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PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) PROCESSO AIJE 194358 AUDIENCIA MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Bos tarde. Esta é uma audiéncia da Justica Eleitoral, nfo & criminal, embora estejamos aqui como h6spedes do Tribunal Regional Federal, apenas por uma questo de equipamento, de facilidade para a transmissio. Em Brasilia esti o Doutor Nicolao Dino, que é 0 ‘Subprocurador-Geral da Repiblica Eleitoral. Doutor Nicolao? DR. ICOLAO DINO: Boa tarde. MINISTRO HERMAN BENJAMI Presidente Michel Temer. Esté também a Doutora Janaina, que & advogada do © Doutor Bruno Lorencini, Juiz Federal ¢ Auxiliar da Corregedoria, vai fazer a oitiva, A ordem seri esta: primeiro as perguntas do Juizo, depois nds ouviremos os representantes, em seguida, os representados e, finalmente, ao término, 0 Ministério Publico. Repito, cota audigneia nfo tem natureza penal. O foco so as cleigSes de 2014, mas nos interessa também o pano de fundo; portanto, as vezes, informagdes que tenham caréter mais hist6rico so relevantes para entender 0 que ocorreu em 2014, no objeto mais preciso deste processo. Doutor Bruno. JF BRUNO LORENCINE: Sr. Benedicto Barbosa da Silva Jinior, como o Ministro ja antecipou e tive @ oportunidade de conversar com © Doutor Alexandre, 9 senor acordo de colaboragio premiada, nao é isso? SR. RENEDICTO RARROSA DA SILVA JUNIOR: Sim, senhor JF BRUNO LORENCINE: Esse acordo atualmente encontra-se jé homologado no Supremo Tribunal Federal, porém, ainda pendente a abertura do sigilo, N6s tivemos a preocupagao, até para fomecer seguranca jurfdica ao senhor e a0 seu advogado, de realizarmos uma consulta diretamente a0 STF para a ocasido deste depoimento, inclusive com parecer do Procurador- Geral da Repiiblica. Ento, nds teremos aqui o foco bem direcionado a campanha de 2014, foi PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) para isso que 0 senhor foi convocado como ‘estemunha do Juizo, e nesse ponto o senhor tem dever de dizer a verdade, sob pena de crime de falso testemunho, Porém, até por uma questo de sigilo do acordo de colaboragdo premiada, quanto aos pontos que extravasem o que relevante para a campanha, a todo momento o Doutor Alexandre esti & sua disposigio para qualquer conversa, nosso interesse é ter um foco bem restrito ao que interessa a esta causa. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Est laro para mim, Doutor. JF BRUNO LORENCINE: Nés temos aqui nessa agio de investigagao judicial eleitoral como representante © PSDB, Coligago Muda Brasil, € como representados a ex-Presidente Dilma Roussef e o Presidente da Repiiblica Michel Temer. Eu perguntaria de Sr. Benedicto, se em relagiio a um dos dois representados 0 senhor tem algum grau de amizade, inimizade, parentesco... algum vinculo com um dos dois representados. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Com nenhum dos dois. JF BRUNO LORENCINE: Sente algum grau de impedimento para depor sobre os fatos que aqui Ihe serdo perguntados? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao. Se eles nao conflitarem com 0 {que estd em sigilo, nao, senhor. JF BRUNO LORENCINK: Bots Banedicto. Entdo, obviamente, nés vamos construir um pouco a partir do que o senhor nos falar também, timo. Nés nfo tivemos também avesso & colaboragio, Sr. De inicio, o senhor, entdo, assume o compromisso de dizer a verdade, sob pena de crime de falso testemunho. O senhor esté ciente disto? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Estou ciente disto, Doutor. JF BRUNO LORENCINI: © senhor, stualmente, exeree algum cargo na Companhia Odebrecht, ou jd exerceu? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao. Até 22 de fevereiro, eu era 0 lider empresarial da Area de Infraestrutura da Construtora Norberto Odebrecht e, hoje, sou 0 lider licenciado da Companhia, JF BRUNO LORENCINI: Até 22 de fevereiro de...? PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: De 2016, JF BRUNO LORENCINI: Dois mil e dezesscis. E 0 senhor era lid SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: ..empresarial da Area de Infraestrutura, JF BRUNO LORENCINE: Nessa condigio, quais eram suas fungdes principais, Sr. Benedicto? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: A minha funcdo principal era coordenar a implantagio de todos os projetes de construgao de infraestrutura dentro do Brasil, sob coordenagio da Odebrecht. JF BRUNO LORENCINI: Entio, a vinculagio do senhor era com alguma empresa specifica do grupo? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Construtura Norberto Odebrecht. JF BRUNO LORENCINE: Com a Construtura Norberto Odebrecht. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Com a Construtora. JF BRUNO LORENCINI: Esté bem. Eo semhor exercia desde quando esse...? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Desde 2009. JF BRUNO LORENCINI: Desde de 2009. E 0 senhor era subordinado a alguém ow era..? SR. RENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Na condigao de lider empresarial, era subordinado a Marcelo Odebrecht, que era o Presidente da holding da Odebrecht. JF BRUNO LORENCINI: Esta certo. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Sr. Benedicto, lider empresarial € como se fosse um. Presidente? PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: E equivalente a um Presidente, Ministro, MINISTRO HERMAN BENJAMIN: 2 uma denominagao propria da empresa? SR, BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: E uma denominacio interna nossa para consumo interno e extemno. JF BRUNO LORENCINI: Como eu -, nés ndo tivemos acesso prévio A colaboragao, Sr. Benedicto, entéo vou comegar com uma pergunta um pouco mais ampla para o senhor. Na condigdo de lider empresarial que senhor exercia desde 2009 na Construtora Odebrecht, «que tipo de relago a companhia — no caso, onde 0 senhor atuava, na Construtora — tinha com partidos politicos e campanhas eleitorais? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: A gente tinha uma forma de atuar. Durante 0 perfodo eleitoral, nés éramos procurados pelos partidos e pelos candidatos e nés ‘nos prepardvamos para fazer as doagdes, durante o perfodo eleitoral, a partir dos pedidos feitos pelos partidos. Entdo, tinha uma relagio dos meus executivos, embaixo de mim, a minha propria, assim como das outras empresas do grupo. JF BRUNO LORENCINI: E essa relagao era com todos os partidos, com algum partido especifico? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Com todos os partidos. JE BRUNO LORENCINE: Todos os partidos. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Todos 0s partidos. JF BRUNO LORENCINI: Era uma politica de doagdes da Construtora. E isso? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Exatamente, era uma politica de doagio, sem critério politico nenhum, era genética, JF BRUNO LORENCINI: E qual foi a politica adotada em relagdo 4 campanha presidencial de 2014? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Na condico de lider empresarial, eu focava mais nas campanhas de goveradores, senadores e deputados. A campanha presidencial, na sua magnitude, era sempre levada para 0 Marcelo diretamente, porque ele PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) tinha relacdo com as pessoas. Eu participava das discussdes, na montagem de qual era 0 volume de doagdo que ia ser feito, porque participavam os outros Presidentes das empresas, para que a gente definisse quanto viria de céda empresa para montar o volume de doagdes que a Odebrecht faria para aquela campanha. Entio, participei nesse aspecto, Doutor. JF BRUNO LORENCINI: E por que isso era centralizado no Marcelo? Hé alguma razio para isso? R. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao, porque a relacdo Presidente do Pafs e Presidente da holding era uma relagIo mais préxima e a minha relagdo com os meus executivos era mais préxima dos governadores. Entio, era uma coisa quase que hierdrquica. 0 Marcelo fazia essa relagio dicta com os Presidentes € os candidatos & Presidncia. JF BRUNO LORENCINI: Entendi, Ec senhor comentou que o senhor participava. da definigdo desse montante que seria doado. F isso? SR, BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JONIOR: Nés tinhamos uma sistemética, na base da empresa, nos Diretores Superintendentes, nas diversas empresas, por onde entravam os pedidos de doagdo para a campanha, Entdo, a partir desses pedidos, voce fazia uma consolidagdo dentro de uma empresa € uma consolidacdo dentro da outra empresa, sentavam- se 05 lideres empresariais ou os Presidentes das empresas para a nomenclatura externa © consolidava-se esse valor a ser doado. Era dessa maneira que funcionava. JF BRUNO LORENCINI: Em relagio a esse valor para a campanha presidencial, que seria de responsabi jidade da Construtora, qual foi esse valor? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Olha, nfo havia uma definigdo a ‘montante, porque, como 0 Marcelo cuidava dessa doacdo, a gente fazia o pacote de doacao para o Brasil todo nos nfveis de governador, senador, deputado federal. Quando se fechava 0 volume, 0 Marcelo definia quanto seria 0 volume a ser doado 4 campanha presidencial. Nao era uma discus Nao era uma definigéo nossa, dos Presidentes, de quanto se doaria & Presidéncia... is candidaturas & Presidéncia daquela data. JF BRUNO LORENCINI: E quanto foi esse volume? SR. RENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Que en: me recorde, a doagio total da Odebrecht em 2014 foi de cento € vinte milhdes. Eu ndo sei quanto disso saiu para cada partido porque no controle o final. Entao, ndo tenho de cabeca, Doutor. JF BRUNO LORENCINI: E esses cento e vinte milhdes englobando todas as campanhas? De governador, também? PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Todas as campanhas: de Presidente, Governadores, Senadores, Deputados Federais e Deputados Estaduais. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Esses cento e vinte milhdes de doagio oficial? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Doacio oficial. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Caixa 1? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: al MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Envolvendo, como o senhor esté dizendo, todos os partidos? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Todos os partidos e candidaturas. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: E candidaturas. JF BRUNO LORENCINI: E 0 senhor corsegue definir, desses cento ¢ vinte milhdes, 0 que foi da Construtora s6 para a presidencial? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao_ consigo. Até porque néo era uma coisa que eu acompanhava pessoalmente, Entdo, eu ndo me interessava por ele. JE BRUNO LORENCINI: O senhor s6 recebia a comunicagdo do Marcelo de quanto seria’? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: De quanto ele retirou dos cento & vinte para fazer a doagio oficial. JF BRUNO LORENCINI: Esse niimero 0 senhor nao tem...” SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nav tenho de cabeya. JF BRUNO LORENCINI: E tudo isso como doagiio oficial? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Oficial. JF BRUNO LORENCINI: O senhor sabe que hé outras construtoras, outras empreiteiras que verificamos na Lava Jato. Um dos fatos que ocorreram eram doagdes eleitorais que tinham algum tipo de vinculago com pagamento de valores em contratos — propia, exatamente. Isso ocorria na Construtora Odebrecht? PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao. A gente diferenciava muito claramente. A doagao oficial, caixa 1, era tratada como uma doagdo institucional. A gente se afastava de qualquer vinculagdo para evitar qualquer contaminag3o do relacionamento. Era ‘uma coisa institucional para criar relagdo, para ter a confianga das pessoas. Toda essa parte, se acontecia, acontecia fora desse caixa 1 JF BRUNO LORENCINE: O senhor comentou 0 caixa 1. Existia caixa 2 provindo diretamente da Construtora? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Existia caixa 2 € nao provindo diretamente da Construtora porque nés tinhamos uma érea de operagio estruturada que trabalhava na gesto e na montagem dos recursos necessérios para prover caixa 2, Doutor. JF BRUNO LORENCINE: Como funcionzva essa sistemst SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: acompanhar isso. Tinha uma pessoa especifica que cuidava. Nao era uma atribuigo. minha JF BRUNO LORENCINE: Era quem? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Era Hilberto Silva, que era 0 lider dessa dea de operagdes estruturadas. E, pelo que eu depreendi ao longo desse... Esse era um sistema que a gente ndo vivenciava no dia a dia. A gente fazia os pedidos, usava 0 dinheiro, mas no eonhocia a montagem de como izse acontecia. Pelo que eu entendia, eram feitos contratos no exterior que geravam esses recursos. Esses recursos ficavam lé fora e, depois, eram intemalizados através de doleiros que trabalhavam para a érea de operagdes estruturadas da Odebrecht, colocados & disposigio para uso no Brasil. JF BRUNO LORENCINE: E, no caso, como funcionava a responsabilidade da Construtora com esses valores de caixa 2? Tinta algum tipo de vineulagao com a Construtora? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao. Na realidade, esse dinheiro era gemdo If fora & no momento em que alguém da Consteutora usasse, em qualquer nivel, ele era debitado da rea que usou, no montante que foi colocado, com uma taxa de custo, para que a pessoa no usasse isso com muita frequéncia, Entdo, tinha um dnus de uso, mas era feito dessa maneira, MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Aqui proponho divisdo em duas partes. Primeiro: como essa conta era “abastecida” e, depois, como ela era “utilizada”. A sua tiltima resposta PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) agora foi no que se refere & utilizagdo, Gostaria de comecar pelo abastecimento. Como a Construtora, especificamente, participava do abastecimento dessa conta? Ou no havia um abastecimento prévio para usar depois? Era apenas um débito posterior? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao havia um abastecimento prévio porque, primeiro... Eu explico ao senhor: a minha operagdo era Brasil, e a gente nao fazia geraciio de caixa no Brasil como regra, Essa geracio era toda feita fora do Brasil. Entio, nao era uma coisa que eu operava com as minhas obras ¢ falava “vamos — como a maioria das empresas fazia — gerar um contrato ficticio, pega o dinheiro”, e 0 cara me devolve. N6s nao faziamos isso como via de regra, Era uma cegra imposta por nds, pelos executivos, para no contaminar as obras nessa relago, que era uma relagio nao adequada para a formagio das pessoas. Entio, isso tudo era feito lé fora © eu nao participava do dia a dia, Ministio. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Entio, no abastecimento, o senhor niio sabe...? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Eram vérias rotinas. O que eu tentei explicar para 0 senhor era essa construgio de contratos Id fora de prestagdo de servigos, alguma coisa que gerava o recurso e alguém transferia o dinheiro entre as contas que a Odebrecht manipulava Ié fora, mas eu ndo participava, ndo tinha controle sobre isso. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Certo. Entao, agora, uma pergunta sobre 0 uso desses recursos pela propria Construtora, que era exatamente 0 que 0 senhor estava explicando, SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Obviamente, o nosso m caixa 2 cra uma metodologia onde o exceutive que tinha uma imposi pagar caixa 2, pagar propina, acionava 9 sistema através dos operadores intemos que tinhamos — ou 0 Hilberto, ou © Luiz. Eduardo ou o Femando Migliaceio -, ¢ dizia a ele: eu preciso me comprometer a fazer um pagamento de X em tal data, em tal lugar. Essas pessoas programavam; naquela data X ele informava 0 executivo: “Esta liberado esse dinheiro em tal data; me diga onde vai entregar, para quem vai entregar, qual o enderego, se hé algum codinome para receber, como vai ser feito.” Essa era a metodologia de uso desse recurso, Doutor. de uso de jo de demanda para JF BRUNO LORENCINI: E 0 senhor recebeu algum tipo de demanda nesse sentid SR. RENEDICTO RARROSA DA SILVA JUNIOR: Véirias veves, virias veves ao longo, da minha carreira, JF BRUNO LORENCINI: Especificamente em relagdo a 2014, 0 senhor lembra de ter recebido demandas? PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao me lembro, Eu tenho um fato de que talvez Marcelo possa ter falado ontem, ndo tenho certeza: 2014 foi um ano muito dificil para mim. A minha esposa fez uma operagdo de cincer em maio e passou a fazer um tratamento de quimioterapia semanal, que faz até hoje. E eu tirava dois terca, que ela fazia quimio, e a quarta, que era pds ~ para me ausentar da Construtora € 0 Marcelo tocava 0s assuntos com os meus executivos. Entio, se houve pedidos a mim, vieram através dos meus executivos ou do préprio Marcelo. Entao, fiquei um ano bastante ~ continuo até hoje, mas hoje estou licenciado... Foi um ano bem dificil para minha gestdo no dia a dia da Construtora. da semana - toda JF BRUNO LORENCINI: Mas essas demandas que 0 senhor recebia eram provenientes da rea politica? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: A maioria das demandas era de drea politica. Era um ano de campanha; as pessoas procuravam a Construtora para se preparar para fazer doacées de campanha. JF BRUNO LORENCINI: Entre essas demandas, o senhor consegue especificar algumas? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Como eu no cuidava de campanha presidencial, as que me recordo sao todas do ambito dos estados. Nos meus relatos para a ‘minha colaboragao, estao todas li dentro, sao sessenta relatos, Doutor. JF BRUNO LORENCINI: Todas provenientes de.. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: agentes piblicos que me pediram. de doagoes, ou de propi MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Para entender um pouco mais o funcionamento dessa conta — nao quero chamar de conta-propina porque ontem o Marcelo Odebrecht explicou que ela nio era apenas para propina, essa conta era usada também para resgate de... jv © livemus SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Eu perdi unt funcio que pagar no Iraque um recurso express'vo, trezentos ou quatrocentos mil délares para resgatar 0 corpo dele. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Sim. Mas, enfim, em termos de caixa 2 e de propina era de 1d que esses recursos saiam. O senhor poderia me explicar melhor como & que funcionava? O senhor disse que tinha uma espécie de taxa para desestimular 0 uso. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Na verdade, 0 que faziamos era: no ‘momento em que o executivo recebia a demanda do pedido de pagamento de propina, e ele PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) entendia que isso era importante, ele ia ao setor de operacdo estruturada e pedia para que fosse planejado esse pagamento. E esse pagamento, quando era executado, a cada ano. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Mas primeiro teria que ser autorizado pelo senhor. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: ‘or mim, passava por mim. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Tudo passava pelo senhor. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Todos que eram ligados a mim. Poderia vir alguém ligado a outra pessoa, mas os que eram ligados a mim, da Construtora, passavam por mim, MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Eu pergunto 0 seguinte: 0 senhor, como presidente ~ embora no fosse essa a denominago na empresa ~ da pessoa juridica, da Construtora, eu imagino que qualquer pedido da caixa 2 ou propina tinha que ser aprovado pelo senhor. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Até um certo nivel era autorizado por ‘mim. A pessoa vinha, me explicava, me dava o nome da pessoa, e eu encaminhava: “olha, pode procurar 0 setor 14, 0 pessoal vai...” Invariavelmente, 0 setor, ao ver que era um executivo diretamente ligado a mim, nao me procurava para saber se eu tinha autorizado, porque ele sabia que aquela pessoa tinha a “ninha confianga para procuri-los para programar, ‘mas funcionava com autorizaga0 minha, Doutor. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: © que para mim istema de autorizagdes dentro da propria Odebrecht. O senhor tinha liberdade para autorizar propinas, por exemplo, sem pedir autorizagdo ao presidente da holding? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Tinha. Todos os Presidentes tinham essa autonomia, MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Sem limitagio de valor? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: A limitagio era muito calcada no resultado do meu negécio. Se meu negécio desse resultado, eu tinha algum bom senso de que 6 resultado nfo poderia ser comprometida pelo volume de propina. Entfo, tinha uma lgica: se eu no tenho resultado, eu no posso pagar a terceiros, se eu nfo estou gerando resultado, Endo, tinha uma certa aquiescéncia do bom senso das pessoas. Eu tinha trinta e dois anos de empresa, entdo, as pessoas me conheciam, sabiam o nivel de confianga que eu trabalhava, e os ‘meus executivos também tinham vinte e cinco, vinte, trinta anos de empresa. Entdo, havia uma certa delegaedo, mas eu fazia com autonomia, sem Marcelo precisar autorizar. 10 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) MINISTRO HERMAN BENJAMIN: E isso também ocorria nas outras empresas do grupo? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Eu acredito que sim. A Odebrecht, ‘um pouco delegacio muito grande para gerir desde a obra: 0 meu executivo que estava a frente daquela obra tratava aquilo como se fosse uma pequena empresa onde ele era o presidente daquela peauiena empresa, com CNPI especifico — era aberto e fechado para aquele negécio. Subia para o superintendente, que somava algum grupo de empresas, e vinha para mim. Entao, acredito que nas outras empresas as pessoas também tinham o mesmo nivel de delegagdo que eu tinha — no era porque eu tinha trinta e dois anos ou porque cuidava da Construtora que eu tinha mais delegago que os outros. srente das outras empresas, era muito descentralizada. EntZo, nés tinhamos uma MINISTRO HERMAN BENJAMIN: E 05 que estavam abaixo do senhor tinham delegagao, para, sem consulté-lo, pagar propina ou caixa 2? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Ele tinha autorizacdo minha para combinar e, que eu me recorde, nunca o que foi combinado eu desautorizei. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: S6 quero saber se, por exemplo, essa microempresa, aquela que estava lé na ponta. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Uma obra, um CNP especttico MINISTRO HERMAN BENJAMIN:Um CNPI especifico, Pager... um fiscal da Prefeitura, vai SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Um jantar, uma viagem. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Um jantar, uma cerveja, uma viagem de lua de mel para o casal, precisava de autorizacao sua? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao. Normalmente, esse tipo de despesa € coniqueira, & una despesa corrente de obra. Entdo, ele ja tinlra unt CR pronto para esse tipo de despesa, que € uma despesa que, na nossa visio, néo era uma corrupeéio, era criar uma condigio préxima aquela pessoa. Nio era o sujeito vir aqui pegar dinheiro ~ pegou fie giciae rl cents © leet pea les que € wns Eoerippesa Fl en ici si pinics tetiasiadoria corrupedo: uma passagem aérea no deixa de ser uma corrupedo, mas ele no era tratado por ‘nds como isso, era uma forma de se aprox mar da pessoa. Mas ele tinha delegagdo, Doutor, respondendo a sua pergunta objetivamente. i PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) MINISTRO HERMAN BENJAMIN:0u seja, a delegacao, na Odebrecht, era desde, digamos, os principais executivos presidentes, como no caso da Construtora, até 0 nivel mais baixo. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Era uma delegacao, era uma forma de... Para nés, isso era uma visio de que o cliente tinha a resposta para os seus problemas. Esauecendo a questio da cornu eu tenho problemas na obra, no dia a di se vocé tem uma empresa centralizada vocé tem que parar ¢ falar para o cliente: “Olha, eu vou. 4 na minha sede pegar o grupo técnico, sertar para discutir.” Nés montivamos essas equipes de obra com uma capacidade aut6noma para tomar decisdes, para que o cliente... Parou 0 microfone: “Eu preciso ir na ld na sede perguntar se eu posso trocar 0 microfone.” O sujeito tinha autonomia; ele avaliava o resultado: “Eu posso trocar © influenciar no meu resultado. Muito pelo contrério, vai melhorar resultado porque eu vou rapidamente dar resposta.” Ent, genericamente, era isso que aconte lena rofone porque isso no vai MINISTRO HERMAN BENJAMIN:Isso historicamente sempre SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Sempre foi assim, Eu tenho trinta dois anos e quando entrei ja era assim. E uma cultura que plantada pelo Doutor Norberto. MINISTRO HERMAN BENJAMIN:Esrecificamente no que se refere ao pagamento de caixa 2 — porque 0 nosso foco aqui é propina e caixa 2 — na elei¢ao de 2014, embora nos intoresce entender ov mocanicmos de funcionamento da eatrutura como um todo. O que ot ‘queria saber & em relagdo a esses pagamenios que eram feitos, a liberdade de cada executivo cera porque esses pagamentos ~ caixa 2, por 2xemplo ~ estavam ligados a resultados concretos, 6 isso? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Se fosse uma propina do projeto em i, obviamente, quem estava recebendo estava recebendo porque iria entregar alguma coisa. Quando nés falamos de eleigao, € um pouco mais complicado. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Estou me referindo ao caixa 2 da campanha do Vereador ~ jé nao seria com o senhor ld embaixo, seria muito mais, SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Desculpe, Doutor, ndo necessariamente. O que acabava acontecendo? A metodologia que eu expliquei ao senhor da formagio, da necessidade do volume de doagdes da Odebrecht, normalmente ela chegava a um volume... Nao sei se € esse o volume de 2014, mas vamos supor um nimero: eram duzentos milhdes. 12 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) A gente definiu entre os Presidentes, com o acionista, que iriamos fazer uma doacao oficial de cento e vinte, porque nao queriamos uma exposigdo grande, no queriamos ser um grande doador, querfamos ser 0 quinto, sexto ou o quarto. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Isso foi explicado ontem pelo Marcelo Odebrecht, Exatamente isso. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Mas as demandas continuavam sendo de duzentos milhdes. Entdo, a gente recorria a duas alternativas: buscava um terceiro que pudesse doar em nosso nome, caixa 1 oficial, mas fazendo a doagdo em nosso nome; ou 0 ‘xa 2 do qual a gente dispunha com clguma facilidade porque tinha um sistema que alimentava isso com alguma tranquilidace. Entio, era feito dessa maneira, 0 que ndo necessariamente implica que o que era caixa 2 ou caixa I de terceiros fosse alguma coisa combinada de propina. Era uma doagio institucional que a gente estava fazendo, s6 no queriamos fazer um volume de duzentos mithdes para néo ficar um grande doador e passar na frente de um monte de gente que gostava de doar e ficar num niimero 1é em cima. Entio, essa era.a diferenciacdo, MINISTRO HERMAN BENJAMIN: A minha pergunta se referia muito mais ao entendimento do porqué de liberdade to grande. Nas outras empresas — todas suas concorrentes, e nés ouvimos algumas delas aqui mesmo -, havia uma centralizagao muito grande tanto do caixa 2 como da propina. © que estou querendo entender € qual o critério utilizado, além do tempo de casa, que tem um téenico de alto nivel como o senhor, que esté Id hi trnta e tantos anos, a empresa tem uma confianea, no €? Mas, além disso, para ser uma confianga tio verticalizada em todos 0s ni da vinculagdo quando eu perguntei se havia percentual. O senhor disse que da obra. Era isso mesmo? Nao sei se estou sendo claro, 1 acho que, antes o senhor mencionou a questio 10, que dependia SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Esté clara a sua pergunta. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: £ que a minha érea € a do Direito, nio sou da Engenharia. Entéo, aqui, certamente, vou estar utilizando nomenclatura que niio € correta, (© que quero entender ~ ¢ ai, evidentemente, nao é para as eleigdes estaduais nem municipais = 6 como funcionava o sistema nesta empresa. Ontem, 0 Presidente da holding explicou isso que o senhor esti dizendo, mas, hoje, ao repensar em tudo que foi dito Ii, nfo ficou claro para mim: por que a Odebrecht tinha essa liberdade quase que absoluta, mas entre ites, evidentemente, dada aos seus executivos? exatament SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Veja: primeiro, a palavra-chave aqui € delegagio, havia uma delegagdo planejada. As pessoas foram treinadas, ao longo de vinte, trinta anos, ¢ a gente conhecia o perfil. Segunda coisa: nem todos tratavam com caixa 2, ou 13, PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) seja, nem todos tinham acesso ao sistema ce caixa 2, nao era uma coisa generalizada. Havia um grupo de pessoas que aquele projeto demandava, No eram todos os projetos que participavam. Entdo, vocé conhecia essas pessoas ¢ elas tinham livre delega MINISTRO HERMAN BENJAMIN: $6 para ter uma ideia: na Construtora, quantas pessoas se envolviam diretamente seja com caixa 2, seja com propina? O mimero exato o senhor no vai ter nunca, SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Eu no consigo precisar, mas 0 que eu posso dizer ao senhor? O Presidente, que sou eu — ou era eu, € os meus oito Diretores Superintendentes com cetera, Provavelmerte, abaixo dele, eles tinham algumas pessoas que ‘operacionalizavam isso para eles. Nove pessoas com certeza, mas no con baixo. precisar para MINISTRO HERMAN BENJAMIN: E meio impossivel, porque o senhor disse que essas pequenas frentes de trabalho — vamos chamar assim — tinham CNPJ proprio e tinham alguma liberdade, ou seja, havia uma linha oficial, que era 0 senhor ¢ os seus oito... SR. BI DICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Oito Diretores Superintendentes, MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Desois, havia uma outra avenida que era a daquelas frentes de obras especificas. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Dos projetos onde houvesse a demanda. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Onde houvesse a demanda. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Esté claro. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Eu lhe agradego. Isso niio tinha ficado claro ontem, JF BRUNO LORENCINE: St. Benedicto, até para entender ainda unt pouquinho: imagine 0 senhor, como Presidente da Construtora, que havia naturalmente projetos. Quais teriam sido os grandes projetos a partir de 2013 de que a Construtora participou? