou totalmente ocupados por Agua (solo satu rado). : A_tensdo noe poros é atmosférica nos solos secos. ‘Nos solos saturados a tensdo na acua dos poros depende das con ‘Gicdes hidraulicas locais e @ denominada tensdo neutra (U). Nos solos parcialmente saturados a Agua e o ar dos poros esto _- quase sempre com tensdes diferentes sendo a tensfo no ar fre- ~ quentenente atmosférica e a tensdo na acua menor que a tensio no ar (negativa, portanto, posto que menor que a atmosférica). 9. A diferenga entre a tensao total e a tensdo° neu- tra em um solo saturado é denominada tensao efetiva (o'). As- sim, por definicao, < x SoOogen Eq. 1 Esta definigado implica em que a tensdo efetiva cor- responda, com 6tima aproximagao, a forga no arcabougo de graos diviéida pela area total. De fato, 7 GLa cay o © tenszo total = {0F# no arcaboucorforca na agua drea total Us tenedo neutra = ————forga na agua Grea totel - area dos contactos Conc @ Zrea dos contactos @ muito pequen: be - Grea dos contactos = area total A z : = forge no arcabouco c' = tensao efetiva = 0 - vu = AOFGS no arcabouge frea total A tens&o efetiva nao ocorre fisicamente em nenhum ponto especifico do solo. Ela é apenas um valor médio defini- Go como na equagao 1. Como se ver4,o conceito de tensao efetiva é de gran: de utilidade e foi seu estabelecimento, devido a Terzaghi nos anos 20, que permitiu uma compreensdo integrada do comportanen to dos solos. Melhor compreensdo desta importancia sé _ sera possivel com o desenv imento do presente curso. 10. © conceito de tensao efetiva nao se restringe a solos saturados. Em solos secos,a tensao nos poros é atmosférica e, portanto, nula. Consegiientemente,as tensdes totale efetiva sao iguais. an Em solos parciaimente saturados ,co-existem duas ten- sdes nos poros: a tensdo no ar (U,,) € a tensao na agua (U). 4 equag&o 1 nfo se aplica mais e Bishop (1958) propds a seguin te equagdo definidora de tensao efetiva cleo - U, + x(U,, - Ud crema) © parametro x & empfrico. Em solos secos,x = 0 e,em solos saturacos,y = 1, reduzindo-se, em ambos os casos, a equa Ho 2 & equagiio 3. ll. © leitor atento terA notado que a tensdo efetiva & definida em termos de tensdes normais, ndo se tendo menciona do tenses cisalhantes. Isto se deve ao fato de que os flui- dos (ar e/ou agua) dos vazios nao tem capacidade de suportar tensdes cisalhantes. Em outras palavras, o estado de tensdes na &gua e/ou no ar @ sempre isotrépico (exceto em situagdes es peciais, tais como meniscos ar/agua e solicitagses dinamicas gue ndo nos interessam agora), e, portanto, as tensdes cisa- Ihantes so nulas em qualquer plano. Assim sendo nao faz sen- tido falar-se em 'tensdo cisalhante efetiva' e 'tensio cisa- Inante total’. 78.sca uu ace deve = gence Cad) he Caveat, & 7A Moo Meets BPA, Casts Le QZ Hae -wnebe Celie 5) 4. cop givin, III. TENSOEE DEVIDAS 40 PESO PROPRIO 1. TensSes em massas de solo sao causadas por carcas externas e pelo peso do préprio solo. As tensdes causadas por cargas aplicadas constituem um problema complicado (& excess&o de alcuns casos simples) e seraéo estudadas adiante. A distri- buigdo de tensdes devidas ao peso proprio também é, em geral, complicada. £ bastante dif{cil (para no dizer imposs{vel),no estado atual da técnica,determinar as tensdes em uma massa na~ tural de solo com superficie de forma genérica e distribui Zo gualguer de camadas. Existe uma situagdo, no entanto, na qual a distribui¢gao de tensSes é simples : quando a superficie. éo terreno € horizontal e a natureza do solo nao varia (ou varie pouco) horiz ntalmente. Esta situagao, denominada geost&tica, seré enfocada primeiro (itens 2 e 3). Outras situagdes " sio @iscutidas a seguir (item 4). 2. Na situagio geostéticaAisto é, superficie do ter reno plana e horizontal,e constancia horizontal da _—natureza das camadas)/nlo existem tensdes cisalhantes em planos verti- cais e horizonteis. Os planos horizontais e verticais sao, portanto, planos principais. A tensao vertical geostética é, por consegiéncia, calculada considerando simplesmente o peso de solo acima do ponto considerado. Assim, seguindo a figura l,temos que a tensao vertical na profundidade z @ dada por, ¢. = be29.do material acima da profundidade 2 _ z rea genérica considerada ¥q-Hy-A + Yp-HaA + Ye Q = YH AtY Hoty ge. ri laze as Wieu generalizandc - 4 ere Eq.3- Ou, em forma infinitesimal (%t11 quando o peso espe- cifico varia continuamente com a profundidade, o que é comun), 482 ope. 3 erceiae! = y(z) . dz ad onde y(z) € a equaco do peso especifico com a profundidade. 