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A NATUREZA DA CULTURA A.L. KROEBER DIRBI/UFU KUEN 1000 edicdoes 70 ANATUREZA DA CULTURA Notas 3 Socials no sentido tt, sn ular “Mtaciomistae no trabalho original se lino parr como edit hoe a menos drs ¢ conde O SUPERORGANICO ot edad vtando ura reo (1917) Originalmente publicudo na revista American Anthropologist este ensaio foi reeditado com revisies estlisticas, des unos depois. pela Sociological Press of Hanover, New Hampshire. Ud jd muitos danas que 0 artiga mio causa grande sensagao enire os antroplogos, presumivelmente porque ox seus pontos de vista controversos passa ram, na sua maivria, para v corpe comumn dos seus pressupostas, Con tinwon, todavia despertar algun ineresse entre sociologes, hissoriae ores vientistas sociais em geral, racio pela quat & agua incluide sean Da perspeetiva de um tergo de século, # ensaiv parece uma pro- clamagiia de independdéncia anti-reducionista, em relagdo av pre dominio da explicate binligica das Fendmenos sovivculturais, No entanta, ao olhar para tnis, mio sou capas, de recordar, nas dis décudas anterio-res a 1917, quaisquer casos de opressiin ow de fameaca de anexacito, da parte dos bidlogos. O que pairavu subre 0 cestudo da cultura, pelo que me apercebo hoje, era antes uma epinitio piiblica difusa, um corpo de pressupostos desapercebidos, que toraava precdirio o reconhecimento auténomo da sociedad ¢, mais ainda, ds cultura. Eva contra 0 homem inteligente da rua ¢ contra os que escreviam para cle, fildsofos sociais come Herbert Spencer, Lester Ward, Gustave Le Bon — era contra a sua influéncia que en pro- testava. Na realidade, os bidlegos ignoravam, de maneira xeral, a saciedade a cultura. Os poucos que ndo as ignoravam, como Galton e Pearson, apresentavam provas analisudas que eram manipubiveis e poderiam, por consequéncia, ser igualmente interpretadas num sen tido contririo, A verdade é que Galton sempre me inspirou 0 maior respeito e foi uma das minhas grandes influéneias intelectuais, Aquilo contra 0 que 0 ensaio realmente protesta é 0 cego e brando vaivém entre uma eguivoca «raca» e uma equivoca «civilizagdo» — vaivém referido no final de um dos pardgrafos do antigo. Essa confusdo con tinuava, sem diivida alguma, a prevatecer na altura. 8 9 ANATUREZA DA CULTURA Ha que formular duas reservas em meados do século XX. Em pri- ‘meiro lugar, a sociedade ¢ a cultura jé nao podem ser simplesmente ccolocadas entre paréntesis, come «o social», conto era entio costume, ‘em contraste com «0 organico», Na maior parte dos contextos, so separdiveis e & preferivel distingui-los. Quando o significado € clara: ‘mente inclusive, esse facto pode ser hoje esclarecide por meio do emprego de «sociocultural», segundo « pritica consistente de Sorokin. Foi Bernard Stern quem fez notar, em Social Forces, em 1929, que & mew «social» deste ensaio era ambfeuo. As formigas eas térmites pos sem sociedades, mas nde tém uma cultura, Sé 0 homem tem ambas, sempre necessariamente assoviadas, embora conceptualmente diferencidveis. Hoje em dia, a imprecisio relativamente a distinnsao & tuna fulha intelectual apenas ou pouco menos grasseira do que a contusiio de orginieo & do superorginico. Que o mew ssuperor- ginico» de 1917 se referia essencialmente & cultura é claro, niw sé por toda a evidéncia conereia citada mas também pelo emprego constante de acivilizagdo», «cultura», «historia» e das suas formas adjectivas. Dos vinte ilimos pardigrafos, s6 1rés nao comém wna ou ‘mais ocorréncias destes termos, alternadamente empregues. Sentir me-ia mais feliz se tivesse tide. em 1917, a previsao bastante para dizer cultural» ou «sociocultural» sempre que disse «social», nama ‘errénea temtativa de me conformar ao uso prevalecente le deitar vinhe novo no odre velho. No entanto, julgo que em parte alguma do ensai discuto ou denomino a «sociedade», facto que mostra que, quando dicia «0 social» empregava a expresso ow num sentido mais ample, para incluir a cultura, ow mun sentido limitado, para denotar sem rodeios a cultura Em segundo lugar, retracto-me, por serem reificacéio descabida das referéncias feitas no décimo quarto, no décimo € no sexto paré -grafos a contar do fim ¢ nw tltime panigrafo, ds «substdncias, enti dades ou estrumras superorginicas. Embora seja com frequéncia indispensiivel encarar diferentes tipos de fendmenos coma se per tencessem a diferentes ardens ¢ tratd-los em niveis de apreensaa separados, nav hd necessidade de transformar metafisicamente niveis de concepeao, ow ordens de atributo, em entidades substanciais ow _generos diferentes de substancia, Comparar., a propésito disto, com 0 cap. 13 A nogdo, expressu no septuagésimo-terceiro pardgrafo, de que a civilizagdo ou a cultura endo & aecéo mental, mas um corpo, ou cor rente de produtos, do exercicio mental» pode ser comesiada — afora a sua consiruséo, um tanto ou quanto antiquada —, mas continua a ser discutida actualmente, Parece que ainda nao atingimos uma definigao concisa, inequivoca, inclusiva ¢ exclusiva de cultura. Estou consciente de uma certa dose de gravidade retérica no Jraseado do ensaio. Espero que isto seja perdoado — como 0 foi no OSUPERORGANICO passado —, atendendo a que se trata de um subproduto do fervor de percepedes que, na altura, pareciam novas ¢ importantes. A redacede hndo sofrew alteracdes, & excepgde da mudanca de uma preposicdo. ‘Um modo de pensar earacteristico da nossa eivilizagiio ovidental tem consistido na formulagio de antiteses coniplementares, num con- trabalangar de opostos exelusivos. Um destes pares de idcias, em que 0 nosso mundo tem insistid hai cosa de dois mil anos, achi-se expresso nas palavras corpo e «lina, Outra paridade que serviu 0 seu til desig: nio, mas de que a eiéneia se esforga hoje muitas vezes por se livrar pelo menos em certos aspectos, € a disting’io do fisico © do mental Uma terceita diseriminagio é a do vital e do social ow, noutra frase logia, do orgiinico e do cultural. O reconhecimento implicito da dite: renga entre qualidades e processos orginicos e qualidades e processos hai muito, Contudo, a distingdo formal é recente. Com sociais vem de feito, poxle dizerse que © aleance pleno de significado dh anttese ‘comega apenas a delineat-se no horizonte, Por exda acasio em que ‘mente humana separa com nitider Forgas onginieas ¢ socials hi deve ras de outras alturas em que a disting.io entre clas naw & considerad, ‘ow em que tem lugar uma eonfussio real entre as dis ideas Uma das razSes part este confusio habitual do orsinico © do social 6 predominio, na presente fase dt historia do pensamento, da ideia de evolugio, Esta idea, uma das mais amigas das mais simples © também das mais vagas jamais aealentadas pela mente humans, eee hu o set mais forte fiandaments © consolidagao no dominio «ko orp hieos por otras palavis, através da ciGncia bioldgica, Aw mesmo lempo, existe uma evolugio, crescimento ov desenvolvimento. gr duals, igualmente- aparen tanimal. ‘Temos teorias de evolugio estelar ow edness © & dbvio, ‘mesmo para os menos culles, um ereseimento ou evolugio da viviliza slo, Na naturevsi das coisas hii pouco petige em transportar os prin Cipios darwinistas ow pois-darwinistas da evolugo da vide para o don rio de s6is em braseire e neulosas sem vida. A eivilizagio ou pro ister apenas nos niembs da gfesso humanos, por outro lado. que especie, © através deles, ¢ exteriormente tio semelhuntes i evaluglo das plantas ¢ dos animais que era inevitivel que se veriticassem textensats aplicagées dos prineipios de. desenvolvimento organico aos factos do crescimento cultural, Iso, evidentemente, & raciocinar por aanalogia, ow argumentar que, por duas coisas se assemelharem num ponto, hijo-de ser igualmente semelhantes noutros, Na auséneia de Conhecimento, tals pressupostos sio justficaveis como pressupostos. Mas, com demasiada frequéncia, 0 seu efeito & predeterminara atitude mental, com o resultado de que, quando se comecam a acumular indi cios que poderiam provar ou refutar o pressuposto baseado nt ant Togia, esses indivios jd nao so encarados imparcial e judiciosamente 4 ANATUREZA DA CULTURA, mas sto simplesmente distribuidos e empregues por forma a nao inter- ferir com a conviegdo estabelecida em que se tornou. desde hi muito, a ura hesitante original i no campo da evolugio orgiinica social. Esta distingaio entre elas, que € tio Sbvia que em épocas anteriores parceia demasiado vorriqueira para ser comentada, tem sido grandemente obscurecida, nos tiltimos einquenta anos, através do dominio que os pensamentos ligados a ideia de evolugo organica t&m tido sobre os intelectos, Parece mesmo justo dizer que esta confusdo tem sido maior fe mais generalizada entre aqueles para quem o estudo e a erudigao so uma meta dria do que para o resto do mundo. E, contudo, muitos aspectos da diferenga entre © orginico © aqui que na vida humana nao & orginico So to patente gue até uma c-€ que todos 08 seres humanos, incluindo os sel ns mais completos, empregam constantemente essa distingso. Toda 44 gente est ciente de que nascemos com certos poderes e adquitimos outros. Nao hi necessidade de discussio para provar que obtemos algumas coisas da natureza, para as nossas vidas e consttuigaio, através dda hereditariedade, e que outras coisas nos chegam através de sigentes ccom os quais a hereditariedade nada tem a ver. Que se sai, nunca nninguém ainda afirmou que algum ser humano tenha naseido com um conhecimento inerente da tabela da multiplicagao; nem, por outro Jado, ninguém duvidou que os filhos de um negro nasgam negros, at vés da operacio das forcas hereditirias. Mas ha qualidades, em qual quer individuo, que constituem nitidamente campo contestivel: © quando se compara o desenvolvimento da civilizagio, no Seu too, & @ evoluyio da vida, no seu todo, a disting’io dos processos envolvidos cescapa-nos muitas vezes Aprendemos habitualmente que, hii alguns miles de anos, a selecgdo natural, ou outro agente eausador da evolugio, fez com que as aves surgissem no mundo, Desenvolveram-se a partir dos répteis. As Acont Foi oqui condigées eran tais que a luts pela existéneia na terra era dura, passo que no a havia seguranga ¢ espace, Gradualmente, ou por uma série de gradagdes quase imperceptiveis, através de uma longa linha de geragoes sticessivis, ou por sallos mais marcados e sabitos: num periodo mais curto, o grupo de aves evoluiu a partir dos seus antepas- sados répteis. Neste desenvolvimento, aguiriram-se penas perde- ram-se escamas: a faculdade de preensio dus pernas dianteiras foi con. vertida numa capacidade para suster 0 corpo no ar, As vantagens de resisténcia goradas por uma organizago de sungue frie foram aban: donadas pela compensagin equivalente, ou maior, da actividade supe. rior que surge com o sangue quente, O resultado final deste capitulo de historia evoluciondria fo que um novo poder, 0 da locomogii a foi actescentado a soma das faculdades possuidas pelo grupo mi evoluido de animais, os vertebrados. Os animais vertebradas, no seu OSUPERORGANICO todo, nio foram, todavia, afectados. A maioria deles nio tem o poder de voar, como acontecia vom os seus untepassados de ha milhoes de anos. As aves, por seu turno, tinham perdido certas Faculdades que pos- suam outrora e que & de presumir que continuassem a possuit se finsse a aquisigio das suas ass Nos tiltimos anos os seres humanos também aleangaram © poder dda locomogiio aérea, Mas 6 processo pelo qual este parler foi atingide © 08 seus efeitos na especie Sie tae diferentes dos que caracterizaram a aguisigie do Yoo pelas primettas aves quanto & possivel serene, Os rnossos meios de voar esto fora dos nossos corpos, Una ave nase com tum par de asas, mas nds invenkimos ¢avido. ave femumeion a um pa potencial de mios para obter as suas asas: nbs, como 8 HOSS Faculdade rao faz parte da nossa conslituigio eongénita, preservamer todos 0s Srpaos ¢ capacidades dos nossos antepassados, mas aerecentames-Ihes anova capacidade. Q provesso do desenvolvin nitidamente, um pracesso de acumulagdo: o antigo € preservade, ape: sar da chez do novo. Na evolu organics indo de nove tragos $6 6 geralmiente possivel trav Grass ou fteuldades existent ‘da pera, ou meslificagin, de Em resumo, © crescimento de_novas espécies de anintais tem lugar atraves de, e eonsiste na realickide em, muadangas na sti cons. Lilnigdo orginiea, No que respite cimento dt eivilizagio, por foutro Kudo, © nico exemple citado basta para demonstrar que rmudanga © progress poste ter lugar através dle umst especie emt ‘qualquer alteragio constitucional tht especie humana Hii outra mancira de cncarar esta diferonga. FE evidente que, ‘quando ina nova especie se origina, deriva integralmiente do indivi {duo ou individuos que foram os primeiros a mostrar os tages puticul res que distingwem i nova especie, Quando dizemos que deriva desses individuos, queremos fiteralmente dizer que deseende, Por utras palavras, a espéeie compoe-se upenas diqueles indivadues que conten 6 «sangue» — o plasma erminativo — de antepassaalos particulates A hereditaricdle & pois, 0 meio indispensivel de transmissi, Toda via, quando uma invengao & feita, toda a raga humana & capa de beneticiar dela. Pessoas que nao tém © minimo lago de sangue com os primeiros desenhadores de avides podem voar e voam nos nossos dias ‘Muito pai ja se servi, destrutou e aproveitou da invengo do seu flho. Na evolugae dos animais, 9 descendente pode lundamentar-se-na hheranga que Ihe Toi transmitida pelos seus untepassads e pode erguer se 8 altura de maiores