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ep Que diabo é Exu? Ceeeeeweeeeeen nce een eases Ghar ecceeesnsceseeeeencres omecei minhas intrigagdes antropolégicas com este tema, Busco fazer uma revisio aos < escritos de uma monografia de um ngsfito no saber antropolégico e no mundo magico dos candomblés baianos, mesmo estando ambientado hoje de forma mais inchs! Ainda é uma ardua tarefa escrever sobre esse universo e pio se reescrever um texto antigo com inquietude de um iniciante. A pesquisa tinha como nticleo tematico o Orixd Exu, tio controverso 208 olhos dos incautos ao mundo magico dos candomblés e das umbandas. Eu me perguntava por que as pessoas iniciadas nas religides afro-brasileitas se referiam ao Orixd Exu como diabo, ou como costumam dizem: “Vou colocar seu nome no pé de Exu’, "Eu tenho santo, mas tenho diabo" Empreendi um estudo sistematico sobre o candomblé com a bibliografia disponivel na época, e logo compreendi que tal comportamento era ainda efeito dantesco do contato entre dois sistemas de crengas, em que o colonizador europeu, a0 passo que era seduzido pela vida dos africanos, se constrangia por nao compreender a convivéncia com a alteridade, ¢ impregnou as priticas culturais africanas com os conceitos depreciativos, estigmatizando estereotipando, processo que teve uma ajuda pedagégica: a mentalidade crista internalizando a ideia de mal as praticas nao europeias. Nesse momento a Igreja Catélica empenhava-se em retirar 0 sexo dos anjos, posto que sexo, sexualidade eram signos demoniacos, acabou por se deparar com uma entidade ote eeweeeerewae cas secu ses QDs rc ccccecccarceenecceseee caceeceescransncessccs Ofye son amavecscveescceeroes que tem como exceléncia 0 seu simbolo, um pénis ereto, em tamanho desproporcional, como simbolo de poder e fertilidade. Ao ingressar na Universidade, no curso de Ciéncias Sociais, resolvi problematizar a questao perguntando: o que é verdadeiramente Exu, neste samba ou “que diabo € Exu"? ‘A questao s6 foi respondida depois do encontro etnografico. A minha ligagao a uma casa de santo tradicional da Bahia ¢ a minha pesquisa no terreiro de Pai Beto de Oxala, me colocaram com a resposta nas “maos", que deixei para que o préprio leitor retirasse suas préprias conclusdes. Essa pesquisa foi feita para obtengao do titulo de bacharel em Ciéncias Sociais, com concentragio em Antropologia no ano de 1998 a 1999, com © apoio de uma bolsa de estudo concedida pelo projeto “A Cor da Bahia - Fundagao Ford’ Neste artigo tratarei de trés momentos importantes da pesquisa. O primeiro refere-se @ representagao de Exu, assim como seus rituais no eixo das casas de santo tradicionais, iquelas mais antigas, zelosas em darem continuidade As praticas dos seus predecessores. O segundo momento é a dimensao da festa de Exu em terreiros situados fora do ¢ixo das casas tradicionais. E 0 terceiro é como os intelectuais entenderam Exu, ora como diabo, ora como escravo dos santos ou come simbolo de liberdade. Nao me propenho a buscar origem na Africa da demonizagao das praticas africanas e, consequentemente, na demonizagao de Exu no século XVI, efetivada pelos missionarios europeus \MAs religioes de matriz africana logram um estilo de vida no curso da vida cotidiana dos atores sociais que se convertem a elas“Em particular o candomblé, como uma religiao com um conjunto de habitus e orientagSes mais ou menos integrado (organizado) de priticas que os adeptos abragam, nao somente porque essas priticas preenchem necessidades utilitérias, mas porque dao forma material a uma narrativa particular da autoidentidade (GIDDENS 2003,

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