Você está na página 1de 11
Gente 5 A003 - x ‘TEORIA DA LITERATURA: UMA INTRODUGAO ‘cos de literatura, Alguns se queixam de que a teoria literéria ¢ inconcebivelmente esotérica — julgam-na uma categoria & parte eltista e misteriosa, de cera forma semelhante & fisica clear. Uma “educacio literiria” certamente néo 0 caminho tnais indicado para se estimular 0 pensamento analitico, mas ‘ reoria literdcia de fato no € mais dificil do que muitas outras formas tedricas de investiga, sendo mesmo muito mais fa- cil do que algumas delas. Espero que este livro possa contri- buir para desmistificar aqueles que temem estar 0 assunto guns estudantes e criticos também obje- ccrasia “se interpde entre o leitor € a obra”. ‘ma forma de teoria, por menos consci no saberiamos, em primeiro lugar, como d literdria”, ou como deveriamos lé-la. A hostilidade para corm a teoria geralmente significa uma oposicao as teorias de outras ‘pessoas, além de um esquecimento da teoria que se tem. O pro- pésito deste livro é eliminar esta forma de represso e permi- fir que dela nos lembremos. O gue € [lenaterer’, Teaay Ex|efon Introdugio: O que é literatura? terdria existe, parece dbvio que haja alguma iteratura, sobre a qual se teoriza. Podemos veridica. Mas se refletirmos, ainda que brevemente, sobre aquilo que comumente se considera literatura, veremos que definigdo nao procede. A literatura inglesa do sée. XVI ios de Francis Bacon, os sermées de John . ygrafia espiritual de Bunyan, e os escritos de Sir Thomas Browne, qualquer gue seja 0 eles, Eventualmente, ela poderia abranger 0 Zi Hobbes, ¢ 2 History of the Rebellion, de Clarendon. tura francesa do séc. XVII conta, u de Corneille e Racine, com as méximas de La Rochefoucauld, com os discursos ‘e uma das razdes para isto €a de que a muitas vezes questionavel. Jd se disse, it ZAA vyI90 NOAIASGO ~ UDIYSNG ap ‘uSoug o1DANyO-10s ne tun ap ojeuresuad op ssaidxa © owto9 e|-papisaoa ous wn 9 ‘I9y eq “eubeus eum wurLAExa as owoD sousTI NO seu Op -vsr[vuv 298 ipod oyuoureuorotny oft ‘erreyeuT oVey um wI0 jetiapuaostren epepaaa eum op opSeuswoud v WHoU -eprjeo1 ® algos ogxayas etan WraU “SeIZpI ap OjnD}94 uM wo ‘opu vuawraq| 22q0 Y “vsIO9 eXNO EMINS}E v soptznpar ope Ys ‘wo sopepmse 128 Wetsap onb ‘soussmuesaur a sesnannsa sens ‘seaigjoadso sjo] sens equ waSensuy ep remonzed opsez -1ueG10 eum seu “eIFo}OID0s no “eHBojoo!sd no “apIBio2-0p -nasd eum e1o og empRIAy] v :eoHgad BU WRAPUOIOURY SOL yuoit] $03x9) $0 Tenb gjod enaueUL P wos as-rednooaxd 9 on “91ST 9 aut 1e4D0s6Ip eLsaquo LoNYLO Y Is THE oB—IT O1x= -uato 9 oonpad oyuidse um ap sopinquit ‘9 ogyta gye wiTE207 volo e”operouangur teraey-anb “seonsiar-asenb seyst}0q Aus seunnop se urerentafar saja ‘sootegqod ‘sam 19 ap odna8 wn opuag “oust $ ojad seper -aqulatoiya wio19s 918 (QZ6q 3p Epedgp v a]UBIMp WeIO0sa10y “1g Suog ‘AoURsUAI-AIN, LET dIsQ ‘uosqoyEs-URUICY “Dy -SAOPIS JOH|A WreAEIs9 sien So arto ‘sossns seystjeULio] sojad vpainasoide ,o1proyT,, ap ogdtmyop e 103 wyso ‘Ore} og «lanor8 wo ogisa sngsug 2p,seisizojou so anb ages opt 200A, ott109 ste] Sose3y WO Axio90.anb Op OLB OF “jeLaqe eIOUSIEHS ens" aqrxa 9 