poderes ¢ de um desenvolvimento mais per Feito: mas © antepassaalo &, n das coisas, imposs- bilitado de tirar proveito do seu descendente. Em resumo'a evolugiio organica esti essencial © inevitavelmente ligada a processes. here ditarios; a evolugzio social que earacteriaa o progresso da civilizagio, por outro lado, niio esti, ou ndo esti necessariamente, assoviada es hereditaios, a ANATUREZA DA CULTURA, A baleia nao sé € um mamifero de sangue quente como € reco: nhecida como descendente remoto de animais de terra, carnivoros. Em alguns milhoes de anos, como é habitual calcular estas genealogias, feste animal perdeu as pemas para correr, as garras para agarrar ¢ des: pedaga, 0 pélo original e as orelhas, que seriam initeis, se ndo pior, sigue adquiriv barbatanas e cauda, um corpo cilindrico, uma camada de gordura ¢ o poder de reter a respira. Houve muito que a espécie ‘ahandonou: mais, talver, do que aguilo que ganhou. Decerto algumas. das suas partes degeneraram, Mas adquiriu de facto um novo poder: 0 de eruvar 0 oceano indefinidamente © paralelo ¢, também, 0 contraste esto na aquisigao humana de Faculdade idéntiea, Nao transformamos, numa alteragao gradual de pai para filho, os bragos em barbatanas, nem deixamos crescer uma cau [Nem sequer entramos na dgua para navegar — construimos um bureo. E 0 que isto quer dizer & que preservamos 08 nossos corpos & as nos sas fuculdades nativas intactas, inalteradas em relagdo as dos nossox pais € mais remotos antepassados, O nosso meio de viagem maritima & exterior aos. nossos dotes naturais. Fazemo-to e servimo-nos dele: a baleia original teve de transformar-se num barco. Levou-lhe imimeras gorages a atingir a sua presente condigao, Todos os individuos que no conseguiram adaptar-se ao tipo nao deixaram deseendéncia ou nio deixaram nenhuma que tenha cntrado no sangue das baleias de hoje. ‘Mais uma ve7, podemos comparar 0s seres humanos € 0s aniais| quando grupos deles chegam a um novo meio aetico, ou quando o clima da regio em que a raga se estabelece se torn, lr wa vez mais frio. A espécie mamifera no humana cria pélo pesado. O urso polar é peludo: o seu parente de Sumatra liso. A lebre do irctico aacha-se envolta em pele macia; o coetho americano, por comparagi miseravelmente esgalgado e com um pélo carcomido, As boas ples ‘vem do extremo norte ¢ perdiem em riqueza, em qualidade ¢ em valor A medida que vio sendo tiradas de animais da mesma espécie que habi- tam regides mais amenas. E esta diferenga & racial, © cvelho americano depress desapareceria com 0 fim do Verio, na Gronelindia o wise polar eaptucado sofre com 0 calor temperado, dem: {ro do imenso exsaco com que a natureza o vestiu, ‘Ora, hd quem procure o mesmo género de pecuTiaridades inatas no Exquimé do Arctico e no Samoiedo — e encontram-nas porque as procuram, Que 0 Esquim6 seja peludo & coisa que ninguém pode atir ‘mar; na realidade, somos mais peludos do que ele. Mas afirma-se que cle tem uma proteegiio de gordura — como a faca, revestida de gor- ‘dura de que vive e que devora grandes quantidades de carne e leo por- ‘que precisa deles. A verdadeira quantidade da sua gordura, comparada ‘com a de outros seres humanos, ainda esti por calcular, Possui prova- velmente mais que © europeu, mas nio deve ter mais que 0 S fou © Havaiano de raga pura normal, abaixo dos trépicos. E quanto sua “4 OSUPERORGANICO deta, se esta durante todo o Inverno se compte de Foca, foca € mais Toca, ndo ¢ por nenhum desejo congénito do seu estmago, mas porque do conhece maneira de obter outra coisa, O mineiro do Alasca & 0 explorudor do Arctico e da Antiretico nao se empanturram de gordur. Farinha de trigo, ovos, café, agcar, batatas, Ie atados — 0 que as exigéneias da sua vocagio e 0 custo do transporte The perm: fem — constituem a sua alimentagiio, O Esquims esti mais que dese- joso de seguir-Ihes © exemplo; e tanto ele como cles podem viver tanto com uma dicta como con a out. Na realidade, o que o habitante humano de latitudes intenipe das faz no & desenvolver um sistema digestive peciiag, kal come nie cia pélo, Muda o seu meio e consegue, desse modo, manter 0 seu ‘corpo original inalterado, Constréi uma casa Feehan, que mio deine entrar o vento e relém @ calor do seu corpo. Far fogo oa aecnde uma ceandeia, Esfola uma loca ott um rangsfero, Fieande com o cour pela de que a seleegio natural, ou outros processos de evolugay orsanica, dotouestesanimais; 2 mulher lay-The uma camiste calgas, hots e lnvas, ‘ou dois conjuntos destas coisas: cle veste-as: ¢ dai # alguns. anes, om dias, em a proteegio que levou ao urso polar ea lobe do Atetien, 3 maria € & ptirmiga, incontiveis perioxlos a aalquivir. Mais: @ seu filo recém-nascid ¢ filhi recém-nascide do seu filho, «0 seu eentésinne descendente nasecm Ko nus, tie desarmilos Hisieamente como cle eo ‘centésimo antepassade nasceram, Que esta diferenga nos meétoclos de resist un mic diel. res pectivamente seguidos pela espseie do urso pokare pela raga esqinns Eabsolatt mio precisa de ser dito. Que a diterengit € profund tiondvel, Que € tio importante quanto frequentemente in0- raul & 0 que este enssio pretende estabelecer Hai muito que & costume dizer que a diferenga & entre corpo & mente: qe os animais tem os seus Fisicos adapts sy sts eiecunstin clas, mas que a inteligéncia superior do homer I acim de nevessidides tio mesquinhas, Mas este nao € 6 ponto mais, significative da diferenga, E verdade que, sem ay suas muito mores. Taculdades mentais, o homem nio poderia chegar 3s Faganhas cua Falta mantém as bestas agrilhoadas as fimitagies da sua unitomia, Mas & superior inteligéncia humana, por si s6, nao caus as diferengas que eexistem. Esta superioridade psiquica € apenas a condigao indispensé vel do que € peculiarmente humano: a eivilizagdo. Directamente, & a eivilizagdo em que todo o Esquims, todo © mineiro do Alasca ou des- ccobridor do Arctico & criado, ¢ no uma Faculdade inata superior, que © leva a consttuir casas, fazer fogo © usar roupas. “A distinggo que importa entre o animal e © homem nao é a do fisico e do mental, que € uma distingio de gratt relativo, mas a do orginico e do social, que & tuma distingdo de pénero. O animal tem mentalidade e nds tems cor pos: mas com a civilizagdo o homem tem uma coisst que nenhun ani ‘mal tem, 4s AINATUREZA DA CULTURA, OSUPERORGANICO ‘Que esta distingso é, na realidade, algo mais do que a do fisico & {do mental esti patente num exemplo que pode ser irado do nao corpo: ral a fala, ‘Superficialmente, a fala humana ¢ a animal, apesar da riguezat © complexidade imensamente maiores da primeira, so muito seme- Thantes. Ambas expressamn emogies, possivelmente ideias. em sons formados por Grados corporais e ompreendidos pelo individuo que os fouve, Mas a diferenga entre a chamada