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Eletromagnetismo Aplicado ABORDAGEM ANTECIPADA DAS LINHAS DE TRANSMISSAO STUART M. WENTWORTH STUART M. WENTWORTH Js, WOE netismo Wer ABORDAGEM ANTECIPADA DAS LINHAS DE TRANSMI: Traducio: Fernando Henrique Silveira Doutor em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Minas Gerais ~ UFMG Consultoria, supervisio e revisiio técnica desta edigio: Antonio Pertence Jtinior Engenbeiro Eletrinico ¢ de Telecomunicagdes [Especialista em Processamento de Sinais (Ryerson University ~Canads) Professor de Telecomunicagsies da FUMECIMG Professor Titular da Faculdade de Sabari/MG ‘Membro da Sociedade Brasileira de Eletromagnetismo (SBmag) Versio impressa desta obra: 2009 2009 Obra originalmente publicada sob o titulo Applied Electromagnetics: Early Transmission Lines Approach ISBN 978-0-470-004257-1 Copyright © 2007 John Wiley & Sons, Inc. All Rights Reserved. This translation published under license. Capa: Gustave Demarchi, arte sobre capa original Preparagiio de original: Vinicius Selbach ‘Supervisio editorial: Denise Weber Nowaezyk Editoragio eletonica: Techbooks Sobre a ilustragio da eapa A capa apresenta uma parte de um semicondutor Triquint TGA2512, um amplificador balanceado de faixa larga (5-15 Giz) e baixo ruido. Suas dimensies 2,05 x 1,2 x 0,10 mm e seu ganho nominal de 27 db so adequados para aplicagdes na faixa X, ineluindo o radar. Uma s6lida compreensio de eletromagnetismo € necesséria para 0 projeto de tal circuito, cujas caracterfsticas sdo apresentadas por alguns dos dispositivos (como o acoplador Lange) descritos no Capitulo 10. (Cortesia da Triquint Semiconductor, Inc. Foto de propriedade de Bennet Marrshall da Auburn University) Agradeco aos meus grandes professores que me inspiraram: Lee Hirth, Dean Neikirk e Julie Wentworth. Reservados todos os direitos de publicago, em lingua portuguesa, & ARTMED" EDITORA S.A. (BOOKMAN® COMPANHIA EDITORA é uma divisio da ARTMED® EDITORA S.A.) Aw. Jeronimo de Omelas, 670 — Santana 90040-340 — Porto Alegre RS Fone: (51) 3027-7000 Fax: (51) 3027-7070 i proibida a duplicagfio ou reprodugéo deste volame, no todo ou em parte, s formas ou por quaisquer meios (eletrénico, mecainico, gravagio, fotocépia, «€ outros), sem permissao expressa da Editora, ‘SAO PAULO ‘Av. 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Linhas de poténcia, linhas telefénicas e linhas de TV a cabo constituem bons exemplos. As trilhas utilizadas em um citcuito tipico também podem ser tratadas como uma LT €, de fato, 0 so no caso de a freqiiéncia de operagio ser alta 0 suficiente de modo que 0 com- primento de trilha represente uma parcela significativa do comprimento de onda. As LTs sio caracterizadas por sua capacidade em guiar a propagagao da energia eletromagnética, No estudo convencional dos circuitos eletronicos, as fontes de poténcia e os elementos de circuito (resistores, capacitores, ete) siio conectados entre si através de pedagos de fio ideal (veja a Figura 2.1(a)). Est siderados linhas sem perdas de comprimento desprezivel, sendo que a fase do sinal na carga ¢ igual a da fonte. Em contrapartida, 0 com- primento de uma linha de transmissaio ¢ muito importante. Na Figura 2.1(b), uma linha de transmissfio de um quarto de comprimento de onda (representada pelo par de linhas gros: ) € inserida entre a fonte € o resistor. Como mostra a Figura 2.1(c), 0 sinal sofre atraso na propagacio da fonte para a carga, além de ocorrer um deslocamento na fase. Algumas coisas interessantes acontecem em uma LT como resultado desta diferenga de fase entre os sinais de ambas as terminagdes. Por exemplo, uma onda de tensio, viajando ao longo de uma LT, pode ser parcialmente refletida quando essa encontra a carga, Este resultado certa- mente difere do caso ideal da Figura 2.1 (a). Com o objetivo principal da aprendizagem do comportamento das ondas em uma LT, este capitulo se inicia com uma explicagiio a respeito dos pardmetros distribufdos para uma linha de transmissio a dois fios. Para 0 caso especial de uma fonte (senoidal) com variagio harm6nica no tempo, estes pardimetros sero utilizados para determinar as equagdes que go- vernam 0 comportamento da onda e avaliar 0 que ocorre nas terminagdes das linhas. A de- terminagio destas equagdes estaré acompanhada do uso de teoria de circuitos convencional, fios sao coi sa 48 Eletromagnetismo Aplicado var Ved: @ vl in Z90° . oF a v jue FIGURA 2.1 Em (a), uma tensdo senoidal 6 aplicada atra vvés de um resistor. A fonte e a resistor so conectadas a por meio de um condutor ideal comprimento desprezivel) © © estao, portato, em fase. Em (b), uma linha de trans- rmissdo de um quarto de comprimento de onda 6 inserida 7 entre a fonte e o resistor. A tensao sobre 0 resistor em (c) fone est4 90° defasada em relacdo a tensdo da fonte. sendo observada a similaridade destas equagdes com aquelas obtidas para as ondas planas uniformes no Capitulo 6. Este capitulo se restringe a0 modo de propagagao transverso eletro- magnético (TEM), no qual os campos elétrico e magnético so sempre transversais a diregao de propagago, No Capitulo 7, consideraremos outros modos de propagagio. Compreender as linhas de transmissdo ¢ de extrema importincia para qualquer um que trabalhe com modernos circuitos integrados de alta velocidade e placas de circuitos. Tal tépi- co € pré-requisto para entender os problemas de interferéncia eletromagnética apresentados no Capitulo 9 € os circuits RF e de microondas estudados no Capitulo 10. 2.1_MODELO POR PARAMETROS DISTRIBUIDOS ‘Trés dos tipos mais comuns de linhas de transmissdo a dois condutores so destacados na Figura 2.2. Uma LT por fita de condutores gémeos pode ser familiar para alguns estudantes como sendo a linha conectada entre a televisdo e a antena, Fora isso, seu uso ¢ limitado. A LT coaxial bastante utilizada para a conexiio de equipamentos que trabalham a frequéncias clevadas e seri o foco de grande parte deste capitulo. Tal linha é constitufda por um condutor interno de raio a envolvido por uma camada dielétrica de raio be, ento, por outra eamada condutiva, A LT de microfitas & muito aplicada em placas de circuito e sera discutida no Capftulo 10. Na Figura 2.2, a finha de mierofitas € formada por cobre galvanizado em um substrato de aluminio (A1,O,). A parte traseira inteira do substrato (ndio mostrado) também possuii cobre galvanizado. Outro tipo comum de linha de transmissao a dois condutores € 0 par trangado, assim denominado pois o par de fios € trangado um ao redor do outro, Este tipo de linha de transmissao ¢ utilizado em uma variedade de aplicagdes, incluindo a conexio de redes de computador e circuitos de alimentag2o de poténcia. O entrelagamento reduz 0 acoplamento de ruido dentro do cabo para freqiiéncias inferiores a 100 kHz. Um tratamento detalhado do par trangado esté além do escopo deste texto. Todas as trés Tinhas de transmissfio mostradas na Figura 2.2 podem ser modeladas como uma simples configuragao por condutores gémeos. A Figura 2.3 ilustra um segmento Capitulo 2 Linhas de Transmissio 49 Corte transversal, Fita de condutores gémeos Linha coaxial Microfta FIGURA 22 Exemplos de linhes de transmisséo juntamente com diagrama