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mx tse) Tol c/:) : os ENGENHARIA TAT SS aT N.Cham. 550 C539g 2.ed- Autor: Chiossi, Nivaldo José Titulo: Geologia aplicada 4 engenharia . 47171 169079 CEFET-PR BIBCE N° Pat.:1221111779. UNIVERSIDADE DE SAO PAULO escola politécnica GEOLOGIA APLICADA a ENGENHARIA prof, NIVALDO JOSE CHIOSSI % Grémio Politécnico INTRODUCAO E A POSICAO DA GEOLOGIA APLICADA 1.1, INTRODUGAO Durante a realizagdo do LL Congresso de Geologia de Engenharia, em agosto de 1974, em Sdo Paulo, um des temas discutidos foi o do ensino dessa espec: lidade. Ficou demonstrado, na ocasido, a necessidade de ser desenvolvida uma linguagem comum entre o Geélogo ¢ o Engenheiro. Dentro desse espirito publiquei em 1971 uma apostila na qual se baseia o presente livro, A sua filosofia era a de apresentar em uma linguagem simples ¢ objetiva, ao estudante de engenharia e ao engenheiro, as numerosas aplicagdes da Geologia em projetos de Engenharia Civil Na ocasido, surgiram pedidos da obra de praticamente todas as: Escolas de Engenharia do Brasil, Esse fato me leva a agradecer, profunda e sinceramente, a todos os profes- sores, profissronais e estudantes que prestigiaram a obra. Foram publicadas trés edi¢des da referida apostila. Esse fato levou-me a proceder a uma revisio do texto inicial, para publicdlo agora na forma de um livro-texto. Foi mantido o mesmo espirito de dar 4 obra uma orientagéo onde a quase totalidade dos exemplos sejam nacionais, tanto os fendmenos geolégicos, como as obras de engenharia. Assim, foram ampliados ¢ atualizados varios capftulos, bem como o niimero dé ilustragdes fotograficas existentes na ultima edicao em forma de apostila. GLOLOGIA APLICADA 4 ENGUNITARLA E met: desejo, pois, que ests nova edigdo verihd contribuir para o desen volvimenty ¢ afirmagio do ensing di Gevteenia ¢ da Geologin de Engenharia, dentro de uma linha que atenda fundamentalmente as necessidades nacionais. ‘Alguns caprtulos pocerdo parecer voy gedlogos come extremamente simpli- fieados, porém o objetivo foi o de se tentar um mew de comunicacde simples ¢ Pritico, entre gedlogos ¢ eagenheiros. j Bessa maneira, foram abandonadoy ceétox capitulos até entio tradicional: mente desenvolvidos nos Cursos de Geologia de muitas Escolas de Engenharia, come Mingralogia: Fenomenos dé dinimica interna da Terra, cemo vuleanismo, lerromotos ¢ epirogénese, Fendmenos de dingmica extema come, por exemplo, estdo da atividade do gelo; e em certos casos extremos onde chegavam a ser ministradas até Nogdes sobre Pateontologia. © presente texte, foi ainda desenvolvide dente de um esquema no qual a Geologia Aplicada esta curricularmente ligads i Mecanica dos Solos. Dessa maneira, alguns aspectos que podem uparecer com tendéncias essencialmente descritivas deverdio ser mais profundamente analisados no Curso ou nos livros-textos de Mecdnica dos Solos. Fundagées e Obras de Terra, Acreditamos também que certos capitulos comu, por oxemplo, Mecanica wis Rochas, devam ser somente desenvolvidos em Cursos de PésGradua¢do ou vom a inclusdy de mais um semestre no Curso de Geologia Aplicada, 1.2. POSIGAO DA GEOLOGIA APLICADA No Brasil, sé recentemente, ou seja, na ditima déeada, & que a Geologia Aplicada sofreu um grande impulso de desenvolvimento 2 afirmugao, A Geologia € definida como a ciéneia que wats du origem, evolugio ¢ estia- tura da Terra, através do estude das roctias. ‘Comproende um vaste campo, que pode ser dividido em duis grupos gerais que corstituem; a Geologis Tedrica ou Natural e a Geologia Aplicada. e um grande ntimero de subdivisées, como exposto a seguir: Mineralogia Petrogcafia Geologia Fisica 4 Sedimentologia co Estrutural 7 Geomortologia Natural Paleontologia Gealogia Geenlogia.tinedricn eee " Mineragio 01 OEE | Batebtes Aplicada Problemas de Engenharia Civil: 1i- Engenharia 7 nels. barragons. estradas, agua sub- terranea, fundagoes, ete. INTRODUGAO FA POSIGAD DA GEOLOGIA APLICADA 3 A sepuir, definiemos sueimtamente ead ume das divisGes © subdivisdes da Geolugia anteriormente assinalados: |. Geologie natural on redricu: & subdividida em 2 partes: a Fisica ¢ a historica, Lt. Parte fisiew. do estudo dos tipos de materidis © seu modo de ocorréncia, bem como de estuto de certas estruturas. Engloba as seguir (es espectalidades: a) Mincratogue’ trata das propriedades:cristalogrdficas (formas ¢ estruturas). Hisicus © quimicas dos minertis, bem como da sua classificagao. b) Petrograjta procura descrever Os caraeteres intrinsecos da rocha, anali- sando sua origem, Assim, descreve as rochas sob 0 ponto de vista de sua composigio quimica, dos minerais que as compder, do arranjo dos varios granules minerais, do seu estado de alteragio, ete. ¢) Sedimentologin — €\) estudo dos sedimentos. Diz respeito 4 origem, trans- porte. deposi¢do, hem como ao modo de vcorréncia, na natureza, de sedi- mentos consolidadtos e incorsalidades. W) Exeriwral ~—-& 0 ramo da Geologia que se interessa pela investigagdo dos elementos estruturais presentes nas rochas ¢ cuusados por esforgos. Esses elementos sio. orientagdo dos minerais, fraturas, falhas, dobras, ete. ©) Geomorjologia — definida como sendo a ciéncig que estuda a manejra como as formas da superficie da Terra sao criadas ¢ destruidas, 12. Parte histérica: dia respeito ao estudo da evolugio dos acontecimentos e fendmenos ocarridos no pasado. Esta baseada em duas especialidades:, 4) Paleontologia — estuda os seres que viveram em épocas anteriores:4 Epoca Atual, ¢ que sdo conhecidos através de seus restos ou vestigios encantrados nas rochas. b) Bxwurigrafia trata do cstude da sequisnein das camadas, Investiga as con- digdes de sta formagio ¢ a cortelagio entre oy diferentes estratos on cariadis, Gvologia aplicada: estd ligada ao estudo da ocorrencia, exploragao de minerais © rochas sob o ponto de vista econdmico, bem como 4 aplicagae dos conhe- cimentos geolégicns avs projetes ¢ ds constmugdes de obras de Engenharia, A Geologia Aplicada envolve, pois, dois campos de aplicayda: 2a. A Eeonomia; tata do estudo dos materiais do reine mineral que © homem extril da Terra, para a sua sobrevivéncia & evolugao. Inclui tanto substancias organicas (carvau, petroleo) como inorganicas (Fe, Al, Mn, Pb, Cu, Zn, Au, ete.) 2b A Engenharia: entende-se por Geologia Aplicada & Engenharia, ou Geologin de Engeniuria, 0 emprego dos conhecimentos geologicos para a solugio de vertos problemas de Engenharia Civil, principalmente nos seiores de construgdo de ferrovias © radoviss, implantagdo de barragens, aberturas de inet € canals, obtengie de dguu sulbtertinea, projetds de fundagdes. etc i A CROSTA DA TERRA 2.1. DEFINICAO ‘A estrutura interna da Terra pode ser representada por trés camadas distintas: @ primeira, conhiecida como Litosfera ou Crosta € com espesstira atingindo até 120 km; a segunda, conhecida como Manto ¢ com espessura a0 redor de 2900 km ¢ finalmente a iiltima camada, conhecida como Nticleo ¢ com espessura de cerca de 3300 km ¢ teoricumente constituida principalnente de Niquel e Ferro, =—-CROSTA | 8 3 . 29% en es eo v 6 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA Damos 0 nome de Crosta ou Lifosfera 4 parte mais externa da ‘Terra, parcial ‘ou totalmente consolidada. A crosta é constitufda fundamentalmente de duas partes distintas: 6 Sial, que é a parte mais externa, composto principalmente de silfcio € aluminio, representado por rochas de constituigdo granttica, ¢ pelo Sima, que & a camada subjacente ao Sia! ¢ cuja composigio basica € siltcio ¢ rhagnésio, Tepre- sentada por rochas do tipo basdltico. A espessura do Sial é varitivel, podendo atingir 50 km nas areas continentais, e praticamente zero sob os mares ¢ oceanos 2.2, CONSTITUIGAO A parte mais superficial da Crosta esté representada por rochas, que sdo agregados naturais de um ou mais minerais, (Mineral é definido como toda a substéneia inorganic’ natural de composic&o quimica e estruturas definidas.) As rochas sio divididas em trés tipos principais, de acordo com sua génese: magmiticas (ou igneas), sedimentares © metamérficas, CONTINENTE vv IM NE POU VV iv ttt vVVVV VV VV? INV 33 VVVVVV YY WW VVVVVVVY simaVVVVY VV Vy IV IVY YY YA VV YY INVA AVIV VA UNM YY VVV VVVV VY VV VV VV INV VV VY A composigdo da crosta da Terra é sproximadamente a mesma das ro- chas magmiticas, pois a quantidade de rochas sedimentares presentes na Crosta @ insignificante, quando comparada com a daquelas. Em volume, ou soja, em profundidade, predominam na Crosta as rochas magmiticas, com uma porcentagem de 95% do seu volume total, sendo o restante coberto pelas rochas sedimentares. Em area ocorre o inverso, isto é, as rochas sedimen- fares sio mais abundantes do que as magmiticas, numa proporgao de 75% pata 28% AKU IA Hit 4s ttre 7 Clarke © Washington, utilizando os resultados de 5159 andlises quimicas de rochas, com eliminago dos éxidos menos importantes, estabeleceram a seguinte composi¢ao média para a Crosta, nas dreas continentais: ++ SOAR: | GO ewes. BAIN . 15.61% ee . 391% HMR! || FE weld aie Saisslais arsine 3.19% 388% TIO, . E 106% ie SBOE PPO Sa ee 5 wa cea 0,30% A composigao encontrada corresponde a um valor intermedidrio entre as composigoes quimicas de um granito e um basalto, que sdo justamente as rochas mais comuns entre as magmaticas. A tabela a seguir € extremamente interessante, pois mostra que 99% da Crosta so constituidos de apenas oito elementos quimicos: O, Si, Al, Fe, Ca, Na, K, Mg, sendo o oxigénio absolutamente dominante. { Elementos quimicos mais comuns na Crasta da Terra =| ‘Vé-se ainda que mais de 90% do volume total ocupado pelos citados ele- mentos so destinados ao oxigénio. Os outros elementos quimicos conhecidos, por exemplo, como o cobre, Zircénio, chumbo, mereurio, terras raras, brio, estanho, ferro, manganés, niquel, zinco, so encontrados na Crosta, ora disseminados em minerais como impurezas, ora constituindo dxidos, sulfetos, silicatos, etc. E curioso que estes mesmos ele. mentos, geralmente disseminados nas rochas, sem qualquer interesse econdmico, podem também ocorrer em concentragées, por vezes volumosas e econémicas, constituindo os depésitos ou jazidas de minérios, Assim, si. conhecidas, por exemplo, jazidas de minérios de cobre no Rio Grande do Sul e Bahia, jazidas de minérios de zireénio © urénio na regifo de Pogos de Caldas, Minas Gerais; chumbo nos Estados do Parand, Sao Paulo, Minais Gerais ¢ Bahia; estanhonos Estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais ¢ Territ6rio do Amapd; niquel em 8 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA Minas Gerais ¢ Golds; zinco em Minas Gerais, ferro em Minas Gerais, Mato Grosso, ¢ Para aluminio em Minas Gerais e Para, ete. A Crosta da Terra compée-se quasé que inteiramente de compostos oxige- nados, especialmente silicatos de aluminio, edlcio, magnésio, sodio, potassio e ferro. Us minerais so os elementos constituintes das rochas, logo, conhecimento dos minerais implica conhecimento das rochas. 3.1. CONCEITO DE MINERAL Entende-se por matéria mineral aquela formada por processos inorganicos da natureza e€ que possui composiggo quimica definida. A denominagao tem carter mais amplo, havendo autores que consideram o petrdleo e o ambar como minerais, apesar de serem substancias orginicas, e 0 petrdleo no ser uma substancia de composig¢a0 quimica denmiaa. Mineral nao significa somente matéria cristalina (s6lida), pois dgua ¢ merctirio em temperatura ambiente sdo minerais. Mineralogia é a ciéncia que estuda as propriedades, composi¢o, maneira de ocorréncia ¢ génese dos minerais. 3.2, PROPRIEDADES DOS MINERAIS As propriedades que mais interessam no estudo de um mineral séo as seguintes: dureza, trago, clivagem, fratura, tenacidade, flexibi- Propriedades fisicas lidade, peso especifico propriedades dpticas: brilho, cor, microscopia -—er 10 GEQLOGIA APLICADA A ENGENHARIA . hibit (serao dadas nogGes resumidas). Simetria, asso- Popriedaden pr folate { ciagdo de minerais e goniometria, nfo sero estudadas. ensaios por via seca Propriedades quimicas {: -par-via elds (no serio estudadas) 3.2.1, PROPRIEDADES FISICAS ‘ Ll. Dureza E @ resistencia ao risco. A dureza relativa é dada pela escala empirica de Os minerals |e 2 stu oi ‘veis pela unha, os 3, 4 & 5 0 sdo pelo canivete e pelo vidro, ¢ os , 7, 8, 9 ¢ 10 nfo sio riscdveis pelo canivete e riscam 0 vidro. Em aulas priticve plese texy as seguintes durezss: unha (2,5), moeda (3), canivete (5), video (5.5), lim (6,5) e poreelana (6S — 7). Qs minemis (le meior dureza riscam os de menor. Assim, por exemplo, # fluorita, de durexa 4. rise2 todos os de dureza inferior e € riscada pelos subse- qlentes dacscala, on sefu. por todos os outros minerais de dureza superiora 4. Nao existe propergdo ie giiu de dureaa na escala de Mohs; por exemplo, 0 topizio nio é cite vezes mais duro do que o tlco, nem a dureza da fluorita é 0 dobro da gipsita, Isso 36 € conseguido com métodos mais precisos, onde uma ponta de ago ou diamante com peso cosine desliza sobre os minerais a serem estudados. A profundidade do sulco ¢ medida, e entdo € possivel obter-se uma escala de proporcionatidade. MINERAIS u A dureza de um mineral depende de: a) Sua composigao quimica 1. compostos de metais pesados como: praia, cobre, ouro, chumbo, sao moles: 2, sulfetos e dxidos de: ferro, niquel, cobalto, sio duros; 3. sulfetos em geral, so moles; A. Oxidos ¢ silicatos, especialmente os que contém aluminio, sio duros: b) Sua estrutura cristatina Exemplo: diamante ¢ grafita sio formados por carbono. Devido a sua estrutura, o diamante tem dureza 10, ¢ a grafita | a 2. 1.2. Trago E a propriedade de o mineral deixar um risco de pé, quando friccionade contra uma superficie ndo polida de porcelana branca. Para que isso aconteca, € necessdrio que o mineral tenha dureza inferior a porcelana. Os de maior dureza causam um sulco na porcelana, e dizemos que 1ém trago incolor. © trago nem sempre apresenta a mesma cor que o mineral, Por exemplo, ahematita Fe,O, ¢ um mineral preto ¢ cinzento, e produz trago vermetho-sangue; 4 pirita FeS, & de cor amarelo-latdo e fornece trago preto-esverdeado ou preto- castanho, 13. Clivagem E a propriedade de os minerais se partirem em determinados planos, ou Ja apresentar esses planos, de acordo com suas diregGes de fraqueza. A clivagem pode ser chamada: a) proeminente — quando 0 mineral apresenta um plano muito evidente e quase perfeito, como acontece com a mica que se clivaem folhas paralelas, ou a calcita que se parte em forma de romboedro (em planos bem lisos). b) perfeira — quando o plano apresenta certo cariter de aspereza, como acontece com os feldspatos. ©) distinta — quando os planos de clivagem apresentam um pequeno grau de escalonamento, como por exemple, a fluorita. 4) indistinta — exemplo: apatita, 14. Fraturas Quando os minerais no se-partem em planos, mas segundo uma superficie inegular, As mais comuns séo: a) conchoidal — em concavidades mais ou menos profundas. Exemplo: quarizo, ‘b) igual ow plana — quando a superficie, embora apresentando pequenas elevagdes ¢ depresses, aproxima-s¢ de um plano. ©) desigual ou irregular — com superficie irregular. 