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Estudos Organizacionais: Novas Perspectivas na Administracao de Empresas Uma coletanea luso-brasileira A TRADIGAO ANGLO-SAXONICA Nos EstuDos | ORGANIZACIONAIS BRASILEIROS eee 1. INTRODUCAO A diversidade e a fragmentacdo nos estudos organizacionais tem le- vado a varias discussdes e polémicas sobre a identidade da area. Por exem- plo, algumas discussdes mais recentes levantaram algumas limitagoes importantes que caracterizam as investigacdes neste campo, como demons- trado em Clegg et al. (1996b), Chanlat (1994) e Whitley (1995). Esses autores apontam nao 86 as principais deficiéncias contextuais e hist6ricas no pro- cesso de evolugao dos estudos organizacionais como uma disciplina inde- pendente, mas também questionam a posicao hegeménica desfrutada até ‘entao pelas teorias anglo-saxdnicas e a adogéo de modelos universais para explicar o que se passa no interior das organizacdes em outras regides do mundo. Em 1977, Kenneth Benson jé escrevia que a evolucao dos estudos de ‘uma colegio de tépicos frou- xamente relacionados’, culturaimente limitados ao contexto anglo-saxio € pouco ligados ao mundo da prética (Astley, 1985:504). Astley (1985) descre- veu os estudos organizacionais como sendo uma ativic rizada por entendimento miituo, dependente de consenso sobre o que se entende como sendo expresses de conhecimento legitimas. Nesse artigo, um tanto audacioso para a época como também para a propria ASQ, Astley, ao revelar alguns dos critérios de incluso e exclusao na hierarquia acadé- mica e as condicdes para o acesso a periédicos de reputacao, argumentou 2 ‘Suzana Brace ROONGUS © ALEUANORE 0€ PADUA C que os estudos organizacionais deveriam ser compreendidos como um. empreendimento socialmente construido. O autor chama a atengéo para os ‘gatekeepers, académicos de renome cujo papel consiste em definir 0 que € considerado um trabalho relevante e, portanto, qual conhecimento deve ser entendido como legitimo. ‘Assim, a auto-reflexao e autocritica nesse campo nao so novas. Porém, as mudangas que poderiam dar uma nova dimensio out configuracio a0 mesmo nao sio muito profundas, mesmo considerando os novos paradigmas como a Teoria Critica e a Pos-modernista. Nos anos 80, as riticas & drea a acusavam de um etnocentrismo exagerado, sem contudo proporem sugestdes que levassem a mudancas significativas. Mais re~ centemente, nos anos 90, autores como Wilson (1996) e Chanlat (1994) chamaram a atengio para 0 etnocentrismo que caracterizava os estudos organizacionais até aquele momento, argumentando sobre a necessidade de se incorporar maior diversidade nas abordagens e de se incluir novos co- laboradores que pudessem trazer mudancas positivas no que se refere a0 poder de explicacio das suas teorias. ‘Outra critica bastante comum refere-se a0 uso de conceitos univer~ salistas, cuja aplicaco supée-se possa ser estendida a contextos industriais e culturais diversos (Hofstede, 1980, 1994). Contudo, a pratica da pesquisa comparativa tem tornado evidentes as limitagdes das alternativas metodo- Iogicas e a dificuldade em captar-se 0s ‘significados comuns’ em ambientes nao anglo-saxGnicos. A maioria dos estudos comparativos nao revelam as particularidades institucionais das sociedades investigadas, podendo ape- nas parcialmente detectar a natureza das organizacdes em sociedades di- ferentes. Os estudos comparativos sobre culturas e mesmo a teoria critica nio podem, isoladamente, cobrir as deficiéncias deixadas pelo exagerado etnocentrismo que aparece nos estudos organizacionais. (O Handbook de Estudos Organizacionais traz um novo apelo, que é © de tratar os estudos organizacionais como conversacées, implicitamente ‘como uma atividade social como qualquer outra, sujeita a definicbes eleitas através de consenso por determinado grupo. Em sendo uma atividade construida socialmente, e portanto sujeita ao alcance do consenso grupal, cabe entio a definicao do campo como um terreno contest ed 1996). Trata-se de um ‘lugar’ marcado por disputas teéricas, no qual o conheci- mento se constréi através da disputa sobre a verdade inerente a conceitos fe esquemas referenciais. Assim, a identidade a ser assumida para o campo deveria ser ndo apenas flexivel, mas incorporar a ‘inovacio’ como sendo natural ou parte do processo de construcao tedrica. Ao adotar a idéia das ‘conversagies’ como elemento definidor do campo, Clegg et al. (1996a) (1996b) suigerem que 0 conhecimento organizacional é um produto da di- versidade de locais, leitores e intérpretes, atribuindo-se a eles uma identi- dade precéria e constantemente sujeita a negociacdes. Essa idéia nao apenas comporta a nogao de que a teoria organizacional é um produto da cultura, [A Teavicho Ancto-SiMOVICA NOS EstU00s ORGANTZACIONAS BRASLEROS 2 mas trata-se também de um empreendimento, cujos produtos so freqiientemente negociados e submetidos a ajustes de significados. A idéia de um ‘terreno historicamente contestével’ (Reed 1996) sugere que 0 conhe- cimento organizacional esté aberto a controvérsias € contestagées, sendo constantemente considerado objeto de refutacao. Como ‘terreno historica- mente contestével’, a teoria organizacional resultaria da competicio de ‘estruturas explicativas e de metodologias, cuja legitimidade estaria sujeita fa critérios negociados via tradicao e também histdrica e contextualmente constituidos (Reed & Hughes, 1992). Ambos os artigos argumentam para ‘anecessidade de incorporar uma maior diversidade para que se possa gerar conhecimento relevante do ponto de vista da proximidade da realidade ‘organizacional. Segundo Chanlat (1994), a crescente demanda por um maior racionalismo econémico no mundo tem levado algumas escolas francesas a adotarem o modelo americano de educagao gerencial, mas sem contudo perder a originalidade, e sem deixar-se levar pelo paradigma funcionalista € pelos estudos