esquematico de segao transversal, Uma ‘moeda é apresentada para dar a dimensio dda escala, diferencial de uma linha modelada com os elementos distribuidos em série R’ (resisténcia/ metro) ¢ L’ (indutAncia/metro) e com os elementos distribufdos em paralelo G’ (condu- tGncia/metro) e C’ (capacitincia/metro). O apéstrofo indica que estas grandezas siio “por unidade de comprimento” ou valores distribuidos. A multiplicago destes parametros pelo comprimento do segmento diferencial, Az em metros, d4 como resultado os valores “puros” dos elementos (R, L, Ge C). Os parimetros sto considerados igualmente distribufdos 20 Jongo do comprimento da Tinha de transmisso, Apesar deste modelo por parfimetros distri- budos se aplicar para todas as trés estruturas da Figura 2.2, os pardmetros distribuidos para cada caso serio diferentes. Um sinal que se propaga ao longo de um fio convencional encontra resisténcia. Esta resis- {éncia série é muito pequena em bons condutores e, de fato, pode desaparecer completamente em supercondutores. Entretanto, alguns fabricantes de placas de circuito impresso esto ago- ra utilizando tintas condutoras que podem ser impressas na paca do circuito (de modo similar ao adotado para a impressdio em camisetas) e conservadas a temperaturas elevadas para a retirada dos solventes, O material resultante na placa é um condutor fino, longe de ser ideal, podendo, portamto, possuir uma resisténcia consideravel. FIGURA 2.3 Parametros distr bbuldos para um segmento de uma linha de transmissao. 50 _Eletromagnetismo Aplicado Os fios na LT a dois fios so separados por algum material dielétrico que seré, idealmente, um isolante perfeito, Na realidade, dielétricos reais conduzem uma pequena quantidade de corrente, O parametro utilizado para quantificar esta corrente € a condutdncia (reefproca da resisténcia). Note que esta condutncia é uma propriedade do dielétrico e no possui relagio com a resisténcia série do condutor. Existe uma capacitincia entre as duas linhas condutoras separadas por um dielétrico, Essa € uma capacitincia paralela, pois se localiza entre as linhas, ao invés da diregio de propaga- do do sinal. Além disso, existe uma indutfineia série associada com a propagagao do sinal a0 longo da linha. Para uma dada geometria e composi¢’o do material, podem ser obtidas formulas para cada um dos parfimetros distribuidos, aplicando conceitos eletromagnéticos que serio desenvolvidos nos Capitulos 3 e 4. Enquanto um sinal se propaga ao longo de uma linha de transmissio, grande par- te da energia esté contida nos campos elétrico e magnético entre e ao redor das linhas condutoras. No Capitulo 1, mencionamos que a propagagiio da onda eletromagnética ¢ um fendmeno de campos associados: o campo elétrico variante no tempo gera um cam- po magnético, enquanto o campo magnético variante no tempo gera um campo elétrico. Retornaremos a estes conceitos em capitulos posteriores, mas para o estudo atual pode- ‘mos considerar que a propagagao do sinal ao longo da linha de transmissao consiste no carregamento e descarregamento de capacitores e indutores. A velocidade de propagagio depende das propriedades do material (permissividade, e, para os dielétricos, e permea- bilidade, p, para os condutores), enquanto a atenuagdo consi material condutor e no material dielétrico. 2.1.1 Cabo coaxial Como um exemplo pritico de parametros distribufdos em linhas de transmissio, conside- remos 0 cabo coaxial, como ilustrado na Figura 2.2. O cabo coaxial é uma boa linha de transmissdio, na qual os campos esttio confinados ao dielétrico existente entre os condutores. Muito pouco rufdo ¢ capaz de escapar do cabo, assim como muito pouco rufdo ¢ capaz de pe- netrar o cabo. Existem, literalmente, centenas de montagens com cabos coaxiais, variando-se dimensio, tipo de condutor (metal, sélido ou trangado), tipo do dielétrico, e material da capa exterior, Alguns dos mais comuns apresentam um designador “RG”. Por exemplo, © cabo coaxial RG-6/U possui uma impedancia caracteristica (a ser discutida na préxima segao) de 75 Q, sendo rotineiramente empregado em sistemas de cabo residenciais. O RGSS é um cabo coaxial de uso geral de 52 Q que é comumente aplicado em redes Ethernets, Formulas para os parametros distriburdos, baseadas em teoria eletromagnética, serdio desenvolvidas nos préximos capitulos. A resisténcia distribuida é uma combinagdio em série da resisténcia dos condutores interno e externo, Aplicando a teoria da Segiio 2.6, determinaremos que a resisténcia série distribuida a uma freqiiéncia particular, f, para 0 cabo coaxial com dimensdes apresentadas na Figura 22,4 1 (1,1) fefe ae at BV a ep Capitulo 2 Linhas de Transmisséo_ 51 Aqui 6, €a condutividade do condutor (ver Tabela E.1). Recordemos que a permeabilida- de do espago livre € H = 4m x 10-7 My = Ax e ea permeabilidade do metal é = 2,4, Com excegao dos materiais magnéticos (tratados no Capitulo 4), a maioria dos materiais possui permeabilidade relativa, y,, muito proxima de 1 (ver Tabela E.3). Estamos admitindo uma suposigdo simplista para a Eq. (2.1) de que a profindida- de de penetracdo é muito menor do que a espessura do material. A profundidade de penetragzo, a ser também discutida na Segao 2.7, considera que, em altas freqiiéncias, o campo elétrico nao €capaz de penetrar, em grande parte, 0 condutor. Como conseqiiéncia, a corrente se situa proxi- ‘ma A superficie, na casca do condutor. A profundidade de penetragio, 8,, € dada por 1 8 (2.2) Vafuoe onde a permeabilidade pe a condutividade g, se referem ao condutor. Na Secio 3.10, teremos que a condutincia paralela distribuida G’ é definida como noe = 23) In(b/a) es onde 6, representa a condutincia do dielétrico (ver Tabela E.2). Na Segio 3.13, a capacitin- cia paralela distribuida é vista como sendo 2ne = in@jay (24) Aqui, a permissividade dielétrica e = e.2,, onde devemos recordar que a permissividade do espago livre & F & = 8,854 x 107? — m A permissividade relativa, e,, para a maioria dos materiais est entre 1 e 100 (ver Ta- bela E.2). Na Segio 4, obteremos a indutincia série distribufda como Ps ey U= 5 _In(b/a) (25) Trata-se de uma expresso simplificada, porém razoavelmente exata para a indutincia, pois néio contempla a indutincia interna dos condutores. Estamos assumindo que a compo- nente da indutdincia interna seja desprezivel para freqiiéncias elevadas, onde a profundidade de penetragdo € pequena, ¢ a corrente flui apenas pela casca exterior do condutor interno € pela casca interior do condutor externo. 52_Eletromagnetismo Aplicado (0 programa apresentado a seguir calcula os parimetros distribuidos para um cabo coaxial, apés 0 uusuirio determinar os raios interno ¢ externo e as propriedades do material. O programa considera somente 0 uso de materiais nao-magnéticos. 4 Arquivo.m: MLoz01 ‘ % Este programa calcula os pardnetros distribuidos para 0 cabo coaxial + dada as dimonaées e propriedades do material. + % Wentworth, 30/07/02 : % Varifveia sa raio coaxial interno (an) ae raio coaxial externo (an) + or pernissividade relativa do dielétrico. (F/m) = sig condutividade do dielétrico (S/n) * sige condutividade do condutor (S/n) tf freqiéncia de operagio (He) = mo pezeabilidade do espaco Livre + 00 pomissividade do espace livre ned condutancia distribuida ($/m) ce indutaneia distribuida (H/m) eR resisténcia distribuida (chno/m) + ke resisténcia sup. conductor (obns/m) cle ¥Limpa o ‘comand window! clear Sanula oa valores das variaveis % Inicializagdo das variaveis 0-8. 