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Do original Mechanics of Materials Copyright © 1981 by McGraw-Hill, Inc. Copyright © 1989, 1982 da Editora McGraw-Hill Ltda, ‘Todos os direitos para a lingua portuguesa reservados pela Editora McGraw-Hill do Brasil, Ltda, ‘Nenhuma parte desta publicaglo poderd ser reproduzida, guardada pelo sistema “retrieval” ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, seja este eletrOnico, mecanico, de fotocSpia, de gravagdo, ou outros, sem prévia autorizaglo por escrito da Editora. Editor: Milton Mira de Assumpgao Filho ‘Supervisor de Produglo: José Rodrigues Coordenadora de Revisto: Daisy Pereira Daniel CIP-Brasl. Cotalogaeio-naPublicapio Camara Brasileira do Livro, SP Beer, Ferdinand Pierre, 1915 B362r Resisténcia dos materiis / Ferdinand P. Beer, B. 2.ed. Russell Johnston, Jr; tradugo Paulo Prestes Castitho; revisfo técnica Jorge Hauy. So Paulo: McGraw-Hill, 1989, 1982. 1. Resistinela dos materiis 2. Johnston, Elwood Russell, 1925 - IL. Titulo, 82-1482 : epp-620.112 Indices para catélogo sistemético: 1, Materiais: Resisténcia: Engenharia 620,112 2, Resisténcia dos materias: Engenharia-620,112 w 6e 6c a wz on ax * opsewrojeq-oewey eweiterg £2 repcy wbre9 qos seoypoodra sopiewsojag ZZ oy)o0deg opseuso}eq op jsou09 'sg6ew0}9q LZ sivixXy SVD¥VO — OvSVAHOSIC 3 OYSNSL z eoueunBag op ‘awusjoyjoog ‘sewisin sagsuey 0 slonjssupy s0gsu9, SL sagsua_ 9p saiuauoduiog, Lenbjenp erueweseueg ap ofeg wn eied sagsua,—Z'L ‘ox/g 08 onb)190 Ouelg wn we sogsua, gL sojdung seuranaasg ap asiguy eu sogseniidy SL ‘oquauiebews3 ap segsueL PL quaweyresig 9p sogsvoy EL sJeuON sgsua4 ‘siemxy se5103 ZL ‘ogsnponuy Eb OYSNAL 30 OLIZONOD ~ OVSNGOBINI L ‘ofoyiasd sojoquiys 9p e171 oueuns s24 25 26 2.10 21 212 42.13 216 2.18: ‘Tensées e DeformarGes Especificas Verda Lei de Hooke; Madulo de Elasticidade Comportamento Eléstico e Comportamento Pléstico dos Materais. Cargas Repetidas; Fedige Deformagdes de Barras Sujeitas a Cargas Axiais Problemas Estaticamente Indeterminados Problemas Envolvendo Variagio de Temperatura Coeficiente de Poisson Estados miltiplos de Carregamento; Generalizacdo da Lel de Hooke Dilatago Volumétrics Volume Deformacdo de Cisalhamento Aspectos Complementares na Deformacio sob Carga Axial; Relacdes Entre E, eG Distribuigdo das Tensdes e Deformacées Especiticas Causadas por Carregamento Axial; Principio de Saint-Venant Concentragio de Tenses \édulo de Elasticidade de Deformardes Plisticas Tenses Residuais 3 TORCAO 3.1 Introdugéo 3.2 Analise Preliminar das Tenses em um Eixo 3.3. DeformagGes nos Eixos Circulares 3.4 Tensées no Regime Eléstico 3.5 Angulo de Toredo no Regime Elistico 3.6 Estudo de Eixos Estaticamente Indeterminedos 3.7 Projeto de Eixos de Transmissio 3.8 Concentragdo de Tensées em Eixos Circulares #39 Deformagdes Plésticas em Eixos de Secei0 Circular #310 Eixos de Secgio Circular Feitos de Material Elasto- Piéstico ‘Tenses Residuais em Eixos de Seceo Circular Torgio em Barras de Sece0 ndo Circular Enos de Seceo Vazada de Paredes 4 FLEXAO PURA Introdugéo 7 At Introd Jya2 Andlise Proliminar dat Tens na Flexo Pur 45 46 47 49 51 58 64 7 8 87 ” 100 103 113 13 114 5 119 129 134 145, 148 182 184 188 166 169 179 179 181 Tensées e Deformages no Regime Eléstico Deformagdes em uma Secro Transversal Flexo