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E o Gnio maligno
deparou-se com um problema tcnico. Tinha que mostrar ao leitor, ou melhor, provar, a
dificuldade que ns temos em confiar nas percepes dos sentidos para conhecer as
coisas.
A percepo (o conhecimento que nos vem dos rgos dos sentidos) falha. Quando
penso que alguma coisa real, eu posso estar apenas sonhando, tendo uma viso, posso
Mas mesmo assim, pensou Descartes, mesmo tendo alucinaes ou sonhando, pode ser
que eu considere que alguma coisa que percebo pela viso ou pelo tato ou pela audio
Foi a que Descartes introduziu na sua obra uma idia tentadora e interessante.
tempo?
A concluso do filsofo foi imediata. Mesmo que esse gnio usasse toda sua indstria
para nos passar a perna e nos fazer pensar que o que existe no existe e vice-versa,
mesmo assim alguma coisa de real nos restaria. E essa coisa a descoberta fundamental
Ainda que eu estivesse redondamente enganado, ainda assim eu seria essa coisa que
pensa, essa coisa muito real que imagina, que sonha, que v e que se engana
redondamente. Mesmo que tudo seja falso, a existncia de algo que pensa, que duvida,
Sujeito e objeto
Descartes concluiu assim que aquilo que pensa (o sujeito) alguma coisa diferente
Vamos ver agora como o prprio filsofo apresentou seu gnio maligno?
Suporei, pois, que h no um verdadeiro Deus, que a soberana fonte da verdade, mas
certo gnio maligno, no menos ardiloso e enganador do que poderoso, que empregou
toda a sua indstria em enganar-me. Pensarei que o cu, o ar, a terra, as cores, as
figuras, os sons e todas as coisas exteriores que vemos so apenas iluses e enganos de
que ele se serve para surpreender minha credulidade. Considerar-me-ei a mim mesmo
quaisquer sentidos, mas dotado da falsa crena de ter todas essas coisas. Permanecerei
obstinadamente apegado a esse pensamento; e se, por esse meio, no est em meu poder
meu juzo. Eis por que cuidarei zelosamente de no receber em minha crena nenhuma
falsidade, e prepararei to bem meu esprito a todos os ardis desse grande enganador
que, por poderoso e ardiloso que seja, nunca poder impor-me algo.
Bibliografia: http://www.geledes.org.br/rene-descartes-descartes-e-o-genio-
maligno/#gs.Ntoj9nE