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IV ENCONTRO PAULISTA QuestOes InDiGenas — Museus V SEMINARIO Museus, IDENTIDADES & PATRIMONIO CULTURAL DIREITOS 18 DRC] PS) NO MUSEU Novos procedimentos joker MUM LeN ze politica: a gestdo de acervos em discussao Ficha catalogratca Direitos indigenas no Museu : novos procedinentos para luna nova politica : a gestdo de acervos em discussio / Narflia Xavier Cury. organizadora. -- S80 Paulo: Secretaria da Cultura : ACAK Portinari : Museu de Arqueotogia e Etnologia da Universidade de S80 Paulo, 2016 248 p. : il. color. -- (Colegdo Museu Aber to). 1SBN' 978-85-63566-20-1 Dor: 19.11685/9788563566201 1. Etnologia indigena - Museus. 2. Museus etnolégicas. 1 cury, Marflia Xavier. II. S40 Paulo (Estado). Secretaria da Cultura. TIT. ACAM Portinart. TV. Universidade de S80 Paulo. Museu de Arquealogia e Etnologia, Esta autorizada a reorosucto parcial ou total desta obra para ans seacenicos, cesde que citads a forte. Protbico uso con Ans conerciats, 2 A fotorreportagem como projeto etnocida: Oo caso da india Diacui na revista 0 Cruzeiro Helouise Costa* fuse de Arte Contenpordnea, A revista 0 Cruzeiro publicou entre os anos de 1952 © 1953 una série de fotorreportagens sobre a relacdo do sertanista Ayres Camara Cunha con a india Diacul. A revista ajudou Ayres 2 ebter autorizacdo para o seu casamento civil fe religioso coma india e teve participacao ativa no processo de aculturagso a que ela fot subnetida. A série abrange desde o noivado ae Diacui con © homem branco, passando por sua estadia no Rio de Janeiro para o casanento ¢ seu Fetorno ao Xingu, até o destecho tragico de sua histéria. 0 Toco de nossa andlise neste artigo, € 0 modo de construggo do discurso jornatistico da fotorreportagen, em sua estrutura narrative propria, expandids aqui por um tipo de seriacdo que mito se aproxima do modelo da novela." Una avaliagso tenat ica das fotorreportagens puolicadas na revista 0 Cruzeiro a0 longo das décadas de 1940 e 1950 nos permite identificar o papel exercido pela imagen do Outro nos meios de Comunicacao de massa ent3o energentes no Brasil A alteridade estabelecia o contraponte necessaric para a construcse de representacdes sociais, que se pretendiam hegerdnicas e funcionavan coro exemplos nornativos, Naquele momento o Outre podta se material izar em diferentes tipos considerados desviantes - no doente. no presigtarto, no negro, no indto ‘no. Laue, no malanaro Spresentaca no WI! Cangressé erastieiro de Ciencias a‘ Comunicacds da Invercon ex 2664. Para esta cotetanea ealtsacas corvecses ¢ atualizagses pontuats que 730 jcaran 9 estruturs-e 05 arguventos prineipats do art nat eauttou de ume comnicacae Universidade de $30 Paulo (HAC-USP) no comuntsta @ no estrangeiro -. todos eles transformados em personagens de fotorreportagens ilustragas de cunho sensacionalista.? A imagen co Indio. em particular. fot explorads sistematicanente nesse contexte J& tivenos oportunidade de denonstrar que, Subjacente a0 conjunto de fotorreportagens de 0 Cruzeiro sobre 05 Indios brasileires, pode-se apreender um verdadetro projeto de aculturacio para {5 nagdes indigenas (ver Costa, 1994). 0 indi era ‘considerado un enpecitho para 0 avango do progresso fe sua inagem era inconpativel com 0 flodelo de nagao desenvolvida apregoaco pela revista. Inaugurada por Jean Manzon e David Nasser ex 1944, essa vertente temitica nos fornece exemplos contundentes do exercicio da violéncia no processo de representacdo do Outro. fundamentaca ea relacées de poder ‘extremarente desigua's entre os cetentores dos ineios de representacdo e os representados.? Sod fesse aspecto destaca-se especialmente a série de Totorrepartagens acerca do caso Diacui. que en ‘roguridas por Jean Ranzon para 0 Crazefro entre 198) © 1951 eco an que 9 fotsarsto frances erabalneu pars a revises Dsarles Ascactasee, Em eotado mals recente. fo eneante Shservel que esses tends estiverse presentes tate ea fotorrepertagens,prowurides por outros Totegrates da Fevista, Vere Caste, 199? © 2817 3. A prineira fatorreportagen sobre a tenitica do fndio foi “intrentando or chavaneeel’™ Texto: david Raszer’ Fates dean fanaon, O Ceuresra, 26 jun, I94e p-46-62 © 96. 