3. Mesmo no caso geostatico,a tensao normal horizon- tal (0, ) pode variar bastante,podendo ter qualquer valor en- z a tre menés gue 1/3 da tensao vertical ou mais que 3 vezes a ten so vertical. © valor em uma certa profundidade de um -certo Gepésito depende de diversos fatores tais como a histéria de tensdes do depdsito e o (ou os) tipo(s) de solo(s) que o com- poe. Existe um caso geostatico no qual a tensao horizontal se relaciona com a vertical de maneira um pouco mais simples: na situagao em que nfo houve deformago lateral no depésito (por exemplo, um extenso depdsito sedimentar). Neste caso especial, Gefine-se o coeficiente de tensdo lateral no repouso (ou coefi cliente de empuxo_no repouso) dado por : : G meme fe ° q h a c a (sy Eg. 5 Al gans valores tipicos podem ser aqui adiantados (em bora © assunt: tenha que ser re-estudado mais profundamente na parte de emputos) para o caso de depésitos de areias e argilas normalmente ¢iensados. Assim: (*) Ma pratica, uca-se 0 simbolo Ky pana relacionan tensdes "in situ" om qustquer situagdo (terreno inclinado, solo -adensddo). 10 VALORES TIPICOS DE Ky 2 thon Rreia fofa 0.55 ae hreia densa 0.40 : Broila de baixa plasticidade 0.50 Argila muito plastica 0.65 Em Gepésitos pré-adensados, os valores de K, Zo maiores que os acima, podendo, de acordo com o grau de pré-a- densamento, ser bem superiores 4 unidade. Notar que K 6 de- finido em termos de tensdes efetivas. 4, Em situagSes outras que nao a geostatica, a esti mativa das tensdes atuantes no macico 6 muito dificil e envol ve um elevado grau de imprecisao. IV. TENSOES NA AGUA Nos paragrafos anteriores, nao se fez referéncie & presenga de Agua no terreno. Considere-se entado um macigo saturado com 4gua em condi¢ées hidrostaticas (isto é, sem flu xo). A profenéidade na qual a pressdo na agua é atmosférice @ 0 chamado nivel d'acua natural (N.A.) ou lengol freatico. cima deste nivel o solo pode estar seco, parcialmente satu do ou saturado e 2 press&o da agua (quando existe agua) é ne- gativa (menor que a atmosférica). Abaixo do N.A. a pressao na agua @ positive e igual a: | . 7Uf%,.2 Eq. 6 onde y,, € 0 reso especifico da ava (1 t/m?) e 2, 2 profundi~ dade abaixo N.2.. © estado de tensdes na agua é sempre iso trépico (pele menos em solicitagdes estaticas) logo, (2, Tal como em tubulagGes de pequeno diametro, a 4- gua manifesta ascengao capilar nos vazios dos solos. Tal fato n§o @ surpreendente se vizualizarmos os vazios como um conjun- to de pequenos tubos justapostos. Quanto mais fino o solo,mai or a altura de ascengéo capilar. Assim, em uma areia,a franja capilar nfo excede uns poucos centimetros,ao passo que,em argi las,a altura de ascen¢ao capilar pode ser varios metros.. Na franja capilar,a pressdo na Agua é negativa e acompanha a dis- tribuigao hidrostatica, isto é, vale Bee pate ley Bip 92 A Be kei fred onde y,, € 0 peso especifico da agua e 2, € a altura acima do N.A.. Redma do topo da franja capilar,o solo esta parcialmen- te saturado ou seco,e a poropressdo est4 dividida em pressao no ar e na Acgua,sendo, como vimos, dif{cil de estabelecer valo res para as mesmas. A figura 2 ilustra estes aspectos. 3. Nos dois pardgrafos anteriores (5 e 6),foi dada atencdo a pressdes na &gua em condigdes hidrostaticas, isto é, em casos nos quais ndo existe fluxo de 4gua. Existe fluxo de Egua em solos sempre que hé diferenga de carga hidravlica to- tal entre quaisquer pontosda massa. A carga hidraulica total em un ponto gualauer @, por definig¢ao : 12 onde, total = h ae posicdo distancia a un nivel arbitra rio de xeferéncia carga de pressdo = h, = carga de velocidade = h Para as velocidades de fluxo usuais om massas de so- lo,a carga de velocidade @ tHo pequena que pode s: x despreza- da. Assim, phe ty eed Existem muitas situagdes priticas nas quais a movimento. Tais situagé ja do solo es- s podem ser agzupadas em 2 ca- ermanente (a carga total na yu enum certe com o tempo, como quando se tem percolagao a través do corpo de uma barragem), e de fluxo transitério le ga total na Squa em um certo ponto varia com o tempo, come quando se na camada de solo em processo de adensamento). bas situagées ja £ ram estudadas cm cadoira anters apresentadas apenas so completa da q’ or e sao ag ao estudante Ses neutras em macigor estio de terrosos. 