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| Sguele marthar continuo ds coment, alias como se fosse ‘monétono e rouco duma lego de esptitas maus, prek | tents da morte, Aas dos pequenos 0 rochedosinformes ds margens ait ravamese-lhesnegrosgiganes que num requinte de malvaa iiferenca hou- vessem junado asstn mp Eo barco sempre encalhado, no havi frgas qu o arancassom d Tinham perdido os remos. Teriam de esperar que amanhecesee alguém ves. se aculr-thes,alguém que ouise de longe os seus gritos de afi! E entio os bragos continvavam a doer; doiahes agora 0 corpo todo, 20 ‘mesmo tempo que uma tristeza cada vez mais pesada Ihes . parece que embrutecendovos. — Mas a estrela sempre akém... — notou ainda o Manuel, bafbuciante «de medo, como se quisesseinctepar & prOpria estrela da sua indifereng ‘minosa, no meio daquele enorme infortinio em que por causa dela se haviam precipitado. — Se ela pudesse acudir-nos! At que por fim, prostrados da fadiga e das ligrimas, de novo se deixa- ram adormecer, era ata n Mas, na sua fri constante, a corrente, que ali era muito forte, nio ces sava de ater contra as pedras o pobre barcoindefeso. Até que, 2pés tamanho lidar, o rio safou-o de repente para um lado onde as dguas se contorciam em remoinho, ¢ entrou de girar com ele, volentamente. Quando agua se preci- tou para denio, os dois pequenos assim de sibito acordados, romperam em sritos lancinantes — Ai quem acode! Ai Jesus, quem 0s vale! Acudam! Acudam! Tinka surgido a manha, serena, tranquila,cheia de gorjeios ¢ de Mas como ninguém acudisse a luta no to fosse de violento o pobre barcoesfacelao invest de proa com o abismo e Ki se sun para sempre! Feridos de morte, no dltimo paroxismo da sua enorme dor tos abragados sumiram-se também com Nese mesmo instante =a estrel feitiocira acabava de cx ge do que nu luminoss!., », sam os alhos da es itregular da luz sideral —E que tem sono! — respondeu o outro ari. —Olha que no! Aquilo &a fazer-nos negacas se afoga... — E apontando-Ihe um punho cerrado, grtou ai Neste momento, umta estrela cadente abriu esteira de sumindo-se rapidamente, Os pequenos ficaram com medo e ambos murmura- am em tom de reza as palavrasrituais: — Vés? = disse o Manel, que era dos dois o mais supers a a apontar para eas, igua para cima do corpo! E a gua que havia de rdo os ombros. — Depois,virarant-me para as est observou ence: — Até que morra. Depois de moter, diz que vou mx 1 notes demteo de uma, Tenlevar naquelerido suave dos reos abrindo fendas nas iguas. antes, muitas, -» Es bragos sempre a doeremt.. 1m tempo, os rem foram com ap merg ra 4 mercé da corrente, sem esttanto, Dentro del 1 das respragies das \dormecidos ‘Algom tempo assi ‘mento brusco de balango, fez acordar odo leme Na grande alucinacio do perigo, desvairado pelo medo, — Manel! 6 Man O remador acordou, sobressaltado, num ch tanto, 08 dois pequenos entraram de olha as ten pulso algum dois pequenos quando, um ruido surdo, ¢ logo um movi gritouimedia- 1 nde: era :ntido uma tio poderosa viva aegria do peito,fundindo-se em enengia nos sorts, im no meio do ro, eram senhores abso- nde thes parecese, lines de admoesta- E esta feliz convicgio de liberdade encher de alegria, Por certo eles ve so seriam jamais. No entanto, a e. enso marulho da gua nas raizes fun- am as estrelas em cardumes, me, — Olha se a vs... — E | isbrithava no desejo de hal, comou-the com intimativa © Manuel fina, mas havemos de passsrthe adi a estrela cujo —fex 0 outro, convencid da fa spre na frente de nds! Vai li entende. pouco, Ao dlreito daquela raga € qual era? Em menos de meia hora er u aestrela pareeia brilhar mai, quan- ~perguntou o mais novito. ‘Um rengue de choupos esguios mareava a borda do rio, que nessa i deslizava muito sereno, esverdeado de Zguas,espelhante sob aquele céu imaculado, — Abi. al contemplando-o. — O rio! Que te ieee?! Olha que é — E, ki isso... Mas ta — tomouelhe com desalento 0 inmvio, A gente nao pode Ii... ha sea mie o soubesse, hi? — E, miran- ddo por sua vez a peisagem, perguntou: — Ji reparaste no barco, 6 Manuel? —Tio bonito! 0s dois ritam. —Parece pintado de novo... Enem se mexe,repara! — Paderal... — espligow o Manuel — .. amanrado com uma cond —E depois, adiante, gestculando para o irmo: — Mas eu era capaz de 0 jsso € que seria bom! E eles entdo que estavam mortos por ir azenhas, ¢ pelo rio era um instante enquanto li chegavam, O arco! Era 0 no tina a wiam esquecido — no esquecessem! uelas tardes em que o fidalgo os levara dentro do barquinho, ensi- nanxl-thes co O Manuel fo fe. Bra verdade... Aviarem-se para qué? A mie E sem, que fossem! — «Muto-vos com pan is dist... E os dois suspiravam, des- se também para desfitavam do barco, fascinados. Demo » pintado de novo: sore 0 branco, a Mas os tentagio! E para mais comprimento, uma f — Ora! Se fugissemos! E depois? A