8540-12; muo=pitde-7; % Tela para os valores de entrada disp(*Calc Parametros Dist. para um Cabo Coaxial’) disp("') asinput ('raio interno, em mm,='); input ('raio externo, em mm,="); ereinput | ‘permissividade relativa, ers"); sigd=input (‘condutividade do dielétrico, S/m,="]; sigesinput (‘condutividade do condutor, 8/m,="); feinput ('freqléncia, em Hz,='); diep("') % Realizar os cAlculos Ge2*pitsigd/1og (b/a) ; ce2*piter*eo/log (b/al Lemuo*log (b/a) / (2*pi) ; Re=sqrt (pitt *muo/sigc) ; Re (1000 | (2/al + (1/b)) *Re) / (2*pi) + % Rpresentar os resultados @iep(['G=" num2str(G) ' S/m']) Capitulo 2 Linhas de Transmisséo Os pardimetros distribufdos para um cabo coaxial sao destacados na Tabela 2.1, juntamen- te com os parimetros referentes a um cabo de condutores gémeos. 2.1.2 Equagoes telegraficas Podemos desenvolver as equacdes para a propagaco de onda em linhas de transmissio comegando com a teoria simples de circuito aplicada ao segmento diferencial da Figura 2.3, novamente descrito na Figura 2.4, com tensdes ¢ correntes instanténeas em cada ex- tremidade do segmento. Observamos que a tensiio no lado esquerdo do segmento é v(z,1), indicando que essa é uma fungio tanto da posigiio z como do tempo #. No lado direito do modelo de circuito, a tensdo est em uma posigao Az a frente na linha, sendo, portanto, Wz + Az, ). Comentario similar se aplica as correntes que entram no modelo, i(z,t), € que saem do modelo, (z+ Az, 1). Tabela2.1_Parametros distribuidos a freqiiéncias elevadas Unidades Cabo de condutores gémeos r a s s m F c a ‘cosh (d/2a) 54 Eletromagnetismo Aplicado a ) vie,t) ous Spaz vie + Az.t) | FIGURA 2.4 0 modelo de pardmetro distribuido, incluindo tensdes ¢ correntes instantaneas, Aplicando a lei de Kirchhoff da tensio e recordando da teoria de circuitos que a ten- so v sobre um indutor est relacionada & taxa de variagao da corrente por v = L dildt, obtemos i(z,1) or v(z,t)— vz Az,t)= 2, )R'Az+ LiAz (2.6) Agora, dividimos ambos os membros por Az ¢ tomamos o limite quando Az se aproxima de zero: wz.t) = (ct Az) iz.) fim. eR 27) O limite & esquerda ¢ a definig%o de derivada”', Logo, obtemos aeons OSD Uma expressio similar pode ser determinada pela aplicagao da lei de Kirchhoff da corren- te no né ae recordando que i= C dv/dt para um capacitor: Ov(z+ Az, 1) i(z,t) — (z+ Az,t)= vz+ Az,)G'Az+ C'Az a (29) Mais uma vez,dividindo por Az e tomando 0 limite, obtemos: Oi(z, 0) 4 (251) = une + CSP 2.10) ee Wz, NG + er ¢ > Para wma fungdo fs), sua derivada€defnida como “2 — gy Ma AX) = SO) dao Ae Capitulo 2 Linhas de Transmissao 55 As Equagdes (2.8) e (2.10) representam juntamente as equagies gerais de linha de transmissio, também conhecidas como equacaes telegrdficas. Tais equagdes sio bastante gerais, sendo aplicdveis em problemas envolvendo transitérios (como mudangas por de- grau na tensdo) ou variagdo harménica no tempo (ondas senoidais). Note que a solugio transitéria encontra aplicagaio em eletrénica digital de alta velocidade, onde tensdes S30 rotineiramente chaveadas entre estados ativos e inativos. Entretanto, para simplificar a matematica envolvida compreender 0 funcionamento de uma linha de transmissao, ini- cialmente analisaremos 0 caso de variagzio harménica no tempo. O caso transit6rio sera adiado para a Seco 2.8. 2.2 ONDAS HARMONICAS NO TEMPO. EM LINHAS DE TRANSMISSAO Fazendo novamente referéncia a Figura 2.4, se a tensio for uma fungdo senoidal do tempo, essa pode ser representada para uma posigdo e instante de tempo arbitrérios ao longo da linha por Vz, = V(z)cos(wr + ) (2.11) onde V(z) depende somente da posicdo ao longo da linha, Podemos escrever V2) = RelV(2peX"*)] (2.12) onde a aplicago da identidade de Buler e tomar apenas a parte real do resultado recupera (2.11), Esta equagao também pode ser expressa como v(z,1) = RelVa(ze""] (2.13) onde o fasor V2) = V(pel* (2.14) Do mesmo modo, a corrente i(z,¢) pode ser escrita na forma fasorial como H(z, 1) = Rell(ze!*] (2.15) A utilidade do uso dos fasores esta no fato das derivadas temporais em (2.8) e (2.10) po- derem ser substitufdas por jo. Isto pode ser visto considerando e a Jory 2 aRelel"] = 5, Releos(wr) + jsen(wr)) 2 cos(ut) = —wsen(et) or ‘Temos também Rel jore!| = Ref joo(cos(wt) + jsen(wt ))] —wsen(ot) 56 Eletromagnetismo Aplicado Assim, @ at) — Ret jut pele] = Rel joe!) Aplicando a equagto anterior, por exemplo, em (2.13), temos 6 hat ar a Ree" ] Como V,(z) nao depende do tempo, Ou(z, 8) jot = V,(2)ReLjoe”] a = Vi(2) 2 Relei™ Va(2) 5 Rele Na representagdo fasorial, suprimimos “Re” e &, logo Portanto, aplicando fasores podemos reescrever as equagdes telegrficas como AV s(2) _(R'+ jel! 2.16) de (R'+ jok'VI2) (2.16) (2.17) Observe que jf ndio necessitamos das derivadas pareiais, pois os fasores sao fungdo apenas da posigdo, A tarefa agora é resolver em relagao &s duas incdgnitas, V,(z) ¢ Z(z), nestas duas equagées. ‘Tomando a derivada da posi¢io em ambos os membros de (2.16), temos Les jot stl) (2.18) lz (Rit job F Aqui somos capazes de retirar R’ + jOL’ de dentro da derivada, pois a propriedade distri- butiva no ¢ uma fungiio da posiga0. Substituindo as derivadas de (2) com (2.17), obtemos #V(2) “aE (R + jol)\(G! + joC’\Vs(2) (2.19) Capitulo 2 Linhas de Transmisséo 57 Rearranjando, temos #VA2) a -PVA2= 0 (2.20) onde y € a constante de propagagio definida como y= VRS jal (G+ joC) = a+ jB (2.21) A Equagtio (2.20) & uma equagtio diferencial linear homogénea de segunda ordem. Uma possivel solugo” para esta equagio & V,(2) = Ae (2.22) onde A e } siio constante arbitrérias, E facil mostrar que PVA) _ AX dz © (2.20) se escreve ou v-¥~=0 (2.23) Tal equagao € facilmente fatorada como A+ WA-y= 0 (2.24) A primeira solugiio desta equagto é2=~y, ou Vs(z)= Ae (2.25) Examinemos esta solugdo em sua forma instantnea. Substituamos ct-+jB em , multipli- quemos por e, apliquemos a identidade de Euler € tomemos a parte real para obter (z,1) = Ae cost wt — Bz) (2.26) Podemos substituir A pela constante mais informativa V,", a qual representa a amplitude da onda + z de tensdo viajante em z=0. Entio, podemos escrever (2.26) como (21) = Vg e-*¥cos(wt — Bz) 2.27) Assim, para esta primeira solucio de (2.24), temos uma onda de tenso se propagando e atenuando na diregao +z com uma amplitude V," em z= 0. + Voe# pode querer utilizar o seu empoeirado e quase esquecido livro de equagSes diferencias para refrescar sua meméria a respeito de como resolver esse tipo de problema, 58 _Eletromagnetismo Aplicado Se tivéssemos escolhido a segunda solugao de (2.24), A =+y, terfamos obtido a solugao (2.28) ow v(z,1)= Ve e“cos(wr + Bz) (2.29) Tal equagio representa uma onda de tensdo se propagando e atenuando na diregao -z com uma amplitude V, em z=0. A solugdo geral para V,(z) € a superposicao linear das duas solugdes, Vzv= Vye %+ Vie * (2.30) Aqui, V," e V, sao os valores das ondas de tensio nas diregdes +z e -z, respectivamente, em z= 0. Estes valores so constituidos