12 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA 1S. Teracidace E a resistencia a0 choque de um martelo, ou ao corte de uma lamina de ago, ede acordo com eles, os minerais sto chamados de: a) quebradigos ou fridveis ~ reduzem-se a pd, quando submetides a pressdo. Exemplo: calcita, b) séctets — podem ser cortades por uma limina: Exemplo: gipsita. c) maledveis — redutiveis a laminas pelo martelo, Exemplo: ouro. 1.6. Flexibilidade E uma deformagao que pode ser: a) eléstica — se cessat, quando o esforgo for retirado. Exemplo: mica. b) plistica — se permanecer, apés a retirada do esforgo. Exemplo: tal¢o. 1.7, Peso especifico E o niimero que expressa a relagdo entre © peso do mineral e 0 peso de igual volume de dgua destilada a 4°C. Se um mineral possui peso especifico 3, significa que um certa volume dose mineral pesa 3 vezes o que pesaria o mesmo volume de agua. © peso especifico depende de dois fatores: a) @ natureza dos dtomos — Os elementos de peso atamico mais elevado formam minerais de maior peso especifico. Exemplo: (CaCO) caleita 2,9; (BaCOy) barita 4,3; (PbCO,) cerusita 6,5. b) estrutura atémica - © diamante ¢ a grafita, ambos formados pelo elemento carbono, possuem estrutura diferente. O diamante tem estrutura mais com- pacta, com uma elevada densidade de dtomos por unidade de volume. Seu peso especilico é 3,5. A grafita tem menor densidade de atomos por unidade de volume, seu peso especifico € 2,2. Os métodos comuns para determinago do peso especifico so: Balanga hidrostdtica: Fesa-se o mineral no ar. Seja P seu peso. Pesase o ‘mineral imerso na agua. Seja P’ esse peso. P’ sera menor que P, porque qualquer corpo submerso na agua sofre um empuxo, cujo valor é igual ao peso do volume de agua deslocada. P- P’ é 0 peso da dgua deslocada. Portanto, a formula do peso especifico é igual a: Picnémetro: © picndmetro é usado quando o mineral é apenas um fragmento ou mesmo pé, O aparelhko consta de um pequeno frasco de vidro com tampa esmerilhada que termina por um capilar. eS MINERAIS 3 Procedimento: Pesa-se o frasco vazio tampado = A. Introduz-se o mineral no frasco ¢ pesa-se = M, Introduz-se dgua destilada no frasco, onde j4 existe o mineral, com © cuidado do nivel d’agua permanecer até a parte superior do capilar, ¢ que no haja bolhas de ar e pesa-se = 5. A iiltima pesada ¢ do picndmetro cheio de agua destilada, observando-se os mesmos cuidados = P. O peso especifico serd: 1.8. Propriedades dpricas 1.8.1, Brilko £ 0 aspecto da réflexdo da luz na superficie do mineral. O brilho dos minerais pode ser de dois tipos: metdlico ¢ nao metalico. Minerais Metdlicos sao de aspecto brilhante, semelhante ao brilbo dos me- tais polidos. Esses minerais geralmenie sido escures ¢ opacos, Exemplo: galena, pirita, calcopirita. Os minerais de britho néo metilicos sio geralmente claros, ¢ quando em laminas delgadas sio transparentes. Ainda ha outros tipos de brilho: Britho vitreo, produz reflexdes como o vidro. Ex.: 0 quartzo. Brith resinoso: possui aspecto de resina. Ex.: blenda. Brilho graxo: 6 mineral parece estar coberto por uma camada de éleo. Ex.: gipsita, malaquita, serpentina. Britho adamantino: possui reflexos fortes ¢ brilhantes, como o diamante, Ex.: cerusita, anglesita. Brilho perliceo: mostra aspecto de pérolas. Britho sedoso: possur aspecto de seda, Resulin de agreuados paraiclos de fibras finas, Ex.: gipsita. 1.8.2. Cor A cor num mineral deve ser sempre observada em superficie ou fratu- ma recente, pois a superficie exposta ao ar se transforma, formando peliculas de alteragio. Em muitos minerais a cor ¢ uma propriedade util para © reco- nhecimento. Os de brilho metdlico geralmente apresentam cor constante e bem dofinida. As alteragdes superficiais por decomposigéo alteram a cor. Assim, por exemplo, os minerais ferruginosos podem apresentar uma pelicula amarela de oxidagio. ‘As substituigées moleculares também mudam a cor. A blenda (ZnS) pode ter o Zn progressivamente substituido por Fe, passando a cor de cinza, para preta. AS micas podem ser incolores, braneas, pretas, esverdeadas. O quartzo pode ser incolor, violeta, branco, enfumagado, amarelo. O berilo pode ser incolor, verde, azul, amarelo, réseo, branco, Os feldspatos so cinzas, réseos, brancos. 14 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA 1.8.3, Microscopia Microscopia e outras propriedades 6pticas como indice de refragio, pleo- cn smo, figuras de interferéncia, luminescéncia, ultrapassam 0 limite de nosso estudo macroseépico, apesar de serem os métodos mais répidos ¢ eficientes para identificacao de um mineral. Nao sero, abordadas nesta obra, 3.2.2. PROPRIEDADES MORFOLOGICAS . Sendo grande maioria dos minerais (cerca de 90%) constituidos de subs- tancias cristalizadas, 0 estudo das propriedades morfoldgicas assume um papel extremamente importante em Mineralogia, constituindo tal estudo o capitulo da Cristalografia. Os minerais amorfos, que constituem a minoria, no podem ser objeto do estudo morfolégico, uma vez que apresentam formas isregulares e indefinidas, a0 contrério dos cristais, cuja forma pode ser descrita, estudada e interpretada. As substancias cristalizadas (naturais e artificiais) podem ocorrer com forma externa geométrica definida, constituindo os cristais, na acepgao exata da palavra, Possuem disposigao regular em fileiras dos dtomos, moléculas ou ions, ¢ com forma externa poliédrica, Ll. Habito, E a maneira mais freqilente como um cristal ou mineral se’ apresenta. Todos os minerais estiio enquadrados em sete sistemas cristalinos. Nao estudaremos os sistemas cristalinos, mas devemos saber os habitos dos minerais mais comuns, como por exemplo: Topdzio: prismas rombicos, alongados; Sillimanita: fibroso; Granadas: grawular; Quartzo: prismdtico, terminado por faces de romboedro; Turmalina: prismatico trigonal estriado; Feldspatos: prismas monoclinices ou triclinicos; Pirita: cibico; Fluorita: ciibica, eotaédrico; Magnetita: octaédrico; Caleita ¢ Dolomita: romboédricos; Blenda; tetraédrico; Micas: placas tabulares; Galena: cibico ou octaédrico; Gipsita: prismatico fibroso. 3.2.3. PROPRIEDADES QUIMICAS Como fei dito, as propriedades quimicas dos minerais nao serao estudadas. Lembramos porém que, de acordo com a sua composi¢ao quimica, os minerais po- dem ser clasificados em 6xidos, silicatos, sulfatos, carbonatos, sulfetos, etc. MINERAIS: 1s 3.3, DESCRIGAO DOS MINERAIS MAIS COMUNS DE ROCHAS 3.3.1. PROPRIEDADES FISICAS GERAIS DOS MINERAIS DE ROCHAS |. Forma e hibito — Os minerais de rochas geralmente no se apresentam como eristais, isto é, ndo possuem forma geométrica. A esse tespeito devemas consi- deré-los nos trés tipos de rochas: ‘ AS magmadticas sio as que tém maior Probabilidade de formar cristais com forma propria, pois seu ambiente de formagdo é fluido, isto é, € o magma. Os primeiros minerais formados podem impor sua forma ao meio, mas 4 medida que aumenta 0 namero de cristais, o espaco. diminui, e os dltimos minerais formados 1ém que se adaptar ao espaco restante, ficando com contornes irregu- fares. Quando um cristal apresenta forma Propria, sera um cristal idiomorfo. As metamérficas nfo apresentam cristais bem formados, porque se origimam de transformagées verificadas no estado sdlido. Quando existirem cristais é porque sua forga de cristalizagio é muito grande, que chega a (lelormar outros minerals para impor sua propria forma. As sedimentares, formadas por erosio, transporte &. deposigao de sedimentos. apresentam seus minerais desgustados. Solugées saturadas podem, porém, se Precipitar em fendas, cavidades ou aberiuris existentes nas rochas, dando origem a cristais bem formados. 2. Cor — Os minerais, quando puros, possuem uma cor inerente, que pode variar de acordo com as impurezas, de maneira que um mesmo tipo de rocha pode apresentar cores diversas, conforme as cores de seus minerais. O granito de Sie Roque, em Séo Paulo — é cinza, eo de Itu,em Sao Paulo ¢ rosa, devido 4 coloragdo cinza ¢ rosa de seus feldspatos. Os mdrmores sdo de cores ‘mais diversas, de acordo com as impurezas do carbonato de calcio, 3, Cor do trago — Nio € critério para determinagdo dos minerais de umu rocha, porque o pé deixado na porcelana poderd ses de virios minerais, especialmente se a granulag3o for milimétrica. 4. Clivagem — Pode ser evidente nos minerais de rochas de granulagao grossa, especialmente em superficies recentemente quebradas. Os minerats cam pena <6 boa clivagem tendem a formar placas, como as micas, taleo, eloriia. Dues boas clivagens aparecem nos anfibdlios e piroxenics, Tres diregses de clivagens padem formar cubo como ny galena ou romboedro, como na calcita, Ge modo que fa rocha o mineral fraturady pode apresentar @ voniorn de um auadrado ou de um losango. 5. Fratura — Para determinagao de minerais de ume nocha, consideraremos ‘apenas: um tipo de fratura: 2 conedide de quartzo, 6. Reagdes quimicas — Deve-se fazer uso do HC] em solugde Ist. pata se oliter efervescéncia em carbonatos: (caleérios ¢ dolomitos). © mesmo efeito p: ser obtido com algumas gotas de limio, no material pulverizado. 16 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA 7. Peso especifico — Nao é usual determinar o peso-especilico para classificagdo dos minerais de uma rocha, 3.3.2. OS MINERAIS MAIS COMUNS DAS ROCHAS ‘Na tabela estdo relacionados dezenove minerais, que sao os mais comuns nas rochas, Em seguida, cada um ¢ descrito resumidamente. 1, Quartzo 6. Zircio 11. Topazio 16. Amianto 2. Feldspatos 7. Magnetita 12. Calcita 17. Taleo: 3. Micas 8, Hematite 13. Dolomita 18, Zedlitas 4. Anfibdlios 9. Pirita 14. Caolim 19. Fluorita 5. Piroxénios 10. Turmelina 15. Clorita 1. Quartzo — SiO, E silica cristalizada macros- copicamente, A opala é silica amorfa, ¢ a dgata, silex, Onix, jaspe sfo variedades de calce- donia, ow seja, silica microcris- talina. Forma — Nas rochas, 0 quartzo ndo tem forma definids. Quando formado em cavidades, presenta forma de prisma hexagonal terminado por faces de romboedros, dando a impressdo de bipiramide hexagonal. Clivagem — Ausente. Fratura — Concéide, Cor — Nas rochas o quartzo se apresenta desde incolor até cinza-escuro. Geralmente ¢ branco. Brilha — Vitreo. Trago — Incolor. Dureza — 7. Peso especifico — 2,65. : Ocorréncia — Nas igneas: em granitos ¢ pegmatitos, nas metamérficas: em quartzitos, micaxisto, gnaisses; nas sedimentares: em arenitos, siltitos, conglome- rados. A presenca de quartzo deve ser suspeitada em quase todo tipo de rocha. Caracteres distintivos. — Falta de clivagem, brilho e cor distinguem-no dos feldspatos, que usualmente se associam a ele. MINERAIS Ww Emprego — Como adorno em joalheria; arcia para construgdo; em fundigao; como abrasivo; em porcelanas; em lentes de aparelhos Opticos cientificos; em osciladores de ridio, em filtros para barragens, em concreto, 2. Feldspatos © grupo dos feluspatos j € formado por: ‘ KAISi;0, — Ortoclisio NaAlSi;O, - Albita CaAl, Sig Oy — Anortita Entre ortoclasio e albita, hd termos intermediarios em composi¢do que podem ser a- brangidos pela expressdo (K, Na) AISisOg © sio denomi- nados feldspatos alealinos ou ortocidsios. Entre albita ¢ anortita ocorre o mesmo fenémeno ¢ siv denominados feldspatos dleali-cdlcicos ou simplesmente plagio- clasios, Forma — Nas rochas os feldspatos sio informes, mas podem apresentar contormos retangulares ou hexagonais. Clivagem — Eles aparecem nas rochas quase sempre apresentando reflexdes dos planos de clivagem, quando expostos 4 luz, pois os feldspatos tem boa cli- vagem em duas diregdes, O grio de feldspato pode aparecer dividido por uma linha distints. Fratura —Unegular em tragmentos quebradigos. Cor — Os ortoclasios geralmente so: creme, tijolo, réseo e vermelho, devido as impurezas de hematita. Os plagioclisios geralmente sao: cinza, branco, pardo, esverdeado ¢ até preto, Observagées: 1) rochas com muito ortoclasio tendem a aprésentar cores avermelhadas, rochas nas quais predominam plagiocldsios tendem a ser cinzas. 2) sé uma mesma rocha contém dois feldspatos, um dos quais é¢ avermelliado, enquanto o outro nfo, 6 quase certo que o feldspato vermetho 6 orto- elisio ¢ 0 outro plagioclasio. A APLICADA A UNGENHARLA Brilho — Vitreo em fratura recente. Traco — Branco nio caracteristico, Peso especifica — Ortoclisio 2,54; albita 2,62; anortita 2,76, Ocorréncia — Os feldspatos ocarrem em quase todos os tipos de rochas igneas mtrusivay ou extrusivas e nas metamérficas. Mais raros nas sedimentares, porque se decompiem em argila ¢ caolim. Emprego — Moidos, em granulagao finissima sdo fundides misturados com caolim, quartzo ¢ argila, na produgao de porcelana, 3. Micas Mica branca — H,KAI3(SiO,)3 — muscovite Mica preta ~ (H, K),(Mg, Fe)(Al, Fe)s(SiO.); ~ biorita Mica verde — Serieita Mica toxa — lepidolita Forma — Quando bem cristalizadas, mostram-se em placas hexagonais. Clwagem — Perteita em ma diregao. Cor - Muscovita é incolor, branca, cinza, parda ou esverdeada. Em laminas finas é sempre ineolor. A biotita € preta ou pardacenta. Em laminas finas é translo- cida, parda ou verde-escura. Britha — Acetinado. Alteragéo — Biotita e¢ variedades de mica preta alteram-se facilmente por hidratagio, tornando-se moles e descoradas ¢ perdendo a elasticidade. A musco- vita nao se altera facilmente. Ocorréncia — Em granitos, pegmatitos, gnaisses, mica-xistos, filitos. Emprego — A muscovita é largamente empregada como isolante elétrico e também na fabricagdo de vidros refratdtios e refratirios em geral. 4, Anfibélios Formam um gmupo de silicatos que sao sais de dcido metasilicico (H2 SiO). Exemplo: Antofilita = (Mg, Fe)SiO,; Tremolita = CaMgy(SiO3),. Forma ~ Pertencem ao sistema monoclinico (prisma obliquo de base Tosangular). Apresentam-se, comumente, sob a forma de lminas longas com termi- niagdes inregulares, por vezes tao finas que mal se peroebe na rocha as agulhas bilhan- tes. Clivagem — Duas boas diregdes de clivagem. Cor — Depende da quantidade de ferro. Branco ou cinza na tremolita. Verde-vivo na actinolita, Verde-escuro.a preto na hornblenda. Brilha — Vitreo. Sedoso no amianto. Alteragdo — Sob agio de diversos agentes podem produzir taleo, clorita, limonita, carbonato. Ocorréncia — Tremolita, em calcarios, dolomitos ¢ rochas talcosas. Horn- blenda é comum em rochas igneas e metamérficas. Determinagaa — Nas rochas os anfibélios podem se confundir com biotita, piroxénio, turmalina. Da biotita 0 mineral se distingue, porque no apresenta esfo- MINERAIS 9 liagio em laminas. A turmalina no tem clivagem e pode apresentar secgdo wiangular. 4 seceao dos anfibélios geralmente é losangular. 5. Piroxénios Formam um grupo de silicatos ‘que sdo sais do écido metasilicio (H; SiO; ). Exemplos; 1 Enstatita — MgSiO, Hipersténio ~ (Fe, Mg)SiO, Diopsiitio — CaMg(SiO,), Espoduménio — LiAl(SiO, dr Rodonita — MnSiO, Forma — Nas rochas nao apresentam faces terminais. Um cristal de piro- xénio & prismatico, curto e Brosso, mais ou menos eqiiidimensional Ciwagem — Duas boas diregées de ciivagem. Alteragio — Sio facilmente alteraveis. Pelo inlemperismo podem formar calcita ¢ limonita. Pelo metamorfismo se transformam em agregados de agulhas ou Bros de anfibdlio. Por esse processo, rochas fgneas ticas de piroxénio como gabros, diabasios, basaltos se transformam em tochas metamérficas ricas de anfib6lios, como anfibolitos, anfibélio-xistos ¢ outros. Ocorréncia — Os piroxénios séo encontrados em rochas fgneas melano- criticas @ intermediirias. Séo comuns ci ruchas metamorticas, como gnaisses, anfibolitos, marmores. Determinapdo — Deve-se verificar 0 contormo do prismta (secez0 quadrada) © as duas diregdes de clivagem. Podem se confuniir com: a) turmalina, mas esta apresenta secedo triangular; b) epidoto, mas este ‘Possui cor verde-amarelo carag- teristica; ©) anfibétio, mas este possui secgo losangular, ~ Diopsitio, como jéia. Espoduménio, para adicionar em graxas lubrificantes. 6. Zireao Formula — Z:SiO,. Habito — Prisma tetrago- nal bipiramidado, Gor — Incolor, azulado, arroxeado, pardo, Dureza — 7,5, Qcorréncia — Em rochas igneas, metamérficas ¢ sedimen- fares. Sua presenga ¢ quase sem- Pre constante em rochas leuco- criticas © arenitos, Determinagéio — Pode apresentar secgdo retangular. Emprego — Limpido, usado Para gemas; como refratdrio. 20 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA 7. Magnetica Formula — FeyU,- Habito — Ostaédrico. Sem clivagem. Cor — Cinza ago a preta. Trago — Preto, ‘ Britha — Metalico. Ocorréneia — Pode aparecer na rocha na forma perfeita de um octaedro, ¢ coma pedacinhes macroscépicos ou microsedpicos, em rochas fgneas ¢ metamér- ficas. B magnética. Emprego — Minério de ferro. 8. Hematita Formula — Fe, 05. Habito — “Placus hexagonais; micacev. Cor — Preta-metalica em agremactos fines. cor vermeliia de brilho fosco. Traco — Vermellho-sangue. Qcorréncia — QOcorre nos gnuisses e xistos cristalinos, muitas vezes em ca- ‘madas espessas (itabirito). Emprego — Eo minério de ferro mats comum, especialmente no Brasil. ‘Também se usa em forma pulverizada, como pigmente vermeiho. 9. Pirita Formula — FeS;. Habito — Cibico, octaédrico. E bem cristalizado. Os cubos apresentam estrias. Cor — Amarelo-atdo, com brillo metilice. Trago — Esverdeado a preto. Ocorréncia - Em rochas igneas, metamdrficas e sedimentares. Nestas, é formada posteriormente 4 rocha. Emprego — Pode aparecer associada a0 ouro ou cobre. Pode também ser fonte de enxofre pata a fabricagdo de H,SO,; como fonte de SO,, na preparagdo: de polpa de madeira, no fabrico de papel ¢ como desinfetante. 