bused 15 alqos opSuare @ vuseyo enb wolenduyy ap odti tun ap 98-272], “sopeo!sruBis so 9 sojmRaLjIUBIs so ania ap -eprunzg]uoosop ein aqsix9 ‘eomog stear valoueUr 9p tueEmp seisinur] So otu09 ‘no ~ ovenisqu opearsruBis nes o urerodns * sexnpped sep vlompuossar e 9 oun o ‘emyEssay & anbrod ossip 19g ‘OUBIIN Op eSuasard ta no}Sa anb ap e% eRUALPLALITY 390 0 :OVIACOLNE -suoo om ‘,aprgamb ep wpemoetnt epure BaF Aly 795 -sip 9 snqzug ap oyod um wr Cat oP seyxoude as cu9hy S 0 vey ep aTuouANONUUIDISIS 26-OpUeIseFe "TANTO ‘odo v wonsHNE z erenuoo epeztuedio w0U9 yaaa ap sess sab TDS #2 ‘eanqesant 2 fetI09} Bss Opuniag ON wut} ap wWaben “an v egaxduro anbyod seu ‘,aneurseum,, No jou!ais 728 ap orey ojod ou oarurap fos empezar] ® Zeare, “aueNaTP 2quau{Z}O} Wasepoge PUAN BIPSSONSU ‘plas sow zeajel, gopsem@eun ap Seph -sap 9 seajeno ops syexeu setougt9 $00 VyOSOHY BHT j uiones eneoridim anwar, to PANPHD, PHHASO © 228 argos 9p org) Q waeay ouoo souaTE CHT 9 SIN -ayt} ouloo soperapisuoo ayuoufes98 uefes onb woo 21 3 o8 ‘ssi seta ‘opS01 OBS WOOK STII ap SoureUIO SO a a i a “aadng op soysigpenb we seyrsiy SW “OBS op we goq BUM MYoxe VEgGUTR) “TENT emyoroit], @ 98 “Ossip WAYY “AMIRI

tu ppedoaduia sjuaxsjerargeg 9 aub vp axaptp 20UTE op SEATED senarosa ered synloos sodnud stop sosso 20d upesn wrabens * aT "NoBsejp op sotzgrasod sop-tunuo9 queens 2 W109 {ay oBsufoi vonod propxO ap soyosopy Sop tunuoo wosiens “arf @ P10}XO @P SOFOSOHJ SOL9D ap o1S0H OF CHD oy7au09 inn vias ,umuoo waBensun,, v eIoquIg wsTIL 8 919 TP ‘ep wUUsOU e ze21jqap! essed as anb o1spssao—t 9 oFAsoP tT ruops as exed sv “avuarayengiqey, souresn anb “an g Woo oyseNUOD wa ‘WedenBuly op -pdise ewan ‘PULIOM BP SO" ‘uoo ‘oyueyiod ‘Srys4ettI0j SO oun 2oueUnOs, OP BARIEN ‘an “eure @ns 9p OWSTTEATOA as anb ns 3 “uosap ov saaenuo sf) #49 enib aout iin —“autays 09002 yan “oquowtesorotet aney 9p Apunyg wnaysi4y 0B 98-0 seaiasqo & FISAOPIS L0H} HOadf anb Oss! to; “aUSTEIELO oS ‘anax sorayfare s0sso ‘BLpay wifey wa 9 ‘Sowaye 2h “aqeur sou ered , sontoumepz0ye3,, NO ,saneue,, OWO9 TAU! ovdnaouins vein “Funavwasr Va VRIORL 9 “~ 7 Ps 8 TEORIA DA LITERATURA- UMA INTRODUCHO de Marvell. Nao ha nenhum artificio “literério” — metont- mia, sinédoque, litote, quiasmo, etc. ~ que ndo seja usado intensivamente no discurso diario. ‘Ainda assim, os formalistas achavam que a esséncia do literdrio era 0 “tornar estranho”. Eles apenas celativizavam esse uso da linguagem, vendo-o como uma questo de con- traste entre um tipo de discurso e outro, Mas e se no bar eu ouvisse algiiém dizer na mesa ao lado da minha: “Essa cali- grafia € tremendamente floreada!”, Seria uma linguagem Iiterdria, oundo-literdria? Na verdade, trata-se de linguagem iteréria”, pois vem do romance A fome, de Knut Hamsun. Mas como poderia eu saber que é literdria? Afinal de con- tas, ela nfo exige que nenhuma atengao particular the seja dispensada enguanto desempenho verbal. Uma das respos- tas a essa pergunta seria dizer que a frase provém do roman- ce A fome, de Knut Hamsun. E parte de um texto que leio como “ficgo”, que se anuncia como um “romance”, que pode fazer parte do curticulo