por uma amplitude e uma fase. A forma instantinea, determinada pela inseredo de & € tomando a parte real aplicando a identidade de Euler, € entiio wz, = Vie“ cos(wt — Bz)+ Vo e* cos(wt + Bz) (2.31) Caso tivéssemos comegado aplicando a derivada da posigdo em ambos os membros de (2.17), 0 resultado eventual deveria ter sido I@= Kes here (2.32) i(z,) = [fe “cos(wt — Bz) + I, e* “cos(wt + Bz) (2.33) As Equagdes (2.30) e (2.32) ou (2.31) e (2.33) linha de transmissio. dio as equacdes de onda viajante para a 2.2.1 Impedancia caracteristica ‘Um pardmetro de linha extremamente itil é a impedincia caracteristica Z,, definida como a raziio entre a amplitude da onda de tensio viajante positiva e a amplitude da onda de corrente vViajante positiva em qualquer ponto da linha, (2.34) Se V,' e J,’ tiverem fases diferentes (estiverem defasadas), entio Z, € complexa. Podemos relacionar Z,, 20s parimetros distribufdos, inserindo as equagdes de onda (2.30) ¢ (2.32) em uma das equagdes telegrificas na forma fasorial. Inserindo em (2.16), obtemos d . Lupe (R’ + joL/\UgeF + Ire) (235) Capitulo 2 Linhas de Transmisséo 59 Calculando a derivada, temos yee + YW, eh = -(R' + jo’ \Ih ee ¥ + Ie) (2.36) Os componentes ¢* em cada membro de (2.36) devem ser iguais, logo, igualando tais componentes e rearranjando, obtemos Vi _ R’+ jol! lon ee 237) ou % (2.38) G+ joC Igualando os componentes ¢* de (2.36), obtemos que a impedancia caracterfstica tam- ‘ém est relacionada 2s amplitudes das ondas viajantes negativas como (2.39) 2.2.2 Linha m perdas As linhas de transmissio dispontveis comercialmente sao feitas com bons condutores, como © cobre, de modo que R’ tenda a ser pequeno em relagZo a @L’. Essas linhas também siio feitas com bons dielétricos, como Teflon e polietileno, de modo que G’ seja relativamente pe- queno em relagiio a wC’. Se R’ < OL’ e G’ & wC’, podemos assumir R’ e considerar a linha de transmissio como sendo sem perdas. Calculando a constante de propagagio (Eq. 2.21) para este caso, temos y= jovl'C = a+ jp (2.40) Nao existe atenuagdo (o.= 0), conforme esperarfamos de uma linha se perdas, A constante de fase € B= ovIC (241) A partir desta equagiio, podemos determinar a velocidade de propagagiio (2.42) 60 _Eletromagnetismo Aplicado A impedancia caracterfstica obtida a partir de (2.38) para uma linha sem perdas & Z yz (2.43) A solugiio fasorial da onda para uma linha de transmissio ¢ facilmente determinada subs- tituindo com jB em (2.30): Vs(z) = Vi eB 4 Ve iB (2.44) A forma instantinea é (2.0) = Vi cos(wt — Bz) + V; cos(wt + Bz) (2.45) Se considerarmos as f6rmulas para um cabo coaxial, podemos observar de (2.4) e (2.5) que LC = ps (2.46) Apesar de niio apresentarmos a prova aqui, esta relagtio se aplica a todas as linhas de transmissio, nZio apenas pata 0 cabo coaxial. Logo temos (2.47) 0° We Na maioria dos casos, utiliza-se um material ndo-magnético como dielétrico. Assim, Up (248) pois (2.49) logo a impedancia caracteristica para um cabo coaxial sem perdas com um dielétrico ndio- magnético é simplificada para (2.50) Capitulo 2 Linhas de Transmisséo_ 61 EXEMPLO 2.1 Um fio de cobre com didmetro de 1,0 mm é envolvido por 1,0 mm de espessura de Teflon, entio enca- pado com cobre, Assumindo que este cabo coaxial seja sem perdas, queremos determinar a velocidade de propagagao 1, € a impedancia caracteristica Z,. ‘A velocidade de propagacio, neste caso, pode ser determinada pela aplicagio direta de (2.48). Para, 0 Teflon, ¢, = 2,1 pelo Apéndice E. Entdo, temos 3% 108 m/\ = A = 2.1 x 108 m/s ie vat i Para caleular Z,, aplicamos (2.50), onde a = 0,50 mm eb = 1.5 mm. Obtemos 60 b 60 1S = Fen(’) = yoaln(as) = #0 . 2.3. TRANSMISSAO DE POTENCIA Ondas de tensio e corrente transportam energia em linhas de transmissflo. Para as ondas hharménicas no tempo, poténcia média em um ponto arbitrério z ao longo da linha é dada por Pave(2) = 3RelVl!] (2.51) Considere uma onda de tensao propagando na diregao +z em uma linha sem perdas: Vie MB =| Vi Joie He (2.52) onde V,” possui uma magnitude ({V,"|) e uma fase (9). Como a linha é sem perdas, I, est em fase com Vs, ou Jy = [It lee = 2 (2.53) Assim, temos Liver 2Z Phele)= 5Re vp eter El erm] 2 (2.54) Em uma linha com perdas, /, nfo est mais em fase com V,, Podemos considerar a dife- renga de fase no termo da impedincia, adotando Z=|Zole® (2.55) 62 _Eletromagnetismo Aplicado Entdo, pode-se mostrar que 1 |veP 7 (2.56) 2 |eol Pavel) = EXEMPLO 2.2 Consideremos um cabo coaxial com dimensdes a= 1,0 mm e b= 3,0 mm, preenchido com um dielétrico nijo-magnético de €, = 5.0 e tg 5 = 0,00010 medida a 2,0 GHz. Utiliza-se cobre, sendo que o condutor externo ¢ assumido suficientemente grosso de modo que possamos aplicar a Eq, (2.1) para determinar R’. Nossa tarefa & determinar a quantidade de poténcia perdida em um metro de comprimento deste cabo conforme representado pela Figura 2.5 Sabendo-se que um material ndo-magnético possui p, LN “( 1 1 ) eee 0 = fe, Eg. (2.1) se evereve 2 2n\0,0010" 0.0030, 38x 107 al) © proximo passo esté associndo a tangente de pendas, tg 8. tangente de perdas é uma forma pa dro para representar as perdas dickéricas e ser4 explicada na Seqio 6.3, Por agora, tomaremos empres- tado um dos resultados daquela seco, designado como oe gd BO oe onde o,,¢ uma condutividade efetiva do dielétrico. Logo, temos, s Wrep = wetgd = (2m)(2,0 x 10° 5,0)(0,00010) = 55,6 x 10 oT Esta condutividade pode ser utilizada em (2.3) para determinar G': meg _ 2m 55,6 x 10~ in(bJa)1n(3,0/1,0) Ent, utilizando (2.4) ¢ (2.5), obtemos. o meee _ 2m{5,01(8,854 x 10!) x oP in(b/a) In(3,0/1,0) m vate @) FIGURA 2.5 Secao de uma LT Perel) Payal) para 0 eéleulo da atenuacéo. Capitulo 2 Linhas de Transmisséo Depois, caleulamos (2.21): MRS jo G+ jo} = V(ZATS f2w{2,0 x 107 220 x 1O-LSIR x 10-6 + jw(2,0 x 1099253 x 10-) Y = 00467 + 93,732 Considerando dois algarismos significativos na parte real de 7, obtemos ot = 0,047 Np/m para esta linha, Na medigao das perdas de poténcia, a poténcia em uma posigao arbitraria z pode ser dividida pela poténcia em z=0, isto é, Piel) Piel) (2.57) Trata-se de um procedimento conveniente, pois ndo precisamos conhecer a amplitude da te ‘mesmo a impediincia, Para I m de comprimento do nosso cabo, a razio € 0,91 E conveniente e comum medir razdes de poténcia em uma escala logaritmica, denomi- nada escala decibel”. A raziio entre poténcias pode ser expressa como um ganho G(dB), onde (2.58) No Exemplo 2.2, por exemplo, G(dB. O uso do decibel é duplamente apropriado. Primeiro, utilizar decibel reduz a quantidade de mimeros necesséria para expressar valores que sejam muito grandes ou muito pequenos. Por exemplo, se P,,,/P,, = 10", entéio G(dB) = 100 dB. Segundo, é muito facil multiplic razdes de poténcias apenas somando seus decibéis. Engenheiros de mictoondas podem, rapi- damente, determinar 0 ganho completo de blocos multiplicadores, em um circuito de micro- ondas, somando 0s ganhos individuais. Por exemplo, suponha que um filtro com um ganho de -1,5 dB (P,,/P,, = 0,707) esteja em série com um amplificador que possua um ganho de 9 dB (P,JP.,, = 7.94). E fécil notar que 0 ganho completo € de 7,5 dB. Multiplicar os produtos da razdo € um pouco mais trabalhoso. Apesar da escala em decibéis expressar a razo entre poténcias, algumas vezes € conve- niente expressar uma poténcia absoluta, Nesse caso, uma referéncia de poténcia se faz neces- ria. Uma das maneiras mais comuns de representar niveis de poténcia absolutos & por meio da escala dB.,, na qual a referéncia escolhida é ImW. Assim, P(dBm) = tote ( ) (2.59) TmW, Como um exemplo, um nivel de poténcia de 1 MW ¢ 90 dB,,. Originalmente uilizada para expressarrazBes entre poténcias em linhas telef@nicas, o decibel ¢ assim denominado em home- rnagem a Alexander Graham Bell ** Um ganho negativo comresponde a uma atenuagdo positiva, algumas vezes eserita como atenuago(dB) = 10 log(P,/P,.) 