10. Turmalina Composigdo — Borossilica- eS to de Fe, Mg, Al, Na, Li, hidra- tado. Habito — Prismas de sec- I ga sproximadamente triangular e estriados verticalmente. Sem y> clivagem. Cores — Preta, castanha, verde, vermelha, vinho, résea. A variedade mais” comum nas rochas é a preta. MINERAIS. 21 Ocorréncia — Em pegmatitos ocorrem na forma de cristais grandes (de con- limetros a metros). A variedade résea geralmente se associa a mica roxa (lepidolita), A parda é encontrada em calcirios. Reconhecimento — Distingue-se do anfibélio, piroxénio, Por sua secelio triangular, falta de clivagem e dureza. ~ Pela sua dureza 7-7,5, quando limpida 6 uma pedra semi: Preciosa, geralmente nas cores verde, rosa ¢ azul. Ha turmalinas bicolores. Devido as propriedades Piezoelétricas, ¢ empregada na fabricagdo de calibradores de pressio, V1. Topazia Formula ~ (Al, F)_ SiO,. Habito — Prismitico com secgao losangular. Cor — Incolor, azul, laranja, verde. Ocorréncia — Pegmatitos.e veios profundos. Emprego — Pela sua dureza 8, quando limpido é empregado como jéia. © topizio rosa pode ser obtido pelo aquecimento da topazio amarelo-escuro, 12. Cateiua Formuta — CaCO. Habito ~ Rombocdros si0 08 mais freqientes, Clivagem — Otima em trés . diregées, ndo ortogonais. Britho ~ Vitreo a sédoso. : Cor — Ineolor, branca, cin- 7a 4 preta, amarela, vermelha. Ocorréncia — Ocorre em cavidades, fratutas, amigdalas, estulactites, esta. lagmites, crastas. Eo mineral formador de caledrios ¢ marmores, Determinagao — Se for confundida com quartzo, € facilmente distinguids pela baixa dureza e pelas Gtimas clivagens. Dos feldspatos, por sua dureza baixa; Emprego — A calcita ¢ 0 caleério sio usados para fabricagio de cimon: los, Aquecida 2 900°C, perde CO, ¢ se transforma em CaO (cal virgem), que com agua forma o hidroxide de calcio (cal hidratada). © caledrio é também usado para corretivo da acider do solo. Os marmores si usados na construgio: civil. 13. Dolomita Formula — CaMe(CO,)y. Determinagio — As mesmas analogias feitas para a calcita, Difere da calcita Por efervesver somente pulverizada, Emprego — Para adorno em construgdo. Usadu no cimento para retardar a Pega ¢ lambém em tijolos refratirios. 2 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA SUBSOLO EM REGO CALCAREA 14. Carolina (argila) Férmula — Hy Aly Sir Oo. Habite — Placdide hexagonal microscopico, Macroscopicamente, sempre apa~ rece em forma pulverulenta. Cor — Branea ou eolorida, dependendo da quantidade de 6xido de ferro, Formugdo — © caolim se origina da decomposigao dos feldspatos atucados por agua, contendo CO; 2KAISI;0; + 2H,0 + CO, ——~ Ha Ah SizOs + 4510; + K, CO, ertoclasio eaolimn silica (solivel) (com a albita a reagdo 6 a mesma, somente com o Na substituindo o K), Ocorréncia — Rochas sedimentares e igneas Ca(HCOs), (calcita + ac..carb —> bicarbonato de célcio) © bicarbonato de célcio € sobivel e € transportado em solugo. Calcérios, dolomitos, gipso so particularmente susceptiveis de lixiviagao. Quando as condigdes do meio variarem de tal forma que 0 CO; dissolvido na agua escape, o bicarbonato de cilcio tornard a precipitar, formando as estalac- tites, estalagmites e as rochas calcdrias em geral. 0 Acido carbénico decompée também os feldspatos, micas, etc. 46 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA 5. Decomposigdo quimico-biologica ‘A agdo quimica dos organismos é muito variada. Os ourigos do mar, por exemplo, por secre¢do quimica fazem buracos nas rochas dos litorais; algas, liquens © musgos, ao se fixarem nas superficies das rochas, provocam a formagdo de uma fina camada de solo, que com o tempo iré aumentando até permitir a fixagdo de certas plantas. O produto de decomposigfo microbiana e quimica dos detritos orginicos 60 himus, que se transforma dando 0 fcido himico, que, como outros Acidos, acelera grandemente a decomposigo das rochas e dos solos. O dcido hamico torna os solos acidos. A agua das chuvas, ao atravessar estes solos, carrega este dcido que, reagindo semelhantemente 4 hidrdlise, provoca a decomposiggo das rochas. 6.4. DECOMPOSICAO DAS ROCHAS Examinemos um corte longitudinal num terreno. No caso da figura seguinte, 0 corte foi além de 7 m. Este corte mostra um solo proveniente da decomposi¢ao de uma rocha granitica encontrada inalterada a uma profundidade de 7 m (D). No campo, seria observado que: em C a rocha torna-se de cor cada vez mais branca, pois comega a haver alteragZo dos feldspatos que vo se tornando pulvu- rentos, formando caolim. \. Em 8 ja encontramos solo onde progressivamente a rocha atinge o maximo de decomposigao. Finalmente em A temos o solo residual, com matéria organica. soLo ORGANICO SOLO DE ALTERAGAO DE ROCHA ROCHA DECOMPOSTA ROCHA sk Como exemplo mais concreto ainda, descreveremos a seguir a decomposic¢ao de um granito, rocha composta de quartzo, feldspatos, micas (biotita e muscovita) e tendo como minerais acessérios 0 zircdo e a apatita. material soldivel er [nent | wean | ten inet Ai, rue ° em fine Ziredo nies rose decompce | Cristais de ziredo Do que foi exposto, verifica-se que da decomposicdo de um granito resultam substancias diversas, que podem ser agrupadas em: a) Minerais inalteréveis — quartzo, zitcio e muscovita. b) Residuos insoliveis — argilas, substancias corantes. c) Substancias soliveis — sais de potassio, sddio, cdlcio, ferro, magnésio e silica. © material soliivel geralmente € transportado para o mar, contribuindo para a salinidade dos oceanos. Nas regides em que a evaporacdo é muito intensa os sais transportados podem se depositar. A silica é usualmente depositada em fraturas e como material de cimentagdo das rochas. Os produtos insoliiveis e os minerais inalterdveis podem permanecer “in situ” por um largo espaco de tempo, formando parte do solo. Os grios de quartzo se * depositam logo e formam camadas de areia; as particulas de argila, mais finas, ¢ as particulas de silte sao transportadas e, apds sedimentacao, irao constituir as camadas de lama. As palhetas de mica podem se depositar em qualquer dos depé- sitos descritos. No Brasil, a importéncia da decomposicao ¢ colossal. Em Sao Paulo, por exemplo, foram observados os seguintes valores: Intemperizada até uma profundidade maxima de: Tipo de roche Arenito 15m Basalto 25m Granito 40 m Gnaisse 60 m Em varias regides do Brasil, como no Rio de Janeiro, a decomposigao atinge grandes profundidades: na demolicdo dos morros do Castelo e de Santo Anténio, a profundidade de decomposicao era de mais ou menos 100 m, . 48 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA 6.5. CLASSIFICACAO DAS ROCHAS SEDIMENTARES A origem das rochas sedimentates difere fundamentalmente das rochas mag- maticas, pois enquanto estas sio de génese interna, ou seja, formadas por material originario do interior da Terra, as sedimentares, a0 contrario, so de origem externa, sendo formadas ou nas bacias sedimentares (lagos ¢ mares) ou mesmo sobre a superficie terrestre. Em virtude de sua propria origem, a sua composi¢ao mineralégica é muito variada, pois rochas sedimentares formadas nas mesmas condigGes genéticas podem apresentar composi¢ao mineralégica diferente, dependendo da rocha matriz, que forneceu os sedimentos. Essas circunstancias fazem com que a classificagdo destas rochas seja muito complexa. Na maioria dos autores prevalece o critério genético. Classificagdo resumida das rochas sedimentares A classificagio a seguir esté baseada principalmente no tipo de agente que transportou os sedimentos para a’ bacia de deposig&o. Nesse aspecto, as rochas sedimentares podem ser classificadas em trés tipos: Rochas de origem mecénica: 1. Grosseiras: Conglomerados, Brechas 2. Arenosas: Arenitos, Siltitos 3. Argilosas: Argilas, Argilitos, Folhelhos Rochas de origem orgdnica: 1. Calcarias: Calcarios, Dolomitos 2. Silicosas: Silex 3. Ferruginosas: Depésitos ferruginosos 4. Carbonosas; Turfas, Carvoes Rochas de origem quimica: 1. Caledrias: Estalactites e estalagmites, Marmores travertinos 2. Ferruginosas: Minérios de ferro 3. Salinas: Cloretos, Nitratos, Sulfatos 4. Silicosas: Silex 6.5.1. ROCHAS DE ORIGEM MECANICA Sao também denominadas rochas cidsticas ou detriticas. Essas rochas so originadas pelo transporte através da aco separada ou conjunta da gravidade, vento, agua e gelo, com subseqiiente deposicao. O cardter predominante do material ¢ inicialmente o estado inconsolidado. O tamanho das particulas varia desde dimensdes ultramicrosc6picas ou coloidais, até grios centimétricos e blocos maiores. Esses materiais ainda ndo cimentados ROCHAS SEDIMENTARES 49 constituem © sedimento. Depois da compactagao pelo proprio peso das camadas superiores sobre as inferiores e/ou cimentagdo, os sedimentos passarao a constituir a rocha sedimentar ou rocha estratificada. As substancias mais comuns que atuam como material cimentante so a silica, carbonato de calcio, limonita, gipso, barita, etc. A cimentagao, feita por substancias minerais ou orginicas existentes em solugo, ocorre durante e/ou apés a fase de deposigao. ‘As rochas de origem mecanica podem ser subdivididas em trés grupos, de acordo com o diametro médio das suas particulas predominantes: 1. Rochas grosseiras; 2. Rochas arenosas; 3. Rochas argilosas. 1. Rochas grosseiras 5 Essas rochas so formadas por particulas com diametro superior a 2mm na sua maioria, ou seja, as particulas predominantes possuem didmetro superior a 2mm. Depésitos coluviais de télus e os de aluvido dio origem a essa cate- goria de rochas, nas quais podemos distinguir dois tipos caracterfsticos: conglo- merados e brechas. Conglomerados — Sao rochas sedimentares formadas de fragmentos arredon- dados, com didmetro superior a 2mm, originados de rochas pré-existentes ¢ posterior transporte e deposigdio. O tamanho dos fragmentos varia de seixos até matagdes (blocos maiores). Brechas — Sdo rochas sedimentares de origem mecanica formadas por frag mentos de didmetro superior a 2 mm, ras ndo arredondados como os componentes dos conglomerados, e sim angulosos ¢ cimentados por silica, carbonato de calcio, etc. A angulosidade dos graos demonstra que o transporte do material ndo foi muito grande. 2. Rochas arenosas As rochas arenosas so as mais representativas e comuns entre as rochas sedi- mentares, e os fragmentos predominantes possuem diametro situado entre 0,01 mm. e 2mm. Alguns autores admitem que o limite inferior esteja ao redor de 0,1 mm, Nessas rochas distinguimos dois tipos principais: arenitos e siltitos. Arenito — S&o rochas constituidas substancialmente por particulas ou granulos de quartzo detritico, subangulares ou arredondados, com didmetro variando de 0,01 mm (ou 0,1) a 2mm. O cimento pode ser silica, carbonato de calcio, substancias ferruginosas, etc. Siltito — & uma rocha arenosa de granulagdo finissima (granulos ao redor de 0,01 mm) e é formada principalmente por produtos de erosdo fluvial, lacustre ou glacial. Alguns siltitos apresentam camadas muito finas identificadas por diferentes faixas coloridas formadas principalmente por peliculas de Oxidos de ferro. A espessura de tais peliculas depende do grau de impregnagdo desenvolvido em cada plano. 50 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA 3. Rochas argilosas Esta divisdo compreende todos os mais finos sedimentos mecanicamente for- mados, representados essencialmente pelas argilas. As particulas constituintes variam de dimensdes ultramicroscépicas (inferiores a 0,01 mm) até dimensdes de partfculas coloidais. Esses sedimentos sao os mais dificeis de serem analisados do ponto de vista petrogrdfico, tanto pelo aspecto finamente granular das particulas, como pela dificuldade de reconhecimento dos seus constituintes pelos métodos usuais. Os minerais das argilas podem ser subdivididos em trés grupos: a) grupo do caulim; b) grupo da montmorillonita; ¢) grupo das illitas (hidrémicas). As rochas sedimentares argilosas mais comuns sao o argilito e o folhelho. A diferenga entre eles é que o folhelho apresenta camadas horizontais bem destacadas em planos e que variam em cor. No argilito, esses planos horizontais sio menos comuns. 6.5.2. ROCHAS DE ORIGEM QUIMICA Este grupo compreende todas as rochas sedimentares inorgdnicas, que se formaram através da precipitagdo de solugdes quimicas em bacias sedimen- tares, Muitas rochas de origem quimica sofrem certas influéncias de agentes organi- cos, Assim, depdsitos ferruginosos, enquadrados entre os de origem quimica, se formaram sob a influéncia de organismos e bactérias. Existem quatro grupos principais de rochas de origem quimica: 1. Rochas calearias Esta divisio compreende os depésites calcdrios, tais como mdrmore traver- tino, crescimentos de estalactites e estalagmites, dolomitos, etc., precipitados em bacias, através de mudangas ffsico-quimicas do meio. 2. Rochas ferruginosas Até pouco tempo acreditava-se que os depdsitos ferruginosos eram formados exclusivamente pela atividade de bactérias e algas. Entretanto, apds os estudos de A.F. Hallimond, que investigou os minérios de ferro estratificados na Inglaterra, pOde-se afirmar que estes depésitos sdo de origem inorganica e quimica. 3. Rochas silicosas Estado incluidas nesta categoria as rochas formadas a partir da precipitagdo de solugdes, nas quais a silica € 0 constituinte dominante. Incluem-se aqui 0 silex de origem quimica. ROCHAS SEDIMENTARES St 4. Rochas salinas As rochas salinas compreendem os cloretos, os sulfatos, os boratos, os nitratos, etc., ocorrendo na forma de produtos de precipitagao quimica em bacias. Comumente exibem camadas de estratificagao. 6.5.3. ROCHAS DE ORIGEM ORGANICA Nesta categoria, enquadram-se todas as rochas que devem sua origem ao actimulo de matéria organica de natureza diversa. Usualmente a matéria orginica esta misturada a materiais de origem mecdnica. Os principais tipos so: 1. Caledrias Formadas pelo actimulo de conchas ou carapagas de composi¢d¢ carbonatada. 2. Carbonosas Este grupo compreende as urfas (acimulo de matéria vegetal em pantanos ou lagoas, com a matéria vegetal parcialmente carbonizada) e carvdo (termo que indica depésitos carbonosos formados por acumulacdo de matéria vegetal subseqiientemente carbonizada e consolidada). De acordo com a diminuigdo da porcentagem de matéria voldtil e o aumento do contetido de carbono, os carves se classificam em lignito, carvéo betuminoso e antracito. ESQUEMA DE FORMACAO DE TURFA E CARVAO [Lagoa com vegetacio Parte da vegetacdo morre Matéria vegetal é coberta por sedimenton @ protegida da oxiderio Matérie vegetal re ‘enviquece de carbone turfe-carvio 7 7.1. CONCEITO DE METAMORFISMO Metamorfismo diz respeito as transformagdes softidas pelas rochas, sem que estas sofram fusdo. Nao séo consideradas transformagdes metamérficas a alteragao superficial das rochas e a sedimentago seguida de diagénese. As transformagdes pelas quais passam as rochas na Crosta terrestre podem ser de varias espécies. Quando sio puramente mecinicas, o resultado se traduz pela deformagdo dos minerais constituintes das rochas e conseqiiente mudanga da sua estrutura e textura. A rocha, muitas vezes, ao ser formada, sotre outros fenoémenos como por exemplo, recristalizagio dos minerais. Estes so da mesma natureza quimica dos minerais primfrios da rocha que sofreu os efeitos metamérficos. Quando as transformag6es se fizeram, como no caso anterior, sem qualquer adicZo ou perda de novo material 4 rocha, a composig#o quimica inicial continua a mesma, embora a rocha seja outra. A esse tipo de transformagdo das rochas denomina-se metamor- fismo normal. Assim, por exemplo, arenitos transformam-se em quartzitos, cal- cdrios sao convertidos em mérmores, ¢ folhelhos em micaxistos, sem que a compo- si¢do quimica original seja substancialmente modificada. O que ocorre 6 apenas uma mudanga estrutural da rocha, manifestada principalmente através de sua durezae da orientagao de seus minerais. Nos exemplos citados, os arenitos sfo rochas 54 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA + moles ¢ com camadas horizontais que passam a quartzitos, que so rochas de dureza aprecidvel e com estrutura ou maciga ou em camadas inclinadas, dobradas, fraturadas, etc. Quando o metamorfismo é acompanhado por mudanga de composicao quimica da rocha, evidenciado pela formagao de minerais novos nao existentes anteriormente, 0 proceso’ é geralmente conhecido pelo nome de metamorfismo metassomdtico ou simplesmente metassomatismo. Exemplo de metamorfismo normal: pet VESTIOIO DE ae ACAMAMENTO xis ARENITO QUARTZITO MAciCo cALcAREO = MARMORE Os elementos que caracterizam e identificam uma rocha metamOrfica sio 08 seguintes: 1) minerais orientados em linhas e normalmente alongados; 2) dobras e fraturas; 3) dureza média a elevada. 