108, oe" Eabora aja totogratae de indies pubticadss en 0 Cruzeiro antes disso. fo! somente a partir de 1385 ae 2 fovista a da fotorrepertagem ‘Internacional. Stgunss 9 qual 3 totograta desnaus se ter um papel seratente ‘tstravive e passava: a construir um discurse sopecticanente ‘isust sobere"op aeontecinenton. interestaume. aut ans\iear awente az fotarveportagens, sabres tendviea ingtgena em 0 Grigesto'ver® Corks, 1984" Costas Burgi 2012, A277 135 razdo de suas peculiaridades amplia a avordagen da temética indigena proposta inictaimente pela revista, ja que trata tanbén da miscigenagao © Gas relacdes de género. A riqueza desse conjunto de totorreportagens certanente possibilita ‘tnumeros en foques oriundos de diferentes disciplinas.* Neste artigo manterenos o nosso interesse. j materializado em outros estudos no modo de construcdo do discurso jornalistico da Totorrepor tagem pensada no campo da cultura visual Podenos identificar na revista 0 Cruzesra diversas fexenplos em que a narrativa ndo se restringia apenas a una nica fotorreportagen, mas se desdobrava em séries de nédia e Longa duragao. Se 0 modelo da fotorreportagem introduriu luna nova noc3o de tenpo por meio de um modo especiico de edicdo das imagens. as sequéncias de fotorreportagens sobre un nesno tena expandian ainda mais essa temporalidade, incorporanco um atributo caracterfstico de certos tipos de ficeao que @ a construcdo em capitulos. Cono estrategia conerciat 2 publicaczo de séries estimulava © consumo da revista e induzia o pualico a coleciona-la Quando una nistéria se mantém no foco de interesse do piblice, € quase certo virar una ‘repor tagam-novela’ . Reproduz-se entlo a mesma formula do fothetin, que veio a dar no romance ... Impossivel esquecer David Nasser © suas séries de reportagens, publ icadas senanaimente pela revista 0 Cruzeiro, entre as quais se destacaram ‘0 caso Aida Curs” "0 crime do Sacopa. e tantas outras (Sodré. 1971) No que se refere @ reproducso da férmula do Tolhetim, um dos melhores exenplos talvez tenha Sido 0 da série de fotorreportagens sobre a india Diacui. Diferentenente de “0 caso Aida Curt” © ies area a Tag Ties Franco ete oferecen abordagens distaneas go caro Dracst ‘ingas do cango co antrapsiogia. 0 prineiro anaises > Iistorsa da india em reLocdo a0 aito da Iracena, personage casanento, Ver: Guzman (2895); Franco Nate (2098) 136 de "0 crime do Sacopa", séries que se debrucaran Sobre assassinatos de grande repercussaa ¢ aconpanharam © desdobranente cos respectivos Processos criminais. 0 que se apresentava 30 leitor no caso Olacut tinna sabor de um acontecinento em pleno curso, palpitante de polémica e atualidade, como se fosse una espécie de novela da vida real.’ J ciente, nd quase una década. do poder de mabiLizagao aa tenatica indigena junto a0 seu piblico. a revista decide investir macicamente na cobertura do suposto envolvimento anoraso entre Ayres @ Diacut, impedidos de contrair 0 matrinénio devido & legistagao vigente. Matertalizava-se, assim, 0 Imito do anor impossivel que para sua consumacz0 precisava vencer os mais cificeis obstaculos Vejamos cono 0 epis6ai0 fot apresentado pela prineira vez a0 pablico de 0 Cruzeiro: Aqui esta um curioso caso de anor & primeira vista, de onde se conclui que a viga na Selva, Se é rude e aspera, nen sempre endurece © coracdo humano. Ayres Canara Cunha, funcionario da Fundacdo Brasil Central. foi transterido para un posto Gaquela entidade. préximo a una aideia da tribo dos Kalapatos. Conheceu ati una joven india. Diacui. por quem inediatanente se apaixonou. Ayres ndo falava o kalapaio e Diacu! muito menos o portugues. mas isso no representou obstaculo para que os dois Se entendessen. 05 olhos da indiazinna Gispensavam as palavras: deles escorria una ternura mansa. levando a0 coracdo do honem branco a certeza de que era correspondido no Seu amor. E Aires 130 hesitou: pediu Diacu! em casamento. 