quantitativos. O que chama a atenco nos artigos que mencio- amos até 0 momento ~ que é de interesse para a América Latina e particu- larmente para o Brasil ~ nao ¢ tanto o carter etnocéntrico do conhecimento organizacional por si 86, pois isto jé ¢ muito bem conhecido e amplamente criticado aqui. O que nos parece relevante, neste debate € o reconhecimento da necessidade de haver uma maior sensibilidade as estruturas organi- zacionais em economias emergentes (Calés, 1994), ¢ a necessidade de i cluir-se ‘vozes’ diversas que nao pertencem aos limites geograficos lingiiisticos dominantes (Clegg et al., 1996b; Chanlat, 1994; Whitley, 1995). Tendo por base a argumentacao de Clegg et al. (1996b) de que os estudos organizacionais desenvolvem-se através de conversacdes, este ar- tigo tem por objetivo analisar a evolucao dos estudos organizacionais no Brasil, quais temas tém sido eleitos como relevantes e qual a sua predomi- nancia no contexto da area de administracao. Para tanto, examina-se quais 40 0s temas mais freqiientes nos periédicos mais importantes da area e a importancia relativa da literatura estrangeira nos artigos publicados. Neste sentido, o paper tem por objetivo apenas apresentar um retrato do campo, sugerir pontos para reflexdo dos seus atores e, portanto, servir de estimulo a investigacoes futuras mais profundas, 2. AIMPORTANCIA DE REVISAR A DISCIPLINA NO BRASIL A identificagéo de estudos organizacionais através do termo conver~ sages induz idéias de troca, participacac mo e, portanto, carrega ‘um significado de inclusio. Ela admite a agio de que a inclusao de novas perspectivas ¢ participantes pode resultar num melhor entendi- mento acerca de organizagbes e suas particularidades locais. De fato, essa 24 Suzana Brach Roomcuts & ALsxanoxe Dt PADUA CAs perspectiva é critica tanto para os exclufdos como para aqueles que estao inseridos no centro do debate. Para os excluidos, ela pode representar uma possibilidade de inciusio no grupo central ou no main stream; jé para os incluidos no centro do debate, ela pode ser vista como uma oportunidade para o fortalecimento das idéias e metodologias defendidas pelo main stream em condigdes em que ha ameaca a sua integridade, como por exemplo vern acontecendo nas universidades e centros de pesquisa com as pressdes pare maior colaboracao com o setor empresarial, 0 que, na visio de muitos, interfere com autonomia da area. No Brasil, os estudos organizacionais praticamente iniciram-se ha 20 anos ¢ hoje jé existe um corpo de conhecimento expressivo nesse campo. Grande parte da literatura que hoje apoia esses estudos € de origem ame- ricana e britanica. A influéncia exercida pelos estudos organizacionais nas escolas e departamentos de administracao de empresas tem sido grande desde a criagéo dos cursos de graduacao, em particular desde a criagao da pos-graduacao no Pais. Recentemente, no entanto, a globalizacao econémi- ca, a abertura dos mercados e a competitividade internacional trouxeram presses para maior qualificagdo em outras areas gerenciais, tais como planejamento, estratégia, financas, marketing e informacbes. Essas presses io apenas contribuiram para tornar relativa a importancia dos estudos organizacionais nas instituigdes de ensino e pesquisa, como também tém provocado reflexos no campo da produgao académica, que em vez de Concentrar-se predominantemente no campo organizacional ¢ hoje dividida entre outras reas teméticas. Nas décadas de 70 e 80, os especialistas de estudos organizacionais foram muito influentes na constituicao da administracio como area acadé- mica e de pesquisa, pois foram os primeios a ocupar posicbes de tempo integral nas universidades, onde havia escassez de profissionais com alta ‘qualificagao académica nas sub-dreas de marketing e finangas no pais. Durante esses anos de escassez de profissionais qualificados, muitos dos iniciantes eam rapidamente absorvidos pelo mercado. Assim, a conceitua~ cao da exceléncia gerencial foi deixada aos te6ricos organizacionais, que por Sua vez adotavam os critérios de exceléncia académica como definidores das qualidades gerenciais. Seu papel na criacao de uma associacao académica para estudos gerenciais também foi essencial. Os programas de pés-graduacao em administracao nas universidades piiblicas tiveram, e ainda tem, um papel muito importante na legitimacao do conhecimento basico em pesquisa como o critério mais importante para a certificacdo em administracao. A estrutura americana de estudos geren- ciais teve muita influéncia no proceso de institucionalizacao desse modelo. ‘A importancia do pensamento americano ainda pode ser observada no contetido curricular dos programas de graduacio e pés-graduacao ~ que dividiram a administracio nas tradicionais areas funcionais de financas, gerenciamento de producio, marketing e estudos organizacionais. Embora [A Taaicko Ancio-Saxtntcn Nos Esruncs OxcANznconAs BRASS 25 nio houvesse, em muitos programas de mestrado, finangas e marketing no perfodo de suas criagées, quase todos tinham estudos organizacionais, ‘A influéncia norte-americana iniciou-se nos anos 50 com a primeira onda de insercdo de capital estrangeiro no Brasil. Foi a instalacio de multinacionais norte-americanas e européias no Brasil que trouxe a moti- vacdo e a necessidade de melhorar as habilidades gerenciais. Durante esse periodo e principalmente no inicio dos anos 60, as multinacionais, empresas festrangeiras de consultoria e 0 governo pressionaram a criagdo de escolas de Administragao, que enfatizassem primeiramente a introdugio da racionalidade burocrética dentro do setor puiblico. Mais tarde, nos anos 70, © governo militar também encorajou 0 estabelecimento de programas de pos-graduacéo em administracio de empresas, visando desenvolver habi- idades que pudessem ajudar empresas privadas e estatais a introduzirem alguma Tacionalidade dentro de suas estruturas de