5 - E manente, a pressio newtfa pela equacéo 6, sendo ne- , @ construg stengiio da ca 4.9 mando exisce em um ponto qualquer nao & sua obt 30 de uma rede de fluxo Gulica total. Tomando co. 13 mo exemplo © ponto A assinalado na figura 3, e considerando o nivel de referéncia indicado, a carga de presséo pode ser da- éa pela diferenga entre a carga total (hy = 5,5 _m) e a carga de elevagao (h, = -12,0 m). Com isso, a pressao neutra seria dada pelo produto entre a carga de pressdo e o peso especifi- co da Agua: -h, + 1,8 * 12,5 = 17,5 t/m? onde: ~h, = 17,5 m) Note que se nao houvesse fluxo, a pressao neutra no ponto A seria: vU=1x 20 20 t/m? Este seria o caso, se a cortina de estacas prancha fosse perfeitamente estanque e se estendesse até a camada im permeavel. Ou ainda, se o nivel de Agua a jusante da cortina fosse igual ao de montante. 5. Quando existe fluxo transitério (acompanhe pela figura “4), a pressao nevtra no ponto A é funcdo do tempo. £ © caso de um macico no qual um processo de adensamento em andamento- esta Para se obter a pressdo neutra em um ponto ge- nérico A, € necess&rio langar m&o da teoria do adensamento. Em cadeira anterior, foi estudada a teoria unidimensional de Terzaghi e o exemplo da figura é um caso unidimensional. Nes um extenso aterro que induziu na camada éccimo de pressao vertical total 60, Ro lon- Jo €e toda a cafade ccorre, no tempo t = 0 (isto é, no momen +o ée langamito 4% eterro), um acréscimo de pressao su se exemplo lenqo" lesa um < neutra 1g = 80y (tex287 cnenedo excesso de pressdo, pois sv é acres 14 centado & pressio hidrostatica pré-existente)*, Inicia-se en- téo um processo de dissipacdo cuja velocidade & fungao do tipo de solo e da geometria do problema (no caso, espessura da came da e condigées de drenagem em seu topo e sua base). — Passado um tempo suficientemente longo (t = ©), todo o excesso de pres ma s&o terA se dissipado e a pressdo neutra na camada voltara ser hidrostaética. Para um momento genérico t, entre t = 0* & t=, a distribuigdo de excessos de presso neutra na camada estd indicada na figura 4, Esta distribuigdo de excessos de presso no ponto cenérico A, no tempo t, é determinada, no ca so do presente exemplo, através da teoria do adensamento, é¢. seguinte forma: oe t a. Calcule-se o fator tempo T = 7 (Hg) onde: cyt € o coeficiente de adensamento da argila, obtido, por exemplo, em ensaios de adensamento t : € 0 tempo genérico considerado maior distancia de drenagem (igual A espessure éa camaéa quando apenas o topo ou a base so dre nantes; igual & semi-espessura quando ambos sao drenantes) . {*) A rekag anthe a vaniagao de tensao total eo excesso de pressdo ncutne gerade € estudada mais adiante. No caso uv nd Limensional, come o presente, o exccsso de pressdc neu- tna (6U) & igual & tensdo vertical aplicada na superficie (2c) b. Com o valor de T,seleciona-se a curva correspor dente a ele e, na mesma, determina-se o valor U, para a posi¢ao @ do ponto considerado. Como vem su, = (1-U,).6U, ,que € 0 excesso de pres- sGo neutra no tempo genérico t,no ponto genérico. No caso da figura 4, por exemplo, admitindo qué cy = 2x10" cm/seg, b= 10 metros e t= 10 anos, vem, para o ponto A + _ 2x 107% x 10 x 365 x 24 x 60 x 60 tT. 0 x 100)? z = 0,25 fige era Ze} = 0,52 ne figure, pera =i, v= 0, © 60, = 0,48 bu, © valor 6%, € fungdo da carga aplicada. Supo- nhemos que o aterro tenha 1,5 metros de espessu re © peso especifico igual e 1,80 t/m*. Entio: gu, + 6g = 21,5 x 1,8 = 2,70 t/n? b. Com o valor de T,seleciona-se a curva correspon- Gente a ele e, na mesma, determina-se o valor U, para 2 posi¢o (%) do ponto considerado. Como vem 6u, = (1-U,).6U, ,que € 0 excesso de pres- s8o neutra no tempo genérico t,no ponto genérico. No caso da figura 4, por exemplo, admitindo que cy 2x10" cm/seg, h = 10 metrose t= 10 anos, vem, para o ponto A te Sexi Olax 0Nx3 6 SE x 74NnCONXEEO o x 100)? 2 = 0,25 : 2.1 . ae oa eae ee © 60, = 0,48 bu, © valor 6%, fungio da carga epliceda, Supo- nhenos que o aterro tenhe 1,5 metros de espessu re © peso especifico igual 2 1,80 t/n>. Entio: gu, + 60 = 1,5 x 1,8 = 2,70 t/n? wre Portento, no exemplo, Bu, = 0,48 x 2470 = 1,30 t/n? este & 0 excesso de pressio neutra no ponto A, dez anos epds o langamento do aterro. A pres- sao neutre total @ a soma deste excesso com a pressao hidrostatica. Usy, + 2, + 8, 245x214 1,30 5 6. © exemplo acima é a mais simples poss{vel das si. tuagdes de fluxo transit6rio. No caso geral tem-se situagdes nas quais tanto o carregamento como o fluxo sao bi ou tri di- mensionais. Nestas situagdes mais complexas sao necessarias técnicas especiais,tanto para estimar o excesso inicial de ten so neutra (isto ser estudado adiante),como para