Você está na página 1de 15
Cree Alem | Wwe) ain | e dee be any at es a i Ww (Gs DESLOCAMENTOS! (CONCEITUAISDAT ZILA BERND A repetig&io pura e simples nfo existe, Mesmo no modelo da “continuidade, no qual, segundo Bouchard (2000), as coletividades {ém tendéncia a "reproduzir de modo idéntico" as matrizes culturais das metrépoles, hd transgressao, desvio, deslocamento (senao subversao total) dos modelos. Um bom eXemploxeria a estatuaria jesuftica dos Sete Povos _ das Missi cidos na América do Sul entre 1710 e 1735.0 jesuitas ofereciam aos guar barroco europeu, os quai foram sendo pouco a pouc as que introduziram, na reprodugdo das imagens dos santos, eleme je sua realidade, com 4 cor amorenada da pele, 0. formato amendoado. dos olhos, alé . simbolica do poder como 0 cocar, criando assimas ptimelios exemnglas_ de uma arte compésita. No momento em que o "modelo" é modifi para dar origem.aalgo-denovo,nésjéestamos no espaco do transcultural, Alejo Carpentier, em Los pasos perdidos, descreve 0 frontispicio de uma pequena capela no México onde as imagens dos anjos barrocos, representando 0 sagrado, agitam maracas, instrumento de mtisica popular de tradigéio americana, introduzindo com isto efeitos de deformagao do modelo original e dando origem a uma estética de imbricagées: 0 sagrado € 0 profano, o erudito e o popular, o europeu € o americano. Quisemos mostrar por esses exemplos tomados das artes plasticas que o fenémeno da hibridagao de materiais e da subversdo dos rituais artisticos e discursivos estao na origem da arte produzida no novo Mundo desde os primeiros anos que se seguiram & Conquista da América pelos europeus E, portanto, nossé hipétes@que as manifestagdes culturais das Am icas 7 A, <<-construfram no entre-dois (in berwen), Fonin, equ os ais eos esertores Re miavesadores (pase) ito 6 0 de tavorest Haves dak sah mss qe 4 ase do vvenias inerdia o probids cuts is Pei de rns do nove apa de element Sulu de crgen diversas seme se prodded ocho nal Saget ves essed rzdasem 140 pelo anole “Sansa ana Oniz ate observ que qando hichoque decals, 2 msn cou passage de umacelurna Sara nSohiunkcaments prt ou apropriagSes; ha também eriasio de novos prodtes } €m_uma zona de contato, de mpre desempenharam o papel | feuttarais. © processo em seuc } 80 €m seu conjunto é 0 que caracerizaatransculturaga je 2 f ri Scult 1G onde as trocas se fzem nos dois sentidos e geram uma cultura hfbvide original e inacabada), oe © termo transculturagio & turagdo € proposto por Oniz no eé Contrapunten cubano del bac del eater Contin jacm de processos transculturais estavam na base Tangado pelos Modernist brasileira, en y i gel TanscoltaagSo na nasal Janeiro, 1975. P7182 [SPITTA, Silvia Benwean vo waters Neraives OGRA ‘Rice University Press, 1995. ee ABREULeonor de, Recusa global. in: BERND, Zorg. CD-ROM : Amologie de textos jundadores 0 comparatvismo lent interamericane. Pot Alegre : UFRGS, 2001 AGUIAL.F.