decisio e, com isso, melhorar por seu desempenho. Nessa época predominavam, portanto, os estudos sobre a burocracia, sobre a racionalidade deciséria e sobre as pres sdes ambientai racio organizacional. ‘Além disso, os primeiros programas de pés-graduacao criados no Brasil nos anos 70 - da UFMG em Minas Gerais, da UFRS no Rio Grande do Sul e da FGV em Sao Paulo tiveram o apoio de professores das escolas, americanas de Administracio na constituicéo de seus curriculos, assim como muitos desses professores ensinaram regularmente nesses mesmos programas de mestrado por pelo menos 2 anos apés o perfodo de criacao. ‘Assim, a influéncia do pensamento anglo-saxOnico deu-se nao somente através das multinacionais que passaram a atuar no Brasil, mas também através da influéncia dos scholars americanos, que contribuiram na fundagao dos programas gerenciais. Se de um lado a presenca dos especialistas em teoria organizacional nas escolas de geréncia foi importante para que 0 campo tivesse uma posicao privilegiada entre as demais disciplinas, nao se pode negligenciar a influéncia das multinacionais, em particular das ame- Ticanas, na transmissdo da tradicao anglo-saxOnica nestas mesmas escolas. ‘Embora seu inicio tenha sido brilhante, os estudos organizacionais no Brasil nao tém expandido da maneira como se esperava, conforme mostraremos no decorrer deste artigo. Neste artigo, procuramos levantar algumas hip6- teses que podem explicar esse declinio, dentre elas as pressOes para que as instituicdes de pesquisa e producao de conhecimento apresentem solucdes que possam contribuir de maneira imediata para o progresso econémico, capacidade que muitos dos estucios organizacionais ainda nao possuem ou nao tém a intencdo de possuir. Outro fator refere-se a aumento do poder das éreas de conhecimento tecnolégico e prético, em detrimento da geracio de conhecimento mais abstrato e set -acho imediata ou a longo prazo. Essa reflexao deverd ser retomada mais adiante neste artigo. Primeiramente 6 necessario discutir a evolucio da area e apresentar informacées sobre 0 que se investiga hoje no campo. 26 Suzan Beach RODRIGUES € ALBEANDRE DE PADUA CARRIE: 3. ESTUDOS ANTERIORES Uma investigacao conduzida por Machado et al. (190) mostrou que 0s t6picos mais freqiientemente discutidos de 1985 2 1989 nos quatro pe- riddicos mais importantes eram também aqueles encontrados em qualquer periédico americano, tais como mudanca e inovacao, administracao e pla- nejamento, tomada de decisio, desempenho organizacional, ambiente relacdes organizacionais, poder e conflito, cultura e clima organizacionais, centralizagao e descentralizacio, burocracia e tecnocracia. Entretanto, de acordo com esse estudo, grande parte desses artigos preocupava-se com mudanca e inovacao organizacional (23%) e administracao e planejamento (27%). O fato de esses temas serem os mais populares, segundo os autores, pode estar ligado aos problemas que o Brasil estava enfrentando em meados dos anos 80 (Machado et al., 1990:18). Durante este periodo, os principais problemas gerenciais se concentravam em como fazer as empresas sobre- viverem sob a instabilidade econdmica que afligia 0 Pais. As mudancas repentinas nas politicas governamentais e constantes modificacdes nas nor- mas e regulacdes dos negécios privados impunham presses, que reforca~ vam 0 imediatismo. Enquanto para a empresa privada a questao de sobre- vivéncia era parcial ¢ temporariamente solucionada pelos seus lagos estrei- tos com os governos e respectivas politicas de protecao, o principal proble- ma com os servicos ptiblicos era sua endémica ineficiéncia, que levou pos teriormente a politica de privatizagao. A despeito de o planejamento ser um © plano real havia poucos indicios dessa prética pelas empresas brasileiras. O alto con- texto de turbuléncia que o Pais experimentou nos anos 80 converteu 0 planejamento estratégico em apenas um exercicio abstrato. Somente nos anos 90, com a estabilizacao da moeda, o planejamento comecou a fazer parte da pratica empresarial. Jé o estudo conduzido por Bertero e Keinert (1994) focaliza a trajetéria dos estudos organizacionais no Brasil de 1961 a 1993. O estudo conclu que (© conhecimento produzido no contexto brasileiro foi uma grande ¢ fiel reproducao do pensamento americano. Através da andlise de 184 artigos publicados nesses periddicos, descobriu-se que a maioria das varidveis investigadas eram as mais freqiientemente encontradas nos periGdicos ame- ricanos. De acordo com a classificacao paradigmética de Guillen (1994), as teorias discutidas nos artigos brasileiros eram de cardter genérico e com maior alcance internacional: administracao cientifica, relagdes humanas (incluindo as perspectivas comportamentais e psicologicas) e andlises estru- turais. O estudo de Bertero e Keinert (1994) ainda sugere que um grupo de artigos mais recentes incluia uma variedade de outras perspectivas, tais como estudos sobre burocracias, teorias de sistemas, administracdo por objetivos, gerenciamento participativo, mudanca e estratégia organizacio- nal. Na interpretacdo dos autores, uma parte dos trabalhos brasileiros repro- A Tranipio Ancto-Srxdnacn Nos Berube ORGAMZACONAS BEASLEICS 7 duuzia os sistemas americanos, sendo que outra parte optou pela refutacéo imitagbes na tentativa de explicar as 7% de sua amostra era fundamental- mente de origem refiexiva ou critica, nao conseguindo avancar ou adicionar as teorias estrangeiras existentes, Os autores concluiram que a necessidade de se criar perspectivas mais apropriadas ao contexto brasileiro permaneceu sem ser realizada (Bertero e Keinert, 1994: 85). ‘Uma revisio mais recente foi feita por Vergara e Carvalho (1995). ‘Tomando como amostra os artigos publicados nos Anais Anuais da ANPAD de 1989 2 1993, os autores analisaram as principais fontes de referéncias tedricas que apoiavam esses artigos. Esse estudo apontou que os autores, brasileiros basearam-se mai mais precisamente na combinacio de citagoes americanas e britanic stigar as razies de tais preferéncias, concluiu-se que a predominancia da literatura estrangeira estava mais timado no circuito internacional do que @ sua problemas investigados. Nao que se julgasse a em qualidade, mas a explicacao mais plausivel para 2 predominancia da literatura estrangeira poderia ser atribuida a sua falta de prestigio e alcance internacional. 