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ESTADO E TEORIA POLITICA Martin Camoy contronta nesta obra duas concepeées de Estado — antagdnicas e fundamentals ~base da maoria dos estudos @ andlises em teora poiica: a perspective liberal clissca, de raizes burguesas, © seus desdobramontos, @ 2 vido manssta ~ que op6e a concep do Estado do bem- ‘comum & erica da natureza de classe do poder estatal. 0 autor faz um histérco desta segunda abordagem, dos clas- sicos do mandsmo & continuidade ea upturarepresentadas por Gramsci, alé aingir 0 ceme do debate contemporaneo sobre 0 papel do Estado Encontra-se ai uma contibuiglo essencial & compreensio das relagbes entre sociaismo e democracia que instiga a reflexio sobre o futuro da tora politic. sill PAPIRUS EDITOR CAPITULO 2 MARX, ENGELS, LENIN E 0 ESTADO os Unidos. apresertados na Intodugio v esse tabulho — o sempre crseeate tocial € eeondmico do governo nas economist moder: us, neuindo as demecracaseaptalitasocidenti, um tnvolvimenio que petmela os servos sodas, o emprege, of mse fe comunicagto e mesmo a propria produgdo — para es marxistas ovidentis, © segunda metode” Jos ance 50 macau 0 fin do sali smo 0 inicio do fim da guerra fia. Ease degelo preseaciou 0 co rego de'um periodo no gual os partidos comunisasosientis dese- brocharam inelectulmente © puderam mostrar indspendencla frente 4 Unio Sovdica, enquanto uma aber represtio sntimarista se sMrouxava nos Estados Unidos. A diminuigio deses dois contoles sobre © pensamentonmarxsta permitin o”florescimento de tcoria ‘arnt ocdenal, numa época de crescent envlvimento do Estado « resceme partisipago eleitoral por parte dos partidos politicos de queda, uma parcipagio poica que tnka sido suprimida pela sseensio\do fascismo © Segunda Guerra Mundial Taso no quer dizer que essa partcpasio fose pare de wma nova" politica ou que o intrese ‘marrite pelo Estado comeyaste no periodo do pésquera. Os sccialdemocratas ales, desde 0: ‘nce de 1890, sb a lideranga de Karl Kautcy,atingiram nivel ig nifativs de Torgaeeitorals ponto de pense que pode stu. Ime o poder do Estado por meloseleltorls. Na vrdade, Engels esteve lnelinado a conferir aos social democratar uma posgio “especial” no bojo da teora revoliconiia Podemes conar hoje com 2 milhoes © 250 mil elitores Se as coias cominuarom desta mancra, até 0 fim do sé 6 (Engels, 1895, em Tuker, 1978, 571) 7 No entanto, dom 0 sesso da Revol “nista do Estado e da revlugio que acabou per damings ¢ #eot tk marisa, e age le coisa eae “ceto pela notivel excesao de nt inguestonaden ou, suando Qusionnas, repam en cio dos anos 60, Portanto, a base teGrica das primeiras estatgig cialdemocrdticas alemds, estratégias essas talvez muito mais Poe’, tes para os partidos de esquerda nas economias industriais avangejan, tunes fo desevolvde, cnbora we manifeate i vee oh politico da Europa ocidenal (na Frente Popular, da Fran, por ae Plo). Meamo o trabalho de Gramsci foi suprinido pele comtinary de fascism e sllinismo de tal forma que, embora o propio Grane fosse eanonizado pelo Partido Comunista Haliano (PCD, no peso de pée quer, ses etree frum manila ow wc. Vine reine anos aps 6 fim da ger, © PCI ni tna fo una edge critieg séria de sua obra (Anderson, 1976, 40). eave ei ‘qr nig importante reforgar que © caréter Unico da revolugio ruse (& primeira vitéria comunista) conferiu um lugar de desteque © Lexin € @ Stalin, no pensamento marxist, a ponto de excluir 0 trabalho teérico (e pritico) que o desviou da linha russa. Apesar das trgis consequgncias que isso teve para os partidos comunisas¢ seis do Ocidente, nas décadas de vinte © trinta, foi somente a partt fim dos anos 50 que essa influéncia comegou a diminuir. Como cm seqiléncia, muitas das questOes poiticas mais sérias, de um pon vista marxista, nfo foram disctidas até as décades de 69 ¢ 10S ‘que a classe operdria permanece “1 i econdmica? Quais sfo as ceracteristi a] 64 Nas dus hima décdes, esas guess cntralizaram o abate 0 motte dee eno trata de sev deemvavimento na Esrope, Sc Eunos Unidos eno Terese Mando. Todavie embora defen ro Ge pnts de visa de Mars, Engels expecilment de Lenin ‘Reels putea eo Evado am incomplete, efoto € que es rece rake munis tem sos rls nesses pimeiostrabalos F, .Saponant vltar aces pars compreender tatoos fondamentos Fe oncepte marina de Exod (os gs permanecem, de uma for oer se nay na pesquisa stoal como © desacordo ete or anal tus moritae conteporineos Uma vez que Marx no desenvalveu uma vinica e coerente teors a politica e ou do Estado, es conceppbes marxistas do Estado devern Ser deduzidas dae critcas de Marx « Hegel, do desenvolvimento teoria de Marx sobre a sociedade (incluindo sus teoria da economis police) © de suas andlises de conjunturas histricas especiticas, tis oma: a revolugio de 1848, na Francs, ca ditadura de Luis Napoleio, fu a Comuna de Paris de 1871. Além diso, emos a obra mais recente de Engels (( 1884] 1968) e O Estado o a Revoluedo, de Lenin (1917) 1965). A variedade de