05 malorais da tribe, néo duvidando dos sentimentos dele, concordaram com 2 unio dos ranorados. Has eis que luna nuvem veio toldar a felicidade dos dois jovens, sob a forms de un artigo dos estatutos do Servigo de Protecdo aos tndios, que protbe a Ligacdo entre civitizados SuciOnetas encantram ao asstaeir ana telenovels”, Wada freinor. portanta. para aipitar esse principio de reat ieate do 2863. B38 selvagens. Chamado a0 Rio para prestar esclarecimentos, Aires nada negou, deixando falar ben alto o seu coragao, & através da inprensa lancou un dranatico apelo as autoridades, no sentido de instituiren una Cl4usula no regulanento do SPI. permitinds 0 casamanto de brancas con indies. Na foto Ayres ao lado de Dracus, nun fagrante que lhe aviva as saudades da mulher anada. A india continua a esperd-lo na selva, sem saver que os separam. com mais forca do que as léguas de mata. as leis feitas pelos omens. Essa apresentagao consta na secao intitulada ‘Um fato en foco", na qual 0 Cruzeiro publ icava seranainente uma fotografia aconpannada de Um pequeno comentario. Em geral a5 imagens selecionadas revestian-se de un interesse particular, seja em fungio da rartdade ou do Earater inusitade do assunto tratado. 0 exemplo fen questo n3o foge a regra (Figura i). & foto mostra o casal de corpo inteiro. posando en frente a una cabana rustica, A india esté nua ostentando apenas un colar @ un delicado adorno préxino a viritna. que n3o chega a lhe cobrir a Figura l- Ue tate en toca, @ Cruzeiro, 1 now, 1952 Benitalia. Ao seu lado vé-se 0 sertanista, que Por sua vez esta completamente vestido, trajando camisa e cal¢a conprida. A dicotomia entre os 5, ja enfstrzacs no texto, € reforgada também elas express6es faciais: enquanto ele sor’ numa pose calculada, a india ten a fronte franzica mostrando-se pouco 3 vontade ao Lado do homem branco. Essa secao prepararia o piblico para a fotorréportagen que viria logo adiante, na mesma edicdo de 0 Cruzeiro, iatitulada “Minha noiva é una ingia".’ Discut mostra-se agora famiLiarizada com a cmera fotogrstica. para 2 qual sorri. em Situacdes diversas, sem nenhum constrangimento. ostentando vistoses colares de contas no pescoco que Ine teriam sido presenteados por Ayres (Figura 2) Podemos identificar nesses dois exenplos um forte sensacionalismo por parte de 0 Cruzeiro BU Hate aco" 0 Gees V noe SEP BUIT FRE 137 na abordagen da temitica indigena. Num momento fen que 2 nudez era alvo certo de censura 2 imprensa. a revista consegue burla-ta. exibindo © nu sob'o pretexto co interesse etnografico. A exploragdo da nudez dos indigenas recata mais, Giretarente soore o corpo da mulher, mostraco a0 natural nas mais variadas posigdes. a0 passe que (© nu masculino explicito geralmente era evitado pelo préprio fotégrafo ou censurado na edicao Ga fotorreportagen." Nas prineiras aparicdes de Diacut a extbicdo do seu corpo é ostensiva, coro na foto principal de "Winha noiva & una india”, em que o sertanista posa atrés dela segurando-the os bracos, de modo a deixd-la totalmente a merce do olhar do fotégrafa ©, ea Gltina instancia, do leitor. Na verdade, essa iagem pressupse una cunplicidade entre 0 Sertanista e 0 piblico mascul no da revista, con quem ele parece compartithar a fantasia coloniatista da posse sexual da muther indigena pelo honem branco. A nudez de Diacui, ressaltada pela exioigdo de seus selos en prineiro Plano. remete o espectador a uma sexual idade Livre'e primitiva, que nd muito perneta o imaginario ociaentat acerca dos “selvagens”, en especial acerca da mulher, subjugada 2 concigdo de fénea do honen. Posicionada em Reio 30 didtoge silencioso entre essas duas instancias masculinas, Diacu! & apresentada ono Um verdadeiro troféu nas mos do honen- cagador. Nesse contexto, a sua postura corporal 0 seu sorriso Largo viriam apenas atestar a Libidinosidade supostamente inata as indias. além ce sugerir que talvez j4 houvesse una relagdo intima entre ela e 0 sertanista Em que pese o voyeurismo das prinetras rreportagens sobre o envolvimento da india Snterreranciae. no negative fotogrstes ou velomentes Fealizacos na superficie das copias. fotografeas a ta de Seultar. as Srpaoe geniests, Un dom exempta aparece na foecrteparcagen "Al cangutsta de Serra de cachimo" "0 Crusesea, 20 fev. 1954, p-64-89. hela ns uns foto de tebe fodica autho. casraie por clo a rasagen @ fner tice ‘Staper'taives enna cnanago nats a azengao de Leltor ‘olocavan em xeque a propria, cresibiidage do. istee “atogratco'e, cansequensenante, f9 revista 138 com o sertanista, @ Inportante assinalar que 0 Cruzeiro nao se colocaria apenas cono observacora passiva do desenrolar do caso Diacul. mas Seria um de seus principats agentes. Assis Chateaubriand. doro da enpresa 4 qual pertencia a revista. iria enpennar-se pessoalmente en Viabilizar a unido legal ce Ayres @ Diacut patrocinada oficialmente pelo Diario da Noite Jornal de sua rede de comunicagSes. 