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experigncia e amadurecida em suas reflexdes, l6gico odo fenome! ¢ sua apucagio no campo da ssunto, foi convidada — e 0 fez ¢« versidade La Sapienza de Roma (ins indo, no exterior, a cia brasileira. teses e pesquisas, formando discipulos Incansavel, tem orientac e seguidores. presente trabalho, a autora percorre um amplo universo de « fenomenologistas e existencialistas, emrcontraponto com cipais teorias da psicologia moderna, gragas A sua expe wvés de sua autobiograf sproprias dificul ameiros passos, com Apro encoraja os moderne. POLAR), Vobods Cte. Paicelogie Fr A 45 Lib: cc fsyeite. 7 Ae 3 Bm few toleg YOLANDA CINTRAG FOAGHIER! semtaligen Congege ACAMINHADA _ PELAS CONCEITUACOES I - Introdugéo 1 Estilo adotadd na redagio do trabalho ela passou a se dedicar, ‘divendo sobre este ‘A obra de Husser! ven. sem compreenter sai obra estendia-se a a. O encanto que prea Figuei surpresa com esta a ‘om, também, deslindé-la completamente até 0 dia de hoje. ——compreensio-de sua existéncia np-mundo. Pr 2 ‘YOLANDA CINTRAOFORGHIER! 0 referido texto do iluste fildsofoinspirou-me, também, arever o que teria me levado " pela Feromenologia,¢ a chegar,finalmente, a reconhece- sreensio do existir humano, bem como do meu modo de nal e pessoal atuar, decorente de ‘Minhas. lembrang jog a ter preferncia por esta ou auela ebordagem, num campo de estudos onde hi Fversidade de enfoques, de idéias principios bastante diferentes, sendo alguns deles até ‘mesmo opostos. (0 set humano tem-se preocupado, através dos tempos, com 0 conhecimer jandas reflexies e estudos inicialment, pelos fil6sofos; os primeires p passado, procurando tomar a Psicologia uma ciérciacbjetiva. Wand foto iniciador desse ‘movimento Fundando, em 1879, 0 Primeito Laborat6rio de Psicologie Experimental. Desde a ind Jagens na Psicologia e dentro destas muitas weorias da personalidade. ‘Uma das razées para a arnplo e complexo. Os fendmenos psiquices sfo vividos 19 que os pretende estudar, mas, para manter determinada atitude cientifica, ele que passant eno, a ser os sujeitos de suas im observadores, por occrreremn9| nsparentes ¢ geralmente nao querem revelar a sua intimidade; am disso, passam por fendmenos que, pois ocorrem num nivel muito profundo, ‘que 0 sen inconsciente oestareploto de aspectos contrastantes. Assim por exemplo, somos raciona podemos nega que amibém somosdeterminados pelos condicionamentos, dedicamo-nos 2 bem-estr de nossossemelhanes, mas, a0 mesmo tempo, nos empenhamos na nossa propria re al convivemos com as pessoas & ros relaconamos eom os animais © as coisas deste mundo, mas, por auto lado, nos confrontamos com a nossa soido;experimentamos momentos felizes de grande trangiil- dade, mas nioconsequimosevitar as noses angistase afiges.Enfim,vivemos mas também tmortemos, uma paradoxal simaltaneidade, pos, a cada que pass, estames eaminhando ido de vver mas plenament regratodos os seus aspectos complexos e contrastamts, perém, 0 processo racional de tecrizagdo & parcial, tador. Todos nés sabemos tantas coisas, de modo vivencialmente global, que nip ACAMINHADA PELAS CONGEITUAGOES 3 1 de modo preciso e completo. Assim acontece, por exemplo, com a 10s por alguém, a alegria que nas envolve ¢ os engrandece nos momer conseguimos expl ternura que sen felizes, a tristeza que nos invade € nos oprime nos momentes de aflico. Quando me perguntam se eu que consiste cada uma dessas experiéncias eu digo que sim, mas se ‘eu posso tentar, porém, todas as minhas explicagdes deixarn-me ter conseguido faz!-o de modo completo, Eo que acontece nessas fdana, e também na vivéncia do psicélogo nos momentos de auacfo profissonal ‘Todas essas compleidades e contrasts tim Jo ainvestigaga0 no czmpo da Psicologia da Personaidade pois, como cincia, ela precisa ser elaborada por meio de uagio tem levade os ‘comportamental, a pscanalitica e a humanist, sendo, cada uma delas, um conjunto de formntagges' ads, que i hy de perspectiva que abrange apemas alguns de seus aspecto. Como estudiosa da Psicologia, tenho efetido muito a respeito desss dficuldades e, como professora, tenho parihado da inqustagao de meus alunos, quando sertem que precisam adotar uma posigio diante da divesidade que perceber nas di teorias. A inquietagdo aumenta no momento de ultrapassarmos a situaggo de meras estudiosos © atrarmios na pitica; 04, ent outraspalavras, quando; por exemplo; nos defrontamos com alguém que precisa de nossa atuago competénca profissional, para gjudéloa superar as suas diticuldades pesscais Freud, Jung, Skinner, Rogers, Binswageretantos ours... Qual dees seguir ou aotar como suport para a nossa prtica de psieclogos? Que autores nos Fornecer subsidio para ‘compreendertos 0 modo como vivem a5 pessoas que solicitam a nessa ada, © quis 0 rmeios para ajuda a viverem melhor? ‘Acontece que opsicstogo também é ol as perguntas tanto se voltam para os seus clientes como para ele proprio. Omado camo tent compreender e ajudaroutras pessoas é, baicamente, 0 modo como tenta compreender-se © ‘iver do melhor modo po ‘As teoyaspsicoldgicas surgem a patra vivéncia dos tericos, no s6 como estudiosos « profissionais, mas também como seres humanos vivendo cotidianamentenas mais variadas situagées. "A cidncia psicoldgica esti entrelagaia 2 vivéncia do psicdlogo; ¢ é na alernineia interigada das teorias com sua vivéncia que ele vai chegando as suas preferéncias teéricas « conviegses, como profissional e como ser humano, que experimenta alegrias e tristezes semethantes as dos suites que ele pretende conhecer:sdo conv ibuidas de cons te6ricos racionais e de erengas que ele no consegue explicar satisfatoriamente, pois surgem 4 ‘YOLANDA CINTRAO FORGHIERI no apenas da coeréncia de seu rac cin imediata global. Bests nfo ae amp proprias experi Refleindo sobre todos esses ftos, sent necessidade de identiicar no apenas as teorias ‘eos autores que me influenciaram, mas também as vivencias que teriam contribuido para que cu softesse essa influgncia & me encaminhasse para a Fenomenologia. -Enfim, para ser autntica em minhas enunciagSese para facilitar a compreensio —e — do enfogue de personalidade que apresento neste trabalho, considerei ser os vcios elementos que fizeram part datrajetéria que percor sé hegar & sua claboracio. E entre eles encontranse-tantos-os-componentes-racionais © ‘objetvos, como 0s vivenciais e subjetivos, que estdo presentes em todas as elaboragdes cientificas, embora raramente sejam mencionados. Por todas esss azdes,aoredigirese trabalho, precise adotar um estilo, decerto modo, -TRODIOgico pos 96 asinyConeEUIra dar conto que PE se neers por me sentir apoiada por escritoresfenomenslogos, en os quas destaco Metleau-Ponty (1973) quando afira:“E no conato com nossa propia vivéncia que elaboramos as nosées fundamentais das quais a Psicologia se serve a cada momento” (p. 33). ‘Assim sendo, oestilo que aqui adoto pode ser considerado como um modo de fazer Fenomenologia, come dira Spiegelberg (1975), ou ums forma de vivé-a, como afirmaria jbestagnados, mas continuar A lembranga e reflex a respeito das praeirasvivencas que poderiam ter proiciado ‘o meu encaminhamento para a Fenomenologia reportaram-me, espontaneamente,& uma poca em ue ainda nao tinha 0 menor interesse pelo estudo de textos cientfcos: a minha infdncia. Recordo-me de que, desde clang ive a presupagio de estar atetae procurar compreender as mines préprias expergncas e as das pessoas importantes para mim, formardo, gradativarente, através das mesmas, de moco intuitive e global, um conjunta de renga pricipos sobre © que hoje poderia denominar de personaidade humana ‘A partic dajuventude, quando comecei a entrar em conato com as obras de ; lembro-me do quanto algumasdelas me ntrigarame impressionarim, por me revelaem algo completamente novo efascinante, que me inguetava eme levave arefleir scbre auilo em levando-me a modificar ou ampliar a idias que havia formato ja, nomeu percurso como intelectual, vias obras sm-me grande interesse, por pereeber, ou apenas pressentir, que continham algo espe para confirmar e esclarecer as minhas convicgées, Foi o que accnteceu com a maioria dos ACAMINHADA PELAS CONCEITUAGOES. 5 textos de Fenomenclogia que, embora me puecessem muito difieis e desfiasem meu paradoxalmente, também me popocionavam um sertimento de certs famiiar- dade, era como se osautores me revelasem, em sts formulas, certo sabe elementar, que eujéhaviavislumbrado vivencialment exes, mais soba formade sentimeato do que de um reconhecimeno racional, Por esse motivo, enc em identfcar e enunciar pormenores 2 e55¢ circunstincas significativamente impor, ambas deeoents do co ‘Uma dela surgiu quando comecei a pereeber a enorme osilagio de sentimentos que experimertayaem rego acta, Como iz enremosa, carinhosaededicad proporcionarar tne momentos imersamente agradves, e amor e compreensto; porém, no de fora comum, mas baste estate, com alguma feqiéncia ela se ‘nexpidvel erepentno, numa pessoa profunfamenteansiosa confus, que 0 co Sequercudar de i mesma. Por esse moivo, as minhas experincas de amor, tranqUildade ceseguranga altemavam-s,peridicacintansamente, com as de A angista ca perplexidade dante desssintensas oscilagGes Sus E no meu egocenism0 i racioeii dda Fenomenologia de Husser ‘A segunda circunstancia, bastante elacionada primeira, foi a neezssidade que, desde lém de minfia mae, ¢ delas me sentir proxima. ‘Minias reflexdes de crianga levaram-me a percebe' com ela satisfazer, permanentement, a minha ne imma, minha mie, periodicamente, em deconténcia de suas perturbagbes psicl tanciava-se de mim ¢ se tornava uma pessoa completamente estanha Isto leva, desde ainflncia, atentar querer bem auras pessoas ¢ a me sentir perto dels. Po ser ainda crag, consegui f defesas on trgGes, iniciando-me e, de certo modo, “exectando-me"”, satisfatoriamente, na relagio Tu, aprsentaca pelo fenomendlogo Buber como a mais humana forma de exist = aadguiir conhecimento. Tris eireunstincias, qu influenciaram peofundemente a minha existfncia, tomaram-se atiudes que até os dias de hoje marcam o meu modo de viver, parecendo-me terem sido a5 rrincipais propulsores de meu encaminhamento para a Fencmenologia € meu profundo cnvolvimento com esta orem essas circunstincas, também, que ‘enorme interesse pela Psicologia e a transforma no foco ée meus estudose reflexdes jaando jover, levaram-me a sentir um 6 VOLANDA CINTRAG FORGHIER! II ~ Influéncia de