inerpretagGes possveis, bascads nesas fontes diterentes, levou a um debate considervel, indo de uma posigso que defende a visio leninista Aquelas que vem uma teoria do. Estado slaramente refletide na anise polities © econdmiea de Marx, ou tomam o Estado autbaamo do Deroito Brumdrio (de Luis Napoleio) como a base para a anise da situagSo atu, Apesar dessas diferen- 488, porém, todos 0s tedrcos merxisias, de wm modo ou de outro, ‘aselam sues “teorias” do Estado em alguns dos “fundamentos” mar- ists € so ese ‘que fermam © quadro do de- Sate, Guis so els porque esto syjeos a tans interrtases ‘@ugio, nfo do desenvolvimento geral da mente humans ou do con- junto ds vontades humanas. Na concepcio de Mars, € impossivel Separar a inleragdo humana em uma parte da sociedade da imerasao fm outs: © conseitncia humana que guia © até mesmo determina tstas relagdes individuals € 0 produto das condigGes matctais —o ‘modo pelo qual as cosss sio produzidas, ditribuides ¢ consumidas cy ‘amo as formas do Estado nag ‘As relies jridiens asi tee Hehe politica , ta Essa formulagio do Estado contradizia diretamente a concepeio de Hegel do Estado “racional”, um Estado ideal que envolve uma relacio just ¢ ética de harmonia entre os elementos da sociedade. Pra Hepel, 0 Estado nl histGrieo; transcende & sociedade como uma coletividade idealzada. Assim, é mais do que as institu es simplesmente politieas. Marx, 20 contrétio, colocou 0 Estado em seu context histdrica ¢ © submeteu a uma concepeao materialista da bistéria, de ‘A sociedade, por sua vez, se molda pelo modo dominante de produgio © des relagées de produgio inerentes a esse modo. Em segundo lugar, fendia que "ate prods, Hegel (, como vimos, Hobbes, Locke, Roussat 'ith) tinha uma visio do Estado como responsiivel pela represet™ lusio de “coletvidade social”, acima dos interesses particulares ¢ das lass, assegurando que a competiio entre os indivduos © o8 gTUPOS 6 (novamente em oposi¢éo a Hegel) de permanecessem em ordem, enquanto os interessescoletives do “todo” social seriam preservados nas ages do proprio Estado, Marx velo a rejeitar essa visio do Estado como o eurador da sociedade como ana todo. Uma ver que ele chegou a sua formulagdo da Sociedade cap talista como uma sociedade de classes, dominada pela, burguece, sequiv'se necessariamente a sua i _politca dss dominaio, No See » 0 Estado é um instrumenio essencial de dominaglo de classes na sociedade i italista, Ele nio std acima dos conflitos de classes mas profundamente envelvido: neles. Sua intervengio no conflito € vital e se condiciona so catdter cessencial do Estado como meio da dominasio de classe! Pode haver ocasides e assuntos onde os interesses de todas ‘as classes possam coincidir. Mas na maior parte das vvezes e em esséncia, esses interesses esldo fundamental ¢ irrevogaveimente em divergéncia, de modo que o Estado do pode ser seu curador comum; a idéia de que tal pos- sa acontecer faz parte do véu ideolégico que ume classe dominante langa sobre a realidade ca dominagio de classe, 4 fim de legitimar essa dominagdo aes préprios olhos ¢ também perante as classes subordinadas, (Miliband, 1977, 66) Assim, porque a burguesia (a clase capitaista) tem um controle especial sobre o trabalho no processo de produsio capitalista, essa classe dominante estende seu poder ao Estado © a outras instituiges. ‘Marx expressou, pela primeira vez, essa formulagdo completa, 8 (1964), eserita com Engels em 1845 = 1886. An: tes de tratar disso em detalhe, vale a pena notar que, em sua obra anterior, ainda influenciada por Hegel e pelas reais condigées alemas no inicio de 1840, Marx definiu o Estado como comunitério, repre- sentante dos interesses comuns (concordando com Hegel) mas, uma ‘vez que somente um Estado demoerdtico poderia corporticar 0 inte resse comum, o Estado Prussiano ndo era Estado, de modo algun (Dra- per, 1977, 170). Além disso, ele via a época burguesa como aquela ‘a qual a sociedade civil estava separada da sociedade politica — 0 1.0 conetito do Estado como uma buroctacia com “vide ppt", agindo nos seus propre interests © mantendo 0 controle sobre Todas ab classes 4 fm e mantra Sociedade una, reaparece nos esrts de Claus Offe, dessa vez no conlento da ocidemocrnia lem do segundo pues (er a andlise de Offe no capitulo 3). oa saw, 20 0 Hegel de saat epaado oo pose sk ASE nora” na sociedad, repose ovo: aroeroet ‘os do Estado € vi sip al — © BS oe patclres com ate as Pins TE a are, @ Estado tinha vida Para ent Deper. 