estudar aissipagio bi ou tridimensional (isto transcende o n{vel pro- posto para as presentes notas). ‘ todas as bu, € forgic da Basigde de porte wregamert (a3 a TENSOES INDUZIDAS Toda e qualquer obra civil produz variagao de ten sédes na massa terrosa na qual ela se encontra ou se apoia. Al guns exemplos : carregamento por qual quer estrutura (pré - dio, ponte, aterro, barregem, tanque, si- lo, muro de arrimo, etc) apoiada na super ficie do terreno carregamento por qual quer estrutura inseri. @a no terreno ( esta- cas, tubuloes, tiran- tes, etc) descarregamento super- ficial (por exemplo, ra E a escavasio). ieee descarregazente profun ae Ti @o (ror exemplo, tineis) : 18 (2. » estimativa das tensdes induzidas em macigos ter rosos € importante em muitos projetos. Para seu cAlculo lan- ga-se mio da Teoria da Elasticidade, isto é, de uma teoria ma- tematica que fornece as tensdes em qualquer ponto de uma massa para condigées de solicitagao especificadas. Um exemplo tipi- co de solugao da teoria da elasticidade € o de uma carga ponty al aplicada na superficie de um semi-espaco infinito (esta é a chamada solugdo de Bousinesg . Ver figura abaixo).A solu- go deste problema fornece as tensSes em um ponto genérico (A) em fungao da carge aplicada (P) e da posi¢gdo do ponto (R,a). per exeimp, Raf (PR, «) 3. & Teoria da Elasticidade,em sua forma mais sim- ples,admite que o material seja homogéneo, isotrépico e line ar-elastico. |,Esta Gltima caracteristica implica em que ten- sées e deformagées sejam proporcionais,o que raramente aconte- ce em solos, Mais adjante as limitagdes da Teoria da Elastici dade quando cplicada a solos,sdo discutidas. Antes de exami- nar as solugdes da teoria, que se seguem, & indispensivel que © leitor revise alguns conceitos basicos que foram,por comodi- ade ,agrupados no Apéndice 2. 4, SOLUGCZS SIMPLES DA TEORIA DA ELASTICIDADE: A se guir sf + Gespidas de quaisquer consideragées ted. Teoria da Elasticidade , fteis em Geo Apene rustltados relativos a tensdes sao seenia. apresenta- dos. & teorie da elasticidade fornece também o campo de defor magdes,mas este aspecto ndo interessa as presentes notas. 4. - CARGA PONTUAL VERTICAL APLICADA _NA_SUPERFICI= DE MASSA SEMI-INFINITA HOMOGENEA E ISOTROPICA Estas equagdes sio bastante simples e as tensdes ise dem ser obtidas diretamente a partir elas. Como veremos a- diante, as solugdes de casos menos simples séo to complexas gue convém apresentd-las gr&ficamente. Note também que as so- lugdes acima n&o dependem do médulo de elasticidade da massa {E) e que as tensdes vertical e cisalhante nado dependem nem do dulo de elastic: jade nem do mddulo de Poisson (vy). Em geral as tensdes caiculadas através da Teoria da Elasticidade so fungGo do médulo de Poisson. Esta dependéncia serd indicada cada caso a>resentado. tv (4.2 - CARGA CIRCULAR VERTICAL UNIFORME APLICADA NA — SUPERFICIE DE MASSA SEMI-INFINITA HOMOGENEA E ISOTROPICA A figure 5 cal. As figuras 5(b) e 5(c) apresentam qs valores das tensdes apresenta os valores da tensao verti -~ principais maior e menor. (Notar que os graficos nao fornece! a diregao das tensdes principais, apenas os valores). Estes dois Gltimos gréficos séo para v = 0,45, 0 primeiro independe de v. A influéncia do médulo de Poisson (v) sobre o campo de tensdes pode ser percebida na ficura 6 na qual os valores cal- culados de variagZo da tensdo normal média para diversos valo- res ée v estdo plotados. (4.3 ~ CARGA CORRIDA VERTICAL UNIFORME APLICADA NA SU ~ PERFICIE DE MASSA SEMI-INFINITA HOMOGENEA E I- SOTROPICA A figura 7(a) apresenta os valores das tensdes prin- cipais maior e menor (tal como antes, estes graficos fornecem a magnitude,mas nao a dire¢ao das tensdes principais), e a fi- gura 7(b) fornece o valor da tensdo normal vertical. _Nestas solugées,todas as tensdes sao independentes de v. 4.4 - CARGA CORRIDA VERTICAL TRIANGULAR APLICADA NA. SUPERFICIE DE MASSA SEX ISOTROPICA -INFINITA HOMOGENEA E Valores Gas tensdes principais estao apresentados na figura 8(a) e da tensdo normal vertical na figura 8(b). Cabem equi as mesmes obstrvagées que para o caso anterior. 21 (@.5 - CARGA RETANGULAR VERTICAL UNIFORME APLICADA NA SUPERFICIE DE MASS? SEMI-INFINITA HOMOGENEA E ISOTROPICA A tensio vertical em ponto verticalmente abaixo do vértice da carga é obtida na figura 9. A entrada no grafico se faz através dos pardmetros me n dados por 3 0 a/z b/z n onde a e b sao os lados do retangulo e z & a profundidade do ponto estudado, Tira-se o valor £(m,n) do &baco e, bo, = 8 x £ (m,n) onde $q 6 a carga uniforme aplicada no retaéngulo. 