Psicdlogos, Psiquiatras e Filésofos no Pensamento da Autora Voltando-me para os autorese os text vimento de minhas idgas, report 2s “Sedes Sapientiae™ (Sedes). Esava eu trangilamente entregue as lemibrangas de minha vida como estudante, quando, de repente,surgiu-me & memria uma inumerdvel quantidade de livros que “desabaram” sobre mim ervolvendo-me na angustiente sensagZo de precisa identificartedes ees afin de poder — ionar os que teriam contribuido para a formagio do meu pensamento aul Desanimada incerrompi a redacio deste texto, ficando distraidamente a olhar para a minha enorme estante de livros, quase todos lidos, alguns com Proveite; pork, po cesquecidos. Eis que meus olhos fixaramse, casual aque passei a folhear, lentae umaantiga revista da PUC-SP, com um artigo de Montoro (que aprende.. or isto oensino ro pode se imitara simples informees” (93) sta leitua, casual eoportuna,revtlizou o meu dnimo, mostrand-me uma altemativa pare revere selecionar os textos que me influenciaram. Decid considerar, apenas, 0s autores textos que “restaram”, por me teem envolvido de forma signifcativac profunda, © 0 que terpretagdo que tenho dado as sus fissional como pessoal Foi com esta intenedo que, sem recorre sin coma psicandlise somente através das expositvas de alguns pr haviam sido suficientes para me deixarem encantad com suas revelagSes das sobre 0 inconsciente o dinamismo deste ¢ suas influfncias no modo de pensar e de pessoas, sem que elas disso se apetcebessem. Embora fosse grande o meu inleresse, com suas-iias, casualmente, em 1965, quando. coordenei_um_ curso ‘A CAMINHADA PELAS CONCEITUAGOES 7 cons sa ocasido, por falta de material Psicandlise, 0 que $6 aconteceu vérios anos depois, quando, cursar a Pés-GraduagZo, ented em contato com as Obras Completas de Freud. Foi quando, além da oportunidade de aprofundar vcios conceitos, conheci a Psicanlise como arétodo sicoterapéutico e incii-me na sua price, com a supervisio de professores. Nao cheguci ‘1 me tornar uma psicanalista, mas, 0s conhecimentos que adquirinesse campo foram 9 considerado, procurando estar atenta 3s aneira de pensar e agir de meus clientes © esforgando-me por desvendé (0 segundo autor que me impressionoa profundamente foi Rogers. professore secundéris darede oficial deersno, organizadopelo"Sedes",emcorsénio com ACAPES ea USP. Mara José Werebe entio professora da USP, 0, uma apostlacomoresumodolivo Cent Ceered Terapy desse aut poctivaarespeita da prsonalidade humana, Pass ras dese psioslogo americano (1942, 1951, 1954, 1961), queencontei labore a formalagées sobre a personalidade € Rogers (1961, 1967, 1971) havia encontrado 0s fundamentos para @atuago que j4 vinha desenvolvendo, desde o inicio de minka carers, como docente e como psicotenpeut Devidoa referencias feita por ese autor, iquei conhecendoalgumasidéias do FilGsofo teressei-me profundamente, passando a lr, de suas obras, todas aquclas 947, 1955, 1971). Acabei concluindo, em minha Tes que as w8s atts failitadores 9 compreensio empitica e congraéncia fundament Buber, sendo esta a propiciadora do crecimento ¢ amadurecimento «, também, 0 ponto de parida para a ecuperagdo das que se encontram pst enfermas Buber é meu filésofopreferdo até o dia de hoe; esiou sempre em busca de suas obres, ler aquelas que estiorelacionsdas ao psiguismo humano(1974, 1977, -gradativamente,afatando-me de Roges, por viria circunstancias, ocorreu na defesa pablica de nina Tese procurando enc 1982), Ente algumas das quaislembronitidamente. Uma de de Doutoramento, em 1973, a parts de observacdes feitas por um dos examinadores, 0 competeie, querdo ¢ saudoso Dante Moria lee. Ele alertou-me para o fatode que eu esta intepretando Rogers, além do prpcio Rogers; em do que o autor pretend, Concluiu que eu era muito mais fenomenéloge do que sogeriana e aconselhoa-me & estudar Fenomenologi. Na semana seguint, presenteou-me com dois livrosdos psiquiatasepsicSlogosfenomen6logos Boss (1963) Binswanger (1963), naguela 9 ainda nao existentes nas biblcicaselivrarias de Seo Paulo 8 YOLANDA CINTRAO FORGHIERI Foi assim que me iniciei-me, conscientemente, no enfoque fenomenclégico em Psico- logia, a0 4 Moreira Leite eve influéncia deci nesta escola, ndo s6 devido &s suas palavras e aos importantes livros que me deu, como, também, porque a sua orientacSo veto esclarecer vérasinsatisfagdes que eu jé comegara @ sentir a respeito da teoria de Rogers. Esta foramse acentuando 20s anos seguintes, em decorténcia de algumas situagSes que vivenciei em minha vida profissional e pessoal Na auagio profissional comecei a notar que alguns de meus clientes encontravam muita dificaldade em vivenciar eomigo as atitudesfaciltadoras de consideracio positiva ¢ compreensio empitiea, aliando-as 3 congruéncia, Conforms pude verificar com eles, posteriormente, isto acontecia por se sentiem tolhides em sua agressividade, que era sua atitude habitual no relacionamento.comas pessoas. Dialogando com os alunos obsecvando sma sala de aula, onde também adotava as ts atitudesfactlitadoras, verifiquei que o mesmo acontecia com alguns dees. Por outro lado, ao analisar a histria de vida de minha mie, cobservei que todo empenho da familia e dos amigos no sentido de aceité-la ¢ compreendé ____ta-empaticamest, em nada haviacontribu(do pea livarassuascrisesdeangistiaeimpedit__¢espritulmente a pessoas que dle necesita foi vilentamenteassasinado, &queima © agravamento progressivo da sua enfermidade Tudo isto levou-me a questionar a teoria geral das nas proposta por tudes faciitadoras de a concluir que nem sempre 2 manifestagio das , desperta atitudes semelhantes nos ec aimportinciada a ire parénteses"- comecei a refletir a respeito da ‘ctescimento psical6gico das pessoas. J aprendera que ser amado e amareram neces a0 processo de crescimento, mas ser ofendido ¢ reagir também deviam fazer parte desse processo, O préprio Rogers deixara transparecer, em uma entrevista filmada, como se sentra revoltado com a educacio excessivamente wulaa para elaborar sua teoria do iagio de injustsa, ocomida c também contibuiu para fortalecer & minha coordenadara do curso, com bastante mé : pretendeu - ¢ quase conseguiu - afastar-me da docéncia do mesmo. Tomei conhecimento disto, casualmente, através de uma funcionfria e alguns alunos, a tempo d= me defender, tratando do problema abertamente com a coordenadora € esclarecendo 0s fatos junto as autoridades superiores; desse modo consegui permanecer no curso, mas fortalecidae segura Lembro-me, nitidamente, do quanto a raivae despertaram toda a mila competEncia no sentido de me defender de forma leal eeficiente. Percebi, com muita clareza, os aspectos agressivos de mina personalidade, até ento muito poucoexploradose o quanto estes podiam favorecero desabrochar de meus recursos pessoas, [A CAMINHADA PELAS CONGEITUAGOES 9 ‘A recordagdo dessefato rouxe-me& lembranga um curso sobre Rogers, durante o qual ‘aum filme sobre “Teés abordagens em psicoterapia: Rogers, Prise Ellis” princtpio uando desafiou frontalmente a clieate que fora se ser ela capaz de agir como ‘comp sempre fazia quando se a foi comecando a se sentir, chegou abrigacakertan “Aposeste destecho con ‘a atendera anteriormente — no haviam sido de suas constantes Tamentagdeseprolongadasrises > coro Contdo,ndoeraessa tengo dos ranizadores do filme, qu haviam preteadido, através da atagio contrastante dos dois psicterape dar desiaguee valoriaro “calor human” ds attudes de Rogess ‘Nese panorama, um acontecimento rgicocontrbuia para abalarainda mais a minha visio omista da pesonaliade: me pi un homem earidoso, qu sempre ajuda materi jorasde Rogers —que roupa, por umn lado, dentro do sea prépeo lar. Minha me, meus irmios © a viventos momentos de enorme softimento; a pera imeparivel de uma pessoa to querida, a revolia com o aconterimento, a ago preciria da policia.Entretant, a propria ragédia trouxe ums ‘grande aproximazio entre nds, um parilhar conjunto do enorme soffimento, que acabow convertendo-se em muito amor..amorerre nése amor de outros familiares e deuma porgi0 dleamigos que nos confortaramnesse memento od ‘opostos coexistenes vivemos nessa ocasdo:raiva e amor, revolt €s Osacontecimentos anteriores e pricipalmente este itm, ti profundamente drams- tico,deixaram-me confusa durante algum tempo, até 0 momento em que comesei a aceitar 0s paradoxos da existéncia, seus aspectescontrastantes, 0 quais, de certo mode, incompre- ensivelmente,articulam-se e complemeniar-se, passando a constiuir uma unidade, Recor- dei-me da vivéncia com minha me, nainféncia, que me proporcionara experinnemtar, com ‘muita angistia, os primeirs conirastes da mina sofrimento, Foi assim que, depois de um periodo ini 1972) Heidegger (19714). Eusentiauranecessidade enorme de estudare rfl arespeito do sotimento, da angi, do nada, d solidio humana, pis até enio jt estvera volada, exagerdamente, apenas para a satsfaso, 0 amor, 2 bondade © 2 soldariedade humana. Gradatvamente, fui compreendenda oeafoqu Fenomenol6gico como aquele que realmente barca o exis humano em sua totlidae, abrangendo a tristeza aalegri, aangistiae a 10 YOLANDA CINTRAO FORGH! estrtura e cuja vivéncia di a cada um dos extremos, apzrentemente opostos, 0 ficado, Sabemos, verdadeiramente, o que € a trangtildade, a0 vivenciar uma sitsagiio sta; sentimo-nos profundamente sozinhos quando ji partilhames nosso sabemos, de fato, no que consist 0 inforinio, se Completando a lembranga de autores que me influenciaram, recordei-me de um encontro ocasionale oportuno,em 1978, comDr. Van Acker rmesire do “Sedes", {que me proporcionou, por sua sugestéo, tomar conhecimento e envolver-me com a obra do psiguiatra ¢ psieélogo feaomendlogo Berg, van den (1973), Depoi indicagéo srifica de Binswanger, fui ao-psiquiater Minkowski (1970), pelo qual me-interessei yde envolvimento com suas ieias ras fenomendogos, tis como Minkowski fondamentay 1970) e de Heidegger (19 formulagdes. A leitura de obras des! lfm de serem muito.complex: radar assuntos relacionados & amentos que propiciassem 1973), cujos textos ftaram-me o estabelecimento de relagdes entre areflexio filossficac are ram-me reduziras dficuldades enteencontradas me encorajaram meu préprio modo de compreender a Fenomenoiogia. III - Razoes para a Elaboragiio de um Enfoque Fenomenolégico da Personalidade enfoque fenomenolégicoem Psicologia surgiu no campo da século, mas sé tomou impulso ese desenvolveu a partir dadécada d 1m conjunto de principias arti mente absratos, ea