1977.80. Pata rigs interesses par cb da sociedad dda época, ndo «fie scedae cl da but Sn istromento da burguesia, Na an moe de une clase si, do ee see A, 0 Es ie Te ret dag governance pra Estado prssano fol, na verdade fe da burguesi neces forcado » exereer conto simples Estado feodsl mas He yc a propria arstcraci, no era mais neamnsst da mora abla i Tinham de manter 0 controle de ded fon i van 2 mde cr, a 2 asi” (rae, 1977, 169) + a no sbandonos completamente ee const na Oe do infaenia de Engle © dss pS oe ‘a Paris, a visdo da dindmica social fundamen- . éinteodurida em uma teoria do Estado como do com Marx e Engels, ras vistas de fads ma lua de clase time insite com vinewlo de classe. De co Estado surge da coniradigio fa s. A comunidade se familia) ¢ointeresse com transforma em Esiado, aparentemente divorciado do individuo © da amnidade mas, nd relidade, baseado em relagdes com grupos par Tialres — sob capitelismo, com as classes determinadas pela divi slo do trabilho, Todas as ltas no seio do Estado sio “meramente a Iormasiluséres sob as quals as lutas reais das diferentes classes s¢ teavam eotre si” (Marx e Engels 1968, 45). moderno Estado capi- tlt é dominado pela burgusia. “Através da emancipagdo da. pro- Priedade privada diate de comunidade o Estado se torna uma enti- ded uae, odo de fra de scedade civil, mas no € na ‘main do que a forma de organzasio que a burguesia necessariamente ‘kta pris interac extros, pa aranta mitua de #08 Bo- Inde ners", (Mar ¢ Engls 1964, 78) Nao se deve, poré™ az dl us o Estado seit um compa ‘de clase. Em vex diss0> © sentido de mediar as contradigées entre os individuos 6s ‘ea comunidade ¢, uma vez que a comunidade € dominada pela bur. futsi, asim 0 6 @-mediagio pelo Estado. “Portaio, 0 Estado nio Bute dovido & vontade dominante mas 0 Estado que surge das con- {Tgdee materias de existéncia dos individuos também tem a forma d= fina vontade dominante”. (Marx © Engels, 1964, 338) Todavia, néo fica claro até que ponto e de que forma o Estado age nos intereses da burguesia “em seu conjunto como um todo", eMjuanto que. so mesmo tempo, & capaz de ullizar seus poderes sobre Thropriedade privada na busca desses interesses. O Estado parece der reflete ss relagSes na prod fer poder mas esse ra, exigida para cuid para sobrevivencia ds comunidade, torne-se uma insituigdo de classe Mais tarde, na 1, 1968), Engels desenvolveu 0 conceito fundamental lista € uma resposta & necessidade de mediar o conflito de classes € Imanter @ “ordem", uma ordem que reproduz © dominio econémico da burguesi © Estado nao é, pois, de forma alguma, um poder imposto 4 sociedade de fora para dentro: tampouco € "a reaizagao dla idéia moral” ou "a imagem e realidade da razio”, ‘como afirma Hegel. £ antes, 7. No entanto. @ Tim de que esses antagonismos, essas classes com inlresses ‘econdmicos conflitantes ndo se consumam eo ajundem 4 sociedade numa luta infrutifera, um poder, aparente ‘mente acima da sociedade, temse tornado necessdrio para rmoderar 0 conflito € manté-o dentro dos limites da “or dem”. Este poder, surgido da sociedade, mas colocado ati ma dela e cada vez mais se alienando dela, é 0 Estado. o Eada surgin da necessidade de con. uns, mas tab aparece ny stornase geralmente um amet mae ot se ao cons eee ety "9 alo antigo era acima de tudo, o vidos de eseravos para manter subjuga do jeudal eva 0 Orgdo da nobreza sponses 08 servos, € 0 moderne Es. instramento de que se Serve 0 ca: balho assalariado. (Engels, 1987, Estado dos propr dos vests, como o Esta para dontnar 05 ca fado representative € 0 it pital para explorar 0 tal 195-95) ‘como forga repressiva para Baiwonttole os antagonismos de classe no apenas descreve @ natu- fan de clase do Estado, mas também sua fungio repressiva, 2 qual, fo capitaliomo, sere & classe dominantc, & burguesia. Ha aqui, duas ‘questes: a primeira se refere a uma funcdo priméria da comunidade Mimposigio das leis — inerente a toda sociedade, e a segunda se relere& asensio do Estado e & represso inerente a essa ascensio, De acordo com Marx ¢ Engels, © Estado aparece como parte da divisio de trabalho, isto €, como parte do aparecimento das diferengas entre os grupos a soiedade e da falta de consenso social © Estado surge, entdo na medida em que as insttuigdes, recessirias para realizarem as furgdes comuns da socie- dade, exigem, para preservar sua manutenedo, a separagdo do pater de coerszo em relagio ao corpo geral da socie- dade. (Draper, 1977, 250) 0 segundo topo caracteristco & a insttuigéo de uma : a fore pli Seal € neces pg ina ogra trae pai toda @ populagao se tornow impossivel, desde ‘vio em cater Bea org patie existe todo Estado; an i Assim, a repressio € parte do Estado — por definigio historic, Se nio fosse verdade, por que € necesséro separar a execucio da ‘comvnidade? tere ‘A maioria dos analistas do Estado, ineluindo os teéricos do “bem. comum" que jé discutimos, acsitam esse conccito mm Na media em que avangarmes até 4 essa anélise, veremos que ele petcebeu as contribuigses de ‘que era essa a comportamento e a6 reforga para se ajustarem aos valores e normas burgueses cat i see a om rer on Items no, no Meta Commit (08) 199) de ‘que “desde © estabelecimento da indistria modema ¢ do mercado ‘mundial, a burguesia finalmente conquistou para si mesma, no mo- ero Estado representative, 0 © executivo do Estado moderno nio € mais do que ut *. (Marx e Engels, 1955, 11 ‘a minimizagio do poder fa buroeracia do Estado — ‘maximizago