0 principio da superposigao pode ser usado para calcular a tensdo vertical sob pontos que ndéo o vértice. Por exemplo: Ponts no inte ior tana ul clo retangulo carregads, ou viagde Porto exkrnd ao drea Carrecada yy ce fen “5, CARREGAMENTOYSUPERFICIALYQUALQUER: KBACOS DE DEWMARK Este método geral foi desenvolvido por Newmark para massas homogéneas e isotrdpicas e utiliza Abacos de influéncia como 0 mostrado nas figuras 10 e 11. Para seu uso,é necessa- rio fazer,em papel transparente,um desenho em escala do carre- gamento (a escala é aquela dada no canto inferior esquerdo das figuras). © ponto abaixo do qual se deseja saber as tensdes é entdo colocado coincidente com a origem do dbaco e conta-se o nimero’dos 'quadrados' cobertos pela Area carregada (estimando as partes de quadrados). A tensdo desejada sera entao : o=IxNxq onde I+ € 0 valor de influéncia do 4baco que esta em uso. Para os abacos das figuras 10 e 11,1 = 0,001. © Ge 'quadrados! iforme aplicada. : Os valores de influéncia (I) obtidos da figura 12 (tens&o vertical , 0, ) sido inéependentes do Médulo de Poisson (vy). Os valores obtidos da figura 10 sfo também independentes de v, porém a tensio normal média é dada ‘pela férmula apresen- tada no pé éa figura,a qual inclui v. “6. MASSRS NEO HOMOGEN! AS. Todas as solugSes apresen tadas acima séo para massas homogéneas, isto €, constitufdas de um s6 material cujas caracteristicas (E,Vv) nao variam nem horizontal nem verticalmente. Esta situa¢&o nao cobre,-nem a- proximadamente, © caso de depésitos estratificados. Por exen- plo, um aterro arenoso sobre argila mole constitui um sistena de duas camadas no qual a superior (areia) é bastante mais ri- gida (valor maior de E) que a inferfor. Neste caso, as ten- sdes mostrarao uma tendéncia a se concentrar na camada arenosa como indicado na figura 12. Evidentemente, o niimero de combi- nagées possiveis (duas, trés ou mais camadas com médulos de e- lasticidade relacionados entre si de diversas formas) € enor- me, e, embora existam algumas solugGes da Teoria da Elasticida de,é, em geral, melhor utilizar computadores e resolver o pro- blema espec{fico numericamente. Rs solugdes anteriormente examinadas restringem -se tambér ao caso de carregamento aplicado na superficie de massa semi-infinita. Existem solugdes da teoria da elasticidade pa- ra perfuragSo de tineis, carregamento de estacas, etc. Nova - mente aqui, a complexidade de tais solugdes e o infinito nime- ro de combinagdes ceonétricas possiveis, torna desejével 0 uso de técnicas nmméricas (elementos finitos, diferengas finites) em ci mputader. © leitor interessado encontrar grande niimero de solugdes elfsticas de valor em Geotecnia no livro de Povlos HAG. € Davis, E nics", John "Elastic Solutions for Soil and Rock Mecha dey, 1974. wre + RIGIDEZ DO CARREGA NTO: PRESSOES DE CONTACTO Os carregamentos examinados nos pardcrafos 4 e 5 sao do tipo dito flexivel, isto é, a tensdo ao longo da base da 4- rea carregada é constante e independente das deformagées que e la sofra. As pecas estruturais (sapatas, blocos, baldrames, muros, estacas, etc) nfo sao perfeitamente flexiveis e, depen- dendo de sua ricidez,influenciarao a distribuigado da pressao no seu contacto com o macigo terroso. No limite, uma fundacio infinitamente rfgida tera deformacdes uniformes ao longo do contacto e as tensSes adaptar-se-Aco a este fato. Um estudo te Srico desenvelvido por Borowika em 1936 e apresentado por Te=- zaghi em sev livro "Theoretical Soil Mechanics" de 1943 apre - senta a distribuigdo de tensdes sob uma sapata circular em fun gio da rigidez da sapata e do valor relativo dos médulos de e- lasticidade do solo e da sapata. Borowicka estabeleceu um fa- tor, K = £(E,/E,, #/R) onde E,= médulo de elasticidade da fundagdo, E.: médulo de e- lasticidade éo solo, Hz altura da fundagdo e P= raio da funde gGo. Este coeficiente, quando nulo (K=0), indica perfeita fle xibilidade e, quando muito grande (k=), indica completa rigi- dez da fundagio. % figura 13 apresenta os resultados de Boro- wicka para ume sepata circular. Observe-se que quanto mais ri gide a sapata, mais irregular é a press&o de contacto. casc mais geral a determinagdo das pressdes de contacto é um problema de trato dificil e, salvo em situacéer especiais, o engenhefro trata os carregamentos segundo seu va- lor médio (iste @, considerando o carregemento como flexivel). CITACHO DRENADA E NEO DRENADA. Imagine que w aplicede