Psicologia ser uma ciéncia de fatos, ueesté voltada para a concretude da vi fanente ampliada, em Virtude da Fenomenologia apresentarse apenas como unt [A CAMINHADA PELAS CONCEITUAGOES 1" fendmeno; embora, este seja insepardvel da attude originada do modo como ela considera tambémse tm: (1985), que & 0 mais renemado, con a razdo € fato da fendmeno, nao chegn ac: l6sofos 2 ela pertence esse panorama, t&m Psicologia elaboradas princi importantes contibuigSes para a compreensio do exi algomas de suas carat ico pormenorizado da persoralidade ‘Aleuns psicdlogos americano icado ielsboracdo de uma Psicologia Fenome tuir um conjunto de prineipios igualmenteinterpretados pelos ido algumas propostas de enfoque fenomenol6gico ra sicélogos europeus, que contém fsticas basic como Gi a que “uma genuina Psicologia Fenomenotdgica + eompreendida basicamente Como ‘o desenvolvimento de uma Psicologia Fenomenot6gica”(p. 5). jguagem incerpretagao e compa ¢ aprimoramento do préprio enfoque fe: alguns pardmetros a serem vrificados def « ampliados oa refutados ¢enriquecfos com novas formulayoe como métodos rigidos de or 5, des ‘A faliade uma abordagem fenomenoligica pormenorizada da personalidade, labora eae nfo apenas Ticsofica que Feu Us asPECTOs mats impertantes do — rumana, tem dificultado sobremarera a compreensioe explicitagdo des fandamen. tos fenomenolégicos que nertsiam a prtic profisional no campoda psicoterapi 0, especialmente, verficasse uma quase impos ios resullados das investigagOes, fto que prejudica o progresse ine, pois faltam, ae cafimrée seremconfirmados bésicodo método fenomenolsgic 1, em outta pelavras, de ir ap proprio fenémeno para desvendé- ‘si mesmo”, independentemente de teorias a seu respeito,refere= 9. do método experimental, que nfo diz. respeito as virias formulagbes que ‘emprego do propio método fenornenol6gico. Julgo importante que fenomenoligicas, no is que permitam processo, a fle vendo-as methor, ou refut vivéncia humana deve sempre servir de contraponto, pois, na Picologia ele ¢# origem de todas as elabo ‘conceituis. Penso que acttca feita pla Fenomenologiaelaberaioeuflzagio de teorias, nese 19 como estas tém sido a9 moéo pretensamente obj ima deserts, considerei que a claborago de vm enfoque va contibuigdo para esta drea da 2 A FENOMENOLOGIA E SUAS RELAGOES COM A PSICOLOGIA 1 - Introdugio ideias de Hu métedo qué imento da seu método. ‘XIX, que antecederam as publicagées de Husserl sobre guranga do pensamento p ativs aos fundamentose to, nesse mesimo perfodo, lada, com questionamet comegaa 44 YOLANDA CINTRAO FORGHIER! postulados, em virtude de serem elaboraos por ddependentes do psiquistmo humano. jcando, portanto, “A essas quests, 0 tentam responder, concebendo um "sujeito puro’ que asseguraria 2. coeréncia dos diferentes daminios do conkecinento objetivo, ‘Mas as dvidas quanto Axis ujeito puro”e as preacupagCescom osujeito mater predomindncia nessaépoca,preprando cconeretaem sua vida ps terreno para o aparecimento da Fenomenologia modema. Entre as obras important 3s Brentana (Psicologia do Ponto de que a natureza s6 é ac ras GUE vier psiquica € uma totaidade de-quat-temoscompreensas inuitivee tment ietamente, a partir de explicagGes sobre fatos e elementos, considera que sentimento de vive o solo verdadeio das ciénias humans eo, método co adequao 8 sun investiga. as execeram grande inluéncia no pensamento de Hassel estabe- 3, afiemando que as investigagSes, porén,permareceram linitadas ao abito da Psicologia (Kelkel e Scherer, 1982) 'Nesse panorama surgem, no jnicio do século XX, as primeira obras sobre Fenomeno- que, embora partindo das idgias de Bret ja como 0 nico método para chegar és deste, estabelecer o fundamento radical da todo 0 saber humano, osofia, bem como a base 1. Oretorno as “coisa intencionalidade as’ ‘Questionando os sistemas especulativos dz Filosofia ¢ as teorias ex vas, Husser! prope retornar a um ponta de parida'que se, verda 0 primeiro. [AFENOMENOLOGIA E SUAS RELAGOES COM A PSICOLOGIA 15 coisas e dos problemas...Aquele que édeveras independente de preconcel se importa com wna averiguago ter erigem em Kat cu Toms de Aquino, em es, Mas éprecisanente préprio da Fiosofc,o seu trabalho conhecimento. Enretanto,a orealidadeexistindo fem si, mas como FenOmeno! eo considera como a tnica coisa & qual terns acesso imediato “Jo origina; fenémeno integra aconsciniae 0 objeto, unids no proprio ato de cia & sempre intencional esti constantemente voltada para um ‘bjeto, enquanto este € sempre objet para uma conscignca, hi entre ambos uma eorrelagdo essencial, que s6 se di na intucto orgintia da vi ‘A intencionalidid é, esseacialmente,oato de aribuir um seni nscigncia¢ 0 objeto, osufeitoe 0 mundo, Coma intencionalidade hé o reconhecimento de que 0 mundo io ¢ pura exceriondade eo sujet no é pura inteioidade, mas. aS para um mundo que tem uma sigificaso para ee. éelaque unifica a 2.A redugdo fenomenoldgica ¢ a intuigdo das esséncias pode ser sinttigada em dois principios: um acgativo, que re mente verifcado; outro postive, que apela para a intuigio originéria do Na vida coidianatemos uma tinude natural diante de tudo. que nes rodeia,acreditando fi na existéncia do mundo emi todos os Deixamos fora de ago, também, a consciéncia, Cconsiderada independentemente do mundo, © as teorias Psicologia” elabaradas a partir desse preconc A redugioniio € uma abstapio relativamente a0 mundo. 205 de atitudé — da natural para a fenomenolégica — que nos pe Fendmeno, ou como co 1 uma totalidade, no seio da qual o mundo e 0 sujeito 16 YOLANDA CINTRAO FORGHIERI icagovnfo € preenchida apenas ni sna qual a evidEncia da esséncia, ou “acoisa mes uigd sessve para um dominio su “fundala” no sensivel, sem se confundr com ee 0 sem que se potsa operarlivremente cesséncia correspondent, que a 4 ideastoe, co vito do in Entretant, embora estejar em principio, distintas, As distingdes entre elas correspondem is relagdes essencisis, cexisténcia (no sentido do que existe como individuo) ¢ esséncia, Introduzindo a nogio de “visio das essEncias" (Wesenschau), Husser! procura funda- mentar um processo de conhecimento ao mesmo tempo ccncreto ¢ filoséfico, ligao & cia e capaz de universalidade, através do particular. ‘Assim sendo, o estudo da vivencla, efetuado pela Psicologia, pode levar a descoberta deesséncias, pois 0 conhecimento dos fatosimplica uma visio da esséneia, mesmo que quer ‘pratique esta preocupado apenas com os fatos. Isto no significa que exista uma Psicologia dedutiva poisa“visiodas esncias”consiste numa “constataso gia Fenomenclégica ser uma ciéncia basicamente descritiva. Em ema de axiomas, como na Matematica, através do qual 0 na contruidade geral monddica’ da ria que nada tem a ver camo Tempo, 0 Espago 1965, p33) |AFENOMENOLOGIA E SUAS RELAGOES COM A PSICOLOSIA 7 ‘A ideago que chega is esséncias morolégicas, cuj extensio é flexivel e fluids, te distinta daguela que apreende as esséncias por simples abstasio, chegando a nos ¢ exatos. “As essEncias da vivencia nto slo abstatas, mas concretas.” cidétco-concretas, propondo-se a ser uma ‘A Fenomenologia pertence is dis “nein descritiva das essncias da vivenci relacionada a Psicologia, forecerdo-Ihe os seus fundamen «a Fenomenologia é a instincia para julgar as 4 da Psicologia. O que el afirma, em geral, 0 p ede de toda sua metodologic ulterior." (dem, p. no congo dap ce aintersubjetividade 3. A reflexdio fenomenoldgica, o mundo da (0 its Jeromeratbico mare, reflex tem, aqui, um rent préprio que precisa ser escarecdo’ 1986, p. 172), «eno mundo, mas no se erconta delimitado aquilo que vivencia no momento Ibém dirgirseu persamerdo para o que viverciouanteriormente, assim ammo para as prospexgbes que fazemreleréo-acoisas quetem aexpectativade ira vivenciar. a fe natural, considera todos esses acontecimentos como fatos, ‘es entre cles edeles com outros fatos, para explicaro psiquismo hhumano, orém, ele pode refletic sobre tudo ist superior de universalidade,cu de acordo.com aquilo que se pe de manifesto comp essencial, para formas especiais de vivénsia, Neste caso, todos aqueles fatos ¢ explicagies sio Colocados ent parnteses ou fora de aio, permitndo a reflexdo sobre a experiacia variada dda vivencia, chegando ao que Ihe &essencial, ov invarisvel nas suas transformagbes. refletr sobre o seu agradivel decores, “ag calegria se converte va vivacia vsualznda ¢ imediuamentepercebida, que te delina dese ou dagude nado ante mirada darefexdo.. pcira as no momento A elegria esti a coma algo que segue a, no que apenas no se haviam fzado os oles.” reflexio sobre a ole como iniiante nese rane, jf anterinmente (uss, 1986, p. 174) 18 YOLANDA CINTRAO FORGHIER! refletir sobre areflexdo da alegriae fazer uma distingto entre a alegria. jsualizadae aalegra vistalizad,e, igualmente, as modificagdes que trazem 1s de apreender, exp viswalizagZo da mesma. sua vex, mbm sh Entretanto, embora possa refletir sobre a vivéncia reflexiva, esta, em tltima ands, ‘remonta ao “mundo da vida", ou & minta viveacia imedita,pré-eflexiva, india, em seid fenomenligico... Tt om sa Conergy apenas una fase abslwament originri, enboraem fluco contin, que é 0 ‘momen do ‘agora vivo.” (den, p. 77) Base agora vivo" partie €0 ponto de putida Ge todas af noses reMlexCes: POTEM, = s reletindo sobre minha vivéneia reflexiva que chego a compreender a minha vivéncia “agora vi ‘A‘eflexio fenomenoligica vaiem diregdo ao “mundo da cotianaimeciata, no qual todos nds viveros, temos aspiragdes e aims, senindo-nos ora quando articula uma teoria, do ciemista ao desejar esclarecer um problema que surgiu em sua vivéncia cotidiana 0a Fenomenologia sediments... bscarem que, para co mando da vida e no no ar.” (Hs ‘A suspensio” feromenolégica no ¢ feita apenas em relagia ao mundo, mas abrange, também, 0 proprio sujeito, que 6, entZo, tomado como tema de reflecéo, deixando aparecer ‘92t puro otto “ego transcendental”, como expectador imparcial, aptoa apreender tudo © que 4 ele se apresenite como fenémeno, “Todo o sentido e odo 0 serimagindveis fazer transcerdentel, enquento consituince de todo o sentido e todo 0 ser...O ser ea _ IIL - Possibilidades de Articulagao entre a Fenomenologia [A FENOMENOLOGIA € SUAS RELAGOES COM A PSIGOLOGIA 19 consciéncia pertencem essencal Caresianas de Husserl,em Kelkele Sch Sob outro aspecto, em sua vivéncia cadiana, pripraspcultridades, exisem todas no mundo, constindo- econsitvindoe silt lade”, pois todos nds vivemos no com