de Barras Constitufdas por Vérios Materiais Concentracio de Tensdes Deformacdes Plasticas Barras Constitufdas de Materal Elasto-Plistico Deformagées Plésticas em Barras com um Plano de Simetria Tensées Residus Carregamento Axial Excéntrico em um Plano de Simeu Flexdio Fora do Plano de Simetria Caso Geral de Carga Excéntrica Flexdo de Barras de Eixo Curvo 5 BARRAS SUBMETIDAS A CARREGAMENTO. TRANSVERSAL B.A Introdugdo 5.2" Hipoteses Bésicas para 2 Dist de Tensdes Normais 5.3 Determinacdo da Tensio de Cisalhamento em um Plano Horizontal , ey see 5.4 Determinagdo da Tensio de Cisalhamento 1,,, em uma Viga 5.5 Tens6es de Cisalhamento r,,, para Vigas de Seogbes Teansversais Usuais +56 _Anélise mais Detalhada da Distribuigio de Tensées, ‘em ums Viga de Seceio Retangular Estreita 5.7 Cisalhamento em uma Seco Longitudinal Arbitréria 5.8 Tensées de Cisalhamento em Barras de Paredes Finas 5.9 Deformagdes Plisticas 5.10. Tensées Devidas a Combinagdes de Carregamento 5.11 Carregumento Assimétrico em Barras de Paredes Finas; Centro de Tor¢do 6 ANALISE DAS TENSOES E DEFORMAGOES 6.1 Introdugio 6.2 EstadoPlano de Tensdes ‘Tensées Principais; Tensdo de Cisalhamento Maxima 182 185 189 197 201 a 216 217 27 235 2a 252 287 267 269 270 m4 278 278 286 288 298 308 325 325 326 328 ea 6s 66 67 CCirculo de Mohr para o Estado Plano de Tensées Estado mas Geral de Tensées Aplicagdo do Circulo de Mohr & Anélise Tridimensional de Tensées Critérios de Ruptura para Materiais DGcteis em Estado Plano de Tenséet CCritérios de Ruptura para Materiais Frageis em Estado Plano de Tensées ‘Tensbes em Vasos de Pressio de Paredes Finas ‘Transformagdes no Estado Plano de Deformacées Especiticas "6.11 Circulo de Mohr para Estado Plano de Deformages, 6.12 Anélise Tri-Dimensional das Deformagdes Especificas 6.13 Medida das Deformarées Espectficas 7 DIMENSIONAMENTO DE VIGAS E EIXOS DE TRANSMISSAO 7A Introdueso 7.2 Diagramas de Momento Fletor e Forca Cortante 7.3 RelagGes Entre Carregamento, Forea Cortante & Momento Fletor 7.4 Tenses Principais em uma Viga 75 Projeto de Vigas Prisméticas *7.6 Vigas de Igual Resistencia 7.7 Dimensionamento de Eixos de Transmissf0 7.8 Tenses em Pontos de Aplicacio de Carregamento 8 CALCULO DA DEFORMAGAO DAS VIGAS POR INTEGRAGAO 8.1 Introduedo 8.2 Equacdo da Linha Eléstica 8.3. Vigas Estaticamente Indeterminadas +84 Utlizagdo des Fungées Singulares 8.5 Determinscdo da Linha Eléstics Diretamente a Partir do Carregamento Distribuido 8.6 Método de Superposido 8.7 Aplicagdo da Superposicio as Vigas Est Indeterminadas 347 360 353 361 368 a 74 37 387 390 397 419 421 423 433 433 4at 450 458 470 an 9 CALCULO DA DEFORMACAO DAS VIGAS PELO DIAGRAMA DE MOMENTOS FLETORES 91 9.2 +93 94 +95 +96 +97 10 Inrodugéo ‘Teoremas relativos as éreas do diagrama de ‘momentos Aplicagio as Vigas em Balango e as Vigas com Carregamento Simétrico ‘Superposigdo dos Diagramas de Momentos Fletores 1 com Carregamento Assimétrico Deformagio Maxima Vigas Estaticamente Indeterminades TRABALHO DE DEFORMAGAO 10.1 102 103 104 +105, 106 107 108 109 #10.10 10.11 +1052 910.13 u Introdue0; Trabalho de Deformaggo ‘Trabalho Especifico de Deformagio ‘Trabalho de Deformagdo Eléstica para Tenses Normais Trabatho de Deformagdo Elistica para Tenses de Cisalhamento Trabalho de Deformagdo para o Caso Geral de