instantaneanente na superficie de wre um macico saturado, Ela induziré variaq6es de tensao total nu ma regiao do macico izinha & rea de aplicaclo da carga. Tais variagdes de tensdo cerardo variagées na tensio _—neutra, criando-se assin um campo de excessos de pressZo neutra que, com o tempo, dissiparé até aque se restabelegem as condicdes i- niciais de pressao neutra. Apéds a dissipagao,toda a variagao de tensacVievida & carga aplicada teré Se tornado variagio de tensiio efetiva. No caso geral,portanto, um carregamento apli- cado em uma massa saturade envolve dois 'estagios’ a. um est&gio no dre: dono qual a carga é aplicada © geram-se excesso de pressao neutra b. um estagio @renado,no qual os excessos de pressio neutra se dissipam. Os parametros eldsticos (E,v) sao diferentes. para os estAgios n&o drenado e drenado. Assim, tem-se, para situagées nao drenadas, (isto é, para o conjunto esqueleto de ordos + &: gua, sem que a Agua possa escapar): = médulo de elasticidade nfo drenado v = 0.5(*) (*) No caso nfo drenade, como nao ha variagao de volume, A2-4 (Apendice 2), Ic, # sy * 0.) = 2vloy * oy ¢ 0,) pee wre Para situagdes drenadas (isto €, para o esqueleto de apenas): médulo ce elasticidade érenado médulo de Poisson drenado Os valores de Ey, e v' sao diferentes de solo pa- ra solo e, em um mesmo solo, variam com o nivel de tensdes (is @ profundidade), com as condigdes de so lo, egenento ou descarregamento, tipo de solicita- go), etc... © valor de v' pode situar-se entre 0.10 e 0:45 e os valores de =, € E' (que, em geral, nao sao iguais) podem va 2 riar entre menos que 10 kg/cm* (digamos, uma argila mole) e mais que 3000 kg/cm? (digamos um solo residual jovem). 9. PRECISAO DAS ESTIMATIVAS. A precisdo com que se pode estimar tensdes, @ comentada por Lambe & Whitman (1969) da seguinte forma: "Quao precisos s€o os valores de tensdes induzi as calculadas com a Teoria da Flasticidade? Es ta pergunta sd pode ser respondida através da compara’ ge tensdes calculadas e observadas em varias cituegdes no campo. Infelizmente, exis- ter syaite poucas medigées confidveis de tensdes de solo. ragdes de boa qualidade entre ten as e observadas indéicam uma concor- a surpreendentemente boa, especialmente no tensdes verticais. Um grande nimero: de conse fee deste tipo é necessério,antes que se thelecer a acurdcia das estimativas de: 27 variagaéo de tensdes. No atual estado dos conhe- cimentos no assunto, © engenheiro de solos conti nua a usar os resultados elasticos por falta de técnicas melhores. Fle deve estar consciente, no entanto, gue seus valores calculados de tensdo podem estar errados em 25% ou mais". 10. TRAJETORIAS DE TENSAO. Trajetérias de tensao sio curvas representando diversos estados de tensao em um Giacrama. Existem diversos diagramas propostos na literatura, por exem - Eo 6, 2, on (93, Gi) i (GY, 6) GGG 6-G e Ce 8) (SS, = 6) 03 263, GB ee > 2 Este Gltimo, devido a Lambe, € 0 mais difundido e vai ser estudado nestas notas e utilizado no curso. f necessa rio que o estudante adquira pratica com este grafico e saiba wisualizar ot ¢4 SOS carreganentos no mesmo. se os secuintes simbolos : + oto, h ou ©, dependendo se est&o sendo consideradas tensdes totais fetivas, estabelecem-se trajetérias de tensdes totais ov Vejemos ent&o alguns aspectos praticos de utilizaczo do diagrama (p,q): ude fato, 2 a eu ou seja "a distancia horizontal entre a trajeté- ria de tensdes efetiva e total é igual 4 pressao neutra. E mais, se a trajetéria efetiva esta 4 escverda da trajetéria total a pressdo neutra é positiv. estando 4 direita, negativa". constante e este valor constante é i abcisea da intercessdo desta reta com ta inclinada de 135¢ com o eixo p ‘ tem ‘sy (91 ¢,) constante e este valor constante é abeissa da intercessao desta reta com ou e- wre © eixo p. 2 figura abaixo ilustra este ponto: a= HG , t 2 Vinha. dle Gi constants (# revala eS Iiha de Gy constante (e ‘qual a @) d) Todos os pontos com um mesmo valor da relagao ¢, ° =e (ou G2) situan-se em uma linha reta v 2 que passa pela origem. A inclinacdo desta lit nha como eixo p é igual a = isk tan = 2 Kote que se K< 1 a linha & acima do eixo p 1 a linha coincide com o ei- xo p P or K > 1 a linha é abaixo do eixo p 30 & figura abaixo ilustra : Gy- 6% “9 77 Todos 05 pontts desta, reta Tim Sf, ov arctan ( 8) = e) Se uma certa variacdo de carga ocorre,na qual as variagdes de 0, e 0, (ov o3 e 0) s&o do) e doy, (ou 40, e 40)), 08 diagramas abaixo sao iteis no estabelecimento 4 primeira vista, da diregéo da