& VASCONCELOS, 5.6" ons, Para len de Tdi: o conceto de Amesica latina ea obra de Angel Rama. in: Angel Rama; teratarae clare ma Améica Lana So Palo: EDUSR 200 BASTIME Roger. Le prochain te bin. in: ecutararon titérie: ocolgie et irate ‘compare. Pans: Cues, 1970. P201-209 BOLARDS, Aimée, Alejo Carpenter: o concert da ranscukurap ¢ da dential in: BERND. ld & LOPES, Cero Galo, ms. Idnildader e exter compéritas.Canoas: La Salle; Ponto Alegre: PPG.LetashUFROS, 1999, 214-237. BERND, 2 Laméricanitt; transfers du concept. veces BrosiVCanadé, Porto Alegre, ANBECAN, 2002, n2, 9.926, BERNASE: Je ali. Ble deo eroli Pais: Gallimard, 198. BHABHA. Homi K. 0 local da culture. Belo Horizonte: Editora da URMG, 1998, BOUCHARD, G. Gevse des nation teutves du Nowveate Monde. Montel: Bors, 2000, CORNED POLAR, Antonio, Ocondor va: iterate curs ato tmetianas. Belo Horizonte ‘ltrs da UFMO, 2000, 127-137, va americana in: Cadernes de Opinido, 2 Rio de RAMA, of transeuteretion in Late America, HOUs0 24 - RR ‘varinnies “américanité” e "americanidad’ ~ obriga a introduzir {ly alteridade na reflexdio sobre o identitério, podendo se “somo una espécie de ndo-lugar identitério para as populagies 0) ‘Anos de entrar na questao propriamente dita da migragao do {io do americanidade através das Américas, para questionar a nid ou no de sta utilizagéo no despertar do século XX1, cabe ‘Wieiolonar, ainda que brevemente, alguns esforgos j4 empreendidos no ‘nidole entar apreend2-Io e projeté-lo no ambito dos estudos literdrios Jw Hirasll: Em 1995, editou-se Literatura e americanidade (Editora da UPIRGS), onde 0 conceito foi usado no sentido de pertenga & América, Gece som) énfise na possibilidade de contribuir para 0 esgargamento de Mri, Mén, Mera otorminadas fronteiras indevidamente impostas entre as literaturas Lanier dg Inetieanss, permanecendo a Europa como comparanteincontomivel Maus ‘Hinosse livro foram lancados desafios para a pratica de um comparatismo Iioririo interamerieano. No mesmo ano de 1995, Imprevistveis Américas (Gagra Luzzattol ABECAN) teve a intengio de discutir questBes de hibridagao cultural nas tr8s Américas de se interrogar sobre a possibilidade de as Américas possuirem uma cultura que, apesar de sua prodigiosa heterogeneidade, teria em comum o trabalho de ¢ sobre 0 hibrido. Em 2000, essa obra coletiva teve uma verso revista eaumentaca, editada em inglés, em Amsterda, sob o titulo de Unforeseeable Americas: {questioning cultural hybridity in the Americas, onde foi empreendido 0 ‘questionamento mais aprofundado da hibridagao cultural nas Américas, ‘A criagio do GT-Relagées literdrias interamericanas da ANPOLL, no ‘ano 2000, deixou claro o interesse de mais de 20 pesquisadores de diferentes universidades brasileiras em exercer um comparativismo literdrio entre as Américas, exercicio esse que implica a revistio de muitos conceitos te6ricos, entre os quais o de americanidade. ‘Nossa caminhada seré longa, pois temos que, antes de mais nada, nos entender sobre 0 que significam as expressdes americano/a, americanidade, americanizagio e até mesmo América. Se formos buscar ajuda no Diciondrie Houaiss da Lingua Porguesa, ele nos confirma Méric, Mérica, Mérica Definindo os objetivos oO Bens da presente reflexdo si0 muito ambiciosos, talvez ‘masiadamente ambiciosos, e por isso pode acontecer que seu pereurso fique inacabado. Mas acreditamos que valha a pena tentar refazer a trajetdria que 0 conceito de americanidade perfaz através das Américas, retragando seus -deslocamentos, suas transferéncias e as razdes. elas quais ele é ora reivindicado ora rejeitado, pairando quase sempre sobre ele 0 manto didfano da ambigitidade. Justfica-se o cutee ot ser um conceito intimamente associado as questées de ieatidiae, podendo corresponder a um anseio de afirmacio identitaria