do peso do sistema representativo na estrutura gover- hamental. E no somente no periodo de revolugio". (Draper, 1977, 297) Marx e Engels viam |, 608 rentemente com seu conceito da natureza de classe do Estado, mas 12 ambiglidade esté justamente na duplicidade deste questio. Como ‘observa Draper, as duas faces correspondem as duss classes que Ttam no interior do quadro politico de classes. ‘capital € © trabalho na pro, se aero ds re = See indo-as 408 extremos demg. ee ise da ba, incluindo # extensio nag de cn Pa pro sided, (Drape, (eis dees ot ‘sr 30 pier, ainda que o Estado burgués jincluindo as formas democréticas. Do mesino modo, as necessidades ser usa para qual as meses ‘venom a deter @ pez do Estado denoertico © popula, Miliband (1977) coloea © problema em termos da nogio mar- isla de “clase dominane”,.. Nessa nogio, a “classe dominante” ‘pare como o grupo que possuie controla uma parte predominante dos meios de produsio material ¢ espivitual. Devido a essa proprie- dade, sues ue clase donintant conta o Estado, No enn, como salient Miliband, essa attude leva & tradugio automaétiea do Tove de clase em paler de Estado. Na reaidade, no al tra 0 aulomiiee ¢, mesmo onde se pode mostrar que essa relagio Etre, permanecem a pergunas so sume fora dieenies nn forme do Estado por ave Desde que ni ‘pat en Goin, 0 mass tm ofeecdo vis Strada como une Ren CUES oraue 0 Estado deveria ser com 1977, 6874. memo da classe dominante (ver Miliband, n jesmo quando so membros {que ndo estio diretamente Tigados pela origem social a classe bur fuesa dominante, so recrutados por sua educagio ¢ suas relapées t passam a se comportar como se pertencessem a essa classe por nas- Cimento, Embora se pudesse apresentar uma forte argumentagio em favor desta correlagio de classes (por exempls, ver Donhoff 1967, 1979), os trabalhos iniciais de Marx, que analisam 0 Estado aleméo dos anos de 1840, mostram claramente que era a aristocracia slema, thao a burguesia, que controlava o Estado. A Inglaterra, nessa época, fambém representou um caso onde a aristocracia dominava 0 Estado, ‘quanto a burguesia dominava a sociedade civil e moldava o desen- ‘olvimento econémico e social. Finalmente, de acordo com Miliband, os governos da maior parte dos paises europeus induziram um grande rnimero de Iideres das “classes mais baixas” e, mesmo esses governos, comandados por representantes da classe dominante, tm freqiiente- mente langado mao de medidas no aprovadas pela burguesia gover- nente, especialmente nos periodos de crise econdmice social. Assim, ne medida em que a classe governante no ¢ monolitica, ndo pode simplesmente usar o Estado como seu instrumento, mesmo onde 0 pessoal do Estado provém da “classe dominante”, Em) lugar, a |, Através de seu controle dos meios de produgio, a classe dominente € capaz de influenciar as medidas estetais de uma maneira que nenhum outro grupo, na sociedade capi- lalista, pode desenvolver, quer financeira quer politicamente. © ins- lrumento econémico mais poderoso nas mios da classe dominante & an onde os capitalistas subjugam a economia (c. conseqiientemente, o Estado), segurando o capital. No entanto, Miliband defende que a pressio que os empresirios podem aplicar sobre o Estado fem si mesma, suficiente para explicar as ages « politicas desse tltimo: as vezes essa pressio & decisiva ¢ as vezes aio 0 Em feteeiroslugar, 0 Estado € um instrumento da classe domi nante : tomcat Hrareas do Exndo € determi, pla hatureza e pelas exigéncias do modo de produgio (este, como mostra- 6 ara a anise do wo de Nar Pe guest de No == - rum govermo. M8 SOS eurlista, de acordo com (te eS prety Mifband. € 9 My Estado et umenion direoe day Seen rs anor ‘classe, em vez de portadores day Sy mina de 7 im es eta ular Iie or 9 Estado Pes reumenta Miliband, « snow abate € pris ache 8 i asso. Em de lasse domi so os leva anaise 2 =. not primeira: esritos de Marx, ele proput <2 SE ctan Yom nda rsp, separado da sctedade sale so ape no interese da. sociedade SSE iits prvados do prprio Estado, De acorda Sh Soctesls abe camino & sbordagem posterior and "Mart ¢ Engels nfo entendam 0 c uma exensio da clase governant, ee ee een —— uma necessidade que de classe especifica. No i howver uma classe dominante nas relagdes sécio- vai ilizar ese nevessidade para moldar e controlar Genre de suas priprias linhas de classe”. (Draper, 1977, sieeio sdmite que © Estado, mesmo em “tempos nor se (1852- ‘ex scl & sua conceituasao original, argumentando que hé all Wwasio original, argumentando qui "(Marx © Engels, 1979, 143). Engels, por sua vez, enfatizou {que Bonaparte somente foi capaz de tomer © poder depois que todos {clases socials mostraram sua incapacidade de dominar ¢ se hnumeross, 2 dos camponeses, © a0 usar 0 poder militar (os filhos dos ‘amponeses), cle ganhou 0 controle inguestionado do Estado e fei apaz de prosseguit nos seus projetos (Draper, 1977, 406). Ele jogou fas diferentes classes umas contra as outras e nenhuma delas tine