0 seu arimetro passo foi promover a Viagem de Diacut @ de mais trés indios de sua etnia. entre 95 quais 0 cacique dos Kalapalos. a0 Rio de Janeiro. Documentada na reportagen “Kalapatos fvaden a culab4 dos arranha-céus".? a viagen fot transformada pelos Diaries Associados nun grande acontecimento que envolveu a visita do casal 2 diversas autoridades politicas e rel igiosas locais. Dizendo-se descendente dos indios caetés. Chateaubriand afirma que "o Brasil precisa de Sangue de Indio” @ justifca: “Como Iria eu achar absurdo 0 casamento se ele me lenbra a arrancada cesbravadora dos mamelucos co século XVI?". & autorizac3o para o casanento. porén, Seria negada pelo Servico de Protegao 30s Indios (SPI), devido aes riscos do choque cultural 2 que a india viria a ser subretiga. Apesar da negativa, Chateaubriand nao se daria por vencido e, gracas as suas influéncias. irla obter aval do entéo ministro da Agricultura, 1030 Cleofas. para o seu intento, js que o SPI era suberdinado ao seu ministério.” Do mesmo modo, conseguiria da Igreja 2 pernisséo para o enlace reltgioso. Ao enpresarto tmportava tirar o mator Proveito possivel da situagdo, o que se traduzia owt Cargei ¢ ubiratan de Lenes. Fotos! sadaed arags tna pritica aneigs, Que rosonea 48 ordtteas colonvate # 208 11, Ayres atema ave fot gesaconsetnage pessvatnente pelos Etnsloges go Se darcy fibeira'e edvarde Galvao, 3 (evar Salante’9 casanenta. ver" Canna, L976. 9.86.5) 12. Segundo Levantanonto ds jornalista Rebeca Kritsch, use janento fara dada en tora do apave doa Diartos fosaciadoe foraess 1994, p-576 principalmente em lucros financeiros, tanto por Internédio de patrocinadores intaressados em conseguir visibiligade para seus produtos & servigos 2 custas do caso Diacul, quanto pela vyenda de exenplares da revista para um piblico rnumeroso. Sendo assim, Chateaubriand nao pouparia esforcos para ser fotografado a0 lado de Diacui fnas mais diversas situacdes. prontificando~se até resmo a fgurar como seu padrinho de casanento."> Ayres CSnara Cunha, por sua vez. explicitaria ‘seus prapés!tos Ge mado mals direte e pragnstico, ‘assegurando 9 todos a sua intengso de norar definitivamente no Xingu. junto aos Indios. para exercer 0 seu papel de fato e de direito como colonizader Ao lado de Diacut. ensinares os Indios a falar o portugués e 9 fazer agricultura criagdo, etc. Estou certo de que. em pouco tempo. civilizare! toda a tribe. conto para isso, com a ajuda dos meus amigos Dbrancos e coma intel igencia excencional dos kalagalos.* ‘A metanorfose pela qual passaria Diacui 20 ser evade para o Rio de Janeiro seria cocunentads asso a passo pela revista 0 Cruzeiro, A extensio Ge sua transformacdo pode ser aferida ja na foto de abertura da reportegen “Kalapalos invader 2 ‘cujaba" dos arranha-ceus”.™ Trajando un vestido festanpado, conplenentado por sandal ias escuras 2 india posa sorridente, tendo 0 rosto coberto or una pesada maquiagen (Figura 3). Cinco Fotos sequenciais mostra as diversas etapas do tratanento a que ela fora submetida para conseguir 3 nova aparéncia. imagens que sintomat icanente assenethan- se 30 registro das diferentes etapas de una operagdo cirurgica. A Legenda nos explica Chatetubrtane tinh pelos sngios e spresenta ea seu Live aguela etata e-em outra aparece com una tanga Se penas. oar ¢ fe sala, Ge Braco dado com une foven india. Vers Lk. “Flores ge Uaranjeiras para a “or doe cangaeé*. Texte fone Giger pictan de Leas fata: aca erage 0 Ranstao Cargete iatan ce Lewas. Fotos: Bedard Braga que a maquiagen fez 03 tracos fisiondmicos de Dracut ganharen “um refinanento que ela até entéo desconhecera” © prevé que em pouco tempo ela ‘estar ia sendo confundida "com qualquer gra-fna de Copacabana”. Ademais, © texto nos assequra que © fencontro da india com a moderna tecnologia dos cosméticos ndo deveria nos causar estranhanento: Diacui @ Helena Rubinstein s80 dois nomes aparentemente incompativets. parecendo entre eles haver um abismo de séculos. Mas os extrenos se tocaram e deu-se o milagre. A beleza primtiva de Diacut transhgurou-se, femergindo da espuna de multiplos crenes e Sabonetes como a de una VEqus do século XX. Figura 3 = Katapa 1952" "p 99-161 Nas fotorreportagens seguintes a revista nos faré acompanhar 0s percalgos da india em seu contato com 05 grandes prodigies da nossa civilizaczo. 