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TV digital e EAD: uma parceria perfeita para a inclusdo social Cosette Castro‘ RESUMO Este artigo trata das novas Tecnologias da nformacao e da Comunicagao (TICs) como uma segunda ccomunicagao e analisa as possibilidades da educacao a distancia sob o prisma da TV cigtal no Pats. 0 trabalho, eserto a partir dos estudos de economia poltica da comunicagao e dos estudos cultrais cris, aponta também as mudangas que vém acontecendo no mundo a partir dos anos 90 do século XX com a massificagdo dos computadares e da internet, estudando tals transformagdes em diferentes ambitos,sejao social ou o académico. Finalmente, o texto discute a necessidade de formagdo cde uma cultura digital que poderé colaborar para os projetos de inclusdo socal Palavras-chave: TV digital. Educagdo a Distancia. TIc's. Cultura digital. Economia poltica da ‘comunicagao. Estudos cultura crticos. ‘ABSTRACT This article talks about the new technologies in information an communication as a second type of communication and analyses the possibilty of the Long Distance Leaming through the digtal television in Brazil. This paper, under the influence of the political economy of communication and the critical cultural studies, also shows the changes that have been happening in the word since tne 90s of the ‘twentieth century. The article studies the democratization of the computers and internet, studying those modifications in fferent sectors as the academic sector and the socal lie. Finally, this article discusses the need of a training forthe digital culture. It wll be able to help projects in the social inclusion area, Keywords: Digital television. Long Distance Leaming, Digi ‘of communication. Critical media. Digital culture. Poltical economy Doutora em Gomurizagio pla Unveridade Autéroma de Barcelona, Espanta, Mestre em Comunizagio Cultura pla Pontificia Universidade Gatétea de Porto Alegre (PUG/RS oEspecalsta om EducagSo pola Universidad do Val {o Ria dos Snot (Unisinae), Consutora da Comissie Evonémica para América Latina (Capa, Geo da Unasca professora no PPGCOM/Unesp.E autora dos los "Por que os Realty Shows Conquista as Ausiénias?.“Wisias Digals, comvergérca tecrolgia @inclusd soca", em co-utoria com Andcé Barbosa Filho ¢ Takashi Tome. Em 2007, csordanoua pesquisa “As indtrias de Contedda na América Lata’, 11 paises da rego. Disponvel am: tas/noticias/2/32222/GdT eLAC_meta_13.pt tp / ww cepaLor/socinfoyn 8002 "un ue'-u's Ing op seRED'son ‘eng = opteaunog -oprouen I Introdugao 's chamadas Tecnologias da Informagao e da Comunicagao (TICs) configuram © que se costuma chamar segunda comunicagao, pois operam em uma légi- ca onde é eliminado 0 espaco “real” ¢ anuladas as limitagdes do tempo e da distancia. 0 tempo jé nao é um tempo congelado do registro das cenas e da edigéio das imagens da primeira fase da comunicagao e de sua reprodugao teenolégica através da TV anal6gica que tem sido utilizada para desenvolver projetos de Edu- cacao a Distancia (EAD). Vivemos em um tempo presente, onde tudo acontece “no momento”, inclusive as novas formas de ensino e aprendizagem que podem ocorrer em tempo real, mesmo a distancia € mediadas pela tecnologia. Nesse sentido, as Tes geram légicas préprias de funcionamento e reorganizagao do mundo que in- cluem tanto @ comunicagao quanto a informatica e o ensino, embora vivamos em um momento de transigao, em que aparelhos analégicos convivem com aparelhos digitais e onde todos somos aprendizes das novas tecnologias, ‘A sociedade ocidental caminha na diregao de um mundo onde a diviséo social nao passa apenas por possuir ou nao objetos, mas por possuir conhecimentos, saberes € habilidades. Nesse sentido, as novas TICs tém papel preponderante para reduzir as diferengas sociais e econémicas e as diferengas de acesso aos diversos niveis de aprendizado. Elas também tém importante papel para reduzir as chamadas brechas digitais e possibilitar a democratizagao do aprendizado € 0 acesso ao conhecimento. Martin-Barbero (2003) diz que hoje as tecnologias séio um lugar de