Tor. ‘28 para reconquistar 0 poder. nomia aifim de alcancar seu proprio engrandécimento, a capacidade condmica ncessséria para a realizagio das aspiragdes imperiais militares, Bonaparte néo mudou as rlagSes de produgio; mesmo tempo, 0 proletariado urbano tambm se expandia e se fort. leccu, Finalmente, o imperador se comprometcu com a burguesia © 0 fim de seu regime se caracterizou pela mais importante revolt traba: Inadora do séeulo, a Comuna de Paris. Para Marx ¢ Engels, 0 Estado Bonapartistasurgiu num peeiodo 38 constitu num 2 forma “normal” do Estado burgués ‘ais periodos sio carateizados pelo equilibrio das clases em lula, de tal forma que o poder de Estado, como mediadorente las, adquire uma certa autonomia frente a clas. MESmomnessecaso, _mirelano, O"Estado serve aos interesses da classe capitalists, desde due, embora use aquela capacidade acumulatva de classe para seus Prdprios propésitos, no altera as relagdes de produgdo, deixando assim o controle bisico sobre a economia em mios burguesas. 130 também significa que um Estado auténomo desse tipo /devatidurar |Poucovtempo, na medida em que « burgusiae o proleeriado recupe- B stancias econdmicas fayg, arom a forst PS yo em circus fs fae mest ; ear ito &, a politica Mesenvolvimento bem sucedi “1 a tives (sto 6 Ut i eo = se elt 78 x alist), Assim. mas a clase capt Go Estado depende des condigdes poitcas numa sociedade de classes. se poder buat no apio dos camponeses, na toler re da burch de tudo, no prkrio. ce clases, Ese Endo altemente automo? cade ni € © “instrumento” de nenhuma das classes pro- eis: ue lta pelo poder politic, mas € ainda © ‘revultante da sociedade de classes considerada como um ‘ea scons vie de padres que 3 CO "ensam.-. mesmo nessa situaciio excepcional, a concep- so de classe do Estado é tio centr 4 ~ Pay 20, ‘central como sempre foi. (Dr ro. Cam SRIRAM td amo, o xa nfo ¢o nstument© sw sb deeming anger 3 "6 uta de classe ¢ pela estrutura de uma sociedade de classes. O Estado bonapartista nfo se colocou contra as forsas sécio-econdmicas dom: nantes da sociedade civil; a0 contrério, teve que set accito por elas, ‘ou por algum bloco del roa seguintes. Contudo, hi Marx, essa resultante da sua andlise pol Joachim Hirsch (1978) argumenta que a teo deve ser desenvolvida a partir da andlise da estrutura bisica da socie- ‘dade capitalista em sua totalidade, e que, ao fazer isso, & necessério, antes de ir o Estado burgués como a (Hirsch, 1978, 68) 10 Estado, defende Hirsch, € um |. devido 0s tus liniindo interesees de ler. Hirsch prossegue relnvidieando que o proceso de acumulagto de capt a ‘mudange na base tecnoigice de producio ai incorporada di orgem ontndamente barriras materiis & obtensio do lucro. Ess mani fesame alravés da crise e « prépria erie torese um veleulo nets sirio para o implemento real das intervengbes do Estado para salve suardar producto. Dessa forma, para Hirsch, a (Si US EST Ge MAP GEE FI 1 descrto € analisado em O Capit, particularmente A forma do Estado capitalise emerge da necessidade de sua assim, resabelecer a scumulagéo de capital. O Estado, portato, sta como uma funséo ds barteiras matriis & obtengio do ivro pelos capita indivduais, ‘ou, em outras palavas, a extragdo do excedente dos trabalhadores xdo. "A concretizaglo log ial aii sie 68 MOMIMENS dy cay ¢ a0 mesmo feMPO: 3 NT moldam as lutas € @ comPetiCho das Sil eo mod lo ode pria Part alu inves is ee teen tiga dos preesso® FETT em generaizaes abstrats”. (Hirsh, eee eco ml 1978, 81) cows ee pono de vs, dzanadamente, nO Capitulo ‘Examinaremos ess pon! mio sobre 0 Estado, mas, por en- todo o debate oe 6; asi camo tale ooyamos ee pote de vista de que a to. goon soe ima issu Iori da economia pol fia politica de Marx deve fica: 2 rlagio Wien Mary desenvolveu em 00S politica, as apes conscientes fe anise do lei da tendncia (ve derivagdo € presisamente © investigasio do capital em geral, que feories econémicas, ¢ & investigagio da ids sujitos socais, pode ser encontrada de queda do luero, Como veremos, {que Hirsch tenta propor. Muito resumidemente, esis slo os fundamentos da concepsio marista do Estado burgués. Como mostramos, do Estado e autonome é um - Con: ‘eto: uerentes de autonomia sio encontrados em diferentes traba- Thos de Marx e Engels. Historicamente, a autonomia © 0 desenvolvi mento de lta de classes esti interligados e podemos argumentar que, ‘embora o Estado sja definido como relativamente autGnomo da so- rh mado nso qelLanindesenvoveu ‘a EL Ry & sm termos do seu papel no processo ‘assim como para Marx e Engels, 0 inte- a {anti dics crac dy Et, ue os terns mt i ¢tlomrinay tm tao cm tts Se eho se ste cen gene 8 wee mais tae, embora no de Tide gaa ft cent some me (enor porn) esse no Estado centravase na estratégia revolucionaria, numa teori je transformag#o do capitalismo para o comunismo, Embora essa no fia exsencialmente diferente das teorias do "bem-comum”, pelo me- se ma delas, como vimos, também provém, de um interesse pela Pradanga social, os te6ricos ‘marxistas atribuem importincia primo ‘hal A discussio da natureza do Estado capitalista, em termos I. Nesse sentido, a teoria politica Meeicista & indubitavelmente uma {€bria daasso. 