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Uma coisa interessante € que a gente tinha, no meu caso, uma aversdo a0 Governo Federal por uma questdo dbvia. O Governo Federal nos obrigava a trabalhar com 0 CGU. O OGU era uma pega de ficgao cientifica, apesar de terem criado o PAC para tentar sistematizar os pagamentos, organizar os Pagamentos e fazer uma coisa mais clara... Orgamento Geral da Unido. 14 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) Entao, a grande obra federal que eu executei foi ~ e que esti sendo executada ~ 0 Submarino Nuclear. A partir dat: metrds ~ So Paulo e Rio de Janeiro -, aeroportos privados - 0 Galedo, especificamente. Aqui no Rio de Janeiro: o Parque Olimpico em PPP. O ano que 0 senhor buscou, especificamente, fizemos uma mudanga de 2011 e 2010, fugindo um pouco de obras piiblicas e tentando entrar em projetos estruturados, onde a demanda por capital envolvia que © privado comparecesse com garantias, que trouxesse dinheiro para os seus 30%, 40%. Entio, foram poucos proietos piiblicos na aceneio da palavra. A maioria eram os PPPs: PPP de rodovias, como a BR-163, 0 Aeroporto Galedo; aqui, 0 Parque Olimpico, 0 VLT, que esta implantado aqui no Centro do Rio de Janeiro, a Transolimpica. Em Sao Paulo, os dois metrds: alinha 5 e a linha 6, que esté em construgac. Quatro arenas da Copa do Mundo, que jé tinham sido contratadas em treze: Pernambuco, Bakia, Rio de Janeiro e Sao Paulo, s grandes projetos eram esses, Doutor. JF BRUNO LORENCINE: Nesses projetos. 0 senhor falou que Federal foi apenas 0 ‘Submarino. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: O Submarino Nuclear JF BRUNO LORENCINI: E as demandas que surgiam nesses projetos, por parte de construgao, de se disponibilizar caixa 2 para manutengao de apoio politico, existiam nesses projetos? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao. Nos projetos, quando tinham, demanda, era eapecificamente a propina na acepgio da palavra de alguma pessoa com interesse no projeto. Politicamente, excetuendo-se 0 Submarino Nuclear, que tem um relato especifico de um pedido politico, nao houve. JF BRUNO LORENCINI: Porque nés, 20 longo do processo, vimos muitas situagdes de acerto de propina na contratagiio, quer dizer, de percentuais, valores que teriam de ter sido pagos a determinados agentes da propria empresa, a Diretores da propria empresa, ou & parte Politica, Nos contratos de obra da Odebrecht, isso no foi uma pratica? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao. Existia a pritica e os relatos trazem isso, no que fazem parte da minha colaborago: os que esto relatados 14, Doutor. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Estamos interessados s6 naqueles que tém contribuigdo federal, ndo exclusiva, porque & exatamente a contrapartida “difus chamar assim -, nao tao direta como de uma obra de um governador. Entdo, no estamos interessados aqui em governadores. Queremos saber quais eram as contrapartidas que no fossem diretas, mas indiretas, para doagdes caixa 1 ou caixa 2 na eleigdo presidencial, por meio de projetos da Construtora. = vamos 15 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) A pergunta que eu devia ter feito antes é: 0 que representava a construtora no perfil da holding? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Numa conta genérica, eu representava 20% da receita da Construtora, ¢ a Construtora representava 40% da receita do grupo, o que me fazia ter 8% da receita do grupo. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Mas 20%... SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: ... 20% da Construtora, porque eu tinha meus companheivos que tabalhavam ou na Petrobras... A Petrobras ago cra minha responsabilidade, Havia um companheiro que cuidava de Petrobras. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Belo Monte tampouco? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Belo Monte, sim. Mas Belo Monte era um conséreio onde eu tinha 16%. Entdo, era um volume, comparativamente com o restante que eu fazia no Brasil, pequeno. Entao, 20% da construtora, onde eu era um quinto; eu tinha companheiros que cuidavam de Petrobras ¢ tinham trés que cuidavam ca América Latina € do resto do mundo, que representavam os outros 80%. E nés representévamos 40% do grupo genericamente, © que me dava 8% da receita do grupo. Eu faturava oito bilhdes/ano — coisa desse tamanho. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Mas se levarmos em consideragio apenas 0 faturamento nacional da holding, a sua construtora representava 0 qué? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nunca fiz essa conta, MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Nac? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nav, snunca, porque... MINISTRO HERMAN BENJAMIN: O senhor é engenheiro. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILYA JUNIOR: Eu me comparava com os meus concorrentes ¢.. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Ji houve aqui — no me lembro qual deles, um presidente, acho que da Camargo Correa — advogado. Depois € que vim a saber que era 16 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) advogado, mas nada contra nés, em matéria de mimeros ~ 0 senhor sabe -, & excegao possivelmente do seu advogado, nds ndo temos grande habilidade com nimeros. (O senhor nio tem ideia? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nio, nunca fiz essa conta. Eu fazia sempre a conta relativamente ao grupo para me posicionar em relacio aos outros presidentes, mas nunca em relagdo a quanto era no Brasil. Por exemplo, se o senhor pega 0 meu companheiro que cuidava de Petrobras, el2 tinha Petrobras no Brasil e no exterior; entdo, ‘nunca fazfamos essa divisio, Ele tinha Petrebras; entdo, para mim, o nimero dele era 25%, Eu ‘nunca me preocupei em tirar do que era exterior dele para comparar com o meu e somar com ‘quem tinha Braskem, com quem tinha érea de élcool ou drea de incorporagio... Nunca fiz essa conta com sinceridade. JF BRUNO LORENCINE: E, por isso até. 0 senhor mencionou Belo Monte. Quanto a Belo Monte, os senhores participaram da parte da construcio também? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Participamos da construgio. JF BRUNO LORENCINE: E aquela pergunta que eu tinha feito para o senhor em relagdo & existéncia desses acordos de distribuigao de percentuais sobre contratos... Em Belo Monte isso existiu? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Ele faz parte de um relato completo. Nao é meu © relato, porque é de um executive, ja que Belo Monte veio para mim depois de contratada — havia uma outra 14 que cuidava s6 de energia, que foi extinta— para eu concluir a obra. H4 um relato especifico de um companheiro meu, no tive acesso. Conhego genericamente, mas no tive acesso ao detalhe da conversa politica dele. JF BRUNO LORENCINI: Entendi. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Belo Monte interessa diretamente. Belo Monte esta vinculada nos outrus depoimentos ~ aio da Odebrecht — se udu com ay eleigGes presidenciais, ‘mas com percentuais pagos a partidos politizos, especialmente ao Partido dos Trabalhadores a0 PMB. Enttio, se o senhor puder dizer o que sabe a respeito de Belo Monte, interessa aqui diretamente SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Veja... Quando recebi o projeto, foi- me informado que havia alguns compromissos assumidos Ia na partida. E esses compromissos estavam destinados a dois partidos, sendo que um dos partidos... Havia uma orientagdo de Marcelo de que nao deveriamos fazer as contribuigdes — era o PT. E 0 PMDB tinha as pessoas, 7 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) ‘que tratavam Id com os executivos anteriores a mim. O que conhego do assunto é isso. Nao houve nada ao PT especificamente feito por Belo Monte por orientagdo do proprio Marcelo. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Mas em relag3o a0 PMDB houve? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Houve e esta nos relatos das pessoas. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Nio lembra, no perfodo em que o senhor recebeu Belo Monte, a quem foi pago e quais os valores? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Os nomes das pessoas so os que estdo circulando a, Se ndio me engano, foi combinado através do Doutor Edson Lobao € reve ‘um outro, um deputado ou um ex-deputade, que posteriormente ao Doutor Edson Lobio foi ‘quem recebeu em nome do PMDB — um deputado do Pard. Essas foram as duas pessoas cujos nomes eu ouvi, Doutor. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Esti bem. E, na sua empresa, quem fazia esses pagamentos? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: A pessoa que fez 0 relato, que tinha... Porque isso ja veio acordado quando a obra foi passada para nés. Entao, havia uma pessoa que administrava, esses pagamentos jé estavam combinados. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: E quem era a pessor SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Anterior a mim, 0 Henrique Valadares, que era o lider empresarial, ¢ posteriormente 0 Augusto Roque, que tem o relato sob sigilo. JF BRUNO LORENCINI: E esses valores 0 senhor sabe até quando foram distribuidos? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Eu acho que a ditina parcela foi pag antes da eleigio de 2014 — que eu me lembre de cabega. Nao tenho detalhes porque nao li 0 relato do meu companheiro. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Entio, 0 senhor no tinha controle desses pagamentos? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao, porque estava combinado. Se fosse um pagamento novo, iriam a mim para eu autorizar, mas eram pagamentos jé autorizados. Entdo, eu no controlava porque estava dentro do orgamento de Belo Monte. 18, PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) MINISTRO HERMAN BENJAMIN: E esses valores saitiam, portanto, da. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Seriam pagos pela operagi0 estruturada e depois debitados ao centro de custo de Belo Monte, da Odebrecht. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Ou seja: & construtora, SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: A construtora. JF BRUNO LORENCINI: Dentro desse setor de operagao estruturada... Porque ontem, num dos relatos do Marcelo... demanda-se que envolvesse, no primeiro momento, o PT, mas, no segundo momento, apenas a campanha Dilma e Temer. Era resolvido pelo Marcelo de forma centralizada numa conta corrente, Essas demandas que surgiam, por exemplo, desses acordos jd existentes, como foi o caso de Belo Monie, como eram pagas? De onde safa esse dinheiro? ‘Qual era a fonte para pagar? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: S6 para ajudar 0 nosso racioefnio, Doutor. Eu afirmei — tenho quase certeza — que nao foi pago nada ao PT por Belo Monte, O PMDB era uma conta especifica da obra, uma despesa que foi combinada e foi debitada a obra. Entdo, nao tinha um acompanhamento para o PMDB. Eu enxergo dessa maneira. JF BRUNO LORENCINI: Entendi. Isso era pago conforme 0 faturamento, conforme a evolugio da obra? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Eu acredito que no caso da Odebrecht ‘n6s no pagamos de acordo com o faturamento. Houve uma demanda durante um perfodo de 2011 © 2012 & houve em 2014 para a eleigio. Nés nunca fizemos um pagamento em cima do percentual. Foi isso 0 que eu ouvi do meu executivo, mas eu nao lio relato dele. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Poranto, houve pagamentos em 2014? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: bu acho que houve pagamentos em 2014 para o PMDB, mas nao tenho certeza porque nao li o relato. Eu tenho quase certeza de que foi feito. Por isso acho que hé um ex-deputado que foi a pessoa que procurou o meu executive, levado por um executive da Andrade Gutierrez. JF BRUNO LORENCINI: S6 para esgotar esse tema: o senhor se recorda se a campanha, no caso, era estadual, presidencial? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao, no me recordo. 19 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) JF BRUNO LORENCINI: A exemplo da Belo Monte com acordos que estavam estruturados, & época em que a Odebrecht tinha que quitar, existiam outros casos vigentes? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Que cu me lembre, nao. A nivel federal, nao. JF BRUNO LORENCINI: A nivel federal no? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao. JF BRUNO LORENCINI: O senhor tinha como seu subordinado o Sr. Alexandrino? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Alexandrino funcionalmente estava ‘na minha estrutura por uma questo, vamos dizer assim... Ele era uma pessoa de bastante dade e Marcelo tinha dificuldade de relacionamento com ele porque ele era uma pessoa muito repetitiva. Entio, quando o Marcelo assumiu ele falou: "Vocé se incomoda de colocé-lo ‘na sua estrutura? Ele trabalha para a empresa inteira, ele faz 0 apoio institucional pol focado principalmente no PT.” Eu falei: “no tem problema, eu 0 coloco funcionalmente na minha estrutura eas pessoas vio demando para ele.” Ele se relacionava comigo funcionalmente. JF BRUNO LORENCINE: O senhor sabe, em relacao a essas demandas de caixa 2, qual era © papel que ele desempenhava? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Acho que © papel dele era similar ao dos meus executivos quando montavam a campanha. Ele recebia uma série de demandas e, como ele ndo era uma frea geogréfica de um diretor superintendente, ele trazia as demandas que eram discutidas, € se fossem importante para a organizacdo eram colocadas no rol de doagdes a fazer, quer seja caixa 1, 0 caixa | de terceiros que nés usivamos, ou 0 caixa 2, Era assim que funcionava, doutor. JF BRUNO LORENCINE: Esse “terceiros” era ele que administrava? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SI administrava porque era uma pessoa da VA JUNIOR: 0 “terceiros”, nao. O “terceiros” eu ‘na relagdo, que era o dono da cervejaria Itaipava. JF BRUNO LORENCINI: Além da Itaipava, havia mais alguma como terceito? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Que eu me lembre havia uma empresa pequena que se chamava DAG. Acho que foi uma segunda empresa que nds usamos com valores bem menores. 20 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) JF BRUNO LORENCINE: Obviamente que para a empresa, para a Odebrecht, era importante que © donatério, quem estivesse recebendo a doagdo soubesse que a origem daquela doagdo, embora estivesse em nome da Itaipava, vinha da Odebecht, sendo nao faria sentido que fosse utilizado esse mecanismo. Nao é isso? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Com certeza. JF BRUNO LORENCINE: Entao, no caso desses pagamentos via terceiros que tenham ocorrido na campanha de 2014, 0 senhor pode relatar algum? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Que eu me lembre, nio, Como ew expliquei ao senhor, 2014 foi um ano complexe para mim operacionalmente. Mas ocortia © seguinte: no momento em que havia o caixa 1 limitado por um volume e havia 0 caixa 1 de terceiros, definia-se quem seriam as pessoas que iam receber caixa I de terceiros. Pegava pessoa que recebeu 0 pedido e pedia-se a ela que procurasse o pedinte, o suplicante & informasse a ele: "Olha, parte da sta doacao vai vir oficialmente da construtora ¢ a outra parte vird oficialmente de um terceiro que nés vemos nominar, vamos dar 0 CNPI, até porque nés vamos precisar do seu recibo para entregar para quem doou em nosso nome.” Ent, era dessa ‘maneira que funcionava, mas no me lembro de cabega agora. JF BRUNO LORENCINI: E 0 terceiro era reembolsado? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: 0 terceiro era reembolsado numa conta que eu tinha com o dono da Itaipava. JF BRUNO LORENCINI: Ontem foi relatado pelo Marcelo um episédio em relagdo a um pleito, a uma demanda de caixa 1 que teria partido, conforme relato do Marcelo, do Ministro Guido, de partidos menores que precisavam de caixa 1 de doagao € que isso acabou sendo viabilizado por intermédio de terceiros. © senhor se recorda desse epis6dio? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao participei dele. Eu conhego 0 assunto porque jé foi me informado. Provavelmente, no momento em que o Ministro Guido fez v pedido a Maelo, se definitam quais eam os partidos, quais eram os volun 2014. Isso foi encaminhado para um dos executivos, ou o Luis Eduardo, que encaminhou & Itaipava para dizer: “Preciso que vocé doe a esses partidos em nome da Odebrecht”. Mas eu nia participei desse evento, en no estava nem nas reunivies nem teatei cam as partides, Doutor. JE BRUNO LORENCINI: Mesmo sendo o senhor que tinha essa relagao com a Itaipava? 21 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILYA JUNIOR: © que acabava acontecendo? Na formaco do volume de doagées que a gente ia fazer, quando se fechava 0 valor oficial nosso ~caixa 1 Odebrecht -, 0 que sobrava ficava entre terceiros © caixa 2. Eu era responsavel por procurar o dono da Htaipava, pela relago de amizade que eu detinha com ele, e dizia: “Eu preciso que vocé me ajude na eleiga0 com quarenta milhGes. Faga uma avaliacdo, se hé disponibilidade no seu caixa, na sua capacidade de doacio eleitoral para ver se os limites esto atendidos.” E ele voltava para mim e dizia: “Eu consigo fazer os quarenta.” E, af, o que a gente fazia? Encaminhava uma lista de pedidos dos doadores e dizia: “E para esses doadores que voce vai fazer.” Ent, no demandava eu procuré-lo para aprovar para doador “A”, doador “B" ou doador “C”. Eu nio fazia isso. JF BRUNO LORENCINE: Sim, o senhor jé deixou ali um valor disponivel? SR, BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Um valor disponfvel, era um ‘montante disponivel JF BRUNO LORENCINE: E 0 senhor sabe, nessa operagdo dos partidos menores, especificadamente, quem que se responsabilizou ali? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao sei. Eu nao sei, Doutor. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: A Itaipaya recebia alguma comizsio? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao, nao. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Algum pagamento? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: 0 que acontece? Era uma relagio pessoal minha com ele, Eu tenho uma relagio de oito anos com o Sr. Walter e, na realidade, 0 que acabou acontecendo? Ele inka interesse em se associar com a Odebrecht ent projetos especificos. Ele achava que a cervejaria jé estava no seu auge e a qualquer momento ele iria vendé-la para uma empresa intemacional. E ele queria que eu identificasse projetos, na érea de energia, na frea de transportes, onde ele puidesse se associat. Entdo, qual era a nossa combinagdo especifica? “Voce faz a doagdo em meu nome, a gente cria uma conta corrente; até que eu converta isso num projeto, eu te remunero por CDI, como se voc fosse um banco que esté me emprestando dinheiro. Ap6s eu pegar esse volume € transformar num projeto, a gente abate € eu me obrigo a que esse projeto em que levo voce para ser meu s6cio te dé uma remuneragao maior que o CDI que 0 banco te da 22 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) Entdo, essa era a combinago genérica que eu tinha com o Sr, Walter, Doutor. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Ou seja, era uma atividade comercial. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Atividade comercial entre privados. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Embora envolvendo caixa 2. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Envolvendo caixa 1 travestido, porque ele estava doando em meu nome. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Sim, claro ~ desculpe -, caixa 1 “travestido”. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Caixa | travestido. Ou seja, era uma burla eleitoral, se € que gente pode chamar dessa maneira. © senhor deve saber melhor... Um engenheiro nao sabe qual era.. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Nao, o senhor sabe muito bem aqui. Esté do lado de um excelente advogado. As outras empresas quais eram? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: A DAG. Que eu me lembre, a DAG — {que era uma construtora pequena de um amigo de Marcelo, que se relacionava muito com ele — fez algumas doagdes em nosso nome pequenas, nada que se comparava... MINISTRO HERMAN BENJAMIN: 0 Marcelo mencionou algumas empresas. Ele lembrou da Itaipava, mas no lembrava do rome das outras. SR, BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Eu me lembro de duas: a DAG e @ Ttaipava, Doutor. JF BRUNO LORENCINE: E essas doagdes para terceiros eram feitas normalmente para as campanhas ou para o partido? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Olha, a gente preferia sempre fazer para 0 partido, Avisava ao candidato que estava no partido, © candidato combinava com 0 tesoureiro do seu partido que 0 dinheiro viria de tal empresa e que era para ele. Mas a gente tentava fazer sempre no partido inch Doutor. ive as nossas oficiai 23 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) JF BRUNO LORENCINE Por qué? Porque isso foi uma prética assim... Todas, a maior parte das empresas fizeram questo de: “Olha, vamos fazer a doagio para 0 partido e nao diretamente para a campanha’’. Isso jé ocorreu com outras empresas. No caso da Odebrecht, tinha uma razio? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Tinha uma logica JF BRUNO LORENCINI: Tinha uma l6gica? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Tinha uma Jégica: como a gente tinha uma operacao espraiada no Brasil ~ praticamente a gente trabalhava num determinado ‘momento de pico em dezoito dos vinte © scis Estados -, nés nifo quetfamos ser pegos em assimetria. Entio, se eu doasse para 0 Doutor Alexendre Wunderlich quinhentos mil o doasse para o candidato “B” oitocentos mil, esse candidato que recebeu... “Por que para ele. Ele & mais importante para vocé do que eu? © Estado dele € mais importante para o Odebrecht?” Entao, a gente tentava nao deixar uma assimetria crescer. Entio, vocé fazendo no partido, de alguma maneira, o partido distribuia isso. Em 2014 isso acabou, vocés fizeram uma mudanga na regra e ficava obviamente explicito que aquela doagao foi direcionada diretamente pare aquele candidato vinda da companhia “A”, companhia “B”, companhia “C’. JF BRUNO LORENCINI: Mes, ainda asim, om 2014 foi mantida cosa proferéneia por doagdes para o partido? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Para 0 partido. Partido, eleicdo nacional, depois que vocé vinha para a estadual, e era muito pouco. Se o senhor pegar 0 retrospecto nosso, era muito pouca doagao estadual, para diretério estadual. JF BRUNO LORENCINI: E, mesmo no nivel federal, se buscava também evitar essa doaydv, pelo menos pelo caixa 1, porque 0 caixa 2 € outta situagiio, unas, pelo caixa 1, também se buscou sempre via diret6rio nacional? SR. RENEDICTO RARROSA DA SILVA JUNIOR: Sim, senhor JE BRUNO LORENCINI: Também nas ekigdes presidenciais? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Sim, senhor. 24 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) MINISTRO HERMAN BENJAMIN: No depoimento ontem do St, Marcelo Odebrecht, ficou muito clara a grande diferenga entre — me referindo & campanha presidencial — 0 caixa 1 € 0 caixa 2, Nos valores que foram apresentados Ié, me corrija, de cento e cinquenta milhdes, acho que no mais do que 15% teriam sido, segundo ele, de caixa 1. Este modelo também prevaleceu para as dozgdes da sua construtora para os governadores? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao, senhor. Pelo que eu entendi e fui questionado sobre uma determinada planitha que Marcelo construiu para o Partido dos Trabalhadores, n6s no operdvamos dessa maneira, até porque os pedidos de alguns governadores eram explicitos ¢ eram durante a execucao do projeto e nfo guardados para 0 perfodo eleitoral, para demandas eleitorais. Entio, no acontecia dessa mancira, MINISTRO HERMAN BENJAMIN: E acontecia como? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Ou na medida que 0 projeto evoluia, ele ja pedia o dinheiro, independente de ser doagdo também, até porque doagdo ele guardava para elei¢Zo e era uma coisa institucional mesmo? MINISTRO HERMAN BENJAMIN: E entao era propit SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Propina mesmo. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Mas, no momento das eleiges, ¢ af estamos falando da campanha oficial, © que era doado como caixa 1 ¢ © que era doade como caixa 2, que proporgdo isso tinha? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Olha, se eu nao estiver enganado, em 2014, que € um ano especifico, sem entrar nos niimeros de Marcelo, que eu néo controle... MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Até porque os mimeros dele sio s6 da eleigio presidencial. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILYA JUNIOR: Presidencial, mas foram feitos a0 longo de 2011. Tem uma l6gica dele que eu no acompanhei o desenvolvimento. Mas, em 2014, se en ni estiver enganado, foram 120 oficial, 40/50 Itaipava e 30/40 de eixa 2. Roi uma proporgdo dessa maneira que eu me recordo. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Entio, 120... 25 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: 60% oficial ¢ 0 restante entre terceiros e caixa 2. Uma proporedio muito préxima disso, Doutor, que eu me lembro de cabeca. 2014 foi um ano que eu ndo fiquei no di MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Sim, isso ja esta bem claro. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: 0.k.? MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Cero. JF BRUNO LORENCINI: Sr. Benedicto, como nds nio tivemos acesso 4 colaboragao antes, em relagio & campanha de 2014, o seahor teria algum outro fato que conste da sua colaboragao que seja relevante para a campenha de 2014? DR. ALEXANDRE WUNDERLICH: Exceléncia, tem. Consulto se esta coberto sob o sigilo ou no. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: ...(inaudivel)... coberto pelo sigilo ...inaudivel)... 0 ‘Subprocurador-Geral da Reptiblica, DR. ALEXANDRE WUNDERLICH: £ vinculado & campanha presidencial sugiro que 0 meu cliente relate MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Eu agradeco ao Doutor Alexandre e pego que fale no microfone. DR. ALEXANDRE WUNDERLICH:Exceléncia, 0 nosso papel aqui € um pouco complexo por duas particularidades: nao s6 em razio do sigilo, que € insito a colaboracao do Sr. Benedicto, mas sobretudo porque nés niio tivemos acesso ao depoimento prestado ontem. © que foi publicado pela midia, infelizmente, nos dé a entender que o aspecto foi muito amplo no dia de ontem, Entdo, com relago a0 escopo especifico da demanda aqui, eleigdes presidenciais 2014, ha relatos especificos. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Que nio envolvem a chapa Dilma e ‘Temer. DR. ALEXANDRE WUNDERLICH: Que nio envolvem. E eu consulto Vossa Exceléncia se 0 colaborador deve referi-los. 26 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Nés estamos analisando, aqui, Doutor Alexandre, um objeto delimitado nas representagdes feitas pelo PSDB, enfim, pela coalizagio de partidos, que se refere especificamente as eleigdes de 2014. Entdo, tudo que diga respeito as eleigdes de 2014 que possa ter um interesse direto ou mesmo indireto tem relevncia neste processo. Entdo, eu pediria que o Sr. Benedicto falasse. DR. ALEXANDRE WUNDERLICH: =xceléncia, reservadas as resras de sigilacdo, também a recomendacao € que seja exposto.o tema. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: DR. JOSE EDUARDO ALCKIMIN: Senhor Presidente, pela ordem. (Assentimento). Com todo 0 respeito, mas a ALI esté atrelada a verificagdo do abusos do poder econdmico e politico dos candidatos Dilma/Temer. Esse tema em relagdo a outros partidos, com todo o respeito, parece que foge um pouco ao objetivo dessa AI, porque 0 que ha na controvérsia sao atos praticados pelos representados. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Vosoa Exe Marcelo Odebrecht havia jé feito alguma mengdo a esse aspecto da outra chapa presidencial. Penso até que o Doutor Flavio quis fazer uma pergunta 14, ¢ eu 0 interrompi. Entdo, o fato j4 era do conhecimento aqui nosso. Embora tenha relevancia, vamos dizer, hist6rica, nfo tem uma vinculagdo direta com 0 objeto do processo que estamos aqui tratando, Esse ponto foi levado & colaboracdo. Bem, se jé est na colaboragaio. éneia tem raziio, Ontem mesmo o Sr. (Fala fora do microfone) MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Pois nao. DR. FLAVIO CARTANO: Oniem — eu gostaria de lembrar —, 4 levantado, foi através de um questionamento feito por mim, e houve, mais uma vez — 0 Doutor Alckmin também se posicionou, dizendo que achava que ndo deveria ser feito... E eu disse que, a0 longo de todo esse proceso, esse assunto faz parte do processo, porque compoe © nosso texto de defesa. Como a acusagao é de abuso de poder econdmico, desde 0 inicio da nossa contestagio, nés dissemos que ¢ importante saber como foram as doagdes para a chapa, wo esse assunta foi 21 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) para os representantes. Desde 0 comeco, esta na nossa defesa! Entio, isto & tema de defesa. Por ser tema de defesa, n6s insistimos que esse assunto é importante, sim, para esse proceso! SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Senhor Presidente, me permite? ‘Com todas as vénias... MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Sr. Benedicto, aaui, nés estamos no contradit6rio, aue eu asseguro mais amplo € possivel entre os advogados, porque eu, aqui, nao tenho lado. Apenas tenho um processo diante de mim. Entdo, 0 debate que esté ocorrendo aqui nao se tefere precisamente ao seu depoimento em si nto. Pois no, Doutor Alckmin. DR. JOSE EDUARDO ALCKIMIN: Eu s6 gostaria de relembrar que, na contestago, 0 que se disse foi apenas que, em relago as empresas mencionadas na Lava Jato, teria havido também doagées aos representantes, porém sem apontar qualquer tipo de vicio com caixa 2, nada disso. E eu gostaria de lembrar, porque era 0 Advogado & época, do caso Mio Santa; curiosamente, 0 Tribunal Regional do Piauf fez uma espécie de conta de compensagio. Determinou que, de fato, poderia o candidsto Mao Santa ter cometido alguns atos de abuso; porém, o seu adversério cometeu atos ainda piores e, portanto, nao cassou. Chegando 0 processo ao TSE ~ 0 Relator do processo foi © Ministro Jobim ~, essa tese de compensagdo de ilfcitos nao vingou. O TSE rejeitou dizendo que, se hé abusos do adversério, esses abusos haverdo de ser apurados na devida forma e no procedimento espeeifico, mas no trazer isco como matéria de defesa porque ilcito¢ ilfeito. Nao hé nada que possa exculpar © ilfcito por conta de uma pretensa compensagio. Faco essa ponderago porque, como Vossa Exceléncia ..