linguagem das bestas e a dos homens & infinitamente grande, como fica exposto por uma ilustragi0 (Um cachorrinho recém-naseido & eriado numa ninhada de gat rnhos, por uina gata protectora, Contrariamente a anedotas familiares & pardgrafin de jornal, o bichinho ladrari e rosnard, ndo ronronarii nem Iman, Nem sequer tentari faver as duas dltimas coisas. Da primeira ver que Ihe pisarem a pata ganira, nao guinchard, to certo como, {quando o atigarem, morder, como fazia a sua mae, que ele nunca viu, sem sequer tentaré arranhar, como viu a mie adoptiva fazer. Durante metade da sus vida, 0 isolamento pode mant@-lo afastado da vista, do ‘ouvido ou do faro de outro cdo, Mas chegue-the um latido ow rosnide através da parede que o isola e todo ele sera atengio — mais do que fem relagio a qualquer som, solto pelos seus companhcitos alos. Repetido o latido, o interesse dard lugar 3 agitagdo e ele responder na ‘mesma moeda, tio certo como, junto a uma cadela, manifestarem-se 15 impulsos sextiais da sua especie, Nao hii que duvidar que a fala do ceo faz parte inextirpavel da natureva canina, nela plenamente contida treino ow cultura, parte imtegrante do organismo canino, come os dentes, patas, estmago, movimentos ou instintos. Grau algum de eon: {acto com gains, de privagio ou associagao com a sua propria especie. pexle fazer um edo auquirira der a sua, tal como n20 ‘6 pode fazer ondear a cauda em vez de abani-la, esfregar-se contra 0 dono em ver de saltar para ele, ou deixar erescer bigodes e andar com: as sta orelhas caidas espetad Tonems tum beds trane’ naseido em Branga de pais franceses, {que descendessem por sta ve7 de numerosas veragdes de antepassados de Tin 0s, pouew depois de nascer, © bebé a uma, ama muda, com ordens para no deixar ninguém tocar-the ou vé-lo, enquanto ela viaja pelo trajecto mais directo para o interior da China. Ali, entrega a erianga a um casal chinés, que a adopta legalmente © ‘veria como filha, Suponhamos agora que passavam ues, dez ou trina ‘anos, Sera preciso discutir o que © francés crianga, adolescente ou Francesa, Conti fadulto fala? Nem uma palavra de francés; chines puro, sem um. ves= tigio de sotaque e fluente © nada mais. E verdade que se verifica uma ilusdo comum, frequente mesmo entre gente educada, de que alguma influéneia oculta dos seus antepassudos de lingua francesa hide sobreviver no chinés adoptado; 46 tle que basta mands-lo para Franga com uma fomada de chineses ver: ladeiros para ele adquirir a Vingua da mac com uma facilidade, Hluéncia, correegiio e naturalidade apreciavelmente maiores do que os seus companheiros mongdis, O facto de uma erenga ser comum, con- tudo, tanto pode caracterizs-la como superstigao comum ou como ver- dade comum, E um bidlogo razoxivel, por outras palaveas um perito hhabilitado a falar de hereditariedade, declarari que esta resposta& este problema de hereditariedude & uma superstigao, Talver opte apenas por uma expresso mais polida, Ora, estamos perante algo de muito profunde, Nenhuma asso: aso com chineses tomaria pretos os olhos aztis do nosso javem franc ria dspero o# espetado © sew cabelo ondulado de recnste aval e, no rem os tornaria obliquos, nem achataris @ nari, nem torn eentanto, a sua fala € totalmente a dos seus companheiros, de Horna alguma i das seus consanguineos. Os olhios, nariz © 0 eabelo si seus por hereditariedade: a sua Lingua & nd hereditiria — cal como 0 con primento do seu cabelo ou furo que, de aeorde vom 3 mod, pose out no Fazer nas orelhas, Nao se trata de a fala ser mentale as propongiees faciais serem fisicas: as isting’io que tem significado e utiidade & que fa Tinguagem humana € nie hereditiria e social, a cor dos albos e a forma do nariz hereditrias © orgin is. Pelo mesmo criteio, a Fak rad come linguagenn dos ani esa classe que os narizes dos omens, sis propor cdo, ¢ tudo 0 que & mais, pertence an gies Jos seus ossos, a vor da sit pele e s obliquickade dos ollios, © io A classe de qualquer idioma hhumano, F herdada e, por consezuinte, orgiiniea, A luz de um padrao humano, nem sequer & verdadeiramente Tinguayem, a no ser através do tipo de meio qe Flt a i das Fores, E verdade que, de quando em vez, se pexleria encontrar unis crianga francesa que. sob as condigées da experigncia referidas, apren desse 0 chines mais devagar, menos idiomaticamente © com menos poder de expressin do que 0 chinés médio, Mas eneontrar-se-iam gualmente bebés franceses, e na mesma quantidade, que apmendessem a Fingua chines mais depress, mais fluentemente, com um maior poder de revelar as suas emogdes e de definir ay suas ideias do que DO chinés normal. ‘Trata-se de diferengas individuals que seria absurdo. negar, mas que nio afectam a média e niio vém ao caso, Um inglés pode falar mais melhor inglés do que outro, ¢ também pode, por uma questi de precocidade, aprendé-lo mais cedo: mas nao & verdade que ‘um fale mais ou menos verdadeiramente ingles do que outro. uma forma de expressdo animal em relagao a qual se tem air ‘mado, por vezes, que a influéncia da associaglo € maior do que 3 la hereditariedade, Trata-se do canto das aves. Existem bastantes opi hides divergentes e também, ao que parece, provas sobre este pt ‘Muitas aves tém um forte impulso inerente para imitar sons. Tame. a a ANATUREZA DA CULTURA rio hi diivida de gue 0 canto de um individuo estimula 0 outro — ‘como sucede com 0 cds, 0 lobos, 0s gatos, as rs ea matoria dos ani- ‘mais barulhentos. Talver se poss admitir que, em certas espécies de faves capazes de um canto complexo, 0 pleno desenvolvimento nao & muitay veres aleangado em individuos eriados fora do aleance da vor Mas parece evidente que cada espécie tem um mente seus: que este minimo € atingivel ‘emm associagao, por qualquer membro normal do sexo canoro, quando fas condigdes de idiade, alimento e calor sao propicias, e © estimulo indispensivel de ruido, ou silencio, ou desenvolvimento sexual se atcha prevente, Acabarii por se verificar que o facto de existir um sério con- Tito de opinides quanto & navureza do canto das aves se deve, essen- lalmente, & exposigao de opinides sobre © assunto por aqueles que interpretam os animnis & tur dos seus estdlos e actividades mentais — Fakieia eomum emt ‘qual todo.o estudioso da biologia esta hoje de sobreavinn, logo no inicio da sua earreira. Seja como for. quer uma fave caprenda» alé certo ponto com outra quer ndo, nao hi qualquer indicio de que © canto de uma ave seja uma tradigao que. tal como 3 fala human ou « misica humana, ela acumula e descnvolve através dos tempos, que se altera inevitavelmente de zeragiio cm zen ‘vés da moda ou do costume, e que seja impossivel manter-se ‘mesma: por outras palavras, que se trate de uma coisa sovia eva a um processo aparentado, ainda que remotamente, com os que