0 fogdo @ gas. "muito diferente cas fogueiras primitivas dos Kalapalos", a miquina de costura. "com a qual confaccionaré os seus vestidos de agora Tihs ats deisel” Sarendends "cagina” wt fondo s'est aparecen ens "Flores de Laranjeleas para 9 fer os fampos" Testo! font igo Gurget Uiratan ge Lemos. Fotos: Exdoré arape, 0 Cruzeiva. 6 dev. 1982, p 10-16. As densi, Fotes anattsscas feran puoltcatas em: “Abencoado por Deus o Cheanento oa india con p orancos| O'Cruvetrs, 1 Set, 195) pas 139 fan diante”, 9 retogio de pulse. no qual contaré todos 05 minutos que a sepacan do casananto com Ayes", além do “famoso Livro Beleza © personal idade = chave do éxito da milner civilizaga” (Figura 4) E particulamente signifcativa a fotograna en que Diacui supostarente estaria lendo 0 imprescindivel manual. Preparada para a pose. ela aparece sentada ruma cadetra como livea aberto a sua frente, Stmulando a testura, No entanto, por alguns segundos a cena foge a0 controle do fotografo e a imagen final nostra-nos Ovacut com as pdlpebras rechadas, fo congelar esse infigo instante 2 fotograha ratersaliza una real icade indistarcavel apesac Ge todos os esforcos a india nfo consegue ter olhos para a cultura ocidental. nem canpouco tem condig6es de se enquadcar no padrdo de fewiniLiaade que the estd sendo imposto. Superado 0 lapse. demos tamoén odservar Diacui escovando os dentes: Penteando os cabetos @ calcando sapates. Todos esses pequenos atos cotidranos fazem parte da sua preparacdo para os trés grandes rites de passagen que ido introduzi-la defmitivanente no universe da Civilizacso: @ batism cristso, o casanento civil © a cerinfnia religiosa de consagragaa 0 matrindnio Nesse ponta a sérte chega ao seu climax. a0 esperado momento do fnal fetiz. detalnadanente relatada na fotorreportagen “Abencoado por Devs 0 casarento aa india com o branco":" Diacu, no seu soberto vestido de penas de garca. foi sacudida por uma onda numana de fats de 12 mil pessoas - Chuva ae flores Sobre os noivos e 0 Sr. Assis Chateauortand “Una senhora, entustasnada. arrancou a anagua da noiva kalapate, enquanto 2 pov Gentro da Igreja. vivava o casal mais fanoso Go ano - 0 cacique Comatsi @ 03 dols outros ovens de sua tribe, de terros de Linho gravata. abracaram centenas de ‘caratbas A fotorreportagem mostra diversas casanento e da multidio na igreja ale de una fota de corpo inteiro tanto constrangida no volutoso ve: recoberto de penas de aves. feito conas do (a Candelaria de Diacui un ido de noiva especialmente Ubiratan de Lemos. Fotos: dadara drags e Indalécio Mander ley. 149 para ela (Figura 5). Nao satisfeita apenas con 2 cobertura do casamento, a revista 0 Cruzeiro irla aconpanhar a volta dos noivas ao Xingu. “Lua de mre num palacto de sapé" nos mostra una Diacut Civilizada que “ndo quer nats apresentar-se despica ante os seus trnios de tribo".° Ela passa a usar um maié de duas pecas para banhar-se no rio a0 ado do marido © apresenta-se nas fotos sempre vestida. A reportagen conta que os recén-casagos: fem seu retorno, Levaran quatracentos quilos de presentes para os Kalapalos, alen daz lenbrangas oo Easamento. Nuna das fotos Diacu! exioe as mulheres © seu vestido de notva. enquanto en outras tnagens Giversos indies aparecem tentando provar as roupas que acabaram de ganhar. 0 resultsdo, cos dira o Fepérter, € que “toda a tribo dos Kalapalos quer \migrar para o Rio de Janeiro” © pibtico de 0 Cruzeiro denoraria 8 neses para voltar a ter noticias ae Ayres e Oiacut apos 2 covertura da lua de mel do casal. No née de agosto de 1953 una reportagem soneastica iria dar conta da tragédia que se abatera sobre a india *Abandonada pelo branco morreu Diacui”.” Essa faiee: Indslacie wardertey. fotorreportagem é enblemitica dentro da s se}a do ponto de vista da Linguagen fotos da edi¢l0 € de sua perfeita adequagdo 30 modelo da novela," seja na explicitagge do caso Olacui com un exenplo do devastador poder ce manipulacso da Inidia sobre a vida das pessoas. S30 se1s paginas naz quais se estabelece una narrativa expandiga no tempo @ no espago por meio de recursos de ura 6). Imagens } enpregadas en ing anteriores $30 apropriadas no novo contexte, estabelecendo um dislogo com 2 mendrta do publico e reforcando 3 ideva