Tensées Carregamento Produzido por Impacto Dimensionamento para Carregamento Provocado por Impacto Trabalho de Deformacdo Produzido por uma Unica Forga Aplic Determinago da Deformario Devida a Uma Unica Carga Aplicada Usando Trabalho de Deformacdo Trabalho de Oeformacdo Para o Caso de Grande Namero de Cargas Aplicadas Teorema de Castigliano Determinego de Deformarées pelo Teorema de Castigliano Estruturas Estaticamente Indeterminadas COLUNAS m4 m2 Introdugdo; Estabilidade das Estruturas Férmula de Euler para Colunas com Extremidades Articuladas 483 483 483 496 496 498 506 519 519 521 547 657 559 87 517 579. v 11.3 Formula de Euler Para Colunas com Outras Condigdes de Extremidade "11.4 Carga Excéntrica; a Formula da Secante 11.8 _ Projeto de Colunas Submetidas 2 Carregamento Centrado 11.6 | Projoto de Colunas Submetides a Carregamento Exctntrico APENDICES A. Centréides e Momentos de Inércia B _Propriedades dos Materiais mais Usados em Engenharia Propriedades dos Perfis de Ago Laminados Deformacdes das Vigas Principais Unidades SI Usadas na Mecénica Centréides de Figuras Planas e Linhas ‘Momentos de Inércia de Figuras Planas Unidades Usuais Inglesas e Equivalentes no Sistema Internacional (SI) espostas a0 Problomas Pares {indice Anatitico 583 592 613 623 624 634 635 eat 643 645, 647 651 A,B,C... ABC, A@ a6 Cy Cys FORMA me DR Lista de simbolos Distancia, largura Constante, distancia, raio Baricentro Constantes de integragio Distincia, ditmetro, espessura Dismetro Distancia, excentrcidade, dilatagao Médulo de elasticidade Freqdencia, fungl0 Forga Coeficiente de seguranga Modulo de elasticidade transversal Distancia, altura HL. 4, K Baron Q e R R eH eae ce Forga Pontos ‘Momento de inércia Momento de inércia polar Constante de mola, fator de forma, médulo de clasticidade de volume, constante Coeficiente de concentracio de tensées, constante de mola de torgdo Comprimento, vo Comprimento, vio ‘Comprimento de flambagem Massa Conjugado, momento ‘Momento fletor Némero, relapio entre m6dulos de elaticidade, iregG0 normal Pressio Forga, carga concentrada Produto de inéreia Fluxo de cisalhamento, esforgo de cisalhamento por ‘unidade de compyimento Forga ‘Momento estético de uma érea Raio, raio de giragio Raio, médulo de ruptura Forga reagdo Comprimento Espessura, distancia, desvio tangencial Torque, momento torgor Temperatura Coordenadas retangulares Trabalho espectfico de deformaglo Trabalho, energia de deformagéo a Bey 8 ee Velocidade Forga cortante Volume, forga cortante Largura, distancia, carga por unidade de comprimento Peso, carga, médulo resistente Coordenadas retangulares, distancia Coordenadas do centroide Médulo resistente da secgdo plastificada Angulos Coeficiente de dilatagto térmico, coeficiente de influéncia Deformagdo especifica de cisalhamento, peso especition Deformagao, deslocamento Deformagio especifica normal Angulo, dectividade Co-senos diretores Coeficiente de Poisson Raio de curvatura, distancia, densidade ‘Tensio normal Tensio de cisalhamento Angulo, angulo ae giro Velocidade angular Prefacio © principal objetivo de um curso bésico de Resisténcia dos Mate- riais deveria ser 0 de desenvolver no estudante de engenharia a habi- lidade de analisir um dado problema de maneira simples ¢ l6gica e de aplicar na sua solugdo alguns princfpios