64 Eletromagnetismo Aplicado Os decibéis também estio relacionados aos nepers. Se considerarmos, por exemplo, uma entrada de 10 W em z=( de uma LT e uma saida de | W em z= | m, entao atenuagao(dB) = 10 dB. Entretanto, sabemos de (2.57) que ou Entio, temos que 1,151 Np ¢ igual a 10 dB, ou INp= 8,686dB (2.60) 2.4 _LINHAS DE TRANSMISSAO TERMINADAS A grande maioria dos problemas priticos envolvendo linhas de transmissao est relacionada ao que ocorte quando a linha é terminada. A Figura 2.6 ilustra uma linha terminada, onde a carga esti localizada em z= 0. A carga é considerada um elemento concentrado por ser pequena em comparagao a0 comprimento de onda. Os fios que conectam a linha de transmissao & carga so considerados insignificantemente curtos, A impedincia da carga é simplesmente a raziio entre a tenslo e a corrente na carga. Aplicando as equagdes de onda (2.30) e (2.32) em z=0, obtemos — 9 10) _Vc= 0) Vie WO + (2.61) ou (2.62) Capitulo 2 Linhas de Transmisséo 65 QC a Le] SF O FIGURA 2.6 Uma linha de transmisséo terminada com uma impedancia de carga Z. Aplicando nossas relagdes Z, de (2.37) a (2.39), podemos manipular (2.62) para obter Vip Ve = 2 2.63) Co (2.63) que pode ser rearranjada como -_ 4-2 Vo = V3 2.64) CC A+Z ? “ E Gtil imaginar uma onda viajante positiva ao longo da linha de transmissiio terminada, conforme mostrado na Figura 2.7. Consideraremos essa como sendo a onda incidente, e, por enquanto, ignoraremos se esté A esquerda de z = -£. A onda viajard ao longo da linha de transmisso até que incida na carga. A Equagio (2.64) nos diz que se a carga nao for igual 2 impedncia caracteristica da linha, entZo uma onda serd refletida a partir da carga. O grau de diferenga entre esses valores de impedancia ¢ representado pelo coeficiente de reflexio na carga, dado por — Va 4-2 =e (2.65) VE Z+Z Th E facil notar que os coeficientes de reflexdo para uma carga pequena (Z, = 0), uma carga casada (Z, = Z,) e uma carga aberta (Z, = 00) sio -1, 0 e +1, respectivamente. Assim, a magnitude do coeficiente de reflexao esta na faixa de 0a 1. FIGURA 2.7. Onda de tensdo V’ incidindo em z= -€ de uma LT terminada. 66 _Eletromagnetismo Aplicado Em geral, 0 coeficiente de reflexdo em qualquer ponto ao longo de uma LT ¢ definido pela raziio da onda refletida pela onda incidente, isto é, Vyer® Vie = Tyet?® (2.66) O coeticiente de reflexio em =~ ¢, por exemplo, seria r=Tye" 2.4.1 Razéo de onda de tensao estacionaria A superposigiIo das ondas incidente e refletida cria um padro de onda estaciondria, como exibido na Figura 2.8. Suponhamos que uma onda de tensio V,'cos(@t Bz) de uma linha de transmissdo incida em uma carga desbalanceada em z =( que apresente um coeficiente de reflexio T, = 0,5, Por questio de simplicidade, admitamos V," = 1 V. Combinando as ondas incidente e refletida, nossa onda instantdnea total no meio 1 ¢ dada por v(z, 1) = cos(wt — Bz) + 0,5 cos(wr+ Bz) (2.67) A Figura 2.8 € constituida por uma série de curvas de v(z,) versus z dentro de dois com- primentos de onda da carga. Cada curva € tragada com incrementos de 20° para uma escala de 0 a 360°. Observa-se claramente um padréio de onda estacionaria. Este padrio seria todo preenchido se o tamanho do ineremento adotado fosse muito pequeno. Observe na Figura 2.8 que o padriio de onda estaciondria é montado com os méximos adjacentes separados por meio comprimento de onda. Além disso, os minimos adjacentes também esto separados por meio comprimento de onda. Os méximos esto associados a0 coeficiente de reflexiio por Vinax = 1+ |T| (2.68) Maximos 2 AIS AS 129 -1 0.79 0.9 025 0 (em comprimentos de onda) | — Zi | [a a FIGURA 2.8 Padrao de onda estacionéria para uma onda de tensdo (V;" = 11 incidente em uma carga em z=0 onde P, = 0,5. As curvas sao tracadas em incrementos de 20° para uma escela de wt abranger- do de 0° a 360" Capitulo 2 Linhas de Transmisséo_ 67 Neste caso atingindo um valor de | + 0,5 = 1,5. De forma similar, os minimos so. Veni (Wil (2.69) neste caso, caindo para 0,5. A razdo entre a amplitude maxima e a amplitude minima des- ta onda estacionéria de tensiio € conhecida como razdo de onda de tensiio estaciondria (ROTE)*, ow _ Vmax _ 1+ (Pel © Vrain” T= TF em ROTE Como o coeficiente de reflexio possui magnitude entre 0 ¢ 1, 0 ROTE pode assumir valo- res de 1 a infinito. Veremos na Segtio 2.6 que a medigdio do padrio de onda estacionéria, ao longo de uma linha de transmissao fendida, € uma forma étil para determinar impedancias de carga desco- nhecidas. Coeficientes de reflexio e ondlas estaciondrias serio também discutidos no Capitulo 6, quando apresentaremos as ondas planas. 2.4.2 Impedancia de entrada Em qualquer ponto de uma LT, podemos determinar a razao entre a tensio total e a corrente total, Esta raziio € conhecida como impedéncia de entrada’, Para a linha da Figura 2.9 em z= ¢,a impedincia de entrada Z,, € Viet + Vre¥ _ Vaz Vert =v em | Wee Esta equagdo pode ser manipulada (ver Problema 2.13) aplicando (2.64), a identidade de Euler, e definigdes para as fungdes hiperbdlicas sinh, cosh e tanh (ver Apéndice D) de modo aobter Zt Zotgh(y') = L>—S (2.72) Bn 27H tay) ara o caso especial sem perdas, (2.72) se escreve age bet HlaseB) om 2+ i1eB) © N.deT::O terma em inglés € VSWR (Voltage Standing Wave Ratio). * A diferenga existene entre os conceitos de impedincia de entrada ¢ impedincia caracteristica deve ser enfatizada, Enquanto Ze Z, se referem a razbes entre as ensdes e correntes totais, Z, estérelacionada a razio entre a tensio ¢ a corrente para apenas uma das ondas, ou a incidente ou a refletida Eletromagnetismo Aplicado Zn Tf - ' — | 4 Z, ALT terminada pode ser substituida por um elemento concentrado equivalente Z, A utilidade desse conceito que a linha de transmissio, niio importando onde seja deter- minada a impedincia de entrada, pode ser substituida por um elemento concentrado de impe- dincia Z,,, como indieado no par de cireuitos equivalentes mostrado na Figura 2.9 E 8 Admita que a linha de transmisséo terminada do Exercicio 2.7 seja sem perdas. Determine Z,, para um comprimento de linha igual a (a) 2/8 e (b) 4/4. (Nova: Tenha certeza que ‘sua caleuladora esteja programada em radianos em vez de graus para os cdlculos envolvendo (2.72) € (2.73). (Resposta: 30 ~ j40 Q, 16.7.2) ‘Vamos criar uma fungi que permitiré a entrada das varidveis de (2.72) e caleularé a impedancia de entrada. O MATLAB possui as fungGes hiperbélicas, sendo que seu uso pode ser avaliado por meio do help * no command line window. > help tanh ANE Hyperbolic tangent. TANK(I) is the hyperbolic tangent of the elements of X. Para a fungio, temos o seguinte: function Zin=Zinput (Zo, Zb,¢,L) Yentre Zinput (Zo, 2L,,1) onde ¥ Zo = impedancia caracteristica complexa da linha, ohne % Zl = impedancia conplexa da carga, ohms % G = constante de propagacao (gana), 1/m ¥ b= comprimento da linha de transmissio, m ‘retorna Zin, a impedancia de entrada 2ottanh (G*L) ; jo+ZzL* tanh (G*L) ; ZineZo*num/den; * N.deR.T: Como tratase de um programa desenvolvido em ingua inglesa, 0 texto de ajuda do MATLAB est em inglés. Capitulo 2 Linhas de Transmisséo 69 FIGURA 2.10 Os valores de impedéncia no dominio s para R, Le C. 2.4.3 Cargas complexas Impediincias de entrada ou cargas apresentando impediincia complexa podem ser modeladas utilizando simples elementos concentrados como resistores, indutores e capacitores. A Figura 2.10 indica os elementos junto com seus valores (Fasor) no dominio s. Por exemplo, considere uma carga Z, = 100 + j200.