maig abrangente, para além das nacionalidades, dos géneros e das etnias, por tratar-se de um desafio de identificagio continental. Pensando.se na extraordindria +heterogeneidade do continente americano, esta proposta parece irrisOria: como se identificar algo com tantas facetas onde ‘convivem a riqueza ea pobreza, onde os desnfveis econémicos sociais ‘so imensos e onde tantas culturas se mesclaram em. diferentes momentos de sua histéria? Outro obstéculo talvez ainda mais dificil de vencer é que a proposta de adesdo a uma identidade continental obriga a romper om os tradicionais pontos de referencia étnicos, lingisticose nacioneis «que “americano” é uma noeSo imprecisarelativacm geral A América do ue so os que, via de egra,criam entre os individuos a nogo de pertenga special aos Estados. Unidos; em uma segunda acepyio, uma comonidade, A grande vantagem 6 que a nogdo de americenidace a no figura como relative & América ou a qualquer pafs deste é 3 semelhanga com os a 27 (rr jericanizar-se, de querer tornar-se sem¢ _ y © g) nos Estados Un ) of gpesiance dos Estados Unidos ¢ estadunidenses, mas americanos, num processo metonimi: hipervalorizante, Enquanto os habitantes dos paises latino-americat estavam se empenhando em se definit como argentinos, urugu: colombianos, brasileiro, etc., implicados em resolver a questo identidade nacional, os estadunidenses se apropriaram dos term( América “americano', fazendo com que hoje, quando se fala de americana’ ou "cinema americano" ou simplesmente quando dize) gue "fulano é americano", por exemplo, associa-se 0 adjetivo, et primeiro lugar, aos Estados Unidos. Uma das personagens de Noél Audet, ao viajar do Quebec a Estados Unidos, 6 impedida de entrar no pais pelos funciondrios di alfndega que a profbem de entrar na "América". "Sans blague, protest telle, jhabite dja en Amérique! Elle a envie de leur criet des injures, Jeur dite quits ont usurpé & leur seul usage le nom d’Améticains" (A\ 1995, p.171).' J4 Maximilien Laroche, em seus ensaios, desde os noventa, vem alertando para esta situagio que nos impede de nome: ‘ands mesmos de americans sem correr o risco da ambigitidade. Elech ‘ atengio para a necessidade de romper com o circulo vicioso que un obrigatoriamente "uma certa palavra a uma coisa: a palavra americanid: por exemplo, e a realidade América do Norte e, mais particula ‘essa palavrae a realidade dos BUA" (Laroche, 1992, p.193). 0 interess no texto de Laroche é que ele no apenas constata a apropriago do pelos estadunidenses, como destaca os efeitos de ambigitidade que del decorrem, passando para uma argumentagao vigorosa em favordaevers dessa situagdo e propondo que redescubramos a América, ou que junto latino-americanos, antilhanos, brasileiros, quebequenses ~a reinventemos, Nesse sentido, ele cita os autores Bell Gale Chavigny e Gari Lagu: ue, no livro Reinventing the Americas, comparative studies of literati of the United States and Spanish America (Cambridge University P | "sto € brincadeira, protesia el, eu f moro na Amica! Ela tem vontade de ritar-thes i de dizet-tes que eles usurparam, par seu uso particular, a denominao de america tadugdo¢ minh, 28 que “a reinvengao da América deve comegar pela {joVehigo) da incoeréneia tet6rica que eometemos a cada (65 Estados Unidos pelo signo ‘América’, um nome Mijeito aos hemisférios" (Chavigny e Laguardia, 