afectam os constituintes da civilizagio humana. “Tambsmn & verdade que se verifica na vida humana uma série de expressies do tipo dos gritos dos animais. Um homem que tena dores igeme sem qualquer propésito de comunicagao. O som é-Ihe litera mente arrancado. Uma pessoa extremamente assustada pode guinchar. Sabemios que gio & involuntario, aguilo a que o fisiélogo chama ‘uma aegao reflexa, O verdadciro guincho € to capaz de ser salto pelt vitima pregada ao chao, face a um comboio que se aproxima sem ista, como por aquele que & perseguiddo por inimigos racionais e premeditados. O homem da floresta, esmagado por uma rocha a ses- Senta quildmetros do ser humano mais proximo, geme como o citadino atropelado que espera por uma ambulincia, rodeado de uma mult dio, Tais gritos sao da mesma classe da dos animais. Com efeito, para ‘comprecnder realmente fala» das bestas temos de tentar colocar-nos ‘numa condigio em que as nossas expresses se Jimitem totalmente ‘estes gritos instintives — sinarticulados» é a sua designagio geral embora por vezes inexacta, Num sentido rigoroso, no sio de forma alguma Tinguagem TE precisamente aqui que bate © ponto. Nao hi davida de que temos certas actividades de expresso, certas faculdades e habitos de proxlugo de sons que sao verdadeiramente paralelos aos dos animais;€ Tambem temios mais alguma coisa que € completamente diferente e que cou que se 48 OSUPERORGANICO nao tem paraelo entre os animas, Negar que existe algo de puramente final subjcente a fala humans é estipido; mas seria igualmente tcanho erer que, como a nossa fala eman de uma fundsgo animal co s¢ originow ness un pois, mais que mentaidade © ‘expresses anna, mito ampliadas. Uma casa pode ser construids Sole rocha, sein esta base talver fosse impossie! eigita mas nine juuém sustentar qu, por ess rs # eas Ho Sea Seo peda apr feigoada ¢ gloriticada, : bts Na fea, o elemento purumente animal na fala humana & pequeno. Afort orig ¢ 0 chores pouca expresso encontra, Ox isle fos egam, ou Se parte alten, que as nossts interes ejam Nerdadcira fala, E unt fucio que diferem dis pakiras propriamente ditas por ndo serer yensbmente sls com o ine transite Um Siznificado — nem deo ocular, Mas até esas parties x30 mola e lita pola maa, pelo costume, pelo tipo de ivi a al per tencemn em resumns por clementen sociais€ nao organicos. Quah acento conn o martelo ho dedo em ver de accraF ml eae do prEED talver se me escape ui involuri dan (eaion!) tanto se esi Sozin em casa vain 96 iver alga ay mew Talo. Ta depress ainda neste iki caso, AIG age. excl opropesito ct fala en danni co Frances, seri sed de expresses diferentes. O- Americano dia sont!» quande se mages. ON nacionatidaes no entenden est laa, Cal pow nh 0 Seu pm prio son; algans ut t2n dois — unt para as mulheres, ote pa os homens. Uin Chins entender na gargathads, sm emi. «chore dle uma esianga, tao ben como nos os entenemos Ki Ben can tio entene 0 rownid de onto cio. Mas teri de aprender soe Seno no Ih dar qualquer sentido, C30 alum, por wbtr a janis dew expresso a um nove rosnido, ininteligvel part os outs ees. © resultalo de fer sid criado num meio diferente, Assim, tes este no elemento da fa humana, esta semifalainvoluntria de evel tagies-€ moldado por influéncias soci Heriot arn a historia du rei egipcio que, deseo in gata ingna original da humane, mando cra algans bess soa dos de outs da sa expecie, tendo apenas cabras por compara € para assegurar Sua subsistencia, Quando ay eriangas, mas crescis, foram visita, gritaram a palavn wbekow» ow, que € mas prowavel, subiruindo a terminagao que o grego, normative e sensivel, no poi omitir do que quer que fosse pronunciado pelos seus kbios, «bek>. (O rei mindou ent indigar, por todos os paises, em que tera este vocibillo queria dire alguma coisa, Verligou que no idioma frigio Significava pao e, partindo do prinipio de que as ciangas estavam a pedir comida, conclu ie fala frigio ao da expresso st fala hurnana satura» que esta devia, por consepuint, sera Tinga ” ANATUREZA DA CULTURA ‘original da humanidade. A erenga do rei numa linguagem congénita e ‘nerente ao homem, que S6 os acidentes inexoriveis do tempo haviam, distorcido, transformando-a numa multiplicidade de idiomas, pode paroeer simples: mas, ingénua como é, uma investigagao revelaria uma grande quantidade de pessous civilizadas que continuam a aderir a ela Mas mio € esta a nossa moral da historia, Essa reside no facto de Sinica paavea atribuida as eriangas, whek, Ser apenas, se é que a his (6ria fem alguna autenticidade, um reflexo ou imita ccomentadores de Heridoto desde entio conjecturaram — do balir das teabras, que erm 3s tinieas. companheiras e educadoras das criangas. Em resumo, se hui que tirar alguma inferéncia de anedota to apéerita, ‘que ela prova que nio existe uma Tinguagem humana natural e, por cconseguinte, ongsiniea, Milhures de anos depois, outro soberano, o imperador mongol Akbar. repetiu a experiéncia, com 0 intento de indagar a religiao ssnatural» da humanidade, O seu bando de criangas foi encerrado niima ‘casa. Quando, depois de devorrido o tempo necessiirio, as portas foram, aabertas na presenga do expectante © esclarecido governante, 0 seu ‘desapontamento foi grande: as criangas safram em geupo to caladas ‘como surdos-mudos. Mas af ndo morre facilmente; e estou em crer ‘que seria necessirio um terceito ensaio, sob condigies. moderna seleccionadas e controladas, para convencer alguns estudiosos das cciéncias naturais de que a fala, para o individuo humano e para a rast humana, € uma coisa totalmente adquitida © nao hereditéria, inteita- mente extema e de forma alguma interna — um produto social © nie um desenvolvimento organico. ‘A fala humana e a animal so, pois, embora uma radique na outra, de ordens diferentes, Assemelham-se uma 2 outra apenas como 0 voo ham. O facto de analogia nte iludide prova apenas a ana, Os processos operativos so total- 10, para quem esti Jesejoso de compreen- dor, & muito ‘gem e 0 campénio, que curam limpando : faca e deisando a Ferida por Em observa alguns factos indiscutiveis. Sabem que a limpeza ajuda ea sujidade impede, de mancira geral, a recuperaga0. Sabem que 4 faca é a causa, ferida o efeito; € também se apereebem do principio orrecto de que o tratamento da causa tem, em geral, mais probabi- Tidades de ser eficas do que 6 tratamento do sintom. Pecam apenas por ndo investigar o processo que pode achar-se envelvido, Nao conhe- cendo nada da natureza da sepsia, das bactérias, dos agentes que oca- sionam a putrefacgdo e retardam a cura, recorrem a agentes que Ihes ‘io mais familiares e server-se, © melhor que podem, do processo dda magia, entrelagao com o da medicina, Raspam cuidadosamente 4 faca, untam-na, mantém-na reluzente. Os factos a partir dos