@. Podemos modelar esta carga como um resistor de 100 © em série com um indutor. O valor da indutdncia dependerd da freqién- cia, logo, se especificarmos 1 GHz, temos Jol = 72000 20002 Hz-s" [-A bd Tal x 10" Hz) &) (i) (a) = 32nH ‘Um caso de interesse se refere a uma linha sem perdas terminada em uma carga puramen- te reativa, Se considerarmos Z,, = R,, representando a impediincia caracteristica totalmente real de uma LT sem perdas, e Z, = jX,, representando uma carga puramente reativa, entZio 0 Coeficiente de reflexdio & ou IX = Ro INL + Ro 0 qual possui claramente uma magnitude unitéria. Este resultado era esperado, pois nenhuma cenergia pode ser dissipada em uma carga puramente reativa. A onda ¢ completamente refleti- da, Existe, entretanto, um deslocamento de fase associado & carga reativa. 70 _Eletromagnetismo Aplicado volts LIS 15 -125 -1 075 05 025 0 (Em comprimentos de onda) FIGURA 2.11 Padréo de onda es- taciondria para uma onda de tensdo (Ws = 1M) incidindo em uma carga em curto-circuito em z = 0. As curvas so tragadas com incrementos de 20° para otde 0° a 360°, 2.4.4 Terminagoes especiais E importante apresentarmos agora duas terminagdes de linha de transmissio especiais: a ter- minagiio em curto e a terminagdio em aberto. Tais terminagdes so de interesse em redes de casamento de impedincia, a serem discutidas na Sega 2.7. Considere primeito uma linha de transmissao sem perdas, terminada em um curto circui- to, conforme ilustrado na Figura 2.11. A tensdo total através do curto tem que ser zero, logo aplicando (2.44) em z=0, temos Vs(0) (2.74) ou V, =~ V;'- Como 0 coeficiente de reflexdo é 1, = -1, temos uma ROTE infinita para esse caso. Isso € confirmado observando-se a onda estaciondria apresentada na Figura 2.11, na qual V," € igualada a 1 V para comparago com o padrio de onda estacionéria da Figura 2.8. A amplitude maxima € 2 V, e a amplitude minima € 0 V. Pode-se também observar nesta figura que todo meio comprimento de onda, a partir da carga, aparece como em um curto. Finalmente, calculando a impediincia de entrada, a partir de (2.73), para um comprimento arbitrério ¢ da linha terminada em um curto (Z, = 0) mostra Zin = jZoteBe (2.75) Logo, a impedancia de entrada de uma linha de transmissio sem perdas, terminada em um curto-circuito, é sempre uma reatncia pura. Dependendo do comprimento da linha, essa. reatncia pode aparecer indutiva (+) ou capacitiva (~j). ‘A Figura 2.12 mostra uma linha de transmissdio sem perdas, terminada em aberto. A cor- rente total em uma terminagdo aberta tem que ser zero, ou 1(0)= I} +1, = 0 (2.76) Capitulo 2 Linhas de Transmisséo 71 2 WIS AS A291 075 05 025 0 (Em compeimestos de ond) | | FIGURA 2.12 Padrao de onda ——— os er ara. onde F* tensao (V," = 11 incidindo em | Uma carga aberta em 2 = 0. As Zo | curvas sao tragadas com incre- | mentos de 20° para wt de 0° a 360°. Aplicando as relagdes para Z, (Eqs. (2.37) e (2.39), (2.76) pode ser eserita como vi -V, 1,(0) = ~>— (0) Z 0 (2.77) ou V, =+ V,". Como o coeficiente de reflexio nesse caso é T, = +1, novamente temos uma ROTE infinita, confirmada pela andlise da Figura 2.12. Observe que todo meio comprimento de onda, a partir da carga, aparece como em um circuito aberto € todo um quarto de compri- mento de onda, a partir da carga, aparece como em um curto-circuito. Podemos supor cor- retamente que @ impedancia de entrada, vista em uma linha de transmisstio sem perdas com terminagio aberta, tem que ser puramente reativa de novo. Pode-se notar isso assumindo que a carga seja infinita em (2.73), ou cot jZtg pe _ Zin = Zp oe Fee = Z,+ jootg Be ~ jZ,cot Be (2.78) 2.5 O CIRCUITO COMPLETO Munidos com uma compreensio das linhas de transmissio, estamos agora prontos para ana- lisar um circuito completo. Vamos adicionar uma fonte, o fasor tensdo V,,, € uma impediincia da fonte Z, 2 linha de transmissao terminada conforme indicado na Figura 2.13. A tensdo em qualquer ponto da LT requer que saihamos V,,”. Podemos resolver, em termos de V., conside- rando que a divisao de tenso nos dard a tenso na impediincia de entrada, Vn = Ve = -0) (2.79) Vas Ve7 4 Zin 72_Eletromagnetismo Aplicado z Orn Vin | Zn FIGURA 2.13 Circuito apés a adigéo de uma fonte e o circuito equivalente, Ent, em qualquer ponto da linha, a tensio é dada por Vlad = Vee + Veet = VE (e% + Pet) (2.80) Calculando (2.80) em z=~¢, ¢ inserindo 0 resultado em (2.79), podemos resolver para V," como Vi Vo = cary Tye ean) Assim, a tensilo na carga ¢ determinada calculando-se (2.80) em z = 0, isto €, VL = Volz= 0)= VE (1+ TL) (2.82) EXEMPLO 2.3 Considere o circuito da LT sem perdas da Figura 2.14. Queremos determinar a tensio sobre a carga de 100 2. Inicialmente, converte-se a tensdio da fonte para sua forma fasorial Veg = 100" V Para determinar V, aplicando (2.82), precisamos de F, e V,’. Temos pw Zen Ze, 1000-5001 T7472 WO+ 500 3 Determinar V," requer que conhecamos Z,,. a qual pode ser determinada a partir de (2.73) para uma LT sem perdas, = 7 2+ ioe BO) Bn C07 is 1880) Capitulo 2 Linhas de Transmisséo 73 = 10cos{ot + 30°) VF I ' FIGURA 2.14 Circuito para o Exernplo 2.3. Como neste exemplo temos ‘A equagdo para Z,, se reduz para pes 250 Mae TY Para caleular (2.81) em relacdo a V,,”, também precisamos de e” e A equagio de Euler pode ser aplicada para converter e ¢ e” para ntimeros complexos em coordenadas retangulares, se assim for desejado. Para 0 caso sem perdas, y= je 7f = jB¢ = jn/2. Entio Se ee Tee ePO + @ PO 3 Se FV Finalmente, podemos apli (2.82) para obter Vs 75e P14 Y= 100 V Convertendo esse fasor para a sua forma instantinea, temos a tensdo sobre a carga, m= 10 cos(wt ~ 60°)V . 