fundamentais que tenham si do bem compreendidos. Este livro ¢ indicado para um primeiro curso de Resisténcia dos Materiais — ou Mecénica dos Materiais ~, minis- ‘ado para estudantes do segundo ano das escolas de engenharia. O autor espera que ele possa, do mesmo modo que seus trabalhos ante- riores, no estudo da Estética e da Dinimica, auxiliar 0 professor a atingir 0s objetivos desejados em seu curso. E interessante que os estudantes que adotarem este livro tenham conhecimento de Estética. No entanto, o Capitulo 1 dé oportunida- de a uma revisfo dos conceitos necesséris, enquanto o estudo das propriedades dos baricentros, momentos estdticos ¢ momentos ¢ inércia de dreas planas sfo apresentados no Apéndice A; este assunto deve ser usado para reforgar a discuss sobre tensbes normais e de cisalhamento nas vigas (Caps. 4 e 5). 0 conceito de deformagio plistica 6 apresentado no Capitulo 2, conde € aplicado na anélise de pegas sob a agdo de carga axial. S¥0 também considerados problemas que eivolvem deformagdo pléstica de eixos circulars e vigas prismaticas nos itens opcionais dos Capitu- Jos 3 e 4, respectivamente, Conquanto parte deste material possa ser comitida por escolha do professor, sua incluso no texto ajudard os ‘estudantes a compreenderem as limitagGes que se tem na considera- 80 de uma relagdo linear entre tensdes e deformar6es, Servird tam- ‘bém para alertésos do uso nem sempre apropriado das formulas de torgo e flexio, deduzidas a partir de uma consideragio de elasticida- de do material. Enquanto os estudantes, de modo geral, véem na Estatica ¢ na Dindmica duas disciplinas exatas e logicas, que levam a solugGes rigorosas para os problemat de engenharia, eles tém a tendéncia de imaginar a Resistencia dos Materiais como uma disciplina semi- empfrica, que s6 pode levar a solugdes aproximadas. Esse ponto de vista se deve a0 fato de que o estudo da Estitica e da Dinimica se reduz a anélise de modelos mateméticos simples, como pontos ‘materiais © compos rigidos, que obedecem a umas poucas leis funda- rmentais. J4 0 estudo da Mestnica dos Materais necesita, freqien- temente, de grande variedade de formulas, cuja validade depende de aspectos que raramente sfo compreendidos ou percebidos pelos estu- dantes, Este livro tenta fundamentar o estudo da Mecanica dos Mate- riais na compreensfo de uns 2oucos conceitos, que sfo: as condigbes de equilfbrio das forgas que atuam em uma estrutura, a relaglo exis- tente entre tensdo e deformagio em um dado materiale as condig6es {mpostas pelos apoios e carregamentos da estrutura. Esta maneira de apresentar o assunto, juntamente com o uso de modelos simplifica- dos, torna posstvel deduzir as formulas de uma mancira légica e ra- cional, a0 mesmo tempo que indica claramente as condig6es em que as formulas tém aplicagdo segura na andlise e no projeto de compo- nentes ¢ elementos de méquinas ¢ estruturas correntes. Os diagramas de corpo live so usados frequentemente ao longo de todo 0 texto, na determinagdo de forgas externas ¢ internas, © uso de figuras que mostram claramente as grandezas que aparecem nas equagbes, ¢ suas relagdes, também ajuda os estudantes a com- preenderem a superposigSo de carregamentos e seus efeitos nas ten- ses e deformasses, © Capitulo 8 inclu itens opcionais, que versam sobre a