7.2, AGENTES DO METAMORFISMO O metamorfismo ocorre, quando se verifica: a) Aumento de temperatura, pela aproximagio e contacto com uma massa de magma. A esse tipo de metamorfismo denomina-se metamorfismo termal ou metamorfismo de contacto. b) Aumento de pressio, seguido de deslocamentos. Nesse caso, as rochas so fragmentadas resultando formagdes de zonas, onde os minerais siio extrema- mente divididos ¢ cimentados. O metamorfismo é denominado catacldstico. A Tocha metamérfica produzida ¢ denominada milonito. Como o metamorfismo de contato, 0 metamorfismo catacldstico também ocorre em dreas restritas localizadas. ROCHAS METAMORFICAS 55 c) Aumento de pressdo e temperatura em regides extensissimas. Tal condigao s6 se verifica nas regiées orogénicas, isto é, nas regides de geosinclinais, onde ocorrem os dobramentos da crosta, com a formagdo de montanhas. ‘Trés so, portanto, os fatores que provocam o metamorfismo: a temperatura, a pressio e a atividade quimica das solugdes aquosas e gases que circulam nos espacos existentes nas rochas. Dentre os fatores supra mencionados, a temperatura constitui a principal condigdo responsével pelas associagdes mineralégicas encontra- das nas rochas metamérficas. A pressio é também o fator responsdvel por certas associagdes minerais, pois a pressio pode permitir ou impedir certas reagdes. 7.3. TIPOS DE METAMORFISMO Os tipos mais comuns de metamorfismo sdo os seguintes: 7.3.1. METAMORFISMO DE TEMPERATURA PREDOMINANTE Denomina-se metamorfismo termal a todos os tipos de mudangas por que . passam as rochas, sendo o fator dominante o calor. O termo pirometamorfismo que a primeira vista poderia ser confundido com metamorfismo termal, é usado para as mudangas que ocorrem em uma rocha pelo contato imediato de um magma. Exemplo caracteristico de pirometamorfismo é 0 que ocorre quando uma lava esparramada pelas vizinhangas do vuleo modifica a natureza fisica e quimica da superficie das rochas por onde passa. Exemplo: derrame de basalto sobre o arenito Botucatu, no Estado de Sado Paulo. O metamorfismo que ocorre ao redor das grandes massas magmaticas internas, porém com a temperatura inferior 4 que predomina no pirometamorfismo, é conhe- cido pelo nome de metamorfismo de contato. O calor cedido pela rocha magmatica intrusiva aumenta a mobilidade da rocha encaixante, favorecendo 0 apareciment > de minerais novos e de fendmenos de recristalizagao. ESQUEMA DE PIROMETAMORFISMO ‘VOERRAME iv VVVVYV¥ VV ARR nce nto hhANN Yves ni gta are SA pe 56 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA ESQUEMA DE METAMORFISMO DE CONTACTO shi33t MASSA DE MAGMA Que suBiU 7.3.2, METAMORFISMO DE PRESSAO DIRIGIDA PREDOMINANTE Pressio nao uniforme associada ao aumento de temperatura provoca um tipo de metamorfismo que difere muito dos demais. Rochas que sofrem esforgos dirigidos (tais esforgos ocorrem nas regides superiores da Crosta) tornam-se fraturadas adquirindo estruturas ¢ texturas préprias. As novas rochas formadas so chamadas cataclasticas e exibem comumente estruturas paralelas, fitadas, lenticu- lares e brechdides. O ™etamorfismo em questéo é denominado cataclistico ou dindmico. AREA 0 pestocamento © raaquenragio ROCHAS METAMORFICAS 57 7.3.3. METAMORFISMO DE PRESSAO E TEMPERATURA PREDOMINANTES. A aco conjunta da pressdo e temperatura produz sobre as rochas colocadas a certa profundidade da Crosta, marcantes modificag6es. Nao s6 provocam recristalizagdo na rocha, como também favorecem o apare- cimento de novas estruturas. Esse tipo de metamorfismo é chamado dinamotermal, e ocorre principalmente nas regides de dobramentos da Crosta terrestre, com a conseqiiente formagio de montanhas. O metamorfismo cataclastico pode muitas vezes estar associado nesta categoria. Os fenémenos dinamotermais so responsdveis pelo aparecimento de rochas muito comuns, como por exemplo xistos e gnaisses, Este tipo est4 associado a dreas conhecidas como geosinclinais, que estio localizadas junto aos continentes com a forma de uma “bacia”, na qual se acu- mulam milhares de metros de sedimentos. Normalmente, essas dreas sofrem subsidéncia e muitas delas 840 envolvidas por processos tecténicos, sofrendo dobramentos e fendmenosde magmatizacao, podendo formar cadeias de montanhas ¢ conseqiientemente rochas metamérficas e fgneas asso-. ciadas. Um exemplo tipico é o que deu origem as montanhas Apalaches nos USA. 7.3.4. METAMORFISMO PLUTONICO EM GERAL A expresso metamorfismo pluténico é usada para significar as mudangas produzidas em rochas, por influéncia de temperatura elevada e em grande pressio uniforme. A pressio dirigida é praticamente inexistente, tornando, portanto, fator negligivel nesse metamorfismo. A elevada temperatura é mantida pelo aumento de temperatura em fungdo da profundidade e pelo calor magmético. Observagdes realizadas em regides profundamente erodidas da crosta puseram em evidéncia que as rochas que estiveram em seus niveis mais baixos sofreram intensa penetragao de intruses magmiticas. Essas regides constituem 0 que se chama 0 embasamento arqueano. Elas caracterizam-se pela presenga de rochas de composigao grani- tica, produzidas por efeito de emanag6es magmiticas e injegdes. O tipo de meta- morfismo dominante é o de injegdo, acompanhado de fendmenos granitizantes. O metamorfismo pluténico, ocorrendo em regides onde a influéncia da pressio dirigida é praticamente desprez{vel, faz com que as rochas originadas nao apresentem estruturas paralelas. Ao contrario, exibem estruturas granulares e sem diregdes predominantes. A recristalizagZo é total, e as rochas produzidas sao bem caracteris- ticas: granulitos, eclogitos, gnaisses granuliticos, etc. 7.4. MINERAIS METAMORFICOS 7.4.1. INFLUENCIA DA COMPOSIGAO ORIGINAL As transformagGes minerais que ocorrem nos processos de metamorfismo dependem, em primeiro lugar, da composigao da rocha original, e depois, da natureza ou do tipo de metamorfismo a que foi submetida. 58 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA Sob o ponto de vista da composicdo inicial, as rochas podem ser associadas em quatro séries diferentes enumeradas a seguir: a) Rochas argilosas. b) Rochas arenosas, igneas écidas e tufos; xistos dcidos e gnaisses. ©) Caledrios e outras rochas carbonatadas. d) Rochas tgneas intermedidrias, basicas e seus tufos. Nas rochas argilosas, os constituintes minerais sfo os produtos mais finos do intemperismo. Eles estéo em equilibrio sob as condicbes superficiais ordindrias, ou seja, baixa temperatura e baixa pressdo. Quando sujeitas ao metamorfismo, essas rochas sofrem reagdes e mudancas bem caracterizadas, de acordo com a elevagiio de temperatura e pressdo. So as rochas que mais se prestam para 0 estabelecimento dos sucessivos graus de metamorfismo. As rochas do segundo tipo, como as arenosas, igneas dcidas e tufos, xistos dcidos e gnaisses, sao constituidas principalmente de quartzo e feldspatos, que so minerais estdveis em condig6es mais acentuadas de temperatura e pressio e, por- tanto, menos sensiveis a mudangas pela agdo da pressfo e temperatura, Essas rochas sofrem mudangas que sfo dificeis de serem acompanhadas, principalmente no campo, Rochas constituidas de carbonato de cdlcio puro sao telativamente estaveis sob condigses metamérficas e sofrem pequenas mudangas, exceto recristalizacao. Calcdrios e dolomitos impuros, em condigdes de equilibrio instvel, ao variar a temperatura e presso, se convertem em grupo de novos minerais. O didéxido de carbono libertado dessas rochas, durante o processo metamorfico, facilita as mudangas mineralégicas. As rochas da quarta série sio do tipo magmético bdsico. Tomemos como exemplo o basalto. Os principais minerais das rochas magméticas basdlticas que so os feldspatos do tipo plagioclasios shdico — célcicos; os piroxénios e olivinas, (que sio minerais de ferro), etc., so facilmente susceptiveis 4 mudanga metamérfica. 7.4.2, PROCESSOS As reagdes metamérficas se processam no estado sélido. As rochas nfo sio fundidas ou dissolvidas; somente uma pequena fracao entra em solucdo em um dado tempo. Isso significa que no processo metamérfico a fase s6lida esté sempre predominante. Isso ¢ demonstrado pela freqiiente conservago de vestigios de estratificagdo e pela presenca de restos fésseis em rochas completamente recristali- zadas (Alpes, Noruega, Andes). Se o material sujeito ao metamorfismo entrasse em fusdo total, esses elementos desapareceriam na rocha metamérfica. B importante nesses processos o principio de Riecke, segundo o qual a solubilidade num cristal aumenta no ponto de maior pressio e a precipitagdo ocorre no ponto de menor pressiio, sendo muito importante na origem de estruturas paralelas, xistosas e folidceas, encontradas nas rochas metamérficas. Cristais sob a ROCHAS METAMORFICAS 59 agdo de pressio nfo uniforme, em geral, crescerdio em uma diregdo perpendicular a diregao da maior pressdo, produzindo formas alongadas e orientadas paralelamente a dirego de menor pressao. BIBLIOGRAFIA. FRANCO, Rui Ribeiro — Curso de Petrologia, F.F.C.L.U.S.F. — 1963. ELEMENTOS SOBRE SOLOS 9.1. INTRODUGAO As obras de engenharia que tendem a atingir maiores profundidades sdo os tineis. Enquanto na Europa, em regides muito acidentadas como os Alpes, certos tineis chegam a estar 1 500 m abaixo da superficie do terreno, no Brasil raramente um engenheiro de obras ptblicas ou construgdes trabalha naexecugao de tuneis a profundidades maiores do que 150m abaixo da superficie do ter- reno, e a pratica habitual se limita geralmente a profundidades em torno de 20m a 30m. Dessa maneira, uma grande parte das construgdes de engenharia esta localizada sobre solos, inclufdas as barragens, as pistas de aeroportos, de rodovias, as escavagdes para canais, etc. Muitas vezes fogem ao caso a construgdo de taneis, barragens ou de grandes pontes que exijam fundagdes em rocha firme. 0 conceito de soloempregado por engenheiros difere um pouco do conceito geolégico, uma vez que para eles 0 termo inclui todo tipo de material organico ou inorginico inconsolidado ou parcialmente cimentado, encontrado na superficie da terra, materiais esses classificados em Geologia como rochas sedimentares ou sedimentos. 9.2. TIPOS DE SOLOS Definimos como solo o material resultante da decomposi¢do ¢ desintegragao da rocha pela agao de agentes atmosféricos. 86 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA Com base na origem dos seus constituintes, os solos podem ser divididos em dois grandes grupos: solo residual, se os produtos da rocha intemperizada perma- necem ainda no local em que se deu a transformacio; solo transportado, quando os produtos de alteragao foram transportados por um agente qualquer, para local diferente ao da transformagao. No capitulo referente as rochas sedimentares, foram abordados os tipos de transformag&es que as rochas sofrem, através da decompo- sigdo (intemperismo quimico) e da desintegragao (intemperismo fisico), bem como seus respectivos agentes. 9.2.1. SOLOS RESIDUAIS Os solos residuais so bastante comuns no Brasil, principalmente na regio Centro-Sul, em fungio do préprio clima. Todos os tipos de rocha formam solo residual. A sua composigdo vai depender do tipo e da composiggo mineralégica da rocha original que lhe deu origem. Por exemplo, a decomposic¢éo de basaltos forma um solo tipico conhecido como “terra-roxa”, com cor marrom-chocolate e composigao argilo-arenosa. Possui elevada plasticidade. De outro lado, a desintegragdo e a decomposigao de arenitos ou quartzitos irao formar um solo 100% arenoso, constituido de quartzo. Rochas metamérficas do tipo filito (constituido de micas) irao formar um solo de composigao argilosa e bastante plistico. A tabela dé um resumo dos exemplos: | Tipo de rocha Composicéo mineral Tipo de solo Composicéo Plagioclésio argiloso " Pane piroxénios (poucs areia) me quartzite quartzo arenoso quartzo granito quartzo e argila (micdceo) Nao existe um contato ou limite direto e brusco entre o solo e a rocha que 0 originou. A passagem entre eles é gradativa e permite a separacdo de pelo menos duas faixas distintas: aquela logo abaixo do solo propriamente dito, que é chamada de solo de alteragdo de rocha, ¢ uma outra acima da rocha, chamada de roche alte- vada ou rocha decomposta. ELEMENTOS SOBRE SOLOS 87 Em resumo teriamos: soLo RESIDUAL SOLO DE ALTERAGAO DE ROCHA ROCHA ALTERADA po 3 ps +: +++: essanesiasiiitiie Segoe HEH SSSSSEIE. SHEETS: O solo residual & subdividido em maduro e jovem, segundo o grau de decom- posicdo dos minerais. O solo residual € um material que ndo mostra nenhuma relagdo com a rocha que lhe deu origem. Nao se consegue observar restos da estrutura da rocha nem de seus minerais. O solo de alteracdo de rocha jé mostra alguns elementos da rocha-matriz, como linhas incipientes de estruturas ou minerais nao decompostos. A rocha alterada 6 um material que “lembra” a rocha no aspecto, preservando parte da sua estrutura e de seus minerais, porém com um estdgio de dureza ou resisténcia inferior ao da rocha. A rocha-sd representa a rocha inalterada. As espessuras das quatro faixas descritas sio varidveis e dependem das condig6es climaticas e do tipo de rocha. Exemplo: No Estado de Sao Paulo, em granitos, 0 conjunto solo + solo de alteracao de rocha + rocha alterada, atingiu até 80 m numa barragem no Rio Pardo. Em arenitos da FormagSo Bauru, esse conjunto atingiu apenas 14m na barragem de Promissio, no Rio Tieté. SOLO ARENO ARGILOSO TERRA ROXA SOLO_ DE ALTERA-. GAO DE ROCHA 88 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA A agdo intensa do intemperismo quimico nas dreas de climas quentes e ‘imidos provoca a decomposicio profunda das rochas com a formagio de solos residuais, cujas propriedades dependem fundamentalmente da composi¢io ¢ tipo de rocha existente na drea. Basicamente, numa regido de granito e gnaisse distin- guem-se trés zonas distintas de material decomposto. Préximo 4 superficie, cocorre um horizonte argiloso plastico, resultante de profundo intemperismo; segue-se um horizonte de caracterfsticas silto-arenosas e finalmente aparece uma faixa de rocha parcialmente decomposta (também chamada de: solo de alteragdo de rocha), na qual se pode distinguir ainda a textura e estrutura da rocha original. Esse horizonte corresponde a um estdgio intermedidrio entre solo ¢ rocha. Abaixo desta faixa, a rocha aparece ligeiramente decomposta ou fraturada, com transig6es para rocha-sa. O perfil a seguir exemplifica um solo residual formado em drea de gnaisses. SUPERFICIE ARGILA ARENOSA DE COR AVERMELHADA COM PLACAS OCASIONAIS DE MICA. GRAOS DE QUARTZO SAO NORMALMENTE ANGULOSOS QUARTZO SILTE ARENOSO ROSEO, MICACEO MOLE A MEDIO SOLO DE ALTERAGAO DE ROCHA SILTE ARENOSO MOLE MICACEO ROCHA ALTERADA ROCHA LIGEIRAMENTE AL- TERADA OU FRATURADA ROCHA Sh - GNAISSE ELEMENTOS SOBRE SOLOS 89 Nao se deve imaginar que ocorra sempre uma decomposigio continua, homogénea ¢ total na faixa do solo (regolito). Isso porque em certas areas das rochas pode haver minerais mais resistentes 4 decomposigo, fazendo com que essas dreas permanegam como blocos isolados, englobados no solo. Esses blocos, as vezes de grandes dimens6es, sio conhecidos como matacées ¢ sao bastante comuns nas dreas de granitos, gnaisses e basaltos. Exemplos dessas ocorréncias aparecem na Rodovia Castelo Branco, Serra do Mar, em Sao Paulo. 