batalha estraté- fica para redefinir o futuro das sociedades. Segundo ele, existem duas possibilidades de agao diante do avango tecnolégico: deixar que as maiorias fiquem desconectadas ou lutar no campo estratégico das novas destrezas mentais que esto relacionadas as tecnologias. Considera-se que esse seja um dos grandes desafios que enfrentam as sociedades em processo de crescimento, como é a brasileira ‘A incluso social, por meio da EAD e do uso de plataformas digitais, tema deste artigo, é uma discussao necessdria para desenvolver politicas piiblicas no setor. Tais polticas pablicas devem contemplar, em sua primeira fase, 0 acesso as TICs, 0 aprendizado de como manejélas e o estimulo ao pensamento eritico, assim como um continuo desenvolvimento de politicas ptiblicas de EAD, como tem feito o Ministério da Educagao na formacao de tutores, professores de diferentes niveis e cursos que incluam da graduagéo a pés-graduagao a distancia em parceria com instituigdes com exceléncia nesse setor, sejam elas ptiblicas, sejam elas privadas. Mas como lembra Castells (1999), um ano antes da virada do século XXI, a incluso digital basica - aquela que permite o acesso as tecnologias, estagio que o Brasil tenta ultrapassar - nao sera suficiente, pois o mundo estaré dividido entre os jnte- ratuantes e os interatuados. Ou seja, entre aqueles capazes de selecionar seus pré- brios circuitos de comunicagéo e informagéo multidirecionais e aqueles a quem se direciona um ntimero limitado de opgées pré-prontas, sejam elas na érea da edu- cago, seja na drea da comunicacéo. Asegunda fase da incluso para o uso das TICs na EAD seré o divisor de aguas entre ‘0s que apenas recebem informagdes e aprendem de forma unilateral e aqueles que poderdo participar do processo de aprendizado de forma interativa. Essa interacéio poderd ocorrer por meio de pesquisas, formagdo de redes ou, ainda, da produgao de contetidos para projetos de EAD que incluam as plataformas digitalis e levem em consideragao as possibilidades da convergéncia tecnolégica, ou seja, a possibili- dade de utilizar varias tecnologias de informacao e comunicacao ao mesmo tempo ‘ou separadamente. Neste artigo, EAD é pensada a partir de uma visdo transdisciplinar, voltada a incluso social e & democratizacao da comunicacao e da informagao, aqui consideradas como direito basico do ser humano. As definigdes de EAD sao miitiplas e iniciam pelo termo ensino ou EAD. No proceso de ensino e de aprendizagem semipresencial, ou virtual, mediado por uma tecnologia (neste caso digital), cresce a importancia do professor na relagdo ensino-aprendizagem. Exatamente por ser virtual ou semipresencial, a aten- 40 é duplamente exigida, seja na pronta resposta, seja na aposta em um outro tipo de relagio professor-aluno, onde 0 dlidlogo entre os dois e entre o grupo enwvolvido deve ser uma constante para a construcao conjunta de saberes, assim como no esti- mulo ao desenvolvimento de uma relagao marcada pelo afeto, mesmo que a distan- cia, pois assim se estabelecem os vinculos, inclusive de aprendizagem, A convergéncia tecnolégica As TICs a TV digital terrestre, o cinema digital, os games, os celulares, os HiPods, os ‘computadores com acesso & internet (de mesa ou portateis) e, dentro de pouco tem- po, 0 radio digital. J4 a convergéncia tecnolégica baseiase na producao de contetidos para essas diferentes plataformas digitais que podem ser usadas ao mesmo tempo ou de forma separada. No caso do projeto de TV digital terrestre brasileiro, implantado a 2 Atanscicipinaridade 6 vista como ofaz Morn: a partrdo um pensamonto complex, que recor Ge pensar o mundo inogralmonte © née separando as sforentos discipiras. Sobre o toma, vjase a Carta da ‘Fansdlscplinaridade (1994), Disponivel em: KTTP,//wwwhumanas.nisrosb/curculo/proessores/eandldo/ ‘extos/carta pt. Acesso om: 25 malo 2008, coanecesidade B g - g = 2 3 partir de dezembro de 2007, na cidade de Sao Paulo,® haverd o aproveitamento dos apatelhos de televisdo analégicos presentes em 95% dos lares brasileiros que, aco- plados a uma caixa conversora similar 3s usadas nas TVs por assinatura, receberdio 05 sinais digitais. 