1986, , OX, Jose Basilio da Gama compoe 0 Uraguai (1769), fing fundarnentos cla identidade nacional, invocandoo "génio (canto IV), 0 que carresponde & personificacio da ‘ula inicialmente no canto I. Menciona ainda, no canto V. a “Americana” (com maitisculas) e tefere-se aos fndios vencidos {josuflicas como o "rude Americano, que reconhece as ordens illus e a imagem de seu rei prostrado adora” (Gama, V, 137- jyido ainda mais no tempo, encontramyos mumerosas citagdes (1608-1697) que inchuem a palavra América em referéncia a0 {oma Sermao Vigésimo Sétimo, em relagéo aosescravos:"e ‘mesma Africa & América para viver e morrer cativos" (Vieira, 041 Sermio do Espirito Santo: "e o pudera dizer com muita iossos da América” (Vieira, 1981, p-142). Mas eet fe jue aparega mais nitidamente sua con: “mmiigos representarem a Asia, a Africa ea Oceania, Ea América, nilo, como fica, indaga o padre (Vieira, 1957, p.206-209), pata que essa nova terra seja mais respeitada, Dostuque-se portanto que, no que se refere ao Brasil, nem sempre joleW a “incoeréncia retérica’ de que falam os eriticos acima nlos, pois. historiografia literéia brasileira nos. mostra.que ao XIX, circulava a palavra “americano : José de Alencar, no prefiicio ao romance Sonhos d ouro (1872), luziraexpressio "literatura nacional’, fala em "seiva americana: A literatura nacional, que outra coisa nfo é sendo a alma da patria, gue transmigrou para este solo virgem com uma raga ilustre, aqui se impregnou da seiva americana desta terra que Ihe serviu de rogago e cada dia Se enriquece ao contato de outros povos & a0 influxo da civilizagéo. 20 Mais adiante, no mesmo preficio, ao falar das trés fases da literatura brasileira, reconhece que na segunda, a histérica, "se dé 0 consércio do povo invasor com a terra americana e a lenta gestago do pove americano" (os grifos sao meus). Como se vé, fica bem claro ‘que, no século XIX, 0 discurso social punha em circulagao 0: _americano/a como equivalente de brasileiro/a. Luiz Roberto Cai artigo intitulado "Francisco Adolfo Varnhagen ¢ 0 instinto de americanidade” (2000), investiga o que seja o instinto de americanidade "que tio de perto parece ter acompanhado a construgao do instinto de nacionalidade na literatura brasileira’. Em seu artigo, Cairo cita Hélio Lopes (1997), que definiu 0 americanismo como "uma exaltagao do continente americano, visto como um dos aspectos do nacionalismo romintico brasileiro” (Cairo, 2000, p.86), chegando mesmo a afirmar que 0 “americanismo" dos romanticos brasileiros consistia em uma usurpagao do termo América: “chega-se a roubar 0 proprio nome da América para restringi-lo ao Brasil” (Lopes, 1997, apud Cairo, 2000, p86). Essa constatagiio de "usurpacdo” da palavra América pelos romAnticos, em referéncia ao Brasil, € prova inequivoca de que os ideologemas viajam e que 0 "pecado" de usurpagao cometido pelos estadunidenses j4 fora cometido por nossos poetas romanticos. Nao seria dificil construir hipéteses sobre o porqué e o quando essa pratica deixa de ser costumeirg/Acreditamos que "América" e "americano” foram gradativamente” substituidos por "Brasil" & medida que se consolidava o projeto nacional e que institucionalizar as letras brasileiras tornou-se uma urgéncia\Valeu enquanto significava oposigao 1 Europa; quando os Estados Unidos passam a exercer influéncia sobre a América Latina, o