Você está na página 1de 4

1

Muito píxel e dois dedos de tinta:

Morte do Livro? Ora pois.

So Much Pixel and 2 inches of ink

Book’s death? Sure…


Rodrigo Pereira de Barros
Design Gráfico
Universidade do Vale do Itajaí, SC.

Resumo:

Breve levantamento de dados sobre possibilidades e impossibilidades da “extinção do


papel impresso”.

Abstract:
A Brief data search about possibilities and impossibilities for “printed paper’s extinction”.

Palavras-chave:
Sustentabilidade, e-book, papel

Key Words:
Sustainability, e-book, paper
Introdução

Livros, periódicos, páginas e páginas sobre a história do livro e outras


“traquitanas”, percorridas a procura de dados plausíveis para pesquisa. E eis que em
todas as fontes, encontro a mesma perspectiva mórbida: Morte ao livro! Morte ao Livro!
Claro que ninguém fica escrevendo na pedra pra sempre, e muito menos fundindo
clichê pra fazer composiçõezinhas para imprimir cartazes. Mesmo assim, porque o
povo tem que ser tão trágico e apocalíptico, quanto à substituição de
suportes/tecnologias?
Percebe-se que temos a frente uma série de mudanças. Chega de carregar pilhas
e pilhas de livros, você pega seu pen drive, encaixa ali e... Voilá!

Futuro

Em artigo, CALIL (2008), mostra perspectivas para uma grande revolução, com
jornais totalmente online mostrando as notícias na hora em que acontecem. Jornal
daqui pra frente nem mesmo para enrolar peixe, afirma, o que é anti-higiênico.
Hoje já temos a distribuição digital de livros científicos, com possibilidades de
diagramas interativos e modelos tridimensionais, atualizados constantemente. Temos
acesso a convites enviados por e-mail, e manuais de intruções em pdf. É o banimento
do papel, agora irmão desnecessário que passou a ocupar espaço desnecessário em
casa alheia (a nossa). Chega de barreiras editoriais, você pode distribuir seus livros na
rede! Comprar livros de outros países! Mandar por e-mail seu livro favorito pro seu
amigão!
Um ótimo exemplo de como andam as coisas é artigo de BIRNFILD (2008), sobre
a confirmação do Tribunal de Justiça brasileira, de que até 2012, terá retirado o papel
de seus processos judiciais, tornando todo o sistema informatizado. Agilizar a máquina
burocrática não é uma má idéia, certo?

Think Green

Existe uma campanha maciça para a diminuição da produção gráfica impressa.


Não é da dificuldade de distribuição/custo destes que estamos falando (apesar de não
poder ser desconsiderada, em tempos de internet), mas devido à grande fase de
preocupação ambiental, a tal da sustentabilidade que bate a porta das empresas,
desejosa de instalar-se e lá ficar. Tendência passageira ou duradoura? Quem sabe? O
que importa é que o livro tende a mudar não só como objeto, mas como conceito.
A Preocupação Ambiental sempre caminhou a passos curtinhos, numa lentidão
só. GRAZZIANO (2008) disse em seu artigo que provavente só teriamos essa
preocupação com o verde, no momento em que uma árvore de pé tivesse um valor
bem superior a uma cortada. Preocupante? Não tão longe da realidade.
Dados alarmantes como o aumento de espécies em extinção, de catastrofes
naturais, carência de recursos naturais e o desquilíbrio de sistemas biológicos -
ALMEIDA(2007) – trazem uma preocupação que assola o globo e altera
completamente a vida de todos. Falência dos designers? A palavra agora é “Adaptar-
se”.
As tecnologias de impressão, vão na onda dos verdinhos. Tinta de impressão
nunca esteve na listinha das menos nocivas, mas essa idéia tende a mudar,
precisamos de tintas absorvidas facilmente pelo meio. E então, temos tintas a base de
água e de óleo de milho, papéis reciclados branqueados quimicamente, e mais opções
2

vem surgindo. Não faz muito tempo que foi lançada a impressora com cera sólida que
além de não poluir, consegue ser mais barata (TERRA, 2008).
Ok. Vantagens ímpares e tudo mais. Mas porque presumir que o livro morreria?
Morreu o rádio com a TV? As pessoas deixaram de usar bicicleta por causa da moto?

