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1. INTRODUGAO: O SIGNIFICADO DA PALAVRA ‘Apesar do significado impreciso, © termo “simbo- lismo” tomouse um sotulo conveniente para os his: toriadores da literatura designarem a época pés-roman- tica, Ao mesmo tempo, ele forneceu um objetivo 20s criticos literdrios que consideram © simbolismo uma classificagdo artificial de escritores_heterogineos, separados entre si segundo a nacionalidade, Epoca ¢ género Titerario. Para o francés, “Simbolismo” denota ainda, tecni camente, o periodo entre 1885 ¢ 1895, durante o qual surgiu. um movimento literario de ampla filiaggo, um cénacle que publicava manifestos, patrocinando revistus literdrias, como La Revue Wagnérienne, La Vogue, Rewue Indépendante ¢ La Décadance, ¢ atraindo para Paris poetas € literatos de todas as partes do Ocidente. Como uma escola literdria especifica, “Simbalismo™, neste caso, deveria ser eserito com um “S” maitisculo, Qs criticos do mundo anglo-saxdnico, por outro lado, tomando como ponto de partida Arthur Symons, um contemporineo de Verlaine ¢ Rimbaud, tendem a ee considerar 0 “simbolismo” francés (desta vez é melhor éserever com “'s” mindisculo) como algo caracteris. tico dos “quatro grandes” da poesia francesa da segun- da metade do séeulo XIX: Baudelaire, Rimbaud, Verlaine, Mallarmé. Usando a palavra “simbolismo” ho mesmo sentido amplo de Symons, T. S. Eliot acres Gentou a lista poetas que se situam fora deste circulo exclusivista, como Laforgue e Corbiére. C. M. Bowra, cm sua introdugdo a The Heritage of Symbolism (A Heranga do Simbolismo), considera Baudelaire, Ver. laine © Mallarmé como a vanguarda do movimento Simbolista, baseando-se em suas grandes inovaces em termos de técnicas literérias. Desse modo, Bowra intro. duz na tradi¢ao simbolista todos os poctas que “ten. taram manifestar uma experiéncia supernatural na linguagem das coisas visiveise assim quase toda palavra € um simbolo e & usada no em seu.sentido comum, mas em associa¢o com aquilo que ela evoca de uma tealidade situada além dos sentidos”! Ele chama estes poctas de ‘‘pos-simbolistas”, como 9 faz, Kenneth Comell em seu livro The Post-Symbotist Period (O Periodo PosSimbolista). 0 prefixo post implica, contudo, uma separa¢io maior da tradigao simbolista do que a que realmente existiu. Este uso flexivel do temo abarca esctitores, posteriores Beragdo simbolista, que aceitaram a escola simbolista © que, através de sua adesdo total ou parcial aos seus Principios poéticos ou & sua orientaezo mistica, manti Yoram a presenca do simbolismo como uma convengo literdria que adentrou 0 século XX. 0 fato é que’ os hetdeiros do Simbolismo sfo atualmente muito mais roeminentes nos anais da historia literaria do que os fundadores. Obras 0 diversificadas quanto as de Yaléty, Rilke, Hofmannsthal, Yeats, Jimenez, Wallace Stevens, A.A. Blok e, até certo ponto, T.8. Eliot, tém compartilhado do legado® Os criticos literarios e os historiadores do simbo- lismo foram quase to numerosos e de nacionalidades J. MC BOWRA, The Heritage of Symbolitm, Londies, Macmitlan, 1943, p, $. 2. Ao avaliat a estética simbolista, a distinggo ente 0 Séeulo XIX e comeca do século XX pode ajidar s ete feeer 0 éxito literirio de suas caracteristicas bisicas 12, INTRODUGAO: OSIGNIFICADO DA PALAVAA to diversas quanto os proprios seguidores. As vezes, seus estudos tém sido apenas reflexo da prépria ima. gm espiritual do critico; outras vezes, tém consistido em registros documentais dos acontecimentos que marcaram 0 conjunto das atividades dos escritores simbolistas. Outros tém explorado a longa influéncia, RO espago € no tempo, daquela que foi uma das mais fechadas aliangas intelectuais da historia européia, mar- cade por um cosmopolitismo totalmente destituido. de intengdes autoconscientes ou politicas. Outros ainda, remontam 28 origens do simbolismo as tradicées lite- arias do legado europeu comum?. Néo hé muito a aerescentar a todos esses trabalhos*. Desde o comego, este movimento hibrido colocou um dificil problema & pesquisa — a classificapdo dos @scritos, profussi e aparentemente disparatados na forma e no contetido, reunidos em volta de um rotulo que ‘eve desde inicio miltiplas conotacdes. Os Primeiros estudos, como Le Symbolisme: Essai Histo. rique, de André Barre, classificavam os simbolistas fem estreitas categorias genealégicas baseadas em seragdes, © sem qualquer tentativa de distinguir os Poetas maiores dos menores. De fato, alguns deles, que 0 tempo ¢ a distancia relegaram a uma estatura secundaria, foram t4o comentados durante suas vidas, que tiveram uma importincia muito grande para o Seus contemporaneos e distorceram © juizo critico, Em oposicdo a esta clastficacao cronologica, tern-3¢ desenvolvido uma tendéncia para demonstrar que as relapSes entre muitos desees poetas consistiam numa Teagdo negativa comum ciante das tradig&es liters. tias existentes, produto das convengGes romanticas, No estudo The Symbolist Movement, Kenneth Comell descreve esta atitude: “A decisio de ndo acei 3. Um livto recente de Angelo P. Bertocei traga os ante- ites do simbolismo, em sentido amplo, a parti de Plo, tine. Nesta perspectiva, Baudelaire se toma o cume de sine bolismo em vez de ser 0 inicio. Daf 9 titulo From Symbotion to Baudelaire (Carbondale, Southem linois Press, 1964), 4. Para uma revisio dos estudos recentes ver A. BALA, XIAN, Studies in French Symbolism, 1945-1955, The Roman. ‘ie Review, XLVI, 1955, 3 (out), pp. 223-30, S. KENNETH CORNELL, The Symbolist Movement, Now Haven, Yale University Press, 1951. eed i ee ere ences edie Pie ans Saeiblceanet a ‘imei i De. ee tn ees “am

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