a capacidade de n0s aproximarmos ¢ de syjeno existentes no mundo, realizado através do encontro que se estabelece entre eles. ea Psicologia naencontra-se eraizado na problemtica das relagdes entre Filosofiae Ciéncia. senta-se como cenhecimento ¢a profundilade ot do fundamento; propte-se a captar a totalidade como tale 2 individualidade como tl interligando-as. Ela ‘pretends elimina, progressivament “todas as intdnciasfundadoras que ainda sé se epresentam cfetadaspor urs certo agénese do mundo, mas ela tem que pagar por este empreendimento, com sua incapacidade de conhecer o mundo em seu condo concreto. sapresenta-se como conecimento da realidade concreta; visa a ser objetiva io particular, deliitado e sem profindidade. Sua pritica assumiu 7 ‘0 & capae de nas ober wna visto do 977, p.6.) (que somente 0 método ci mando que reja aceivivel” (Laat mas do interclmbie entre a pluralidade de constituigdes dos vérios sujeitos — 20 YOLANDA CINTRAO FORGHIER! Desse modo, assume tuma posigdo reducionista e autoritria, pois lo que 55 é Examinadas sob a perspective acima desctita, de acordo com a qual vem sendo ‘consideradas, tradicionalmente, a Filosofia e a Cigncia, a Fenomenologia ¢ a Psicologia seviam d saber que se presentaciam corn inconclives. chegaraalgumas aproximayées losofia aparecem como epcificagées da idsia de conheciretoracional, ena mide em que se presenta como “portadoras de uma metodl uma questio concerindo as relates entre els” (Lads, 1977, p. 157) 1+ que, ob um porto de vista existencial, ontribaiu,consideravelmente,paraaposs cologia, pois, embora ele ede todosaber,tomowo mundo im disso, Hasserl no chegow delaborartum sistema filos6fico completo, poisrevelouestarsemprerevendoc ecomey to este empreendimento, até o final de sua vida, sem chegar a reconhecer que 0 havin pode ser observadoem referéneiasque fazemalgumasde suas obras, fas Relativas a una Feronenologia Pura ¢ uma Filosofia Se por wm lado 0 autor precsou praticamente rebaiar o ideal de suas aspiracées losficar, ao de wn simples principinte, por outro lado chegow, com 4 idade, &plena certexa de poder chamarse um efetvo prinipiate... VE cstendda diante de sia terra infiitamente aberta da verdadeira Filoofic, @ rometida’ que ele mesmo jé no ver plenamente cul (Huss, dugio publicada em 1986, p. 304) Ele chegouasentir-se desanimade desiludido, como quando afirmou naditima de suas publicagées, eitada originalments em 1938, ano de sua more: AFENOMENOLOGIA E SUAS RELAQOES COM A PSICOLOGIA 24 "Filosofia como ciéncia séria,rigoros,apoditcamente rigorosa —sonko que se desfea.” (1954, p08) jon Zaben, durante aargligio do meu trbalhode Livee-Docé enfermeira que osssistin: “Bu precsana comegar tudo de novo". “Todos esses fatos levaramme relletir sobre 0 inacabarnento da Fenomenologia recothesido pelo eu pre iniiado. Heidegger, que fo eminent discipulo de Husser, também considera que acompreen- sio da Fenomerologia depende unicamente de aprend®-la como possbilidade “Oqueelapossuide essencal no éserrealcom 1971, 9.49), fica” (Heidegger, ~ Ge pentane. te correrponter an 1972, p.107) Segundo Merleau-Ponty (1971), outro importante ciscipulo de Husserl, a Fenomeno- logia “exite como movimento, enter de alcangar ama completa conscigncia flosfica la esté a caminko hi muito tempo; seus dsciulos se encontram em: todos 03 lugares. (p-5). Se foszemosexpiito absoluto a redugio no seria problemitica. ‘Mas jé que, pelo contri, estamos no mundo, gue mesmo nossas reflexdes tem lugar no flazo temporal que procerc capiar, ao hé pensamento que envolva todo pensamenta." (9.11) E por isso que a Fenomenologia nao deve ser considerada como acabada naquilo que iipéde dizer de verdadeito. © seu inacabamento eo continu prosseguimento de sua marcha la pretende desvendar a raz ¢ o mundo c estes nio so um problems, mas constituem um mistrio. Portanto, “aio se tratria de dissipé-lo por meio de alguna solugo, pois ele esté aquém das soluges”. El es *serd, como diz Husserl, uma meditago infnta” (Merleau-Ponty, 197 'A Feriomenologia, portanto,apresenta-se como um método filosfico peculiar, quen#0 chega& elaboraio de um sistema filoséfico completado, Além disso, ela “busca at exsénciasnaexisténca..para ela o mundo esté sempre ‘af, ances dx reflexdo, como wna presenga inliendvel ecujo exforzo nuo com o mundo parc Uke dar um ‘status’ flosfico” (Mi pS). 22 YOLANDA CINTAAO FORGHIER! eid da tenha considerado a Fenomenologi fade de relago entre icologia, Mas, na medida em que amiadurece seu pensamento, neces renscendental ¢ 0 empirico, 0 ontol6gico e o @i ‘um ponto de partida encobrindoum problemaeum: cies de pes sat-Ponty, 1973, ‘As formulagdes fornecides por inter-relacionamento entre a Fenomenologia ‘do mais ampla da Psicologia, de acordo com a qual ela € uma ciéneiaeujo conhecimento € que esta palavra tem para os empiristase nem ENFOQUE FENOMENOLOGICO DA PERSONALIDADE = Esclarecimentos Serer eer 1. A trajetéria percorrida ‘Como é mencioneianteriomente, perso que, de certo modo, 0 inicio de minha abertre para a enomenotogia surgiu de forma informal e espontnea ba tu er ainda crianga comecei a me preocapar, me envolver¢reflet oa com quem convia, na de descobrir meios para amenizar a angistia por nfo conseguir maner, pemanentemente,o amor deas po mim. Bse ipo de rocupagaa ¢ eflexdo, tem-se mantido durante toda minha existincis; renttvas, como decorrer do tempo, passou ase torn cada vez es procurando recursos radativarente, meu objetivo passou a sero de tentar cheger a.umacompreensio do meu nies, que pudesse nos propiciarviver « conviver de modo a nos tomarmos, 0 maximo possivel, realizado... feizes jo da juventude, eu no tnha encontrado, ainda, o respaldo tiicos que me pssibilitassem enunciar, de forma organizada, @ exdes. Ele sé comegaram surgirapatirdo meuingressona Universidade; deste prosseguem surgindo, cada vex mais numerosos ¢ complexes, envolvetdo-me rt cstimulante certeza de que jamuis conseguirei esgotilos. Entretanto, nesse longo percurso, Fouve um momento no qual senti necessidade de fazer ua pausa para organizareenunciar as expriéncase reflendes até entio acurmulads, vente, de enfeque fenomenoldgico da speito 20 medo como, atualmente, dessa tarefa foi bastante para me sentir querida; dept sini m sentido amplo diz compreendo © meu existir¢ o de meus semelhantes. A 2 YOLANDA CINTRKO FORGHIER! {que jamais conseguiriaconclui-la. Quando estavac parecia-me que elas iam adiante de meu raciocinio, dando-me um vigoroso impeto ée 15" € “agarté-las" num caminho que jamaisteria fim. E a cada releitura de partes via considerado como proms, sentia, e ainda sinto, que poderia emplié-las ou Portodos esses motives, eundopretendo que as enunciagSes aqui reunidase articuladas sejam tomadas como algo pr izado e sit, apenas, como a “estacdo” 3 gual cheguei, depois de uma longa qual estou, sinda, prosseguindo. Mea intuito é ée {que as enunciagSes que aqui apresento nio sejam consideradas como det ‘mas como profundo que é « existiicia do ser human, aqui abordada sob a perspectiva psicoligica da sua personalidade. 2. Passos se we eleboragio eptie—— ‘Considero importante, ainda, fomecer esclarécimentos sobre 0 modo como procedi,a partir do momento em que tomei a decisfo de elaborar um enfoque fenomenolégico da personalidade, aps numerosos anos de experincias, estudos ¢reflexdes, Essa drdua tarefa ‘ccorreu por meio dos seguintes passes: UP Passo — Retomei as obras de filésofos, psiquiatras € ‘cnunciagées haviam me impressionado e del selecionar equelas que julgueiserem pertinenes para um levantamento de aracte- cas da personalidad humana ‘os enuneiadosacima referidose ex cdlogas fenomendlogos cujas los de acordo iagdes na concretude de nosso i chegando, por meio dos aspectes as. Logo apés a ucla, também, as variagbes desta na concretude da vivencia da pessoas jouveapreponderiincia de estudos e reflexGes:nosdoisseguintes ter-telacionado de envolvimento, tanciamento, eflexdo ¢ enunciagiode idgias, com predominio ora de uma,ora de outra is maneiras de atuar. ENFOQUE FENOMENOLOGICO DA PERSONALIDADE. 25 adamente,cadaum dospassos seguintes,parafacilitara sua descrigio, julgo importante ressaltar que eles foram ocorrendo de form: relacionada, com avangos e retrocessos, que tiveram por objetivo chegar to melhor est cimento que me fosse possivel aleangar, tanto das enunciagSes dos autores nes fundamentei o enfoque, como de minhas préprias. Resumidamente, em ouiras palaves, aravés dos pasos interrelacionados acima refetidos, cheguei & descrigio de caractersticas bésicas do existir humano. Para cada ua delas apresentei os seus fundamentos fenomenol6zicos sob prisma filosSfico, procurando mostrar 0 aparecimento das mesms na vivénca cotidiana, Este foi o recurso do qual me utlzei para passar do plano filos6fico para o psicolSgico; no filossfico dci destaque aos aspectos invaritveis da existéncia, no psicobigicn enftizei-algurnas-variagées-que ais aspectos podem apresenta ao se manifestarem na concretude do exis. 3. Paradoxos e aparentes enganos ‘Ao tratar ds variagGes referidas no pardgrafo anterior, deixo transparecero quanto as caracteristcas bisicas do exisircostumam manifestar-se de modo paraéoxal na vivéncia cotidiana. Posso, assim, dara impressio de que estou sendo contradtéria em meu empreen= imento, Afinal, estou rezorrendo a um método inspirado ns Fenomenologia e, portanto, estou pretendendo ter tim rigor que me permita chegar « enunciagdes co:rentemente artculadas e acabo chegando, também, a varias ambigiidades. Acontece que estas fazem parte da concretude do proprio cxstir humano; porisso, para me manter fiel a ele, procurei aterm: a um rigor e uma coeréncia que, de certo modo, sao paradoxais. ‘Outro ponto que merece esclarecimento refere-se ao estilo que adoto ao escrever este trabalho, p alguns momentos: perto do letor€ levi minha vida, mas da ex a participar da vivéncia de situagSes que sto proprias nfo apenas de sncia que ambos partithamos como seres humanos semeThantes. TI - Fenomendlogos Cujas Idéias Fundamentaram Enfoque as aproximag6es entre a Fenomenologiae a Psicologia, tas como as que ele provura ei 26 YOLANDA CINTRAO FORGHIER! smo humano, em sua manifestagdo fundamental a percepedo (197 Na Fenomenologia d «fundamentaco parao estabelecimento das dimensbes primordais do exstirapreocupegio ea angistia,o“compreender’,o "temporalizar"e o“espacialza’”, As consideragBes que ele tece sobre aelatividade do conhecimento (1979) também