'As porspetivas de Lenin sobre o Estado, em 1917, foram desen- volvidas no contento especifico da Revolugdo Russe, para apoiar uma TRlatégia particular de ago politica naquele momento da revolugio fagone de’ 1917), Grande parte de O Estado e a Revolupdo foi tam- than ume resposta a0 que Lenin considerava a traigdo dos social-de- rrcratesalemées (liderados por Kael Kautsky), a0 dar apoio a en- trade da Alemanha na Primeira Guerra Mundial, votando a favor dos eréditos de guerra. : 5, €Om. 8 tO mada material do Estado e seu desmantelamento. Nesse ponto, ele no fstava somente em conflito com outros membros dos sovietes, mas om figuras de sew préprio partido (Chamberlin 1965, 291-295). ° zara Lain ra geo Estado um io domi i embors 6 Ena tenc eonelar conlio classes (nas palavras de Engels [1968, 155], “um poder aperentemente tolocado acima da sociedade tornou-se necessério para 0 objetivo de moderar o conflito”), esse conllito é irreconciti . Lenin defende que “de acordo com Marx, o Estado néo pode- nia nem surgir nem manterse, se fosse possvel reconciliar os clas ses... Segundo Marx, © Estado é um érgio de(daminagdordejelasse, um 6rplo desopressio de uma classe por out; € a criagio da ‘orden’ que legaliza © perpetua essa opressio, ao moderar 0 conflito entre as classes". (Lenin, 1965, 8) Na interpretagio leninista de Marx, @ necessidade de um Estado, uma vez que ele ¢ 0 aparelho repress de uma classe dominante, Sem esse conflito, nio hé necessidade de 0 re verso dessa interpretagio parece dbvio: “Se 0 Estado ¢ 0 produto da nm case = 1m oder sn ee a a enn 1965. 9) corporis ee i to tsad barges & essencial para qualquer fi Uimgruigdo deve acontecer através . forga armada da burguesia Stanners 8 ise ‘emer fades api amines en a vest, “e que sua fungao prine ipal firigir @ pela case urrntameno frontal deste Fores coerelnt ‘de a Forms eter oxy Duras rd dru, 0 de am am oN linia ¢ 0 proleariado comard 0 ian sO en poe oe pale dru oil poeta nn tact 1 antagonismos ierconctabitidade 3 ‘Assim, a dest transformagio revoluion cs das suas pi ial objetivo de Lenin em O Estado e a Msencia do Estado burgués em si, mas ica para a revolugio socialista. Essa Seite ine dass partest« primers, derrubada do Estado bur Grats segunda, a transgdo a0 soxalismo. Como j6 afirmamos, a serrabade de Estado, conforme definida por Lenin, exigia uma revo- helo armada; ume confrontago direta da forga armada burguesa com ‘orca armada do proleariado. Porém, na segunda parte de sua “nategia, Lenin ia tas loge: ele defendia que “a doutrina da lute de clases foi criada ndo por Mars, mas pela burguesia antes dele e, genericamente falando, ela & sceitivel para # burgu Somente pode ser considerado marssta quem estende o reconhecimento da lta de clases ao reconbecimento da dtadura do proletariado”. (Lenin 1965, 40) Isso significa, em termos mais simples, que para Lenin 3 sve modo, ela est dsposta a Iutar contra o novo regime com tud0 » ‘9 que esteja 8 sua mio, Lenin argumentava. que a aboisfo da but- fuesa como elas ; ate fare eliminar aquele grupo coercitvamente, Na realidade; esse periodo ¢ inevitaveimente um periodo de 0b formas ineditamente agu- das e, por consegiéncia, durante esse periodo 0 Estado Inevitavelmente serd um Estado democrético de novo tipo (para o proletariado ¢ os despossuldos em geral) e dita- torial de novo tipo (contra a burguesia) Prosseguindo, a exséncia da doutrina de Marx sobre 0 Estado somente foi apreendida por aqueles que compreen- dleram que a ditadura de uma inica classe & necessiria, hizo somente para toda sociedade de classes, em geral, nio apenas para 0 proletariado, que derrotou a burguesia, mas também para todo 0 periodo histérico, que separa o capi- lalismo da "sociedade sem classes" © do Comunismo. (Le- nin, 1965, 41) ' Assim, para Lenin, durante a trensigdo do cepitalismo ps Comunismo. E quanto a0 famoso argumento de Engels segundo o quel, ob o socialism, o Estado “se extinguiré"?* Lenin discute essa ques to detalhadamente (1965, 17-25), porém, para nossos objetivos, seu pponto mais importante é aquele onde Engels fala da extingio do Es fado, ele "refere-se sem nenhuma ambigtidade possivel ao periodo posterior & ‘apropriasio dos meios de produgdo, por parte do Estado fem nome de toda a sociedade’, isto Nesse periodo, ndo hé necestidade de um Estado, porque néo hd necessidade de reprimir um grupo para os propdsitos de outro; todos sido trabalhando conjuntamente, todos possuem os meies de produ- fo conjuntamente e a forma politica do ‘Estado é a democracia fhais completa”, (Lenin, 1965, 21) A justifieagéo para a existéncla de um Estado sob essas circunstineias, mesmo um Estado comple- 3. Nes polavras de Engels “O primeiro ato no qual o Fstado aparece rene mene como o repesentante de toda a