interesse passa a ser 0 de se desvencilhar de um ideologema ambfguo em favor de um que representasse nossa identidade de maneira inequivoca como Brasil, brasilidade e brasileiro. Outra hipétese é levantada por Donaldo Schitler, em seu mais recente livro (2001), no qual ele reflete sobre "O fazer literario no espago americano. Para 0 critico gaticho, © mapa do continente americano emerge das lutas por independéncia manchada de nacionalidades, fragmentos de unidades impostas, heranca de conflitos distantes. As unidades politicas se isolam ressentidas, mutuamente hostis. Desenvolvem- 30 se inseguras, carentes. Nascidas de batalhas contra oautoritarismo de cabecas coroadas, nao cessa a resisténcia & subordinagdo imperialista, rapineira, culpada pela transferéncia de nossas riquezas para outros territories. © receio de que a influéneia alica/gena contamine legados culturais de que nos orgulhamos ) Do trajeto percorrido, podemos perceber que ha nuangas 1)/ signiticativas entze os conceitos de americanidad, amnéricanité americanidade, o que era, alias, nossa hip6tese inicial,[Americanidad 39 » / surge primeiramente como forea propulsora das independéncias e, mais tarde, como revide ao temor de um neocolonialismo norte-americano, estando ligado a determinadas urgéncias de uma América que preci is Coneluir seus processos de independéncia social, politica e econémic: Quanto a américanité quebequense, trata-se sobretudo de destaca oscucardter franeéfono, de reconhecer que a heranga européia nao foi ~ exclusiva e que ha lugares de meméria (Lieux de mémoire) incontorndveis_ relacionadas A vivéncia americana, Gérard Bouchard fala, em sua obra ‘Facitada, em "génese das nagdes e das culturas do Novo Mundo" e é um dos grandes defensores da "americanidade quebequense”. A americanidade, para além das variantes nacionais, repousaria sobre a «yf mati das coletividades novas ou culturas fundadoras, Lembremos que as coletividades novas sao definidas por Bouchard como aquelas que desenvolvem modelos culturais a partir da ruptura com as metrépoles (e no a partir da continuidade, como € 0 caso das coletividades ditas {ransplantadas). O autor lembra também que esses espagos novos onde se erige a nova cultura, embora fossem na verdade jé habitados pelas opulag6es autéctones, “criaram circunstancias préprias (pela ruptura Com os modelos metropolitanos) a uma mitologia dos (re)comecos, a ‘uma espécie de tempo-zero (ao menos virtual, e as vezes real) da vida social" (Bouchard, 2000, p.15-16). Ja no contexto.do.Caribe, © conceito de crioulizagao abrange-e uultrapassa.o de americanidade como um desafio de organi: omiunhiio “das diversidades humanas que no precisam renunciar ao que elas io" (Chamoiseau, 1997, p.203). Parece que hé aqui uma clivagem em relagiio a idéia de "génese” das nagdes e das culturas através dos mitos de recomego, presente na concepeiio de americanidade quebequense, pois, ‘no mbito da crioulizagao, surge © conceito de "“digénese” (Glissant), ou seja, uma negacio da génese, da origem ¢ dos recomecos. Nas Américas, "o ponto de impulso é indiscernfvel, e mével, e recapitulativo, © aberto, crescente, proliferante, presidindo o nascimento sem comeco das identidades crioulas" (Chamoiseau, 1997, p.204). “Hii também o conccito de latno-wnercanisino Alberto Morera, 2001), 6 "0 conjuto dee ‘mesmo que de matclta conser ou