Karin Strobel
1
O termo “hegemonia” deriva do grego “hegemon”, que significa líder, guia ou quem dita as
regras. No uso geral, refere-se ao domínio e à influência de um país sobre os outros e a um
princípio segundo o qual um grupo de elementos é organizado (EDGAR, A.; SEDGWICK, P.
2003, p. 151).
Na teoria pós-moderna, Herder propõe pluralizar a terminação
“cultura”, falando das culturas de diferentes nações e períodos, bem como de
diferentes culturas sociais e econômicas dentro da própria nação (apud
EAGLETON, 2005).
Os autores pós-modernos enfatizam as múltiplas culturas e se
dedicam a interagir de forma profunda no interior delas. Neste pensamento
pós-moderno, a pluralidade encontra-se cruzada com a auto-identidade, em
vez de se dissolver em identidades distintas.
A humanidade, ao longo do tempo, adquire conhecimentos através
da língua, crenças, hábitos, costumes, normas de comportamento que o grupo
social transmite a seus membros através de aprendizagem e de convivência,
percebe-se que cada geração e sujeito também contribuem para ampliá-la e
modificá-la.
Considerar a questão cultural no plural admite a multiplicidade de
manifestações e grupos culturais das mais diversas naturezas tornando o
conceito da cultura mais amplo.
Conforme afirma Hall (1997), nas teorias do campo dos Estudos
Culturais,2 a cultura que temos determina uma forma de ver, de interpelar, de
ser, de explicar e de compreender o mundo.
Os Estudos Culturais são originados da Inglaterra, depois se
expandiram para os Estados Unidos e outros países da Europa e da América
Latina. Os Estudos Culturais formam um campo de pesquisa interdisciplinar
para estudos na área da cultura. Na sua agenda temática estão gêneros e
sexualidade, identidades nacionais, pós-colonialismo, etnia, políticas de
identidade, discurso e textualidade, pós-modernidade, entre outros.
De acordo com Culler, “[...] o projeto dos Estudos Culturais é
compreender o funcionamento da cultura, particularmente no mundo moderno:
como as produções culturais operam e como as identidades culturais são
construídas e organizadas, para indivíduos e grupos, num mundo de
comunidades diversas e misturadas [...]” (1999, p.49).
2
“O termo “estudos culturais” pode ao mesmo tempo ser amplamente usado para se referir a
todos os aspectos do estudo da cultura, e como tal ser tomado para incluir as diversas formas
em que a cultura é compreendida e analisada [...]” (EDGAR, Andrew; SEDGWICK, Peter,
2003).
Então, nesse campo de Estudos Culturais, a cultura é uma
ferramenta de transformação, de percepção a forma de viver diferente, não
mais de homogeneidade, mas de vida social constitutiva de jeitos de ser, de
fazer, de compreende e de explicar. Essa nova marca cultural transporta para
uma sensação a cultura grupal, ou seja, como ela diferencia os grupos, no que
faz emergir a “diferença”.
O vocabulário “cultura” vindo do latim significa o cuidado dispensado
à terra cultivada; segundo Eagleton (2005) o conceito da cultura,
etimologicamente raciocinando, é proveniente do de natureza, sendo que um
dos significados originais é “lavoura” ou “cultivo agrícola”. Isto mostra que o
cultivo da linguagem e da identidade são, então, os elementos fundamentais de
uma cultura.
Dessa maneira, os elementos mais importantes da cultura podem
ser destacados com as habilidades dos sujeitos para construir sua identidade e
usar a linguagem. Ilustrado mais claramente, na “cultura”, a palavra natureza
significa tanto o que o que está a nossa volta como o que está dentro de nós.
Poderíamos usar a metáfora de uma semente que é plantada em solo e cresce
uma bela planta; mas isto não ocorre sem a ajuda da natureza, ou seja, do sol,
da chuva, do vento, do fertilizante do solo, que faz a semente reagir e
desenvolver. A semente que está sozinha sem ademão da natureza, não
cresceria uma vez que estaria abandonada e apodrecendo.
“A cultura permite ao home não somente adaptar-se a seu meio,
mas também adaptar este meio ao próprio homem, as sua necessidade e seus
projetos. Em suma, a cultura torna possível a transformação da natureza”
(CUCHE, 2002, p.10).
Da mesma forma, um ser humano, em contato com o seu espaço
cultural, reage, cresce e desenvolve sua identidade, isto significa que os
cultivos que fazemos são coletivos e não isolados. A cultura não vem pronta,
daí porque ela sempre se modifica e se atualiza, expressando claramente que
não surge com o homem sozinho e sim das produções coletivas que decorrem
do desenvolvimento cultural experimentado por suas gerações passadas.