exerceram inluéncia marcante em minhas reflex ‘Alm estes fildsofes, figuei mui refeténcias a Husser, seu contemporine hhumanas, em sua tenomada obra Eve Ti (1977), publicada pela primeira vez em 1922 visualize’ a possibilidade do encont, ou da sinconia completa entre os sees humanos, de certo modo, do admitida ou, pelo menos, nfo claramente explicitada por Heidegger (197 a). Sartre (1970, 1972) fortaleceu minha preocupagdo com & questio da liberdade do ser ——hurano,levando-me a inclu o “escalher’, entre as suas caracte a zi \ésofos, mas de psiquiatras fenomenélog Boss (1963), bem no i , van den (1973) © Minkowski (1970), posterionmente, Foram eles que me levaram 2 eitua da Fenomenologia em seu campo d= origem — a Filocafia — na tentativa de compreender ¢ aprofundar as suas idéias sobre o existir humana 0 modo.como empregam 0 métoco fenomenoldgico. ‘Reconheco que o pensamento ds fenomendlogos que tenho estudado ¢ com os quais oragio de um enfogue da de fazer uma comparagio entre esses autores e sim, apenas, ode reuniras sua ids naqui de acordo com o modo cama consegui compreendé-ls,viviicd-las TI - Apresentacdo do Enfoque: Caracteristicas Basicas do Existir termo personalidade ¢ aqui tomado como o conjunto de caractersticas do ‘umano, consideradas e descritas de aoordo com o modo como so percebidas e compres dlidas, pela pessoa, no decerrer da vivéncia cotdiana imediata tendo como fandamento seus aspectes fenomenolégicns primordia. Tais caracterstcas constituem uma totalidade; ‘a sua organizago em itens separados tem, apenas, o intuit de descrevé-las de modo ‘mirucios, para facilitar a sua compreensdo. ENFOQUE FENOMENOLOGICO DA PERSONALIDADE 27 1. Ser-no-mundo © homem, através dos tempos, claborar a ciéncia, que pode ser det nectadas por relagSes fundamentas”. Entetanto, & Unico modo p nner 0 mais imediato, pois, ao ser humano € es inerente ser-no-murdo” (Heidegger, 197, pp. 21 €2 “Quando de mani cedo wn fisico sai de casa para ir pes thar nos lkos os a, 0ficondopoderae spesgu- mes eis. Nem oso es somente fer de 1988, p. 19), Enconramo-nos, em cada momento da vida, em nossa exprincia catitiana, tendo comela una unin imediate pees qu nto prom dagulogyssciénciancs snvioa Ea pare cent dss vivre diiaque dsenvoliero tases nosssatvidades, rele as cenfies, e que determinnos nosos objevos ¢ ideas. A expesineia ana imediata¢o cen dentro do qual decoe a nossa vida ser-no-mundo &2 sua ra fundamen “Ma lado de érvores, ania Femem end sempre saperandoos limites en cer-no-rundo ro quer der que 0 homem se achano meio da naturea, €O cures homens... uma estratura de realizogéo..0 0 dentro eo fora.” (Idem, 9. 20.) ‘Nos acontecimentos da vida iia podemos evidenciar © quanto estamos impicados ‘no mundo, pela afligdo que sentimos quando, por exemplo,simplesments escorregemcs € rads ¢ conusos, pois, ao “perder” o chéo no qual nos apoiames, sentimo-H0s, fo omo se perdéssemaso proprio mundo, simulkaneamente, a6 tesmos. Isto pode acontecer, também, quando seguimos por uma estrada pouvo corhecida fe, de reperte,ficamos sem saber onde nos encontramos. Para sabermos quem somos precisamos, de cero modo, saber onde estamos, pos, aidentidade de cada um de nés est implicada nos acontecimentos que vivenciamos no mundo. ‘Nosso elo de liga pode no serum lugar, mas uma pessoa a quer muito amamos; asia pera, devide ao drama de sua more, ou, simplesment, faa de sua compreensdo & 28 YOLANDA CINTRAO FORGHIERI a0 afeto que the dedicamos, pode nos deixar perplexos aflitos, sem es, se somos a pessoa que in Precisamos do “mundo” para sabermos onde estamos... quem somos. Nas afligées ecorrentes de nossas momentineas divides a esse respeito, respiramos fundo paraal procurando, intuitivamente, encontrar no arque penetra em nossas narinas um alento para nos também, acender um cigar, colocé-lo ene os lbios er a sua fumaga; ou tomar alguns goles de uma bebida qualquer. Estas agées tio ples © espontineas sfo tentativas para recuperar0 nosso inerente scr-no-mundo, pois, “a shun as dele relaionar-sdiscosas eds pessoas. Ser‘ nio.6 wea estratuca-ontligica exisindo-em algun ‘supemndo”-que se manifesta wma vez ou cutra na exstncia humana, Ser-no.nundo consste na ds pessoas que encontra...” (Boss, 1963, p Sempre que penso ou sin‘, isto acontece em relacio aalge ouaalguém, coneretamente presente, ou apenas lembrado oi imaginado. Por outro lado, o- mundo nio & pens tm Conjunto de objetos ou pessoas, existindo por si mesmos, pois cada um deles se toma um dterminado objeto ou pessoa em virtude de ter um significado para quem 0 percebe. “AS coisas no podem ser sem o homem e o homem nio pode ser sem as coisas que encontra” (der, p41), de “A iia frdan rersarrento & preisamente que a evidence do ser precisa do homer e que, vice-versa, 6 homen sé é homem na medida em que es deniro da evidenca do ser” (Heidegger, 197, p. 25, em entrevista cm Weiss.) mente independent {ptoca de cognosci vio podendo ser decomposta ‘ul estrutura primordial pode ser la cdeserita /os, mantendo a sua unidade. E desse modo que podemos considerar 0s vésios aspectosdo mundo asiferentesmaneiras do homemexistc ‘no mundo, ENFCQUE FENOMENOLOGICO DA PERSONALIDADE 29 11, Aspeetos do “mundo”: cireundante, humano, prdprio “Mundo” é0conjanto de relapSessignificativas dentro do qual a pessoa: seja vivenciado como um totalidade, apresentase ao homem Sob trés aspectos simultineos, ferentes: o circundante, o humana e o proprio. (Binswanger, 1967.) denominar de ambiente. Abarca tudo aqulo que se encontra concrelamente p ida pela pessoa, em seu contato com o mundo, Abrange a coisas, leis da naturezae seus cicls, como o dia ea noite, as estagdes doaro, o calor €-0 fio, 0-bom-tempo-e-as-intempéries. Dele-faz- parte tarbém,-0-n0ss0.cerpo, suas necessidades¢atividades, tis como oalimentar-se eo defécar, igi sono, a atuacio o viver eo morter sundante carateriza-se pelo determinismo e por isso a adaptagio € 0 idohomemsc ale. Assim, Jo,euprecisnadatar~ has necessidades decomere de dormir, corpo. é este que me proporciona os primes contatos com aguelas. So minhassensagGes {que me propiciam ver, ouvir, cheirar tocar e degustar as coisas gue me cercam perceberdo as com alguma signi acontece numa vivéncia global onde nao distingo, de mediato, cada um de meas sentidos, bem como estes e as coisas com 2s quais me relaciono; eu simplesmente percebo coisas que tm um sentido para mim. : para ver.. simples que estéo a.” (Berg, van én, 1972, p. 126.) «18m significagio para um, ndo apenas por aqulo que soem simesmas, mas pela relsgS0 ages percepatesdesi, bem como 20 mundo; 0 corpo € simultaneamente unificado ¢ unificador na sua nea celagio cosigo e com o mundo, 'Na viténca pré-reflexivaimediaao ser hurnano desconhece seu corpo como -emoutas palavras,esteencontra-seenglobadonatotaldae do exis, Endoh manifestigi0 ddo«xistir que nfo sea, de certo mado, corporal, pois nfo sZo apenas as sensagdes, nas qasis temas uma pereepedo dia de objetos, que slo vivdas corporalmente. Meso quendo imaginamos ou lembrarres de algo, ou Ge alguém, estes aparecem com uin cori, ama forma, ou um pefume, um gosto, uma contextua. E até quado estamos engajados sum ‘o que visualizamos anda mantém algume relapieom oque ———coincidenrcorr 30 YOLANDA GINTRAO FORGHIERI “"Nosso préprio corpo esd no mundo como o coracéo no organism: ele mantém res Ge encantamento, passo a refletira respito desses momentos agradveis, ¢ procuro os para verifcar no que consistem, como cheguei a eles e como poder agit Pat ‘novamente em ouras ocasides bém, que uma amiga me propicie a cportunidade de reflet sobre co mado como estou vivendo e me sentindo quando, por exemplo, percebencio que n#o esio8 tem-e querendo me ajuda, perguna: “Com vio indo as coises para voce?” Quantas eos estamos insatseitos e, na correria de nossos afazeres, nem encontramos fempo psra 40 YOLANDA CINTRAO FORGHIERI insatisfaglo e para fazer algo no sentido de tentar melhorar as coisas”, jorem! Por outro lado, nfo €raro ocorrerem outras situagdes em que tudo est algo desagradavel acontece, levando-me a perceber que “eu era feliz.¢ ni sabi dizem alguns poetas. ‘Comesses exemplos no quero dizer que anossa racionalidade se encontre adormecida pouco intensas costumamos concentrar a nossa atengso apenas nos afazeres cotiian’ jutro lado, estes podem chegar a nes absorver de modo to intenso que nos dficultem perceber, claramente, como estamos vivendo e nos sentindo no decorer de nossa existéncia | Tal nog ocaso de uma vivéncia de angistia,na qual sito-me muito mal, semconseguit _ desenvolvimento das: ENFOQLE FENOMENOLOGICO DA PERSONALIOADE a ra de exist que também tem possiti imais leve conhecimento de suas razGes. 6 tal mar 1 sobre as r426ese 08 cbjetivos de suas ages, vetificamos que no ecorer de nossa vida, costumamos refletira respeito de nossa vivértia cotidiana, analisan- do, levartando hipotesese chegandoaalgamasconcluses respite dela de nosso existe vos de tem como plane ndreao daquilo que preteademas puro Fut. A mei rcional de exit & tne, aguels ene opis & cemergéncia e 0 ncias — 7 a, pois, além de nos saber por qu, Minha aig € tio grande que sou forgada a refletr sobre a mesma, tentando ‘A racionalidade & de enorme importincia em nossa encor nde sofrimentoe os meios dosquas disponho roporcionar uma base, de certo modo, objeiva, para explicar e planejar as nossas ages, & para tentar supe 0 teansformar a aresponsarel pelo avango aleangado até os dia atusis, nas viria éreas do saber, avango que i : ‘jet definido: do ester assustad pode cons n Sri ep algo temendo gus aconesaalguma cosa palpivl corcrtamenteaalisvel A visualzagio Mas, as possibilidades de nossa existéncia no se reduzem & adequagio ente a de um objeto definido toma pos gue sfo os meios de que dispomos para agi ‘nosso envolvimento e participacio na sva percepciio, de aliviar 0 softimento. Assim, por quando es me enconirar-com uma pessoa que -entemente pela qual estou muito interessada, posso chegar &conclasio de que ‘minha’ afligdoré decorrente-do-mew desejo- de ser correspondida aliadoa0-medo de mio alcangar este intento, Entdo, procuro verticar quais os meus melhores recursos para agrad- la e como podere utiliz-los. Se minha afligio for anterior & prestagio de um exame ‘ou de um concurso para conseguir um emprego, tento me preparar procarando cconhecimentos ca priica requeridos para cada uma dessas sitagdes. Evidente- riscos, que serapre esto presentes em tudo o que planejamos. ‘Tentamos transjormar a angéstia em medo ¢ objeto nos quis a amenza se corporifie, insformi-las em medos concre~ e voutendo.coragem, minhas angistiaseanalisando-as,racionalmente, fim tose verficar os recursos dos quas disponho para poder etre para planejare por em pritca as minkas ages. Eniretanto, paradoxalmente, por mais que me empenhe em encontrar a seguranga © a tranghildade, estas chegam a ser aleangadas apenas por alguns instantes pré-reflexivos, nos auais vivencio situagdes de plenae profunda sintonia em meu proprio exist endo tenho © imetigecin o real e, conseienement, 3 Fontes do raconal, pois exe enone fundamentado cm algo anterior a ele, que é originario em nossa vida: a vivéncia cotidiana ‘mediata. Ela que consti o pont de partdae undo sobreo qu dade pra qu as elaboagics acionais — qu orade uma, sendo, a8 maneins preocupadae sintonizads —nas quais éci ans seatimentos desagradiveis ou agradiveis — podem surgi, las, em vivéacia imediata, que contém esses dois tipos de rapidamente que encoatramos dificuldade para distingui-los. sia elaboragdo intelectual das experiéncias| ‘certo modo, objetiva das ia, ode ambas. destaque, respectivament muito prOcimas e entre cotidianas imediatas —embora este situagbes, nfo deixa de conter sempre algum ni 2. Temporalizar Temporal x 0 tempo, sendo esta a vivéncia que mais prGxima se encontra de nosso préprio to préxima que consitué a base da amos dizer gue & sindrino esa, no sentido mais amplo da paavra.