universitario, e assim por dian- te, O contexto mostra-me que é literdrio, mas a linguagem em si nao tem nenhuma propriedade ou qualidade que a dis- nga de outros tipos de discurso, tanto que poderiamos per- feitamente dizer isso num bar, sem provocar a adiiragio dos outros pela nossa habilidade literdria. Pensar na literatu- ra como 0s formalistas o fazem é, na realidade; considerar toda a literatura como poesia. De fato, quando os formalis- tas trataram da prosa; simplesmente estenderam a ela as téo- nicas que haviam utilizado para a poesia. De um modo ge- ral, porém, considera-se que a literatura contenha muitas ‘outras coisas além da poesia ~ por exemplo, obras realistas ou naturalistas que ndo so lingtiisticamente autoconscien- tes, nem constituem uma reelizagao particular em si mes- ‘mas. Por vezes, um estilo € considerado “bom” precisamen- te porque nao atrai sobre si mesmo uma atengao indevida: admiramos sua simplicidade lacénica ou sua sobriedade. E . INTRODUGAO: O QUE & LITERATURA? 9 © que dizer das piadas, dos slogans e refrdes das torcidas de futebol, das manchetes de jornal, dos amincios, que mnitas vezes sio verbalmente exuberantes, mas que, de um modo sgeral, ndo sio classificados como literatura? Um outro problema concemente ao argumento da “es- tranheza” é 0 de que todos os tipos de escrita podem, se tra- balhados com a devida engenhosidade, ser considerados “estranhos”. Veja-se uma afirmagao prosaica, perfeitamente clara, como a que se encontra por vezes no metro: “Cachor- ros devom ser carregados na escada rolante”. Isso talvez no seja tdo claro quanto pode parecer A primeira vista: significa- 4 que nds temos de carregar um cachorro na escada rolante? Seremos impedidos de usi-la se nfo encontrarmos algum vira-lata para tomarmos nos bragos, antes de subirmos ou descermos? Muitos avisos, aparentemente claros, encerram ambigiiidades semelhantes: “Coloque 0 lixo no cesto”, por faca de sinalizagiio de uma estrada inglesa fa por um americano da California. Mes- mo se deixarmos de lado tais ambigiiidades perturbadoras, certamente & ébvio que o anincio do met poderia ser lido como literatura, Poderiamos nos deixar levar pelo staccato abrupto, ameagador, dos primeiros vocdbulos ponderosos, poderiamos surpreender nossa mente, no momento em que ela deparasse com a rica alusdo suscitada pelo vocdbulo * regados”, divagando entre ressondncias que sugerem 0 salva. mento de cies coxos; ¢ talvez pudéssemos até mesmo detec- tar na propria melodia e inflexdo da palavra “rolante”, uma alusio a0 movimento de subir e descer da coisa em si. Tal exercicio pode ser infrutifero, mas ndo ser4 significetivamen- te mais infrutifero do que pretender ouvir o entrechoque dos sabres na descrig2o postica de um duelo, e pelo menos tema vantagem de sugerir que a’ eratura” pode ser tanto uma ques- que as pessoas fazem com a escrita, como daqui- ta faz com as pessoas. ‘car -gausuoo,,ureioy seortugpeoe sagditunsul sou eamnex sepepmse seaqo sep smmur onb o1320 9 9g jaw angos waruispa opSeasesqo ep odty umn au o ‘ejoquedso omi0> epiae owoa o-opurjosdroyut 19 wUION v a1gos ZIp 9 i te ill Soule