0 processo de transi¢&o dos aparelhos analigicos para digitais deverd durar, segundo estimativas do governo, até dez anos, quando os aparelhos de TV id dightalizados terdo precos acessiveis as diferentes camadas da populagio. Como parte de projetos de EAD voltados para o Ensino Superior, as TICs podem representar uma revolugo na tealidade brasileira ao introduzir novos (e antigos) estudantes no mundo académico, a0 oportunizar a entrada de novos profissionais em diferentes mercados de trabalho ¢ ao possibilitar a atualizacao de profissionais ‘sem condigdes de cursar uma universidade presencial, seja por limitagdes econd- micas, geograficas ou de tempo. No que diz respeito & aplicacao da TV digital terrestre no processo de aprendizagem a disténcia, se abre um mundo de possibilidades aos alunos. Uma delas ocorreré através do modelo de controle remoto a ser utilizado, o qual devera ser diferente do que conhecemos até aqui. Como a TV seré utilizada também como computador - € este € 0 grande divisor de aguas para a incluso digital no Pais - 0 novo controle remoto deverd ter a forma de um pequeno teclado para possibilitar a esorita, Esse controle remoto ver sendo desenvolvido por cientistas brasileiros desde o ponto de vista da usabilidade, isto &, que seja de facil acesso aos portadores de diferentes deficiéncias, assim como que seja um elemento facilitador para as pessoas que nao convivem com aparelhos tecnolégicos. Outro ponto importante da TV digital no processo de EAD é 0 uso da interatividade. Através dela, a produgdo de conhecimento ¢ a troca de saberes obrigatoriamente, deixardo de fluir apenas de forma unilateral - professoraluno, transformando-se em um processo de mao dupla, dialégica. Isso acontecera - como jé foi comentado — a partir do uso da caixa conversora que adequard a TV analégica que temos em casa ao padrao digital, possibilitando utilizar © mesmo aparelho de televisao como um grande computador, sendo que cada estudante ou sua familia poderé acessar e- mails, paginas web e cursos de EAD, além de e-banco, e-satide, e-comércio, ete, Nesse sentido, a EAD apresenta uma dimensao mais democrética e transformadora ao tornar possivel o aprendizado a mais de um membro de uma mesma familia € a0 mesmo tempo (ou em separado). 3 Eemjunno de 2008 ae captais que tverem geradoras poder adotar a TV dial? (0 uso das TICs na apropriagao de diferentes tecnologias de comunicagao (para fins educativos) faz com que a reflexao sobre educagao esteja necessariamente relacio- nada a questées comunicacionais e informaticas, obrigando que a formacao de novos professores inclua esses dois temas. Em tempos de novas tecnologias, 0 préprio conceito de educagao - seja presencial, seja a distancia - necessita ser ampliado, pois vai além do processo de aprendizagem que envolve o uso de midias como os meios impressos, 0 radio, a televisdo analégica e a internet. Em pouco tempo, a EAD deverd incluir, além do computador com acesso a internet, TV e 0 radio digitais, 0 uso de games educativos e também o celular agregando novos valores ao aprendizado, principalmente pela possibifidade de os alunos participarem ativamente e de se tornarem co-participantes na construgao do conhe- cimento. Outro aspecto importante & que o aprendizado poderé ocorrer em qualquer lugar: em uma praga publica, no metré ou no Gnibus, uma vez que as plataformas digitais como TV e radio digitais, celulares, Hi-Pods ou computadores portateis tém como caracteristica a portabilidade, ou seja, podem ser levados a qualquer lugar ‘onde haja um ponto para se conectar. Por outro lado, 0 uso a apropriagao das TICs também abre espaco para que alunos de graduagao e/ou de pés-graduagao se tornem co-construtores de contetidos para a educagdo, 0 entretenimento ¢/ou a cultura, © que implicard também a possibi- lidade de novos empregos e 0 desenvolvimento de novas metodologias, que possam ser incorporadas & ainda incipiente indtistria de contetidos digitais, voltados & edu- cago. Esses novos produtos educativos deveréo ser desenvolvidos por equipes transdisciplinares que incluam a participagao de jovens educadores com formagao tecnolégica, pois fazem parte de uma geracao audiovisual acostumada ao uso de tecnologias digitalizadas. Possibilidades de inclusdo A teleducagao digital através da TVD vai colocar em pratica projetos com o edu- tainment.