(ininteligivel).. se tem a colaborago premiada, evidentemente isso poderd ser visto a devido tempo e no procedimento prdprio, Mas aqui nés vamos nos desviar para um assunto que nao & — me parece -, com todas as veri MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Ess matétia pode, Doutor Fliviv, ter relevaucia, mas niio é relevancia imediata, E se ela jé se encontra na colaboracdo premiada, e pelo que eu sei as colaboragdes premiadas esto, segundo anunciado ~ me corrija, Doutor Nicolao Dino -, pelo préiprio Mini defesa, ico Federal, em vins de divulgagiio, niio haveria prejuizo a tese de Esta € uma decisdo que eu tomo neste momento, mas, se, até o instante da fase das alegagdes finais, esses autos de colaboragdo premiada nao tiverem sido divulgados, podemos af reinguirir, se Vossa Exceléncia entender peitinente, o depoente. 28 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) DR. FLAVIO CAETANO: Entao, pelo que entendi, © senhor vai permitir que, no futuro, se iio for levantado o sigilo, nos. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: A decisio que estou tomando, agora, & de caréter pragmatico. Eu no gostaria de estender seja o Ambito da imputagio, seja 0 ambito da defesa; € 08 dois ambitos jf fo vastissimos para um humilde mortal Juiz. como eu. Eu niio gostaria de estender. Também nao é papel do Juiz limitar, em aipétese alguma, no s6 neste processo, mas em qualquer outro, as vias de defesa da parte. Entdo, a decisdo que estou tomando aqui é: neste momento, no vou prosseguir com os questionamentos acerca desse ponto porque entendo, como anunciado pelo Ministério Pablico Federal, que em breve esse material todo staré disponivel. Porém, se, no instante anterior as alegagées finais, Vossa Exceléncia demonstrar que realmente é uma tese importante de defesé, eu reaprecio naquele momento e, se reapreciar positivamente, nés podemos fazer af uma reinquirigdo por skype. © depoente no vai sair da sua casa, Talvez 0 Doutor Alexandre precise sair da sua casa para ir A sua, mas no vamos causar mais transtorno de trazé-lo aqui para nova inquirigio. Fazemos por skype ou outro mecanismo. Esté bem? Esse fato ji foi, de certa maneira, tratado en passant ontem, e eu achei que o depoente ia se referir a outros fatos. Mas ¢ s6 a esse ou a outros também? DR. JOSE EDUARDO ALCKIMIN: S6 esse, Doutor. JF BRUNO LORENCINE: Entdo, vamos passar as perguntas das partes, comegando pelo PSDB. Doutor Alckmin, alguma questo? DR. JOSE EDUARDO ALCKIMIN: Boa tarde a todos. Particularmente, nfo tenho nenhum outro questionamento, creio que as perguntas feitas jé foram exaurientes — pelo menus para mir ay ddviday foram esclarecidas. Mas nv sei 0 colega gostaria de... DR. FLAVIO HENRIQUE: Roa tarde, Fxceléncia, boa tarde, Sr. Renedicto, Mew nome é Flavio Henrique, advogado da Coligagio Muda Brasil, tenho apenas uma divida que nao consegui anotar. Qual o nome da pessoa que o senhor substituiu em Belo Monte? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Henrique Valladares. DR. FLAVIO HENRIQUE: luito obrigado. Apenas isso, Exceléncia 29 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) JF BRUNO LORENCINI: Apenas isso, Doutor Flavio? Entio, Doutor Gustavo? DR. GUSTAVO GUEDES: Boa tarde, Gustavo Guedes, advogado de Michel Temer. senhor citou ~ praticamente repetiu 0 que disse ontem 0 Marcelo Odebrecht em relagio Aiqueles pagamentos por terceiros. Vocés, na empresa, consideravam essa sistemética de pagamento como um caixa 2? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao, senhor. DR. GUSTAVO GUEDES: Quando chegava um pedido de contribuigdo financeira para vocés, 0 solicitante jé dizia a forma como ele queria receber, ou simplesmente fazia 0 pedido de dinheiro, de auxilio, para vocés? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Thegava das duas maneiras. DR. GUSTAVO GUEDES: 0 senhor pode nos, SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Chegava a algumas vezes pedia caixa 2. Quando era o“icial, nbs tentévamos di terceiro. edit de forma oficial e ir entre 0 nosso eo do DR. GUSTAVO GUEDI Entiio chegavam os dois tipos de pedido? SR, BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Perfeito, Doutor. DR. GUSTAVO GUEDES: Mas essa determinacdo sobre doagio direta pelas empresas do ‘grupo ou por via de terceiros era uma decisio de vocés? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Era uma decisiio nossa no limite do que podfamos fazer com as empresas para nio exp6-las como grandes doadoras. DR. GUSTAVO GUEDES: Certo, Em telaydo & eleigdu presidencial, o senor sabe se chegou algum pedido direto para pagamento via caixa 2? SR. RENEDICTO RARROSA DA SILVA JUNIOR: Para mim nao, eu eleigdo presidencial. DR. GUSTAVO GUEDES: Eu fiquei com uma diivida com relagdo a um termo que o senhor falou, sobre 0 PMDB, Belo Monte... Esses pagamentos que foram feitos para 0 Senador Lobo ou para outras pessoas do PMDB, isso tinha alguma coisa a ver com campanha eleitoral? 30 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Pelo que ouvi do meu executivo, que € quem faz 0 relato, ele me disse que a de 2014 foi a pedido de um ex-deputado e alegava-se ‘que era para a campanha de 2014, para algum candidato que no me foi dito 0 nome, mas, tratava-se de campanha eleitoral. DR. GUSTAVO GUEDES: 0 seu executivo é 0 Marcelo Odebrecht SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao, é 0 Augusto Roque, que cuidava de Belo Monte, foi o nome que eu disse. Eu substitui um lider empresarial que cuidava de energia, na integragdo das reas, e quem cuidava de Belo Monte, especificamente, era um exccutivo chamado Augusto Roque. Ha um elato dele sob sigilo sobre Belo Monte. DR. GUSTAVO GUEDES: O senhor pode explicar um pouco mais sobre eu entender: entdo 0 senhor substituiu Augusto Roque? so? Apenas para SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao, senhor, eu substitut Henrique Valladares. DR. GUSTAVO GUEDES: O senhor pode explicar, realmente eu fiquei com divida em relagao a isso. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILYA JUNIOR: Eu nao li o depoimento do meu executivo, Augusto Roque, € quando rece>i a obra isso ja estava combinado, que haveria contribuigdes @ serem feitas a dois partidos, 0 PT © o PMDB. DR. GUSTAVO GUEDES: O que é ‘rec obra”? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Encerrou-se a rea de energia, fechou-se — niio se justifica ter dois presidentes cuidando de infraestrutura ¢ de energia, passam-se as obras de energia para a de infraestrutura, Entio eu recebi essas obras para comegar a tocé-las com as equipes que eu tinha. DR. GUSTAVO GUEDES: Certo. SR. RENEDICTO RARROSA DA SILVA JUINIOR: Naquele momento, me foi informaclo que havia esses pedidos e me foi informado, inclusive, que Marcelo tinha dito: os do PT nao vamos fazer, ndo haverd contribuigdes ac PT. Eo meu executivo me informou que, a0 assumir a obra, ja haviam sido feitas doagdes ou pagamentos de propina sobre Belo Monte, em 2011. Volto a dizer, eu ndo lio relato, que eu me recorde era o nome do Senador Lobiio e, em 2014, a um ex-deputado que 0 procurou, levado por um executivo da Andrade Gutierrez. Foi isso que falei, senhor. 31 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) DR. GUSTAVO GUEDES: O nome do ex-deputado o senhor ndo...? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Eu nio... Qualquer coisa que eu fale aqui, estarei sendo leviano, Nao conhego ¢ deputado e nao tratei com e afirmar. entio no posso DR. GUSTAVO GUEDES: E nem Ihe foi dito qual campanha seria? Estadual, deputado, senador...? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao me foi », Doutor, DR. GUSTAVO GUEDES: Certo. Uma iltima pergunta: analisei os dados — pelo menos das empresas que eu tenho conhecimento que fazem parte do grupo Odebrecht ~ e vi aqui que a sua empresa, a construtora Norberto quinhentos mil reais. Doou de forma geral para Senadores, Govemadores, Deputados Federais e Estaduais. Nao hd, pelo menos na minha lisa qui. ED ©: 9 excess disso ¢ pagamento para Deputados, Senadores etc. Mas a minha diivida & como & que o senhor formou esses cinco milhdes de reais? Por que se chegou a esse montante, jé que o senhor disse que a sua empresa deveria ter um faturamento de 8% do grupo? Havia algum célculo? Como se chegou a esse valor de doagao legel? lebrecht S.A., doou cinco milhé SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Esté claro. Na verdade, quando voce recebia as demandas de pedido de doagio, voes convolidava essay demandas nas empresas do grupo, porque cada empresa tinha pedidos que vinham ¢ nés tentévamos no duplic4-los porque 0 mesmo Deputado, 0 mesmo candidato podia procurar, tinha uma relagdo com o executivo A, com 0 executivo B. Entdo, essa consolidacio buscava evitar uma duplicidade de doagdes. A partir dessa consolidagio, vocé definia 0 volume que vocé iia fazer oficial. Como eu disse a0 senhor, que eu me recorde, em 2014, foram cento e vinte milhdes, se eu nao estiver enganado. Essa distribuigao era feita aleaturiamente em cima dos volumes que cada empresa podia doar. Ou seja, numa empresa como a Construtora, que faturava oito bilhdes ~ comigo, mas 0 faturamento da Construtora era coisa de vinte, vinte e poucos bilhdes, trinta bilhdes, dependendo do ano —, nés tfnhamos um limite bastante elevado para doar, mas nés nos limitévamos a um valor para nao ficarmos expostos. Mas nao tinha uma l6gica: “Eu quero que vooé doe para esse candidato através da Construtora, para aquele através da Braskem” Pegava o volume e dizia: “Ent, a Constretora vai doar ao longo do ano dessa eleigao trinta milhdes; a Braskem, quinze”, e era somada para abater dos cento e vinte € fechar os cento € vinte nos limites. Nao tinha uma regra que escolhia doar para esse ou para aquele, Doutor tinha uma. no 32 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) JF BRUNO LORENCINI: Doutor Gustavo, s6 uma. DR. GUSTAVO GUEDES: Claro! JF BRUNO LORENCINI: Havia algum po de comunic: caixa 2? 0, compensagio entre caixa le SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao, senhor, porque nés faziamos uma coisa... E aquilo que eu expliquei ao senhor: diferentemente de algumas construtoras que ‘nds acompanhamos, nds nio misturévamos 0 que era doagdo oficial - era uma coisa institucional de construgo das relagées, nde era uma coisa que nés pagdssemos propina... JF BRUNO LORENCINI: Nao existia qualquer compensagio? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao. Buscavamos fugir disso. DR. GUSTAVO GUEDES: Essa seria minha préxima pergunta. Eu queria que o senhor deixasse claro, porque ontem eu estive, como o Ministro fez ~ foram quatro horas de audiéncia -, repassando um pouco os dados, € me parece que houve um pouco de confusio em relagao a caixa 1, caixa 2, propina etc. Queria que o senhor.... $6 também para ficar bem registrado: propina é algo diferente de doagao eleitoral, na sua avaliagao, ou naquilo que o semhor praticava? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Na minha pritica, sim. Eu podia fazor doagdo eleitoral via caixa 2 sem ser propina, Alids, a maioria era feita assim. Eu s6 ndo fazia oficial porque eu ndo queria extrapolar os limites e nos expor como um grande doador. Nao havia uma vinculacdo de que, porque era caixa 2, era uma propina, era derivado de algum contrato que me foi dado. DR. GUSTAVO GUEDES: Entendi. E a tiltima pergunta, s6 para eu entender: 0 senhor disse, entdio, que 0s executivos ou os lideres, aqueles que estavam mais ou menos no seu nivel de hicrarquia, se reuniam, unificavam tolos us pedidos, para evitar duplicidade de pedidos, © ai, entdo, se chegou aos duzentos milhdes? Ou seja, aqueles pedidos que chegaram até voces, ‘no duplicados, aleangavam o valor de duzentos milhdes? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Exato. DR. GUSTAVO GUEDES: No entanto, SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Grosseiramente, me lembrando aqui. 33 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) DR. GUSTAVO GUEDES:Sim, arredondando, No entanto, por uma definigao interna de voots, se resolveu, em que pese houvesse — os duzentos milhGes -, que se faria até cento e vinte, mas essa é uma definicdo institucional, ndo hé uma limitagdo legal. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: £ isso. DR. GUSTAVO GUEDES:Sa feito, obrizado. JF BRUNO LORENCINI: Doutor Flavio. DR. FLAVIO CAETANO: Flavio Caetano, por parte de Dilma Roussef. Sr. Benedicto, primeiro, uma pergunta sobre a empresa, porque eu acho que me confun senhor era lider empresarial de qual das empresas, que eu nao entendi? nfracstrutura... 0 SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Construtora Norberto Odebrecht, 0 braco de infraestrutura no Brasil, Doutor. DR. FLAVIO CAETANO: Ela é chamada de brago de infraestrutura? Se eu disser qual é a empresa de infraestrutura da holding & a SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Construtora Norberto Odebrecht. DR. FLAVIO CAETANO: O senhor disse que, no ano de 2014, houve a deliberagdo, pelo que entendi, foi uma deliberagao desse colegiado, composto pelo senhor Marcelo e por todos 0s Iideres empresariais dao demais empresas. Quantas empresas compSem cose colegiado? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Para essas reunides de deliberagao do volume a doar, eram as empresas que estavam sendo demandas a fazer doacdo, ou seja, se ‘uma empresa nio estava sendo demandada ela nao ia para essa reunitio. Eu no me recordo de cabeca quantas foram demandadas, mas, prevavelmente, sete ot oito das onze empresas. DR. FLAVIO CAETANO: Sete ou oito das onze empresas. E. porque ontem surgiu essa divida, no €, Minisuo? O senbor lembra que se chegou a dizer que Iravia quinhentas empresas, e af n6s ficamos sem saber quais seriam aquelas... MINISTRO HERMAN RENJAMIN: Mas, depois, ele explicon. A holding tinha quatrocentas empresas. DR. FLAVIO CAETANO: Sim, Essas empresas criadas por projetos. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: ...por projetos, cada usina de agticar e élcool era uma empresa separada e, com isso, se chegava. 34 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) DR. FLAVIO CAETANO: Delimitando, no &? Nesse u ‘mais fécil para fazermos a nossa pesquisa. ferso de onze, sete ou oito fica DR. GUSTAVO GUEDES: Inclusive, a gente falou que no teria como pesquisar quinhentas. Vossa Exceléncia me permite un aparte? E que ontem ficou essa diivida, A gente até brincou que néo teria como pesauisar auinhentas. Entdo, na verdade, © que o senhor esté dizendo aqui, o que the parece & que as doagGes legais feitas pela Odebrecht se deram de sete a oito empresas do grupo, € isso? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nii, senhor. Se deram nas quinhentas empresas. S6 que essas quinhentas empresas so lideradas por onze executives. Eu tenho, abaixo de mim, na Construtora Norberto Odebrecht, vérias empresas que cuidam ou de uma rodovia ou de uma hidrelétrica. Entdo, essas empresas todas, se o CNPJ delas permitisse eleitoralmente, provavelmente elas poderiam ser usadas. A decisio era tomada por sete ou ito pessoas que comandavam essas quinhentas empresas que estavam abaixo da holding. DR. GUSTAVO GUEDES: Entio, na pritica ~ Ministro, se Vossa Exceléncia me permite, 86 para esclarecer, porque ontem ficou essa dtivida -, quando eu disse aqui que a sua construtora doou cinco milhdes e quinhentos, € possfvel que outras empresas que estivessem sob 0 seu comando, tivessem feito mais doagdes também em cima disso? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: E provivel, Doutor. Para chegar aos cento e vinte, tem que pegar muitas empress do grupo, né? DR. GUSTAVO GUEDES: Agora, entend. ‘S6 uma titima diivida: o senhor disse que a sua empresa, ou melhor, que as suas atuacdes davam lucro, ou davam resultado de oito bilhdes. Além dessa sua atuagio, parece-me que havia também a Petrobras dentro da Constretora Norberto Odebrecht. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILYA JUNIOR: Mas nao era minha, era de outra pessva. DR. GUSTAVO GUEDES: Tudo bem, mas quantos mais ha’ SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Para ajudar o senhor: ns tinhamos a ‘rea industrial, que cuidava da Petrobras e outras empresas que tinham obras industriais; a minha, que cuidava de infraestrutura no Brasil, e af havia trés Iideres empresariais, um cuidando de América Latina, menos Brasil e Venezuela, um cuidando de Venezuela e outro cuidando de Africa e Europa. 35 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) DR. GUSTAVO GUEDES: Isso tudo dentro da Construtora Norberto Odebrecht? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Dentro do mesmo CNPJ. A CNO ~ Construtora Norberto Odebrecht. DR. sUSTAVO GUEDES: Obrigado! DR. FLAVIO CAETANO: Voltando: esse Conselho ou esse Colegiado & que decidiu que, para 2014, seriam doados cento e vinte milhdes, caixa 1. Certo? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Correto. DR. FLAVIO CAETAN desde as : Caixa 1 por Odebrecht, isso envolvendo todas as campanhas ampanhas presidenciais e todas as demais? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Sim, senhor. DR. FLAVIO CAETANO: Dentro dessa légiea, & possivel se imaginar que, além desses cento e vinte oficiais, nés terfamos um valor de cento e cinquenta milhdes extraoficialmente? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao consigo afirmar, porque eu ouvi pela primeira vez. esse valor de cento e cinquenta milhoes hoje. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Cento ¢ vinte milhdes... SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Oficiais, mais oitenta entre terceiros e caixa 2, dando duzentos milhdes. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Mas isso incluindo tudo? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Tudo. Todas as campanhas. MINISTRO HERMAN BENJAMIN; Inclusive a presideucial? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Inclusive a presidencial MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Enido, a rigor, 0 que ficou para... E que os cento & cinquenta — 0 senhor ndo estava 14 onten:, por isso ndo sabe -, como explicado pelo Sr. Marcelo Odebrecht, eram cem desse caixa tinico e cinquenta de um remanescente de um outro assunto que no vem ao caso aqui. Entio, a rigor, eram cem, 36 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) DR. FLAVIO CAETANO: E que o depoente esta dizendo que so cento e vinte € milhoes para todas as candidaturas nacionais e regionais. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Mas oficial. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Eu estou falando de oficial. Ontem, o Marcelo falou em cento ¢ cinquenta oficiais para 0 PT? Ele nao falou isso. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Nao. Nao ¢ oficial. Ele falou que os cento e cinquenta que foram... Esse valor que foi mencionado ontem nao € 0 oficial. SR. DENEDICTO BARBOSA DA SILVA JONIOR: 86 pata ajudar 0 senhor no racioe DR. FLAVIO CAETANO: Por isso que eu perguntei, Ministro, se € possivel esse ntimero extraoficial. A minha pergunta foi sobre extraoficial, nao oficial. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Eu achei que a sua pergunta era se aqueles cento & inguenta vinham desse valor. DR. FLAVIO CAETANO: Nao. A minha sergunta era do extraoficial. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: 0 extraoficial, eu ndo controlava e ‘no acompanhava. Nao sei como o Marcelo operou isso. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Mas do oficial, quanto seria 0 total? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Cento ¢ vinte milhoes, mais 0 que a Itaipava doou em nosso nome: mais uns quarenta milhdes. Cento e sessenta milhdes foram contabilizados oficialmente, ou pela Itaipava, ou pelos CNPJs da Odebrecht, Doutor. DR. FLAVIO CAETANO: Isso que eu gostaria de saber. Dentro dos cento ¢ vinte milhées, ou seja, dentio desse bolo de vento © vinte milliGes, qual era a fatia da sua empresat? O senor sabe dizer se eram vinte mithdes, trint SR. RENEDICTO RARROSA DA SILVA JUNIOR: Nao tenho de caheca, porque & aquilo que eu disse ao senhor: entre a demanda e a locacdo pela capacidade do CNPJ, no havia uma correlagao. DR. FLAVIO CAETANO: A sua demanda foi de quanto? O senhor se lembra? A demanda ‘que chegou para a sua empresa, de quanto foi? 37 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Acho que quarenta mithoes. Quaren dos cento e vinte. DR. GUSTAVO GUEDES: Quarenta milhies, entio, foram pedidos de doagdes eleitorais? SR. BENEDIC BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Pedidos para os meus executivos. DR. GUSTAVO GUEDES: A CNO tinha quarenta milhdes de pedidos? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Dos meus executivos no Brasil. Nao sei se na industrial tinha alguém pedindo, Dos meus executivos. DR. FLAVIO CAETANO: Um tergo do total? SR. BENEDIC BARBOSA DA SIL ‘A JUNIOR: Do total oficial. DR. FLAVIO CAE TAN: SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Provavelmente na forma de fazer a doagio, Se eu entendi 0 que 0 Marcelo disse a0 senhor, 0 que e que ficava mais féei chapa Dilma/Temer, por ser nossa co-s6ci a Petrobras, do que explicar para 0 conselho da Petrobras que estava doando ao candidato contrério ao da Petrobras. Essa é a leitura que eu fm — ee FLAVIO CAETANO: O senhor nos disse aqui que havia, portanto, estas trés formas de 0 em anos eleitorais: caixa 1, Odebrecht; caixa 1, terceiros e caixa 2, Como era feito o payamento caixa 2? stava tentando dizer era cexplicar nos conselhos da Braskem, que a Braskem estava doando @ uma SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: © pagamento caixa 2 era feito da seguinte forma: no momento em que voc? definia quanto era o cai candidatos que ou haviam pedido ou que ian receber caixa 2, por qualquer motivo que fosse, para ndo criar assimetria, para ndo expor que vocé estava doando mais para um do que para ‘outro, isso era planejado ao longo das semznas que envolviam, normalmente, julho, agosto & setembro, entregue para 0 Setor de Operagdes Estruturadas, que fazia toda organizagao do dinheiro ¢ informava ao suplicante, que era quem tinha relago com quem pediu a doagio, ‘qual era a forma e onde seria entregue o dinheiro, Era assim que funcionava, Doutor. 38 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) DR. FLAVIO CAETANO: Eniao era em dinheiro? Em espécie? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Era em espécie. DR. FLAVIO CAETANO: Em reais? Sabe me dizer se eram em reais? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Na maioria em reais, porque era pago no Brasil; seria usado para custeio de campanhas no Brasil. Eram em reais DR. FLAVIO CAETANO: Quem operava esse pagamento? Era descentralizado ou era sempre nesse Departamento de Operagies Estruturadas? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Sempre no Departamento de Operagées Estruturadas, Doutor, DR. FLAVIO CAETANO: E 0s nomes sio aqueles que 0 senhor ja nos disse? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Hilberto, Luiz Eduardo e Fernando Migliaccio, Eram as trés pessoas que cuidavam das operagdes. DR. FLAVIO CAETANO: Qual era o papel do Fernando Migliaccio nisso? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: © Femando cuidava da operagdo internacional, e, quando © Luiz ou © Hilzerto no estavam dispontveis, ele entrava para resolver os problemas das doagdes. Entdo, ele entrava esporadicamente. O Hilberto era uma pessoa que, até hoje, tem um problema de tratamento de céncer, entio ele ficava ausente, € 0 Fernando cobria a auséncia dele. Ele cuidava da tesouraria internacional e entrava para ajudar nna operago quando o Hilberto ou o Luiz néo estavam disponiveis. DR. FLAVIO CAETANO: Entao ele também teve participagio em 2014? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Piovavelmente participou, DR. FLAVIO CAETANO: Ele mora na Suiga hoje? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao sei, Doutor. DR. FLAVIO CAETANO: Em relagao a Belo Monte, o senhor sabe me dizer senhor ja disse que quando comegou, isso jé havia sido negociado antes — se essa negociagZo teve a Andrade Gutierrez como interlocutora? 39 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: A informacio que eu tenho & que ‘quem fez a negociagao foi a lider do conséreio, que era a Andrade Gutierrez DR. FLAVIO CAETANO: 0 senhor nio sabe qual 0 executive? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao tenho 0 nome da pessoa. Eu nao ‘me interessei em discutir quem era. Como jé estava aprovado, eu no precisava questionar a minha contraparte do outro lado. DR. FLAVIO CAETANO: Por iiltimo: ontem nos foi dito também que houve uma doagi0 a0 candidato Paulo Skaf, feito pela érea de infraestrutura, O senhor se recorda disso? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao. Volto a dizer: o fato de a érea de infraestrutura fazer a doagio nao significa que foi ela que pediv. Essa doagio do Paulo Skaf foi uma doagdo combinada por Marcelo ccm as pessoas que pediram ao Paulo ~ Marcelo e Paulo tinham uma relacio muito préxima na Fiesp. Marcelo tratou disso e naturalmente alocou o custo & infraestrutura. Nao é uma coisa que a infraestrutura resolveu doar para o Doutor Paulo Skaf. Alids, se 0 senhor me perguntar, eu diria que no faria a doagdo porque ele nao tinha chance de ganhar a eleigdo. Em progndstico, eu no doaria. DR. GUSTAVO GUEDES: $6 uma curiosidade: entao, nessa reunidio, cada empresa equacionava os pedidos ¢ se definia, por exemplo — se 0 meu ntimero estiver correto ~ que a CNO contribuiria com cinco milhdes de reais? SR, BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Por exomplo, sim. DR. GUSTAVO GUEDES: Ao longo da campanha, quem mandava a CNO fazer 0 pagamento para determinada pessoa? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Essa rotina basicamente ficava definida naquele dia porque, como estavam os lideres das empresas, no momento em que definia quanto cada empresa ia doar, ele ja sabia que ia receber uma demanda... No caso da CNO, de cinco 1 sento em que & planitha ficava detallada para quais sean iam ser feitas as doagdes, isso era encaminhado provavelmente para a tesouraria como um ato formal, porque era uma doacio oficial. Encaminhava-se e provavelmente a tesouraria procnrava o financeiro e falava: "Fstou com essa demanda da holding de faver essa doa Provavelmente o financeiro perguntava para o presidente da empresa: "Esté autorizado?", como acontecia comigo... \Ges, No DR. GUSTAVO GUEDI Nesse caso do Paulo Skaf especificamente o senhor se recorda? 40 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao, nao me recordo porque nao participei... Volto a dizer: era uma relagdo pessoal do Marcelo. © Marcelo era o presidente da holding e acionista: ele tomou a decisio e resolveu fazer. Nao sou eu que ia questionar ele, DR. GUSTAVO GUEDES: Parece Gbvia a resposta, mas s6 para ficar claro, se ele ligasse para a tua empresa ¢ falasse com o financeiro: "Faga tantos milhées para li", o financeiro faria sem... SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Provavelmente faria e me informaria depois: "Olha, recebi uma ligag3o de Marcelo e fiz". O financeiro é uma pessoa da minha confianga e, provavelmente, me informaria, mas ele faria. Ele jamais iria contestar ou ia pedir para mim a autorizas3o para fazer uma coisa... Se nao Fosse Marcelo € eu fosse © presidente da holding, talvez ele questionasse com 0 outro presidente: "O Kinior esta ligando lé e mandando eu pagar. E para pagar?", mas Marcelo fazendo, naturalmente ninguém questionaria DR. GUSTAVO GUEDES: Mas, nesse caso do Doutor Paulo Skat, 0 senhor nao se recorda? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao me recordo. DR. GUSTAVO GUEDES: E nao foi comunicado nem depois? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nem depois. Ele, Marcelo, me formou que faria a doacio para o Paulo Skaf, mas ndio me perguntou se devia fazer. Se tivosce porguntado, ele cabia qual era a minha posigéo, porque a politico das pessoas e ele sabia qual era a minha visio do Paulo, Entdo, ele ndo me perguntou €, quando fez, no fez escondido: fez no sistema dele e, depois, debitou, alocou meu (ininteligivel... de resultado. ente diseutia muito © papel DR. GUSTAVO GUEDES: Nessa reunio que vocés tiveram para organizar os pedidos, isso tinha uma lista, uma planilha? Nos hoje terfamos condigdo de saber todos os pedidos e de ‘quem voegs receberam? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Era muito dinamico isso. Voce comegava a receber pedidos em fevereiro e ia organizando; em maio, vocé tentava consolidar, porque as coligagdes se fechavam entre maio ¢ junho, e, ainda assim, a gente empurrava para comecar a fazer pagamentos no final de julho, meio de julho para frente. Isso era muito dindmico, porque vocé substituia a pessoa... As vezes, vocé ia para a pessoa e ela falava: Mas s6 quero caixa 2" e eu falava: "Nao tenho caixa 2 para te dar, s6 quero dar o oficial”. Isso era muito dindmico, Nao tem uma corstrugdo, Tem um trabalho que foi feito dentro da Odebrecht: contratou-se uma construtora para levantar todas as doagdes que foram feitas. Entdo, oficialmente voces podem pedir e isso vai ser informado a vocés. Tem um compilado. 41 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Essas reuniGes eram periddicas? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Ela acontecia uma vez, Ministro. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Uma vez ao ano? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Uma vez ao evento, ou seja, 0 evento de 2014: todos nds recebemos pedidos das nossas dreas, andar debaixo, e se marcava uma reunido para consolidar o que era 0 pedido que eu recebia com o pedido do outro presidente, ai se consolidava e depois no se reunia mais, porque ja estava definido quanto era o qual era 0 volume para cada partido, MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Essa reunitio era em Sio Paulo? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Era em Sio Paulo. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: E era em que més mais ou menos que se fazi SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Creio que em maio, o mais tardar no final de maio quando as coligagdes jé estavam todas bem vislumbradas, para a gente poder tomar decisoes de onde famos apoiat. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Mas e esses imprevistos ou pedidos posteriores a essa deci Ai faziam outra reunite ou no? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao, porque normalmente os pedidos que vinham s6 aconteciam no segundo turno. Durante 0 primeiro turo, se recebesse um pedido, vocé recusava. As pessoas potencialmente interessantes para o grupo, que tinham uma visio de que a iniciativa privada era importante na sua gestio, que queria que houvesse projeto de infraestrutura com participagao privada, nés ja tinhamos colhido. Entdo, quando vinha alguma coisa extempordnea, a gente ficava rechagando: "Jé doamos para o seu partido; vai lé pedir nv partido”, a gente fugia dessas conversas ~ niu significa que niy aconteveram, Ai o pedinte, o suplicante tentava resolver pegando a autorizagio de alguém. Eu, por exemplo, nunca extrapolei meus limites porque eu sempre parava a regra e dizia: "No vou fazer mai MINISTRO HERMAN BENJAMIN: E para o segundo tuo? Havia uma outra reuniao? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Normalmente o volume do primeiro tumno, esse volume que nds faziamos de cento e vinte, nds j4 reservévamos uma parte para 0 segundo turno jé sabendo que haveria segundo tuo, Nés consegufamos mapear onde nao se 42 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) resolveria no primeiro tumo e faziamos uma reserva de 20% ou 25% para o segundo turno, Doutor. JF BRUNO LORENCINI: Sr. Benedicte, s6 duas perguntas que me surgiram. Ontem 0 Marcelo relatou uma légica que assuntos de interesse com o Governo Federal, como a relago era dele, normalmente um executivo da drea que tenha alguma demanda, que precisa de um projeto de lei, que precisa de alzuma politica tributéria, ia até o Marcelo, trazia essa demanda € 0 Marcelo — foram as palavras dele ~: "Eu vou If negociar, mas vocé jé fique pronto porque pode surgir uma demanda para vocés e vocés tém de estar com esse dinheiro pronto para doar.” Isso ocorreu na construtora? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Como cu disse ao senhor, nds nos afastamos do Govemo Federal para nao viver da pega de ficedo que era o Orgamento Geral da Unio — 0 OGU. © OGU representava a cada liberagaio de dinheiro alguém que tinha de fazer um pedido e nés 1. que eu me recorde, no. O que eu pedia a Marcelo ele se envolvia bastante era no fluxo de pagamentos do submarino nuclear. Ele fazia da agenda que ele tinha com as pessoas que... Da importincia do submarino nuclear nao ficar.. Porque chegava o final de ano havia uma retencdo, eles s6 iam pagar em margo, era um projeto que demandava cem milhdes més. Era a tnica agenda que me envolvia com ele. fugiamos disso. E JF BRUNO LORENCINI: Entdo, 0 senior trazia esse pleito do submarino? Em algum ‘momento houve algum retoro do Marcelo dizendo: “Olha, estou conversando sobre a ‘questo do submarino e ja fique preparado”? SR, BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Na de que na conversa que ele tinha dessa conta global 0 submarino ja estava 14 dentro e que ele ia me alocar uma despesa futuramente. Ia trabalhar por alocagdo de despesa. Nao porque ele tinha uma viedo JF BRUNO LORENCINI: Ele ia te alocar uma despesa. Chegou a ser alocada? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Ele me alocou dezessete milhdes a0 longo da vida do submarino, JF BRUNO LORENCINI: Dezessete milhies. O senhor lembra em que perfodo? SR. RENEDICTO BARBOSA DA SIT.VA JUINTOR: Acho que foi de 20194 201% alguma coisa assim. JF BRUNO LORENCINI: De 2012 a 2013. E a que titulo ficou essa despesa? 43 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) ‘SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Ficou uma deliberagao para o Partido dos Trabalhadores ao longo das suas necessidades. Foi feito como caixa 2, mas no era campanha. JF BRUNO LORENCINE: Ah, era caixa 2 SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao era campanha. JF BRUNO LORENCINI: A tiltima pergunta: qual era a fungao do Sr. Femando Luiz Ayres da Cunha Santos? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Ele cra 0 LE de uma outra empresa do grupo. JF BRUNO LORENCINE: Qual empresa? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: A Odebrecht Ambiental. JF BRUNO LORENCINI: Certo. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Ele era lider empresarial da Odebrecht Ambiental. JF BRUNO LORENCINE: Seria um cargo da mesma hierarquia? Ele participava dessas SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Sim, senhor. Participava. JF BRUNO LORENCINI: Ele participava das reunies de definigo de doagies? SR, BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR; Ele tendo demanda no grupo dele, ele ia para as reunides para constatar. JF BRUNO LORENCINI: Doutor Gustavo, 0 senhor queria fazer mais uma pergunta? DR. GUSTAVO GUEDES: Sim Quero voltar num tema em que fiquei com diivida para esclarecer de uma vez por todas pelo menos para mim. Independente do que foi dito ontem pelo Marcelo, eu queria ouvir a sta verdade aqui. Vocés definiram: "Nés vamos contribuir com as campanhas com duzentos milhdes de reais." Quando isso foi dito, envolvia quais campanhas? 44 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Todas as campanhas. DR. GUSTAVO GUEDES: Todas? Inclusive a presidencial? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Se fosse um ano de eleigio presidencial, envolvia presidencial, estadual, senador, deputado federal e deputado estadual Esse era 0 volume que seria dedicado, DR. GUSTAVO GUEDES: Esse é 0 volume que seria d terceiros e caixa 2? licado de caixa 1, caixa 1 via SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Sim, DR. GUSTAVO GUEDES: Ou seja, a empresa vai disponibilizar duzentos milhies de reais independente das campanhas? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Sim, senhor. DR. GUSTAVO GUEDI Esse 6 0 ntimero que foi conversado na reuniao? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Eu disse ao senhor que € um ntimero grosseiro que eu me lembro. Estou usando ele como exemplo € nao sei o ntimero exato. DR. GUSTAVO GUEDES: Certo. Pode ser um pouco mais ou um pouco menos. Mas, confim, esse foi o niimero base quc foi tratado? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Era dessa maneira. DR. GUSTAVO GUEDE! vinte, quarenta e quarenta? entio, vem aquela divisio que 0 senhor falou de cento € SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Que também eu fiz para o senhor aqui grosseiramente, DR. GUSTAVO GUEDES: Sim, aproximado. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Estou ha um ano afastado da companhia. DR. GUSTAVO GUEDES: Certo. A tihima pergunta de verdade agora: nessa reunido, chegou-se a dizer que haveria contribuigao para a eleigao presidencial, tantos milhdes seriam destinados a presidencial? Ou nao se falou mais ou menos isso? 45 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao se falou isso, DR. GUSTAVO GUEDES: Simplesmente se estabeleciam partidos, pedidos entio para {quem ia pagar, mas no se tinha ento: “De governador, nés vamos pagar tantos milhdes; de presidente...” Isso no foi dito? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Até porque a gente limitava govemnadores a trezentos, quinhentos mil por candidato para nfo criar aquela assimetria, Entdo, no discutia quanto ia para a presidencial, discutia que deixaria 20%, 25% para o segundo tumo e af Marcelo obviamente deve ter usado o que ele precisava para a campanha presidencial DR. GUSTAVO GUEDES: E ontem me j0 86 — quem sabe tenha sido uma pergunta que faltou fazer ~ que ontem 0 Marcelo Odebrecht ~ 0 Flavio vai ficar bravo comigo, mas ele disse isso mesmo — nunca se referia & campanha presidencial, ele se referia a Dilma e PT. Qual é a sua compreensao disso? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nio tenho compreensio disso porque eu nZo tratava com ele de campanha presidencial, Eu nao consigo fazer a leitura dele, DR. GUSTAVO GUEDES: Mas sempre, quando ele colocava as relacoes... Enfim, eu nao pretendo que o senhor diga nada que 0 senior nao saiba, é s6 realmente porque é uma coisa que ficou na minha cabega desde ontem, Entio, nessa reunido onde se definiam os valores, iio se falou de campanha presidencial? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao se definiu o valor que seria destinado & campanha presidencial nem se falou candidato “ to “B”. DR. GUSTAVO GUEDES: Entendi. Esti bom, obrigado. DR. FLAVIO CAETANO: Eu queria complementar, Sr, Benedicto: esse pagamento caixa 1 por terceiros, ele passa a existir 96 em 2014 ou jé era una prética comun SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Olha, acho que a primeira combinagiio que en fiz com o Waller foi em 2008. Acho que foi oito, dez, doze ¢ quatorze, Doutor. DR. FLAVIO CAETANO: Entao, que o senhor se recorde, desde oito? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Na minha cabeca, desde vito. Oito ou dez precisamente. 46 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Existia isso antes? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao, senhor. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: O senhor foi o criador? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Ou criatura — nao € — do sistema, ara atender ao sistema a gente tinha que ter criatividade, Doutor. DR. FLAVIO CAETANO: E ja era com o Walter? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: relagio pessoal. im, era 0 dono, era pessoa da minha DR. FLAVIO CAETANO: Entao, comegou com a ...(vozes sobrepostas). SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Com ele direto, a minha relagio com cle direta. DR. FLAVIO CAETANO: Sé para ficat esclarecido um assunto porque me surgiti uma duivida em decorréncia das perguntas do Doutor Gustavo: pelo que entendi, o Sr. Paulo Skaf, a relagdo direta do Sr. Marcelo Odebrecht com ele, resolveu fazer a doagio, comunicou a0 senhor que faria, ou comunicou s6 apos ser “eito? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIO nformou: “Olha, fiz, vou fazer, vou acertar.” Era uma d Nao, s6 me comunicou depois, me do dele, DR. FLAVIO CAETANO: Mas 0 senhor sabe informar se esse valor de seis milhées saiu do seu centro de custos? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao, niio posso informar ao senhor. Ble pode tet, no final, feito una locaydo gerencial para tirar numa proporgaio, mas ele n “Olha, esté aqui o boleto, voc’ paga esse boleto.” DR. FLAVIO CARTANO: Mas a senhor sabe informar se foi felta a dango ow nfo, on 0 senhor no sabe informar isso? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao tenho certeza, nao tratei dela. DR. FLAVIO HENRIQUE: Exceléncia, s6 duas questdezinhas, porque fiquei agora com uma diivida: o senhor disse que a relagio com o Presidente da Itaipava era sua direta. O 47 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) senhor acertou aquele valor global de quarenta milhdes a serem pagos. Nas liberagdes de pagamentos feitos para a Itaipava, quem fazia a interlocugdo com a Itaipava? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: fazer as doagdes? {do entendi. Quando a Itaipava ia DR. FLAVIO HENRIQUE: R. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Da mesma maneira que acontecia com os tesoureiros: safa uma planilha com os nomes dos doadores que iriam receber via Itaipava, era levada para a Haipava e a tesouraria da Itaipava pagava. DR. FLAVIO HENRIQUE: Quem levava? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Naturalmente 0 Luiz Eduardo. DR. FLAVIO HENRIQUE: senhor ndo era interlocutor nesse momento? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao, porque era uma coisa muito operacional. Eu ia, combinava 0 valor, a partir dai, virava uma coisa operacional entre as tesourarias. DR. FLAVIO HENRIQUI rigado. JF BRUNO LORENCINE: Doutor Nicolae? DR. ICOLAO DINO: Sr. Benedicto, boa noite. Eu imagino que o senhor esteja cansado, mas certamente tenha a certeza de que todos aqui esto. Eu vou me permitir insistir num ponto apenas para aclarar a sua longa declaragaio, porque me parece que houve algunas perguntas que acabaram por getar alguna diivida ent relagdo & linha que 0 senhor estabeleceu quando do inicio do seu depoimento. Apenas para recapitular: © senhor mencionou, levando em consideragiio a estrutura funcional da empresa, que evidentemente o Sr. Marcelo Odehrecht estava no topo da hierarquia como presidente da holding € o senhor lider empresarial da Construtora Norberto Odebrecht. Eu pergunto, entio, a0 senhor 0 seguinte — apenas para confirma, repito: 0 senhor disse no inicio que as tratativas referentes a doagdes para eleigao presidencial estavam a cargo do Sr. Marcelo Odebrecht. O senhor.. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Confirmo isso, Doutor. 48 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) DR. NICOLAO DINO: Confirma isso? Pergunto também se o senhor sabe informar com preciso quais os valores de caixa 1 ou caixa 2 que foram destinados pelo St. Marcelo Odobrecht & eleigo presidencial de 2014 da chapa Dilma/Temer. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao, senhor. Nao participei dessa decisiio, Nao consigo precisar para o senhor, DR. NICOLAO DINO: Por que o senhor néio participou? O senhor disse? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Porque eu nao pat ipava, DR. NICOLAO DINO: Ok. Obrigado. Uma pergunta mais: as 17h40 do seu depoimento, 0 senhor mencionou a realizagao ou a participacio de empresa, ou algumas empresas, do grupo em obras federais. O senhor mencionou hem a questio do submarino, 0 senhor falou do Acroporto do Galedo, rodovia — o niimero eu nao anotei. O senhor sabe precisar as datas em {que essas obras foram alinhavadas? Melhor dizendo, elas foram contratadas ou executada: SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao, senhor. Nao consigo precisar. ‘Sao dez, doze obras, eu nao consigo lembrar aqui as datas, Doutor. DR. NICOLAO DINO: O senhor mencionou 0 submarino, 2012/2013. £ isso? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Eu mencionei que fiz alguns pagamentos autorizados para 0 Marcelo nos anos de 2012 € 2013. O submarino é um projeto ‘mais antigo. Comecou em 2009, Doutor. DR. ICOLAO DINO: Sim. E houve valozes recebidos em que perfodo? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Na minha cabega aqui, 2012, 2013, Dour. DR. NICOLAO DINO: O. MINISTRO HERMAN BENJAMI havido pagamento de 2014? (Inaudivel)... submarino. E possivel que tenha SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao posso precisar para o senhor. ‘Teria que fazer um resgate. Eu no descarto, mas no seria a fundo de campanha presidencial.. Pode ter havido pagamentos. 49 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) MINISTRO HERMAN BENJAMIN: De >r0 SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: De propina. JF BRUNO LORENCINE: E houve alguma contrapartida, algo em troca? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao, senhor. JF BRUNO LORENCINI: Nada? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao, senhor. JF BRUNO LORENCINI: Entdo, esse compromisso que 0 Marcelo te passot reserva esse caixa aqui, voce vai receber...(jninteligivel)... ” fa “Olha, no final, em troca de nada? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Marcelo enxergava que era uma forma de ndo ser atrapalhado no dia a dia e ter uma agenda que permitisse a ele cobrar os Pagamentos porque o submarino demandava um fluxo de caixa constante, Entdo, ele enxergava que era a forma de manter essa agenda fluindo. Era s6 isso, mas no teve nenhum, beneficio, nao foi tratado. Marinha totalmente isenta neste assunto. JF BRUNO LORENCINI: Doutor Nicolae? DR. NICOLAO DINO: Eu nto tenho mais perguntas, Exceléneia, Obrigado. Muito obrigado, Sr. Benedicto. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Nao hé mais perguntas. Eu sempre aproveito esses depoimentos, sobretudo com as liderangas das empresas, para retirar alguma coisa mais de contribuigdo para 0 Pais que va além deste processo espectfico. Aqui nés todos somos da rea do Direito Eleitoral, os advogados, eu, digamos, por acidente, 0 Doutor Nicolao por op¢o, € certamente os advogados todos também. Evidentemente, queremos identificar os problemas & encontrar alguna forma de methotia do sistema ou “indo sistema” que tenm0s, Impressionou-me que 0 senhor, no seu depoimento, disse que, no caso da Odebrecht, esta era uma cultura que vem desde 0 fundador Nosherto Odebrecht, Como isso funcionava para um Jovem raineé que iniciava? Como essa cultura entrava na formagdo de um profissional que ia ficar trinta anos nessa empresa? Como era isso? Veja, aqui no estamos mais no ambiente estrito deste processo. E muito mais uma contribuigdo para entender o contexto, E depois farei uma pergunta sobre como melhorar ‘mesmo a legislagdo eleitoral na sua visio. 