a utes eto “un ‘ou Sozip as-apod ‘ossy TTIAX “99S op exraye|uy eu 210 ByjauLsaA ¥s01 ¥ 2s ~ sguodel soyjnonzoy wn asso, na anb as-opuodns — tas ogu anbiod suing woqoy ap aa 0 20] vapod na sey “Batis quoy ens v fos on onbyenb ‘easumny oBSdrusoa vp sueseu se weperse aut anbod no ‘uoqqis) op wso3d up ojnse op 01S08 enbuod seu ‘eByue eUIOY, 8 olgos sagheutiosur op vuipaply ajuoj eum wos ze enb seyae ered opesoambs squawiaquatoigns vfayso ontbiod ou ou ~euos ougduun op 2ey 109915) onb oBSy9sop v 39] wi9g OME sac beetisactie essa SOpiy eyueUl|ee2 OFIas enb ayer gu ossi'seu “‘opnuas:assau ;soonpardeid-opu,, 308 uopuoroad ‘oxtopo apsaurnea wun ap ‘anb = some onva 2p sead “seseod ~ so}uosa ap sed 20100 tf“, 9 ab ojmbep rzamana ep og 2 2) anosat magn on zjod eslauens ep opuopuadep vary vmmerart] ap O85 i ‘y -aluatmeanalgo,, eprutjap ‘oy2y op “ies sopod ogu enrer --Dil] B ap O}0y 0;,0RdTULJOp,; vssop 95-onBos-';,emye ‘spuoq 95 anb op oued 9 ,oonemeud-opu, osmosip 0 anb ‘opueispistoe as wo owsoU ‘opnitiog “jeIe8 on1gyo 0 wed sumsodr opesapisuoo 9 oxp 9 arb op tangid vrowproan = 2 094p1:08 Jojea 0 “euryoz,owo9 opeay ss a arb orb Fed Spies Wz Tnourmexs so yenb eed erouew v. 7 se sayaeyrodumt souam wiessoy sopeuurexe ajo 10d sooidon so . ‘oui09 Sopi] 198 WoAsp soresud snes anb 19qQUS [Jamu aBt08! ; tae ovaidine vum.opys wim) ssi seajo aie “seu, ou vus99uD eMyeIoNT] EP oRSIMFOP wsso WqUIE, sew i og a PS aonb menu vusn ‘provaiafou mo wreSensicy ap atogdse epi zemqesen| od souapuotus evaNLvsELN 7:96 O ‘oySndowINI nb op ogbeoxpur ewn ouios opuispiston sozan 10d 9 "VIET ae anb op ojtnbep apepyyeas vu op 2 3ejey ap uajounnn eu ab “ogo oss sejnogzed wo you Upla wp saya wae 22405 fog 9 ayn B aIgos 4njp/ ap DasUDI LIN ‘ap eyen as anb Seompay eed —o7ej asso aopiaa ety assostn as ow09 7 vnond wiogendun etn zeaidmo apod vjo “ouduos rHoU Seu .o9 ap Ywi08 opeyse wn v seveds os-opulze}e7 dl apepyyeuly PuMYvOU UIEY OBL Hye “O1A!A] o vied sopentap sopenes 9 vIdojOIg op syENUEAL SOP O 23109 te oogpuidead-opo,, ossnasip wn 9 vero ab ‘owwe) wrod tezyp soureapod "e108 WE J0UFe 0 a1G0S 2 ge auqos vstoo eumndye ‘opuszap FISD SOW Of f anigjoures 205 wyaoved a ‘owes wyurnysa mse 108 ‘onb tpezouen ex ana anaes of 98 TeyuNied Sows nb ‘apaviarlfe [ei Osten YU9 100 09 919 9p owes saAcUNE fed ‘souroges ‘wyyawian esos emUN OwOD 9 JOU NaS anb zip sou. wia0d © Opa?) “earvez=yy| ap wnvutcy $eOs dé se ‘nb ofinbeu epiayonus opserodo wun Jas oozed EplANp w9s gist upumyond syew emowjaseaosd 9 wjdure steu OBSe9H -Sis um Soup-opuep 2 Pd! ‘ap tay se -opunzijexaue® “ove{powlt auras wiSoro se ofa ‘sesawped sens se B29] @P sogSuoation St) wooo opuesy|dy "voRsga owsaut aye “er08| opdeoLTUaIS eum ap epmop opbeainye ep"etogdse.tum ouoo os]4e- zepp “asuoa 9 Ze} opaqag o and O Losta ‘aysold BOIFLIOA 28 0170 AP ian ang ,apEpI9a 9 OWOD,, ;oUISOU IS w JaZ1p odop exd soqnuna souva syuEnp ov. 1p Od OSTA O'2L sb 2 aqojoa vpegse ep optuIsH09 ou 2s-opuEnSas ‘oH0u UP opaqgg tun soutatn Bonu] Zest|paR wssou we NATE peut onod win seas apod sou anb ‘osiav O _SWOUTRSUOLA 10, jnppod ‘soure, “sduwsge op wutoupus exo eum suru? aiuomumuros emmpeaaiy van