* (Minkowshi, 1982, p. 22) ent ve gigamtescas &, enido, icamos 42 YOLANDA GINTRAO FORGHIER! 0 fundarrento bésico da existéncia humana é a temporalidade; esta constitu o sentido 19Tla, pp. 256 e 257). fora, ultrapassar a situago imediata, que também quer dizer temporalizar/ a em estar continuamente saindo de si mesma, transcen- para completar-se, ov tegger, 19719, p- 256), Por , Ou totalizar-se durante a sua cexisténcia, embora a morte seja a sua maior e mais profunda certeza. A morte faz parte de nossa vida, apenas no modo como nos relacionamos com as idéias de ser ela 0 nosso derradeiro- fir &-¢-apenas-inctvindosaenr-Tossas-refienGes-queterermos-contigGes- te venta 0 ew existir tengo comer furcorumr passae encontrar 0 verdadeio sentido de nossa existéncia. Em nosso ¢xistir cotidiano pré-reflexivo}podernos vivenciar o tempo como um oceano 0 € potent -omego nem fim e cheio de mistérios. Hi momentos em que nos 19s sintonizados e tran eacolhedoras, vivenciando o quar srandi guros & angustiados, experienciando a eminéncia dos cenormes perigos que rondam a nossa vida, ameagando-a de extinguir se completamente a qualquer instante. © tempo também pode, as vezes, parecer monétono e desprovido de sentido, como sea existénciafosse uma repetigZ0 continua de momentos iguais, envolvendo- smotas, comegou & a 1 decorrer do tempo, procurando objetivar a sua marcha, vetificando as antes considerande-as deforma semelhante aoespaco. Oso: onalmente repetighes indoe desaparecendo har o decorrer do tempo; denominoude presente ao momento que esti acontecendo, de passado aos mom se acumulando na existéncia e, de futuro, Aquilo que esté para 4o tempo. io do jf acontecido como do que nosso exist como um fluxo amos que Venha a acontecer. Costumamos experi ENFOQUE FENOMENOLOGICO DA PERSONALIOADE. 43 continuo, decorrendo numa ‘velocidadeeintensidade que se alteram de acordo com a nossa ‘maneira de vivenciar as situay6es, que € sempre acompanhada de algum sentimentode agrado ‘ou desagrado. Os instants viverciados com sintonia e contertamento decorrer rapidamen- te, enquanto 0s momentos de preocupasio,contrariedade, ou tédi» decorem devagar. Tais allragdes acontecem apenas em nosso emporalizar,ndointerfrindo notempo mareado pelo neste os instantes mantém, sempre, mesma dungio. Por isso, podemos minutes como se fossern horas. Assim, por exernplo, e estou a ;olhe omen ator, sentindo {que sou correspond, sit 0 tempo “voar" entretanto, quando me sino incompreendida, esprezada ou decepcionada, sto 0 tempo decorrer muito Ientmente, podendo até me parecer que ele parou de repent ———— ‘Além de vivenciarmos ura cera “velocidade” em nosso exist taneamente, uma “extensbilidae” ou sea, nosso temporalizaresende-se, tanto em relagio ‘ao nosso passado como em diresio ao futuro, com amplitude ou resticlo. Assimsendo, posso vas e um futuro com poucas ou muitas possibilidades de prosseguir a minha enisténcia. A vivencia de sntona econtentamento expande o mes temporalizsr enquanto a de preocupagio e contrariedade o restinge ‘As elaboragSes racionais, entretanto, posibilitaram a0 hoem estabelecer as sobre a sua cxisténcia e pl procurandoevtaroperigod> rages também levaram 0 ser humano a descobertas einvengSes que the permitram Smplar 0 seu conforto ¢ ihe trazer alguna seguranga, dandothe a impressio de esar controlar o tempo, Assim, pr exemplo,ohomem pasou aprofongara duragSo dos alimentos, conservando-os em baixas temperatura, prolongara vida de muta pessoas tendo efiientemente suas doengs. A imprensa chegou a divulgar alguns casos de duos pravementeenfermos que fram congelatos, com o objetivo de “aguatarem” a descoberta de tratamiento que no futuro pudesse vita possibiltara sua cura Porém, por mais que 0 set humzno procure controlar raconalmente 0 tempo, este continua a decorerinexoravelmente, independente da vontage humana, mesmo que todos os os do mundo venham a pare todos os calendriosdeixer de ex aque sjam as suas conguis or as suas condigbes de vida, 0 a sua morte, [As elaboragées racionais iio fomecem parimetros que ns perm , indispensiveis para nos proporeionaralguma seguranga; mas € necessério reconhecermos que nossa existéncia é constitida de uma abrangéncia que uitrspassa, consideravelmente, taiselaboragdes, Racionalizaré debrugar-se sobre o passado, refleir sobre o que jdacontecet mm poucss aimetiasenctianess | 44 YOLANDA CINTRAG FORGHIERI re que poderd vir aacontecer. 10.0 futuro, cujaaberta de pos «fazer previsses implica, para oserhurnano, em limita a uma projego na fluidez e 6 pode ser encontrado na vivéncia imediata, pré reflexiva. Precisamos, constantermente,alternara nossa racionalidade com essa vivéncia, para que possam “reclraro conta coma viaecomo queelatendemaisexponne corgi: volear font primera da quel bots no apenas acinci, mas todas as manifesta es da vide” (Minkowski 1982, 7-9 = ENFOGUE FENOMENOLOGICO DA PERSONALIDADE 45 sivenciaro nosso exist com amplitude. Taisfatos per ser perebidos,commaiorclareza, fn stuns nas quas vivenciams ntnsasalegrias u profundes soffimentos.O pig ¢ fenomendlogo Victor Frankl (4) apreseniaexemplos de viveaia intensas dese tipo dele deseuscompanheires— oomitas em campos de concentago,onde salvaram- se daloucura apenas os prisionirs que conseguiram manter a amplitude de seu espacial Spesardoterive e prolongado cofinameno ao qual havam sioinexoravelment subme- tidos. «Para elevclospsiuicamente, era recssiriooponta-Ies wma meiano sentido acer td para thes recordar quea vida cu aluim esperava por eles.” [A vivéncia do espago e « do tempo rlacionam-se intimamente ¢ so experienciadas 3. Espacializar a com amplitude ou restrigdo, de acordo com a visualizaco de possiblidades ¢ esperanga da nom HOS 0 SpA EMT MOST EXTETEH Sse HE PWT TEATEES, OU ESTP Be erspectvase denim por nr vstambrar—— P itumina Procuramos, racionalmente, objtivara nossa espacialidade, localizando edenominan- doos lugares e a coisas que nele se ercontram, consderando que ocupam espago corespon- dente & sua dimenséo e volume, com alguma distancia entre si. Esta concepedo &, também, aplicada a nés ea nossos semelhantes, como pessoas sitwadas num deterinad local, num dado momento: residimes num certo endereco esituamos os higares de trabalho, de lazer € outros, em nosso bairo, cidads, estado e pais, ov em outros paises, € elaboramos um Jose nos forera uma idéia da extensio do mundo buscarmos as coisas que Id estio, bem como para nos ‘encontrarmas com os nossos semelhantes. sentido mais profundoe originrio, nao se limitaatais vivencia cotidiana jto no armirio, de uma planta no jardim ou de ur cxctony anginal pp borne da earner couvtaneds a eid lugar, tem compreensio de seu préprio eistr no mundo, relativa tanto ao local e instante tunis como 2 outros vidos anterionmerte, e tamibém qu experiencia, 0 eo poder vira 2o.que nos citcunda; vidade pode ser mais ampla ou mais va, de acordo cam a compreensio ¢ 0 modo como nos sentimos em nosso exis no podemos estar andando numa enone praga © nos sentimos como s° jonados uma cela, ou, nesm estandofechados num cubicuo, podemos ‘meios de concretizdlas. A abertura de possibilidades e a esperangace coneretizs ‘ampli tanto as perspectivs futuras como lembrangas do paso, enquanto 0 desespero feo destnimo as obscurecem podendo chegar a encebri-las completamente ‘simples lembranga de realizagdesealegras do passado também, pode ihuminar ¢ amplaea vivéncia opressora de uma situago de contrariadade, Aquilo que vvemos, nob poder que pos os rouba.. ado aque realizamos de grande, pensames esofemos,é una rigueza interna de gue nada rm ninguém tos pode privr..enese pasado rosa vide ficou asseguads, porque er passado também una forma de ser.” (rath 1, 9.99.) ‘Além da expansividade, ¢2 els muito rlacionads, encontrase @ capacidade do ser hhomano de vivencisr 0 distanciamento ¢ a proximidade de locais, coisas € pessoss, , mas, de acordo com seu modo de ‘me acompanhada por meus amigos aus enir muita gente, Também posso encontar-me, de fato, rom luge sentir-e f prxima de outro, que se enconta muito Tonge fisicamente, mas, 0 qual teausle momento. Assim sndo, ove, sob um prsmaviveeial, tem um sentido amplo es Ue ero modo, paradoxal, pos tnto pode referr-se ae meu campo perceptal atal como a0 ‘neu “mnundo”, que abrange uma ampla gama de percepgGese sigificados equéme além do eu ambiente fisico. Em resumo, aguilo que visualizamos ment, como cis tu proximo, pode no sero que esti, objtivamente, a maior ou menor 46 YOLANDA CINTAAO FORGHIER! “Um caminho objetivanente longo pode ser mais cuto da que wn caninho objet di origiria do ser-en.” ‘quanto interalos medidas, encobre-re a espa (Heidegger, 1988, pp. 154 155) Posso, também, vivenciar © espago com famlirdade ou estraneza; em outras palavcas, posso sentir-me acolhidae & vontade no ambiente em que me encontro num dado momento, ou uma estanha rum lugar que ignor ¢ no qual no sei como se situar. Tal fato meu existir sem perceber quai os motives, ou preacupada e angustiada, sem