determi- nagio direta da linha eléstica a partir da distribuigfo do carregamen- to e sobre a utilizagio de fungSes singulares nessa determinagfo. Ou- ‘ros t6picos opcionais, tais como tensbes residuais, torgo em barras ‘fo-citculares e em barras de paredes finas, flexfo de vigas de eixo curvo, tensdes de cisalhamento em pegas assimétricas ou com carre- gamento assimétrico e crtérios de ruptura sfo inclu(dos para uso em cursos que enfoquem esses pontos. Para preservar a integridade dos ‘assuntos, esses t6picos sf0 apresentados na seqiléncia dos capstulos a que eles logicamente pertencem. Assim, mesmo que nfo pertengam ao curso que se pretende ministrar, os t6picos podem ser facilmente consultados pelos estudantes, em cursos mais avancados ou nas apli- caghes da prética. Por conveniéncia, todos os itens opcionais foram {ndicados com asteriscos. ‘Todos os exerofcios propostos sto de natureza pritica e devem ‘motivar os estudantes de engenharia, Eles esto agrupados de acordo ‘com 0 assunto que ilustram e sequenciados em ordem de dificuldade crescente. Problemas que requerem especial atengio estdo assinala- os com um asterisco. No final do livro encontram-se as respostas ppara os problemas de niimero par. Os autores querem externar sua gratidfo pelas sugestOes e comen- térios valiosos oferecidos pelos revisores do manuscrito, particular- ‘mente 0 Prof. Leon Y. Bahar, da Drexel University, ¢ agradecer aos ‘profestores e alunos da Lehigh University, da Connecticut University, ‘Worcester Polytechnic Institute ¢ SUNY Maritime College, que estu- daram e ensinaram pela edigfo preliminar deste livro. Eles agradecem também a Felix Cooper, que mais uma vez contribuiu pera a eficién- cia do texto com suas ilustragbes. Ferdinand P, Beer E, Russell Johnston, Jr. CAPITULO 1 Introducao - Conceito de Tensao 1.4. Introduglo. A mecinica dos materia tem por objetivo prin- cipal fomeont 40 engeniiro 0 meios que o posibiitem analsr projetar maquina estrutures. Considerando a estrutura da Fig. 1.1, que consiste das baras AB¢ {BC, nos propomos a verifiar se esa esirutura pode suportar com se- suranga carga de 30 KN, aplicada no ponto B. Do nosso conhesimento de esttics, deduimos que as barras AB @ BC estfo wb a agd0 de duns foras guns e de sentido contro, Stuando na dieys0 do eixo da barra, aplicadas em cada uma de suas tatemidades: Fay eF'gy de mOdulo Fy gs e Faye F'gc de mau: To Figg (Fig, 1.5) Desenkando o dag de corpo livte do pino B, Fic 2 Resistencia dos Matercis «© compondo as forgas atuantes no poligono de forcas da Fig. 1.3, po- 5 _ demos escrever, da semelhanga de tridngulos: 30kN te 7 oa Fux _ Fac _ 30kN am 3m~ 3m ‘30kN A . Obtém-se ento Fig. 1.3 = 40kN BON Cortando a barra BC, por uma secgdo transversal, em um ponto arbitrdrio D, obtemos duas partes BC e CD (Fig. 1.4). Para que estas Concluimos que a barra BC pode suportar com seguranga a carga aplicada. Para completar a andlise da estrutura, devem ser estu- ddadas ainda a tensfo de compressfo na barra AB e as tensOes provo- cadas nos pinos e nos suportes da estrutura, que serd feito mais adiante neste capitulo, Finalmente, devemos veificar se as deforma- «es que ocorrem nas barras, pela ago do carregamento, sfo aceité- veis. O estudo das deformagSes provocadas por forgas axiais 6 assun- to do Capitulo 