* Isso podera ocorrer de varias maneiras. Primeiramente com o desen- volvimento de contetidos para a TV digital que privilegiem as atividades de ensino ja realizadas pela internet, s6 que agora pensando que estaréo potencialmente vol tadas a milhdes de pessoas e nao apenas aos menos de 20% de brasileiros que, 4 Nome em ings da educagéo com entrterimento, ese educa fo aprendzado pode serencarada come uma forma dvertida B g - g = 2 3 hoje, possuem computadores com acesso @ internet em casa. Em outras palavras, utilizar 0 computador através do aparelho de TV significa que: 1. a demooratizagéo da informagéo e do ensino poderao ser partilhados por diferentes geragdes em uma mesma familia ou por amigos a partir da sala de estar; 2. por ser um equipamento maior, a TV vai permitir a interagéio nao apenas do aluno-professor € grupo de colegas, mas também vai permitir que a familia compartilhe desse conhecimento, J que a televisio € um aparelho que tradicionalmente, permite a socializagao das pessoas; 3. a possibilidade de usar uma tela maior, & que as familias jé estao acostumadas, pode melhorar o didlogo e a interagao dentro do ambiente familiar, ja que em uma tela de computador, a apropriagao do conhecimento ocorre de forma individualizada e nao coletiva; 4. oconsumidor, ao usar a TV digital no padrao standard ou de alta defini¢ao tera ‘acesso ao ensino detalhado de disciplinas que exijam detalhamentos como 0 uso de profundidade ou 0 uso de terceira dimensao; 5. _serd possivel discutir sobre o tema ensinado através do uso de salas de bate-papo (chats) nas TVs analdgicas existentes em casa de forma solitéria ou junto com ‘outros membros da familia que poderao se tomar “cdmplices” do aprendizado; 6. as teleconferéncias e videoconferéncias poderdo ser realizadas, sendo assistidas e debatidas por qualquer pessoa da mesma familia interessada na aprendizagem ou em um tema especifico em debate, Isto é, 0 aprendizado passa a ser coletivo e incentivado por todos; 7. permitiré troca de e-mails ou contato via messenger, pois a TV analégica convertida em digital seré um computador doméstico ampliado que pos- siblitaré interatividade local ou total® 8. incentivaré a produgdo coletiva de saberes e, até, 0 intercémbio de conhe- cimento entre diferentes grupos em tempo real (ou no); 9. 0 .uso de contetidos lidicos e de entretenimento estard disponivel aos alunos. Desde casa, eles poderdo estar em contato com os autores de um programa ou com os professores do curso de EAD, dando nova dimensao ao que se chama producao colaborativa e coletiva; 5 A intratiidag losal permite receber nfrmagBes, fezer downloads de matéia, ves, dado, imagens @ sons, mas ndo perme responder Antratiisade total prevé uma esbade retomo pata que as pessoas em cssapossam responder einteragrem“ompo real, 10. poderdo ser realizadas pesquisas para conhecer, em tempo real, a satisfagao dos alunos sobre os temas abordados, sobre a metodologia empregada, sobre 05 niveis de interagao aluno-professor, sobre os niveis de aprendizado e dificul- dades de compreensao, assim como sobre o nivel de conhecimento de temas do dia-a-dia politico-econémico e social do Pais; 14. a gama de possibilidades é to ampla que, futuramente, podera ineluir, inclu- sive, programas de realidade virtual. Eles poderdo ser utilizados em aulas de Geografia e Histéria, por exemplo; 12. a proposta da biblioteca virtual Wikipedia, existente na intemet, poderé alas- trarse para a TV digital, incentivando a. produgao coletiva de saberes; 13, poderd incentivar aos alunos a desenvolver projetos audiovisuais voltados a TV digital através do uso de cameras embutidas nos celulares ou de filmadoras digitais. Esses contetidos poderdo ser analisados e divulgados pelos progra- mas de teledueacao; 14. 