74 Eletromagnetismo Aplicado a ——— @ : ww ——— vs Re Y URA 2.15 Modelagem do circuito utiizando (a) uma linha de transmissao sem perdas simples e tb) um modelo de elemento concentrado. No inicio deste capitulo, determinamos que as conexdes por fios deveriam ser tratadas como Tinhas de transmissio, quando os seus comprimentos fossem comparaveis ao comprimento de onda, Estamos agora preparados para investigar essa afirmagai, Neste exemplo, consideremos, uma linha sem perdas simples, como mostrada na Figura 2,15 (a). Queremos determinar para qual comprimento, em termos de comprimentos de onda, o fio de conextio tem que ser considera- do uma linha de transmissao. Faremos isso gerando o grifico da magnitude e da fase da tensio da carga, ¥,, com o aumento do comprimento da linha. Consideraremos também para qual compri- mento 0 modelo de elemento concentrado para a linha falha e deve ser substituido pelo modelo dlistribuido de uma linha de transmissto. ‘Adaptando (2.79) ¢ (2.80) para este problema, temos Como d 60 comprimento da linha em comprimentos de onda, ¢= dh ¢ temos que Br eae 2nd Resolvendo em relacio a V,, = Vig ee Vo = V7 R, Pe Tye Pe A tensiio sobre a carga, a partir de (2.82), 6, entio v= V+ TD) Essas equagdes so avaliadas na parte da rotina do MATLAB destinada ao célculo de LT, sendo adda com 0 calculo da magnitude e da fase de V,, Queremos também analisaro cireuito do elemento concentrado da Figura 2.15 (b). Um aspecto interessante envolve 0 caleulo de Le C, Para o célculo de L, utilizamos o comprimento dh. obte- mos L=L'€= L'dh. Logo, fin: jwL= jw flldn= jdmdl(rf) Capitulo 2 Linhas de Transmissio_ 75 ‘Agora, a velocidade de propagacSo, a partir de (2.42), pode ser escrita como 1 oM= Tre Aa fe sat pott(a) = news pet aplicando (2.43) para Z,- De modo similar, é direto demonstrar que Assim, temos Sie. oC” 2nd Assim, precisamos apenas conhecer Z, da linha, ao invés dos valores particulares de L’ e C’. Na parte da rotina do MATLAB, denominada caleulo dos elementos concentrados, assumimos Z, como sendo a combinagio paralela de R, e a impedéincia do capacitor, e Z, como a combinagio sétie de R, e a impedincia do indutor. Assim, a tensio sobre a carga é ~ fA "74h Para 0 nosso caso exemplo, consideraremos que a linha tenha R, = R, = 200 2 e Z, = 50 ©. O estudante ¢ encorajado a executar o programa com diversas combinagSes de resistencia e impe- dincia. Arquivo.m: ML0203 Consideramos fics de conexdo entre una fonte @ una carga ¢ desejanos demonstrar quando estes fios tem que ser modelados por elementos concentradoe, ¢ tanbém quando a representacfo por elementos concentrados deve ser substitufda por LT (elementos distribufdos) . © programa considera um circuite completo, com o comprinente da LT sem perdas dado em conprimentos de onda. A magnitude © a fase da tensdo na carga séo tracadas em funcao do comprimento da linha em comprimentos de onda. Wentworth, 15/3/06 Varidveis: Lp indutancia distribuida, H/m oe capacitancia distribuida, F/m Zo impedincia caracteristica, ohms RS, RL resisténcia da fonte e da carga, ohms ve tensdo da fonte (v) 4a comprimento da LT em comprimentos de onda cL. coeficiente de reflexio na carga zin impedincia de entrada da LT, ohns num, den varidveis tempordrias vin tensio na extrenidade de entrada da LT vop vot na linha Resultados LT: vit, tenséo na carga virL, magnitude da tensio na carga pALTE fase da tensio na carga 76 Eletromagnetismo Aplicado % Reaultados elemento concentrado: % vile tenséo na carga % VLLE magnitude da tensdo na carga % phLLe fase da tensdo na carga + ou combinagao paralela de RL e capacitor concentrado 2 combinagae série de RS e indutor concentrado % xxstr dado vetor de texto % Inicializagao elejclear; Zo=50; RS=200; RL-20 ve=2; 420.01:0.001:10; % célculos LT GL=(RL-Zo) / (RL+Z0) nun-RLtj*Z0.*tan (24pi.+d) ; den=Zo+j*RL. Atan(24pi.*d) ; ZineZo.#num. /den; VineVs.*Zin. /(ZinsRS) ; Vop=Vin./ (exp(j*2*pi. *€) +GL. *exp(~j*2*pi.td)) vLTLeVop.#(146L) + ViTbeabs (VLTL) ; phUThe180.*angle(viTL) ./piy % cAlculos elenentos concentrados j.t20./(2*pi.*a) ; Zi=(RL.*A) ./ (RGR) ¢ z2-RS+}*2*pitZo.*d; VLLB-Vs.*23./ (21422) ; VubBeabs (vLLE) ; phULLE=180.*angle(vLLE) ./pi; % Geragdo do primeiro gréfico subplot (2, 1,1) smi logx (d, VLTL, d, VLLE, '~-k') ylabel (‘magnitude VL") grid on legend('modelo LT", ‘modelo por elemento concentrado') % Delinicgde das infornagdes do titulo RSetrastreat ('Rs=',numastr (RS) , ‘ohms') ; Ristrestreat (*RL=',numastr (RL) , 'chms') ; Zostrestreat (*Zo=" ,numastr (Zo) , ‘ohms") 5 Tetrestreat (RSstr,Ristr, Zostr) ; title(tstr) % Geracko do segundo grafico subplot (2, 2,2) semilogx(d,phLTL, d,phLLE, '--k") axis([,01 10 -180 180]) set (gca, 'YTick’, [-180:60:180]) 7 Linhas de Transmisséo Capitulo 2 50 ohms 200 ohms, Zo = ms, RL = oh modelo LT — —modelo por elemento concentrado. modelo LT — —modelo por elemento A epnyubew 120 | - 4d (comprimentos de onda) FIGURA 2.16 Graficos de magnitude e fase mostram o impacto do comprimento da linha de transmis- ‘do sobre a tensio na carga, 80 Eletromagnetismo Aplicado (a) Be = (b) FIGURA 2.18 (a) A LT terminada em ums carga Z, & caracterizada como tendo um coeficiente de refle- x40 [. (b) Uma segao de linha contendo a carga é Substituda pela impedancia de entrada Z,, Rearranjando (2.85) para obtermos z em termos de T, temos ist (287) ou ara jee Lt thet Tim (2.88) —TRe = Jim Manipulando o membro direito de (2.88), obtemos a parte real como sendo 1 Tre? — Vim (289) (= Te)? + Pim? ea parte imagindria como sendo jee Phim _ (2.90) (1 = Tre)? + Tim? Agora, a equagao geral para um circulo de raio a, centrado em x=mey=n,é (x =m)? #(y =n)? (2.91) As Equagies (2.89) e (2.90) podem ser dispostas em formatos que representem fungées, cireulares de re x 2 2 at 2 (—! 9 (Pee =25) +t? = (5) (292) (Tre -1)2+ (1 - ve (iy (2.93) Capitulo 2 Linhas de Transmissao 103 ‘A seguir, inserimos 0 toco paralelo em aberto. Na carta de admitincia, a localizagao da terminagdo aberta est no lado esquerdo da carta em CODG = 0,0002,. Temos que mover no sentido hordrio (em direga0 aa gerador) até atingirmas 0 ponto 0 —j1,6, localizado em CODG = 0,339A,, para um comprimento do toco £= 0,339, . 2.8 TRANSITORIOS Nosso estudo de linhas de transmissio, até 0 momento, se referiu 2 propagago de sinais senoidais em regime permanente com uma tinica freqiléncia. Agora estamos interessados na situagiio transitéria, onde uma mudanga repentina na tenso ou na corrente é estimulada em uma terminagaio da linha. O exemplo mais comum de transitérios em uma LT se refere & propagagio de sinais a0 lon- go de conexdes entre circuitos digitais. A informagio ¢ transmitida como um (1) e zero (0), cor- respondendo tipicamente a niveis de tensdo de 6 0 V. A mudanga de 0 por 6 V, por exemplo, envolve uma mudanga em forma de degrau na tensiio que se propaga ao longo da conexio. A injego de uma fungio degrau de tensdio em uma LT pode ser efetuada como mostra a Fi- gura 2,35(a), fechando-se a chave em t=0. Por questo de simplicidade, assumimos que esta LT seja sem perdas com resisténcia caracteristica R, Assumiremos também resisténcias Rye R, na fonte e na carga, respectivamente. TerminagGes reativas serio tratadas mais a tarde nesta secdo. A tensa injetada na linha de transmissao ¢ determinada com base na divisio de tensfio entre a resisténcia da fonte R, ¢ a resisténcia vista pelo sinal na LT. Entretanto, diferente do caso de regime permanente, 0 sinal transit6rio ndo tem conhecimento de como a LT esti ter- minada. Ele enxerga apenas R,, Assim, uma tensio Ro Rt R Vo = Vs (2.100) € inicialmente injetada na linha. Como a tensio em geral dependers da posigao ao longo da linha, bem como do tempo, esta ser representada como V(z,/). A tensa inicial injetada pode entio ser escrita como VEE,0)= Vo (2.101) O tempo de transito t,, ou 0 tempo para o sinal