Op SHE pod asso} 28 0wU09 Of-9| op oBysaND wun was LTSSU OPE v9) ov ate anb tr ausou o31su09aednooard aS apod einyesa 9 ens aud 9 evo @ mun ep sued ogy sumo sat] ops ovdoyj ap sody sun} WBS OBSOIS Op S py “wow ean woo epeuopueqe Jas opod ‘sojasut sop 0} 3 : p opmsa 0 9 eiBojowojts _ ooo fe spp iq 9 as apepMee Bum 9 opts 9 eayeza}y] EP opmss o enb ap eIgpt senbyend ‘01-88 =p SI Hi ; EPUDIPEAIIT ¥ 3D 0 ‘OFSNGOUINT sexjop apod * ojduroxa 10d ‘asvadsaneus — “sanbut 2 (aapsoyTeut “BsTyezOHT] EpLIEpISWO 9 AnD PSIOI aanb “yon 9“exgeson 1 apod wsioo sonbyend) Joaganun 9 eoiSI> 198 ou, PaNIALGO, 9. euofaqea v and 9p sn 8“S0por 10d 20 wu ap ‘TEUOPHEGL sowepod ab vary -quig “vuoperstaap ayueyseg eiougnbagueo ve wo} Bj “op snguor) “BIOpadaHw|980 9 EPEZLOAEA 2700 38a op odn + jum 9 ,2iRye19q7], anb ap oBIsoHRS B "wayussa) Usse wop = ,0f26,,9 B}9p ofduzexs opermayep UM. anb ap ogn _oy aquauenrstooaK: 999] sou apa exoqusa "epee ono qu08 mia erase ap orogdso wun erOusp ZOPHEAS pgsotr enSIqUIE, -p “891591 Sa]]2q, NO ‘YS PIO9., ogssoxdxo ‘y “ojdtuexo [1 qmyystio9 Wosmog 189 OP ‘arsaod e anb Jezap eyapod wugtis|e ‘sous Semngetany op 1oURUE opduraxo tam 9 sngzue ap HHT!0. © end ‘eunp wagnBuyy “osorf@a owsoo opelapIsto> gquausjea® opout um 9p sousty ojdusexa Tun 338 pod 91a fo1eq operapIsuoa ‘di. op 198.29 wig arb op THS seus ‘OUran 208 tHE OTR 49s ap iia) opsa 0 an” dp Opriuas ow SHIOUTE yessa0at1-08 2 paapsnoo as oyu aab 0 9 “earpeziy t3apistion 08 an o oe ‘ogden ware ‘eplanp ws “or wovened z0{e OP soqustue3 so "eunexoy yu os « ous wou ope so49 OB FE ‘ppropisuca 295 tsapod eago wns — SoDuTEld SOTEL wwe seuode pessaiaay assooamed 2 ‘wong up opddoorad ap apePte oro wari assexn OBE AS TURLHTY 30} HN 9880] ‘Aejnwaupy 98 ‘ope| Osmo Og “VANILH| ‘qquaureyexe OBU SeUr oxaug3 nas we w09,, JO}PEmYD puourdey seyoe SOUTOPOL ran} @u09 SOj-Rz9p}sU09 ap extop ne anb aateHes soot ssi seu ‘sopetuysozqos ops AP|EORL oe pig,, v eDAEY OBL, pap 8 9 #tago opsalqo ‘9 que] anb myo OS80g <2 of opeptyea assaan oporangap yet 38 an ‘up, “Pmtwog eoazed sty nb vIBOs9 F “piso sBossad se [0398 opou ap ‘an auslns 9p ROUTES vvioo v exaouo seu ‘ouruido eyurc aie someus of0d *eYP}728 “ayy oyred opuresd 19 Jos op wosuUTASap © WA ‘pysodsou USS ovsnaoutnr viva wranzinesiri ver YrEORL vl a 20 ‘TEORIA DA LITERATURA: UMA INTRODUGAO a de que os sefes humanos sto mais importantes do que os ‘erocodilos. Podemos discordar disso ou daquilo, mas tal dis- cordéncia s6 é posstvel porque partithamos de certas manci- ras “profundas” de ver e valorizar, que esto ligadas & nossa ‘vida social, e que nao poderian ser modificadas sem trans- fortharem essa vida, Ninguém me castigara seriamente por ‘fo gostar de um determingdo poema de Donne, mas se, em certas eiscunstancias, ev argumentar que Donne nfo élitera- tura, eu correria 0 risco de perder meu emprego. Sou livre para votar a favor dos trabalhistas ou dos conservadores, has se eu tentar agir com a conviesao de que essa escolha apenas mascara um preconceito mais profundo ~ 0 precon- » celto de que o significado da democracia limita-se a colocar ‘uma cruz num voto de tantos em tantos anos ~~ entdo, em certas circunstincias excepcionais, eu poderia acabar na cad forma e-enfatiza nossas entendemos por “ideologia”. Por * quero dizer, aproximadamente, a maneira pela qual aquilo que dizemos ¢ no que acreditamos se relaciona com a estrutura do poder ¢ + p'tom as relagdes de poder da sociedade em que vivemos. .”, Seguie-Se, dessa grosseira definicdo, que nem todos 08 nos- 50s juizos ¢ categorias subjacentes podem ser proveitosa “inente considerados ideoldgicos. Temos a convicgio pro- fanda de que avangamos pata o futuro (pelo menos uma our © tea sociedade acha que esté-recuando para o futuro), mas embora essa maneira de ver poss s¢ relacionar de modo ificative com a estrutura de poder de nossa sociedade, isso necessariamente no -ocorre sempre € ex toda a parte. ‘Nio entendo por “ideologia” apenas as crengas que tém rai- es profundas, ¢ sio muitas vezes inconscientes; considero~ 4, mais particularmente, como sendo os modos de sentir, avaliar, perceber e acreditar, que se relacionam de alguma INTRODUGAO: 0 QUE E LITERATURA? 21 forma com a manutengiio e reproduco do poder social. O fato de que tais conviegdes nao sto apenas caprichos parti- culares pode ser ilustrado com um exemplo literério. Em seu famoso estudo A pratica da critica literdria (1929), 0 critico I. A. Richards, de Cambridge, procurou de- monstrar comio os juizos de valor literarios podem ser capri- chosos e subjetivos, distribuindo ads seus alunos uma série de poemas, sem os titulos © os nomes dos autores, e pedindo- Ihes que os avaliassem. Os julgamentos resultantes foram muito variados: poetas. consagrados pelo. tempo receberam notas baixas e autores obscures foram elogiados. Na minha opinido, porém, o aspecto mais interessante desse projeto, & a0 que parece no percebido pelo proprio Richards, foi o de demonstrar como um consenso de avaliages inconscientes esta presente nessas diferentes opinides. Lendo as opiniées dos alunos de Richards sobre as obras literarias, surpreen- dem-nos 0 habitos de percepgio ¢ interpretagiio que, espon- taneamente, todos tém em comum ~ 0 que esperam que a literatura seja, quais os pressupostos que levam a um poema @ que satisfagdes esperam obter dele. Nada disso 6 realmente surpreendente, pois todos os participantes da experiéncia eram, presumidamente, jovens, brancos, de classe média alta ou média, educados em escolas particulares inglesas da dé- cada de 1920; ¢ a maneira pela qual reagiram a um poema Gependeu de muites outras coisas além de fatores puramente “literdrios”. Suas reagées eriticas estavam profundamente li- ‘gadas a0s seus preconceitos e crengas mais gerais, Nao se tra- ta de uma questo de culpa: nfo bé reagio «1 he a um julgemento ou interpretagao critica puramente riria”, Se alguém € culpado, seré I. A. Richards, um professor de Cambridge, jovern, branco, de classe média alta, foi incapaz de objetivar um contexto de interesses do qual "eui9ze[ SUT vu ,,LINILIOT,, Bp ORSUADSE a1gos oxdisodxe eum ep’ spavne ¥]-FISe1 soulapod “feossod eoupodooaid wn ap omy no Zeperafiexe aoared opSeuniye.