0s alunos poderdo, através da TV que tém em casa, buscar outros temas de interesse, como arquivos de imagem, texto ou dados relacionados & matéria estudada, passando essas informagdes para outros membros da familia e para 0s colegas do grupo de teleducagao digital ‘As pessoas também terdo a possibilidade de usar o enhanced TV, que difere dos canais virtuais.* enhanced TV esta mais relacionado com a programagao existen- te (que pode ser perfeitamente aproveitada), agregando-se elementos informacio- nais de dudio, imagens ¢/ou dados que permitam, também, niveis de interatividade, ou seja, uma intervencao do telespectador no contetido exibido desde que ele possua canal de retorno. A interatividade total que existe a partir de um canal de retorno permite varias, fungdes na TVD. Se vocé esté assistindo a um documentétio, poderd saber mais informagdes sobre o tema tratado, como outros programas ou livros relacionados; poderé buscar paginas relacionadas ao tema na internet; poderd responder a perguntas ou mandar uma pergunta para o expert da emissora ou para o professor do curso de EAD. E possivel, ainda, enviar mensagem para algum outro usuario que esteja assistindo ao programa ou ao médulo de EAD, através do manejo do controle remoto, Um manejo semelhante ao ja utlizado pelas pessoas, mas com botdes 5 Os canals vitals esto msi dtetament etscionados a servos oferecids as pessoas, como ebanco, cans do tempo, guia eletnico de programagio, teecompras, votagdoelerbnica, telesace ov servigo de pergutas & respostas B g - g = 2 3 coloridos que ~ indicados na tela ~ designam a que se referem quando o usuario aperta um ou outro comando. ATV digital é um sistema complexo que possibilita a interagao através do uso de muttimidias, cujo processo lidico-educativo permite infinitas formas de uso que vaio exigir um aprendizado constante, pois, no mundo digital, todos somos alunos, isto é, fazemos parte da sociedade do conhecimento que vem transformando a economia mundial, os habitos, costumes, saberes, paradigmas, assim como o status da edu- cago. Ao privilegiar a inclusdo digital, a EAD poderd oferecer informagées qualift- cadas € novas habilidades a um ntimero cada vez maior de pessoas, tenham elas ou no proximidade com as tecnologias. Modificagées na TV A partir da TV digital, a prépria nogéo de televiséo necessita ser redimensionada, ja que as transformagdes que esto por chegar ultrapassam as mudangas que ocor reram desde 0 comego da TV, no fim dos anos 30 do século XX. Para além do uso do videoteipe, da chegada da televiséo em cores, da inclusdo do videocassete, do DVD da TV pela internet, a televisdo passa ater vida digital; passa a receber imagens, audio e dados; passa a ter mais robustez, ou seja, acabam os terriveis chuviscos e fantas- mas que perturbavam a recepgao e a permitir a muttiprogramagao, ampliando a dis- ponibilidade de canais e de programas existentes na TV aberta. A propria nocao de programagao sofrera modificagdes com a chegada da TVD, jé que seré substituida pela idéia de médulos digitais, que oferecerdo mais de uma informagao visual, mais de uma linguagem sonora, mais de um dado disponivel na tela de maneira super posta, podendo, ainda, aproveitar antigos arquivos lineares (ndo digitalizados).. Mas a mudanga é complexa e vai além de questées tecnolégicas: ela inclui trans- formacées comportamentais e de cultura. Trata-se da passagem de um mundo ana- légico JA conhecido, para um mundo digital, que inclui a formagao de um novo sujeito, 0 sujeito digital. 0 piiblico potencial da EAD através da TV digitalizada pode ser um jovem acostu- mado & cultura audiovisual ¢ ao uso das TICs, mas também pode ser uma pessoa de mais idade, que cresceu em uma cultura impressa e/ou que nao tem acesso as novas TICs. Um piiblico com essas caracteristicas, em geral, possui poucos anos de escolaridade, tem problemas para compreender os manuais e textos (um problema que acontece com mais de 20% da populagao devido ao chamado analfabetismo

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