50 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) Creio que, a0 final das contas, espera-se que haja um resultado muito maior do que um eventual julgamento deste processo: a melhoria da nossa legislagao. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Primeiro, € aviltante para um engenheiro com... Entrei nessa empresa com vinte e trés anos e fiz trinta e dois anos de empresa dia 25 - faz cinco dias, seis dias. Vocé € confrontado, no momento em aue esté fazendo uma obra, por alguém para resolver alguma coisa, que deveria ser resolvida pelo tramite normal, e sinaliza que a tinica forma de resolver € criando algum beneficio, na maioria das vezes até criando a dificuldade para gerar 0 beneficio. Eu vi uma frase a0 longo desse process dos alt materializaram, mas é uma frase verdadeira, M impossivel botar um tijolo no Bras sem pagar alguma coisa para alguém”, Essa é a reatidade nossa. Entdo, 6 isso que est acontecendo, € a Odebrecht, talver, seja a parte mais vistosa do processo, por ser uma empresa grande, uma empresa que trabalha no mundo inteiro. Mas a nossa realidade & essa. Entdo, quando eu fui confrontado, como cefe de setor, lf, na frente de um tinel, onde meu fiscal falou: “Para resolver isso, eu preciso de uma passagem aérea, eu preciso ganhar alguma coisa...". E aviltante vooe ndo poder sentar ¢ ter uma discussdo técnica onde prevalega o bom senso € o que & 0 melhor para aquele negécio. wos dois anos, que as pessoas no Mas essa € a realidade do Pais. Infelizmente, eu nao aceito, mas muitas pessoas dependiam de ‘mim para poder seguir trabalhando, E nem todas as pessoas da Odebrecht passaram pelo que eu passei ao ser obrigado — obrigado é uma palavra forte para a minha situagdo -, a contribuir de forma errnea com propina, quando cu podia ter dito: “Nao”, cu ter. 7 irado da obra. Talvez, dissessem: “Olha, esse engenheiro nao pode ficar na obra, porque ele ‘do vai...”. Mas essa é a primeira coisa que me assusta. Iwez eu Fosse EntZo, para quem tem filhos, eu acho que esse proceso tem que gerar um beneficio. A gente precisa virar 0 Pafs. Eu acho que matar as empresas nao é a solugdo. A engenharia brasileira é ‘muito melhor que muitas engenharias que hé na América, para no dizer no mundo. Eu morei cinco anos na Asia, convivi com empresas, construindo lado a lado de chineses, de coreanos de europeus, e a Odebrecht ou as empresas brasileiras que esta nada a desejar. Mas esse processo de extirpar, de conter a corupgio € uma coisa importantissima. Entio, para mim, era avillante, mas 0 sistema me dragou e eu, ao invés de pedir demissio, ir emhora e fazer outen coisa, do mesmo jeita que eu pagava 0 guarda que nko ia me multar, eu fui ali e... Infelizmente, essa é a realidade, u comigo Li nd deixavam Com relagao ao processo especifico de que estamos falando, eu acho que 0 abuso do poder econdmico no sistema que foi criado, eleitoral, de doagoes, ele tem que ser revisto. Na minha humilde visio, enquanto houver a possibilidade de que as pessoas se relacionem com as 31 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) empresas num volume que néio € controlado, vai continuar existindo esse pedido © as empresas Vo se sujeitar a essa realidade. Como contribuigo, ha concorrentes meus que no estio envolvidos na Lava Jato que procuram os clientes e dizem: “Nao, agora « Odebrecht no pode mais te ajudar. Eu é que vou te ajudar. Voce tem que me dar os negécios que si da Odebrecht”. Entio, as pessoas continuam achando que 0 mundo vai continuar girando dessa maneira. E eu acredito, e essa foi a conversa que tivemos com o Emilio no dia em que nés tomamos a decisdo de fazer essa colaboragio na extensio que fizemos, que a gente vai melhorar o Pals. Todo mundo vai softer, nds vamos soffer muito, mas todo mundo, talvez, saia mais forte e o Pafs possa fazer com que os jovens no percam a esperanga em nds; porque, hoje, a verdade & que os jovens querem ir embora. MINISTRO HERMAN BENJAMI: cempresarial sem caixa 2? O senhor acha que é possivel existir contribuigao SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: E£ possivel. E possivel. Tem que mudar 0 modelo, Tem que encontrar uma maneira para que as empresas fagam doagdes bastante controladas e desvinculadas completamente das suas relagdes politicas. Mas ndo sei como fazer. Porque, se ficar desse jeito.. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Mas, veja, se 0 senhor, que € do meio empresarial, indo sabe como fazer, fica muito dificil chegarmos a uma... Porque, veja, a Odebrecht, ela — vamos esquecer a propina - contribuiu ccm um valor enorme de caixa 2, e no 96 neste provesco, om favor de boa parte dos partidos brasil no por ser forgada por uma limitago imposta pela lei, aquela porcentagem que a le estabelece. Era por critérios estritamente empresa iros com um volume enorme. E fazia ive E minha tltima pergunta: se realmente € possivel imaginar um sistema em que a contribuigdio empresarial possa se efetivar de maneira que seja absolutamente limpa, porque, para mim, o exemplo da Odebrecht... Mas nio é s6 da Odebrecht. Da mesma forma que nio é é 86 dos dois partidos que estio aqui sentados como representados, também nao € s6 da Odebrecht, O exemplo da Odebrecht e dessay empresas indica que as opydes levais estavan 1, mas mecanismos, forgas, interesses, I6gicas, limitagdes que nio as legais, levavam as empresas a contribuir com 0 caixa 2. Estou equivocado? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: O senor esté correto. Eu queria fazer uma reflex com o senhor, se o senhor me permitir. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Nac. Eu fiz a pergunta. Pode... 52 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: O senhor acompanhou a eleigio de 2016. O senhor sentiu falta de panfleto na rua, de galhardete, de gréfica, de camiseta? No? A minha cidade do Rio de Janeiro estava limpinha. Mudou a eleicdo? Sera que o Crivella ganhou no Rio de Janeiro porque nao teve gualhardete do PMDB? Ou seja, ha uma maquina implantada e que se movimenta a cada dois anos. Os partidos sao pecas que eu dria... Eu sou uma peca involuntéria e o partido é uma peca involuntiria, poraue quando ele € obtigado a fazer uma campanha que tem que ter um Joao Santana, que cobra cinquenta milhdes de reais para fazer um negécio, criar um pafs que nao existe... O senhor acha que tem I6gica gastar cinquenta milhdes para iludir 0 povo? Usei o Jodo Santana, mas posso pegar o PMDB, que era o Paulo Vasconcelos. Mas a tealidade € essa: criou-se um mewado. Se © senhor pode contribuir, unifique as cleigdes, deixa o Pafs trabalhar trés anos, pelo menos, porque ele para a cada dois para ter um, porque depois quem ganha a eleigao demora um ano para tomar pé da situagio. Entio, temos uma eleigao a cada dois anos. Eu nao sei qual € a l6gica constitucional. © senhor deve ter uma explicagdo que justifique 0 que est acontecendo. Mas criou-se um mercado em que o marqueteiro, o cara da empresa de panfletagem... Criou-se um mercado, Esse mercado tem que ser destituido porque af vai sumir © caixa 2, porque vai virar um negécio... “Olha, a campanha € isso aqui, tem que ser dessa maneira.” Tem que ter um fulcro, onde a populagao possa ver aquela comunicago sem 0 poder econdmico ser abusado, como foi antes de 2016. Em 2016 houve uma campanha limpa. Nao vou dizer que no aconteceu 0 caixa 2, mas, provavelmente, foi numa dimenstio e num risco que tomaram... Na minha posigo como principal executivo da Construtora, no momento em que alguns companheiros de outros construtoras foram presos em 2014, eu tomei a liberdade e falei “Marcelo, eu no pago mais nada para ninguém.” Se a pessoa me procurar, vou falar: “Devo, niio nego, no vou pagar nao sei quando.” Porque havia um risco. O senhor imagina fazer caixa 2 numa eleigdo com tudo 0 que esté acontecendo neste Pafs envolvendo as empresas que fizeram caixa 2. Eu nay estou fazendo apologia. Eu sou parte do sistema enrado. Contribut para que o sistema ficasse do jeito como esti de uma maneita importante. Quero pagar minha conta com a sociedade. Tenho filhos. Quero que meus filhos entendam o que eu fiz. Eles viam as pessoas me pedlindo. As pessoas vinham a minha casa. No cargo que eu tinha na Odebrecht, et nfo ia atrés de ninguém para pedir nada, as pessoas vinham a minha casa, Entao, acho que temos que mudar, ¢ 0 senhor tem um poder muito grande, No que eu puder, transparentemente, contribuir... Os partidos so ferramentas que foram usadas por um sistema que se alimenta disso. Talvez os politicos, no. Os partidos foram usados. 53 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) DR. GUSTAVO GUEDES: Ministro, 0 senhor me permite s6 uma observagio. Eu quero corrigir uma informagdo que eu dei aqui. Eu estava lendo s6 parte do meu relatério. Na verdade, a Construtora Norberto Odebrecht doou, de forma legal, caixa 1, em nome dela, quarenta e oito milhées de reais. Os cinco milhdes, ela fez para Senador, Governador, Deputado Federal, Estadual, ¢ trinta e nove, novecentos e cinguenta para comités financeiros. E isso 0 que faltou na minha conta, Entdo, era s6 essa observacao. Ministro, s6 uma diivida: das empresas que eu listei aqui, quem era o lider empresarial da Odebrecht Oleo e Gas? SR. BI EDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Na época, Roberto Ramos. DR. {USTAVO GUEDES: Em 2014? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Roberto Ramos. E, talvez, na minha cabeca, era uma das tinicas empresas que nao recebia demanda para doagio de campanha. DR. GUSTAVO GUEDES: Doou oito milhdes aqui, segundo. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: A pedido... Naquele mapa que eu fiz para senhor, entre a capacidade dele de doar e a necessidade das empresas do grupo de doar. Provavelmente ele era um inocente titil nesse assunto. DR. GUSTAVO GUEDES: A Odebrecht Servicos e Participagies S.A? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: E uma empresa que prestava servigos, nternamente, é uma empresa controlada, pequena, nossa. DR. GUSTAVO GUEDES: Ela nio tinha um lider empresarial? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Eu acho que 0 Marcelo colocou, por um perodo, um financeiro dele para ficar & frente. Eu nao lembro quem era o lider cempresarial DR. GUSTAVO GUEDES: Odebrecht Agroindustrial S.A? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Era a que controlava as empresas de produgao de dlcool. Na época era o — creio que até hoje — um amigo meu do Corinthians, como €.. DR. GUSTAVO GUEDES: £ boa gente, entdo. 34 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: E boa gente; é como nds. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Hi dvidas. Hé outras teorias, vamos dizer assim. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Luiz Mendonca, Doutor, DR. GUSTAVO GUEDES: A Odebrecht Agroindustrial. Construtora Odebrecht S.A? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Provavelmente era uma controlada menor. Nés éramos onze Lideres empresatiais; um pata drea de Aleool, que o senhor falou, © Luiz Mendonca, Odebrecht Oleo e Gas, Roberto Ramos, Braskem, Carlos Fadigas. DR. GUSTAVO GUEDES: Um momento, podemos anotar? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Eu preciso de um papel também, Porque vou esquecer os nomes. Se eu tiver um papel, ponho os nomes aqui. Era o organograma da construtora DR. GUSTAVO GUEDES: Eu ia Ihe perguntar todos, o senhor ja... Eram onze lideres empresariais, entao? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Era Benedicto Jtinior, que chamavam, de BJ, na Infra. Méreio Farias, na Industrial, Euzenando Azevedo, na Venezuela. DR. GUSTAVO GUEDES Como? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Euzenando. Sio trés pessoas: “eu, 26, nando”, Euzenando. Luiz Mameri, na América Latina. Emesto Baiardi, na Africa e Europa. Ja foram cinco. Na Odebrecht Agroindustrial: Luiz Mendouga, Na Braskent: Catlos Fadias. Odebrecht Olev © Gis: Roberto Ramos. DR. GUSTAVO GUEDES: 0 senhor quer anotar & depois repetir, para nfio fiear the interrompendo? SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Na Odebrecht Ambiental, o Fernando Reis, que vocés vio entrevistar. Odebrecht Realizagdes Imobilidrias, que era 0 brago de incorporacdo, Paul Altit. 55 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) Falta uma, DR. GUSTAVO GUEDES: Tem uma minha, que nio sei se esté na sua lista: Enseada Paraguagu. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Nao, isso é um negocio. DR. GUSTAVO GUEDES: A lista retirads da minha pesquisa. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: tem dez, falta um, apenas. ssa era uma empresa coligada. J4 ‘Vou ficar devendo de cabeca, um ano sem ir. MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Estou preocupado com a préxima audiéncia, que temos que comecar. DR. GUSTAVO GUEDES: Desculpe, Ministro. Apenas para eu terminar as anotagdes. Odebrecht Agroindustrial, Luiz Mendonga. Odebrecht Ambiental, Fernando, MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Doutor Gustavo, 0 senhor... DR. GUSTAVO GUEDES: Posso pegar a lista dele? MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Pods pegar a lista. SR. BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JUNIOR: Meu advogado passa para o senhor. DR. GUSTAVO GUEDI Ministro, Estd bem; ¢ s6 para eu ter minhas anotagdes. Eu agradeco, MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Fu queria agradecer, entio, ao Sr. Benedicto, agradecer av Doulor Alexandie, Espero ido ter que fazer uma nova inyuirigav, © que possivelmente nao ocorrerd. Eu agradego muito. JF BRUNO LORENCINE: Dontor Alckmin, s6 para fechar para os senhores as aucliéneias préximas que nés temos: 8h, Salvador, para oitiva de Hilberto; cancelada, 15h30min, Beckenbauer ~ nés vamos passar para quarta-feira. Por qué? Foi um pedido da pr6pria VTPB, que quer que seja ouvido em Sao Paulo. Entdo, 8h, Salvador; 17h, Brasilia, para oitiva de Alexandrino e Claudio Melo Filho; e quarta-feira, em Sao Paulo, o Sr. Luiz Eduardo Soares e Beckenbauer, para poder marcar na prépria quarta-feira. 56 PODER JUDICIARIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2* REGIAO (Transerigao Fonografica_SAJ/NUTAQ) (AUDIENCTA 2/3/2017) MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Quarta-feira, em Sao Paull, ter que ser de manha, porque eu tenho Corte Especial no STJ. Entio, eu tenho que voltar. (Aparte fora do microfone) MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Essa de So Paulo eu vou fazer. Entéo, 8h da manha? DR. JOSE EDUARDO ALCKMIN: Quarta-feira, 8h da manha. JE BRUNO LORENCINE: Quarta-feira, 8h da manha, MINISTRO HERMAN BENJAMIN: Doutor a0, o senhor anotou? DR. NICOLAO DINO: Segunda-feira as 8h e 17h. JF BRUNO LORENCINE: Segunda-feira, 8h, Salvador. A do Beckenbauer, que nds tinhamos marcado as 15h30min, na segunda-feira, nds vamos transferir para quarta-feira as 8h da manha, DR. NICOLAO DINO: Em Sao Paulo? JE BRUNO LORENCINE: Na propria quurta-feira, as 8h da manha, nds ouviremos Latiz Eduardo Soares, que foi deferida ontem. DR. NICOLAO DINO: Na prépria quarta feira, que horas? JF BRUNO LORENCINE: As 8h da manha, no TRE de Sao Paulo. DR. NICOLAO DINO: As 8h da manha so duas testemunhas, JF BRUNO LORENCINE: Segunda-feira, em Brasilia, STJ, ficam Alexandrino e Cliudio Melo Filho. DR. NICOLAO DINO: Alguém quinta-feira? JF BRUNO LORENCINE: Quinta-feira, nio, Por enquanto, nfo, DR. NICOLAO DINO: O.k., obrigado. JF BRUNO LORENCINE: 0 Sérgio esté af? Vocé anotou? SR. SERGIO: Sim, esta tudo anotado aqui, 37

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