4. OESTAGIO ATUAL DA DISCIPLINA NO BRASIL Conforme ja mencionamos, as pesquisas anteriores sobre estudos orga- nizacionais no Brasil sugerem que a area tem-se desenvolvido, mas nao tanto quanto esperado e principalmente levando-se em conta o aumento de pessoal com alta qualificacdo e a crescente institucionalizagao das ativida- des académicas nas duas tiltimas décadas. Uma das razoes pode ser 0 Pequeno ntimero de instituicdes cujo objetivo é prestar apoio as atividades académicas. Ainda nao se criou um periddico especifico em estudos organizacionais, a despeito do fato de a maioria das publicagdes em pe- riddicos de administracao brasileira tratar de organizagbes. As Tabelas 2, 3, 4.e 5 ilustram os tépicos que sio freqtientemente discutidos pelos quatro principais periédicos académicos na area: RAC ~ Revista de Administracao Contempordnea,ligada 3 ANPAD; RAE ~ Revista de Administra de Empresas, jo Vargas em Sao Paulo; RAP — Revista de Adminis- tragao Piiblica, ligada a Escola de Administracdo Publica no Rio de Janeiro racio, ligada & Faculdade de Economia e idade de a0 Paulo. ‘A Tabela 1 apresenta o nuimero de artigos examinados em cada pe- riddico. Foram analisados os artigos publicados entre 1994 e 1999, com excecao do volume 1999 da RAP. As publicagdes da RAC foram analisadas a partir de 1997, data da criagao do periédico, 28 ‘Suzan Baaca Roomicves & Atsxanots oe PADUA CARRIER Tabela 1 - Numero de artigos examinados por periédico (ocIcOsTANOS Tees] 1905] 1996 Tota = = = 6 RAE — Artigos 216 (ascicuos) RAP - Aigo 282 (fascicuos) I 7 E importante mencionar que a classificag’o dos artigos aqui apre- sentada fo feta pelos autores deste artigo, nfo havendo coincdéncia com lassificacéo do proprio periédico. A RAE, por exemplo, utiliza clas- Sificagées multiplas, podendo um mesmo artigo ser analisado como es- tratégia ou como dentro de estudos organizacionais ao mesmo tempo. Para © propésito deste trabalho, cada artigo foi classificado em apenas uma categoria, havendo correspondéncia entre o ntimero de t6picos eo mimero, de artigos publicados no periédico durante o periodo examinado. Somente as edigoes regulares foram examinadas. Notas, discussdes e revisdes de livros foram excluidos desta investigacao. A separacdo entre os tépicos de estudo organizacional e os demais teve por base no apenas 0 que é usualmente defi jreant, mas também a perspectiva utili- zada no estudo, ou gerencial. Portanto, a categoria de estudos organizacionais nas Tabelas 2, 3, 4 e 5 inclui as perspectivas te6ricas convencionais, comportamento simbélico e cultura organizacional © perspectivas estruturais de organizacdes. Tépicos como informacao jca, internacionalizacao e sistemas de cooperacio foram mantidos js do que em entendimento de processos (ver Tabelas 2,3, 4, 5e 7). Neste artigo, os tépicos considerados fora do ambito dos estudos organizacionais em publicacdes da RAP, RAE e RAUSP aparecem de outra maneira quando examinados os anais da ANPAD ~ Associacao Nacional dos Programas de Pés-graduacdo em Administracao. Por exem- plo, 0 tépico de vantagem competitiva nao esté incluido na categoria de estudo organizacional na andlise dos periédicos, embora seja visto como um assunto importante nos anais da ANPAD, Secéo Organizacao, prin- cipalmente considerando se a perspectiva em que esse assunto foi tra- tado, a organizacional. Nos anais da ANPAD, a selecdo do que era considerando como pertencente ao campo jé havia sido feita previa- [A Tasoigio Ancio SAXOMCA NOs EsTUDGE ORCANIZACONAN BRASLROS 29 mente pelos respectivos coordenadores de tema da reunido. O mesmo se aplica ao controle de qualidade total. Portanto, as categorias encontradas na Tabela 7 refletem, parcialmente, o processo de revisao por participantes do encontro da ANPAD, no sentido de que os artigos incluidos nesta seco resultaram desse processo. Os artigos nos Anais foram entao divididos em. sub-t6picos, de acordo com seu titulo e as perspectivas adotadas. Enquan- to aqui a intencfo foi identificar 0 que havia chamado a atencao dos pesquisadores nos ultimos anos, o exame dos periédicos propiciou uma nogio da relevancia de estudos organizacionais dentro da educagao erencial. Berety RAC € uma revista nova, comparada com os outros periédicos analisados. A area de estudos organizacionais tem tido certa relevancia nesse periddico, como se pode observar na Tabela 2. Todavia, sendo uma revista ligada a ANPAD, cobre temas que se destacaram nas diversas as reas de conhecimento dos respectivos encontros nacionais promovidos pela entidade. Tabela 2 ~ Cinco principais temas publicados pela RAC ~ Revista ‘de Administragao Contempordnea (1997-1999) Temas/Ano vos7__| 1998 99 ‘Total Estudos Organizacionais (one a 5 | "Administragaa de Recursos Humanos 3 3 i 7 Sistemas de Informacdo 3 = 4 7 Finangas 2 3 1 ejamento e Gerenciamento de Produgio 3 Tal Outros [eam Tota [33 2 oI A RAE, que tem sido por muitos anos considerada um periédico de natureza mais académica, tem agora adotado o caminho de uma abordagem producio, administracao de sistemas de informacao {égico. Embora tenha publicado um maior numero de nizagbes no p. maior de maté maioria de seu: mesmo quando envolvem um t6pico organizacional uma diversidade :plo (Tabela 3). A de uma perspec 30 ‘Suzana Beach Roonicuss ALEANDRE DE PADUA CARRIER ‘Tabela 3 — Cinco principais temas publicados pela RAE — Revista de Administragao de Empresas (1994-1999) Temas/Ane “1984 | 1995 | 1906 | 1987 | 1996 | 1990 | Total Estudos Orpangacionais it oe] 6] 6 inangas aulent ‘arketing 4 nejamento Gerencamento de Produgao | 5 Planejamento Estretépco 2 ‘Outros. 