trajetéria de tensdes (as zonas hachuradas indi- cam © quaérante no qual a trajetéria de tensdes correspondente tem que estar IRN IS Simal de LG © Ooh Sihal de AG © 6g bol Giferente, Por exemplo, se um certo incremento de carga partin- do do ponto 7. tem um pequeno acréscimo de 0, e um grande de- créscimo de), \Agy| < | Osh] —> regicio ponitithada. Sind Contidris —> rege hockurada €,cem alenggo & regra € Come Gk decresce, 0 Senfide Corels & pera cima £ desejavel que o estudante pratique estas regras a- té que as mesmas se tornem reflexas. Para tanto,convém fazer bastante exerc{cio. 0 diagrama de trajetGria de tensdes ser bastante Gitil nas partes que se seguem deste curso e em outros curses e aspectos praticos de Geotecnia. wre vi. 32 TENSKO NFUTRA INDUZIDA EM CONDIGOES NAO DRFNADAS Quando um carregamento qualquer é aplicado em uma massa de solo saturado, ocorrem variagGes de tensdes totais nas vi nhangas do locel de aplicac&o da carga. Tais variagées de tensdes totais causam excessos de pressdo neutra. Se a mas sa de solo tem Grenagem répida (digamdés uma areia limpa), tais excessos de pressdo neutra dissipam-se tao logo o car- regamento é aplicado. Se a massa de solo tem drenagem len ta (digamos uma argile),é comum que quase nenhuma dissipa- go ocorre durante a aplicegao da carga. Esta situacio é « de solicitacgao nao drenada,que ja foi mencionada anterior - mente (item v.68). situagées ndo drenadas de carregamen to,tudo se passa como se (20 menos aproximadamente) a apli- cacao da carga fosse instantanea, nao havendo variacéo- de volume devida ‘a drenagem no elemento genérico da massa de solo. No presente capitulo estuda-se a variagdo de tensdo neutra causada por um carregamento nao drenado. Como primeira aproximag&o ao problema, considere-se uma mas sa de solo saturado,cuje arcabougo de graos & homogéneo, i- sotrépico e linear. Imagine-se, nesta massa, um elemento genérico submetido a variagao de tensdes totais principais ho), bc, € 40, sob condicées nao drenadas. Pela equacdo dz tensZo efetiva podemos escrever, AG, 46! = OG, -4y | AG) = S6,-Au eq.? AG 1 4G, = Ao,- du / 28, wre Se €,, €) € €4 sido as deformagées correspondentes e E' e V' a0 0 mddulo de Elasticidade e o Médulo de Poisson do arca- bougo de grfos, podemos escrever, 1 ' : . €, = Er foo - v(do3 + b03)) Somando as equagées 6, by 1 . " : : ABE = eyttgtes = gr (-2¥") (opto sebosy ou seja, . Ae (dot + dos + dos) eq. 9 v 1 2 3 a Note que esta variagao de volume ocorre em condi¢gées nao renadas,néo hevenéo perda ou ganho de agua no elemento. ‘ortanto, ela se deve apenas 4 compressibilidade do conjun- te formado pele agua nos ct P vazios e pelo arcabougo de graos Go solo. Estamos falando, portanto, em variagées muito pe- guenas de volume. Por definigao,2 COMPRESSIBILIDADE DE UM MATERIAL € a rela- cio entre 2 deformagao volumétrica (Av/v) e uma variagao i- sotrépica ¢2 tensao (4c) ore onde 40' & uma variagao isotrépica de tensio efetiva. Agora fazendo na Eg.9 So} = bos dot (solicitagio 4 sotrépica) vem * oe Chia ohh E podemos re-escrever a eq. 9, Sac Lect + b05 + aos} eq. 12 c3 1 2 3 vr eds Das Eq. 7, vem dor + bos + boy = bo, + Aon * bo, - 340 portanto, AN ig b a vv cy 3 {hoy + boot bo, 340) ..eq. 13 Por outro lado, para a mesma solicitagao, a variagao de vo- lume da gue nos vazios é : av, = nv cc, av seq. 14 w © A pois a compressibilidade da aguacc, = —2—# e v, =n (onde n é a porosidade). Agora, se admitirmos que os gréos de solo sao incompress{i - veis, podemos igualar a variagao de volume do arcabougo s6- ido (AV, dado na ecuagdo 13) coma variagao de volume da agua (AV,, dado na Eq. 14), pois a situagao sob considera~ go & nao drenada, logo : p=avc + S nvc, dU = VC, 3 {bo, + do, + do, - 34U) re-arranjando : o 8 1 ical AU = 3 (bo, + Bo, + Bo) ~ aU ou . Sw) 2h au(lt n om =a (do, » don a 405) finalmente : 1 1 ou = Le . §F (ho, + bo, + A0,) .eq. 15 in c esta formula relaciona a variagaco de pressao neutra (AU) con a variacao das tensdes totais principais (do), bo € 403) sob condigSes nZo drenadas. Fxamina-se agora alguns aspectos relacionados com a Eq. 15. © fator pode ser avaliado pois existe grande niimero de medigdes éa compressibilidade da agua (C,) e de solos (C,) , executadas em diversos centros de pesquisa nas iltimas décadas. h compressibilidade da Agua vale ,tipicamente,5 x 107> cm*/ /kg. A compressibilidade dos solos é variével com o tipo de sole e@ s&o apresentados, no quadro a seguir, diversos exemplos. 5 c Tipo de Solo | ee (em?/xg) 3 j 60 0.15. 