de que se trata ‘de mais um capitulo da conhecida novela, Logo nas ‘ ‘aginas de abertura, a imagem do sertanista timulo da India contrasta com una das ‘ada durante 0 casamento. mesmo principio, a revista reutiliza acut da época de sua estadia fotos 60 Segundo es ura fotograna de no Rio de Janeiro, na qual ela aparece brincando com un Be como contrapanto 4 imagem do bebe 1 que sobrevivera a morte da mie decorrente de compl icacdes no trabalho de parte. Br Mave vines laronente tome oe tee 2 2iriede SA eee 141 0 recurso a0 contraste entre duas real icades opostas nfo seria utilizado sonente pela edicdo 0 préprio fotégrafo iria construtr contraposicdes ‘igualmente draniticas, Tomando cono referénct una das fotografas publ icadas na reportagen Sobre a lua de mel do fanoso casal. Indalécio Wanderley stualiza a cena. Na primeira imagen vemos. 20 longe. os recem-casados abracades na betra do rio. sendo observados, supostanente as escondidas. por um indio situado sobre una elevacdo en prineiro plano. & como se 0 fotégrato colocasse 0 publico na posigso voyeur tsta ‘ocupada pelo indio. J4 na segunda foto, tomada no mesmo local onde produziu a cena anterior, Indalécio nos nostra Ayres solitério. sendo ‘observado por ue indio que posa na mesna posicdo Enguanto na primeira imagem a figura do indio era banhada de luz, na segunda aparece obscurecida or una sonbra’ Enquanto a prineira foto nos renete a ideia de mobilicade, em tuncao da canoa atravessada en diagonal junto 30 casal. a segunda sugere inobiLidade © estagnacto, no 36 pela postura introspectiva de Ayres, nas tanbém pela canoa que por pouce no desaparece no extraquadro 0 sertanista. anteriormente tdo elogiado pelos repérteres de 0 Cruzetro, & descrito agora com dono de um “tesperanento Récido”. Deixando-se fotogratar em poses afetadas ao lado do timulo da ex-esposa ou beljando a Atha que repousa em seu colo,” Ayres inadvertidamente torna-se alvo facil a nordactdade da revista que o acusa de ser 0 grande responsavel pela norte de Diacul. Esse ataque passional contra 0 sertanista atingiria ‘também 4 Fundagdo Brasil Central. Mesmo um ano apés a morte da fridia, = posicgo de 0 Cruzeiro 3 respeito dos acontecimentos se manteria inalterada 0 aspecto pouco esclarecido do romance & o da morte da siivicola, cujas circunstancias Condenan 0 marido branco e a Fundagdo Brasil Central, na pessoa do seu presidente Sr Ayres para Ser ertoda pela ade dele en Urugualana, no Ro Grange ce Sul, cidade natal do Sertanista. Ayres Cunna norreu sn'997, a00 #1 anon, Vers “Dracu! una nenvaa fella=. 0 Gruretro, 18 fey 9580 vA Ala de Dacus” 9 romance da se1ve fo'Sras depors". La fv. 1973 142 Arquinedes Lima. Lenbranos. quando de nossa Viagem ao territério kalapalo, a frieza de Ayres, 20 mandar os ‘ndios reconstitutren os funerais de Diacul. para que ele aparecesse a0 lado do timuilo, ‘tnginds chorar. com o Lengo enxuto tapando es éculs ‘ray-ban” E recordanes que Diacu', as vesperas de dar a luz a fithisha, fora abandonada por Ayres, que tomou um avizo @ voou para Xavantina, a 686 quilénetros de distancia Se 0 martdo branco quisesse, ser-Ine-ia facit providenciar a ida a taba de Diacui do ginecologista Boris Tarekof. da Fundacdo Brasil Central. 0 que representarta vida para a Madane do Kuluane. $6 ndo o fez. porque nga tne interessava, © Diacul, morreu 3 mingua, vitina de tenaz henorragia.” Se até aqui denos voz exclusivanente a revista 0 Cruzeiro, passaremos 3 andlise de una outra versdo dos acontecimentos, dada por seu principal protagonista A resposta de Ayres Cdmara Cunha as acusaSes que the foram imputadas pelos Diaries Asociados Viria formatmente muitos anos mais tarce nas paginas de seus Livros de mendrias.” Un deles, fem particular, foi totalmente dedicado 4 histéria da india Diacut. Como ndo & nosso objetivo fazer Una andiise detathada dessa publ icagdo, nem julgar 0 conportanento go sertanista, irenos nos deter nas informaoes que de algum modo nos auxtliew a esclarecer questdes referentes as fotorreportagens.. De inicio cate destacar que o sertanista era 2 responsivel pelo posto da Fundacao Brasil Central instalado na regiao em que se localizava 2 cominidade dos Kalapatos. 