28 ® i Tota 56 a] 26 | 28 | 216 [A-Teaticko ANCUOSAXONICA Nos ExTUB0S ORCANEAGONAS BRASLEIOS 31 dos. Julgando-se as suas conexdes com a Harvard Business Review, a tendén- cia é acompanhar o padrio desse periédico. Embora nele sejam publicadas varias matérias de interesse da administracio, nota-se também uma énfase ragmdtica e um maior grau de especializagao nesse periédico. Em foutras palavras, existe menos diversidade nos assuintos discutidos em com- paracao com a RAP e a RAE. Além dos t6picos de organizacéo, a maioria Ge seus artigos concentra-se em financas, ciéncia e tecnologia, administra ao de recursos humanos, informacio tecnolégica, aliancas estratégicas ¢ administracao de qualidade total (Tabela 5). Tabela 5 — Temas publicadas pela RAUSP ~ Revista de Administragdo da USP Ja RAP concentra predominantemente artigos de politicas ¢ adminis- (1994-1098) tragdes piiblicas, dando énfase a politica governamental, educacio, satide, Temasiinee 994 [1995 | 1996 | 197 [1996 | 1005 | Total reforma e modernizacio do Estado (Iabela 4). etude Oreanzaconais z1 st 3 ap 2 Frnangae ta Ts Ciinca«Tesoioge eafarae| ara Te Tabela 4~ cinco dos peta RAP — Revista de Administracdo aminstragao oe Rocurens Rumanos (V1 [2 1 Tnformaglo Teeologiea Tors z FAlangas Eratoias ze s S Temas 999 [Taal Fiistagao de Qvale TO. zt 2] 2 a udos Organiaconais atuj et «| 6] 6] # inovega Teenoioica sat 4 5 Polis Goveramenae zp ste 5] «ta Compatitvdae Global [rae frat 5 Gesio de SaldeSistomas de Saige A Maraing t z = Reforma de fstado/loaernzagao Thetatat eel Paneamentow Adminstagio ta Produsio eae 7 [CRoministragio oe Recursos Humanos za] satel eal ea 8 Tursma = = i [outros Dasa ar as Tar ta Poles PORTaS 1 3 Cro Tastee Tae art s6 | ae | 2a io Unveriae Et 4 i stad oDesoen i Contd a ‘Apesar de nao se apresentar aqui toda a variedade de t6picos incluida Economia r na eter ute, supose quae na RAE quanto a RAP fande [ee ia : 3 diversidade de temas esté relacionada a uma tentativa de ambos os pe~ olacbes «Process Tabalisis S 7 riddicos de acompanharem o que esta sendo debatidos na atualidade das Si alert organizagées e até da sociedade. Em uma menor extensio, isso nao parece i Silent aplicar-se & RAUSP. A exemplo disso estio os temas que aparecem como oT Saleen novos t6picos levantados para discussio em 1994 mas que no foram exa- i = minados em 1995, os introduzidos em 1995 e que nao foram discutidos no s = ano seguinte, e assim por diante. A RAUSP parece ser 0 mais académico = = dos trés periédicos mais antigos analisados e o mais regular em termos de C= =t i rntimero de assuntos publicados (ver Tabela 5). Embora seus artigos sejam ‘Administaea6 Japanese T= = também orientados para t6picos préticos, hi uma preocupacéo com as Gest da Saide =| T= mplicagées teéricas ¢ conseqiiéncias mais amplas dos problemas discuti- Toa Fo A 32 Suzana Brach Roomcues £ Atssawone oe PADUA Cane (Os estudos organizacionais tém, tradicionalmente, predominado em todos os quatro periddicos, conforme os dados nas tabelas mencionadas acima. Entretanto, em 1996 houve um declinio no mimero de artigos pu- blicados em praticamente todos os periddicos. E importante mencionar que ‘a RAE havia publicado aproximadamente metade dos artigos nos dois anos anteriores. A RAP também apresentou reducao no nximero total de artigos publicados no tiltimo ano. O declinio no numero de publicagSes sobre Estudos organizacionais em 1996 pode refletir numa diminuicéo no numero total de artigos submetidos a esses periddicos ou, alternativamente, uma tendéncia a reducao. Alternativamente, poder-se-ia argumentar que 08 temas discutidos resultam de uma politica particular da RAP de conceder maior primazia as demandas de outros leitores do que para a academia de organizacies (Bertero & Keinert, 1994). Entretanto, conforme Astley (1985) assinalou, 0s interesses dos leitores podem ser os mais diversos possiveis, ¢ distantes um do outro, mas quando um procura adaptar-se as demandas do mercado estas, na verdade, podem estar ligadas a modismos, mais do que de fato representam inovagées no campo. ‘Nos anos seguintes ~ 1997, 1998, 1999 ~ 08 estucos organizacionais nao voltam atingir os patamares de antes de 1996. Tanto a RAE como a RAP parecem estar caminhando para um ntimero mais constante ou regular Sobre esse tema, similarmente ao que vem acontecendo com os periddicos RAC e RAUSP. [Em contraposigao ao que acontece nos paises anglo-saxdes, a publica- cho de livros no Brasil € restrita, pois a maioria das editoras na drea no estd interessada em t6picos suj ‘mais detalhada e profun- da. Portanto, o mercado nio contribui para a institucionalizacao dee ativi- dades académicas, a exemplo das publicacdes dirigidas a um puiblico mais especializado. As editoras usualmente argumentam que os livros deveriam set organizados de modo a atender o interesse de diversas categorias de leigos. Nao que o mercado diversificado nao seja importante, que ajuda a manter v como regulador da qualificacdo em niveis m: ‘A existencia de um mercado especializado funciona como um mecanis de protecao para manter a legitimidade de produtos académicos. No Bra @ academia em administracao, como um mercado mais especializado, € telativamente pequena para funcionar como um mecanismo estével para apoiar a legitimidade das atividades de pesquisa. ‘Quanto & abrangéncia nacional dos periddicos, nota-se que, com ex- cecdo da RAC, todos sao vinculados a instituigéo académica que apéia suas fades. Embora estes periddicos aceitem artigos provenientes de todo "em geral nota-se uma proporcao elevada de autores das regides onde izado. A Tabela 6 indica as bases regionais institucio- nais do primeiro autor. Conforme a tabela indica, a RAE mostra