0.999 Argila Rija | 37 | 0.01 0.998 Silte Compacto 35 0.03 0.999 é i =3 Areia Fofa | 46 9x10 0.997 | | Areia Densa 43 0.995 | Estd claro ,entao,cue, com base no modelo linear que adota - mos, prevé-se que ac para todos os tipos de solo saturado. Este fato pode ser verificado experimentalmente: Fazendo, na Eq. 15 do, =o a 2 = £0, = be, tu = B (380) ou ou 4U = B bo e, se B=1, AU = bo ou seja, prevé-se que um solo saturado submetido a uma soli. citagao isotrépica (4c),sob condigdes néo drenadas,exibe u- ma variaga> de pressdo neutra (AU) igual a bo. Este comportamento j& foi verificado experimentalmente ex laboratério um grande niimero de vezes. Na verdade, a manei ra mais correta de verificar se uma certa amostra esta satu rada é medin 0 0 valor de B na mesma, isto &, em uma cdmare triaxial,aplicar uma variacdo (60) de tensdo confinante e medir a variagao de pressao neutra (6,),sem permitiz drena- gem. Agora reste exaninar 0 que ocorre quando a solicitagde € 4sotrépica, isto é, cuando b0,, 40, e Ac, nfo sio iguais Este & 0 caso geral de solicitagéo. Consideremos uma soli- citagdo axi-simétrica,perenemple, 40) # boy = bog . A kg. 15 torna-se, 06, B du= > (AG, +2 465) Ov, remanejando, 06, Ave & (ag,- 003+ 3.46) wre finalmente i e AU = Bito, + 3 (40, to,)} Eq. 17 © nosso mo. lo el&stico prevé, portanto, que o acréscimo de pressdo neutra no caso desta solicitatao axi-simétrica se- ja igual’a boy (pois B 1) somado 2 1/3 da diferenca entre 40, € bo5. os mostraram cue sU e solos nZo coin cide com este ve .» Por este motivo, Skempton (1954) pro- pés a equagdo: 4, = B (60, + A(to, - 403)) ---eq. 18 na qual se percebe que o valor 1/3 foi substitufdo por um pardmetro A,que deve ser determinado experimentalmente. Grande nimero de ensaios foi executado pesquisando valores de A. © préprio Skempton cita os seguintes valores tipicos: ipo _de Solo A | Argilas Normalmente 0.5 2 1.0 Béensades Argiles Levenente Pn Pré-Adensadas Argilas Fortemente AGA Pré-adensadas Os valores acima io Gevem ser encarados rigidamente pois >» varia com diversos fatores além da histéria de _tensées (mostrado no quadro acima),tais como o nivel de tensdes, o tipo de solicitagao, etc. wre 39 5, A resposta ndo Grenada de presses neutras no caso mais ge- ral (00), fc, e Ac, diferente:entre si) é ainda mal conhecL da ,devido principalmente a dificuldades experimentais (en ~ saios com aplicagao independente de 40,,,40, e 40, séo difi ceis de executar e tém resultados questionaveis). wre a superficie do terreno solo parcioimente soturado solo soturado franjo copitor solo soturado distriduigdo hidrostético Ge pressdes no éguo i FIG. 2 — | 42 [ern DE ESTACAS PRANCHA & metros . - referéncio de posi¢to (datum) n TS TO 7 h8 \ 2 metros i. © 7 i? os. a . ! 4 IMPERME AVEL, FIG. 3 fiops do comoda) jorgilose, co. inci. ldente com o ni.| vel_d’éguo | | ltensdo _neutro_hicrostctico| tensee neve ee causondo voriogéo de totol + $6 laterro langado no tempo 1 a tensdo lees i fensdo_-neutra do tempo] jcorga) ftenséo neutra no tempo +O \tlogo apés. a aplicagéo ¢a % DE ADENSAMENTO, Uz h/4e 3 | 2 . olf & n2 | 7 3/4 | i { | SSS | | ss h ° 02 04 06 os 10 FIG. 4 Posicao wre 1s 20 2a25 28 30 68/4 os. 20. 2st 35, —U Apt Ya 1 1 ' I ! 1 tensdes colculodas -—», ‘90 longo 50+ 56+ 86, +56, deste eixo 3 1 1 ' ‘ Y z FIG. 6 Influéncia do médulo de Poisson na variogGo da tensio normal média a0 fongo do eixo de um carregamento circular uniforme FIG 7{a) TENSOES PRINCIPAIS SOB CARGA CORRIDA UNIFORME FIG 7(b TENSAO VERTICAL SOB CARGA CORRIDA 2: UNIFORME oe PA cry FIG B(o) TENSOES PRINCIPAIS SOB CARGA CORRIDA TRIANGULAR / 0. i | oR 25| | = - | us oe Zz o 175 — . i a 25 Os O75 ' 1s 15 ©, FIG 8{b) TENSAO VERTICAL SOB CARGA CORRIDA TRIANGULAR BWYOJINN = YVINONVI3N VvOUVD 30 OLNVD BOS WIILNIA OYSNIL 6 ‘Id bp: (wut = ‘op I pea 5 as (0) . unow gies sz s 016080 SO_vo__¢9 $20 zo s'0 ro. or sto| SS 20 szor-s s um w sol t4 — | See] wow 2 = so +— £6 —. 2 = a eers s 6 © Se e@ SI oes ss z —~A_ scala. grffica FI@ 10- ABACO be INFLUENCE PARA 42 INVARIANITE q 10- Co be ‘Mewwark , ) y+ G Ss 20) 9e0t. Np : ede: Newt quadmdea 5 p+ carn oplicoda = — escala. grafic FIG. A- Abaco DE INFLUENCIA FARA TENSAO VERTICAL (Newmark 4942) G, = 0,004 N p ede Ne ut quadiodos BF ergo oplicada i i 1 1 52 c Mog2 10 tm? ee rN Teaco 7 \ ie Ura ater] |thomeséneo! arsnoso sobre | ite Cis ei yt Lk im) \ | iqamcenciens| NN 25 | orenoso sobre eee a argila OS LETEMOS MOS7RAM AS TENSOEZS NA PROFUNDIDADE [5 METROS| COM

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