4 qual pertencia ee aaa ae 24, Nao f91 porctvel saver exatanence quantoe Livros Ayres Ghnara Cunha publicau, Levantanos quatro vitulos © thvenes fcessa sols deles: A hrstorts g9 fnara Oiaeu! (978) © has Selvas do Xingu (1369) ds’ snsta fot una faeatidace, uaa ver que ele teria via} Spent ott Sas aca coaprar proved, peiage no qa Diacui, e j4 vivia com ela quando decidiu solicitar autorizagio para o casanento.” Tal Situac3e pode ser conprovada por meio do parecer enitido pelo ministro da Agricultura para justificar a sua anuencia unigo legal entre a India eo sertanista. © fato consumado. porén. e que nao pode ser remediado com solugdes teéricas. € que o recorrente ea india j8 tém vida en comum ha Tongo tempo. conforne consta do processo, de. sorte que o casamento para que o recorrente solicita permissao. ven enquadré-tos nas rormas do cireito @ da moral, tornando Tegitina una situagdo existente.” Segundo consta, una sindicincta interna realizeda na Fundagao Brasil Central condenou Ayres por mmanter um relacionamento considerado impréprio| com 2 india. Ameacado de perder seu enprego © ser expulso do Xingu, o sertanista teria encontrado no casamento una saida para reverter 2 situagdo". Essa Informacao, que n3o circulou na imprensa na época do casanento, nos autoriza 2 avancar em nossa analise das fotorreportagens, pois confirma que tudo nelas foi encenado para 3 midia. A artificialidade que percederos 4 primeira Vista € ainda mator do que se poderia supor fe muitas informagées que poderian revelar 3 real condigdo em que vivia o casal s8o omitidas nas fotorreportagens. A cabana. situada no fondo da primeira foto dos dois publicada em 0 Cruzeiro (Figura 1), por exenplo, era a casa de tatpa coberta de patna, construida préxina as hhabitacdes dos Kalapalos, onde Ayres rorava com Dsacui.® SEW" HiGea A Wistaia ae toa BiacaT. rise pintae ndican fue Ayres e otacut 42 vivian Juntos antes do caramento Tet ee “Cinnas 1536, 9:43:59 88 27. 0 parecer ao ministre da agricuttura pode ser consultado oF Canna, 1976, p.a-30 e 88 423, Sepunde relatérto anuat dx CAPE, de 1982, Ayres Coma, jstanents cow autror_ fun ie fovgae as Inasaa ao Aiko Xingu 8B 380" p-233. Gevdanetrs con Diacat fer eraauziaa a5 SSuar'ae insta em siversan oeasies. o que contract? 2 versio sin pels revista. pela ingrense te gefal, de ave oS'Sia condaguion se conunvcar verbatnente, As situaces estrategicanente planejadas © os altos recursos fnanceiros disponibilizacos para 2 reatizacdo da série de fotorreportagens sobre © caso Dracut nos permitem verincar que o papel ‘exercigo pelos Diarios Assoctados no episédio esteve longe de ser isento. Enbora o sertanista nao esclareca suas relacées de bast idores com Assis Chateaubriand, deixa transparecer que ere pressionado por ele @ toner determinadas atitudes: "Fot entSo que resolvi. aconselnado, fou melhor, instigado pelos Diarios Assoc tados. constituir dois grandes juristes para defenderen~ me (sic)". Diante desse quadro, nos € licite Supor que'o destino da india talvez tivesse tomado outro runo. caso Assis Chateaubriand ngo tivesse decidido investir na copertura jornalistica de sua nistéria. Devenos reconhecer. ho entanto, que a atuacdo da revista no episédio| pautou-se. a0 menos no nivel do discurso. por certos ideats humanistas vigentes na época 0 apoie do governo e da Tgreja 20 casanento da fndia estarla imbutdo da iatengzo de dar-ine acesso 9 una nova condigio de vida. pretensanente pais digna e condizente ‘com 0 tipo de assinilacdo, cultural que se esperava poder estender a toca } populaczo indigena co pals. Era, portanto, luna atitude perfeitamente legitima do ponto de vista de seus protagonistas. Cono aponta Pierce Clastres, a negacdo das culturas dites primitivas em prol de sua assimilacdo 4 cultura focidental tem Se revestido dos mais nobres ideats a0 Longo da historia: "Trata-se de uma negac3o positive, na medida em que quer suprimir 0 Unferior enquanto inferior para algd-to ao nivet de superior, Suprime-se a indianidade do indio a fim de. fazer dele um cidadgo brasileiro”. Segundo e550 Logica aquela era “uma tarefa necessiria, ‘exigida pelo hunanisno inscrito no coragao da cultura ocidental” (Clastees, 1982, p.55) As fotorreportagens sobre Diacui funcionaram come velculos de una verdadetra missSo civilizatoria ‘material izando 0 tipo de relacgo entre brancos @ Indios propesto naquela ocasiso por diversas instancias institucionais. Enderecacas a um pOblico de massa, transfornaran 0 process e aculturagio da india num espetaculo, encenando preceitos morais a aia a 143 ben defnidos por internédio de seus personagens. © homem branco encarnarta a clvilizagao ocidental asculina en sua esséncia, traduzida no arquétipo do colonizador. As etnias indigenas minor itarias estarian sendo representadas por Diacu'. que na sua conaiggo feminina nater ial tzaria a inferioridade dessas culturas @ sua pretensa vocaczo 4 subservigncia. Diacui duplanente enquadrada como Outro: enquanto selvagem e enquante mulher. 