sciedade — 8 tomada de posse dos Imei ve produgio em nome da socledade — & 80 mesmo tempo, sed timo ai independente enquanto Estado. A inerferncia do poder de Estado ns Flagoes soci fornavee supériua em wna eters ap6s ous, fe por fim entra em letarga. os tem Lenin, 1955, 19) at se, como fizeram Engels © Le. , deixa de exist tamentedemocrtien, 88 °F Esado como primariamente repres, as fangs tin, consierams ce ico bre 2 demoereia € 0 Estado demo. “odavia, em sus discs . wafgue pode se extinguir uma. vez caeeda 2 opsiio burg). Ley concordando com Mara sae eo apa do Exo como Wm “prose fan Engi nelianidae dos artagoisms de 10S A demo. et democracia para uma minoria isto denim oats olin de oi iia omen tras dum odo que ga ihe in ep oe, 1. Ee 6m eget na i a pnts de ita de Leni, de gUe 0 abe A oe oe as coplaln & um apa ete Treatment em forme i, ine ae no pode sr tomo sei, tp sel a ses propos le deve sr re (ahs pr ane fora de Eatao adcalmente ie ae « ns ene de ngs orgnizades pelo Tees nao plead celina « Durguesi ersten, ote, par ‘Wright (1974.75) dexdobrou este visio leinista da dominagio de demecracia capitis pela burgutsa em duas categorias: (1) © 9.9 pment — severe insite e epesnasio moerlca as ¢ legitimar a ordem social conuelada pla burgusia: © © pat e forma mistificadora come os parecendo dirgir 0 Estado rt oy rents i, quo de fo alas as desiet ‘importants so tomas nos bids, pelos “departamentos,chan- ari « Estados, Ao parame ¢ dda trata do objet Sse de cgnar ss peons conus” (Lenin 1955, 55). Alét iso, © planet no 6 mu pra, nem mesmo um coro FePF “uth. ° ltmor mi atntanee prs 0 mecanamo da demo, cra capi, notaamos por ada pare, nos “insignificants™ anne ncans ~ dais do xpi (quaifiases ens, as mulheres, etc.) na técnica das institu rcs sr eb vt e dicn de eo 2 corgati : remos " (Lenin, 1965, 104). esse restrigdes, actescidas & exploragio capitalista dos modernos es Tivos assalariados (que os forne tio esmagados que eles nJo podem see mnolestados pela democracia ou pela politica) excluem a maioria de populagao da perlicipagdo na vida pablica ¢ na politica Lenin adota um ido a Hé claros indicios em sua obra desse periodo die que a mistificagdo da democracia burguesa seria substtuida pel ‘Kmocracia tevolucionéria, estendida & massa de trabathadores. Em © tstado a Revolusao, por exemplo, ele discute a experitncia da Comuna de Paris, de 1871, ressaltando o erro cometido pelos commu- Trards 20 epoderaremse do Estado burgués, sem destruvlo: “Na rea Tidede; ocorre precisamente 0 contrério. 44) Todavia, ele concorda que a Comuna agiv orrewimente #0 decretar uma democracia plena, com a aboligio do Gnército permanente © a conversfo de todos os funcionérios publicos tm funcionérios eleitos e sujeitos & exoneragio. Mas, na realidade, este “somente™ significa wma substi- tuigdo gigantesca de certas insttuigdes por outras de una ‘ordem fundamentalmente diferente. Esse € precisamente tum caso de “quantidade transjormada em qualidade": a democracia, iniroduzida 0 mais completa e consistente- mente que se possa imaginar, convertese de democracia brurguesa em democracia proletéria, de um Estado (= for- fa especial de repressio de uma classe especijica) ent al- ‘Buna coisa que no mais é realmente o Estado. ) Lenin parece ratifiear um Estado revolucionétio basesdo no con- pr uma democracia ampliada, além da ipso do pov, cexito de “demoera ‘do parlamentarismo burguts, is. To a el Sl Comité Cent estratégi era claramente COmPaLivel iia de Vermelioe So Thrgués eesmagar a oposigie 3 revolugio, Lenin de derotaro Estado cmt hadofes, antevsto por Marx, em ocr ae Paris, Lenin, de (ao, via a tran. ae iteal de um Partid oro ture do Comité Cen cos sie 9 ssa gue evra 0s trabalhadores em diregio ag iit. de wna fam sara prover # nme dy ransformogéo social Poi 1, uma marxista polonesa, quem depois de Outubro de 1917 (Luxemburgo, 1961), Ela vmenou 20 mesmo tempo contra a posigd0, representada por Kausky « pelos social-democratas alemaes daquela época, de que a domocracia burguesa tha de ser preservada, e a posigdo leninista, fhe interpreta a ditadura do proletariado como a ditadura de um pu ‘hao de pessoas, uma ditadura, como Luxemburgo a considerou, no rodelo burguts, Em ouras palaras, i sd0, © con- ceito que o priprio Lenin desereveu em O Estado e a Revolugao como uma democracia operéria com plena participagéo dos trabalhadores em um “parlamento opertio”. Nunca foi possivel tornar expli ‘que a propria Luxemburgo propés como uma alternativa institucional 0 leninismo iniciat (ela foi assassineda em 1919), porém, sabemos gue, de acordo com Luxemburg, 0 proletariado, quando tomasse 0 poder, deveria empreender medidas socalisas, 1p0, 0 que significa'uma dit ‘na participagao imi ativa de maioria do povo, na demoeracia ilimitada” (Luxembur = tada” (Luxemburgo, 1961, ‘Nés sempre fzemos diferenga entre 0 conteido social ¢ a Jorma politica da democracia burguesa: sempre revelamos @ séldo nicteo de desiguldode social e de falta de