saber por que, até mesmo sem querer prosseguir 0 curso de minha existéncia, cheep homer ent jog pogo sem fund, no qual rnca se pode ating o abso sd p. 109.) Binswanger (1973) afirma que o espacializaroscila de avordo com o nosso humor, em 3s ascendentes e descendentes,afirmanco que oeixo vertical & o ino fund isfagBes “elevam-nos” em nosso exi -em telaco-a0 significado: de-nossas 3s possibilidades,chegando até anos dara sensago de estartnos realizagies como ao de nos as do céu, © oposto se di com a raiva, as tristezas e contrariedades, que: nos bscurecendo e restingindo os significados, tanto de nosso existr atal e passado, como de nessa perspectivas chegando anos evar Asensagio de numa fossa (pp. 363 e 369). Tal consideragdo da vivéncia do espaco relaciona 20 espacializar, circundante, como, tambés 4. Escolher (2ncia € uma aberturaa percepeo e compreenst de tudo oque aela se apresenta “6 a condigio da Uberdade humana” (Boss, 1983, p. 123) pois ¢ ela que idades de escolha, no decorrer da ia ENFOQUE FENOMENOLOGICO DA PERSONALIDADE 47 “Apna onde hima uliplcdadedefendnenes, tras po ecsdo.Tntoaabertare como aliberdade de exclha Si endmenosfurdeme tai queserevelam dirtamente no equerendogualuer conproveg. Mas, como parcum deleseracondigiodemanijetapodo tiga primordia é pos outro.” (Boss, 1983, p. 123) Podemos, pois, considerar que liberdade de escolher é tanto maior quanto mis ampla for a abertura do sr hurano & percepsio ecompreensio de sua vivéncia ro mundo. Essa abertura equer, também que acompreensioestejade acordocomarealidade;acorrpreensio _ deve ser verdadeira par que aescolha no venha a ser apends uma quimera, ou ursailasio também, a questao da verdaiz ‘do considerada como aadequago do conhecimento ‘que a esséncia da verdade & a conformidade do tase de uma conformidade entre dois elementos ‘Tradicionalmente, a verdade ter idade, ou a coisa ‘Elefante umn Concretamente PRESENTE € OU qUE € Uh persamento, uma eMUNCI==AO. Tats clementos nao podem ser igualados diretamente; « sua conformidade requer uma relay centreambos. A aparigdo éacoisa, ou da ealdate, acorteceno seio da abertura dose: humano nessa abertura que ocorre a relagio entre a coisa © a se, “originariamentee a cada ve2" com 0 desen:adear de tum comportament. ‘Soment pla abertura que ocomportamento mantém, se tora postvel a conor ur morada original na ra do comportamento.. A significa deslocar a verdade para subjetvidade do abitrio humano; mesmo que fuo tena acesso a objetividade, sta permanece “telativizada” por sua aberura compreensio de suas experizncias. Ente estas enconta-se a compreensio que surge na ‘com seus semebantes, que como ele existem no mundo, tendo ames a ‘capacidade ese compreenderem mutuament; tl conv hegara acordos intersubjeivos que podem, também, de certo modo, contribur para diminui are da verdade Eniretanto, oh uma verdade existente por si mesma, que proporcione ao ser umaro nela fundament apenas possbilidades que so confirmadis, ou nio, le se comporta de umm ou oatro modo, agGes particulares, nas quai 48 YOLANDA CINTRAO FORGHIER! verdade é a propria vida que a exprime: éavida em ato. Hi wna luta entre a ‘0 pensamento, mas @realdede pensada, e portato abstrate, munca passa de um possivel” (Kierkegaard, cit por pp 35edl ‘Aealidade para oserhurano es originariament funcamentad na compreensio que cle tem das situagdes que vivencia, nelaestando imp exist, como ele tem sido (passada), como esté sendo (presente) ¢ como poder vita ser (futuro). A realidade € compreendida numa perspectiva simsendo, aoescolher tenho, por suporte, um conhecimento que se encontraelacionado ao que jd aconteceue est P lade do que poderé vir a acontecer. E mesmo chhegando a acordos intersubjetvos para o estabelecimento da verdade, o ser human 10 chegua ter acerteza de conhecer verdadeiramentearealidade oud tr feitos melhor escola, assim como ndo tem a garantia de conseguir concretié-la conforme a projet. E tudo isto que confere & deciséo da escolha o seu caréte de iberdade e de response 0 ser humano soubesse tudo com cetera, anes de se decir, no tani ras determinado pela objetvidade de seus conhecimentes, que Ihe indicariam uma tnica escolha: a verdadeira, ou a mais acertada, ‘Ao escolher, contamos apenas com nossa abertura &compreensdo de nossa vivéneia © a de nossos semelhantes, que: nos colocam diante- de possibilidades, exigindo de n6s responsabilidade para essumir o risco da imprevsibildade das consegjiéncias de nossa decisio. “Todos nds tivemos, em alguma ocasio a experiéncia de nos arependermas de uma cescolha, por no nos properionar aquilo que dela esperivamos. Assim, tambérn,jéverifica- mos, ao executar ossosplanos para aleangar um objetivo eseolhido,o quanto permeados de fatos imprevisives terferem na sua ealizaglo, chegando até a impedi- Tcompletamente. Ej temos tid evidEncia dos iscos aos quais nos expomos 20 uma decisio... eno entanto precisaros faze acontecendo, mi ragem para ser” coragem para vivera nossa vida, dante de tantas insegurancas e dos perigos que continuamente nos ameagam, (A propria necessidade de ter de efetuar uma escolha entre varias possibilidades jé ‘contém 0 fundamento de minha limitago como ser humano: indica que no posso escolher coneretizar,simultaneamente, todas. as minhas potencilidades. Como um ser humano vivo, izad, sé posso, em cada moment -oncretamente presente num tinico lugar e 6 posso fazer uma coisa de cada ver; por iso cada escolha efetuada implica na remtincia de ‘um nimero enome ilidades. Conform as stuagSes, posso adiar algumas escolhas para mor quedi apenas temporariamente, Hi situagées na vida de cada um de nés nas quais a ope por uma ENFOQUE FENOMENOLOGICO DA PERSONALIOADE 49 cosa importante requerarenncia completa de outrasigualment elevates; posso, enti, Fcarindecisa po algum tempo, aé ganar cragem parame despejar de algo importante que gostaria de conguistar ou, simplesmente, de manter. “Estas reflecées trouxeram-te &Iembranga um antigo.verso, muito simples e profundo, como costumam ser as coisas verdadeiramente simples, quando conseguimes compreendé- has: fico ou se vou. sei que ndo fico. Se fico; se que nfo vox" — eae resumem muito do que estou dizendo sobre a liberdade de escolhe. | Essas pal [Antes de escolher tenho diivida... 6 depois de fazer a escolha e de concreti-la tenha a —} $ret que sssannt dor que renunciei re pode ser vivide de modo amplo no momento anterior a wma ‘O sentimento ée ser momento, de cero modo, “posso” casar-mee fcar soltera, ser psicéloga eats. tantas outras evisas; ficar’, Vivencio a amplitude de minha Hberdade quando ainda estou diante das oda agio, ‘Aago me propicia realizar os meus projeose partanto preciso contarcom os recursos do ambiente, neles investindo toda a mina capacidade; conforme vou agindo para concre- tinaros meus projeos, vou tamando contato como mundo, desvendanioo ecompreenden- 1o-0, o mesmo acontecendo com os meus recursos pessoas. Aescolher,planejare air, vou conbecendo o mundo e a mim mesma, sempre cortendo o risco de pér & prova cs meus | projtes, ealzando-s de fio, ou verfiando que nfo pessavan de ise ou de Sots. E por tudo isso que, quando nos encontramos em situapées de grande abrangéncia em nossa vida, sentimo-nos angustiados e costumamos demorar para tomar uma decisio, Hi pessoas que levam grande parte de sua vida adiando o momento de efetwar uma cescolba impértane ede agit no sentido de concretizé-le, para maaterem ailusio da plenitude erdade, ou por se sentiem incapazes de se decidir pela remincia de algo que cconsideram imprescindivel, ou, ainda, pelo receio de verificar que seus projetos néo passavam de sonhos. Essas pessoas nfo chegam nem a “i” e nema “fear”, assim sendo, einam de atualizar boa parte de suas possiblidades, nfo desenvolvendo os seus recursos pessotise a sua compreensio 2 conhecimento desi edo mundo. Hé também, 0s que, de certo modo, renunciam & sua liberdade de escolha, para evitar assumir a sua responsabilidace, © 50 YOLANDA CINTRAG FOAGHIER! acomodamse na posigdo de seguir os exernplos ou as normas estabelecidas ‘momentos nos quais est dade origindra, 02, em cut tizagio de nossa abertura € de n send inauténticos Todas as considerapées que tec agir no sentido de concretiz4-ls, no tém o in human no se enconta est idades futuras, que podem vir transforma a sua vida, A abertura para as minhas possbilidades e os meus projetos faz parte integrante do meu existir,propiciando- sne-vivenciar-a-iberdade-tanto-para-mant@-o-na-mesna-dieso,-como pars mudéclo completamente. Mas, paraisto,€necessrio que eunio me mantenha, apenas, nas conjectures ido de concretié-tos. Sob outro aspecto, op 0s Sonhos fazem parte de nossa vida, estimulando-nes fovtalec * dure . as limitagbes da reaidade; entretanio, se permanecermos apenas neles,ndo chegaremos a dar conta da realizagdo de nossa pr6priaexisténcia. As vezes conseguiimos até transformar 03 somhos em realidade, o que acontece quando nos empenhamos nesse sentido conseguindo encontrar as possveis relagdes existentes entre ambos, Portanto, o sonar, o conjecturar € 0 escolher, 0 planejar e 0 agirFazem part de nossa vide, complementando-se mutuamente, no ddecomer dt mesma, (Quando tenho coragem paraenfrentaraangisiada insegurangae fago escolhas,agindo pra coneretiz-las, conseguindo faxé-lo de modo satisfatério, vivencio uma agradével trangiilidade que surge como uma repoasante pause, na inka luta para dar conta de minha propria existéncia. As minhas realizagOes ampliam a visualizacio de minhas pessibilidades se em meus empreendimentos, ¢ me sinta confusa,frustrada © desanimada; € que ess fato me leve a reduair, temporariament, as ‘mins possibildades e arebaixar aconfianca em minha capacidade e no proprio mundo que actcumsticia, posso ldade em achar um significado para essa experincia frustradora. Meu passado, centio, em lugar de ser um respaléo pare que eu me lance em novas escolhas e novos tos, pode se tornar um pesado fard, como grilhoesatados a0s meus pés que tam prosseguira “caminhada’ de mint existéncia. Quanto maior importinciae amplitude em minha vida, do projeto fracassado, maior ser a minha dificuldade para superar a situagdo. O ser humano, porém, normalmente, acaba conseguindo superar tais dificuldades e, quando isto acontece, adquire uma compreensio mais completa de sua tEncia, passando anelaincluirnéoapenas a sua riqueza em possibilidades, mas, também, ENFOQUE FENOMENOLOGICO DA PERSONALIDADE 51 cos seus