propagar 0 comprimento ¢ da linha, esté relacionado & velocidade de propagagio u, por (2.102) € u 104 Eletromagnetismo Aplicado (b) t FIGURA 2.35 (a) Uma funcao degrau de tenséo é obtida fechando-se a chave em t= 0. (b| Diagrama de saltos para a tensdo transitéria em uma LT, Ao atingir a terminagaio da carga no instante de tempo ,, parte do sinal se reflete. © coe- ficiente de reflexio é € uma onda T,,¥, € refletida, Assim, a tensdo total na terminagdo da carga, imediatamente depois da tensdo incidente ter atingido a carga, € V(O,t) = Vo(1 + Th) (2.103) sinal refletido viaja de volta em diregao a fonte, Um tempo adicional 1, é necessério para que o sinal atinja a extremidade da carga, onde enxerga um coeficiente de reflexiio _ R= Ro Rst Ry Ts (2.104) e uma parcela de TV; ¢ refletida de volta em diregao & carga. Temos entio V6, 2) = Vo(1+ T+ TPs) (2.105) Capitulo 2 Linhas de Transmissao 105 Com todas as reflexdes existentes, ter 0 controle do comportamento V(z,t) pode ser dificil. Para resolver esse problema, podemos empregar um diagrama de saltos, também denominado diagrama de reflexio, como apresenta a Figura 2.35(b). A posigdo, ao longo da linha de trans- miso, € mostrada no eixo horizontal, aqui alinhado por conveniéneia com a LT da Figura 2.35(a). O tempo est no eixo vertical. As diagonais representam a posigao da borda principal da onda. A diagonal mais préxima do topo, viajando do tempo f= 0 para t= f,, mostra posigao da frente da onda incidente V,. A segunda diagonal mostra a frente da primeira onda refletida TV, ¢ assim por diante, Uma linha vertical, tragada no diagrama de saltos, mostra a tensio naquela posigio em fungdo do tempo. Para um tempo particular na linha vertical, a tensio total sera constituida por todas as ondas atravessando a linha vertical acima daquele ponto. EXEMPLO 2.9 Um exemplo mostrard como uma mudanga por degrau na tenstio se propaga, ao longo de uma sectio de uma LT, e como funciona um diagrama de saltos. Queremos tragar 0 grfico da tensdo no centro da LT de comprimento 6,0 em, apresentada na Figura 2.36(a), em fungio do tempo até 8,0 ns. Nosso primeiro paso ¢ ealcular os eoeficientes de reflexdio. Na carga, temos 1250-7501 1250+ 750° 4 (vaya Crenvasy (vayt—ar2y(1/493V (a) tins) FIGURA 2.36a (a) Circuito e diagrams de saltos da LT para uma mudanea por degrau na tensao. 108 _Eletromagnetismo Aplicado Ans) 6 @ tins) FIGURA 2.40 _{a) Diagrama de saltos @ (b) grafico de tenséo para o circuito da Figura 2.36\a), quando um pulso de 4 Ve duragdo de 3 ns ¢ aplicado. de diagrama de saltos. Por exemplo, a hipotética resposta ao pulso, para o centro da LT, & mostrada na Figura 2.39(b). EXEMPLO 2.10 Para ilustrar melhor o procedimento de resposta ao pulso, suponha que o degrau de tensiio de 4 V do Exemplo 2.9 seja substituido por um pulso de 4 V com 3 ns de duragao, O diagrama de saltos ¢ apresentado na Figura 2.40(a), com os valores das ondas conforme indicado. Atensdio no centro da linha & tragada na Figura 2.40(b). . FIGURA 2.41 Grafico para 0 Exercicio 2.20 Capitulo 2 Linhas de Transmissao_ 109 O diagrama de saltos é uma ferramenta acessivel para mudangas por degrau e pulsos retangulares. Entretanto, sinais digitais reais possuem tempos de crescimento e decresci- ‘mento substanciais, resultando em pulsos com bordas inclinadas. O diagrama de saltos se torna muito dificil de ser aplicado nesses casos. A rotina de MATLAB apresentada a seguir gera o grafico V(z,f), resultante de uma fonte de pulsos triangulares. Com modificagdes, 0 programa pode ser aplicado para pulsos com outros formatos, incluindo pulsos por passos e retangulares. MATLAB 2.5 A seguinte rotina traga a tensdo em um ponto arbitrério, ao longo de uma LT, como resultado de tum pulso triangular, O pulso cresce linearmente de 0 para 5 V, durante 1,5 ns, e entdo deeresce abruptamente para zero, como indicado na Figura 2.42. Consideraremos também a situacio do Exemplo 2.9 referente a uma linha com 6 em de comprimento e uma velocidade de propagagio de 0,lc. Todavia, colocaremos a carga em curto e determinaremos v(z,t) em z=4.5 em. Para manter a rotina simples, escotheremos casar a impedincia da fonte, de modo que te~ emos uma tinica onda viajante positiva e, talvez, uma onda viajante negativa. O programa € formado por duas segdes principais. Primeiro, a fungio triangular é definida e colocada em tum vetor de tempo discretizado. Depois, 0s dados das ondas positiva e negativa so gerados © ‘combinados Arquivo.m: MLO205 Andlise de um pulso triangular (impedincia da fonte casada) viajando em uma LT e refletindo em una carga resistiva. Querenos ser capazes de tragar © gréfico da teneSo em un ponto arbitrério ao longo da linha. Wentworth, 25/04/03 Varidveis Vo altura do pulso (v) t1 infcio do pulso (ns) 2 fim do pulso (ns) Tensao 0 02 04 06 08 1 12 14 16 1.8 2 FIGURA 2.42 Fonte de pulso trian- Tempo (ns) gular apicada no MATLAB 2.6 110. Eletromagnetismo Aplicado eo. comprimento da linha (cm) a tempo de transito (ns) s 2 posicao para determinar o pulso (cm) % tau “posig&o" do tempo para determinar o pulso (ns) + up velocidade de propagacao (m/s) % Ro,RL resisténcia da linha e da carga (ohms) ton nimero de pontos sc coeficiente de reflexdo da carga cle clear ‘entrada das varidveis vor5; t1-0; Te1e9* (L/up) /100; taueies*(z/up) /100; 1-500; GLe (RL-Ro) / (RL+Ro) ; Sinicializa o vetor 2 v(il=0; end for ate2T/N: Yentrada da fungio de puleo triangular m=0.54Vo/(t2-t1); teoeficiente angular for in1:N+1 c(i)aitdt; if tliyeea vo(i)=0; end Af and (t(i)>t1,t(i) 0. ‘Suponha que queiramos aplicar a rotina para modelar a fungi de pulsos do Exemplo 2.10 (exceto pela fonte casada — ver Problema 2.45). Criamos a fungiio degrau unitério: function Usstep(t,7) ‘uncle degrau unitério. Quando um instante de tempo t excede um instante de {tempo 7, 0 valor da fungio 6 1. Ust>=T; Modificamos entio o programa, “entrada da fungio de pulso retangular bstituindo a “entrada da fungao de pulso triangular” pela ‘entrada da fungio de pulso retangular teosdes2er; vou0.5*Vo* (step(t,t1)- step(t,t2)); Vimos que a teflexdo de sinal pode ser eliminada, aplicando um casamento de impedineias na extremidade da linha. Porém, a impediincia da carga em um circuito digital pode ser desconhe- cida ou pode variar dependendo do seu estado 16gico. Mesmo que a impediineia da carga seja conhecida e uma terminagio resistiva seja possivel, para muitos cireuitos digitais a presenga de resistores de casamento resultardo em um consumo continuo e desnecessério de poténcia. Projetistas de circuitos tém utilizado diversas estratégias de terminagdo para melhorar a performance em alta freqiiéncia de conexdes digitais. Uma téenica popular emprega um par de diodos Schottky, colocados na extremidade da carga de uma linha de transmissio, como apresentado na Figura 2.43. O diodo D, “grampeia” a tensdo da fonte V,., enquanto 0 diodo D, grampeia ao terra. Considere 0 caso no qual um pulso de valor V,,, partir de uma linha de transmissao, incide em um circuito aberto (Z, = 00). Sem D,, 0 pulso refletido resultante seria de 2V,, na extremidade da carga, durante a durago do pulso. Porém, com a colocagao de Dy,

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