liber- dade escondido sob a agradével aparéncia da igualdade formal ¢ liberdade — ndo para rejeitar a iltima, mas para ‘etimuler a clase trabalhadora a nio ficar satsfeita com 4 eparncia, mas, o contri, conguistando o poder poll para substituir a de- inar totalmente a de- ———————— tmocracia, A democracia socialista, porém, do & algo que comega somente na terra prometida, apés a criagao dos alicerces dda economia socilista; ela ndo vem como algum tipo de presente de Natal, para 0 valoroso povo, que, nesse inte- rim, teve de suportar lealmente vérios ditadores socials. as, »- Comeca com 0 prdprio momento da fomada do poder pelo partido socalsta, E igual a dita. dura do proletariado. Sim, ditadura! ,-ndo em sua elimingio, ent ataques resolutos e enérgicos contra os entrincheirades di- reitos ¢ relagdes econdmicas da sociedade burguesa, sem © que a transformacao socialista nio pode ser executada, deve prosseguir, passo a passo, com a participacdo ativa das massas; deve estar sob sua influéncia direta, subor- dinada ao controle da atividede piibliea completa; deve surgir com a crescente pritica politica do povo. (Luxem- burgo, 1961, 77-78) Parece evidente, a partir dessa longa citagio, que a erftica geral 8 teotia do Estado de Marx, de que conduz inerentemente & falta de participagdo politica, 20 desenvolvimento de um Estado poderoso e centralizado (por exemplo, ver Popeer, 1945, vol. 2), ¢ realmente uma critica do socialism tal como se desenvolveu na Unido Sovi ‘com Lenin, Trotski e, em seguida, Stalin. Ainda mais important Poder econdmico ¢ militar da Unido Sovitica, no mundo socialite, impés a visio leninista da “ditadura do proletariado” 20s paises “s0- cialistas", em vez de permitir aquilo que Rosa Luxemburgo defendeu ‘como as necessérias garantias democréticas: “E um fato bem conhe- ido ¢ inquestionsvel que, sem uma imprensa livre e sem censura, sem © direito ilimitado de associago ¢ reunifo, a auloridade da grande tmaioria do povo € completamente impensével". (Luxemburgo, 1961, 6667) 8 i er rd urn 0s val Se i sociedades, até mesmo para sande pe ban ryesidencis de Allende, continha ele. servido como um im puruerdtico do comunismo para & visio de ma ar ptoniapodera ter se tornado um Estado rey ‘dos trabalhadores nao tivesse por tnd re mommy vigemtes socialist demecratico, s€ 0 sido reprimido pela bara € : 1 dos nove. Contudo, em nassa opinido rei fa a Marx, seja por sua visio da ditadura Se proleuriad,seja por sua suposta subestimagao do papel do case praca revoluconéri, como coisa sem importincia, ainda fhe o tema da partcipcio democrtica, depois de Lenin, tenha se fomado,defnivarente, um tépico ausente da agenda soviet tad, esa Comité Cental do Partido: Comunista. Outros marxistes, como Laxembutto, previram coneamente que "com a repressio de ‘ia pollica no campo,» vids dos sovetes se tornaré também cada vez mais mutilada, Sem eegées gerais, sem liberdade irestrta. de imprensae reunido, sem um debate live de opin, a vida se extin- ave om toda istiigdo bla © s torna uma mera aparéncia de ‘ida, na qual somente a bureraiepermanece come o elemento alive", somo escreveu Luxemburgo (1961, 71), em 1918. Ao mesmo tempo, cl sia em gue amen de seordo com a teria do Estado de far, democraciaplena era imposivel enquanto a burguesiaest- ‘esse no poder. Embora tanto ela quanto os ertcas burgueses de Marx defendessm ids democratices, ls tinham teoras diferentes sobre © Estado capitalist, os erticos burguses deste sr modiieado (0 poder polo como independente © superior 20 poder econmieo), € Luxemburgo concordando com Marx em que * dois sio totalmente interigedos e insepariveis reditando que este PU 86 Basicamente, a discordéncia entre Lenin © Luxemburgo funds se em seus pontos de vista bastante diversos sobre consciéncia dever para ele, @ ‘fede tradicional mas o proprio partido revolucionério, um partido no Gual os extrablhadores © ot exintelestusis pofissonas de descen ‘Fencia burguesa se fundiram numa unidade coesa. Deixada aos seus rdprios recursos, eserevia Lenin, a classe tabelhadora ¢ ineapar de Fivpavolver qualquer concep¢io da missio histriea que Marx the (e ) escravizagio ideol6gica dos trabalhadores pela burguesia’ “Lenin, em Luxemburgo, 1961, 13) Lenin defendia que tal “partido de novo tipo” va de ma organizagao de novo tipo. Ele de se organizado e centralizado como um exéreito, com todo 9 poder € SMroridade residindo em seu Comité Central’ (Luxemburgo, 1961, ) Em um panfleto anterior, Leninismo ou Marxismo escrito em ‘redisse que o futuro partido de Lenin e seu Co- entral tenderiam a _respeitava sua espontaneidade ¢ também seu direito de cometerem seus prOprios erros ¢ de serem ajudados por cles. "Vamos falar francamente”, dizia, “do ponto de vista hist6rico, 6s erros cometides por um verdadeiro movimento revolucionétio +80 infinitamente mais férteis do que a infalibilidade do mais iteigente Comité Central”. (Luxemburgo, 1961, 15) a

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