2. ‘As fungées do engenheiro no se limitam & andlise de estruturas, ‘ou méquinasjé existentes, que devem suportar determinados carrega- ‘mentos; de maior importinda é 0 projeto de novas méquinas e estru- turas, quer dizer, a escolha dos componentes estruturais adequados para as solicitapbes que se prevéem. Vamos, por exemplo, imaginar que na estrutura da Fig. 1.1, a barra BC deve ser de aluminio. Qual deve ser o didmetro da barr, para suportar com seguranga a carga aplicada? Primeiramente, voltando & tabela de propriedades dos materiais, encontramos, para 0 aluminio a ser usado, o valor da tensio admiss/ vel igual @ o,4, = 100 MPa. Sabemos que a forga na barra é P Figg = + 50 KN; pois ndo howe mudanga de carregamento. Da Equacfo 1.1, P 50 x 10° tt x4 = 2 50 x 108N_ in =A 100.3100 Pee ee ecomo A= re /* [POE 12,62 x 10-9 m = 12,62 mm d=% = 252mm Coneluimos entfo que una barra de aluminio de 26 mm de did- ‘metro serd adequada pare a pega BC. Introdugao — Conceito de Tensio 5 112 Forgas Axiais; TensGes Normeis. Como jé foi dito antericr mente, a8 forgas Fyc © F’gc , que atuam na barra BC do exemplo considerado, tém a diregao do eixo da barra. Dizemos entdo que a barra est sob a ago de forpas axais A secgdo transversal que passi- sos pelo ponto D, para a determinacfo das forgasinternas © das ten- sbes, era perpendicular ao eixo da barra; as forgas internas ficaram assim perpendiculares (normais) ao plano da seeglo transversal (Fi. 1.5) e 38 correspondentes tensbes sfo chamadas de fensdes norma. Assim, a Férm. 1.1 fomece a tenséo normal em uma barra sob a apo de forga axial: oat (ua) Devemos notar também que na Form. 1.1, 0 obtida dividindose 4 intensidade P da resultante das Forgas internas que atuam na secgfo ‘wansvorsl pela rea A dessa secedo; essa relagdo, no entanto, repe- senta o valor médio das tensBes na SecpZo transversal, © nfo 0 valor especifico da tensfo em um determinado ponto da secgfo transver- sal. Para definir a tensfo em um dado ponto Q da secpio transversil, devemos considerar uma pequena érea AA (Fig. 1.7). ar aA Fig. 1.7 Dividindo-se a intensidade de AF por 4A, obtém-se 0 valor médio da tensfo em 4, Fazendo entio AA tender a zero, obtém-se a ten- ‘fo no ponto Q: AF tim AE 12) i A : 6 Resisténcia dos Materiais De modo geral,o valor obtido para a tensio no ponto @ ¢ diferen- te do valor da tensto média dado pela Form. 1.1, € notamos que 0 varia ao longo da sec¢ao transversal. Em uma barra delgada, sujeite a forgas concentradas iguais ¢ de sentidos opostos, P e P” (Fig. 1.84), esta variago € pequena nas secgbes distantes do ponto de aplicagzo das forcas (Fig. 1.8); porém, ela & apreciivel nas imediagbes deste ponto (Figs. 1.80 ed). aR 2 ” 0 Fig. 1.8 Deduzimos da Eq. 1.2 que a intensidade da resultante das forcas internas distribuidas 6 As condigdes de equilforio de cada uma das partes da barra, mos- tadas na Fig. 1.8, exigem que a intensidade da resultante se iguale a0 valor P das eargas aplicadas. Assim, temos: p= far=foar a9) Essa expressfo mostra que 0 volume limitado pelas superfcies ‘que se formam em cada distribuigo de tensOes da Fig. 1.8 deve ser Introdugio ~ Conceito de Tensio 7 igual a intensidade P das forgas aplicadas. Essa é, entZo, a dnica in- Formagio acerca da distribuigdo de tensGes nas virias secgOes da bar- ra, que & estética pode nos fornecer. 