quais 30 OSUPERORGANICO Irabalham esto correctos; a sua Wégica é bastante si; simplesmente ‘nio distinguem entre dois processos irreconcitidveis —o da magia ¢ 0 «la quimica fisiologica — e aplicam um em lugar do outro. O estudioso ‘dos nossos dias que interpreta a mente civilizacionalmente moldada {dos homens, luz da mentalidade de um edo ou de um macaco, ou que tenta explicar a civilizagio — isto € a historia — através de fh ‘orginicos comete um erro que & menos antiquado e estd mais na moda, ‘mas do mesmo género e natureza. ‘Sé em pequena medida se trata de uma questao de superioridade e inferioridade entre o homem ¢ o aninyal. Muitas actividades pur mente instintivas dos animais eonduzen a feos muito mais comple- xox dificeis do que alguns dos costumes anlogos, dest ou daguela nagio humans. O eastor é melhor arquitecto do que muitas tribos sel vvagens. Abate drvores muiores, aerasta-as para mais Tonge. consti tum casa mais estanuue, edificd- tanto abaixo como acimna dieu © faz 0 que muitas nagies nunea fentam fazer: arranja uma topogratia adequaida part hubitar, erigindo uma represa. Mas © ponto essen no € o facto de, alinal, um homem conseguir fazer mais do que win castor, ou um eXstoF tanto com uN bomem; € que o que UII castor realiza, realiza-o por umn nein, ¢ ust bomen realiza-e por outro. O se vagem mais rude, que apen c racada, por onde © vento eu 1 sido ens, a serra e pregar Gibuas, a amontoar pede sobte peda com angamassa, a langar alicerces, de ferro, Toda a historia humana se ocupa esse estas mesints sang © qe ean os nese pris anes (op cchoupanas: hii poucos milhares de anos — um periedo to curte que io chega para a Formago de uma nova especie de organismo? E, por outro lado, quem teria a imprudéncia de afinnar que dee mil geragdes de exemplo e instrugio converteriam o castor num ear num alvanel — ou, atendendo 2 sua deficigneia Fisica de auséneia de maos, num engenbeiro projes 'A divergéncia entre forgas sociais © organicas talver aio seja ple- rnamente entendida eng 0 aprofundarmos a mentalidade dos cchamados insectos sociiveis, as abelhas ¢ as formigas. A formiga € social na medida em que se associay, mas esti to longe de ser social n0 sentido de possuir eivilizago, de ser influenciada por Forgas no orgi- nicas, que mais valia ser conhecida por animal an ‘Nao pode- ‘mos subestimar os poderes maravilhosos da formiga. A ninguém pode ‘ser mais ti explorar integralmente a sua compreensdo do que ao his toriador. Mas ele nio se serviri desta compreensao aplicando a homem o seu conhecimento da mentalidade da formiga, Servir-se si dele para fortalecer e precisar. por meio de um contraste intelizente ‘4 sua concepea0 dos agentes que modelam a civilizaye humana 1 choupant esh st LTURA A sociedade das formigas é tio pouco parecida com uma verdadeira Sociedade, no sentido humano. come uma caricatura com um retrat. “Tomemos alguns ovos de formiga dos sexos adequados — ovos cubados. acabados de pir. Removamos todos os outros indi- viduos e oves da especie, Denios 30 par um pouco de atengo no que se refere a calor, humiduule, proteceio e comida. A totalidade da «socie- dade» das formigas, toda e cada uma das eapacidades, poderes, reali- acdes ¢ actividades da expeéeie, cada apensamento» que cla alguma ver teve, serio reproxluzidos, ¢ reprodu dos sem diminuigio ‘cdo seguinte, Mas cologuemos numa ilha deserta, ow num lugar iso wo, duzentos ou trezentos bebés huumanos da melhor proveniéncia., da clusse mais ala: demos-Ihes necessiria Jimentagio: deixemo-los totalmente isokilos da su teremon? A eiviliza incuba e a qual foram arraneados? Um scimo deka? Nao, new nenhun fracgao; nem uma fracgo das real zaghes civilizacionstis da tribo selvagem mais tude, Apenas um par forum bando de nudes, sent artes, sem conhecimento, sem Fogo, sem nem rel a extinguido dentro destes nio desintegracka nem profundamente ferids, mas obliterada de um $6 golpe, A heroditariedade guarda para a formiga tudo 0 que ela tem, de zeragio em gerago. Mas a hereditariedade ni mantém, nem fem mantido, porque no pode manter, uma purticula da eivilizayio, que & a coisa especificamente humana. ‘A actividade mental dos animais é, em parte, instintiva, em parte bbaseada na experiéneia individual; pelo menos o contetido das nossa :mentes chega-nos através da tradigio, no sentido mais amplo da pakt- vra. O instinto € 0 que & «entretecido», um padrio inalteravel inerente aos tecidos: € indelével e inextinguivel, porque 0 seu desenho ni & sendo a urdidura e a trama, que vém ja prontas do tear da hereditarie: dade. Mas a tdi para out, & 19, eivilizgio terse 10, © que € «pesado através de>, transmitide de win uma mensagem. Evidentemente que tein Ge ser » €, afinal, extrinseeo a noticias. Por cconsepuint mas como a sua significa test no sentido das palavras, tal como 0 valor de um recado nao est na bra do papel, mas nos earaeteres inscritos na Sua Superficie, também a tradigio € algo de acreseentaxlo aos organismos que a leansportam, imposto, exterior eles. E, tal como © mesmo fragmento pode ter uma centre milhares de inscrig6es. da mais variada forga e valor, € até pode ser razoavelmente rasurado e reinsert, © mesmo se passa Com o or ismo humano e com 0 infindivel conteddo que a eivilizagtio pode derramar nele. A diferenga essencial entre 0 animal ¢ o homem, neste exemplo, no € 6 facto de este ter um gro mais fino ow uma qualidade mais pura de material; € que a sua estrutura, naturezst e textura so tals 2 OSUPERORGANICO, que ncle & possivel fazer-se uma inserigao e no animal nao. Quimica e Iisicamente, pouca diferenga ha entre um pedago de pasta de papel e tuna folha de papel. Quimica e fiicamente, pouca importincia tem ‘win diferenga tio diminuta, Mas quimica e fisieamente ainda hi menos diferenga entee a nota que diz «um» e a que diz «mil»: © menos, ina entre o cheque com una as onhevids e outro escrito ‘a mesma canta. mesma fina até os mesmos tFagos, por um Fal sador. A diferenga que conta entre © chegue vilido ¢ 0 falsificado nie & linha mais ampla ou apertada, a curva continust de uma leteaem, aa diferenga, puramente social, de que nnatirio tem uma conta vilida no bane © outie nde: Facto que & par certo, extrinseco ao papel e até tinta que: est sobre el. Exactamente parilela ¢ a relagao do instintive © do tradicional slo orgnico © do social, O-animal & Gio inapto ne que toca a influsneias socials como 6 € unt prato de papas de aveia para nsterial de eserit ‘ou quando, como acontece com sare (0 de domestificagao, inscrever qualquer cois na conse {como especie. quialjucr impressio permanente. Por isso niko possi sociedade &, por consezuinte. nio possui histiria, O- homem, con tudo, eompreende dois aspectos: & un substan nies que pode ser encarada com substincia © & jgualmente uma