9.2.2, SOLOS TRANSPORTADOS Os solos transportados formam geralmente depésitos mais inconsolidados e fofos que os residuais, e com profundidade varidvel. Nos solos transportados, devemos distinguir uma variedade especial que é 0 solo orgdnico, no qual o material transportado esté misturado com quantidades varidveis de matéria organica decom- posta, que em quantidades aprecidveis, forma as turfeiras. Ex.: leito da Via Dutra, proximo a Jacaref, em Sao Paulo, apresentando sempre danos no pavi- mento. De um modo geral, o solo residual é mais homogéneo do que o transportado no modo de ocorrer, principalmente se a rocha matriz for homogénea. Port exemplo, uma drea de granito dard um solo de composigao areno-siltosa, enquanto uma area de gnaisses e xistos poderd exibir solos areno-siltosos ¢ argilo-siltosos, respectiva- mente. O solo transportado, de acordo com a capacidade do agente transportador, pode exibir grandes variag6es laterais e verticais na sua composigao. Ex.: um riacho que carregue areia fina e argila para uma bacia poderd, em perfodos de enxurrada, transportar também cascalho, provocando a presenga desses materiais intercalados no depésito. Em esquema, terfamos: LOCAL DE SOLOS TRANSPORTADOS ARGILA Uma investigao no ponto A daria resultado completamente diferente do que uma no ponto B. 90 GEQLOGIA APLICADA A ENGENHARIA Entre os solos transportados, é necessdrio destacarmos, de acordo com o agente transportador, os seguintes tipos ainda: coluviais, de aluviio, edlicos (dunas costeiras). Nao consideraremos os glaciais, tio comuns na Europa, América do Norte, etc. e a variagao edlica (loess), uma vez que ambos nao ocorrem no Brasil, © solo residual € mais comum e de ocorréncia generalizada, enquanto que 0 transportado ocorre somente em dreas mais restritas. 9.2.2.1. Tipos de solos transportados 1. Solos de aluviéo Os materiais slidos que sao transportados e arrastados pelas aguas e deposi- tados nos momentos em que a corrente sofre uma diminui¢So na sua velocidade constituem os solos aluvionares ou aluvides. E claro que ocorre, ao longo de um curso d’égua qualquer, uma selegdo natural do material, segundo a sua granulo- metria ¢ dessa maneira deve ser encontrado, préximo as cabeceiras de um curso d’4gua, material grosseiro, na forma de blocos ¢ fragmentos, sendo que o material mais fino, como as argilas, sio levados a grandes distancias, mesmo apés a dimi- nuiggo da capacidade de transporte do curso d’dgua. Porém, de acordo coma variagdo do regime do rio, hd a possibilidade de os depésitos de aluvides aparecerem bastante heterogéneos, no que diz respeito a granulometria do material. Os depésitos de aluvido podem aparecer de duas formas distintas: em terragos, a0 longo do préprio vale do rio, ou na forma de depésitos mais extensos, constituindo as planicies de inundagdo. Estas ultimas sao bastante freqientes ao longo dos rios. Sdo exemplos dos rios Tieté, Parana, etc. So os banhados, varzeas e baixadas de inundacdo. Como exemplos de depésitos de aluvido, citamos os depdsitos ae argila cerimica nos banhados da drea de Avanhandava, Rio Tieté em Sao Paulo, e os de cascalho, usados como agregado natural para concreto, encontrados na desem- ESQUEMA DO LOCAL DA BARRAGEM DE PROMISSAO, RIO TIETE, ESTADO DE SAO PAULO ELEMENTOS SOBRE SOLOS 3 bocadura do Rio Sucuriu com o Parana, e sendo intensamente utilizados como agregado para concreto na barragem de Jupid. A melhor fonte de indicagao de dreas de aluvido, de varzeas e planicies de inundagdo é a fotografia aérea. Embora os solos que constituem os aluvides sejam, via de regra, fonte de materiaisde construgdes, so, por outro lado, péssimos materiais de fundagdes. Exemplo é 0 local da barragem de Promissdo, onde na margem esquerda os extensos depdsitos de argila existentes foram escavados, pois nao suportariam o peso da barragem 2, Solos orgénicos Os locais de ocorréncia de solos organicos se di em dreas topografica e geograficamente bem caracterizadas: em bacias e depresses continentais, nas baixadas marginais dos rios e nas baixadas litoraneas. Como exemplo dessas ocor- réncias, temos no Estado de Sao Paulo a faixa ao longo dos rios Tieté c Pinheiros, dentro da cidade de Sao Paulo. Neste caso, a urbanizacao da cidade mascarou parte da extensa faixa de solo de aluvido organico. Exemplo de ocorréncia de solos de origem organica em baixadas litoréneas séo encontrados nas cidades de Santos e do Rio de Janeiro e na Baixada do Rio Ribeira, em Sa0 Paulo. Uma sondagem na Av. Pres. Vargas, no Rio de Janeiro, mostra a partir da superficie 10 m de areia média a fina, compacta, seguida de 8 m de argila organica marinha mole, seguida de 5 m de argila muito arenosa dura ¢ rija. Essa descrigdo simboliza genericamente a situacdo de ambas as cidades. RODOVIA PIACAGUERA - GUARUJA srr ‘Sondogens gesldgiees eevserom © bolne ee- pocldede de superte de terreno. 92 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA Na propria Baixada Santista, a construcdo da Usina Siderdrgica de Piagaguera da COSIPA, bem como a Rodovia Piacaguera-Guarujé, tiveram suas fundagdes desenvolvidas em solo orginico, por ser uma drea de mangue. Exemplo de uma sondagem para a referida rodovia mostrou 28,20 m de argila orginica mole pouco arenosa, seguida de 3m de areia média a fina, compacta e de alteragao de rocha (micaxisto). O ntimero de golpes (SPT) até 28,20 m foi de Oa 5. Da drea total do Estado de Sao Paulo, 10% correspondem 4s baixadas litoraneas. 3. Solos coluviais Os depésitos de coluvido, também conhecidos por depésitos de talus, sao. aqueles solos cujo transporte se devem exclusivamente a ago da gravidade. Sio de ocorréncia localizada, situando-se, via de regra, ao pé de elevacdese encostas, etc. Os depdsitos de tdlus sio comuns ao longo de rodovias no Vale do Ribeira, Serra do Mar, barragens no Vale do Paraiba, etc. A composigao desses depdsitos depende do tipo de rocha existente nas partes mais elevadas. A existéncia desses solos normalmente 6 desvantajosa para projetos de engenharia, pois sio materiais inconsolidados, permedveis, sujeitos 8 escorregamentos, etc. 4. Solos edlicos Sao de destaque, apenas os depésitos ao longo do litoral, onde formam as dunas, no sendo tao comuns no Brasil, como nos pafses europeus, USA, etc. O problema desses depésitos existe na sua movimentagdo. Como exemplo, temos os de Fortaleza, no Ceard, e os de Cabo Frio. 9.3. PROPRIEDADES GERAIS DOS SOLOS Essas propriedades, tanto as mais simples como as mais complexas, e os respectivos ensaios deverdo ser consultados em livros de Mecanica dos Solos. 1. Indices fisicos Uma massa de solo é considerada como um conjunto de particulas s6lidas, encerrando vazios ou intersticios de tamanho variado. Os vazios poderio estar preenchidos com ar, agua ou parcialmente com ar e parcialmente com agua. ELEMENTOS SOBRE SOLOS 93 SOLO-= SOLIDOS +AGUA+ AR VAZIOS =AGUA +AR Existem algumas relagdes de peso e volume entre os componentes de uma massa de solo. As relag6es de volume usadas mais freqiientemente sao as seguintes: a) porosidade (n) de uma massa de solo é definida como a relagao do volume de vazios pelo volume total da massa. n= tw b) indice de vazios (e) de uma massa de solo é definida como a relagio do volume de vazios pelo volume de sélidos. c) grau de saturagdo (G) & definido como a relagao do volume de dgua pelo volume de varios. pa Ve cs > © ¥ d) umidade natural (h) é definida como a relagdo do peso de agua pelo peso de material sdlido. h== @ 94 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA e) peso espectfico de um material é definido como a relagdo entre o peso de um determinado fragmento pelo seu volume. Sendo um agregado de solo consti- tuido de trés diferentes fases, 0 peso espectfico desse agregado deverd consi- derar essas trés fases: Vy = Var + Végua) peso especifico natural do solo = Yq = thm? Py peso especifico dos grios sélides = 6 = + ou A Py 5 peso especifico da dgua = % = y g/cm’ a 2. Forma das particulas A parte sdlida de um solo é constituida por partfculas e gréos que tém as seguintes formas: a) esferoidais; b) lamelares ou placdides; ¢) fibrosas. As particulas esferoidais possuem dimensdes aproximadas em todas as diregdes © poderdo, de acordo com a intensidade de transporte sofrido, serem angu- Josas ou esféricas. Ex.: solos arenosos ou pedregulhos. Nos solos de constituic&o granulométrica mais fina, onde as particulas séo microscépicas, apresentam-se lamelares e placdides, ou seja, ha predominio de duas das dimensdes sobre a terceira. As particulas com forma fibrosa ocorrem nos solos de origem orginica (turfosos), onde uma das dimensdes predomina sobre as outras duas. A forma das particulas influi em certas caracteristicas dos solos. Assim, por exemplo, as particulas placdides e fibrosas podem se dispor em estrutura dispersa e oca, ocasionando porosidade elevada. 9.4. CLASSIFICACAO GRANULOMETRICA DE SOLOS 1. Tamanho das particulas Sabe-se que o comportamento dos solos esté de certo modo ligado ao tamanho das particulas que os compdem. De acordo com a granulometria, ELEMENTOS SOBRE SOLOS 95 os solos so clasificados nos seguintes tipos, de acordo com o tamanho decrescente dos gréos: a) pedregulhos ou cascalho grossas b) areias 4 médias finas c) siltes ) argilas Na natureza, raramente um solo é do tipo “puro”, isto é, constituido na sua totalidade de uma tnica granulometria. Dessa maneira, 0 comum é 0 solo apresentar certa porcentagem de areia, de silte, de argila, de cascalho, etc. Como exemplo, citamos o solo origindrio do arenito Bauru, em Sio Paulo, em certas dreas da Barragem de Promissdo, que apresentou as seguintes caracteris- ticas: 52% de areia fina, 36% de silte e 12% de argila. Esses ntimeros nao sio absolutos e definitivos para o solo arenoso Bauru, uma vez que a rocha matriz pode variar de arenito, para argilito ou siltito, etc. Dessa maneira, os solos sio classificados de acordo com a seguinte nomenclatura: o elemento predominante é expresso por um substantivo e os demais por um adjetivo. Exemplo: areia argilosa é um solo predominantemente arénoso com certa porcentagem de argila. Existem varias classificagdes granulométricas utilizadas, com ligeiras dife- rengas entre si. As mais usuais sio as seguintes: Escala Granulométrica Internacional Areia fina | Site Argila 2mm 0.2mm 0,02 mm 0,002 mm = | Areia grossa Escala da ABNT (Associago Brasileira de Normas Técnicas) Pecregutho Acie gross nsnmuin | arse tne | ate | aot | 5mm 2mm 0,4 mm 005mm 0,005 mm Escala do M. 1. T. (Massachussets Institute of Technology) ae 2.0mm 0,06 mm 0,002 mm 96 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA 2. Andlise granulométrica O objeto da andlise granulométrica ¢ determinar a dimensfo dos graos que constituem um solo e a porcentagem do peso total representada pelos griios em Varios intervalos de tamanho. O método mais direto para separar um solo em fragdes € 0 uso de peneiras. Mas como a abertura da malha mais fina de peneira dispontvel na pratica € 0,07 mm (abertura da peneira 200), seu uso se restringe a and- lise de areia (finas, grossas e médias). O ensaio de peneiramento é feito tomando- se um peso P (cerca de 200 g) do solo e fazendo-o passar, com 0 auxiflio de vibra- ges, através de uma série de peneiras das quais se conhecem as aberturas das malhas. Sdo freqiientemente empregadas as seguintes peneiras: Apés o peneiramento, pesam-se as quantidades retiradas em cada peneira, peso P,, e calcula-se a porcentagem retida numa peneira pela relagdo: A Pp * 100 A vibragao dada as peneiras durante o peneiramento deverd durar no minimo 10 minutos e ter o sentido horizontal. Para isso se emprega uma mesa yibratéria. As particulas de solo que s4o por demais finas para serem recolhidas em peneiras, sio submetidas a andilise mecanica por via imida. Os métodos dessa andlise séo baseados na /ei de Stokes, que determina a velocidade com que uma particula esférica, de um determinado didmetro, cai em um lfquido em repouso. Para fins de engenharia, misturam-se em um litro d’égua de 40g a 60g de solo argiloso ou de 50g a 100g se o solo for arenoso, agita-se bem e derrama-se em um vaso. A densidade da suspensio é medida em intervalos de tempos, por meio de um densimetro de forma especial. Um dos principios fundamentais em que se baseiam essas andlises meca- micas diz que as particulas pequenas caem com uma velocidade constante na 4gua ou em outros fluidos. Essa velocidade constante é alcangada quando a resisténcia oferecida pelo fluido 6 igual 4 agdo da gravidade que atua sobre a partf- cula. A velocidade depende do didmetro, forma e derisidade da particula e da viscosidade e densidade do fluido, Para mostrar as relagdes entre esses fatores, desenvolveram-se numerosas expressdes matemiticas, baseadas em fundamentos empiricos ou tedricos. ELEMENTOS SOBRE SOLOS 7 Lei de Stokes Supondo-se uma tnica esfera caindo num meio aquoso de extensio infinita, apés os primeiros instantes de queda a esfera adquire velocidade constante (V) que é fungdo do quadrado do diametro (D) da esfera: 9.5. REPRESENTACAO GRANULOMETRICA DOS SOLOS A representagio gréfica dos dados obtidos nas medidas das particulas é um dos primeiros passos em uma andlise dos resultados de um estudo granulométrico. Um grafico nfo representa tio somente os resultados de um modo visivel, como também tem grande utilidade na comparacio de dados de um sedimento ou solo. No grafico da pagina seguinte, estdo representadas algumas curvas granulométricas de solos de Sio Paulo e Rio de Janeiro. 9.6. ENSAIOS DE SIMPLES CARACTERIZAGAO Os ensaios mais simples para caracterizagao preliminar de certas propriedades do solo consistem na determinacao em laboratério da umidade natural, limites de Atterberg ¢ da sua granulometria. a) Umidade natural Coleta-se certa quantidade de solo (cerca de 50g) num recipiente, sendo © conjunto pesado (peso P;). Em seguida, o conjunto é levado a uma estufa a temperatura de 105°C, devendo permanecer um perfodo suficiente para per- mitir a evaporagio da agua contida na amostra (cerca de 6h, embora o tempo varie com o tipo de solo). Em seguida o conjunto retirado da estufa é nova- mente pesado, obtendo-se o peso P,. Sendo o peso do recipiente P3, 0 valor da umidade serd: b) Granulometria (exemplificada anteriormente) ¢) Plasticidade Os solos de composi¢o arenosa podem ser identificados através das suas cur- yas granulométricas uma vez que, quando as curvas sio semelhantes, 0 comporta- (%) PORCENTAGEM QUE PASSA 8 [ visev | (ww) SOvuo SOd O¥L3MVIG (wu) ofor of Io 1o'o 100'o oot 68L9Se &€ Zz 68.9Se & Z 6ei9Gre 2 eez9Sr ¢ 2 $8295, nv -bvsdibdy °s | rH SYIG aN ae we n v ei 08 loz OMIBNVe] 30 DY 0. —~ of Z sigh: o9 Or os + os Or TTT ia | OWS 09 SVOYDBINVA rool of OL 02 ++ os ol | 06 8 > Or OF doz pel (WLSV) SVUISN3d SVG 3N ELEMENTOS SOBRE SOLOS 99 mento na pratica também 0 ¢. O mesmo nao acontece com as argilas pois além da dimensao das particulas, intervém também a sua forma. As formas dos minerais argilosos variam de acordo com o tipo de mineral presente, sendo os mais comuns as caulinitas, illitas e as montmorilonitas. De acordo com o tipo de mineral, a argila terd um tipo de plasticidade. Lembramos que plasticidade é a capacidade que possuem as argilas de se deixarem moldar em formas diferentes, sem variacdo do seu volume. A plasticidade depende do teor de umidade do solo. Assim é que, uma massa de argila seca se torna dura e ndo moldavel e se receber gradativamente pequenas quantidades de dgua, tornar-se-4 plastica, possibilitando sua moldagem. Contudo, toda vez que 0 teor de umidade ultrapassar um determinado valor, a massa argilosa passard a se comportar como um liquido viscoso. Esquematizando, poderemos representar linearmente essa experiéncia onde se definem dois limites de umidade entre os quais 0 solo é plastico. Sao conhe- cidos como Atterberg. Estados Sélido Semi-s6lido | Pléstico Liquido _h (%) LP LL LP = limite de plasticidade LL = limite de liquidez IP = indice de plasticidade A determinagao do limite de liquidez pode ser feita através de um pequeno aparelho provido de um recipiente de cobre ligado a um suporte a manivela, que fara com que o recipiente se eleve a uma altura constante de 1 cm, caindo em seguida contra a base. Coloca-se o solo no recipiente, abre-se uma ranhura, ¢ 0 giro da manivela faz com que a ranhura se feche gradativamente. Convencionou-se que a umidade correspondente a vinte e cinco golpes necessdrios para fechar a ranhura é o limite de liquidez. O limite de plasticidade ¢ determinado pelo célculo da % de umidade em que o solo comega a fraturar, quando se tenta moldar um cilindro de 3 mm de diémetro por 10 cm de comprimento. Nesse instante, determi- na-se a umidade do solo, obtendo-se o seu LP. 100 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA 9.7. TABELA RESUMIDA PARA IDENTIFICAGAO DO SOLO NO CAMPO Toe Propriedades Granulagio Plasticidade Compressibitidade | (carga estética) Idem (vibraggo) Coesiio | nenhuma média grande a pouca Resisténcia do Pouca a pin ae nenhuma média | grande 1. tato 1. tato 1. cor preta Resumo tato 2. seco, esfarela |2. plésticos, se | 2. pldsticos, para e 3. seco, desagre-| _ mothados mothado; ceracterizagio: visual gaquando —[3. seco nfo fibroso submerso desagrega BIBLIOGRAFIA: 1. VARGAS Milton — Mecanica dos Solos — D. L. P. — E. P. U.S. P. — 1968. 