uma grande [A Traowcho ANGLO-SaKONICA Noe EsvyDOs OxCANIZACIONAS BRASLEROS 3, concentracdo de artigos cujos autores tém sua ligacdo institucional em Sao Paulo (71%). Os dados da RAUSP indicam que mais da metade dos artigos vem de instituigdes de Sdo Paulo (53%). Jé a RAP parece tentar contemplar autores de outras regides. Segundo nossa anélise mostra, 69% dos ar analisados sio de autores de outras regides. Mas, a0 que tudo indica, é na RAC que se encontra a maior freqiiéncia de trabalhos de varios lugares do pais: 97% dos artigos sao de autores de outras regives. ‘Tabela 6 - Bases Regionais do primeiro autor de um artigo por periddico (1994-1999) Periéticos ho Peri6dico | Outras repioes RAG -uritba 20%) RAE ~ Sto Paulo 158 (71%) ‘RAP Rio de Janeiro 87 8 195 (69%) RAUSP ~ Sto Paulo e4(sa%) | 75 (47%) [Toma (Os dados apresentados até o momento sugerem que o principal forum para debates em estudos organizacionais continua ser os encontros anuais Ga ANPAD. Para se ter uma melhor idéia do campo, além de ter sido investigado conteiddo dos quatro principais periédicos na area ~ RAC, RAE, RAP e RAUSP ao longo dos sete tiltimos anos, foram também exa- minadas as sessdes de Organizacio dos Anais da ANPAD, de 1990 a 1999. Como pode ser observado pela Tabela 7, a mudanca e a inovacao organiza- ional continuam ser um tépico importante para os autores brasileiros, conforme haviam apontado anteriormente Machado et al. (1990), © tema mudanca e inovacoes foi 0 terceiro em maior mimero de artigos encontrado na andlise, O tema cultura organizacional tem sido também um dos t6picos preferidos. Evidencia-se o ano de 1996 como um ano no qual 0 tema éncia para 11 artigos. Cultura organizacional é o segundo tema em ruimero de artigos. Em seu estudo, Bertero e Keinert (1994) notam o grande interesse dos autores brasileiros em escrever acerca de organizagdes do onto de vista espistem: ANPAD, nos quais os estudos em epistemologia constituem 0 primeiro tema em ntimero de artigos. Nos tiltimos anos, novos temas ganharam relevancia, tais como aprendizagem e conhecimento organizacional e com- prometimento organizacional. a nl A 34 Sv2awn Beach Roonicues © AUXANORE De PADUA CARRIER Tabela 7 - Temas mais freqlientemente abordados por autores brasileiros nos A Traticho AncLoSexéwea Nos EsTUbOS ORGANZACIONAS BRASIL 35 Tabela 8 ~ Metodologia e perspectivas mais freqentes adotadas em artigos ‘Anais da ANPAD! publicados nos ANAIS da ANPAD Temas/nos 1800/1 1665] 1994] 1995] 1956] 1057] 1996] 1999] Total Tenaga] naa a Episemelon se] 7] ee] -| 2} e] «| 7] 7| is = = Cultura Organizacional 4} 3] 2] 5} 5] 3 8] 5] 5 grime Mudanga eInvagio 2) zs tare eas | assis eersl eae i ! 9 Organizacoral | 199% 4 6 Esirsura Owanzacinal | 2{ 2} +] -| «| -| 2| -| 3] 1] | 1982 1 @ Proesaoe Deoeil= banal inca = 2p 2] 1998 | 3 @ ‘Comprometimento =| 1) =| tT} -] 1 1904 = ® Organizacional 1905 4 3 13 | Conte de Qaiade Tota lett aaa 5 fs cial Torendzagem eCommesmento| =] =| =| -| -] 1] 2 aT ae a crmaleeire 7 1998 6 | 4 26 EnratniaOvenaacional | 3, 1) 3) — 2[ = | = ———+ S eee es als | ed 1 Total |e 186 124 168 Vargo Conpative = [a= [e= [ee ilnalna | Desemponho Orsaniaoral | 2] =| =| -| 1] — | ‘ualidade de Vida ISS See ‘Stress nas Organizages =] -[ -[ -[- | Ainda neste estudo, examinamos 292 artigos das sessées de Organi- ; zacao, da ANPAD. A Tabela 9 mostra a freqiiéncia de citagio dos autores Eos ret omar as oa Sle | mais referenciados por autores brasileiros de 1990 até 1999. Essa tabela Oats i= a6 es [bes a | apresenta o mimero de citagdes de autores que constam do Writers on = apa] a] fa] 2] & | Organizations. Indiretamente, 05 resultados também sugerem a extensdo ‘Assim como os franceses (Chanlat 1994), os brasileiros também prefe- rem as metodologias qualitativas (Tabela 8). Todavia, a partir de 1996 a metodologia quantitativa comeca @ tornar-se mais comum nos trabalhos analisados. F também a partir desse ano que 0s estudos de caso ultrapassam, (8 artigos eminentemente te6ricos, 0 que condiz. com o aumento da pers- pectiva mais pragmética. De certo modo, observa-se @ preocupacéo de varios trabalhos em discutir os problemas vivenciados pelas empresas, pelas pessoas e por seus gerentes. 1, No ano de 1997 foi ex fem que os autores confiam nos modelos Anglo-Sax6nicos. O procedimento adotado consistiu em registrar a freqiiéncia, com que cada trabalho de um autor havia sido referenciado em cada artigo. Entre os autores modernos, Gareth Morgan é 0 mais citado com seu livro Images of Organization ¢ o livro de Gibson Burrel, Sociological Paradigms and Organization Analysis. Os proximos na lista so Edgar Schein com 0 Organizational Culture and Leadership e Max Weber com Ensaios de Sociolo- gia, Economia e Sociedade ¢ A Etica Protestante e o Espirito do Capitalismo. Depois aparece Henry Mintzberg, principalmente com seu livro The Structu- ring of Organizations. Em seguida vem Geert Hofstede com sua obra Culture's consequences: International Differences in Work-Related Values e o artigo publi- cado na Administrative Science Quarterly: “Measuring organizational cultures: 4 qualitative and quantitative study across twenty cases”. Logo apés esta o artigo de Andrew Pettigrew, do journal of Management Studies: “Context and action 36 Suzana Beacn Roomicts £ ALEEANDEE Dt PADUA Ci Tabela 9 — Autores listadas no Writes on Organization. Némero de autores citados pelo menos uma vez nos artigos, Sessao Organizagao, dos Anais da ANPAD A Tramicho ANCLOSAXONCA Nos EsTUDOS OnGANZAGONAS BeASLEOS 37 n the transformation of the firm” e 0 tinico publicado pela Organizational Science: “Longitudinal field research on change”. Os autores mais citados nos anais da ANPAD, em geral, sao aqueles que tém trabalhado temas mais, TathoraNears | 1980 ¥00%] 1992] to0s] Teed] 1005) 1986] r997] 1990] 1999) Total] referenciados, como os listados na Tabela 7. E importante notar que, de 