tensa, uma diferenga cultural que quer resist ass ‘, segundo uma dfinigdo tradicional (ver prseniagdesengajada, encuregedas de preserva. ‘ma sia da Arica Latina como o repositio ds imilagdo pela modernidade enroceatica’ (p. 60), 40 Segundo B, Glissnt, entrada em contato, no Novo Mundo, das wulturas atévieas (que possem seus mitos eosmogonicos) dé origem wultas compésias que no gerarum pense, pois nfo adotaram eses iitos de criagdo vindos de fora, até porque si origem no se pede na noite dos tempos, mas tem uma histra, No que conceme 2s sociedades erioulas do Caribe, "a génese se funde em uma obseuridade, eb a do navio negreiro, E o que cu chamo de digen2se"* (Glissant, 1997, p36 Esse pensament converge com o de Lezama Lima para quem & americanidade, ou a expressiio americana, emerge com as form: proliferantes e incomporativas do barroco que, nas Américas, gragas a0 {vabatho da transculturago, ao aproveitamento dos restos, dos vestigios das mareas deixadas por diferentes culturas gera elementos culturais novos, ‘Aamericanidade na América HT , como quer Gérard Bouchard, nem com o-eigulo nem com o.mestisa, pos ¢ inestigagem se caaeteriza pla homogeneidade (meliing poo e pela i 6 emerge verdadeirament posta em Momsen dirs edeldagio com u valoracesido A perlite, © paso est sal, s00 Ee © historiador quebequense, mas sempre, o estard, en proces: oe identiticaao esto em continuo devb7O que interessano € propriamente o seabamento, mas que a rocas, a iterenctagtes eos process de desierarquizagéo contimuem a se realizar © que a idéia de uma americanidade compartilhada entre o norte e o sul continue a possibili is 4 par em epfgrafe a esse artigo, versos andnimos nto pelos colons itlianos aqui cheyados no séeulo XIX: Sua curosiade em rela & Ameri ra mito grande, € en formas opi oe se geraram em razo da expectativa da : seer poreles como um "massolin di fior", um ramalhete ets flores, heerogéneo,miliplo. As flores artanjadas em umn rao guardam cada ‘uma sua identidade, mas sua beleza adquire um esplendor maior quan na harmonia do aranjo, Essa pode set uma utopia etocentist, mas corresponde a intuigao de um grapo que optau pela América como lug * segundo deni Hows 201), digo 0 ese sence em dis hospiciot “smi um nerd eon defilivo~drse de pasa (p.103) 41 onde realizar seus sonhos ¢ ideais. Talvez estejam na voz popular e no imaginério mftico americano as chaves que levardo & decifracdo ei (e)invengao da ameticanidade Talvez seja necessirio, como: quer Walter ‘Mignolo, o surgimento de novos lugares de enunciagao para dar forgae “) criatividade a conhecimentos que foram subalternizados durante o é) Proceso de colonizagio (2000, p.3-45),/Redescobrir na oralidade, no ~~ saber popular, na "gnoseologia marginal" hovas formas de habitar as Américas ¢ de definir nossa pertenga a elas pode ser a via de acesso A “/americanidade como lugar de resistencia e recuperacdo da diferenca colonial. | REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS. ALENCAR,Jotéde, in: TELES, Gilberto Mendon Porto Alegre: Académics, 1986. 232, ANDRADE, M. Macunaina, o herdi sem nenhum cardter. Sto Paulo: Martins, 1975. 