2. MELLO Victor F.B. ¢ TEIXEIRA Alberto H. — Mecénica dos Solos — Publicagdes nOS 3S e 94 - E.E.S.C. — U.S. P. — 1960 — 1963. Superficie de contacto entre um solo residual e uma camada de cascalho — Barragem de Ague Vermetha, Rio Grande. Camada de solo residual recobrindo rocha granitica fraturade, Rodovie Castelo Branco, Km 25 — Estado de Sio Paulo. 104 Matagdo de granito em solo residual. Rodovia Castelo Branco — Estado de S30 Paulo. Solo pedregoso am clima rido. Barra dos Mendes — Estado da Bahia. Solo coluvial de rocha granitica, Serra do Mar — Estado de Sao Paulo. Estagios de decomposicao de um granito, Debaixo para cima, rocha-si, placas de alteragdo e solo. Serra do Mar — Estado de Sao Paulo. B INVESTIGAGAO DO SUBSOLO | 13.1, OBJETIVO Os trabalhos de investiga¢do subterrinea sdo destinados a esclarecer as condigdes geolégicas de subsuperficie, ou seja, quais os tipos de rochas existentes © quais 0s seus elementos estruturais (linhas de contatos, fraturas, falhas, dobras, etc.). Por outro lado, a investigagao subterrinea é também importante na definigio de jazidas minerais. 18.2. METODOS A investigacdo das condiges geoldgicas de subsuperficie pode ser realizada através de dois métodes principais: a) Indiretos ou geofisicos — baseados na interpretagdo de certas medidas fi- sicas. b) Diretos ou mecdnicos — através da execug%o de perfuragdes ou sondagens do subsolo, \13.3, METODOS GEOFISICOS Os. métodos geofisicos constituem a Geofisica aplicada, ciéncia que tem por objetivo procurar as estruturas geolégicas que séo ou podem ser favordveis = 150 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA . para a acumulacdo de petrdleo, de dgua subterrinea e de depdsito de minérios, bem como definir os tipos de rochas ¢ as estruturas geoldgicas presentes no subsolo, para fins de projetos de engenharia civil, A pesquisa geofisica ¢ feita, observando-se na superficie do terreno ow mesmo no ar, por meio de instrumentos, cerfos campos de forca que podem ser tanto naturais, como produzidos artificialmente. A existéncia de certas anomalias no campo de forga sob investigacdo indica irregularidades relativas a certas propriedades fisicas do material. Porém, deve-se salientar que nao é possivel identificarem-se rochas e formagdes litolégicas com base apenas em propriedades fisicas. Juntam-se, aos dados geofisicos, informagGes geoldgicas. psa. APLICACAO DOS METODOS GEOFIsICos "Oseampos de atividade que mais se utilizam da geofisica aplicada, em ordem de importancia, sio: 1. exploragdo de petréleo, principalmente pelos métodos gravimérricos c sismicos. 2. prospecedo de minérios, pelos. métodos elétricos, magnéticos ¢ radioativos. 3. estudos para prospeccdo de dgua subterrénea ¢ investigagGes em projeto de engenharia civil sio um terceiro campo de aplicagdo continuamente cres- cente, onde os métodos mais usados sfo os de resistividade (elétrica) & 0 sismico, 13.3.2. PROCEDIMENTO m; " y aplicabilidade dos métodos geofisicos depende de um certo niimero de requisitos, considerados fundamentais; 1. O objetivo da investigacdo geofisica ¢ o estudo das diferentes propriedades fisicas das rochas. 2. Essas propriedades afetam em diferentes graus os campos de forgas naturais ou criados artificialmente (elétricos ¢ magnéticos). 3. O quanto esses campos de forca sdo afetados depende do tamanho, da massa e do arranjo dos materiais do subsolo. 4. Os dados obtidos nas leituras geofisicas si interpretados, ¢ suas variagbes sdo referidas como anomalias, que sio interpretadas em termos de proviveis estruturas geoldgicas, Em resumo, 0 procedimento € o seguinte: 1. Medir na superficie do terreno campos de forga, de acordo com o método usado, com © objetivo de detectar anomalias nesses campos. 2. Predizer a configuragdo dos materiais ¢ das estruturas geoldgicas subterraneas, causadores das anomalias. INVESTIGAGAO DO SUBSOLO isi 13.3.3. FATORES QUE AFETAM A PRECISAO DOS RESULTADOS DOS METODOS GEOFIsIcos. Na proxima tabela esto resumidos alguns fatores que interferem na preciso dos resultados dos métodosgeofisicos. Uns aumentam e outros diminuem a precisio. Fatores Favorivels {tandem a aumentar a procisio) 1. Comtrastes marcantes nss propriedsdes fisices das rochas @ solos presontes. Ex.: aluvie recobrindo granites. A valoeideds da onda siimice nos gra- nitos 6 de 12.000 pés/seg comparada com 2 600 pée/eeg dos sluvities. Ferores Desfevordvels ttendem a diminuir a preciso) » Pequena diferenca entre as proprie- dodes fisicas das diferentes comadas do subsolo. Ex.: a resistividade em certos talus (colavies) é em tora da 0 chm @ 75 chm. pé enquanto em fothethos 6 de 30 ohm a 50 ohm. pé. ‘Heterogencidade vertical @ lateral das camades, Ex.: Aluvides lenticulares. ‘Condicdes no uniformes podem inva- lidar 08 resultados. Superticie irregular do topo da ca- mada. 13.4. DESCRIGAO RESUMIDA DOS METODOS GEOFISICOS Na tabela que se segue, damos uma classificagfo dos métodos geofisicos, de acordo com os campos de forga de que fazem uso, e das propriedades fisicas utilizadas. Est também relacionado o campo de aplicagao de cada método. 152 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA 13.4.1. METODOS GRAVIMETRICOS wat Dé-se o nome de prospecgdo gravimétrica ou gravimetria 20 método de investigagao das estruturas geolégicas, através do conhecimento dos pormenores do campo gravitacional de uma dada regifo ou local. Quando as estruturas geoldgicas apresentam irregularidades na distribuicao lateral das densidades, criam-se distorgSes na forma da gravidade, as quais podem acusar sua presenga. Em todos os levantamentos gravimétricos, ¢ necessdrio conhecer as densidades dos corpos naturais. A densidade é uma propriedade caracteristica da matéria ¢ indica a quantidade de massa contida na unidade de volume. Nas rochas igneas, a densidade depende essencialmente de sua composi¢go mineralégica: quanto mais ricas em silica, tanto menos densas. Na pratica, a densidade das rochas igneas varia de 2,30 a 3,40. Nas rochas matamérficas, a densidade varia entre 2,40 a 3,55, sendo os valores mais elevados os das rochas basicas, e os mais baixos, os das rochas mais silicosas e xistosas. Finalmente, em relagZo as rochas sedimentares, vale assinalar que as de origem quimica apresentam densidades que variam pouco; nos calcdrios e dolomitos, de 2,70 a 2,90. Nas rochas sedimentares clasticas, a variacfo é muito maior, pois a porosidade, 0. yo Ge cimentaghe 9.8 cnmparenitp alteram profundamente o valor da densidade..~ Wh Princfpios fisicos fundamentais. A teoria da prospeccdo gravimétrica baseia-se na at Oe Nee (ae mse Foca Sesion) Sis partes massas mi, € m3) a uma distincia yutra: onde G é a constante universal da gravidade; no sistema C.G.S., seu valor & 6,670 x 10°*. A aceleragdo az adquirida pela massa m. por causa da aco exercida pela massa m, €: ¥ my A acelerago, sendo a forga que atua na unidade de massa, tem as dimensdes do campo de forga gravitacional. A unidade de aceleracdo da gravidade, entre os geoffsicos, é denominada gal (em homenagem a Galileu); corresponde a 1 cm/seg*. Na pritica, usa-se o miligal (mgal) = 1/1 000 gal. Campo gravitacional da Terra. © campo gravitacional da Terra varia de lugar para lugar. Seu valor depende dos seguintes fatores: da latitude, da elevagdo, dos efeitos das marés (efeitos lunissolar), da topografia ao redor ¢ da distribuigdo das densidades na Crosta, O interesse da prospecoio gravimétrica reside justamente nesse ultimo item. 152 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA. 13.4.1. METODOS GRAVIMETRICOS a Da-se o nome de prospec¢do gravimétrica ou gravimetria a0 método de investigagfo das estruturas geolégicas, através do conhecimento dos pormenores do campo gravitacional de uma dada regio ou local. Quando as estruturas geolégicas apresentam irregularidades na distribuico lateral das densidades, criam-se distorg6es na forma da gravidade, as quais podem acusar sua presenga. Em todos os lovantamentos gravimétricos, é necessdrio conhecer as densidades dos corpos naturais. A densidade é uma propriedade caracterfstica da matéria e indica a quantidade de massa contida na unidade de volume. Nas rochas igneas, a densidade depende essencialmente de sua composigdo mineralégica: quanto mais tices em silica, tanto menos densas. Na pritica, a densidade das rochas igneas varia de 2,30 a 3,40. Nas rochas metamérficas, a densidade varia entre 2,40 a 3,55, sendo os valores mais clevados os das rochas basicas, ¢ os mais baixos, os das rochas mais silicosas ¢ xistosas. Finalmente, em relagao as rochas sedimentares, vale assinalar qué as de origem quimica apresentam densidades que variam pouco; nos calcérios ¢ dolomitos, de 2,70 a 2,90. Nas rochas sedimentares clisticas, a variagdo é muito maior, pois a porosidade, o grau de cimentago ¢ a compactagio alteram profundamente o valor da densidade..~ / Principios ffsicos fundamentais. A teoria da prospecgdo gravimétrica baseia-se na Lei de Newton, que expressa a forga de atragao entre duas particulas (de massas m, ¢€ mz) a uma distancia r da outra; onde G é a constante universal da gravidade; no sistema C.G.S., seu valor € 6,670 x 10°*. A aceleragdo a; adquirida pela massa mm, por causa da aco exercida pela massa rm, 6: A aceleragGo, sendo a forga que atua na unidade de massa, tem as dimensdes do campo de forga gravitacional. A unidade de aceleragdo da gravidade, entre os geofisicos, é denominada gal (em homenagem a Galileu); corresponde a 1 cm/seg?- Na pritica, use-se o miligal (mgal)= 1/1 000 gal. Campo gravitacional da Terra. Q campo gravitacional da Terra varia de jugar para lugar. Seu valor depende dos seguintes fatores: da latitude, da elevagio, dos efeitos das marés (efeitos lunissolar), da topografia ao redor e da distribuigao das densidades na Crosta. O interesse da prospeccio gravimétrica reside justamente nesse dltimo item, INVESTIGAGAO DO SUBSOLO 153 Instrumentos de medio, Trés sfo os tipos de instrumentos usados para medidas de gravidade em prospecgao gcofisica: a) dalanga de torsdo, b) péndulo; ¢) gravimerro. ‘A balanga de torsio foi usada pela primeira vez nos Estados Unidos da América para a pesquisa do petréleo em 1922, Seu uso é muito reduzide hoje em dia. © péndulo foi utilizado mais intensamente pela companhia Gulf Oil Corporation, apés 1930. O mais moderno tipo de instrumenta é 0 gravimetro, usado pela primeira vez nos Estados Unidos da América em 1932, em investigacio para petréleo. Os gravimetros substituiram rapidamente a balanga de torsdo ¢ o péndulo. Desde que foram inventados, sofreram aperfeigoamentos que os tornaram mais precisos e mais portdteis. Nesses instrumentos, a aceleragao de gravidade ¢ determinada medindo-se a forga necessdria para equilibrar uma massa suspensa. Sempre que ocorrer uma variagdo na aceleragdo da gravidade, ocorrerd também uma acele- ragio no peso da massa suspensa, Essa alterago provoca um alongamento ou uma rotacdo do sistema, geralmente uma mola. (Os gravimetros sao instrumentos de alta preciso. Como muitas vezes a anomalia procurada é tio somente de 1 a 2 miligals, é necessdrio que esses instru- mentos tenham a preciso dessa ordem, isto é, 1 parte em quase 1 000 000 da gravidade total da Terra. Os modernos gravimetros podem aleangar a precisio de 0,1 mgal ou até mesmo alguns centésimos de miligals. Procedimento de campo Antes de se empreender um levantamento gravimétrico, é necessdrio examinar varios problemas, tais como © espagamento entre as estagdes, os meios de transporte, a precisdo desejada dos resultados, o levantamento topografico, além de muitos outros. Espacamento entre as estagdes. Num trabalho gravimétrico de reconhecimento em investigapdo para petroleo, as estagdes escolhidas, esto em geral a disténcias de aproximadamente 1 km entre si, ¢ so distribuidas numa rede de pontos ao longo das estradas € caminhos j4 existentes ou construidos especialmente para esse fim. A medida que se deseja detalhes, o espagamento ¢ diminuido para a metade ou um quarto da distincia adotada para o reconhecirento. Em prospecefo de minério, o espacamento das estag5es depende do tamanho pressuposto para o corpo de minério. Pode-se iniciar o trabalho com estagOes espa- gadas de 80 m, reduzindo-se depois para 40 m, 20 me até mesmo de 10 me Sm Levantamento topogrifico. E a parte do levantamento gravimétrico mais onerosa. Dependendo da preciso deseiada para os resultados finais. pode-se usar teodolitos ou altfmetros. E necessdrio lembrar que um erro de 0,1 m na altitude da estagHo produz um erro de 0,03 mgals no valor da gravidade. 184 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA Exemplos de aplicagao do método gravimétrico a) Domos-salinns, Os domos-salinus fornccem geralmente anomalias negativas. Foram muito pesquisudos no Golfo do México pelo metodo gravimétricu. A rocha-capa sendo mais densa, produz, ds vezes, um efeito gravitacional inverso na parte central du anomalia (ver Fig. 1). enn wmanwermes PG k= FEMI RaAWWETMICD TRAMEVERBAL 4 Ua poWO-AALine exeurwitien ‘b) Anticlinais, Sobre os anticlinais, a anomalia gravimétrica € positiva. Como em geral as densidades das camadas sedimentares aumentam gradualmente com a profundidade, pela mecanismo da compactag%o, nos anticlinais as camadas mais densas so levadas mais proximas a superficie. Nos sinclinais di-se 0 inverso (ver Fig. 2). i Penny snavul eee INVESTIGAGAO DO SUBSOLO 185 ¢) Configuragdo do embasamento cristalino de bacias sedimentares, Um levanta- mento gravimétrico levado a efeito no Jaguaré, na cidade de S40 Paulo, permitiu demonstrar a semelhanga entre o perfil gravimétrico e a configurac¢do topogri- fica do topo do embasamento cristalino naquela localidade, 134.2. METODOS MAGNETICOS Consistem basicamente na medigdo de anomalias do campo magnético terrestre ¢ na sua interpretagdo em termos de estruturas geolégicas provaveis. O método magnetométrico apresenta muitos pontos de semelhanga com 0 método gravimétrico. Ambos se relacionam com campos de forgas naturais, regidos por Icis fundamentalmente similares; dependem igualmente de propriedades intrinsecas das rochas:a densidade, na gravimetria ¢ a susceptibilidade magnética, na magnetometria. A principal diferenga reside na ordem de grandeza das anomalias medidas; em gravimetria, a anomalia pode atingir 10°* vezes o valor da gravidade normal; em magnetometria, o valor do campo andmalo pode superar o valor do campo normal. O método magnético é também mais complexo que o gravimétrico por causa da natureza bipolar do campo magnético. ~ ‘A unidade de campo magnético é o oersted, mas em Geofisica & freqiente 0 uso do gauss, unidade numericamente equivalente ao oersted. 1 gama corresponde al0-® gauss, A susceptibilidade magnética do vicuo é zero, Conseqientemente: # = 1. ‘Denominam-se materiais paramagnéticos aqueles que apresentam K positivo, ou « > 1, Sdo diamagnéticos os materiais que possuem K negativo, ou seja, usl. A susceptibilidade magnética € a propriedade fisica dos minerais e das rochas de maior importancia, quando se considera 0 método magnetométrico. Ela expressa 2 facilidade com que os materiais se tornam magnetizados, quan- do se encontram em um campo magnético, Rochas com valores de K mais elevados produzirfo anomalias mais intensas no campo magnético terrestre. Nao se estd considerando aqui a contribuiggo, por vezes grande, do magne- tismo residual das rochas, adquirido 4 época de sua formagdo (Peleomagne- tismo). Os valores de susceptibilidades magnéticas para um mesmo grupo de rochas variam muito. As rochas respeitam 2 seguinte seqiéncia, em ordem descrescente, de susceptibilidade magnética: sedimentos; gnaisses, xistos, arddsias; granitos; basicas intrusivas; basicas extrusivas. A tabela abaixo fornece os valores das susceptibilidades magnéticas das rochas ¢ ‘ninerais mais comuns. Os dados apresentados foram extrafdos de M. B. Dobrin (1952). 