'A distribuigdo real de tenses em uma certa secgdo transversal & cestaticamente indeterminada. Para conhecermos qualquer dado 2 mais sobre ess distrbuiggo, precisamos langar mo da consideragfo das deformagdes que resul- tam das diferentes maneiras de se aplicar a carga nos extremos da barra, Esse assunto serd diseutido no Cap. 2. Na pritica, vamos assumir que a distribuigdo das tensOes é unifor- ‘me em uma barra carregada axialmente, com excecfo das secgdes nas ‘vizinhangas do ponto de aplicagfo da carga. O valor o da tensio ‘adotado igual 20 valor da tensfo média dng, € pode ser calculado pela Form, 1.1. Devemas compreender, no entanto, que quando assumimos uma distribuigfo uniforme de tensdes, isto é, quando adotemos que as orcas internas estdo uniformemente distribuidas a0 longo da seco, segue.se da estética clementar* que a resultante P das forcas internas esté aplicada no centrOide da secqao transversal (Fig. 1.9), Fig. 19) EniZo, uma distridwipdo uniforme de tensGes 86 é posstvel sea li- nha de apo das forgas aplicadas P e P” passar pelo centroide da seeedo considerada (Fig. 1.10). Este tipo de carregamento 6 chamado decarga centrada e serd adota- do como carregamento atuante em todas as barras de eixo reto das ‘teligas e estruturas reticuladas (estruturas cujas barras so conecta- as por pinos), como aquela da Fig. 1.1. No entanto, se uma bat ‘Ver Ferdinand P. Beer © E, Russel Johnston Ir. Meednica para Engenke- ros, 38 ed., New York, McGraw-Hill, 1976, ou Meciniea Vetorisl para Engenhetros, 38 ed., Now York, 1977, see. 8.1 5.2. rw Fig. 1.10 Fig. 1.11 o 8 Resistencia dos Materiais carregada axialmente, mas excentricamente como mostra a Fig. 1.11, as condigbes de equilibrio de uma parte da barra (Fig. 1.115) nos le- ‘vam a concluis que as forcas internas em uma certa secedo transversal deve ser equivalentes a forga P aplicada no centrdide dessa seego, © um conjugado M, de intensidade dada pelo momento M'= P. dA Uistribuigdo de tensbes, entio, ndo pode ser uniforme, ou siméttica, como na Fig. 1.8. 0 Cap. 4 discute esse caso com detalhes. 1.3 Tensées de Cisalhamento. As forgas intemnas e corresponden- tes tensdes, que foram discutidas nos itens 1.1 e 1.2, eram normais a seesfo transversal, Quando duas forgas P e P* sfo aplicadas a uma barra AB, na diregfo transversal a barra, ocorre um tipo de tensio muito diferente (Fig. 1.12). Fig. 1.12 Se passarmos uma sec¢do transversal pelo ponto C, entre 0s pontos e aplicagao das forgas (Fig. 1-132), podemos desenhar 0 diagrama da parte AC (Fig. 1.136), ¢ concluirmos que devem existic Forgas in ternas na seogdo transversal, ¢ que sua resultante deve igualar a P. Es- sa resultante, de intensidade P, & chamada de forga cortante na seogio, Ao dividirmos a forga cortante P pela érea da seco transver- sal A, obtemos a tensdo média de cisalhamento na seegdo. A tensd0 de cisalhamento 6 indicada com a letra grega r (tau), Podemos esere- vor onto pasar ; waa= 2 ay Devemos fiisar bem que o valor obtido na Form, 14 & um valor ‘médio das tensbes de csslhamento, E, contrariamente 20 que disse- ‘mos para as tensDes normals, a distribuigo de tensoes de cisalha- ‘mento na secgio transversal nfo pode ser assumida como uniforme,

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