[e) ~ ag ‘sono aiqos 2apod o‘wpiueur 9 wiSorax9 sreI90s sodnsF sopeo stenb sojed sowsodnssaid soe sew somonsed 01308 08 souode nu ‘ostgue vu wo “warayar a8 sa]q]“sTeI908 Sei -oJ0apt se wioo ORSejar wuLaNsa eum ‘soudoid saja ‘we; soz -ynf sossa arb seur ‘StanpureA ayuoUeHOYSTY OBS WHORIT}Su0d anb sojea 9p sozinf so anb 9 ‘soyasut so onb enone euisott ep aisne ogu eimexoyy & an seuade 9 opu wie ge sow -ugoosap anb o ‘ommeiog “areig artduxg op ororyzpe o owen Sloapyequuy 9 Sequapise oxi ‘seSuaro ap sepuryoad stear sex -namuysa tua sazjer sens uta) s9]2 :20j¥a ap sozmnf ap sod sas -sout osoyouideo ap epeu gy ogu anbiod oss] “vanqeiay|] Op Je ei SOMISISAB “SnouitsoySuaded ‘onb orinbe scuade 9 vanes aii} 8 on soztp jantssod 9 opu urpqures “earjuosep ‘,nanalgo,, euoBere9 EU oWOD EMMI}! ¥ Joa jaajssod 7 oBU ag ‘opumtn 0 494 9p “epemnynyyse aquoUTTeID0s ‘eoIsoodso waFouEEE uM ap oNvap weUOIUNy ‘opSeHEAR op *,seanofgns, -o] sv5usigy)p se anb aqiourmuayd Joooqtto99% ap zudeout 088) pronoun vain Shweimento. Como conseqiéncia, poderiamos deixar de apre- Gos, Poderiamos passar @ ver que delas gostavamos POF que invohuntariamente as \iamos & luz de nossas proprias preocupagées; quando tal interpretagdo tornouss menos possivel, drama deixou de ter significado para nés. 1D fato de sempre interpretarmos as obras lterérias, ate certo ponto, i luz de nossos prépriosinveresses ~€ 0 ato de, INTRODUGAO: 0 QUE £ LITERATURA? " na verdade, sermos incapazes de, num certo sentido, inter pecs de outea maneira ~ poderia ser uma das razBes pels ais ce as obras literérias parecem conservar seu rravés dos séculos. Pode acontecer, é claro, que ainda conservemos muitas das preocupagses inerentes & da pré- pria obra, mas pode ocorter também que nfo estejemeos valorizando exatamente a “mesma” obra, embora assim n0s ares O “nosso” Homero nao é igual ao Homero da Idade édia, nem 0 “nosso” Shakespeare é igual ao dos contem- perineos desse autor. Diferentes periodos histéricos cons- pase aareins eum Shakespeare “diferentes”, de acor- decom s8¢3 € preocupagées proprios, encontran- : seus textos elementos a set val rados ou desva- lozados, embors no necessariamente os mesmos. Todas erdrias, em oultras palavras, so “reescrita mo ane inconscientemente, pelas sociedades que as Iéem; pa verda 7 jo ha releitura de uma obra que nao seja tam- 8 reescritura”, Nenbuma obra, e nenhuma avalia- Go atual dels, pode ser simplesmente estendida a {grupos de pessoas sein que, ne ica es, talvez. quase imperceptivei mes- 1cesso, softa modifica- E essa é uma das razdes pelas quais o at je pels quai oat 7 se classificar algo como literatura ¢ ex- peo mer dizer que sejainstavel porque os juizos de sjam “subjetivos”. De acordo com tal interpretagao, 0 mundo & dividido entre fatos sidos, “exterior: ; estagdo ferrovisria Grand Central, e arbitrarios juizos de valor “interiores”, como gostar de bananas ou achar que 0 tom de um poema de Yeats vai da fanfarronice defensiva até asignasio sombria, Os fatos so piblicos e indiscutiveis, Sees rivados aratuitos, Ha uma diferenga Sbvia faio, como “Esta catedral foi construida i como “Rata cate- dal é um exemplo magnifico da arquitetura barroca™. Va-

Você também pode gostar