11d ANDRES, B. & BERND, Z, ore, Lente ee lnératre dans les Amigues, Québec: Nota Bena, 1999, AVILA, R. Es posible una ideatidad americana en el cantexto de la itesrecién econdmica? Contnenistisation, Cahier de recherche, 985, no 1998, AUDET, N. Frontéres ou nbleaus dAmérigue, Montréal: Québec/Amérigue, 1995, BERND, 2. Um passeiopelas Amétca. in: PORTO, M.B, org. Froneras, passogens alsagens ng Literatura Canadence. NiterSi: ABECANIEDUFF, 2000. B 105-120. BERND, Z, © CAMPOS, M.C, orgs, Literatura e americanidade Universidade/UFRGS, 1994, BERNABE, J. ct ali. loge de la eréolité, Pts: Gallimard, 1989. .29-34 [BERNIER L. Liaméscanié ou la rencontre de Faltérié et de Tidenité ns CUCCIOLETTA, D, Laméricanité eles Amériques. Québec: Presses de 'Uaiv. Laval 2001. F.176.192, BOUCHARD, G. Gendse des nations et cultures da Nowrecte Monde. Montel: Boreal, 2000 Amérique comme tee dutoge. Le Devoir, Montag, 2001 CAIRO, LR. Francisco Adolfo Varhagene o instinto de americanidade da literatura brasileira VBdia. vol 19, n. 34, Santa Maria (RS); Centro Universitiio Fanciscano,ju/dez 2000, p. 85.90, CANCLINI, NG. Consumidoresyciududaros. México: Grijabo, 1995 CHAMOISEAU, P Eerireen par dominé, Paris: Gallimard, 19, COUTINHO, E. Mestigagem © multiculturalism na consttugo da identdade cultura latino- americana Revista da Biblioteca Mario de Andrade, n58, So Paulo, 21-32, (COTE, L.; TARDIVEL, L; VAUGEOIS, D.Lndlen généreux. Montréal: Borel, 1992 COUILLARD, M. & IMBERT, P, org, Les dscours de Noweau Monde a XIKsidcte au Canada rangals et en Amérique laine, Ottawa: Lega, 1995 DEGRANDIS, R. & BERND, Z., rg. Uiforsecabie Americas: questionning cultura hybridity in the Americas. Amsterdan: Rodopi, 2000, « Inprevisiveis Américas, Port Alegre: Sagra LuzzetolABECAN, 1995 DES ROSIERS, J Thories Caribes:poéiques du dévacinement. Montéal: Tipayque, 1996 gnecal (Ong). Preficios de romances brasileiro. Porto Alegre: Biitora da a2 frau? Da nd London: Dake PMA eA ar mm ere! Da 5 Redlcovring ymparative context. Recovering he New World iter-ameicon Merare i cmpara iow Unive of ova Pst, 133. Gay. aa Ro A, 196 CIGUERE SPs Ele one rar Saat tT OLISSANT. E,Posqne de Relation Ps Galina, 190 Padre Pa ali TOUASS,ADeimare i praR e N 20L, I ARERRIBRE, be usen ane, Ces ancaphoe Europe SER aetnie IN, M. & BERND, Z., orgs. Confluences Rue Bel Duce, ls bse: dine somprason. Monee Dae, 1992, Ca Univ des onus Ba Je: GRELCA, 1598 cae de ondcnatin, Qutb GREL is [AWN Aa tin ttt Dvr Men 020, AURETTE, P& RUPRECHT, W-, oy Podtigestmagiaes rnc ts Andries, Pse Haman. 198 ae LEZAMA LIMA A eet gnercana Sto Palo: Brasewe, 1988 Pl Soria 10s Estados Unidos. LLL Os Aeris ddan eras sas Loves, tata d nese cues esis Ox Ate Bos Sh a: EDUSP 1957 MARTI José. Nossa América, Sto Paulo: Husite, 1983, eo Mi, eit at noe ai eign, Patni Pi 0 Mousse WADDEL Ee Mem Hagin, 200 MOREIRAS, Albro A emcods deena apoics dare els Heo Hato d UFO, 2 ee MORENEY Le the amdtnn dss fons Andru. Qube NEED car ceo de Mn BaP PORTO ete de ons, gant el Ais era gc "contemporinea. in; FIGUEIREDO, E, & SANTOS, E, P, orgs. Recor 350, Niet l vinta as Aneta Ices Bra Cand Part Alegre: ABECAN, erat ct (Na canguista do Brasil. Si0 sont a ei mts msn She D Nac ls Al ao E ie SyAReN Pope eee La Rene a tiem let 127. SHERIAULR J Lana cone Tomcat pate nt bs. Trabalho apresetado o Salon de Liv d Québes, eae \aNscllonDa N Uren pis Leroy eign ph Im CUCCIOLETIAD, ed Lméncintéet es Anciqes. @ 1 ito Seder: rodena sce polices do Brat 2 So Fal Ca 18, vrae Serndes, Sio Paulo: Cia Editora Nacional, 1957. wig, Ls Presses de TUniv. 43

Você também pode gostar