limites, decomentes tanto dele pr entre ambos; assim sendo, ee pass 2abir-s,novemente paraas Sus po de forma mais esclaresida e amaduecida (Forghiei, 1986, 1985) "Mas quando somos bem sucedidos em nossas escolas¢ em nossos empreendimento, sempre nos restaalgum sentimento de culpa, decorente de algo que ficowf do fracas, sentimo-nos culpaos por consderarmos que no fomos competentes, do sucesso, por percebermes que, a fazemos uma escola ralzarmes um projeo, brigads arenunciar a muites outs, ente os quai alguns jamais poderio ser retamades. ‘Accoipa é inerente ao prdpro existr mano, pis nunca encontramos condides de realizar todas a5 nossas possibilidads. V - ConsideragGes sobre 0 Ser-Doente ¢ 0 Ser- Saudavel Existencialmente .o-mundo; existe Sempre em relagao com algo ou alguém ¢ ow seja, thes atribui significados, dando sentido & sua rminado tempo, mas os vivencia com uma O ser humano é um ccompreende a suas experi cexisténcia. Vive num certo sp amplitude que ultrapassa esas dimensées o imediaa; seu exstr abrange nfo apenas a também, as miltiplas possibilidades 8s quais encontra-seaberta a sua exsténcia Fniretanto,aaberturaceginiria as nossis possiblidadesndosereaiz ficient, pois, defrontamo-nos com ebstéculos e restigdes no decorer da existacia; estes fazem parte de nossa faticidade, que abrange a materialdade do mundo e anosse prépri ambiente, 0 lima, as intempéres, 0s rmentos¢ doengas aos quis estamos 5 de todos ns. ‘Acresce, ainda, que 2 factcidade da existencia restringe a presenga concreta do indivfduo, em determinado momento, a um tnico lugare Ihe permite fazer apenas uma coisa de cada ver. Por isso ele no consegue escolhas entre estas « cada escola i ‘livre abertura criginésia do serumanoas suas ml a essa abertur, que surgem rat humana é paradoxal (s paradoxos fazem parte de nossa vida e se manifestam sob varios aspectos. Assim, cembora Sendo racionas, também vivenciamos, pré-reflexivamerte, 0 fluxo de nosso exist condicionamentos e crcunstanciasvariados, imamos eodiamos; somos voltados para nosso 52 YOLANDA CINTRAO FORGHIER! semelhante, mas, também, cuidamos do nosso prépro bem convivemos com ouras pessoas, mas, nem por isso deixamos de nos confrontar com nossa propria solid. mos, « cada dia, para viver mais plenamente, assim como para torr proximament." (Forghieri, 1984, p. 18) A prépriaexistencia de opostes € que nos do verdadeio significado de cada um dos polos que, de certo modo, se opGem, mas que em nossr vida cotidlana-constituem wait fotalidade. Assim, a tristeza adquire o seu verdadero sentido quando j vivenciei a alegria; a angisia a0 ser confrontada com atranqlidade; 0 cansago com 0 descanso; a cbrigagdes com o lazer; e vice-versa, também, Se consgo sentir-me verdadeiramente alegre é porque jé tent" me semi profundarente-Wist; igo" sentir pleraet x convivéncia amoresa é porque jf cenheso a angistia de minha prépria solidéo, E acontece, ainda, que no continuo flaxo de nosso existir, 05 econtecimentos esto constantemente mudando de sentido, chogando mesmo. passar de um significado pare o seu posto. Assim, o que é novo vai se tomando velho com 0 decorer do tempo; 0 que ert ignorado toma-se sabido com o corhecimenio; o que era dificil fica cil ao ser compreen- ‘ido; 0 que era engragado perde & graga quando repetido; o Que eFa praBerO%0, a0 ser compartihado, toma-se melancélico na soldi (O nosso existiré realmente cheio de incertezas, pois decorre num fluxo crivado de paradoxos e de rscos que nos dificeltam tr seguranga para agi. A inseguranga permanece mesmo quando procuramos nos apciar nas experiénciaspassadas, agin em termes do que jf conhecemes, pois, o presente também é cbertura para o futuro ¢ este sempre contérn iimprevistos, que, tanto nos aparecem em agradaveis surpresas, como em tristes desaponta- rmentos e, algumas vezes, a em infortnios que podem nos abalare transforma, profunda- mente, a nossa vida E por isso que precisemoster“coragem para se aanossa propria existéncia, pois ao nos ab nos defontar com a inseguranga de imprev ccoragem para viver idades, precisamos ‘A esséncia fundame poder dispor, livremente, do conjunto de possibildades de relagdo que Ine foi dado manter com o que se lie apreceta na abertura livre de teu mundo.” (Boss, 1976, p14) E isto, apesar das dificuldades que fatalmente surgitdo no decomrer de sua vida ENFOQUE FENOMENOLOGICO DA PERSONALIDADE 53 ‘Ser sadio existencal em aceitar e enfrentar os paradoxos & profundamente relacionada 20 mado como conseguimos estabelecer aticulagbes e centre a amplitude e as resrigdes de nosso exist. “0 serdoente sé pode ser compreendido a partir do modo de ser-sadio da -o fundamental do komen saudével, no perturbado, pois todo modo de doente representa un aspecto privaivo de determinado modo de ser-si.” (Boss idem, p. 14) ‘A pessorque se encontradeente no dspdefivemente enem-normalment| as possibilidades de relagbes que poderis manter com o mundo” Bass, 1975, p 10 consign ¢ com o mundo encontra-se consideravelmente restingida. Entretanto, a simples ocoréncia de restrigdes € confltos na vida da pessoa ndo € lente para jalmeate- les fazem parte da prdptia vida, © adoecimento existencial s6 acontece quando as limitagdes e conflits nao sio reconecidos e enfrentados pela pessoa, 3 luz de suas miltiplas centdo, ase tornar exegeratamente amps ¢ dominantes em sua vida. ‘Assim, porexemplo, uma pessoa pode adoecerfsicamentee po isso pas dores € restrigBes; se estas forem prolongadas e intensas ela pode ndo ac ‘conseguir dar lhes um significado em sm existéncia. Neste caso, no consegue abrir-se is sentindo-se aflita € Entio, as restrgGes eo sofimento tomam-se, por longo tempo, pred cela passa fcarexistencsimente enferma. A insatisfacio ou indiferenca podem surgi em ‘outrassinagies de intenso sofrimento, ais como as de morte de uma pessoa queria, penda de algo muito importante, ou frusrago pornio conseguir atingir um objetivo intensamerte desejado. ‘Porém,a propria oconnciade fatos que acarretam diminuicio de recursos pessoais ou restrigGo de condigGesextemas na vida de um individuo podem transformar-se mum estimulo para que ele se dedique &descobertaeatalizapo de possibildades das quis, atéento, no havia prceti no as hava valorzadosuficientemente,parasedsporaatualiza- Jas, dealgum modo, através da descoberta de suas outas poss E necessirio que a pessoa aceite as sinuagdes de softimento e com elas se ervolva, para que consiga compreend®-las ¢ ‘condigdes de se abrir is suas possibilidades de exist, {que continuardo sendo amps, apesar das restrigSes e sofrimentos que estiver vivenciando em determinado momento ‘A diminuigdo de aberura as pripriaspossibilidades esté profundament diminuigdo do envolvimento e sintonia da pessoa com as situagoes de grande 54 YOLANDA GINTRAG FORGHIER! lacxperienca, relacionadas aconflitese estrgSes com os quaiselase defront,sejameses as pessoais ou externas ede natureza ica ou existencial Nos momentos de apenas das situagbes concretas, mas, pincipalmente de seus semelhantes, Esta vivenca de tne ou Ie impede, emporaiamente, de se envolver nas bes e, consegjientemente, de compreenc -ado em sua ncia. E como “o que percebemos ro slo 0s fatos em si mesmos, mas sim os seus enguanto a pessoa permanecer distanciada da situagio, nfo visualia as peculiaridades desta e os recursos que possi para enfreti-la conseqjlentemente, fica sem saber como agir para se ibertr de seu sofrimento e pross curso normal de sux existéncin- — Algamas pessoas, ab vivenciarem situagées de grande contariedade relacionadas @ confltos ou restrigdes de sua exsténca, apresentam manifestagdes somiticas desse seu softimento, como por exemplo forte dor de cabeca ou um cansago intenso, no justifcados pe ras ot pelos esforgor- seas Somiticas tomar se prolongads,feqientes,ou mu alragdo repulsa por eno, entegue&situss2o, endo completamente dominada por suarelasio cont mesma, de forma confusa, préreflexva, sem condigdes sequer para percebe ¢ chegara uma decisio sobre como agirnaquele moment, Esta sua vivéncia mani em seu desmaio, que foi aexpressio corporal doquto ‘Sob o ponto de 0 aspect corporal una p aio conregu levar a bom é Entretanto, apesar de vivenciar momentos de restigdo, conflitos ¢ intensas contarie- dads, o ser humano saudével, embora nessas ocasides possa ficar inicialmente confuso, aflito, ovalhei onseguindo recuperar penvolvimentoe sintonia com ose sofimento, esse modo consegue, também, condigdes de decidir entre elas, era {qual pretende empenhar-se e quaisas agdes com as quais quer comprometer-se para resolver, superar ou aceitar uma determinada situacSo. ENFOQUE FENOMENOLOGICO DA PERSONALIOADE 55 [No decomerd va, ha pessoas que no conseguem recenbecereaceitarainseguranga, pparadoxos e limitagSes de. sua existéncia, sentindo-se confusas, desanimadas, alheias ou hd outras que se sentem to ameagadas ¢ angusiadas diante dos scos de sua vida que procuram deles esquivar-se de algum modo. Essas pessoas pussam a viner de modo resto, empobrecide, minmizando aatualizagio de suas potencalidades e a dascoberta e compreenso de si edo mundo; embora consigam vivenciar raros momentes de alguma satisagSo, costumam seni-se predomtinarzemente as e contrariadas consigo mesmas e com sua prépria exiséncia. Essas pessoas tncalmente enfermas. duos saudiveis, que reconhevem @ acetam a in icine im coragem para ASsUM-0s, envolvenG-se nas situagGese enfentandoosriscos para abrindo-se as suas possibilidades de ex cada vez mais, a compreensio de sic do mundo, Ta GS © AEISTE, pOrEM, jsfeitos consigo propros ¢ com a suk ex “Aesstnciadetedos os sofrimentas mars fundanent-sem fade quea essa perdeu esa capacidede de se abrir ede se decidir ivrenente acerca de sus posibildades de comportanent normal. 05 cbjtvo devolve & pestea, na medida do posi, @ posiblidadesexstenciaisdecomporamento qu resparder sas dados dome” (Bos, 1975p. 24) iuago psicterapéutica no sentido de auxiliar a pessoa a recuperar a abertura as Jas possibilidades de sua existEnca foi assunto do qual trate, anteriormente, em outro trabalho (Forghieri, 1984). Nessa ztuagio, é de grande imporsancia a presenga geauira do terapeuta; por meio dela pode ser viabilizada a recuperagio do envolvimento edasiatonia da pessoa com 0 mundo e consigo mesma. Afinal, desde o inicio de nossa vide aprerdernos a ‘com alguém.. alguém que nos envolveu, acolheu e ensinou.a dar os primeiros passes iui a nossa existéncia

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