156 GEQLOGIA APLICADA A ENGENHARIA Tabsta da susceptibilidades magnéticas ee ee L. B. Slichter (1929) afirma que o magnetismo de muitas rochas pode ser atribuido a seu teor de magnetita. Exemplo: um granito, contendo 1% de magnetita, tera uma susceptibilidade igual a K (granite) = 0,01 « 300000 x 10-* = 3000 x 10-* 4 CGS Magnetisme terrestre. A existéncia do campo magnético terrestre foi reco- nhecida por diversos observadores, a partir de 1600. Um trabalho exaustivo sobre esse campo de forga foi feito por William Gilbert, que publicou os resul- tados de suas observagdes no livro “De Magnete”. em 1600. Afirmava que o globo terrestre ¢ um ima gigante. Para se poder estudar as anomalias magnéticas causadas por estruturas pouco profundas, é necessdério conhecer ¢ subtrair as largas variagdes no campo magnético terrestre. Elementos do campo magnético terrestre. Considerando F o vetor campo magnético, podemos considerar os componentes vertical (Z) ¢ horizontal (H). A declinagio magnética (D) é 0 Angulo formado pela diregio do meridiano geografico e a diregao do componente horizontal do campo magnético terrestre. A inclinagSo (I) € o angulo que o vetor campo magnético forma com a horizontal. Descrigdio do campo magnético da Terra. De um modo muito generalizado, o campo magnético da Terra se distribui como se fosse o campo de uma esfera magnetizada. Os pélos norte e sul magnéticos da Terra se localizam aproximada- mente a 18° de latitude dos pélos geogréficos; no sio diametralmente opostos, mas a linha que os une passa cerca de 1 200 km do centro da Terra. As linhas de forga se dispSem como ao redor de uma esfera magnetizada. O campo magnético terrestre apresenta variagdes complexas e irregulares, em latitude e em longitude e também no tempo. Mapas magnéticos. As irregularidades no campo magnético da Terra sdo bem evidenciadas nos mapas magnéticos, Ha trés tipos desses mapas; mapas isogonicos (mapas de contomno de igual declinagdo magnética), mapas de is6clinas (linhas de INVESTIGACAO DO SUBSOLO 157 igual inclinagio magnética) ¢ mapas de isodinmicas (linhes de igual componente vertical ou horizontal). Variaeio do campo magnético terrestre com o tempo. E muito pronunciada essa variagdo. Distinguem-se: variagtes seculares, diurnas e tempestades magnéticas. Esquema mostrando um perfil magnetométrico am érea com minério de ferro au roche bésica. 1} e200 COMPONENTE VERTICAL OIsTaNciAa YAZIDA DE MINERIO ou ROCHA BASICA 13.4.3. METODOS ELETRICOS " 13.4,3.1. Introdugio ‘A maioria dos métodos elétricos de exploragdo cnquadra-se nas diferengas ‘em resistividade ou condutividade elétrica dos materiais do subsolo. Os métodos elétricos baseiam-se no fato de as rochas e minerais possuirem diferentes condutividades elétricas. Alguns métodos se utilizam de campos elétricos naturais, como fonte de energia; outros, de campos elétricos artificiais aplicados 4 terra. Nesse caso, os campos podem ser produzidos por correntes continuas ou alternadas, - Os métodos elétricos se baseiam, portanto, nas condigdes elétricas encontradas no subsolo. Sabemos que o grau de resisténcia oferecido por um determinado mate- rial é passagem da corrente elétrica é conhecido comoresistividade desse material,¢ a facilidade relativa de um fluxo elétrico atravessar um condutor, como condurividade 158 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA relativa. No subsolo inexiste.a condigfo de condutividade ou resistividade clétrica uniforme, uma vez que as rochas diferem muito com respeito a essa propriedade. De modo geral a condutividade de uma rocha depende do seu contetido de dgua intersticial ¢ da quantidade de sais sohiveis. Assim as rochas secas, a 4gua doce, etc. so mis condutoras. A resistividade 6 medida em ohm - cm; 100 chm - cm =| ohm - em, A condutividade é medida em mho/cm; 100 mho/cm = | mho/m. Valores usuais de resistividade das rochas © pardmetro resistividade varia entre largos limites. As argilas possuem algumas dezenas de ohm +m; as rochas compactas, alguns milhares de ohm. m; as rochas alteradas, algumas centenas de ohm-m; os calcdrios, uma centena de ohm-m ¢ os aluvides, de 80 a 8000chm-m. . As rochas, na maioria dos casos, so mds condutoras. As argilas, por exemplo, que so relativamente condutoras, sf0 1 000 vezes menos condutoras que a pirita maciga ¢ 100 000 vezes menos condutoras que os metais usuais. A condutibilidade das rochas depende de diversos fatares, como por exemplo: i" = Volume de vazios ¢ fissuras) 9 powoatdats iz ‘Volume da rocha b) teor em égua: Se ¢) salinidade da 4gua contida nos poros da rocha. Esses fatores chegam a ser mais importantes do que a propria composigao mineralégica. 13.4.3,2, Tipos de métodos elétricos Os métodos elétricos tém larga aplicacdo na investigaco geolégica de sub- superficie, estudando a distribuigao interna das correntes elétricas por meio de~ medidas efetuadas na superficie do terreno. INVESTIGACAO DO SUBSOLO 159 As correntes circulantes podem ser nazurais ou artificiais, dos tipos continua, alternada, alta, média e baixa freqiiéncia, audivel ¢ de radio, O estudo da distribuigdo dessas correntes s6 pode ser feito indiretamente, através da medicdo dos campos de forga por elas criados, A variedade de campos ¢ o grande niimero de procedimentos empregados para medi-los tornam os métodos elétricos os mais diversificados dentre os métodos geofisicos. Classificapdo dos métodos elétricos da polarizego esponténes das correntes teliricas dos linhas equipatenciait do perfil de potencial do quociente ds queda de potencial 13.4.3.3. O método de eletrorresistividade a) Conceitos fundamentais O método da eletrorresistividade consiste essencialmente em determinar a difcrenga de potencial clétrico entre dois eletrodos centrais chamados “eletrodos de potencial”, conhecendo-se a intensidade de corrente aplicada ao terreno por dois eletrodos laterais denominados “eletrodos de correnre". O produto da resisténcia elétrica do terreno, calculada pela “Lei de Ohm”, por uma constante geométrica que depende apenas da posigo dos cletrodos, permite obter uma grandeza denominada “resistividade aparente” /y FIQURA 2 160 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA Conforme esquematizado na Fig. 2, a corrente elétrica | emitida por @ passa a circular entre os eletrodos de corrente A ¢ B, sendo medida sua intensidade pelo mili-amperimetro mA. Ao redor de A ¢ B formam-se campos ¢létricos, cujos ais sio normais as linhas de corrente, A diferenga de poténcia Vy — Vy & medida pelo milivoltimetro mV, ligado a0s életrodos de potencial M e NV. © produto da resisténcia j~ lS, 1 por uma constante geométrica que depende apenas das posigdes A, B, M,N, dard aresistividade do terreno, expressa pela formula geral: es 2a f Gr os by foo MA NA NB MB Igualando a expressio: Qn eee ekes TE MA NA NB MB Podemos elaborar tabelas de K para diferentes disposig6es de A, B, M, N, simplificando a expresso geral da resistividade para: = x pas eK Para terrenos isotrépicos ¢ homogéneos, o procedimento indicado fornece a resistividade verdadeira representada por p. Na natureza, porém, isso é extrema- mente raro, pois as camadas geolégicas apresentam heterogencidade ¢ anisotropia elétrica. Fala-se entZo em resistividade aparente pa. © conceito de resistividade aparente ¢ 0 mais importante no método de Para camadas estratificadas que possuem comportamenioelétrico anisotrépico, fala-se em resistividade longitudinal p ¢ resistividade transversal pr, conforme se considere @ propagacdo elétrica a0 longo dos planos de estratificagdo ou na directo normal a estratificagao. Para cada diregio considerada, existiré um valor pa, compreendido entre o valor méximo pt e o valor minimo p2. Para camadas isotropicas ¢ homogéneas, s6 haver4 um valor A resistividade aparente pa ¢ geralmente expressa em ohim + cm, ohm~+ mou ohm- m?/m, e em cada formagio varia influenciada por diversos fatores: — composigdo mineralégica da rocha ou solo; 160 GEOLOGIA AFLICADA A ENGENHARIA Conforme esquematizado na Fig. 2, a corrente elétrica I emitida por G passa a circular entre os eletrodos de corrente A e B, sendo medida sua intensidade pelo mA. Ao redor de A e B formam-se campos elétricos, cujos equipotenciais so normuis as linhas de corrente. A diferenga de poténcia Vy ~ Viy & medida pelo milivoltimetro mV, ligado aos eletrodos de potencial M ¢ N. © produto da resisténcia Vy — Vn T , por uma constante geométrica que depende apenas das posigdes 4, B, M,N, dard a resistividade do terreno, expressa pela formula geral: R= _ Ym - Yn 2m p= T : — =~ + Igualando a expressio: MA” NA * NB ~ MB Podemos elaborar tabelas de K para diferentes disposigdes de A, B, M, N, simplificando a expresso geral da resistividade para: = Para terrenos isotrépicos ¢ homogéneos, o procedimento indicado fornece a resistividade verdadeira representada por p. Na natureza, porém, isso é extrema- mente taro, pois as camadas geoldgicas apresentam heterogencidade e anisotropia elétrica. Fala-se entao em resistividade aparente pa. © conceito de resistividade aparente ¢ o mais importante no método de eletrorresistividade. Para camadas estratificadas que possuem comportamento elétrico anisotrépico, fala-se em resistividade longitudinal p2 ¢ resistividade transversal pz, conforme se considere a propagacfo elétrica ao longo dos planos de estratificagao ou na diregao normal a estratificacio. Para cada diregHo considerada, existird um valor pa, compreendido entre 0 valor m4ximo pt ¢ o valor minimo pX. Para camadas isotrépicas e homogéneas, 36 haverd um valor p= pa = pr = pe A resistividade aparente pa ¢ geralmente expressa em ohm - cm, ohm- mou ohm - m?/m, ¢ em cada formagao varia influenciada por diversos fatores: — composigao mineralégica da rocha ou solo; INVESTIGACAO DO SUBSOLO 161 — estruturas e heterogencidades da rocha; — % de agua; — %ode sais dissolvidos;, — grau de alteracao da rocha; — grau de compactagao do solo; — porosidade e permeabilidade. b) Principais procedimentos e arranjos do método Os procedimentos mais utilizados sfo a “Sondagem Elttria” ¢ o “Perfil de ‘Na Sondagem Elétrica, procede-se 4s medigSes no centro do arranjo, que é a estagZo de observagdo, 4 medida que se aumenta o espagamento entre os ele- trodos. A profundidade investigada é fungdo desse espagamento. No Perfil de Resistividade, conserva-se o espacamento entre os eletrodos, sendo 0 arranjo movido de estag3o a estagdo, Em cada estado ou local de leitura, mede-se a resistividade para uma profundidade praticamente constante. Conforme representado na figura, existe o arranjo “Wenner” e€ 0 “Schulumberger”, que utilizam 4 eletrodos em linha, dispostos simetricamente em relago a um ponto que 6 o centro de observagio elétrica. Em ambos os casos, aumentando a distancia entre os eletrodos, aumenta-se a profundidade de inves- tigagdo. No arranjo “Wenner”, os 4 eletrodos mantém-se equidistantes; no arranjo “Schlumberger”, os eletrodos laterais se deslocam, ¢ os eletrodos centrais perma- necem muito préximos do centro. uso fw 8 ARRANJO SCHLUMBERGER FIGURA 3 162 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA ¢) Utilizagdo « limitagdes do método da eletrorresistividade © método tem larga aplicabilidade nos campos de Engenharia Civil, Hidrologia e MineragZo. Podemos resumir suas aplicagOes mais importantes como as seguintes: — Estudo geolégico de tragados rodovidrios ¢ ferrovidrios; ~ Resolugdo de problemas estratigraficos ¢ estruturais; — Determinagdo da espessura ¢ profundidade de aluvides aqifferas; — Pesquisas de dreas de material de empréstimo; — Determinagao da espessura de solo em pedreiras; — Prospecefio de corpos de minérios; — Problemas de fundagdes em geral; — Determina¢go do contacto agua doce-dgua salgada, em zonas de praia. A condig&o essencial para que uma camada seja detectada pelo método da eletrorresistividade € que ela possua espessura considerdvel e bom contraste de resistividade em relagdo as camadas vizinhas. As camadas, para serem detectadas, devem possuir espessuras crescendo em Progresso geométrica com o aumento da profundidade. Isso ¢ devido as caracte- risticas proprias dos graficos bilogaritmos onde sfo plotados os dados de campo ¢ construidas as curvas de resistividade aparente. Assim, as camadas delgadas super- ficiais podem ser detalhadas, enquanto camadas profundas relativamente mais espessas podem no ser detectadas. SucessGes de camadas de resistividade sempre crescentes ou sempre decres- centes nio sio favordveis a aplicaggo do método, Camadas finas, eletricamente resistentes, colocadas entre camadas condutoras. mesmo apresentando bom contraste de resistividade, podem no ser detectadas, dependendo da sua profundidade. O mesmo ocorre para camada condutora delgada, entre camadas eletricamente resistentes, Em regides estratificadas horizontalmente, em que a anisotropia elétrica das camadas aumenta progressivamente, se ocorrer um estrato espesso ¢ resistente abaixo dessas camadas, ele bloqueard 2 passagem da corrente elétrica. Nesse caso, © método determinard apenas o topo desse estrato, nfio penetrando até a sua base. A precisgo dos resultados de um levantamento clétrico dependera da quali- dade dos dados geolégicos de superficie ¢ subsuperficie, de que se disponha para correlacionar as medigdes efetuadas, U método de cletrorresistividade, como qualquer método geofisico, nao prescinde do apoio da geologia nem elimina a necessidade de sondagens dos tipos percussio e rotativa, Deve ser encarado como um auxiliar eficaz e¢ eco- nomico, na resolugao de problemas especificos, permitindo reduzir bastante o niimero de sondagens diretas, mais caras ¢ demoradas. A seguir, um exemplo de aplicagiio da geofisica na Rodovia dos Imigrantes, que liga Séo Paulo a Santos, uma das mais modernas do Brasil. Seu tragado inelui numerosos tiineis e yiadutos, por atravessar a Serra do Mar. INVESTIGACAO DO SUBSOLO 163 De acordo com o gedlogo J. G. Machado Filho, foram executados testes de campo, visando a estabelecer o método geofisico mais indicado as condigoes geoldgicas da regifio. © método sismico foi eliminado, apds um teste efetuado com o “MD-1 Engeneering Seismograph”, da “‘Soiltest”, por nfo ter apresentado resultado satis- fatério. Isso ocorreu devido 4 mé relagdo sinal-ruido existente na drea, ou seja, © sinal da percussiio do martelo era fraco e 0 rufdo devido a corredeiras, ventos ¢ outros era alto, mascarando o registro. Para aumentar o sinal ¢ tentar melhor resultado, seria necessério 0 uso de explosivos. Resolveu-se optar pela eletrorresistividade apés uma experiéncia com este método. A extrema umidade da regio facilitava a propagacdo da corrente elétrica, nao influindo os fatores negativos que afetam o método sismico. d) Apareihagem utilizada Resistivimetro “Terrameter” —fabricado na Suécia pela “ABEM Geophysical Instrument”. Caracterfsticas gerais: — Uma unidade geradora de corrente alternada de muito baixa freqiéncia, pesando 8,2 kg ¢ com dimensdes de 36 cm = 21 cm x 15 cm; — Uma unidade provida de potenciémetro para medir resisténcia elétrica, pesando 6 kg e com dimensdes de 36 cm = 21 cm x 15 cm; — Tensdo de saida do gerador até 400 V; — Fonte de alimentagao: 12 pilhas comuns de 1,5 V; Leituras de 0 ohm a 10 000 ohm; — Sensibilidade melhor que 3% até 0,01 ohm; — Alcance miximo de investigagao, da ordem de 600 m de profundidade. Resistivimetro “R-50" — fabricado nos E.U.A. pela “SOILTEST Inc.”. Caracteristicas gerais: — Uma caixa pesando 14 kg, com dimensies de 50cm x 26cm x 24cm, contendo a unidade geradora, de corrente continua e um milivoltimetro numa unidade destacdvel; — Tensio de safda do gerador até 750 V; ‘— Corrente normal para operagdo: 100 mA. Maxima de 150 mA; = ioe de alimentagSo: 2 conjuntos de baterias recarregaveis totulizanda — Leituras até 100 mV; — Sensibilidade melhor que 3% até 0,5 mV; — Alcance maximo de investigacdo, da ordem de 300 m de profundidade. 164 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA Foram ainda testados 08 resistivimetros americanos “R-30 Soiltest” e “Vibro- Ground Associated Research”. Esses aparelhos, de baixa poténcia ¢ sem compen- sador de correntes parasitas, mostraram-se inadequados para o trabalho em questi. As resistividades aparentes médias, encontradas na drea estudada, situaram-se geralmente entre os seguintes valores: — Solo residuo-coluvial........ 400 a 1 200 ohm = m — Talus de gnaisse.......00.005 1700 2 2500 ohm + m — Solo de alteragiio de gnaisse..... 1 200 a 2.600 ohm + m — Solo de alteragio de xisto .....