♥ Livro

Quem não tem prazer de ter em mãos um desses volumes, sentir a textura, o
cheiro de novo/velho. Quem não gosta de poder deitar-se, levantar-se, ir até a mesa,
rolar, tudo segurando o indivíduo de papel de um lado para o outro, emocionando-se,
rindo, chocando-se assinalando pontos importantes, e tudo mais? Quem não prefere
ler um livro segurando-o, a ficar ereto, frente a um computador horas a fio com os
olhos lacrimejando ante o lusco fusco do monitor luminoso? Existe uma relação afetiva
profunda entre o livro e o ser humano, ainda longe de acabar.
Não convém também ser “purista xaropão” e ficar dizendo que livro na internet é
heresia, coisa do demo e etc, mesmo porque o e-book nunca vai matar o livro, muito
pelo contrário. ABREU (2008) comenta sobre uma pesquisa realizada no ano de 2007,
que determinava como campeão de vendas através da internet, os livros com cerca de
17%, e essa estimativa vem aumentando desde então.
Comprovação dessa teoria é o caso do escritor Brasileiro Paulo Coelho, que
disponibilizou gratuitamente seus romances na Internet. Virou febre: Segundo ele, as
vendas de seus escritos saltaram para a casa do milhão logo a seguir. As editoras
gostaram do que viram, e começam a fornecer acesso a capítulos inteiros de livros,
tudo para que você “saiba o que está comprando”.
Segundo pesquisa recente divulgada no site do Intituto PRÓ-LIVRO (2008), O
brasileiro lê e muito. A grande maioria dos leitores é jovem e uma grande porcentagem
lê por interesse, e não por obrigação.
Não acredito em uma era de livro morto portanto, e de informação decadente e
incompleta, mas numa geração mais exigente que não vai mais se arrepender de ter
comprado um “livro-bomba” que julgou bom pela capa apelativa. Uma era portanto, de
livros com mais qualidade, sejam eles arquivos de alguns “megas”, ou impressos com a
“tinta da estação”.

2
3

Referências Bibliográficas

CALIL, Lea Elisa Silingowschi. O fim do papel. Disponível em:


<http://www.mundodosfilososfos.com.br/lea19.htm>. Acesso em: 25 maio 2008.
BIRNFILD, Marco Antônio. CNJ anuncia que o processo em papel tem data para
acabar. Disponível em:
<http://www.espaçovital.com.br/noticia_ler.php?idnoticia=8562>. Acesso em: 25 maio
2008.

NÓBREGA, Marcelo. Paulo Coelho ou Pirate Coelho? Disponível em:


<http://www.cultura.gov.br/site/?p=9885>. Acesso em: 25 maio 2008.

MENDONÇA, Felipe Marra. A imprensa no papel vai acabar? Carta Capital, São
Paulo, n. 497, p.50-21, 21 maio 2008. Mensal.

RAPINA AMBIENTAL. Folha de São Paulo, 26 fev. 2008. Disponível em:


<http://txt.estado.com.br/editorias/2008/02/26/opi-1.93.29.20080226.2.1.xml>. Acesso
em: 31 maio 2008.

ALMEIDA, Fernando. Os Desafios da Sustentabilidade. Rio de Janeiro: Elsevier,


2007. 280 p.

TERRA, Redação. Impressora ecológica utiliza cera sólida. Disponível em:


<http://tecnologia.terra.com.br/interna/0,,OI2783507-EI4801,00-
Impressora+ecologica+utiliza+cera+solida.html>. Acesso em: 22 maio 2008.

ABREU, Daniele. Vendas online disparam, mas compra na internet exige cuidado
em bom senso. Disponível em:
<http://oglobo.globo.com/tecnologia/mat/2007/09/06/297613887.asp>. Acesso em: 24
maio 2008.

PRÓ-LIVRO, Instituto. Retratos da Leitura no Brasil. Disponível em:


<http://www.prolivro.org.br>. Acesso em: 24 maio 2008.

Você também pode gostar