1991 Total El zol 21] 26 | 65 | 100| 07] 529 até 1995, 0 mimero de citagdes de autores na lista de Pugh e Hickson g aeluasa(anat 6] 5] 2] 21 75 mantinha-se aproximadamente na mesma média. Destaca-se que em 1996 6 uae ofw>atela as referéncias voltam ao patamar de 1990 e comecam a subir, e em 1999 a 4 et v6 5 soma das referéncias aos autores de Writers om Organizations atinge 0 pa- Minzbery. Heny [113] 61 - ot 2 5 tamar de 109, quase que dobrando seu ntimero em 10 anos. Autores con- Hofstede, Gert a s e[ 5 7 siderados classicos como Taylor, Fayol, Braverman, Simon, entre outros, 880 [Petiorew, anarew | - | «| -| 1 s] 8 4 também muito citados Burret Gibson zfatat 74 t ‘A Tabela 10 inclui citagdes de outros autores que nao estao na lista do Senge. Peter =| =| -|- ate @ Writers on Orge ‘mas freqiientemente s30 citados em artigos brasi- Chi, Joan 2ta{ 7] = | a leiros. Essa tabela incltti somente aqueles obtiveram mais de 10 citacbes nas, ‘DiMaggio, Pal oP ne 5 sessdes Onganizacao dos Anais analisados. amson, over | ¢_| 51 -| T= 3 | ‘egy, hi =[=[ = el 3 1 | Taylor, Frederick eal esr la alee a | ‘Tabela 10 - Autores mais, freqiientemente, citados nos Anais da ANPAD mas néo Braverman, Harty 2 =T 2 rt g incluidos no Writers on Organizations ae eo Set [ autoreszanos 1993] 1996] 1985] 1996] 1997 | 1998] 1999] Total eee al et Total 16 [4 [12 | 28 46 [277 Lawrenes, Paul anaes z[1]4 218 Cleo s{a{sts 350 =lexte|a ras =e BergerLuekmann afetita 26 Fiat Sees ED ‘anit 2{1}e{s 527 arate a4 ala Bla = iene 2 [25 += st ala? | -ARtouT 7 3 [23 See fae rate | tani =[1f2tets[ele ts Se ee = | =p pepe ta tat ztati{-l2tels|o ves Ge {+= STE op-pep epee feo Bari, Christopher alee ec ecirt le [oe sea LB Hickson, bavid | - | 21 -|-|-| =| +] Pay -Te tart Peters, Momas T=} =f = | ={=|-] = . Freeman, John = | 7 a aa ae ete slo A Tabela 10 mostra que o trabalho de S. Clegg é bem conhecico no 1 [=| =) at =P att - rks of Power e Modern Organi: i e Perrow sto muito referenciados Pugh, Derek Tpet =p erat =r =r strutura organizacional, burocracias, organizacdes € am- Salanci, 6 ~[-[1p-l-t-}-14 rro de Berger e Luckmman, The Social Construction of Real Snow. Chares i sido usado fundamentalmente nos artigos rel Lorsh Jay ee | organizacional, mas principalmente nos estudos epistemol6gicos. 38 ‘Suzana Baacn Rooricas © Atsxaons oe PAoUa Caste atura francesa tem sido muito influente em ciéncias sociais no im como a teoria critica social alema através da obra de Habermas (Tabela 9). Os estudos de Crozier sobre burocracias e poder (Tabela 8) s80 bem conhecidos e referenciados, notavelmente também a teoria de Bourdieu. sobre o capital simbélico e habitos, além de autores marxistas como Altusser e Polantzas. Na area de organizacdes, como também em recursos humanos, 08 trabalhos de Chanlat e Aktouf, tém tido bastante influéncia, para men- cionar apenas alguns. Destaca-se uma forte influéncia de Chanlat e seu livro “0 Individuo na Organizacao ~ Dimensies Esquecidas”. 5. ACESSO A ESTRUTURA SOCIAL DA DISCIPLINA COMO UMA INSTITUICAO INTERNACIONAL Devido ao tamanho de sua economia, por apresentar um amplo © diversificado setor privado, o Brasil ¢ um pais com um considerdvel po- tencial para o desenvolvimento de uma teoria administrativa independente. E um dos maiores receptores de capital estrangeiro e, no ano passado, foi (© maior depositério de investimento norte-americano no mundo. Tem um sistema educacional bem desenvolvido e distribufdo de pos-graduacao em administracao, em operacio ha mais de 20 anos. Considerando os t6picos preferidos no Brasil, pode-se observar que ha muita influéncia do mundo langlo-sax6nico e até trabalhos em conjunto, mas nao muitos. Porém, é notoria a pouca expressio dos trabalhos brasileiros nos periédicos intemnacionais. ‘Algumas razées podem explicar esse quadro, como a dificuldade em se definir a identidade dos estudos organizacionais no Brasil. Nao se pode afirmar que a fragmentacio ¢ mais evidente no Brasil, mas certamente nao se observa a replicagao de estudos jé feitos nem 0 uso de modelos jé ex- perimentados por outros autores, o que dificulta a criagao de linhas para~ digmiticas e de uma tradicfo na area. Pode-se também levantar algumas raz6es pelas quais o conhecimento gerado no Brasil nao € tao referenciado na sta propria terra: o alcance dos trabalhos ¢ limitado em termos inter- nacionais, hé uma certa dificuldade de reconhecimento entre pares e pelos préoprios discipulos, o que torna a citacéo como instrumento de criagao de tradicdo teGrica pouco efetivo. Assim, a literatura estrangeira ganha espaco como elemento formador de consenso e tradigao, permanecendo a area con- traditoriamente dividida entre os que acreditam que os modelos estrangeiros nao tém nenhuma utilidade para o contexto brasileiro e os que se apdiam inteiramente na literatura estrangeira. Essa divisao reflete uma auséncia de liderangas no proprio cenario nacional e evidencia uma certa fragilidade do sistema, cuja base hierérquica baseia-se no prestigio académico. Na verdade, se afirmamos que a academia enquanto instituigao é fraca, uma das razées deve-se a falta de suporte de um sistema de citagdes que tenha uma certa densidade, 0 que por sua vez depende da institucionali- {A Teaoicho Ancto-Saxenica wos Eunos ORcAMEACONAE R08 39 zacao das atividades académicas em relagao as demais. Por exemplo, uma determinada universidade pode sinalizar sua importancia nao somente através de um sistema de carreira, mas também com base nos recursos € decisdes que toma para fortalecer a pesquisa. Contudo, no Brasil, a obtengio de uma reputacao positiva nas universidades ptiblicas nao esta coerente- mente ligada as publicacdes académicas; nem existe um sistema de carreira na qual as publicagdes, nos principais periddlicos, signifique reconhecimen- acesso a recursos e forum de decisao. Nenhuma das 15 — mesmo as consideradas mais académicas dentre