- 1.000 a 1 800 ohm - m SBOE apni REE S 2.000 2 2400 ohm - m — Gnaisse 0 eee ce eee aieee 3000 ohm +m Observa-se que, para cada formagdo, existe uma gama de variagdo para os valores de resistividade aparente. Esses valores sofrem ainda maior variagao, depen- dendo da umidade da formagdo considerada. Assim, o xisto cuja resistividade aparente varia de 2 000.chm a 2 400 ohm + m quando seco, atinge, quando saturado d’égua, valores inferiores a 1000 ohm-m, podendo chegar a 300ohm ou 200 ohm - m, De maneira igualmente notével, o talus de gnaisse, quando saturado, atinge valores inferiores a | 800 chm + m. O mesmo fenémeno de queda de resisti- vidade ocorre para os solos de alteragdo, com o aumento da umidade e, de maneira menos acenituada, com o aumento da porcentagem de material argiloso. jaune CE RCZARE™ CSsxo ELAS INVESTIGACAO DO SUBSOLO 165 Do exposto acima, devemos concluir que uma sondagem elétrica isolada tem pouco significado, pois um mesmo valor de resistividade pode corresponder a varias formagbes geolégicas. A interpretagdo das sondagens elétricas deve ser feita em conjunto. © trabalho de prospecg%o elétrica, ao longo do trecho de serra, permitiu obter dados suficientes para a elaboragdo de secgGes geolégicas, mostrando os diversos tipos de solos assentados sobre o embasamento cristalino rochoso. © grifico da pagina 164 (segundo A. Davino) mostra curvas tipicas de tesistividade nos seguintes materiais: (1) aluvifo sobre gnaisse, (2) gnaisse ¢ (3) xisto. 13.4.4. METODOS sismicos O desenvolvimento desses métodos comegou em 1761 com Mitchall, que achava que as ondas sismicas caminham através da Terra como ondas eldsticas. Tentou determinar, por grafico representando tempo x distiincia, o local de origem de terremotos. Na guerra de 1914-1918, os ingleses desenvolveram métodos baseados na propagagao de ondas eldsticas no ar ¢ os alemies, de propagagdo na terra, na tentativa de localizar os grandes canhdes. Em 1923 o método ¢ aprimorado por Mintrop, e é iniciada a pesquisa de petréleo no Texas, USA. ‘Os métodos sismicos so amplamente empregados na investigagao de estruturas subterraneas (dobras-falhas), nos projetos de barragens, estradas, etc. Os métodos sismicos utilizam duas caracteristicas importantes dasformagbes rochosas: 1. A velocidade de propagacdo de ondas elsticas, que varia de acordo com o tipo de rocha. A velocidade depende das propriedades elésticas do material. Exemplos de velocidade de propagagso em rochas: 2. Os limires (contatos) que separam tipos diferentes de rochas refietem e refratam parte da energia das ondas eliisticas. A velocidade de propagagao das ondas eldsticas é afetada por certos fatores, de acordo com a litologia estudada, ‘ou seja, de acordo com a origem da rocha. Por exemplo: a) Em rocha magmdtica 4) A velocidade decresce com o aumento em silica na rocha e assim, a yelocidade ¢ menor em granitos do que em basaltos. b) Em rocha sedimentar b,) A porosidade e o grau de decomposiggo diminuem a velocidade. b;) A Compactagio ¢ a cimentagdo aumentam a velocidade. 166 (GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA b) Sedimentos clasticus (arenitos, conglomerados) tém velocidade menor do que sedimentos quimicos (calcdrio). ¢) Rocha metamérfica Apresenta, o fenémeno da anisotropia eldstica, onde a velocidade de propa- wee é a mesma em todas as diregdes. A velocidade é maior na diregio da xi jade. " ROCHA METAMORFICA x Instrumentagao utilizada © método sismico tem o seguinte desenvolvimento: criagdo de uma fonte de ondas eldsticas por meio de explosdes ou choques mecanicos. Essas ondas se propagam através das rochas, até sofrerem reflexdo e refragdo num horizonte que separa 2 tipos de rocha. As ondas voltam em sentido contrario até a superficie do solo. As ondas sfsmicas podem ser comparadas em muitos aspectos as ondas lumi- nosas, pois sofrem propagagdo, reflexdo e refragio. Os instramentos empregados no método sismico sio, resumidamente, 03 seguintes: a) Geofone: € um pequeno dispositive de 10cm de comprimento ¢ Scm de diiimetro, destinado a transformar a energia mecanica refletida no subsolo em energia elétrica. b) Amplificador eletrénico: ¢ destinado a ampliar as fracas correntes ¢létricas geradas pelos geofones. ¢) Camara com papel fotogrdfico: tem o objetivo de registrar as correntes elétricas amplificadas. Uma faixa de papel super-sensivel desfila diante de um raio luminoso, ¢ as ondas sdo registradas. neoigrne size INVESTIGAGAG DO SUBSOLO 167 Os métodos sismicos séo de dois tipos e variam ligeiramente segundo o principio utilizado, de reflexdo ou de refracdo das ondas elisticas. Suas dife- rengas fundamentais: Reflexéo Refracéo Namero de furos 7 1 Profundidade de carga 18m 18m ras et determinar as diferentes determinar a pasigéo do camadas presentes embasamento cristalino eae da explosdo a0 natin 50 - 360m 1000.2 2.000 m i) método sismico que utiliza explosdes é usado no Brasil somente em pesquisas de petréleo. Nos EUA e Europa, seu uso na Engenharia Civil ¢ intenso. Em 1965, foi introduzido no Brasil, pelo Comité de Estudos Energéticos da Regido Centro-Sul, 0 método sismico de refragao portatil, conhecido como “Terra: Scout”, atualmente empregado com intensidade. O método emprega os mesmos principios descritos, quando se aplicam explosGes, porém os instrumentos sdo portateis ¢ mais simples, constando de: um tubo de raios catédicos (oscilos- <6pio), um geofone, 60m de fio e um martelo pesando 7 quilos (ver esquema w seguir). AMADA 1 cAMADA & ‘O tubo de raios catédicos permanece fixo, e 0 martelo provoca impactos no solo de 3m em 3m. © tempo de percurso da onda é lido diretamente em milisegundos num botio graduado existente no tubo de raios catédicos. Assim, para cada distancia ou local de impacto, temos um tempo de percurso da onda. 168 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA Dessa maneira, é possivel a construgdo de um grafico tempo x distancia. Unindo-se os pontos desse grafico, obtém-se retas de velocidade. O grifico exemplifica o exposto. PERCURSO DA ONDA DE SESUNDOS DISTANCIA EM PES Vie Ve om Pes /seg E comum a existéncia ou aparecimento no grafico tempo/distancia, de mais de duas retas de velocidade. Existe uma relagdo direta entre cada reta de velocidade com um determinado tipo de camada e com seu limite com as demais camadas. Distancia, INVESTIGAGAO DO SUBSOLO 169 A determinagio numérica da velocidade é feita através de dbacos transpa- rentes, colocados sobre o gréfico tempo x distdncia. As leituras de velocidade ‘sdo diretas, nesses abacos. Aoaco 98 VaLociDAoE Paraa aplicagav uv avery aucerur na coustrugao do grafico tempo x distancia, deve-se usar EV, onde 1 poleg. = 10 miliseg ¢ EA onde | poleg. = 20 pés. Este método foi usado, por exemplo, na Barragem de Agua Vermelha no Rio Grande, divisa de Sdo Paulo ¢ Minas Gerais (Cachoeira dos [ndios) permi- tindo a descoberta de uma depressfo na drea das fundagdes. Possibilitou também cubar ¢ selecionar as dreas de empréstimo, evitando os gastos em furos ¢ trado, pocos e sondagens. A tabela de velocidade mostrou que o solo de basalto (terra roxa superficial) possufa 900 pés/seg. O mesmo material em maior estado de demonstrava velocidade entre 900 ¢ 2 O00 pés/seg, aluvido, em torno de 100 pés/seg, basalto decomposto, de 2000 a 4.000 ¢ basalto so, maior que 4000 pés/seg. Assim, de acordo com a velocidade obtida, podia-se classificar o material existente. O método é rdpido, barato e exige somente um operador e dois auxiliares. O desenho exemplifica parte dos trabalhos no Rio Grande, Barragem de Agua Vermelha. 170 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA 13.5. DESCRIGAO DOS METODOS DIRETOS A Os métodos diretos le investigagfo sfo aqueles que se utilizam da extragio de amostras dos materiais existentes no subsolo. Pad 13.5.1. OBJETIVOS "Os objetivos dos métodos diretos de investigagdio do subsolo so virios: 4) Mapeamento geolégico do subsolo A coleta de amostras de rochas permite a classificagéo dos diferentes tipos de rochas situados abaixo da superficie, possibilitando a definigdo de litologia (tipos de rochas) e dos elementos estruturais (posigao das camadas: horizontais, inclinadas, verticais, dobradas, etc. — linhas de fraturas ¢ falhas — ete.). b) Extragdo de matérias-primas Determinadas substancias minerais de importéncia vital para o homem sio retiradas através de furos de sondagens. Os exemplos mais comuns so a obtengdo de dgua subterrdnea para a inddstria e agricultura, extragdo de petréleo ¢ gas natural, enxofre (Golfo do México), sais sohiiveis de magnésio, potéssio, etc. ¢) Outros fins z Em rebaixamento do lengol fredtico, ventilagfo de minas, etc., sdo usadas sondagens, que fazem parte dos métodos diretos de investigagiio. 13.5.2. TIPOS Por ¥. Os principais tipos de métodos diretos séo: a) Manuais 1. Pogos 2. Trincheiras 3. Trado manual simples 4. Sonda “empire” b) Meciinicos 1, Sondagens a percussio ‘2. Sondagem a jato d’dgua 3. Sondagem rotativa, com extragdo de testemunho 4. Sondagem rotativa, sem extragao de testemunho INVESTIGAGAO DO SUBSOLO 171 ‘43.6. METODOS DIRETOS PARA INVESTIGAGAO DE SOLOS Sdo subdivididos em manuais e mecanicos. 13.6.1, METODOS MANUAIS a) Abertura de pocos e trincheiras Esses elementos permitem o exame das condig6es de fundagGes, dos locais provaveis para areas de empréstimo ou pedreizas, nos casos onde as condigdes do manto de decomposig#o (solo) e da 4gua subterranea permitirem sua escavagfo. Os pogos além de permitirem, por meio do exame ao longo de suas paredes, uma descrigao, detalhada das diversas camadas do subsolo, permitem ainda a coleta de amostras deformadas e indeformadas para a execugio de ensaios de laboratério. A profundidade do pogo ¢ mwitas vezes limitada pela presenga do Iengol fredtico, No Brasil esses pogas so abertos manualmente, com o auxflio da pa, picareta, balde e sartilho. Deve-se fazer a descrigfo minuciosa e detalhada das paredes do pogo, bem como a coleta de amostras, toda vez que ocorrer a mudanga nas caracterfsticas do material. As trincheiras sfo usadas para se ter uma exposi¢#o continua do subsolo, ao longo, por exemplo, da secgao de uma barragem, de freas de empréstimo, de locais para pedreiras, etc. Sdo relativamente rasas ¢ se prestam melhor para topo- grafia semiacidentada. Usualmente as trincheiras sfo abertas por meio de escavadeiras. Os dados coletados ¢ observados nas trincheiras so colocados em escala vertical, de modo a fornecerem o perfil geolégico do local. Exemplo: CASCALHO CASCALHO ARGILA ARGILA ‘b) Trados Representam o meio mais simples, répido e econdmico para as investigagdes preliminares das condicdes geolégicas superficiais. Constam, essencialmente, de uma broca de 2 1/, 4 ou 6 polegadas de didmetro, ligada a uma série de canos de 3/, de 172 GEOLOGIA APLICADA A ENGENHARIA polegadas de didmetro ¢ 2m de comprimento, ¢ ter- Traoo minando em forma de T. Esse método nio funciona em zonas de materiais compactados ou endurecidos ou quando .o lengol fredtivo ¢ atingido. Neste caso, em camadas arenosas, ocorrem desabamentos das paredes do furo, ¢ a broca pode ficar presa. As amostras de sondagem a trado so coletadas a cada metro, 4 medida que avanca o furo, anotando-se as profun- owe didades em que ocorrem mudangas do material. O operador também deve reconhecer as diferentes camadas de solo. As amostras so colocadas em sacos de lona com etiquetas indicativas do nome da obra, local, mimero do furo e profundidade de coleta. Quando for necessério deter- Luva minar a umidade natural do solo, deveriio ser coletadas amostras em vidros ou recipientes de plastico com tampas herméticas ¢ seladas com parafina. A descrigio geolégica das sondagens a trado deve ser feita logo apés sua conclusdo, no prdprio local ao fim de cada dia, para evitar o ressecamento do material. Os resultados de cada furo podem ser apresentados na forma de perfis individuais ou de tabelas, sendo o procedimento normalmente adotado para dreas de emprés- timo. Em geral, neste caso, indicam-se também os resul- tados dos ensaios de caracterizagdo, executados em labora- BROCcA trio sobre as amostras coletadas, As sondagens a trado podem ser executadas também mecanicamente. Equi- pamentos mecinicos ndo sfo fabricados no Brasil ¢ existem poucos disponiveis, ‘Os trados manuais atingem com facilidade 10 m de profundidade, podendo alcangar até 30m. Para furos com mais de 5 m, a utilizagdo de uma vara como Suporte para apoio das hastes, quando retiradas do furo, facilita o trabalho. A velocidade de avango reduz-se consideravelmente com o aumento da pro- fundidade. Furos até Sm podem ser feitos em menos de duas horas, enquanto ‘sao necessirios dois dias de trabalho para a perfuragdo de um furo com 25 m. ‘A perfuragdo manual ¢ feita com dois homens que giram a barra horizontal de um T ligada a hastes verticais, em cuja extremidade encontra-se a broca. A cada 5 ou 6 rotagdes executadas, forgando-se o trado para baixo, é necessdrio retirar a broca para remover o material acumulado. Normalmente no se empregam tubos para revestimento de furos a trado. Os equipamentes necessirios aos trados manuais sdo: hastes de ferro ou meio ago, de '/," ou */,", com roscas e luvas nas extremidades e extensbes de 1,0; 2,0 ¢ 3,0m; brocas: barra para rotagdo e luva em T; duas chaves grifo de 24"; sacos ¢ vidros de amostra; etc. Existem varios tipos de broca. Os mais comuns sio: trado cavadeira cm espical. Uma variante do trado cavadeira, com pequena ponta em INVESTIGACAO DO SUBSOLO 73 espiral, é a de uso mais freqtiente ¢ de maior rendimento. Os diametros variam de 1" a 20”, usando-se normalmente 4”. A broca tipo cavadeira fornece grande quantidade de amostras, mas niio recupera materiais inconsolidados. Neste caso podem ser adaptados amostradores com abertura lateral ou outros, utilizados em sondagens a percussao, As sondagens a trado estio sujeitas a limitagdes que restringem bastante seu uso. O trado niio consegue atrayessar cumadas de seixos, mesmo com ¢spessura pequena, da ordem de Scm. Um matacio, com didmetro de 10 cm, é também ‘suficiente para paralisar a sondagem. No permitem ainda a escavagao abaixo do nivel d’égua, exceto tratando-se de material bem consolidado. No caso de areias inconsolidadas, mesmo acima do nivel d’égua, a progressdo pode se tornar diffcil ou impossivel, pela n@o recuperagdo do material escavado. Estas limitaces, entre- tanto, nfo impedem seu uso intenso em pesquisa de dreas de empréstimo de solos. ¢) Sonda “empire” £ um trado de maior capacidade de penetracio, usado em terrenos onde a compactagdo ndo permite o uso do trado manual e seu alcance é de 30m de profundidade ou mais. Consta de um encanamento oco onde se prende, na extre- midade inferior, uma coroa de ago ou tungsténio. A outra extremidade estd presa num sistema de flanges e a uma plataforma de madeira, na qual ficam dois ou trés openirios, ¢ onde se estende um brago de madeira em que se atam dois animais, A broca vai penetrando pelo movimento rotatério dos animais, auxilindos pelo peso dos operdrios sobre a plataforma. Dentro do tubo oco vai um trado manual, também oco, que possui uma esfera mével na extremidade inferior para poder prender o material inconsolidado na retirada, A penetragdo desse tipo de sonda é limitada pelo atrito que delimita o fim de operagia. Seu custo é baixo, e no Brasil Seu uso estende-se principalmente 4 minerago. ‘13.6.2, METODOS MECANICOS peru 13.6.2.1. Sondagem a percussdo Para a execugio de uma sondagem a percussdo, é necessdério apenas um tripé de metal ou madeira, um pequeno tanque para 4gua (geralmente um tambor de 200 litros), tubos galvanizados de avango e de ago para o revestimento (ver figura @ seguir). O inicio dessa sondagem ¢ feito através de um simples trado, até se encontrar © nivel d'dgua. A partir desse ponto, aparece a possibilidade de desmoronamento das paredes do furo, principalmente em solos arenosos. Dessa maneira, é cravado por meio de batidas, através de um peso, um tubo de revestimento de ago com @ interno de 2” ou 2 '/,”, E claro que o trado avanga somente até certo ponto, onde a resisténcia do terreno permite. Desse ponto, a sondagem pode prosseguir pelo método de lavagem, que consiste em se colocar. dentro do tubo guia, um tubo de @ menor (quando o

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