0 casanento seria a submissio consentica dos povos indigenas 20s designios do honen eranco, apontando para o tipo de alianca desigual que se pretendia estabelecer entre esses opostas. Mais que isso Simbolizar ia o reconhecimenta da supertoridade do branco. constituindo-se no passaporte simoél ico para o ingresso dos. indios num mundo supostanente ethor. Por fm, a miscigenacdo seria uma poderosa arma de branqueanento da populacdo indigena, como mostra a foto da pequena Discut paranentada cone un beba civitizado, que fecha a Ultina reportagem de série.” Neste ponte ndo podenos deixar de considerar que © conceito de etnocidia. tal quat nos apresenta Pierre Clastres, ¢ una ferramenta teorica extremanente efcaz para nos auxiliar a refletir sobre 0 destecho co caso Diacui Se 0 termo genocidio renete 4 ideia de raga’ @ ao desejo de exterminio de una minoria racial. 0 termo etnoctdte acena Bo para a destruica0 Tisica dos homens (nesse caso permanecertamos na situacao Benocidianay, mas para a destruicao oe sua cultura. etaocidio é, portanto, a destruiggo sistenstica de modos de vida © de pensanento de pessoas diferentes daquelas que conduzem 2 empresa da destrui¢do. Em Suna, 0 genocidio assassina os povos em seu corpe @ © etnocidio os mata em seu espirito. SEG braces" derangements ie"se'dea" pends no Blano sivostico da foterreportagen. A ftha go canal fot fetiberadarence afastada ve seus parentes Kalapalor por seu bate cnegarva # feage adulta sea nemuna ‘denelscacge cow Butea en Kritsch, 2008, 9.019, Sonente en marco de 2215 de un jornatista de Urupuatana. Yer: http://g1-globo.com/, Em um @ outro caso trata-se de morte. mas de uma morte diferente. (Clastres, 1982. 9.53) © desenrolar dos acontecinentos do caso Diacus se encarregaria de evidenciar as contradicdes do projeto etnocida no qual ela fot envolvida com seu povo. Mesmo que considerenos a morte a india coma fruto de una fatalidade - J4 que 2 eliminagao fisica do Outro ngo faz parte co projeto etnocida -, ela subverteu o Anal feliz da fotorreportagen-novela encenada pela revista 0 Cruzeiro. expondo de maneira inprevista a violéncia extrema que se ocultava sob as boas intengBes de seu discurso Referéncias ANDRADE, Roberta Manuela 8. de. 0 fascinto de Scherazade: 05 usos sociais da telenovela Paulo: Annaplume, 2063 CLASTRES, Pierre. Arqueologia da vioténcta: ensaie de antropologia politica, S80 Paulo: Brasiliense, 1982 COSTA, Helouise. Um olhar que aprisiona 0 outro. 0 retrato do indio e o papel do fotojornal sno na revista 0 Cruzeiro. Imagens, Campinas. n.2, p.82-S1, ago. 1994. ___. Paleo de una historia desejada: o Fetrato do Brasil por Jean Manzon. Revista do Patriminio Histérico @ Artfstico Nacfonal. Rio de Janeiro. 1.27, .138-159, 1997 2 BURGI. Sergio. As origens ao Totojornalismo no Brasil: um olnar sobre 0 Cruzeiro, 1949-1960. Rio de Janeiro: Instituto Noreira Salles, 2612 UNA. Ayres Camara. Além do Mato Grosso Paulo: Clube do Livro, 1974 Entre 0 Indios do Xingu: Sto Sto a verdadeira Historia de Diacut. so Paulo: Livraria Exposigae do Livro, 1960 A histérta da fndia Diacuf: seu aSamento e sua morte. Szo Paulo: Clube do Livro, 1976 Nas selvas do Xingu. S30 Paulo: Clube do Tivre. 1969. FRANCO NETO, Jodo Veridiano. 0 casanento de Jakut Kalapalo © Ayres Canara Cunha: cosmologia do contato do Alto Xingu. 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A conquista da América: 2 questo do outro, Sto Paulo: Martins Fontes, 1993 * Wetoutze Coats ¢ professors sescctaua ottuse de Arte Contenporanea do Unive’stdse de Sao Paulo (hae USP). Atua como protessora e ortentagora no Prograna Ge Pas-cRaduacdo Interuntaades en Museo logic eno Prograna Enceruntaades em Esteiea e fietorta &2 Arte, aor es ISP 145

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