plac st qual Se cescreve, Um aspecto € 1 valid Lio justiliedvel come 0 outro: tum erro capital confundi-los © pedreiro constroi em granito & fay telluidos com anlOsia sapeenule aloe v a esenever mala sabe das ashe natura re dda praia, nele se convey ure eserever com «our com &, O minerallgistt da preved consttuigi, este ket aun pedra sobre onate ca 1 propricdadles ¢ utiidaale. Q edueswlor ignora o granite; mas, emborr se sev cards, no € por isso qe he dk nis prego, ou que new ula do outro material; Fay use dt substancia tal como se the apreseata, O problena que se the depara & se cvianga deve comegar por palayras ou por lets: em que idade. durante qu tas horas, ein que Seyuéneia e em que eondigées a saa eclucag eve iniciar-se, Decidir estas quesides «partir de indicios cristalowraticas, pelo facto de 0 sew luna eserever sobre una determinada variedade de pedra, set Alogo empreyasse os seus conheci ipios mais s6Tidos da pedazogia Por conseguinte, se 0 estudioso das walizagdes humanas temtasse subtrair, da observagiio do naturalista © do filisofi, mecanicista, os seres humanos nos quatis esti inscrita a civilizagio que ele proprio investiga, tornar-se ido, por outto lado, 0 bidloge se propiie reeserever a historia, no todo ou em parte, através do mectin ‘da hereditariedade, revela-se a uma luz pouco mais favoravel, emibor:t tenha a sangio de alguns precedentes. 3 ANATUREZA DA CULTURA, ado muitas tentativas de tomar a distingio entre © ustinio e a evilizagio, entre 0 oFgainico e o social, entre 0 animal e © fhowei, precisa. O homem enguanto animal que se veste, animal que Aouerve do Fogo, animal que utiliza ou fabrica ferramentas, animal que Tala, tudo isto sa somas que contém algama aproximagao. Mas para 4 concepgio da discriminago, que é, simultaneamente. a mais € peta ea mais compact, temos de remontar, tal como para a primeira xpressio precisa de tantas das ideias com as quais funcionamo snente sem par que impeliu Aristoteles. «© homem é wry animal pol fico» A paavra politico mudou de significado, Fim vez dela, empre- fzamos o terme latino social. Ito, dizem-nos tanto o filisofo como § filglogo, ¢ 0 que o grande grego teria dito se falase inglés hoi. O homem & pois, um animal social: um organismo social. Possui uma Constituigao organica: mas possui igualmente eivilizagdo, Tgnorar um Glemento € tio tacanko como ignorar © outro: converter UM HO QUITO, Secada um tom asta realidade. & uma contradigio. Dada esta formulit- Gao bisica com mais de dois iil anos, ¢ eonhecid de todas as gente Goes, hi qualquer coisa de mequinho, bem como de obstinadamente Gestvutivos na diligeneia de revogar a distingao ou de obstar& sua fru ‘Gio mais completa. A tentativa que hoje se veriicu de tata © sovial somo organico, de eompreender a civilizagao como hereditariedade, & tvaua exséneta, to Lacanha como @ suposta inclinagio medieval para Nubtrait » homem ao reino da natureza e & algada do cientista, por se Acredlitar que possua uma alma imaterial ‘Mas, infelizmente, as recusas e, para cada recusa, uma dizia de confuses, persistem. Repassam a mente popular ¢ dai ressurgem Neves sem conta nos pensamentos da ciéneia declarada e reconhecit. Chega parecer que. numa centena de anos, retrocedemos. Hai um Céoull ini dois culos, com tum generoso impulso, os Hideres do pen Samente dedicaram as stas energias, © 0s fideres dos homens 2s Stas Sidi, causa da igualdade dos homens. De tudo o que esta ideta Snvaive.e da sua rectida, no temos de nos ovupar de momento; ma ‘la implicava, certamente, a proposigtio da igualdade de expacidades Gatve as racas, E possivel que 0s nossos antepassados tenfiam conse- guido defender esta posigio liberal por no se terem visto ainda con Frontados com todo 0 seu aleance pritico, Mas, seja qual for a Fazio, nao ha divida de que retrocedemos, aa América e na Europa e nas suas olénias, na nossa aplicagto teGriea da evidéncia. Diferengas de capa Cidade raciais € hereditirias passam por doutrina aceite em muitos tiualrantes. Hi homens de eminente saber que ficariam surpreendidos por saberem que ba quem tents sérias dividas sobre 0 assunto. TE, no entanto, hd que reconhecer que poucas provas verdadeira- mente katisfatrias Foram produzidas em apoio do pressuposto de que a diferengas que uma nagio mostra em relagdo a. outea — para no falar da superioridade de'um povo sobre outro — so racialmente 34 OSUPERORGANICO tas s80 as mentes que tm Ststenado que tas diferengas so hereiti- ponto assente. O sovidlogo ou o untropélogo podem col fi Sonics 0 srs. ih jas ovasinalente dade, em todo 9 curso a Hivoia humana, ume coninnaga ds ie ara ee eteeetone ee ees lean soa lun cae Evo gue far vedadetan prove tanto eum ado como bu ape so cones pam be eke timarepetign do inereant cra de Akbar uns vray dele imlgeneieni abet evn sents dase reuhade de mor cx spas ds psec Ota sperticeients prs snore We deen bee 1 de nis que se corns dificil cr mn enisain que, se as Facudles ria distimtivs fossem ins ‘ raga unnts serem ov nso. em si mess, identi Sr eligi lapel cs ea xemente em ‘e com ow ideas que hostilidade. Nao & win, a declaragao de ANATUREZA DA CULTURA A attude Uo Inglés na fda, do europeu do continents nas ua cokinins talver se manifeste de maneira Menos extremists mas tud0 indica nia ser menos araigada, Por utr Tado, 0 socialist ou ilernacionaista confessoe cons cieneions tem de adopiara posicao conria, por muito anipties que thee seje pensoalmemte. se mio quiserem renunciar 3s aspiragdes due Then sao eure, sn nelinagao ands que, de modo geral, menos cl Frmente defini, nao &. pois. menos predeterminada © persstente ‘Asim, no de esperar imparcalidade neste grande caso, 2 30 ser, enr certa media. da parte de estdiosbs realmente desapaixonados Sparconseguinte-pouco influcnes, pelo que um miximo de assergao Seine unt anitimo de provts. que prevalevem, devem ser aeeites Sch uments, de facto, mas incvitvers € difieltmente censure indemonstrivel, també na tealidade argumentivel. O que & todavia, possivel & compreender que hi uma explicagao complet cconsistente para as chamadas diferengas raciais, baseaa em casas puramente civilizacionais e ndo orgiinicas ¢ reconhecer que o simples facto de-o mundo parti, de forma geral, do principio de que ess i rengus enlre um povo e outto So inatas e inextirpvels, a nde ser por reprodugio, nao consttui prova de que tal pressuposto seja verdadero. ‘O tiltimo argumento, de que € efectivamente possivel rer essis peculiaridades nacionais em cada geracio, e de que nde € necessirio Verificar o pressuposto porque a sua veracidade & evidente part tod & ¢ tem menior peso. Eo mesmo que defender a opiniio de {Que este planeta é,afina, o ponto central fixo do sistema cosmien, por {due toda gente xe pode aperceber de que 0 Sol e as estrelay se