ges de ensino superior no Brasil ~ reconhece o tempo gasto com publicagdes como horas legitimas de trabalho. O trabalho é somente con- siderado como tal se ele for visivel e tiver resultados imediatos, assim como acontece no ensino. Entretanto, a maneira como se vé o trabalho académico no Brasil ~ e neste caso estamos nos referindo ao trabalho académico estrito nao implica uma visio contraditéria, pois ela combina com a cultura ira, a qual favorece mais a comunicacao informal e verbal do que a formal e escrita (Rodrigues, 1996) Embora tenha sido possivel identificar interesses comuns em termos do que € discutido nos estudos organizacionais no Brasil e no contexto internacional, parece haver uma diferenca fundamental na maneira com que os temas sdo abordados. Primeiro, hé o fato de que autores brasileiros nao se sentem obrigados em referir-se a trabalhos prévios, da forma que é exigido por periédicos americanos e britanicos. Conforme Astley (1985) assinalou, para serem publicados em periddicos de renome, os artigos tém de apresentar um equilforio entre a tradicao e a inovacio. Entretanto, a construcio teérica ou os modelos conceituais como base de discussao das _questdes organizacionais nao sao elementos tao valorizados nos critérios de icagdo. A investigacao de artigos publicados no Pais ndo revela uma detalhada revisao literéria, conforme encontramos em periddicos de repu- tagdo internacional. Em parte, por haver uma opiniao formada de que é suficiente referir-se aos trabalhos pioneiros da area, ou aqueles centralmente posicionados no sistema hierérquico reputacional (Usdiken & Pasadeos, Isso ocorre por razdes praticas, como as deficiéncias existentes na a0 de periddicos nos paises anglo-saxdes. Nestes paises, a comprovagao do conhe- se da tanto pela pela sofisticacao empirica, enquanto no Brasil, em vez de a teoria ser elaborada com base em varios trabalhos jé feitos em determinada tema, é de apenas um ou dois autores com mais tradigéo na rea. Assim, principal da teoria passa a ser a de ilustrar um ponto da realidade, mais 40 Surana Bracs Rooricues & ALEAANORE be PAoUA CAREER do que servir como ponto de partida para a construcéo de determinado argumento. Portanto, € rara a prética de contestacio sistematica, ou seja, aquela fundamentada em argumentos opostos. ‘A idéia de que autores ‘de- vem constantemente defender suas idéias contra advogados de perspecti- vas alternativas’ 1985: 505), e dessa forma contribuir para a acumu- lagao de conheci € idéias, ainda nao se constitui pratica efetiva no Brasil. Ao contrario, é comum surgir inesperadamente uma nova idéia sem preocupagies em se mencionar, com rigor o que jé foi feito sobre assunto. Dessa forma, as idéias vém e vao mais facilmente, sem que haja consoli- dacao e consenso em torno de modelos ou teorias e, portanto, sem construir tradicdo. Em outras palavras, a fragmentacdo que aparece no Brasil reflete a pouca preocupacao com a consolidacéo de conhecimento. Essa situagao pode ser explicada pela nossa caréncia no aprofundamento dos conheci- mentos sobre os paradigmas dominantes na Ciéncia (Usdiken & Pasadeos, 1995) ¢ pela auséncia de uma rede de cooperacao bem estruturada, para apoiar um dado conjunto de idéias. Desse modo, é pouco provavel que aqui © sistema viesse a brigar para preservar um certo nivel de consenso € a integridade ou reputacao de teorias, como acontece nas regiGes menciona- das acima. Nem ha por parte da academia brasileira de administracao uma estrutura social, firme o suficiente, capaz de assegurar idéias, mesmo as originarias em alguma outra parte do mundo, por um prazo mais longo. ‘Além da construcao tedrica, ¢ importante mencionar também a metodologia. Enquanto os norte-americanos tém uma visivel preferéncia por anélises quantitativas, os brasileiros adotam mais freqtientemente os estudos de casos qualitativos. Na investigacao realizada sobre artigos pu- blicados nos anais da ANPAD, considerado 0 forum: mais importante para a discussao dos estudos or jonais, tanto a maioria dos estudos de ‘casos quanto para explicar razoes que sio, na essénci prdximas com o mundo concreto da geréncia podem ser virtude ou como vicio. Em qualquer caso, 0 que deve ser confrontado é 0 ato de que, em um mundo onde competitividade é a principal forca motriz, (Porter, 1986; , 1993; Prefer torna-se critico chegar a solucdes préticas. Ent uma excessiva pode colocar uma ameaga na posi¢io desfrutada pela academia na definicao do que se con- sidera como qualificacao gerencial de alto nivel (Porter & Mckibben, 1998, Mowday, 1997). Nos Estados Unidos, as universidades corporativas estéio se tornando as maiores protagonistas da educacao continuada. Na Europa, mesmo as universidades mais tradicionais tém procurado responder as pressdes ambientais através do langamento de MBAs mais curtos ou da Internet. (veja os antincios da Economist 7°-13 de Junho de 1997). No Brasil, ‘A Taaoicko AncioSaxenicn nos Esrunos ORGANIZACIONAS BRASLERGS 41 muitas instituigdes que nao pertencem ao sistema de educacéo superior tradicional comecaram recentemente a oferecer MBAs, Para um pais como (© nosso, no qual a institucionalizacao dos valores académicos € ainda fré tais mudancas podem representar uma ameaca séria as instituigGes mais académicas, tornando-as ainda mais vulnerdveis & pressio do mercado. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ASTLEY, G. W. (1985) “Administrative science as socially constructed truth”. Administrative Science Quarterly, 30: 497-513. BENSON, K. J. (1977) “Organizations: A dialectical view”. Administrative ‘Science Quarterly, 22: 1-21 BERTERO, C. O. & KEINERT, T. M. M. (1994) “A evolucio da producao brasileira em andlise organizacional a partir dos artigos publicados pela RAE no Periodo de 1961-93”. Revista de Adiministragio de Empresas, 34: 81-90. CALAS, M. B. 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