gente tinhamos de volar (Ora af esti iso € que era pior! A mie, depois, era capaz de fazer o que tnha prometido. E arregalando muito 0s ofhas, im ando me: oSe vols a0 io... Ai-a, a trste some! Recairam no siléncio. Se por instamtes a ver 0 Sol que rompia ao nascente, uma explosio oridos na pla da — Mas palavra que 0 barco parece pintado de novo... — relembrow com alegria 0 Manuel, Agora & que havia de ser bom andar dentro del! Os dois riram-se no, assim pintado de mo, 0 Anténio disse reso — Olha agora 1 Dois pls e estamos i, Nao & A gente finge que vai para oadno, Levamse os ides... = Hide ser mes el ewe desatrao, — E eu remo — disse logo ¢ Manuel com gesto de — Ao pra baivo remo eu, Nesse dia, os dois pequenitos tnham jurado que haviam de it a0 1 Assim eles tivessem uma coist boa... Mas que tentago para ambos, 01 se entono vibrante de ameaca, is palavras com que a mae os intimidara, um dia que Ihe apare- tarde ¢ as mas horas. ie. — Olhai se ouvistes! Se votais ao rio, mato-vos com pancadal Andai Ih! Como ela dissera aquilo, Mie Santissima! Colérica, ameagadora, com a mao em gume sobre as suas cabecitas lous... Lembravamse de haver ‘emido, cheios de susto, muito chegados um ao outro, humildes sob aguela io. Aos passa- 1, sim... — ld estavam as caleas rotas do Manuela dizé-lo — .. aos passa- +05 € que eles tnham ido, Ao rio era bom!, a mae que o soubesse A, mas enti nao os deissem dormir naquele quarto! Logo de mn mal abriam as janels, a primeira coisa que viam era o rio, uma corrente muito lisa e esverdeada, serpeando entte os rengues bavos dos salgueitos, Li estava a ponte velha, de-onde os rapazes se atravam despidos, de cabeca para baixo,e ‘eto o barquinto branco do fidalgo — findo barquinho! — sempre & espera q ‘ofidalgo o desamarrasse para pasar grande quinta que tnha na margem de I De modo que o primeito desejo que logo pela manha assltava os dois rapazes era o de item por ali abaixo, muito madrugadores, tio madrugadores como os melros, meterem-se dentro do barco, desprendé-to da praia © deini-lo ir entéo para onde ele quisesse, contanto que fosse sempre para diante... Quando fechavam as janelas para se deitar, a sua vista Segui, mes- mo através da escurido da noite, a linha que ia dar ao bareo. Era 0 seu «cadeus até amanhil» aquele pequeno objecto que valia tesouros, que para 0s dois valia mais que tudo, tudo, ‘Ah, tivessem eles assim um barquinho, que nao queriam mais nada... Mais nada? =o ‘mais alguma coisa. E a mie que nao ralhasse, es bela manhi, na verdade!, @ mie vera acordé-los cedo. Ia ji pela aldeia um claro rumor de vida — gente que passava para os imo da rua, os patos da im em rancho para a digressio pelos prados, rasnando rui- 0s cures, espantados da agresso acintosa dos hora que ali pero se ouva oretntim agudo do telo do ferrador atarracando eravosna bigora, 440 reitorpassra para am em batna, muito hiro ¢ vagaroso, as chaves da grea na mio esquerda e na dliwta a cabacita do vino. E aquela hora onde iia encapuchada elem, recolera, trazendo consigo a ester em que ajoetara na jgrea, Havia mais de meia hora que 0 Jodo carpinteio, no meio ds rus, dava com vaentia num caro eujo ei ardera na vésper, e que era urgente compor, pelos modo. Até 0 Emestinho do estanen abrira regar 0s manjericos. Comegos da labuta diara, enim: os senkoressabem. Pois como Ihes disse, a mie viera ness manhé acordar mais cedo os ois pequenos. — Fora, mandrides, vamos! E preciso afazerem-se a madrugar, que Acai, dia claro ha que tempos, vem ao sol, os morgadinos na cam: —E,enguanto fava, ia-lhes abrindo a junelas. — Persignar evestir, vamos! alga. colee..s jaquetbes.. tome — Mie, a béngio! —balbuciaram os doi, tontos de sono ainda, — Deus 0s abengoe, Que Deus nio abengoa manktides, ouviram? Ora, cu ja volto! Queita Deus que no vos encontte ci fora, tendes que ver contrafeitos,fechando os quarto num jacto repenti- hes 0 peito, que cles ata lade viva da luz que in larga da eamisa assomav adormecer, assim mesmo sentados! O mais novito ainda tentou deitar-se ‘outa vez, pesaroso de ter de abandonar j4 0 aconchego morno da cama, onde se estava téo bem, onde as sons eram to lindas... ‘Mas @ mac néo tardava al. Era preciso vestiem-se, que remédio! Foi ento que o Man esperto do sono, olhando para 0 campo, 0 achou encantador, todo resplandecente de ver — Bonita manhi, nao ves? As drvores parecem m: Porque seré? ‘O outro encalhew os om, 3 foxse por no haver nuvers Pela janela aberta, avistava-se o trecho de paisagem que a luz viva da a. As vinhastinham um verde encantador. cima, fazendo contraste com a rama escura que cerravam a himidos des baias, Revestidos de ascendiam ares fora os olmos gigantescos. Pedagos ds «4 pompa do seu vigo © da sus frescu ea rots dis OTe, compridas a cuja sombra rega nas, repara

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