desl dam ea Terra esti parada, Os campedes da doutrina de Copernic finhany isto seu favor: tratavam de fenémenos a que era possivel apli- tr prontanente exactidio,swerea dos quis se podia fazer previsdes Verifcaveis ot refutaveis, a que uma explicago ou Se ajustava ou 130 Ae alustava, No dominio da bist6ria humana tal nao & possivel, ou no Toi ainda possivel, pelo que uma jgul nitider de demoastragao, provas efinitivas, uma verificagio minuciosa da teoria de avordo com os actos, com exclusio de todas as teorias rivals. no € de esperar por cengwanto, Mas ha uma mudanga quase tio fundamental doy ponto de Vista mental e emocional, uma reviravolta de atitude quase 10 abso Jka quand se pede ao pensamento corrente dos nossos as que eneare a civilizagao como uma ‘organica como quando a doutrina de ‘Copémnieo desafiou a anterior convicgio do mundo. "A maior parte dos etndlogos, pelo menos. esti convencida de que. nna esmagadora miaioria, 0s actos historicos ¢ os erroneamente cham: dos factos raciais, que so hoje em dia atribuidos a causas organi ‘car obscuras, ou que estdo, quando muito, em disputa, aeabarao um dia 56 OSUPERORGANICO por sr visto por oda agente como sociis¢ metho ili {has lagen social, Sera dogmativo ne duo em ue tenhary estado em acho influgncas rede is talver veaha a veificarse que mes exe resid de agents or nicos tena funcemado de mancias completamente diferentes dae Tas queso hoje habualmente alepadas Pode inka manterse etinaJamente opin de ue, para © histori “aquele que devejcompresnder quaker expe ds noma cei Prva th sd eauignay, protons da eivlizag, itr meses eee eerie trier nece ei tee ten lncapee jue pode existir um resi- ‘ver, seja de mais exper 7 Up esa exp ier esas expliagfen, Mas pece ser cletivamente nici ese ‘lea ik ma pon eres deg ale expla erent tone pessoa aferrada, deliberad ow insistir sem hesitagtes ma proposigiio ake que a civil Fiedade so dus coisas que funcionany dem te, qualquer sustituigao abso ‘explicagio de fencmenos de grupo fun ‘em reconhieeer pelo: menos a possibi reallizagdies humans, que Sef total valecente para uma explieacio biologica, & un Quando semethante reconhecimento da racional espirito, que € diametralmente opost ter-se-do Feito muito sou av de sie et eave even Um dos expiites dts de um poder de pereepgio &foramuks {20 ta0 cminente come os melhores da dines geragi, Gustave Le Bon, cujo nome ¢ allamente eonecituaud, ainda que 2 sua negligemte temeridade The niio tenha conseguido senio poucos sewuidores comnes- sos, levou a interpretagiin do social como organico a sua eonsequeneia consistente, A sux Psicologia dos Povos & um tentativa de explicar a izagdo com base na raga. Le Bon é, realmente, uit historiador de juma sensibilidade © perspicdcia invulgarmente agudas. Mas a sua. declarada tentativa de transformar directamente os materials civili= zacionais com os quais trabalha em factores organices leva, por uit lado, a renunciar as suas engenhosas interpret. restarem apenas lampejos intermitentes; &. por outro. a basear, Hina mente, as suas solugdes declaradas em esséneias misticas. come a p tus de shberaihe le desta atu be 37 ANATUREZA DA CULTURA, scala de uma raga. Como conceito ou ferramenta cientifiea, uma alma da raga € Ho intangivel e induil como uma frase da filosofia medieval e igual 3 expedita declaragao de Le Bon de que 0 individuo € para a raga 6 que a célula é para o corpo. Se, em ver de alma da raga, 6 distinto francés tivesse dito espirito da civilizagao, ou tendéncia ou ccardeter da cultura, as suas proclamagies teriam sido menos atraentes Porque seriam aparentemente mais vagas: mas ndo teria tido que basear o sev pensamento numa ideia sobrenatural, antagGnica ao corpo dda cigneia ab qual tentava ligar © seu trabalho: e, embora nio meca- ricistas, as suas diligéncias de explicagao teriam, pelo menos, ganho 0 respeito dos historiadores. Na realidad, Le Bon opera ymente com fen6menos sociais, nao obstante dar-thes insistentemente nomes organivos © proclamar {que os resulveu organicamente, Que «ndo foi o 18 Bromario mas a alma da suit raga que instaurou Napoledo» é, biologicamente, ¢ sob ‘qualquer aspecto da cigncia que trate da causalidade meciniea, uma iafirmagao sem sentido; mas toma-se excelente hist6ria assim que subs- tituimos «raga por «civilizagio» e, evidentemente, tomamos «alma ‘num sentido metaldrico. Quando ele diz, que «0 cruzamento destréi uma civilizagao antiga», afirma apenas aquilo que muitos bidlogos estariam prontos fa sustemtar. Quando acrescenta «porque destroi a alma do pov que ‘a possui, apresenta uma razsio que deve provocar artepios a um cien- sta. Mas se substituirmos «cruzamento isto € a mistura de tipos orginicos fortemente diferenciados, por «contacto sibito ou contite de ideais», isto € mistura de tipos sociais fortemente diferenciados. 0 efeito profundo de tal acontecimento ¢ indiscutivel. ‘Le Bon afirma ainda que o efeito do meio é grande em ragas rovas, em ragas que se formam através do eruzamento de povos de horeditariedades contririas e que em ragas antigas, solidamente tia das pela hereditariedacke, © efeito do meio € quase nulo. ‘que, numa eivilizagio amiga e estivel, © efeito activamente varidvel {do meio geogrifica deve ser pequeno, porque a civilizagzo tera tido ha ‘muito ampla oportunidade de utilizar © meio para ay suas neces- nova — por ‘do seu desterro, do proceso da sua fusdo a partir de elementos viirios ou do simples desenvolvimento interno —. a renovagao de rel cionamento enire ela € a geoxratia fi uundante deve dar-se com rapide, Ainda aqui bos historia se transforma em md ciéneia, através de uma confusio que parece quase deliberadamente perversa Jm povo & guiado muito mais pelos seus mortos do que pelos vivos, diz Le Bon. Ele esti a tentur estabelecer a importancia da here- lade em carreiras nacionais. Aquilo que, ginda que ndo reconhe- ccido por ele, se encontra no fundo do seu pensamento é a verdade de ‘que toda a civilizagao se baseia no passado, de que, mesmo que os seus 38 OSUPERORGANICO ‘antigos elementos jd ndo se encontrem vivos nessa qualidade, formar, io obstante, © seu tronco e corpo, em torno do qual 0 alburno, pre sente na altura, é apenas uma eases & uma superficie. O Tuco de wim ceducagio imposta, uma coisa formal e consciemte, ndo poder dar a um ovo a substineia de uma nova ou de outra eivilizagao é uma verdade fundamental que Le Bon captou com vigor. May quando dedus esta Imiixima como uma inferéncia do intransponivel albismo que existe fexternamente entre as raga, base um Facto bya, que mune: nin ‘guém com diseriminagio disputou, numa assergio misticw ‘Quase se podia prever, depois destas eitagdes, que Le Bon att buiria 0 wearieter> das suas «ragas» 2

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